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quando um gato ouve um rato, volta-se para a fonte do som ,vê o rato, corre em
sua direção e lança-se sobre ele. Sua postura em cada estágio, mesmo na seleção do
pé que dará o prim eiro passo, é determ inada por reflexos que podem ser
demonstrados um a um em condições experimentais. Tudo que o gato tem a fazer é
decidir se persegue ou não, todo o resto está preparado para isso pelos seus reflexos
posturais e locom otores” (Skinner, 1957, p. 343).
Por trás da proposição ilusoriamente simples de “tudo que o gato tem a fazer e
decidir” encontra-se o ponto de partida para um a ciência daqueles com portam entos cujas
ocorrências não estão relacionadas reflexam ente à presença im ediata de um eliciador ou a
uma história de em parelham ento de dois eliciadores.
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que chamaremos, por enquanto, “ propositais” . Desde o trabalho pioneiro de Thorndike
com gatos e pintos sobre aprendizagem, os psicólogos têm , progressivamente, persistido
na procura de relações entre o com portam ento proposital e outros eventos.
Em geral, a procura dessas relações não nos conduziu ao longo dos mesmos caminhos do
reflexo. Contudo, um a abordagem funcional já foi iniciada. Considere o problem a no
desenvolvimento de tal abordagem: como procedemos para encontrar as variáveis ou
eventos aos quais o com portam ento proposital possa estar significantemente
relacionado?
Inicialmente, devemos proceder por intuição e observação grosseira. Se tivermos sorte,
podemos cum prir nossa tarefa ajudados por um a especulação filosófica avançada. Vinte e
cinco anos antes de T h o rn d ik e,o filósofo britânico Herbert Spencer escreveu o seguinte.
“ Suponha, agora, que ao estender sua cabeça para apanhar um a presa de difícil
alcance, um a criatura falhe rapidamente. Suponha que, ao lado do grupo de ações
m otoras aproxim adam ente adaptadas para alcançar a presa a esta distância... um
pequeno movimento do corpo para a frente (ocorre). O sucesso, ao invés do fracasso,
será alcançado... Quando as circunstâncias se repetem , esses movimentos musculares
que foram seguidos por sucesso são provavelmente repetidos: o que foi inicialmente
um a combinação acidental de movimentos será agora um a combinação que tem
probabilidade considerável” (Spencer, 1878).
Na proposição de que “ aqueles m ovimentos musculares que foram seguidos por
sucesso são provavelmente repetidos” , Spencer estava enfatizando que o que um o r
ganismos faz agora está, de algum m odo, relacionado com as conseqüências do que o
organismo fez no passado. Aqui, então, está a deixa que Thorndike, e mais tarde Skinner,
deveriam seguir extensivamente.
O com portam ento proposital é aquele que é quase totalm ente definido por suas
conseqüências. Considere a Tabela 4.1. Em cada ato ali citado, o objetivo do com por
tam ento está relacionado de perto com as conseqüências. Dizemos que amarramos um
Tabela 4.1
ALGUNS COMPORTAMENTOS “PROPOSITAIS” DOS ANIMAIS E HOMENS, SEUS
ASSIM CHAMADOS PROPÓSITOS, E SUAS CONSEQÜÊNCIAS PASSADAS REAIS.
sapato para m anter nosso sapato no pé, mas uma proposição equivalente é que
amarramos nosso sapato e, ontem quando o amarramos, ele ficou no pé. A proposiçãode
que os ratos se refugiam em buracos para escapar do frio pode equivalentem ente ser
expressa com a proposição de que os ratos frequentem ente, no passado, refugiaram-se em
buracos e encontraram tem peraturas mais elevadas.
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EXERCÍCIO 2.
Transforme cada um dos com portamentos e propósitos da Tabela 4.1 em propo
sições equivalentes que expressem simplesmente o com portam ento presente e o com
portam ento passado com suas conseqüências.
