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AO JUÍZO DA [NÚMERO DA VARA]ª VARA CÍVEL DA COMARCA DE [NOME DA

COMARCA]/[SIGLA DO ESTADO]. [Se o processo de Origem tramitar na Vara Cível,


usar este]

Ou

AO JUÍZO DA [NÚMERO DA VARA]ª VARA FEDERAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DE


[NOME DA SEÇÃO JUDICIÁRIA]/[SIGLA DO ESTADO] [Se o processo de Origem
tramitar na Vara Federal, usar este]

Processo nº [NÚMERO DO PROCESSO]

[NOME DA PARTE], já qualificada(o) nos autos da presente ação, sob o


número em epigrafe, vêm respeitosamente à presença de Vossa Excelência, por meio
de seu(sua) procurador(a) signatário(a), apresentar

INCIDENTE DE DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA

de modo que [QUALIFICAÇÃO DO SÓCIO 1] e [QUALIFICAÇÃO DO


SÓCIO 1], sócios da [QUALIFICAÇÃO DA EMPRESA EXECUTADA], possam ter
seus bens pessoais constritados para pagamento da obrigação objeto da ação
principal.

1. DOS FUNDAMENTOS DE FATO

Através da ação de n. XXXXXXXX (inserir o número da ação principal), a ora


requerente pretende receber, da empresa executa, a quantia de R$ [indicar valor
executado].

Ocorre que, até o presente momento, a exequente não logrou êxito na


localização e penhora de bens da empresa requerida, encontando-se o débito
inadimplido e já tendo esgotado todos os meios possíveis de localização de patrimônio.
Não obstante, a requerente descobriu que está presente uma hipótese de
patente confusão patrimonial, a justificar que seja determinada a desconsideração da
personalidade jurídica, conforme adiante será exposto

2. DOS FUNDAMENTOS DE MÉRITO DO INCIDENTE DE


DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA

A desconsideração da personalidade jurídica consiste no afastamento


temporário da autonomia patrimonial da pessoa jurídica, com o intuito de, mediante
a constrição do patrimônio de seus sócios ou administradores, possibilitar o
adimplemento de dívidas assumidas pela sociedade.

A Teoria da Desconsideração da Personalidade Jurídica se encontra


albergada no direito positivo brasileiro (art. 2º da Consolidação das Leis Trabalhistas,
art. 28 do Código de Defesa do Consumidor, art. 4º da Lei n. 9.605/98, art. 50 do CC/
2002, dentre outros).

Trata-se de um mecanismo do qual se vale o ordenamento para, em


situações absolutamente excepcionais, desencobrir o manto protetivo da autonomia da
pessoa jurídica, propiciando ao credor buscar a satisfação de seu direito junto às
pessoas físicas que compõem a sociedade, mais especificamente, seus sócios e/ou
administradores (REsp 1169175/DF, Rel. Ministro MASSAMI UYEDA, TERCEIRA
TURMA, julgado em 17/02/2011, DJe 04/04/2011).

Atualmente, encontra-se a previsão legal acerca da desconsideração da


personalidade jurídica, nos arts. 133 e seguintes do NCPC, c/c art. 50, com a redação
dada pela Lei 13.874/19.

Devemos ressaltar, que para comprovação das questões postas no artigo 50,
supra citado, é imprescindível a instauração do presente incidente, com base no art. 133
e seguintes do NCPC. Nesse sentido:

EMENTA: AGRAVO DE INSTRUMENTO. INCLUSÃO EMPRESA POLO


PASSIVO DA EXECUÇÃO. ALEGAÇÃO DE FORMAÇÃO DE GRUPO
ECONÔMICO. NECESSIDADE DA INSTAURAÇÃO DO INCIDENTE DE
DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA. INTELIGÊNCIA
ARTIGOS 133 A 133 DO CPC/2015. - A inclusão de outra empresa no polo
passivo da demanda, em razão de formação de grupo econômico, caracteriza
a desconsideração indireta da personalidade jurídica. - Após a entrada em
vigor do Novo Código de Processo Civil, para a desconsideração da
personalidade jurídica é obrigatório a instauração do incidente previsto nos
artigos 133 e seguintes, resguardando-se o contraditório e a observância das
formalidades legais para o processamento do pedido. (TJMG - Agravo de
Instrumento-Cv 1.0702.12.068526-9/001, Relator (a): Des.(a) Luiz Carlos
Gomes da Mata , 13ª CÂMARA CÍVEL, julgamento em 21/03/2019, publicação
da sumula em 29/03/2019)

