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Editorial

Para trás também se olha


Por uma conjunção de fatores, esta edição acabou Também nesta edição um artigo sobre inteligência
por congregar importantes e simultâneas rememora- emocional, produzido por associado e colaborador,
ções. difundindo e partilhando conhecimentos pessoais de
O ano de 2017 marca as duas décadas e meia de elevado valor e proveito.
fundação da ADVOCEF, registro obrigatório de ser fei- Numa perspectiva bem mais recente, e também
to. pesarosa, renovamos na página 11 o registro de re-
Tal registro se presta não apenas como homena- cente palestra proferida pelo ministro Teori Zavascki,
gem aos tantos que viabilizaram sua constituição e dentro da série de eventos promovidos pela ADVOCEF.
constante fortalecimento, mas também como resgate Uma forma singela de homenagearmos a memória de
do período em que se deu a criação da entidade. uma pessoa tão querida e profissional destacado, pre-
Durante este ano, a ADVOCEF em Revista ilustrará cocemente falecido.
em suas páginas, de forma continuada, algumas das E assim, com passado, presente e futuro ligados
principais passagens desta já longeva e vitoriosa traje- permanentemente, constroem-se as vidas de pesso-
tória, numa série comemorativa de matérias. as e a história de entidades, tantas vezes interligadas
Entre elas, a reportagem principal deste número umas às outras, como sinal de que é para as pessoas
colhe depoimentos e experiências de associados mili- que existem as instituições e sem elas não há razão
tantes de épocas diversas, antigas e recentes. Ao dar para sua permanência.
suas impressões sobre a história que vem sendo feita,
revelam detalhes dessa caminhada, coisa interessante Diretoria da ADVOCEF
de se conhecer.

ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS ADVOGADOS DA CAIXA ECONÔMICA FEDERAL


Biênio da Diretoria 2016-2018 Araújo | Belém (Macapá, Marabá, Santarém): Renan José Rodri- CONSELHO DELIBERATIVO
Presidente: gues Azevedo | Belo Horizonte (Divinópolis, Governador Vala-
Álvaro Sérgio Weiler Júnior (Porto Alegre) dares, Ipatinga, Montes Claros, Poços de Caldas, Varginha): Titulares: Dione Lima da Silva (Porto Alegre), Octavio Caio Mora
Roberto Campos Abreu Marino | Brasília: Ricardo Tavares Baravie- Y Araujo de Couto e Silva (Rio de Janeiro), Luiz Fernando Padilha
Vice-Presidente:
Marcelo Dutra Victor (Belo Horizonte) ra | Campinas (Sorocaba): Cleucimar Valente Firmiano | Campo (Rio de Janeiro), Maria Rosa de Carvalho Leite Neta (Fortaleza),
Primeira Tesoureira: Grande: Renato Carvalho Brandão | Cascavel: Marcos Luciano Go- Luiz Fernando Schmidt (Aposentado/Goiânia), Fernando da Silva
Roberta Mariana Barros de Aguiar Corrêa (Porto Alegre) mes | Cuiabá: Carlos Hilde Justino Melo da Silva | Curitiba (Ponta Abs da Cruz (Porto Alegre) e Marta Bufaiçal Rosa (Aposentada/
Segundo Tesoureiro: Grossa): José Halley de Assis Fernandes Suliano | DIJUR/SUAJU: Brasília).
Duílio José Sánchez Oliveira (São José dos Campos/SP) Ana Paula Galinatti Schreiber | DIJUR/SUTEN: Estanislau Luciano Suplentes: Elton Nobre de Oliveira (Rio de Janeiro) Aline Lisboa
Primeiro Secretário: de Oliveira | Feira de Santana: Cissa Maria de Almeida Silva | Flo- Naves Guimarães (DIJUR/SUAJU) e Luís Gustavo Franco (Porto
Magdiel Jeus Gomes Araújo (João Pessoa) rianópolis (Criciúma, Joinville, Blumenau): Edson Maciel Montei- Alegre).
Segundo Secretário: ro | Fortaleza: Paulo Elton Vasconcelos Alves | Goiânia (Palmas):
Justiniano Dias da Silva Júnior (Recife) Ivan Sérgio Vaz Porto | João Pessoa (Campina Grande): Eduardo CONSELHO FISCAL
Diretor de Honorários: Braz de Farias Ximenes | Juiz de Fora: Marcus Vinicius Fernandes
Marcelo Quevedo do Amaral (Novo Hamburgo/RS) | Londrina: Patricia Raquel Caires Jost Guadanhim | Maceió: Gus- Titulares: Cleucimar Valente Firmiano (Campinas), Rogério Rubim
Diretor Jurídico: tavo de Castro Villas Boas | Manaus (Boa Vista): Andressa Dan- de Miranda Magalhães (Belo Horizonte) e Melissa dos Santos Pi-
Renato Luiz Harmi Hino (Curitiba) tas Maquiné | Maringá: José Irajá de Almeida | Natal: Francisco nheiro (Porto Velho).
Diretor de Comunicação Social e Eventos: Frederico Felipe Marrocos | Niterói: Sandro Cordeiro Lopes| Novo Suplentes: Rodrigo Trassi de Araújo (Bauru) e Edson Pereira da
Henrique Chagas (Presidente Prudente/SP) Hamburgo: João Batista Gabardo | Passo Fundo (Santo Ângelo): Silva (DIJUR/GETEN).
Diretor de Prerrogativas: Guilherme Lohmann Togni | Piracicaba: José Carlos de Castro |
Marcos Nogueira Barcellos (Rio de Janeiro) Porto Alegre (Pelotas, Caxias do Sul): Rinaldo Penteado da Silva
Diretora de Negociação Coletiva: Endereço em Brasília/DF:
| Porto Velho (Rio Branco): Suara Lucia Otto Barboza de Oliveira
Anna Claudia de Vasconcellos (Florianópolis) | Recife: Paulo Henrique Bedor Sampaio Junior | Ribeirão Preto: SBS, Quadra 2, Bloco Q, Lote 3, 5º Andar, Sala 510 e 511
Diretor de Relacionamento Institucional: Sandro Endrigo de Azevedo Chiaroti | Rio de Janeiro (Campos dos Edifício João Carlos Saad – Brasília/DF – CEP 70070-120
Carlos Alberto Regueira Castro e Silva (Recife) Goytacazes, Volta Redonda): Luiz Fernando Padilha | Salvador Fone (61) 3224.3020 / 0800601.3020
Diretor Social: (Ilhéus): Lineia Ferreira Costa | Santa Maria: Conrado de Figuei- E-mail: advocef@advocef.org.br
José de Anchieta Bandeira Moreira Filho (Belém) redo Neves Borba | São José dos Campos: Maria Cecília Nunes
Santos | São Luís: Valéria de Souza Portuga | São Paulo (Santos): Equipe da ADVOCEF:
REPRESENTANTES REGIONAIS Ricardo Pollastrini | Teresina: Leonardo Guilherme de Abreu Vitori- Assistente Financeira: Deiviane Bárbara Bras Gomes; Assistente de
Aracaju: Bianco Souza Morelli | Bauru (São José do Rio Preto, Pre- no | Uberaba: Lucas Pulier Ferreira | Uberlândia: Aquilino Novaes Secretaria: Adriana Moraes; Assistente Administrativa: Jéssica Oli-
sidente Prudente, Araçatuba, Marília, Franca): Rodrigo Trassi de Rodrigues | Vitória: Angelo Ricardo Alves da Rocha. veira Souza.

www.advocef.org.br – Discagem gratuita 0800.601.3020


Expediente
Conselho Editorial: Álvaro Sérgio Weiler Júnior, Anna Claudia de Vasconcellos, Carlos Alberto Regueira Castro e Silva, Duílio José Sánchez Oliveira, Henrique Chagas, José de Anchieta
Bandeira Moreira Filho, Justiniano Dias da Silva Júnior, Magdiel Jeus Gomes Araújo, Marcelo Dutra Victor, Marcelo Quevedo do Amaral, Marcos Nogueira Barcellos, Renato Luiz Harmi Hino e
Roberta Mariana Corrêa|Jornalista responsável: Mário Goulart Duarte (Reg. Prof. 4662) - E-mail: mggoulart@uol.com.br.|Projeto gráfico: Eduardo Furasté|Editoração eletrônica: José
Roberto Vazquez Elmo|Capa e contracapa: Eduardo Furasté|Ilustrações: Ronaldo Selistre |Tiragem: 1.300 exemplares|Impressão: Athalaia Gráfica e Editora|Periodicidade: Mensal.
A ADVOCEF em Revista é distribuída aos advogados da CAIXA, a entidades associativas e a instituições de ensino e jurídicas.
A versão eletrônica desta publicação está disponível no site da ADVOCEF.
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As opiniões publicadas são de responsabilidade de seus autores, não refletindo necessariamente o pensamento da ADVOCEF.