Aparentem ente, temos duas maneiras de representar o mesmo com portam ento, na
nossa língua: 1 ), o proposital no qual empregamos o termo para (ou de modo a) e que
implica no tem po futuro; 2 ), o descritivo, no qual especificamos o com portam ento
presente e o associamos com o que aconteceu no passado. A redundância na repre
sentação é desperdício e usualmente é evitada pelos cientistas. Na presente argu
mentação, deveremos rejeitar a linguagem proposital e adotar a linguagem mais descritiva
por uma razão lógica. O com portam ento não pode ser relacionado com eventos futuros,
isto é, eventos què ainda não aconteceram . Um lembrete algo desagradável pode ser
retirado da seguinte ilüstração:
“ Durante a guerra, os russos usaram cães para bom bardear tanques. Um cão era
treinado para se esconder atrás de uma árvore, arbustos ou outro esconderijo
qualquer. Quando um tanque se aproximava e passava, o cão corria ao seu lado e
uma pequena mina magnética, presa às suas costas era suficiente para danificar o
tanque ou incendiã-lo. O cão, naturalm ente, tinha que ser substituído” (Skinner,
1956, p. 228).
Apenas uma das duas possíveis descrições é satisfatória aqui. O cão corre na direção
ao tanque devido a certas conseqüências passadas de correr na direção de tanques.
(Presumivelmente eles eram ali alimentados ou acariciados, etc.) Nesse exem plo extrem o
é fácil rejeitar a proposição alternativa de que os cães corriam na direção dos tanques
para serem explodidos. Mesmo assim, a ilustração é útil para estabelecer o princípio geral
de que o futuro não determ ina o com portam ento.
Em resumo, uma classe m uito real e im portante de com portam entos surgida de
situações que parecem envolver escolha ou decisão, é chamada com portam ento
proposital. Esse com portam ento, deve ficar claro de um a vez, inclui-se na categoria de
Descartes de ‘'voluntário” e constitui a ação que os antigos chamavam “ intencional” .
Nossa análise presente, indica que esse com portam ento está de algum m odo relacionado
com suas conseqüências controlado por elas. Por essa razão, daqui por diante, deveremos
substituir o antigo term o proposital pelo term o “ instrum ental” de Thorndike, ou “ ope
rante” de Skinner. Chamar o com portam ento de “ instrum ental” ou de “ operante” sugere
que, operando no ambiente, o com portam ento é instrum ental na obtenção de conseqüên
cias. Nenhum desses term os implica o mesmo quadro conceituai indesejável que o term o
“ proposital” , m esmo assim ambos tentam aprender a noção fundamental de que as
conseqüências passadas de tal com portam ento são um de seus determ inadores impor
tantes.
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Para os objetivos da presente análise, as características significativas da caixa são ( 1 )
uma bandeja para o fornecim ento de um a pequena pelota de alimento para o rato e ( 2 )
uma alavanca ou barra, projetando-se da parede da frente, que, quando pressionada para
baixo com uma força de cerca de 10 g, fecha um m icro-interruptor, perm itindo um
registro autom ático desse com portam ento. Os aspectos significantes do rato são os
seguintes: ( 1 ) é sadio e foi acostum ado a com er um a refeição por dia, por volta da mesma
hora em que se encontra na caixa. (2) Foi previamente adaptado a essa caixa e, durante
este período de adaptação, o alim ento era ocasionalmente fornecido na bandeja. Agora,
ele se aproxim a prontam ente da bandeja de alim ento e come-o sempre que este'está
disponível.
Figura 4.1 - U m a câmara experim ental baseada na caixa originalm ente usada por B. F.
S kinner para o estudo do com portam ento instrum ental no rato e ou tro s pequenos
m am íferos (Will R appo rt).
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não dependam, em grande parte, da construção da caixa para que ocorram. Não obstante,
eles parecem ser emitidos na ausência de qualquer estím ulo específico. Por essa razão,
eles são frequentem ente referidos como respostas emitidas.
A observação dos com portam entos emitidos por um animal na situação onde
nenhum a conseqüência especial está sendo fornecida para qualquer resposta é conhecida
como a observação do nível operante. Os registros do nível operante servem com o um a
im portante linha base em relação à qual deveremos, mais tarde, com parar os efeitos da
liberação de conseqüências especiais para um a ou mais respostas emitidas.
Depois de 15 m inutos de observação dessas várias respostas emitidas, iniciamos o se
guinte procedim ento. Cada vez que observamos que o rato pressiona a barra, im ediatam ente
fornecemos um a pelota de alirtiento na bandeja. Agora, pela primeira vez na história do rato,
o com portam ento de pressionar a barra tem a conseqüência especial de produzir
alimento. Não será necessário esperar m uito para ver os efeitos dessa nova contingência
n o c o m p o rta m e n to do rato. Logo o animal estará ativamente ocupado com
com portam entos de pressionar a barra e com er. Algumas mudanças ou modificações bem
m arcantes em seu com portam ento ocorrem no espaço de poucos minutos.
