Você está na página 1de 27

Educação e Diversidade

 Palestrante: Francisco de Jesus F. Lima Júnior –


pedagogo pela URCA.

 Objetivo: Sensibilizar os profissionais da


educação para o rompimento do silêncio em
torno da questão da diversidade escolar e da
garantia do direito à igualdade, dentro da
diversidade e a adoção de uma postura
fundamentada no pensamento complexo.
Educação e Diversidade
 Para começo de conversa...
 Art. 1º da LDB: “ A educação abrange os processos
formativos que se desenvolvem na vida familiar, na
convivência humana, no trabalho, nas instituições de
ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e
organizações da sociedade civil e nas manifestações
culturais”
 Art. 2º da LDB: “A educação, dever da família e do
Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos
ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o
pleno desenvolvimento do educando...”
O preconceito e a
Discriminação como violação
do direito de igualdade
 [...] preconceito é uma atitude cultural positiva ou
negativa dirigida a membros de um grupo ou
categoria social. Como atitude, combina crenças e
juízos de valor com predisposições emocionais
positivas ou negativas.
 Exemplo: o racismo que brancos dirigem a negros e
outras pessoas de cor;
 Características:
 Crenças estereotipadas sobre diferenças raciais em
áreas como inteligência, motivação, caráter moral e
habilidades diversas.
 Elementos emocionais (hostilidade, desprezo e temor);
Direito à igualdade e à
diversidade
 “...o mais importante e bonito desse mundo é: que as
pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram
terminadas ... Mas que estão sempre mudando.
Afinal e desafinam.” (Guimarães Rosa)
 O que é igualdade?
 Segundo Schafer (2001, p. 67 e 75) o princípio da
igualdade ou isonomia constitui a “fonte primária
legitimadora das restrições aos direitos
fundamentais, embasada não em um paradigma de
exclusão, mas, sim, em um processo inclusivo de
direitos”.
O preconceito e a
Discriminação como violação
do direito de igualdade
 Discriminação: “tratamento desigual de indivíduos que
pertecem a um grupo ou categoria particular”.

 “O preconceito, portanto, fundamenta-se em crenças


estereotipadas sobre diferenças individuais ou coletivas,
sejam empiricamente observáveis ou apenas
construções imaginárias”.

 Muitas vezes, diferenças são construídas ao longo da


história, nas relações sociais e de poder, de modo a
justificar a relação de dominação.
A diversidade cultural e o direito
à diferença
 Definição de Cultura segundo a Unesco (2001) : “O
conjunto dos traços distintivos espirituais e
materiais, intelectuais e afetivos que caracterizam
uma sociedade ou um grupo social e que abrange,
além das letras e das artes, os modos de vida, as
maneiras de viver juntos, os sistemas de valores, as
tradições e as crenças”.

 Em 1978, a UNESCO proclama a Declaração sobre


Raça e Racismo, na qual assevera que: “todos os
indivíduos têm o direito a serem diferentes, a
considerar-se diferentes e a ser vistos como tal.
Entretanto, as diferenças de modo de vida e o direito
de ser diferente não deve, em nenhuma
circunstância, servir de pretexto para o racismo”.
A Realidade
 Vivemos um momento de transição paradigmática na
qual se pretende assegurar melhores condições de vida
para os diferentes;
 Estamos em um momento de tentativa de aplicação dos
princípios do Paradigma da Inclusão, como: aceitação
das diferenças individuais, valorização de cada pessoa,
convivência dentro da diversidade, aprendizagem por
meio da cooperação, etc.
 Os educadores comprometidos com a filosofia da
inclusão, abordam o processo de inclusão escolar e
social e contemplam os direitos individuais da
diversidade humana.
Contudo...
 ... Também é verdade que os sistemas de
valores, as tradições e as crenças são
repositórios de preconceito, discriminação e
intolerância.
 Verificamos, atualmente, culturas que admitem o
extermínio de crianças nascidas com deficiência
física ou mental, ou de crianças do sexo feminino, a
morte pelo fogo ou pelo apedrejamento de mulheres
adúlteras, a criminalização de homossexuais...etc;
Como assegurar a
diversidade e, ao mesmo
tempo, a igualdade?
 Segundo Edgar Morin (1996, p. 50-51), a chave
para fazer valer a solução antes referida parece
estar no modo de pensar.
 O que ele propõe?
 1 – a reforma do pensamento por meio do princípio
da complexidade;
 2 – tratar a noção de sujeito humano com base em
dois princípios associados: princípio da inclusão e
princípio da exclusão.
Os princípios da inclusão e da
exclusão
 O que é o princípio da exclusão? “qualquer um
pode dizer “eu”, mas ninguém pode dizê-lo por
mim”.