2 Fevereiro | 2017
Palavra do Presidente

ADVOCEF 25 anos – Resgate, registro


e livre acesso à memória histórica
Na edição anterior tive oportu- (edições nºs 1 e 2), Revista de Direi-
nidade de fazer um pequeno balan- to da ADVOCEF (edições nºs 1 a 23)
Álvaro Weiler Jr. (*)
ço da situação que vivemos (retros- e o informativo mensal, atualmente
pectiva e perspectivas). denominado ADVOCEF em Revista
Nesse contexto, olhando sempre (edições desde janeiro/2005).
em frente, todavia sem esquecer ou Em breve deveremos ter no site
conhecer o passado, estamos bus- todos os informativos publicados
cando a inovação e modernização, desde 1993, com matérias muito in-
inclusive para resgatar, registrar de teressantes, inclusive entrevistas de
forma permanente e propiciar o li- personagens, alguns dos quais des-
vre acesso à história da ADVOCEF. conhecidos dos colegas mais novos,
No curso do processo de com- importantes em momentos cruciais
pleta reestruturação dos sistemas da ADVOCEF.
de informática e TI, todas as publi- Documentos de caráter interno,
cações impressas promovidas pela como fichas de filiação e autoriza-
nossa Associação durante os seus ções de desconto de mensalidades,
25 anos de história (jornais, bole- já foram digitalizados e inseridos na
tins, revistas...) já estão sendo di- intranet da Associação.
gitalizadas e disponibilizadas para Nos últimos anos os eventos
consulta através do site www.advo- promovidos pela ADVOCEF (Con-
cef.org.br. gressos, lançamentos da Revista de
Direito, Ciclo de Palestras, etc.) áreas referidas, facilita e otimiza o
foram filmados em DVD, regis- trabalho, confere maior segurança
“Teremos uma bi- trados em fotografias digitais. ao banco de dados e permite uma
Porém, temos um vasto material comunicação muito maior com os
blioteca e videoteca de fotos impressas e fitas VHS associados, dentre tantas outras
de Congressos mais antigos, que funcionalidades.
virtuais para tornar também será digitalizado e inseri- Seguimos promovendo de for-
do na área restrita do site. ma paulatina e gradual a pesquisa
perene um material Dessa forma, teremos uma bi- nos arquivos, análise cuidadosa de
histórico insubsti- blioteca e videoteca virtuais para todos os documentos, organização
tornar perene um material histó- dos mesmos para que possam ser
tuível, para consulta rico insubstituível e suscetível de avaliados criteriosamente. Trata-se
se perder ou deteriorar ao longo de um trabalho extenso, demora-
por qualquer pessoa, dos anos, possibilitando a consul- do, meticuloso, porém sumamente
ta direta por qualquer pessoa, a importante para transmitir os fatos
a qualquer momento qualquer momento e de qualquer e experiências do passado, evitando
e de qualquer lugar.” lugar. erros e retrabalhos no futuro. Tudo
Um projeto de tecnologia que isso sem prejuízo do atendimento
iniciou com o objetivo de criar das demandas diárias, sem perder
um programa customizado para o foco nos problemas atuais e es-
Destaco que a maior parte facilitar o rateio dos honorários quecer os projetos para o futuro.
dessas publicações já está na área aos advogados do quadro acabou De forma alguma, este trabalho
pública do nosso site, disponível abrangendo todas as atividades da consiste em perda de tempo. Muito
a todos, tais como: Advocacia na Associação. Partindo do setor finan- pelo contrário, como disse Edmund
Caixa Econômica Federal – Trajetó- ceiro, invadiu a área de secretaria Burke, “um povo que não conhece
ria de 150 Anos, ADVOCEF 20 Anos e alcançou o setor administrativo. a própria história está fadado a re-
– 1992/2012, Revista de Literatura Estamos cada vez mais próximos peti-la”.
da ADVOCEF – O pessoal da área de finalizar um sistema único que
jurídica da CAIXA em prosa e verso centraliza as informações das três (*) Presidente da ADVOCEF.

Fevereiro | 2017 3
História

A ADVOCEF no 25º ano


A trajetória bem-sucedida da Associação fundada em 1992
Uma entidade que evolui, demais colegas da CAIXA, nos
comprometida com os seus as- anos 90.”
sociados, solidária com outros O advogado Aldo Lins e Silva
companheiros de luta. São opi- Pires, de Recife, foi admitido na
niões dirigidas à ADVOCEF, que CAIXA em novembro de 2008 e já
em 2017 entra no seu 25º ano de na primeira semana se associou à
existência. Desde 15 de agosto ADVOCEF.
de 1992, a entidade defende as “Os colegas recomendaram
causas dos advogados da CAIXA, por ser uma Associação séria que
sem esquecer de sua responsabi- defendia a categoria.”
lidade na luta por todos os advo- O que pensa hoje:
gados estatais. “Uma Associação que cresce
Uma série de matérias, inicia- a cada dia, composta por pesso-
da nesta edição, comprova a afir- as sérias que trabalham ardua-
mação e mostrará, até agosto, mente para que os seus fins se-
um pouco da história da ADVO- jam atingidos da melhor maneira
CEF e de seus associados – os res- possível.”
ponsáveis pela jornada vitoriosa. Uma prova disso e ao mesmo
Há 36 anos trabalhando na tempo um marco, segundo Aldo,
CAIXA, 32 como advogado, Hamilton Hamilton ressalta o mérito de foi a greve dos advogados da CAIXA,
Esequiel Resende, de Belo Horizonte, reunir os advogados, em meio às di- que durou 40 dias.
participou da “vaquinha” organizada ficuldades da época – ameaça de ter- Também associado logo após a
em 1992 para pagar passagem e hos- ceirização da área jurídica, inclusive –, admissão, em março de 2002, o ad-
pedagem da colega Maria Luíza Ra- para fundar a Associação. vogado Alessandro Maciel levou em
chid, representante do Jurídico no gru- “Graças a ela pudemos passar ao conta o histórico de luta da Associa-
po que criou a ADVOCEF em Brasília. largo do arrocho salarial imposto aos ção, relatado pelos colegas que inte-

Ideias para os Congressos


Alessandro Maciel, advogado da CAIXA em Porto Alegre
Entendo da importância e do tabelecendo prioridades no uso do que passaram pela diretoria nos
significado do encontro dos advo- dinheiro arrecadado mensalmente e últimos 25 anos, empenhando seu
gados das mais distantes localida- por meio do rateio extraordinário, em tempo e sua dedicação em prol da
des do país, mas reputo importante continuidade ao trabalho já exercido nossa ADVOCEF.
que o formato seja repaginado. pela atual gestão.
Primeiro, com a possibilidade de Em relação às deli-
mais advogados terem a oportuni- berações sou da opinião
dade de participar do evento, com a que as propostas deve-
reformulação do método hoje exis- riam ser levadas a vota-
tente. ção com a participação
Reputo importante também a de todos os associados,
realização de eventos focados em já que muitos assuntos
discussões técnicas e deliberativas relevantes ficam premi-
no interesse da categoria. dos pelo tempo quando
Entendo, ainda, que devemos pautados para delibera-
colocar para apreciação da cate- ção no Congresso.
goria os valores a serem desem- Por fim, gostaria de Alessandro (quarto da esq. para a dir.) com os colegas
Evandro, Rauber, Edson e Júlio no Congresso de
bolsados pela Associação e seus deixar meu agradecimen-
Fortaleza, em 2012
associados em cada Congresso, es- to a todos os advogados