Na linguagem comum, dizemos que o rato aprendeu a pressionar a barra para obter o
alimento. Tal descrição contribui pouco para a proposição de que o rato está agora
pressionando a barra frequentem ente e está obtendo alimento. 0 que desejamos fazer é
descrever em detalhe, e tão quantitativam ente quanto possível, as mudanças no
com portam ento as quais resultam da simples operação de liberar um a conseqüência
especial, para apenas uma das atividades normais do indivíduo que ocorre na situação.
Para fazer isso, consideremos quatro maneiras com plem entares de encarar as mudanças
no com portam ento do rato quando, com o o foi aqui, um de seus com portam entos é
selecionado e recebe um a conseqüência favorável.
O experim ento que descrevemos é um exemplo dos experim entos protótipos sobre o
com portam ento operante realizados por B. F. Skinner em 1930. Uma das mudanças
com portam entais marcantes que ocorre sempre que um com portam ento, com o o
pressionar uma barra, é seguido por alim ento, é que o com portam ento aum enta
grandemente em freqüência. Será útil considerar o aum ento que ocorre na freqüência,
quando o com portam ento já existente é sujeito a um a conseqüencia especial, com o um
fortalecim ento deste com portam ento. Então, o processo que estamos examinando agora
po d eria ser chamado de fortalecim ento do com portam ento operante, ou mais
brevemente, fortalecim ento operante.
As mudanças na freqüência de um dado com portam ento são vistas mais claramente
no aparelho similar a um quimógrafo, de Skinner, que registra, à tinta, as ocorrências
sucessivas da resposta selecionada e as acumula verticalmente num papel de registro, ao
mesmo tem po que a pena se move continuam ente no tem po na direção horizontal. Para
com preender esse aparelho, que pode justificadam ente ser chamado de microscópio dos
behavioristas, leia o programa da Tabela 4.2 passo por passo. Escreva suas respostas nos
espaços fornecidos para isso. Prossiga, passo por passo, até chegar ao fim.
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Tabela 4-2 (continuação)
Neste diagrama, a taxa aum enta constantem ente de um valor ba
próxim o d e___________ para um valor alto próxim o d e ----------------
Um aumento na taxa é chamado aceleração positiva. A aceleraç
positiva é vista neste diagrama/no diagrama do quadrado acima (m arq
qual).
A aceleração negativa refere-se a um (a ) -------------------------------------
na taxa.
A aceleração negativa é vista no diagrama deste quadro/no do qua
acima (marque qual).
Para registrar outros eventos que ocorrem enquanto c animal e
respondendo, a pena move-se rapidam ente 4 para o sudeste'' e retor
novamente. No diagrama à esquerda, a pena traçou uma linha d e --
para____Nesse ponto, a pena retornará imediatamente p a ra ------------
A pequena marca diagonal ("traço ou risco") e m ----------------------
____foi feita pelo mesmo movimento da pena com o m ostrado ein d —
A marca ou risco “sudeste” é frequentem ente usada para indicar q
uma resposta produziu alguma conseqüência especial.. No diagra
deste quadro, essas respostas foram registradas somente pela mar
vertical e m ---------------- - e ----------------- •
No diagrama deste quadro, uma resposta recebeu uma conseqüênc
especial e m --------------
N a p r á tic a , o traço vertical feito p o r um a umca resposta é m u
pequeno para ser facilmente identificado. E ntretanto, podemos u
a --------------------- da curva em qualquer ponto com o um indicador v
do da taxa de resposta.
No diagrama, a taxa foi mais alta en tre_____ e ________ zero entre
— e ------ -- e de um valor interm ediário e n tre ____e _____ __ ______
T abela 4-2 (continuaçao)
Quando os degraus são tão pequenos que nao podemos contar a
tas, podemos ainda determ inar o núm ero de respostas entre doi
no registro usando uma escala.
No diagrama deste quadro, a porção vertical da escala à direit
que aproxim adam ente respostas foram em itidas en
/ /
no registro cumulativo à esquerda.