EMENTA: AGRAVO DE INSTRUMENTO - AÇÃO MONITÓRIA -


DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA - INCIDENTE
PREVISTO NOS ARTS. 133 A 137 DO NOVO CPC - AUSÊNCIA - CITAÇÃO
DOS SÓCIOS DA PESSOA JURÍDICA - NECESSIDADE - OBSERVÂNCIA
DOS PRINCÍPIOS DO DEVIDO PROCESSO LEGAL, DA AMPLA DEFESA E
DO CONTRADITÓRIO - DECISÃO CASSADA. A desconsideração da
personalidade jurídica está prevista no art. 50 do Código Civil, e estabelece
que os efeitos de certas relações obrigacionais possam ser estendidos aos
sócios de pessoa jurídica. O Legislador, observando os princípios
constitucionais da ampla defesa e do contraditório (art. 5º, inciso LV da
CRFB), concebeu no Novo CPC um procedimento indispensável antes de se
deferir a desconsideração da personalidade jurídica, conforme os arts. 133 a
137. A observância do princípio constitucional do devido processo legal, bem
como o art. 135 do NCPC impõem a citação dos sócios da pessoa jurídica
atingida pela disregard doctrine antes do deferimento da referida medida
excepcional. (TJMG - Agravo de Instrumento-Cv 1.0372.09.044930-0/001,
Relator (a): Des.(a) Aparecida Grossi , 16ª CÂMARA CÍVEL, julgamento em
02/08/2017, publicação da sumula em 11/08/2017)

Assim, considerando os seguintes fundamentos, requer o recebimento do


presente incidente e imediato processamento.

2.1. DO ABUSO DA PERSONALIDADE JURÍDICA POR CONFUSÃO


PATRIMONIAL - AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DA INTEGRALIZAÇÃO DO
CAPITAL SOCIAL
Nos termos do art. 50, §2º do CC, a confusão patrimonial é definida da
seguinte forma:

§ 2º Entende-se por confusão patrimonial a ausência de separação de fato


entre os patrimônios, caracterizada por: (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019)

I - cumprimento repetitivo pela sociedade de obrigações do sócio ou do


administrador ou vice-versa; (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019)

II - transferência de ativos ou de passivos sem efetivas contraprestações,


exceto os de valor proporcionalmente insignificante; e (Incluído pela Lei nº
13.874, de 2019)

III - outros atos de descumprimento da autonomia patrimonial. (Incluído pela


Lei nº 13.874, de 2019)

No presente caso, está patente que houve confusão patrimonial, na medida


em que o capital social da empresa executada não foi totalmente integralizado pelos
sócios, dando margem ao presente pedido de desconsideração da personalidade
jurídica.

E o fato de um sócio não integralizar o capital da empresa, permite que os


credores da pessoa jurídica possam atingir os bens pessoais desse sócio e de todos os
demais, para pagamento de dívida da empresa. É um caso, pois, da famosa
desconsideração da personalidade jurídica. Isso está previsto no art. 1024, 1052 e 50, III
do Código Civil.

Deixar de integralizar o capital social de uma empresa é, sem dúvida, uma


grave ofensa à autonomia patrimonial.

Na medida em que a empresa executada entrou em operação, passou a


desenvolver as suas atividades, sem que todos os sócios tenham aportado recursos
para a integralização do capital social, patente que as atividades pessoais foram
desenvolvidas com recursos dos sócios, gerando patente confusão de patrimônios.

E a consequëncia de tal confusão patrimonial, pela não integralização do


capital social, está prevista no art. 1052 do Código Civil:
"Na sociedade limitada, a responsabilidade de cada sócio é restrita ao
valor de suas quotas, mas todos respondem solidariamente pela integralização do
capital social”.