4 Fevereiro | 2017
gravam o Jurídico Cuiabá, onde ini-
ciou sua carreira.
Sua opinião sobre a entidade, hoje,
Lembrando o início
lotado no Jurídico de Porto Alegre: Hamilton Esequiel Resende, advogado da CAIXA
“Uma ADVOCEF em constante apri- em Belo Horizonte
moramento, que precisa estar atenta
à conjuntura do país e da CAIXA. A Não é fácil juntar advogados empresa, em 1996, que nos pagou
ADVOCEF está inserida institucional- numa Associação, mas soubemos montante atrasado de horas extras,
mente nas questões que envolvem a capitalizar o momento de arrocho desde a Lei 8.906, de 04/07/1994
categoria, assim como demonstra pre- salarial, crise po- (Estatuto da
ocupação com o nosso futuro.” lítica e econômi- OAB), e passou
ca do país, sob a direcionar os
Honorários garantidos o governo Collor, honorários de
A advogada June de Jesus Veríssi- buscando nos sucumbência em
mo Gomes, do Jurídico Campo Gran- associar como favor dos advo-
de (presta atendimento remoto ao forma de pres- gados do qua-
Jurídico Aracaju), faz sua declaração: sionar a direção dro, o que per-
“Tenho muito orgulho de ser em- da empresa para manece 21 anos
pregada da CAIXA e muito mais de melhorar nossas depois.
dizer que sou advogada e pertenço à condições de tra- Tenho certe-
ADVOCEF, que defende seus advoga- balho. Hamilton com a ministra do STF Eliana za que, se não
dos, como profissionais e pessoas.” O ano de cria- Calmon no Congresso de Salvador, fosse a ADVOCEF,
Também ela se associou assim que ção da ADVOCEF em 1999 não teríamos
ingressou na CAIXA, em dezembro de e os que se segui- uma posição de
2003, por recomendação do repre- ram foram de tentativas do governo destaque na empresa. Graças a ela
sentante da ADVOCEF na unidade ju- de plantão e da empresa em tercei- pudemos passar ao largo do arrocho
rídica, Alexandre Baseggio. rizar toda a área jurídica. Associados salarial imposto aos demais colegas
“Ele me explicou que a Associação nós pudemos demonstrar força, não da CAIXA, nos anos 90. Tínhamos a
nos defendia e, graças à sua atuação, só barrando a terceirização como compensação dos honorários e, em
a gente passou a ter o direito ao rece- firmando acordo histórico com a certas épocas, até horas extras.
bimento dos honorários garantido.”

Destaque na advocacia
Luís José Bragança da Silva, presidente da Associação dos Advogados da
Casa da Moeda do Brasil (ADVCMB)
A ADVOCEF é uma respeitabilíssima Associação de incansável pela criação da carreira do Advogado Esta-
advogados da Caixa Econômica Federal, pioneira na luta tal junto ao Congresso Nacional que, certamente, será
pela garantia do cumprimento das prerro- coroada muito em breve com merecido
gativas profissionais que, atualmente, se êxito.
destaca como uma das maiores, senão a Com efeito, nesse contexto, há de
maior, das associações brasileiras de advo- se destacar a recente realização do 1º
gados estatais. Congresso da Advocacia Estatal, com o
A sua presença marcante na organiza- apoio indispensável da ADVOCEF, na fi-
ção impecável de eventos de grande vulto, gura do seu ilustríssimo presidente, Dr.
voltados não só para a categoria que há Álvaro Weiler, e sob o brilhante coman-
anos representa mas, também, generosa- do do Dr. Carlos Castro, nosso dileto e
mente, abertos aos colegas de outras em- combativo presidente na Comissão Na-
presas estatais, faz dela uma líder incontes- cional Especial da Advocacia Estatal e
tável no cenário da Advocacia Estatal. ex-presidente da ADVOCEF, que entrou
Nada obstante, dos seus quadros, diu- para a história da Advocacia nacional e
turnamente, emergem lideranças ímpares será sempre lembrado como a gênese da
que servem de exemplo para todos nós advogados es- carreira do Advogado Estatal, consolidando a certeza
tatais, pela dedicação e pelo espírito de grupo na defe- absoluta de que a criação da carreira é uma realidade
sa dos interesses dos seus pares, destacando-se a luta muito próxima.

Fevereiro | 2017 5
História

para ingressar na ADVOCEF, pois, no RS, em 2010, seguiu em frente e, em


início, pretendia buscar outros con- 12/01/2012, dia do aniversário da CAI-
cursos e supunha que passaria pouco XA, ocorreu o casamento, com a “pre-
tempo na CAIXA. sença especial” do então presidente
“Logo depois criei raízes, vesti a da ADVOCEF Carlos Castro.
camisa e decidi me inteirar acerca da Rafaelle diz que ela e Marx aguar-
Associação.” dam ansiosos o Congresso deste ano,
Hoje, tem esta opinião: em Maceió, quando comemorarão
“Tenho percebido a ADVOCEF sete anos de namoro. “Namoro este
muito mais atuante, forte, preocupa- que nos rendeu uma filha linda, além
da com os anseios da nossa categoria de uma enorme cumplicidade em
e empenhada no incremento dos nos- casa e no trabalho”, afirma Rafaelle.
sos honorários.” (A história do romance está contada
Rafaelle com Marx: ADVOCEF foi A ADVOCEF faz parte também da nas edições de dezembro de 2011 e
“madrinha” história familiar de Rafaelle. A entida- janeiro de 2012 desta Revista.)
de é tida como a “madrinha” de seu
relacionamento com o colega Marx
Entidade consolidada
Admitida no Jurídico de Fortaleza
em 2006, a advogada Rafaelle Portela Antonio Teixeira Segundo. O namoro O advogado Luiz Fernando Schmi-
de Arruda Coelho levou alguns meses começou no Congresso de Gramado/ dt, de Goiânia, aposentado em abril do

O sonho e a obra
No Congresso de 2008, em Vitória, o advogado Luiz Fernando Schmidt, hoje aposentado em Goiânia, foi
homenageado pelos colegas com uma placa em que é ressaltada a “convivência compartilhando as agruras e
vitórias da nossa Associação”.
Na ocasião, Schmidt proferiu discurso agradecendo a iniciativa da colega Cláudia Elisa Medeiros Teixeira.
Leia trecho a seguir:

Penso que a ótica pela qual vejo balho do advogado. Disse, então, o Pe. feitos se, ao menos, conseguirmos
nossa profissão coincide com a de Vieira: apaziguar conflitos.
vocês. Somos os instrumentos hu- “Não hei de pedir, pedindo, mas Sobre nossa categoria e sobre
manos para pleitear a garantia dos protestando e argumentando, pois nossa Associação, lembro um poema
direitos e assegurar a distribuição da esta é a licença e liberdade que tem de Fernando Pessoa, assim escrito:
justiça. quem não pede favor, senão justiça.” Deus quer, o homem sonha, a
O valor intrínseco e a dignidade O Direito, do qual somos opera- obra nasce.
do ser humano impõem que lhe se- dores, engrandece quem o concretiza Deus quis que a terra fosse toda
jam assegurados os meios para suprir e assegura as liberdades e os direitos uma.
suas necessidades básicas. Portanto, individuais e coletivos. Mas como, na Que o mar unisse, já não sepa-
é necessário haver esta prevalência. prática, o Direito nem sempre é total- rasse.
Somente assim a justiça acontecerá, mente exequível, demo-nos por satis- Sagrou-te, e foste desvendando
porque esse imperativo é a sua es- a espuma.
sência. Deus quis que nós advogados da
Na nossa função trabalhamos CAIXA nos uníssemos, sonhamos, e
como defensores de uma das par- do esforço de um grupo de colegas
tes, quando duas ou mais entram abnegados, que homenageio agora
em conflito. Sempre me preocupei, na pessoa do Dr. Renato Soares Dias,
e acredito que vocês também, em nasceu a ADVOCEF.
pautar a defesa em princípios justos E para que estivesse ativa até
e direitos legítimos, para não lesar o hoje, precisou de muitos outros cole-
direito da parte adversa. gas abnegados que participaram das
Cito, nesta oportunidade, um diretorias, conselhos, comissões, re-
pequeno trecho de discurso do Pe. presentações regionais, os quais me
Antônio Vieira, sobre a batalha entre permito homenagear na pessoa do
Schmidt e a esposa, Débora, no
brasileiros e holandeses, no nosso Dr. Alfredo Ambrósio Neto, colega
Congresso de Poconé/MT, em 2011
território, que bem se aplica ao tra- de Goiás aqui presente. (...)

6 Fevereiro | 2017
ano passado, informa que se associou ções de trabalho, sem se categoria e também na
“tarde” à ADVOCEF, em 2006, quando deixar cooptar pela ad- capacidade de agir fa-
participou pela primeira vez do Con- ministração da CAIXA. zendo interlocução que
gresso em Natal. Explica que a demora “Embora não deva por vezes não temos
da inscrição ocorreu por causa da ‘con- ‘promover guerra’ con- como no nosso dia a
corrência’ da ABRACEF, criada na épo- tra a CAIXA, porque isso dia.”
ca por um grupo de São Paulo. A en- não leva a bons resulta- Aquilino fala sobre
tidade acabou não vingando. Depois, dos, não deve calar-se a imagem da ADVOCEF
Schmidt se associou à ADVOCEF, “por ante violação a direitos no cenário nacional:
insistência” de colegas de Goiânia, os e prerrogativas dos pro- “Uma Associação
advogados Ivan Porto, Alfredo Ambró- fissionais, sob pena de sólida e consolidada,
sio Neto e Juscelino Malta Laudares. transformar-se em ins- com uma imagem e
Schmidt, hoje, vê assim a ADVO- tituição desprovida de presença institucional
CEF: brio e dignidade.” Aldo: elogios aos Congressos muito forte junto às
“Uma Associação que cresceu, O advogado Aqui- mais diversas institui-
fortaleceu-se, está extremamente or- lino Novaes Rodrigues, de Uberlân- ções – OAB, tribunais, sindicatos, entes
ganizada e dispõe de meios para lu- dia/MG, se associou quando assumiu políticos e associações profissionais.”
tar pelos advogados e advogadas da como advogado, em 2010 (era em- No último encontro, em Brasília, o
CAIXA e não pode desviar-se dessa pregado administrativo desde 1989). advogado testemunhou a real dimen-
missão. Ingressou com convicção: são da ADVOCEF, na defesa dos asso-
“Tem que se manter firme da defe- “Acredito na Associação como en- ciados e da categoria em geral, que
sa dos profissionais e das suas condi- tidade representativa dos anseios da está também nas demais estatais.