£ | '00 Se o papel se move m uito devagar, não será possível medir acur
,1' g>50 te o tempo entre duas respostas, mas ainda assim podem os dete
S 5 10 tem po passado entre dois pontos escolhidos^
Sl ------- 1------- L_
M in u to s No diagrama deste quadro, a porção horizontal da escala à di
diz que as respostas a e b do registro cumulativo à esquerda oc
com um intervalo de aproxim adam ente minutos.
d
No diagrama a esquerda, após com pletar cerca de 100 resposta
e b , o animal parou por um curto p e r í o d o J " q
f ----- - " ~ e então emitiu cerca de ---- -- ------------- respostas en
/ £ 5 10
a £ ---- ------ »
aM M in u to s
D
&
s vezes, um a curva cumulativa e usada para registrar a progressão de um automóvel em movimento e,
ação indica a velocidade do movimento. Quando uma curva cumulativa é usada para registrar o co
nima! a inclinação in d ic a ---------------------
de resposta” significa o núm ero de respostas por unidade de tempo. Num registro acumulativo, o
ostas pode ser determinado pela distância percorrida pela pena na direção-------------
gistro cumulativo o tempo é indicado pela distância percorrida pela pena na d ire ç ã o ---------------------------
TABELA 4-2
UMA SEQÜÊNCIA DE INSTRUÇÃO PROGRAMADA SOBRE CO
REGISTRO CUMULATIVO DA RESPOSTA (ADAPTADO DE SKIN
T em po (m inutos)
Figura 4.2 - Algumas curvas típicas de respostas acum uladas obtidas de ratos fam intos
no dia do fortalecim ento de um a resposta de pressão a barra pela prim eira vez. Como
cada resposta produz um a pelota de alim ento, os traços de alim ento estão om itidos
(Skinner, 1938).
-84 -
As freqüências dessas atividades durante o nível operante e durante o fortalecim ento
estão representadas nos histogramas da Fig. 4.3.
Rp Rf Rc Ra Rb Ri
COMPORTAMENTOS
Figura 4.3 - Freqüências relativas de vários com portam en tos que ocorrem n um a caixa
experim ental antes e depois do fortalecim ento do com po rtam en to de pressionar a barra
Olhando a Fig. 4.3, vemos claramente que não apenas a taxa de pressão a barra
aum entou, mas as taxas das outras atividades não associadas com alimento na situação
diminuíram.
- 8b
alimento. Antes do fortalecim ento da pressdo à barra, essas duas respostas ocorrem de tal
m odo que, quando o animal em ite um a delas, é provável que ele repita essa rnesma
resposta novamente em vez de em itir a outra (F rick e Miller, 1951). Assim, um a
seqüência bastante típica de pressão à barra (R p) e respostas de aproximar-se da bandeja
(Ra), no nível operante, pode ser:
Rp Rp Ra Rp Rp Rp Ra Ra Ra ..
Durante o fortalecim ento, essa seqüencia muda rapidam ente para a alternação:
Rp Ra Rp Ra Rp Ra . ..
e dificilmente será visto outro padrão (Millenson e Hurwitz, 1961). Não se sabe quão
rapidamente esse processo ocorre, mas sob condições favoráveis, parece provável que s ja
quase tão instantâneo quanto a mudança na taxa absoluta de pressão à barra.
Um indivíduo nunca emite um ato duas vezes exatam ente da mesma forma. Assim
como cada vez que escrevemos nosso nome, fazemo-lo ligeiramente diferente, assim
também cada vez que o rato pressiona a barra, ele o faz de um modo ligeiramente
diferente. Algumas pressões são feitas com a pata esquerda, algumas com a direita,
algumas vom o nariz e algumas com o om bro. Mesmo assim, agrupamos todos esses casos
e dizemos que a classe de respostas que chamamos pressões à barra é constituída de todas
as possíveis maneiras de pressionar uma barra. Durante o fortalecim ento de tal classe de
resposta, estamos realmente fortalecendo esses casos individuais de respostas, cada uma
das quais difere ligeiramente de seus semelhantes.
Esse fortalecim ento dos membros da classe de com portam entos que constituem a
pressão a barra tem um efeito marcante na form a final em que o com portam ento se
estnbelece. Enquanto inicialmente, no nível operante, o rato tende a pressionai a barra de
muitas maneiras diferentes, depois do fortalecim ento, tende a fazê-lo de poucas maneiras.