 O que é o princípio da Incusão? “Significa a


capacidade de integrar, em nossa subjetividade,
outros diferentes de nós, outros sujeitos.

 Mas, como? Morin responde: associar noções


antagônicas exige um pensamento complexo.
O pensamento complexo
 Definição: “um pensamento capaz de unir
conceitos que se rechaçam entre si e que são
suprimidos e catalogados em compartimentos
fechados”.
 Morin propugna o pensamento complexo em 3
planos:
 1 – o das ciências físicas;
 2 – o das ciências humanas;
 3 – o da política.
 Em cada um desses planos, o pensamento
complexo busca distinguir e unir.
Pensamento complexo e o
propósito da educação inclusiva
 É preciso compreender que só um pensamento anti-
reducionista pode conviver com a diferença e com a
diversidade.

 Os pensamentos complexos aceitam não estar o


universo submetido à soberania da ordem, mas a uma
relação dialógica (ao mesmo tempo antagônica,
concorrente e complementar) entre ordem, a desordem e
a organização.

 O pensamento reducionista oculta a alteridade. É esse


tipo de pensamento que fundamenta silêncios e
invisibilidades.
O pensamento complexo
aplicado à prática docente e ao
ensino inclusivo
 O professor de pensamento complexo atua:
 Como mediador da aprendizagem;
 Valorizador de cada pessoa;
 Organizador das ações exploratórias, leituras,
interpretações e tomadas de decisões quanto aos
procedimentos, possibilitando ao aluno sistematizar
e demonstrar conhecimento;
 Adota uma perspectiva multiculturalista;
 Incentiva a colaboração inter e entre pessoas;
O papel da escola
 “A escola é um espaço sociocultural em que as
diferentes presenças se encontram” (Gomes,
1999).
 Desafio: possibilitar as diferentes presenças.

 No século XIX e começo do século XX tínhamos


escolas para meninos e escolas para meninas.

 E hoje? Hoje temos as escolas públicas como única


alternativa para as classes pobres, e as escolar
privadas freqüentadas preferencialmente pelas
classes média e alta.
 É pequena ainda a presença de crianças com
deficiência mental em escolas regulares do ensino
fundamental;
 “A escola será um espaço sociocultural, em que
as diferentes presenças se encontram, se
criarmos condições para tanto”.
 A escola pode perpetuar preconceitos, mas também
pode desconstuí-los. Esta é uma tarefa para os
gestores/as e educadores/as comprometidos/as com
os direitos humanos.
O mal do silêncio
 Silenciar-se diante do problema não apaga
magicamente as diferenças, e ao contrário,
permite que cada um construa, a seu modo, um
entendimento muitas vezes estereotipado do outro
que lhe é diferente. [...] É imprescindível, portanto,
reconhecer o problema e combatê-lo no espaço
escolar. É necessária a promoção do respeito
mútuo, o reconhecimento das diferenças, a
possibilidade de se falar sobre as diferenças sem
medo, receio ou preconceito.
O papel dos educadores na
quebra do silêncio
 “Para implementar o direito humano à igualdade, em
primeiro lugar, os educadores/as devem assumir a
tarefa de quebrar os silêncios sobre a
diversidade e revelar o invísivel.

 Em segundo lugar, devem atuar conforme o


paradigma do pensamento complexo, único
capaz de abarcar a diversidade humana e de
permitir a adaptação às diferenças e a um
mundo em constante transformação.
Muito
Obrigado!!!

Você também pode gostar