Esforço pela unidade


O presidente da Associação dos da para defender a entidade
Advogados do Banco do Brasil (ASA- que representa. ”
BB), Marco Paz, acompanha o “exce- Marco Paz acrescenta que
lente trabalho” da ADVOCEF e, por é pensando assim que a AD-
isso, pode atestar o esforço dos ad- VOCEF tem realizado muitas
vogados da CAIXA pela unidade da conquistas ao longo de sua
categoria. Seu relato: história. Cita, entre os feitos, a
“A Advocacia Estatal tem sido organização do I Congresso Na-
amplamente discutida e defendida cional da Advocacia Estatal, do
em reuniões pela ADVOCEF e pela qual a ASABB também partici-
ASABB, pois ambas as Associações pou. Destaca ainda:
têm a consciência de que as ativi- “Não posso deixar de regis- Marco Paz: o advogado é essencial à adminis-
dades desempenhadas pelo advo- trar aqui um marco na parceria tração pública e à justiça
gado estatal são primordiais para desenvolvida pela ASABB, AD-
as empresas públicas, sociedades VOCEF e outras entidades represen- NAPE, com apoio do CFOAB, FE-
de economia e para a defesa da tantes da classe na elaboração e en- NADV, Subseções da OAB e comis-
empresa estatal que, indiretamen- caminhamento para votação da PEC sões estaduais da Advocacia Estatal,
te, representa os interesses da so- 301/16, que instituirá a Advocacia a fim de regulamentar e defender a
ciedade.” Pública de Estatais e que tem como carreira de Advogado Estatal.”
Por possuir função essencial à objetivo criar um corpo jurídico per- Entre as atividades conjuntas,
administração pública e à justiça, manente especializado em assessorar Marco Paz inclui palestras, cursos,
segundo o presidente, o advogado e defender, judicial e extrajudicialmen- congressos e a participação semes-
estatal também tem como obriga- te, as empresas públicas e as socieda- tral da ASABB na Revista de Direito
ção a preservação da economia e o des de economia mista, da União, dos da ADVOCEF. Conclui o presidente,
combate à corrupção. estados e dos municípios. enaltecendo a parceria entre as en-
“Por esse motivo a ASABB, junta- “Registro também o trabalho con- tidades:
mente com a ADVOCEF, defende que junto realizado com as demais associa- “É através desse comprometi-
o advogado público estatal deve ter ções de advogados estatais e procura- mento e espírito altruístico que con-
independência técnica e condição dores, como a APCET, Casa da Moeda, seguiremos, cada vez mais, alcançar
de trabalho segura, digna e adequa- BNB, CONAB, Eletrobrás, ANPEPF, SI- nossa tão almejada valorização.”

Fevereiro | 2017 7
História

“Tive a oportunidade de encontrar experiências com os colegas de todo o tente, que ge-
um conselheiro da Seccional da OAB Brasil. Vemos ideias e particularidades rou frutos como
de Uberlândia que me confessou ter completamente distintas, e isso ajuda a criação da AD-
ficado impressionado com a magnitu- a que possamos alinhar nossas diretri- VISA, de cujo
de do evento e nossa capacidade de zes, tomando por base as ações que projeto ele par-
interlocução junto aos mais diversos deram certo em outros Jurídicos, além ticipou. Foi cria-
segmentos”, informa Aquilino. de que conhecemos cidades novas e da também a
um pouco da sua cultura, nas progra- OH Advogados
Um evento consagrado mações específicas.” Associados, que
Todo ano tem Congresso da AD- Aldo pede que os associados mais concebeu escri-
VOCEF. O primeiro foi realizado em novos participem mais ativamente tório de advoca-
1995, em Brasília. O próximo será em dos Congressos. cia com cerca de
Maceió, em maio deste ano. Local de Hamilton Resende esteve nos 100 advogados
encontro consagrado dos advogados, Congressos de São Paulo, Recife e Sal- espalhados por
o evento não sofreu nenhuma inter- June: orgulho
vador, em 1997, 1998 e 1999. quase todos os
rupção no período. da ADVOCEF
“O Congresso de São Paulo foi Estados brasilei-
Tendo já participado de seis Con- marcante por ter sido o primeiro após ros.
gressos, Aldo Lins Pires garante que o grande acordo que fizemos com a “Gostei muito, também, do Con-
todos têm seus pontos altos: CAIXA, em 1996.” gresso de Recife, em razão de não ter
“É muito interessante a troca de Hamilton lembra do otimismo exis- ficado só nas discussões da categoria,

Juntos na luta
A ADVOCEF age em muitos flan- Pereira, Otávio Rocha, Marcelo Leles, que extravasam o âmbito da advo-
cos, em conjunto com outras repre- Daniela Cichy, Alexandre Ventim e Si- cacia da CEF para a advocacia na-
sentações de classe, comenta o di- mão, entre outros. cional como um todo. Parabéns aos
retor secretário da Associação dos “A CEF sempre foi tomada como colegas!”
Advogados do Banco do Brasil, Cris- parâmetro de vitória e de conquistas
tiano de Amarante. importantes, o que non inspira até o
Ombro a ombro
“Não é por outra razão que a presente momento, no qual a advoca- Desde que foi fundada, em
ASABB se sente orgulhosa em andar cia de estatais no âmbito dos Correios 07/03/2016, no Dia Nacional da Ad-
junto com a ADVOCEF na empreita- vem passando por um momento bas- vocacia Estatal, a Associação dos
da em defesa da Advocacia Estatal.” tante delicado.” Advogados da Casa da Moeda do
A advogada Roberta Failache, Roberta parabeniza a ADVOCEF Brasil (ADVCMB) recebe o apoio da
associada da APECT (Associação pelas conquistas e pelo lugar que ocu- ADVOCEF, que fornece, por exemplo,
dos Procuradores dos Correios) e da pa “na vanguarda da luta pela Advo- modelos de estatuto e regulamento
ANPEPF (Associação Nacional dos cacia de Estatais”: de honorários. Quem faz o registro é
Advogados e Procuradores de Esta- “A luta pelo reconhecimento da o presidente da ADVCMB, Luís José
tais Federais), é testemunha “do di- carreira é antiga, tendo passado por Bragança da Silva, destacando o “di-
álogo franco” mantido entre essas muitos momentos difíceis e com a leto e prestativo” Luiz Fernando Pa-
entidades e a ADVOCEF. Lembra das união da categoria conseguiu vitórias dilha, advogado da CAIXA e membro
dificuldades enfrentadas na campa- importantíssimas, que hoje servem da CEAE da OAB no Rio de Janeiro.
nha pela Advocacia Estatal, ao lado como marcos sólidos no caminho do “Muito nos honra e engrande-
dos advogados Carlos Castro, Og reconhecimento e respeitabilidade ce estarmos lutando ombro a om-
bro com a ADVOCEF e outras asso-
ciações de advogados de empresas
estatais, bem como na Comissão da
Advocacia Estatal da OAB/RJ, pela
criação da carreira de Advogado
Estatal”, diz Bragança. Ele salienta
a importância da luta pelo cumpri-
mento das prerrogativas profissio-
nais, principalmente em relação aos
honorários, controle de frequência e
Reunião do Colégio de Presidentes da Advocacia em Estatais na sede da ADVOCEF, em independência funcional dos advo-
17/08/2016
gados estatais.