Em outras palavras, os casos individuais tornam-se cada vez mais semelhantes. Expressa
mos este resultado dizendo que a topografia do com portam ento se restringe durante o
fortalecim ento instrum ental. A topografia de uma resposta refere-se à maneira pela qual o
animal emite a resposta. Estritam ente falando, a topografia parece dizer respeito aos
músculos realmente empregados no m om ento da ocorrência da resposta. 0 registro de
tais eventos, todavia, apresenta dificuldades. Como uma tentativa para fazer isso, pode-se
empregar uma câmara para fotografar o animal no m om ento em que a resposta é con
cluída. Guthrie e Horton (1946) tiraram fotografias de gatos e cães quando o com porta
m ento que produzia uma conseqüência especial era o de inclinar uma vara que estava no
centro da caixa do animal. A Fig. 4.4 ilustra alguns exemplos extrem os da estereotipia do
com portam ento depois do fortalecim ento. Cada animal adota uma topografia idiossincrá
tica e só se afasta dela em qualquer ocasião determinada apenas em detalhes. Um
exemplo surpreendente de estereotipia humana no com portam ento instrum ental apren
dido é visto na Fig. 4.5.
— 86 —
‘r f t i ' t f h d i d i
Figura 4.4 - Desenhos das respostas de dois gatos e um cão em emissões sucessi
vas de um a resposta de inclinar um a vara (Kim ble, 1956, segundo G uthrie e Hor
ton, 1946).
A pressão à barra, o puxar a corrente, explorar com o nariz, inclinar uma vara e assim
por diante são atos convenientes escolhidos pelos experim entalistas para estudar esses
efeitos. A adequação desses com portam entos para o estudo do fortalecim ento operante
depende criticamente da sua capacidade de serem modificados com o foi descrito. F o r
m almente, esses e outros com portam entos, assim fortalecidos, são definidos com o
operantes. Os quatro efeitos do fortalecim ento constituem o que chamaremos, daqui por
diante, de leis do fortalecim ento operante. Pressões à barra e outros com portam entos
simples dos animais são escolhidos para estudar essas leis porque eles são facilmente
observados e medidos pelo experiinçntador e facilmente executados em várias taxas pelo
organismo. No decorrer deste texto, continuarem os a am pliara aplicabilidade dessas leis
e do term o operante m uito além de pressão à barra e ratos.
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Na sua lei do efeito, Thorndike enfatizou a im portância de certas consequencias
espeicais do com portam ento. Eventos que eram “ satisfatórios” , dizia ele, e que seguiam o
com portam ento, atuavam de modo a fixar aquele com portam ento. Embora chamar
tais eventos de satisfatórios possa, à primeira vista, parecer uma especificação indepen
dente e útil das conseqüências especiais, o fato é que fornecer uma definição satisfatória
para “satisfatória ' 1 é difícil. No caso do animal, não temos uma maneira de saber se um
evento é satisfatório, salvo pela observação de se ele atua no com portam ento de acordo
com as leis do fortalecim ento operante. No caso do ser humano podemos pensar que a
satisfação possa ser facilmente identificada, mas tente definir o term o. Coisas satisfa
tórias são aquelas das quais gostamos, mas quais são essas coisas? Em últim a instância, as
coisas de que gostamos são aquelas que trabalharem os para obtçr. Mas dizer que trabalha
remos por elas é outra maneira de dizer que faremos por elas o que o nosso rato fará
“ por” alimento. Somos, então, levados à conclusão de que a definição dessas conse
qüências especiais é melhor concebida em termos de seus efeitos especiais no com porta
m ento.
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Uma conseqüência é sempre uma mudança no ambiente de um indivíduo. A apresen
tação de alimento para nosso rato foi um a mudança 110 seu ambiente previamente sem
alimento. A conseqüência de pedir um copo d ’água pode ser um novo ambiente onde o
copo d’água aparece na mão de um amigo. A conseqüência de tirar o telefone do gancho
é um novo ambiente que agora inclui o sinal de discar. Poderíamos estender tais
exemplos indefinidam ente. Note, nosso ambiente foram definidas, no contexto dos
reflexos e do condicionam ento Pavloviano, como estímulos. É, então, evidente que, ao
falar de um certo grupo especial de conseqüências, nada mais estamos fazendo do que
delim itando, pelos seus efeitos especiais sobre operantes, um certo subconjunto de
estímulos. Podemos convencionalmente definir aqueles estím ulos que, ao seguirem o
com portam ento operante, atetam -no através das leis do fortalecim ento operante, como
estímulos reforçadores (S+) ou simplesmente reforçadores. A operação de apresentar um
reforçador denominaremos de reforçam ento.
