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Universidade do Estado do Rio de Janeiro

Faculdade de Comunicação Social

Sociedade da
Informação
Defesa Retórica

2009.2

Áurea Xavier – Fernando Borges – Lina Soares –


Renan Massoto – Robson Hidalgo
A reportagem publicada em 26 de abril de 2009, na revista O
Globo, com entrevista ao sociólogo polonês Zigmunt Bauman, tenta,
ineficientemente, criticar a sociedade da informação na qual vivemos
atualmente. Ineficiente porque, para tal, além de ignorar o inevitável,
foi tendenciosa, começando por apresentar apenas um exemplo
negativo, em abordagem um tanto caricata, de um caso extremo – no
personagem de José Camarano.
As tecnologias são fruto da própria vivência, da condição
evolutiva, e a facilidade da informação é a conseqüência natural da
racionalidade do animal humano. A forma como o homem encara o
seu tempo tem relação com a adaptação natural ao tempo a que
pertence e aos cenários criados em sua realidade. Nesse contexto, figuras
de perfis mais atrasados apresentam dificuldades em se adequar às novas
tecnologias, buscando ambientes que condizem com seu tempo
psicológico.
Não podemos dissociar a sociedade da informação da sociedade
do conhecimento. Não é possível se chegar a uma sem passar pela
outra . As tecnologias que geram informações e a grande quantidade
destas são fundamentais para a geração e busca do conhecimento.
A maior quantidade de informações à disposição do homem
jamais poderia ser considerada um malefício à condição humana. Muito
pelo contrário, as informações e tecnologias devem estar a cada
momento expandindo-se e aperfeiçoando-se, a fim de facilitar e
melhorar a vida de todos.
Distúrbios de inadaptabilidade podem haver, dentro do
processo evolutivo, dos dois lados, na linha do tempo. Aqueles que não
conseguem acompanhar a evolução e outros que se excedem e
atropelam o tempo. A ansiedade, os distúrbios psicológicos, e todos os
possíveis problemas a que se referem as idéias da reportagem, podem
estar associados a um pequeno grupo de pessoas que não conseguem
acompanhar o nosso tempo e a fazer o melhor uso do que a era da
informação tem a oferecer.
A informação simplesmente ficou mais fácil, mas não
chegaremos ao ponto de nos exigir mais do que possamos dar. Pelo
contrário, ao longo dos tempos, houve um empobrecimento da cultura
do conhecimento. Com a especialização e divisão do trabalho, o
homem inibiu grande parte do seu desenvolvimento intelectual, perdeu
a capacidade de perceber o mundo como um todo, a visão holística. Os
homens comuns do século XX passaram por um grande marasmo, até
atingirmos essa etapa, da facilidade da informação que, de certa forma,
o mantém mais acordado, interessado na vida e nas coisas.
Comparando a atualidade às épocas anteriores, podemos
observar, ao contrário do que os críticos de nossa era possam dizer, que
a melhoria na geração de informação não nos fez perder tempo, mas
sim ganhar. O tempo de trabalho de um cidadão comum hoje, para
produzir o mesmo que se produzia há cinqüenta anos atrás, foi
reduzido à metade ou ao terço, dependendo da atividade. O tempo para
realizar tarefas secundárias em nossa vida, mas necessárias, hoje em dia, é
insignificante diante daquele gasto há vinte anos atrás: compras,
operações bancárias, comunicação... Resolvemos em uma hora de nossa
vida o que demoraria até mesmo dias para ser resolvido. E ganhamos
com isso! Tempo para nos dedicar à família, aos estudos, aos amigos.
A relutância em encarar a mudança dos tempos, sim, gera
alguns contratempos para a sociedade. Como exemplo, podemos citar
legislações atrasadas e manutenção tradicional da carga de trabalho.
Estamos em tempo de dar mais espaço aos homens para fazer parte
dessa sociedade. Pois ela ainda é para poucos; ela é a qualidade de vida
desses poucos.
Em um país como o Brasil, muitos ainda vivem aquém da
sociedade da informação. As horas são gastas em poucas atividades e
isso não os faz ter mais tempo livre. Pelo contrário, não se adquire mais
conhecimento, não se é mais completo por causa disso. O homem, na
sociedade atrasada, trabalha oito ou mais horas por dia, enfrenta longas
filas, não tem tempo para estudar, espera respostas que demoram a
chegar, resolve os problemas com muito mais lentidão. E isso o
beneficia? O tempo que se gasta de forma tradicional poderia ser muito
reduzido se integrante da sociedade da informação. E poderia se fazer
duas vezes mais e ainda ter o tempo livre para pensar em si e na vida.
A expansão tecnológica tem nos garantido maior quantidade
de informações, mas bem diferente do que a reportagem coloca, essa
evolução tem garantido progressivamente a confiabilidade e qualidade
das mesmas. À medida que o tempo passa, temos mais quantidade
associada à qualidade. É um universo de coisas dentro do terreno
humano. No entanto, nada é imposto ao homem. E as transformações
de sua realidade estão condicionadas a sua transformação natural.
As tecnologias e informações se fazem cada vez mais presentes
e estão à disposição do homem, para atender às suas necessidades. O que
exceder a isso não passa de mera escolha e distúrbio. E o excesso sempre
esteve presente em qualquer sociedade. A quantidade é cada vez mais
provida de qualidade e cada um seleciona aquilo que lhe será útil. Você
tem a liberdade para decidir se perderá tempo com bobagens ou não – e
de definir o que é bobagem para você.

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