8 Fevereiro | 2017
tendo aberto espaço para a cultura per-
nambucana e nordestina, o que garan-
tiu aos congressistas muito frevo e uma
Nosso muito obrigado
palestra hilária de Ariano Suassuna.” Cristiano de Amarante, diretor secretário da
Aquilino Rodrigues confessa que Associação dos Advogados do Banco do Brasil (ASABB)
cada Congresso deixa “um gosto de Não tenho medo de cometer in- outras representações de classe, sem-
saudade”. Mas o de Poconé/MT, em justiças ao dizer que a ADVOCEF é a pre na liderança e com pioneirismo.
2011, foi especial: grande responsável pelas mudanças Não é por outra razão que a Associa-
“Talvez pelo clima de ‘constituin- de perspectivas da advocacia esta- ção dos Advogados do Banco do Brasil
te’ associado ao ineditismo de ser tal de qualquer âmbito - ASABB sente-se orgulho-
meu primeiro Congresso e marcar um (Municipal, Estadual ou sa em andar junto com a
novo recomeço na CAIXA, agora na Federal). Merece tam- ADVOCEF na empreitada
carreira profissional.” bém a maior parte dos em defesa da Advocacia
Luiz Fernando Schmidt conside- créditos pela melhoria Estatal como um todo.
ra que o principal de sua convivência da autoestima dos cole- Sem restrições, nem pre-
com a ADVOCEF foi o contato com gas advogados em esta- terições. Com altruísmo e
tantos colegas, “todas maravilhosas tais, que veem no andar perseverança.
pessoas que muito me apraz encon- ligeiro da PEC 301/2016 Com estas poucas
trar em diversas ocasiões”. a esperança de exerce- palavras homenageamos
Revela que todos os Congressos rem a advocacia com toda a Diretoria da AD-
deixaram agradáveis lembranças, plenitude e independên- VOCEF na pessoa de seu
como o de Natal em 2006 (o primeiro cia, sem medo das inter- presidente Álvaro Weiler
de que participou), o de Maragogi/AL ferências não incomuns dos agentes e do incansável Carlos Castro, assim
em 2007 (o primeiro em que sua mu- políticos, mormente quando da defe- como todos os associados e advoga-
lher Débora lhe acompanhou) e o de sa da empresa, da ética e da lei. dos da Caixa Econômica Federal que
Vitória em 2008 (com a mulher e os A ADVOCEF defende de maneira são, antes de tudo, um paradigma de
filhos Luís Fernando e Paula). destemida os associados e advogados como a Advocacia Estatal deve se posi-
Participante de dez Congressos da CEF. Mas age, sabiamente, em mui- cionar dentro da empresa: com altivez,
até hoje, já se apronta para o de 2017, tos flancos, em conjunto com tantas união, serenidade e independência.
em Maceió.

União e garra
Roberta Failache, advogada dos Correios
A ADVOCEF tem um histórico de percebe-se uma busca constante pela vogados compondo, por meio do
atuação já de muitos anos e hoje co- excelência na atuação em defesa da- Quinto Constitucional, os tribunais,
lhe os frutos desta luta. Sinceramen- quela Estatal e do interesse público ali tais como, por exemplo, o TRF da
te, hoje muitos de nós, advogados presente. 4a Região (Exmo. Dr. João Batista)
de empresas estatais, nos A ADVOCEF, hoje, em e STJ (Exmo. Dr. Antonio Carlos Fer-
espelhamos no exemplo especial no âmbito da Ad- reira), além da atuação pelo reco-
de união e de garra dos vocacia de Estatais, repre- nhecimento da Advocacia de Esta-
advogados da Caixa Eco- senta um dos pilares mais tais, como por exemplo o Dr. Carlos
nômica Federal. É impres- importantes desta. Gostaria Castro e o Dr. Álvaro Weiler, ilustres
sionante, pois o universo de parabenizar a ADVOCEF colegas da CEF.
de advogados presentes por concretizar o primeiro Não poderia deixar de pontuar
na CEF é muito grande Congresso Nacional da Ad- também que minha irmã, Dra. Re-
em relação às demais es- vocacia Estatal, capitanea- nata Faber, tem participado deste
tatais, e a capacidade de da por esta entidade, que processo em São Paulo-SP, estando
mobilização e articulação sempre teve uma atuação presente nos congressos desta enti-
admiráveis, pois impera ativa em todo o processo. dade. Observo, também, o amor e
ali muita disposição dos Não se pode olvidar a eterna busca pela excelência dos
advogados em lutar não o reconhecimento desta advogados da CEF, sendo sempre
só pela melhoria e re- instituição quando ob- proativos e inovadores na luta em
conhecimento da categoria como servamos a presença de seus ex-ad- defesa da advocacia.

Fevereiro | 2017 9
Carreira

Pleno do Conselho Federal da OAB


aprova minuta do anteprojeto que
regulamenta a Advocacia Estatal
Carlos Castro (*)

que as chefias dos Ju-


rídicos das empresas
públicas e sociedades
de economia mista se-
jam exercidas por ad-
vogados de carreira do
quadro da respectiva
estatal, além de reafir-
mar a obrigatoriedade
do repasse dos hono-
rários sucumbenciais
aos seus advogados.
No Conselho Federal da OAB: Carlos Castro, Claudio Lamachia, Ibaneis Rocha e Álvaro Weiler Agora continua-
remos vigilantes para
O dia 14 de fevereiro de 2017 tais que em 2008 fundou a ANPEPF que, após a redação final, já contan-
também ficará marcado como o dia e, em 2013, com o grupo já mais do com o aval do Conselho Federal
em que o Conselho Pleno da OAB consistente, constituiu o SINAPE da OAB, o anteprojeto seja encami-
Nacional reconheceu a necessidade (Sindicato Nacional dos Advogados e nhado à Casa Civil da Presidência
de regulamentar a Advocacia Estatal Procuradores de Empresas Estatais). da República, de onde deverá, após
no Brasil. análise e ajustes, se ainda necessá-
Foi mais uma etapa cumprida rios, ser enviado como proposta le-
com muitas articulações e visitas ins- “O texto aprovado gislativa ao Congresso Nacional.
Sem prejuízo das articulações
titucionais, sempre em parceria com reconhece o trabalho
a ADVOCEF, na pessoa do presidente junto com a OAB Nacional no âmbi-
Álvaro Weiler Júnior, dos membros
desempenhado pela to do Poder Executivo, continuare-
da nossa Comissão Especial de Advo- Advocacia Estatal bra- mos lutando pela aprovação da PEC
cacia em Estatais do Conselho Fede- sileira e busca a valo- 301/2016 (apensa à PEC 145/2015),
ral da OAB e também das comissões de autoria do deputado federal JHC,
estaduais, contando com os impres-
rização da carreira e com relatoria do deputado Valtenir
cindíveis apoios do nosso presidente as garantias das suas Pereira. Participaremos com a AD-
Claudio Lamachia e do nosso secre- prerrogativas e inde- VOCEF de reuniões periódicas com
tário-geral adjunto Ibaneis Rocha. as equipes daqueles gabinetes, pre-
pendência técnica.” parando a Marcha dos Advogados
O anteprojeto aprova-
do trata da Proposição nº Estatais no Congresso Nacional, tão
49.0000.2011.003222-0/COP e teve logo a PEC passe na Comissão de
origem na ANPEPF (Associação Na- O texto aprovado é o reconheci- Constituição e Justiça da Câmara
cional dos Procuradores de Empresas mento do trabalho desempenhado Federal e seja instalada a Comissão
Públicas Federais), cujo processo to- por toda a Advocacia Estatal brasilei- Especial.
mou o nº 49.0000.2011.003222-0/ ra e busca a valorização da carreira e
CEAE. Como tenho repetido, esse an- as garantias das suas prerrogativas e (*) Diretor de Relacionamento
teprojeto é fruto de todo um árduo independência técnica. Institucional da ADVOCEEF
trabalho iniciado em 2007 por um Um outro ponto que ressalta- e presidente da CEAE
pequeno grupo de advogados esta- mos como uma grande vitória foi do CFOAB.