Diz-se, algumas vezes, que os te n ro s operante e reforçam ento são circulares. Parece
que cada um é definido em term os do outro. Reforçadores parecem ser definidos como
aqueles eventos que fortalecem operantes; mas operantes parecem ser definidos com o
aqueles com portam entos que são suscetíveis de fortalecim ento pelos reforçadores. O
“ pequeno experim ento imaginário’ que se segue m ostra como a circularidade pode ser
quebrada.
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DADO : 1 — Uma resposta operante sendo em itida num a freqüência maior
do que z e ra
2 - Um reforçador apropriado.
PROCEDIMENTO: Seguir cada emissão do operante selecionado com o estím ulo refor
çador.
R -> S+
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é suficiente para descrever com pletam ente o progresso. Todavia, uma mudança im por
tante que ocorre é a m udança na freqüência relativa dos diferentes sons pronunciados, à
medida que o bebê cresce. Assim, na França, os fonemas envolvidos no r francês e as
vogais nasais são fortalecidos pela comunidade que reforça — os pais da criança, seus
companheiros de brinquedos e, eventualm ente, seus professores. Em países de língua
inglesa, um grupo diferente de fonemas é modelado em palavras por um a comunidade
reforçadora diferente. O resultado desse fortalecim ento pode ser inferido de um grupo de
histogramas semelhantes aos da Fig. 4.3, porém mais complicados. Na Fig. 4.6, são vistos
os histogramas das freqüências relativas de 12 fonemas vocálicos (veja o Apêndice A
neste capítulo, para sua explicação) para crianças de várias idades e adultos. Podemos
inferir que o reforçam ento desses sons ajusta a sua freqüência àquela da com unidade
adulta.
JZ t
i I e £ « A e o D o U u i I e C s A e o o o U u
Uma prova mais direta dos efeitos de se reforçar sons produzidos pela criança surge
de experim entos de laboratório. Num experim ento, o com portam ento de bebês de 3
meses de idade foi observado enquanto eles permaneciam em seus berços. Durante duas
sessões de observação, um experim entador adulto recurvava-se sobre o berço a um a
distância um pouco maior do que 30 cm da criança e permanecia relativamente sem
movimento e sem expressão. Durante esse período, um segundo observador registrava a
freqüência de sons produzidos pela criança. Em duas sessões subseqüentes, o procedi
mento foi o nesmo, exceto que o primeiro experim entador seguia cada som que não
fosse choro com um^sorriso”, três sons utsk” e um leve toque aplicado no abdom en da
criança com os dedos da m ão” . (Rheingold, Gewirtz e Ross, 1959, p. 28). Isto, natural
mente, é apenas:
O efeito do procedim ento foi um aum ento da freqüência do balbucio bem acima da sua
taxa ao nível operante durante essas sessões de fortalecim ento.
O experim ento dem onstra a natureza operante dos sons humanos. Muitos' outros
animais emitem sons, alguns dos quais são reforçáveis e outros não. Um chimpanzé foi
criado, desde o nascim ento, com um a família que tentou ensiná-lo a falar. (Hayes, 1951).
A tarefa foi difícil, porque o macaco, à primeira vista, não em itia som operante algum.
Os únicos sons que produzia eram gritos reflexos quando alim ento ou outros eliciadores
- 91 -
apareciam, e sons CR aos estím ulos que haviam sido previamente emparelhados com
esses eliciadores. Mrs. Hayes tentou seguir o seguinte procedim ento
o p PI _j_
°1 (visão do alim ento) (g ri to excitado) S (alim ento) [4.1]
- 92 -
fortalecim ento de, digamos, 30 min. com um reforçador fraco terá pouca possibilidade
de com petir.
Num delineamento experim ental interessante, baseado nos trabalhos iniciais de W.
Verplanck (1955) um assistente de pesquisa de graduação foi usado como um (‘ ator**
para tentar fortalecer certo com portam ento de conversa em alunos de graduação
(Centers, 1963). O assistente e o sujeito eram colocados numa sala, ambos esperando
ostensivamente serem chamados para um experim ento de psicologia. Na verdade, este era
o experim ento. Durante esse tem po, o assistente estabelecia uma conversa com o sujeito
que de nada suspeitava e, em vários períodos, reforçava diversos tipos de conteúdo de
conversa, tais com o demonstração de opinião, fornecim ento de inform ação e perguntas,
com concordância -e atenção especial. Enquanto isso, sem conhecim ento do sujeito, a
conversa estava sendo gravada e observada através de um espelho unidirecional.