No caso dos autos, aexequente enviou AR para a empresa requerida,


solicitando que, no prazo de 5 dias, comprovasse a ocorrência da integralização de seu
capital social. Todavia, não houve resposta alguma, de forma a se concluir, pela
omissão, que tal integralização não foi efetivada.

Vale frisar, apenas para esclarecer o que aqui está sendo discorrido, que nas
sociedades limitadas existem dois momentos importantíssimos para a caracterização e
formação do capital social, sendo estes:

A Subscrição, onde existe a promessa do sócio em conferir/doar determinado


valor/fundo monetário ou bem patrimonial para formar o capital social da empresa e;

A Integralização, onde o sócio que prometeu, anteriormente, determinado


valor/bem, efetivamente o cumpre, formando o capital social da empresa em bens ou
valores.

 Desta forma, a integralização das quotas pode ser efetuada à vista, sendo
esta modalidade realizada no ato da constituição de tal sociedade, ou em caso de
acordo entre as partes, em forma de parcelas, sendo seu prazo de vencimento fixado
expressamente no contrato.

  Sendo assim, baseando-se na última hipótese, quando existe mera


subscrição, com promessa posterior de pagamento, deve-se ajustar um prazo x para
que o sócio subscritor efetivamente integralize a parcela que prometeu também em
contrato, sendo este documento, o registro probatório da dívida do sócio para com a
sociedade.

 Vale ressaltar que não existe prazo fixado pela legislação vigente para que
o sócio ntegralize o capital subscrito, sendo assim, há de se prevalecer o pactuado entre
as partes e o estipulado previamente em contrato.

  Caso algum dos sócios não integralize suas quotas/partes, tornando-se


devedor da sociedade, no valor total ou parcial a que se obrigou quando da elaboração
do Contrato social, torna-se sócio remisso e, como tal, os demais sócios podem excluí-lo
da sociedade.
Em caso de não exclusão de tal sócio remisso, todos os sócios quotistas da
sociedade, inclusive o remisso, responderão subsidiariamente pelos débitos da
sociedade empresária, conforme expressamente previsto no Art. 1.024 do Código Civil.

O dever de integralizar o capital não decorre somente da vontade dos sócios,


mas da vontade do ordenamento jurídico, conforme disposto no Art. º 1.052, do Código
Civil. Entretanto, quando tal integralização não é realizada, a figura natural do sócio
responde, solidariamente, conforme disposto no artigo anteriormente citado, pela
quantia não integralizada com seu capital pessoal, podendo este ser dissolvido em parte
ou no todo, para o cumprimento das obrigações obtidas pela organização.

No caso dos autos, na execução já se exauriu os meios de localização de


patrimônio da empresa excutada. Da mesma forma, a citada empresa foi notificada e
não comprovou a ocorrência da integralização de seu capital social, de forma a fazer
presumir que há sócio remisso e a autorizar a desconsideração da personalidade
jurídica, com o atingimento dos bens pessoais de todos os sócios.

3. DOS PEDIDOS

Diante o exposto, requer à Vossa Excelência:

a) que seja declarada a desconsideração da personalidade jurídica da


empresa, ora Executada;

b) que passem a integrar o polo passivo da presente ação de forma solidária


as pessoas de [QUALIFICAÇÃO DO SÓCIO 1] e [QUALIFICAÇÃO DO SÓCIO 1],
residente e domiciliado(a) na [ENDEREÇO COMPLETO], com a devida citação;

Desde já se indica à penhora os seguintes bens:

I – dinheiro porventura existente em contas dos executados


(penhora on-line via SISBAJUD), nos termos do Art. 835 do CPC/
15;

II - não sendo possível a penhora, requer que o oficial de justiça,


munido do mandado de execução, proceda à penhora e avaliação
do bens que encontrar em nome do executado, cuja intimação
ocorrerá pessoalmente, se possível, no mesmo ato, ou na pessoa
de seu advogado, ou, na falta deste, do seu representante legal;
Requer-se, por fim, a inclusão dos sócios executados no cadastro
de inadimplentes até que seja cumprida a determinação, nos
termos do Art. 782, §3º do CPC.

Termos em que, pede deferimento.

Cidade, data.

ADVOGADO

OAB

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