10 Fevereiro | 2017
Homenagem

A partitura e o executor
Os principais princípios constitucionais, segundo o
ministro Teori Zavascki
Discreto, técnico, inde- da apreciação do Poder Ju-
pendente, atencioso com diciário lesão ou ameaça a
as pessoas. São as expres- direito”. É a consagração
sões mais utilizadas para do monopólio da função ju-
descrever o ministro Teori risdicional. O alcance desse
Zavascki, do Supremo Tri- princípio tem sido importan-
bunal Federal, falecido em tíssimo, porque ele tem vá-
19/01/2017, aos 68 anos. rios subprincípios relaciona-
Mestre e doutor em Direito dos. Por exemplo, o princípio
Processual Civil, oriundo do da segurança jurídica, “nin-
Quinto Constitucional, pas- guém será privado da pro-
sou pelo Tribunal Regional priedade de seus bens sem
Federal da 4ª Região e pelo o devido processo legal”. O
Superior Tribunal de Justiça. devido processo legal é um
No STF, era o responsável subprincípio do monopólio
pelos casos da Lava Jato. e do acesso à jurisdição. Se-
O ministro foi o pales- gundo, assistência judiciária
trante do terceiro Ciclo de aos necessitados. Também
Ministro Teori: no Ciclo de Palestras da ADVOCEF
Palestras da ADVOCEF, rea- é um subprincípio ligado a
lizado em 10/08/2015, em esse princípio geral de aces-
Porto Alegre. Nesta edição, a AD- “E às vezes não se encontra so à justiça. Outro subprincípio
VOCEF presta sua homenagem solução não é por culpa da lei, importante é o subprincípio da
transcrevendo parte da palestra talvez seja por culpa de quem efetividade da função jurisdicio-
proferida na sede do TRF4. maneja a lei, de quem não sabe nal. Se o Estado tem o monopólio
Na primeira parte da expo- retirar do sistema normativo as da jurisdição, se a Constituição dá
sição, o ministro tratou de uma virtualidades que ele tem. Em ao Estado o monopólio da jurisdi-
visão da jurisdição constitucional outras palavras, a culpa não é da ção, obviamente esse monopólio
em sentido genérico. Na parte partitura, mas do executor”. tem como contrapartida necessá-
final, conforme trecho transcrito Confira a palestra. ria, ainda que implícita, a da efe-
abaixo, ele examinou os princi- tividade da jurisdição. A jurisdi-
pais princípios constitucionais, Vou fazer um resumo do que ção, monopolizada pelo Estado,
tratando especificamente do acho que posso coletar dos prin- tem que cumprir a sua função
novo Código de Processo Civil – cipais princípios que têm que efetivamente, com efetividade.
ou do sistema de processo civil de ser levados em consideração na Eu diria que tem uma outra
um modo geral, como acentuou. interpretação do novo Código. questão aqui relacionada, que
Teori não via grandes modi- Principais princípios que estão na vai ser muito importante que a
ficações no novo CPC, apenas Constituição, a respeito de pro- gente medite, que é a respeito de
“avanços importantes”. Dizia aos cesso. um movimento salutar importan-
seus alunos que o atual sistema Primeiro, no acesso à Justiça, tíssimo, que vai demandar uma
de processo, o Código de 73 com é o monopólio estatal da fun- mudança de cultura em favor
as modificações que teve, oferece ção jurisdicional. Está no artigo dos mecanismos de mediação e
um instrumento importante. 5º, inciso 35: “A lei não excluirá de conciliação. Muita gente, não

Fevereiro | 2017 11
Homenagem

digo que combate isso, mas ques- Sinceramente, aplaudo fre- É um subprincípio essencial do
tiona pelo menos esses instru- neticamente não apenas a lei devido processo legal, o princípio
mentos de mediação, trazendo de mediação mas as normas do de paridade de armas entre as
na mão o argumento de acesso novo Código de Processo Civil partes.
à justiça, o monopólio da juris- que tratam da mediação e tra- Por último (estou aqui fazen-
dição. São coisas completamen- zem coisas importantes. Então, do o apontamento de alguns só),
te diferentes. Eu acho que essa não tem nada a ver, Eu acho que o famoso princípio, que agora
mudança de cultura em favor da o princípio do acesso ao Judiciá- está explícito, que é o da razoável
mediação é importantíssima, fun- rio não tem nada a ver. duração do processo. Diz a Cons-
damental. Talvez esse seja o pas- Segundo, princípio do devido tituição que a todos no âmbito
so mais importante em favor de processo legal. “Aos litigantes, do processo administrativo são
uma solução alternativa de con- em processo judicial ou adminis- assegurados a razoável duração
flito. Porque a própria arbitragem trativo, e aos acusados, em geral, do processo e os meios que ga-
não deixa de ser uma solução de são assegurados o contraditório rantam a celeridade de sua trami-
conflito que se delega a um ter- e a ampla defesa, com os meios tação.
e recursos a eles inerentes.” Quais são alguns dos subprin-
É um princípio de proces- cípios relacionados? Primeiro, o
so genérico considerável, acesso limitado a instâncias ex-
“Essa mudança de muito importante. Ele tem traordinárias. Isso é importan-
cultura em favor da vários subprincípios relacio- tíssimo. Se nós dissermos que o
nados. O princípio do juiz processo tem que durar razoavel-
mediação talvez seja natural. “Não haverá juízo mente, claro que a palavra razoá-
o passo mais impor- ou tribunal de exceção”, diz vel é uma expressão de conteúdo
a lei. Legitimidade dos meios indeterminado, genérico, mas a
tante em favor de de prova. São inadmissíveis gente consegue estabelecer limi-
uma solução alterna- no processo as provas ob- tes de razoabilidade, e os limites
tidas por meios ilícitos, diz o legislador pode legitimamente
tiva de conflito.” a Constituição. Publicidade estabelecer. Por exemplo, quan-
dos atos processuais. Isso é do se criam os Juizados Especiais,
repetido em dois artigos da obviamente que um dos princí-
Constituição. O artigo 5º, pios que se busca preservar é o
ceiro, ao Estado, mas é um ter- 60, “A lei só poderá restringir a princípio da duração razoável do
ceiro particular. A conciliação tem publicidade dos atos processuais processo, considerada a nature-
essa vantagem, e a mediação, de quando a defesa da intimidade za da causa, que se imagina seja
fazer com que as partes mesmo ou o interesse social o exigirem”. uma causa de uma expressão ju-
se conciliem. Isso não tem nada E artigo 96, inciso 9, “Todos os rídica, expressão fática, que com-
de incompatível com o princípio julgamentos dos órgãos do Ju- porta, quem sabe, uma solução
de acesso à justiça. Quem quiser, diciário serão públicos, e funda- por um juiz de primeiro grau, ou
vai à justiça, quem não quiser fa- mentadas todas as decisões, etc. por um conjunto de juízes que
zer acordo, vá à justiça. Mas aqui etc.” são subprincípios relaciona- vão julgar o recurso.
o princípio, o raciocínio é outro. dos ao devido processo legal. Agora, não tem sentido, no
A mediação é uma forma de so- meu entender, abrir instâncias ex-
Justiças e injustiças
lução de conflito que vai solu- traordinárias indeterminadamen-
cionar efetivamente o conflito, Outro princípio importantís- te, senão, perde o sentido. É uma
justamente pela espontaneidade, simo é o de paridade de armas, coisa que me espantei quando
porque as partes se conciliam. igualdade de tratamento proces- cheguei ao Supremo, a quanti-
Isso não inibe, de forma alguma, sual, que é uma decorrência na- dade de recursos extraordinários
o acesso ao Judiciário. tural do princípio da isonomia. advindos de juizados – não é de

12 Fevereiro | 2017
juizados especiais federais, onde seria uma grande heresia imagi- princípio que estava implícito e
algumas questões de direito pú- nar o contrário. Se pode cometer que agora no novo Código está
blico, aqui comporta, tem uma injustiça como se pode cometer explícito lá no artigo 8º, fala da
repercussão geral –, mas de jui- injustiça em qualquer lugar. Qual- eficiência da função jurisdicional.
zados especiais, aqueles de pe- quer juiz pode cometer. Então, E, fechando aquilo que eu fa-
quenas causas, a Lei 9.099, que tem que haver opções. Por que lei na primeira parte, eu acho que
a questão é uma questão de fato. que em outros países se valoriza o princípio da duração razoável
Lá no meu gabinete eu peguei a primeira instância do jeito que do processo tem como subprin-
coisas assim: indenização por se valoriza e não se acha que haja cípio importante esse da força
dano moral por compra de cinco injustiça assim flamante. expansiva das decisões dos tribu-
pães de queijo mofados, indeni- No Brasil, eu percebo isso, nais superiores. Falo não apenas
zação por dano não sei o quê... E imaginam que o acesso à instân- do Supremo no controle de cons-
se chega ao Supremo invocando cia extraordinária é a panaceia titucionalidade das normas. Falo
princípios constitucionais. Olha, para todas as injustiças. Eu não do Supremo em geral, falo do STJ
aqui foi indeferida a prova, o acho que isso seja correto. Pelo
juiz não levou em consideração contrário, nós vamos apenas
o argumento que utilizei. Então, agravar a possibilidade de injus-
se usa um fundamento constitu- tiças. Eu não estou aqui fazendo “No Brasil, imagi-
cional de natureza instrumental, uma reclamação por excesso de
nam que o acesso à
por ofensa ao devido processo trabalho, não é isso. Eu só digo
legal... Tem centenas e centenas. que a quantidade de processos instância extraordi-
Isso não faz sentido, com todo o que nós temos no STJ, no STF, e
nária é a panaceia
respeito. mesmo nos tribunais, favorece
Eu acho que a razoável dura- a grandes erros. para todas as injus-
ção do processo é um princípio Então eu acho que o acesso
constitucional que tem, claro, limitado às instâncias extraor-
tiças. Pelo contrá-
que limitar instâncias. Pode gerar, dinárias é um subprincípio da rio, nós vamos agra-
eventualmente, como subprodu- duração razoável do processo.
to, uma injustiça. Agora, não se Quando a Constituição também var a possibilidade
pode imaginar que também não estabelece que para chegar ao de injustiças.”
tem justiça só porque não foi pro STF hoje tem que ter repercus-
Supremo ou pro STJ. Eu acho um são geral, ela está limitando, é
grande erro imaginar que porque uma limitação que favorece o
tem um recurso extraordinário princípio geral da duração razo- em geral, e falo também dos tri-
ou especial não se pode cometer ável do processo. Todo o sistema bunais de justiça e dos tribunais
injustiça. Isso não existe. Então, do juizado, eu já falei, juizados federais de modo particular. Essa
injustiça, em certa medida, claro especiais, cíveis, estaduais e fe- força expansiva pode ser justifi-
que nunca vai ser desejada, mas derais. Eu acho que é uma ma- cável e se justifica plenamente
em certa medida não tem como nifestação desse subprincípio. também com base no princípio
ser evitada. Nós temos que fazer Eu acho que esse subprincípio da duração razoável do processo.
opções. também tem muito a ver com a Sem falar que também está asso-
Eu acho que o devido pro- boa-fé processual que está im- ciado a isso o princípio da igual-
cesso legal ainda é um princípio plícita na Constituição, mas que dade de tratamento, etc, etc.
cujos subprodutos têm que ser está explícita especialmente nos
examinados. Eu digo isso como códigos de processo, o antigo e o (A palestra pode ser
juiz do Supremo. Eu não acho novo. Tem a ver com a eficiência acessada na íntegra na
que não se possa cometer injusti- da jurisdição, o princípio da ra- galeria de vídeos do
ça no Supremo. Obviamente que zoável duração do processo, um site da ADVOCEF.)