A “ conversa” experim ental durava 30 min. sendo dividida em três períodos de 10
min. Durante o primeiro período, ou nível operante, o assistente procurava não dem ons
trar concordância ou fornecer respostas informativas às opiniões e perguntas do sujeito.
Durante os 10 m inutos seguintes, o período de fortalecim ento com portam ental o assis
tente concordava com, ou parafraseava favoravelmente, todas as demonstrações de
opinião emitidas pelo sujeito. Além disso, ele expressava atenção, simpatia, e com preen
são para todas as informações propostas e reforçava todas as perguntas ou dando a
inform ação solicitada ou concordando e aprovando, se era isto o que a pergunta indicava
desejar. Durante os 10 min. finais, o assistente ou discordava das opiniões do sujeito ou
permanecia silencioso depois que elas eram verbalizadas. Ele ignorava as informações
fornecidas e era o mais alheio possível às questões.
Os resultados do reforçam ento de concordar (fortalecim ento) indicaram claramente
que a freqüência de demonstração de opinião e fornecim ento de inform ação, em relação a
todas as proposições, aum entou. Além disso, nenhum sujeito notou este condiciona
m ento de seu com portam ento. Por razões desconhecidas aos experim entadores, o fazer
perguntas não mostrou qualquer fortalecim ento e assim, de acordo com a nossa defi
nição, ele não constitui um a classe operante.
Num nível diferente de desenvolvimento, Brackbill (1958) fortaleceu com sucesso
uma resposta de sorrir em bebês de 4 meses de idade, utilizando o c o n ta to físico como
reforçam ento.
O próprio cientista está empenhado num empreendim ento que exige, frequente
mente, a emissão de m uitos operantes, poucos dos quais são reforçados. C om porta
mentos que levam à proposição de novas relações, ou de uma nova ordem entre os
conceitos, uma descoberta de um novo fenômeno e assim por diante, são reforçados pela
comunidade científica. Entre os reforçadores proem inentes para os behavioristas, está a
ordem observada quando se vê que algum com portam ento de um indivíduo está regular
mente relacionado às suas conseqüências, como no caso da pressão a barra pelo rato da
seção 4.2. Essa lembrança de que o próprio pesquisador é um organismo que se com
porta, sujeito às leis do fortalecim ento operante, caracteriza o desenho visto na Fig. 4.7.
A verificação das leis do fortalecim ento operante no com portam ento hum ano é
im portante, porque isto m ostra que apesar das diferenças aparentes m uito grandes entre
homem e animal existem certas similaridades funcionais. São essas similaridades que, em
úítima instância, justificam o nosso estudo da psicologia através do com portam ento de
organismos inferiores. Afinal de contas, o Psicólogo está principalm ente interessado no
com portam ento humano, o a mais exatam ente dos com portam entos, que são cornparti-
93 -
Figura 4.7 - Rapaz, este cara está condicionado. Cada vez que eu pressiono a barra, ele joga
uma pelota aqui d e n tro ” . (A daptado com perm issão de Jester Colum bia College).
lhados por ambos, seres humanos e animais superiores. Frequentem ente, utilizamos
sujeitos animais em nosso trabalho experimental por razões pragmáticas. Podemos con
trolar mais facilmente o ambiente imediato e passado do animal. Podemos privá-lo de
agentes tais como alimento e água, de modo a utilizá-los mais tarde como reforçadores
poderosos. Finalmente, podemos observar continuam ente o animal por períodos longos
de confinam ento.
O uso de animais na pesquisa em psicologia segue uma tradição longa e respeitada na
ciência, a de controlar e isolar condições relevantes, de m odo a revelar a regularidade
básica na natureza. Talvez, a classe mais im portante de variáveis independentes em psico
logia diga respeito à história passada do indivíduo. Um sujeito hum ano chega até nós com
uma história passada longa, complicada e incom pletam ente conhecida. 0 fato de que
mais ou menos uma hora de reforçam ento fraco de operantes apenas parcialmente especi
ficados possa resultar numa modificação com portam ental detectável, como no experi
mento de Centers (1963), deve ser tom ado como um tributo à natureza fundamental dos
processos que isolamos a partir do estudo animal.
