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RUA A, S/N, FÓRUM MODULO 2 / 2º ANDAR, NOSSA SENHORA DAS GRAÇAS - ITABUNA
itabuna-2vsj@tjba.jus.br - Tel.: (73)3214-0969
PROCESSO N.º: 0010623-65.2020.8.05.0113
AUTORES:
ROSILVA CARVALHO DE SOUZA SANTANA
RÉUS:
COELBA COMPANHIA DE ELETRICIDADE DO ESTADO DA BAHIA COELBA
SENTENÇA
Informa, ainda, que pelo não pagamento da multa, em 03/10/2020 teve seu serviço
suspenso. Entende que a conduta da ré lhe causou danos. Isto posto requereu a
declaração de inexistência da multa e danos morais no valor de R$ 30.000,00 (trinta
mil reais).
Na situação ora analisada, observa-se que a acionada não juntou aos autos qualquer
documento assinado pelo Autor que comprovasse acerca da apuração dos cálculos
apontados pela Ré. Verifica-se, assim, que houve uma apuração unilateral da
concessionária, sem contraditório, tendo ocorrido todo o procedimento à revelia do
Autor.
Ressalto que no TOI anexado aos autos é de difícil entendimento, não sendo
documento hábil a afastar a irregularidades procedimentais realizadas pelo réu, tais
como não observação do contraditório e da ampla defesa.
Nesse prisma, urge ressaltar que a forma como é realizada a inspeção na residência
dos usuários da energia elétrica fornecida pela ré não permite um verdadeiro exercício
do direito de defesa pelo consumidor, pois que é feita de forma unilateral pela
concessionária que se vale de sua superioridade financeira e técnica.
A cobrança retroativa não decorre, portanto, do consumo real aferido para o período
pretérito que indica. O que se observa na espécie é uma tentativa de ressarcimento
levada a cabo pela ré com lastro em uma presunção desarrazoada e desprovida de
elementos idôneos que a embasem, já que, mesmo admitida a violação do dispositivo,
não é possível precisar qual teria sido o consumo pretérito da unidade. Além disso,
não poderia a fornecedora, a quem é franqueado frequente acesso ao dispositivo de
apuração de consumo, pretender atribuir culpa ao consumidor por vício pretérito e
injustificadamente não detectado a tempo.
Destarte, não pode subsistir qualquer fatura com valor decorrente da indigitada
inspeção, devendo, portanto, prevalecer a presunção de boa-fé da parte autora, que
não foi desconstituída pela reclamada (artigo 4º, I e III, da Lei nº 8.078/90). Até
porque, de acordo com o STJ, ¿a presunção de boa-fé é princípio geral de direito
universalmente aceito, sendo milenar parêmia: a boa-fé se presume; a má-fé se
prova¿ (STJ - REsp: 956943 PR 2007/0124251-8, Relator: Ministra NANCY ANDRIGHI,
Data de Julgamento: 20/08/2014, CE - CORTE ESPECIAL, Data de Publicação: DJe
01/12/2014).
Quanto ao dano moral, considerando que suspensão dos serviços evidente o dano, ora
que in re ipsa.
DECLARO EXTINTO o processo, com análise de mérito, com fulcro no art. 487, I, do
CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL.
Reule T. de Miranda
Juíza Leiga
SENTENÇA HOMOLOGATÓRIA
Homologo a sentença, em todos os seus termos, para que produza seus efeitos
jurídicos e legais, com fundamento no art. 40 da Lei n. 9.099/95.