Fevereiro | 2017 13
Vale a pena saber

Jurisprudência

“ADMINISTRATIVO. DISTRIBUIÇÃO GRATUITA DE PRÊ- não se vislumbrando qualquer ilegalidade na aplicação


MIOS, MEDIANTE SORTEIO, VALE-BRINDE OU CONCURSO, da multa pela CEF, nos termos do artigo 12, inciso I, da
A TÍTULO DE PROPAGANDA. NECESSIDADE DE OBTENÇÃO referida Lei nº 5.768/71.
DE AUTORIZAÇÃO PRÉVIA. LEI Nº 5.768/71. APLICAÇÃO VII - Considerando que a sentença foi proferida na
DE MULTA. LEGALIDADE. APELAÇÃO DESPROVIDA. vigência do Novo Código Civil e, aplicando- se o disposto
I - Depreende-se da leitura do artigo 1º, da Lei nº no artigo 85, § 11, a verba honorária, anteriormente fixa-
5.768/71, que consta determinação expressa da necessi- da em 10% sobre o valor da condenação, deve ser majo-
dade de obtenção de autorização prévia do Ministério da rada para 15% sobre o valor da condenação.
Fazenda, quando se pretender proceder à distribuição gra- VIII - Apelação desprovida.”
tuita de prêmios, mediante sorteio, vale-brinde ou concur- (TRF 2, AC 0007203-58.2011.4.02.5101, Rel. Des.
so, a título de propaganda, sendo as hipóteses de dispensa Aluisio Gonçalves de Castro Mendes, Quinta Turma, DJe
de autorização tratadas no artigo 3º, da referida Lei. 10/jan/2017.)
II - Na hipótese dos autos, a CEF, na condição de res-
ponsável pela operacionalização, emissão das autoriza- “PROCESSUAL CIVIL. SISTEMA FINANCEIRO DE HA-
ções e fiscalização das atividades de que trata a Lei nº BITAÇÃO. PROGRAMA HABITACIONAL “MINHA CASA
5.768/71 (§ 1º, do artigo 18-B, da Lei nº 9.649/98) con- MINHA VIDA”. ILEGITIMIDADE DA CAIXA ECONÔMICA
siderou que o concurso cultural “GARNIER OLA”, promo- FEDERAL PARA FIGURAR NO POLO PASSIVO DA AÇÃO IN-
vido pela autora, não se inseria na exceção elencada no DENIZATÓRIA POR VÍCIO DE CONSTRUÇÃO NA UNIDADE
inciso II, do artigo 3º, da Lei nº 5.768/71 e aplicou-lhe a IMOBILIÁRIA FINANCIADA PELO SISTEMA HABITACIONAL
multa no valor de R$ 1.072,00. QUANDO A INSTITUIÇÃO FINANCEIRA ATUA COMO MERO
III - Para que ocorra a dispensa da autorização prévia, AGENTE FINANCIADOR EM SENTIDO ESTRITO.
o concurso não pode ter qualquer conotação comercial, 1. Apelação interposta pela Caixa Econômica Federal
devendo possuir natureza exclusivamente cultural, artísti- em face da sentença que julgou procedente, em parte,
ca, desportiva ou recreativa, além de não envolver álea ou o pleito da inicial, tão somente para reconhecer a res-
pagamento pelos participantes, nem vinculação à aquisi- ponsabilidade solidária dos Réus para efetuar os reparos
ção ou uso do bem, direito ou serviço, conforme previsão necessários nos vícios de construção no imóvel financiado
contida no artigo 3º, inciso II, da Lei nº 5.768/71. nos moldes do programa habitacional “Minha Casa Mi-
IV - Não obstante preencher parte dos requisitos para nha Vida”.
a dispensa de autorização prévia, conforme assinalado 2. Em contratos regidos pelo sistema financeiro ha-
pelo MM. Juiz a quo, existem elementos aptos a desca- bitacional (“Minha Casa Minha Vida”), a Empresa Públi-
racterizá-lo como exclusivamente cultural ou recreativo, ca que pode atuar como: a) mero agente financiador de
a começar pelo título do concurso “GARNIER OLA”, que aquisição de unidades habitacionais, semelhante às de-
remete a um elogio ao produto da empresa. mais instituições financeiras, públicas ou privadas; ou b)
V - O formulário a ser preenchido, por ocasião da agente executor de políticas públicas federais com o esco-
participação no concurso, exige o fornecimento de da- po de financiar moradias populares.
dos que extrapolam a mera localização do participante, 3. Tendo a CEF apenas liberado, no caso concreto,
como a data de nascimento, criação de login e senha no financiamento em favor dos Particulares para aquisição
site da empresa, havendo, ainda, cláusula regulatória do de imóvel pronto e acabado de terceiros, sem ter qual-
concurso que estabelece que “As informações coletadas quer ingerência na construção do mesmo, ou seja, atu-
para e através da participação na competição podem ser ando como mero agente financeiro em sentido estrito,
utilizados para fins de prospecção comercial, na condição é de se ter caracterizada sua ilegitimidade para figurar
de que seu consentimento prévio foi obtido através de no polo passivo de demanda indenizatória por vício de
seleção indicada no formulário de inscrição do Concurso. construção.
Além disso (se você tiver autorizado essa marcando a cai- 4. Ilegitimidade da Empresa Pública configurada.
xa correspondente), podemos transferir suas informações Apelação provida para, reformando a sentença, excluir a
pessoais aos nossos parceiros.” CEF da demanda, ante a sua ilegitimidade para figurar no
VI - Diante das características acima elencadas, não polo passivo da lide, reconhecendo a incompetência ab-
restam dúvidas de que o concurso em tela não se en- soluta da Justiça Federal para julgar e processar o feito e
quadra no conceito de exclusivamente cultural, artístico, remetendo os autos à Justiça Estadual (art. 64, parágrafo
desportivo ou recreativo, 1 possuindo nitidamente cará- 3º, do CPC).”
ter de propaganda, o que demandaria a autorização pré- (TRF 5, AC 0800058-14.2014.4.05.8306, Terceira Tur-
via, conforme prescreve o artigo 1º, da Lei nº 5.768/71, ma, Rel. Des. Cid Marconi, 3ª Turma, julg. 27/jan/2017.)