4.11 - SUPERSTIÇÃO
Dizer que o reforçam ento é contingente a uma resposta pode significar apenas que
ele segue a resposta e não implica necessariamente numa ligação física direta entre a
resposta e o reforçador. O reforçam ento pode ser mediado pelo com portam ento de um
experim entador, ou por algum outro aparelho autom ático. 0 efeito do reforçam ento no
com portam ento é indiferente aos meios pelos quais a correlação temporal entre R e S+ é
efetuada. O poder autom ático do reforçam ento em fortalecer o com portam ento nos
lembra que, do mesmo modo que o condicionam ento Pavloviano, sempre que as condi
ções temporais para o procedim ento de fortalecim ento operante são alcançados (na selva,
no lar, no laboratório), é provável a ocorrência de modificações no com portam ento.
Quando nos lembramos de que o processo de fortalecim ento é quase sempre virtual
mente instantâneo, não nos surpreenderíam os ao descobrir que o fortalecim ento do
com portam ento pode ocorrer mesmo em situações onde existe apenas uma coincidência
fortuita entre um a dada R e a ocorrência do S+. No experim ento realizado por Skinner
(1948), um pom bo fam into foi colocado num a caixa não diferente daquela vista na Fig.
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4.1. Não havia, no entanto, um a barra nesta caixa e o alim ento consistia dc pequenas
porções de grãos misturados que poderiam ser fornecidos através do alim entador. Cada
15 segundos, o alimento era autom aticam ente apresentado ao pombo, não im portando o
que ele estivesse fazendo no m om ento. Sob essas condições, 6 entre 8 pombos rapida
mente desenvolveram respostas caracteristicam ente diferentes mas estereotipadas. Um
pom bo desenvolveu um m ovimento circular contrário aos ponteiros do relógio, com ple
tando duas ou três voltas entre os refçrçam entos. Um segundo pombo repetidam ente
estendia sua cabeça em direção a um dos cantos superiores da gaiola. O utro apresentou
um movimento de “balançar a cabeça'’ no plano vertical. Os outros três pombos desen
volveram uma variedade de outros movimentos bizarros da cabeça e do corpo,
característicos.
O processo de fortalecim ento casual é, em geral, aparente. Por acaso, o animal estava
executando alguma resposta no m om ento em que o alimento era fornecido. Essa coinci
dência fortalece essa resposta e, assim, torna-a mais provável de reaparecer novamente e
ser reforçada uma segunda vez. Uma vez iniciado, o processo se perpetua. Como Skinner
salientou, pode-se dizer que o experim ento dem onstra um tipo de superstição.
“ O animal comporta-se como se existisse uma relação causai entre seu com por
tam ento e a apresentação do alim ento, embora tal relação não seja real. Existem
muitas analogias no com portam ento humano. Os rituais para m udar a sorte de
alguém com cartas são bons exemplos. Poucas conexões acidentais entre um ritual e
as conseqüências favoráveis são suficientes para estabelecer e m anter o com porta
m ento, apesar dos m uitos casos não reforçados. Um outro exemplo é o do jogador de
boliche que lança a bola fora da pista, mas continua a se com portar com o se estivesse
controlando-a através da curvatura e torsão de seu braço e om bro. Esses com porta
m entos não têm , naturalm ente, efeito real algum sobre a sorte de alguém ou sobre a
bola a meio caminho fora da pista, tal como, no presente caso, o alim ento apareceria
com a mesma freqüência se o pombo nada fizesse —ou, estritam ente falando, se ele
fizesse outra coisa qualquer” (Skinner, 1948, p. 171).
Tabela 4.3
CONDICIONAMENTO CONDICIONAMENTO
PAVLOVIANO OPERANTE
Sr
PARADIGMA OU
CR R -» S ^
PROCEDIMENTO
Fortalecim ento de um a R
Formação de alguns com
RESULTADO já existente no repertório
portam entos novos (CR) a
com portam ental.
Sl
Probabilidade da CR a S \ Taxa de R, form a de R o r
COMO É MEDIDO magnitude da CR, latência dem seqüencial relativa a
da CR. outras Rs que ocorrem
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APÊNDICE A
SÍMBOLO EXEMPLO
j o i na palavra fria
1 o i na palavra fácil
/
e o a n/á palavra mesa
X intermediário entre o á de já e o é em fé
c o o na palavra nó
0 com o em vou
V o o da palavra porque
u como o u na palavra uva
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