14 Fevereiro | 2017
Rápidas

Previdência complementar. Recurso repetitivo. Juízo indeferiu o pleito do reclamado de apresentação de


Necessidade de desligamento para prova testemunhal na sessão seguinte, sob o fundamento
recebimento. STJ de que o momento oportuno para tanto seria aquela oca-
sião. Ressalte-se que o artigo 765 da CLT assegura ampla
“1. A tese a ser firmada, para efeito do art. 1.036 do
liberdade aos Juízes e Tribunais do trabalho na direção do
CPC/2015 (art.543-C do CPC/1973), é a seguinte: “Nos
processo, devendo velar pelo rápido andamento das cau-
planos de benefícios de previdência privada patrocinados
sas. No processo do trabalho, as partes devem comparecer
pelos entes federados - inclusive suas autarquias, funda-
à audiência acompanhadas de suas testemunhas, indepen-
ções, sociedades de economia mista e empresas controla-
dentemente de haver ou não intimação. Na hipótese de
das direta ou indiretamente -, para se tornar elegível a um
não comparecimento das testemunhas, estas devem ser
benefício de prestação que seja programada e continua-
intimadas a comparecimento, inclusive sob pena de con-
da, é necessário que o participante previamente cesse o
dução coercitiva. Portanto, em tese, no âmbito processual
vínculo laboral com o patrocinador, sobretudo a partir da
trabalhista, não há obrigação da parte de requerer, previa-
vigência da Lei Complementar n. 108/2001, independen-
mente, o arrolamento de testemunha. Por outro lado, o
temente das disposições estatutárias e regulamentares”.
artigo 849 da CLT prevê, como regra, a concentração dos
(STJ, REsp 1.433.544 SE, Segunda Seção, Rel. Min. Luis
atos processuais em uma única audiência. Desse modo, em
Felipe Salomão, DJe 01/dez/2016.)
regra, a audiência de julgamento será contínua e única, em
Usucapião. Imóvel da CAIXA. observância aos princípios da concentração dos atos pro-
Impossibilidade. STJ cessuais e da celeridade processual, pelo que, nesse ato,
“2. Cinge-se a controvérsia a decidir sobre a possibili- devem as partes apresentar todas as provas que pretendem
dade de aquisição por usucapião de imóvel vinculado ao produzir. Na hipótese dos autos, contudo, o reclamado foi
Sistema Financeiro de Habitação e de titularidade da Caixa notificado da necessidade de indicação, na audiência em
Econômica Federal. inauguração das provas que pretendia produzir, mas ele
3. A Caixa Econômica Federal integra o Sistema Finan- compareceu ao ato sem o rol de testemunhas, razão pela
ceiro de Habitação, que, por sua vez, compõe a política qual o juiz indeferiu seu pedido de produção da prova oral
nacional de habitação e planejamento territorial do gover- na sessão subsequente. Nesse contexto, não houve cercea-
no federal e visa a facilitar e promover a construção e a mento do direito de defesa do reclamado, mas estrita ob-
aquisição da casa própria ou moradia, especialmente pelas servância das normas que regem o processo do trabalho,
classes de menor renda da população, de modo a concre- quais sejam os artigos 825 e 845 da CLT.”
tizar o direito fundamental à moradia. (TST, ED-RR 0050200-44.2003.5.08.0006, SBDI-1, Rel.
4. Não obstante se trate de empresa pública, com perso- Min. José Roberto Freire Pimenta, pub. 09/jan/2017.)
nalidade jurídica de direito privado, a Caixa Econômica Fede-
ral, ao atuar como agente financeiro dos programas oficiais FGTS. Discussão sobre contribuição
de habitação e órgão de execução da política habitacional, da LC 110/2001.
explora serviço público, de relevante função social, regula- Ilegitimidade da CAIXA. TRF 1
mentado por normas especiais previstas na Lei 4.380/64. “1. Orientação jurisprudencial assente nesta Corte no
5. O imóvel da Caixa Econômica Federal vinculado ao sentido de que a contribuição para o Fundo de Garantia
Sistema Financeiro de Habitação, porque afetado à presta- do Tempo de Serviço prevista no artigo 1º da Lei Comple-
ção de serviço público, deve ser tratado como bem públi- mentar 110, de 29 de junho de 2001, não se destinou a
co, sendo, pois, imprescritível.” vigência temporária e continua devida, não cabendo se
(STJ, REsp 1.448.026 PE, Terceira Turma, Rel. Min. Nan- investigar se sua finalidade foi ou não alcançada, e não de-
cy Andrighi, DJe 21/nov/2016.) tendo a Caixa Econômica Federal legitimidade para figurar
Trabalhista. Ausência de indicação de no polo passivo de demandas da espécie.
testemunhas na audiência inicial (TRF 1, AC 0069988-40.2014.4.01.3400, Quinta Turma,
Inexistência de nulidade. TST Rel. Des. Carlos Moreira Alves, DJe 23/jan/2017.)
“A discussão, nos presentes embargos, está restrita
à configuração de nulidade processual por vício procedi-
mental decorrente do indeferimento, pelo Juiz, do pedido Elaboração
do reclamado de apresentar testemunhas na audiência de
instrução, por ter havido notificação das partes sobre a Jefferson Douglas Soares
designação da audiência inaugural, oportunidade em que
foram informadas da necessidade de apresentarem, nesse Sugestões e comentários dos colegas podem ser encaminhados para
o endereço:
ato processual, todas as provas que pretendessem produ-
zir. Depreende-se dos autos que, na audiência inaugural, o jefferson.soares@adv.oabsp.org.br

Fevereiro | 2017 15
Espaço aberto

Notícias da FUNCEF
Antonio Augusto de Miranda e Souza,
Délvio Joaquim Lopes de Brito e
Max Mauran Pantoja da Costa

Representantes Eleitos da FUNCEF


para o período 2014/2018

Balanço geral das principais iniciativas


de 2016 – Parte 2
4. TRANSPARÊNCIA PROATIVA - Relatórios de Acompanhamento tantes Eleitos conduziram as seguintes
Tendo por objetivo a efetivação, Gerencial; iniciativas a respeito do assunto:
em termos práticos, do princípio da - Plano de Cargos e Salário e Tabe- 5.1 - Alteração da Missão da FUN-
transparência, que além de previsto la Remuneratória. CEF - Por iniciativa dos Diretores Eleitos,
legalmente, é assumido como com- Na mesma Política, foi aprovada a foi aprovado pela Diretoria Executiva e
ponente do código de valores da Fun- previsão de etapa de Consulta Públi- efetuado o ajuste da Missão da FUNCEF,
dação, foram adotadas as seguintes ca, visando a colaboração dos partici- visando suprimir a expressão “contri-
iniciativas pelos Representantes eleitos pantes para a elaboração de Políticas, buir para o desenvolvimento do País”,
da FUNCEF: orçamentos, revisões estatutárias e por não ser condizente com a natureza
4.1 - Relatório Anual - Com 522 demais temas de interesse estratégico da FUNCEF e em alinhamento à percep-
páginas em sua versão de 2015, pu- -institucional da Fundação. ção majoritária dos participantes.
blicada em meados de 2016, pode-se 4.3 - Comunicação - Ao longo de 5.2 - Abolição do Voto de Qualida-
afirmar que é o relatório anual, senão 2016, por meio da página “Controle de na Diretoria - Aprovada em ABR/16
com o maior, com um dos maiores e Resultado” no Facebook, bem como no âmbito da Diretoria, por iniciativa
níveis de detalhamento de informa- os endereços eletrônicos de contato, dos Representantes eleitos, e visando
ções dentre as principais entidades de foram efetuadas 85 postagens sobre adequar o Estatuto da FUNCEF à pre-
previdência complementar fechada nossas Prestações de Contas e Boletins visão legal a respeito do instrumen-
(EFPC) do País, abrangendo um visão específicos sobre os mais diferentes to do voto de qualidade, ainda resta
pormenorizada dos investimentos e temas de interesse dos participantes, pendente de apreciação no âmbito do
obrigações dos planos de benefícios; além do envio de cerca de 120 men- Conselho Deliberativo.
4.2 - Implementação da Política de sagens à emails encaminhados sobre 5.3 - Estruturação da Gestão de
Transparência - Baseada nos preceitos diferentes assuntos, com críticas, su- Risco Atuarial - Aprovada pela Direto-
da Lei de Acesso à Informação, atual- gestões e observações ao nosso tra- ria e Conselho Deliberativo, em DEZ/16,
mente em vigor e aplicável aos Pode- balho e atuação. Fizeram parte desse no âmbito da Programação Orçamen-
res Executivo, Legislativo e Judiciário, esforço a criação do “Painel de Infor- tária 2017, a iniciativa visa adequar a
nas esferas municipal, estadual e fe- mações”, disponível no site da FUNCEF, gestão e monitoramento do risco atu-
deral, trata-se de diretriz pioneira en- e que reúne as principais informações arial da Fundação, a cargo da Direto-
tre os principais fundos de pensão do sobre o comportamento dos planos ria de Planejamento e Controladoria,
País, de iniciativa conjunta dos Direto- e das despesas administrativas, bem às necessidades de plena supervisão
res Eleitos e aprovada pela Diretoria como a criação e lançamento do APP e acompanhamento dos fatores com
Executiva neste mês de DEZ/16, e cuja FUNCEF para smartphones, disponível potencial impacto nessa dimensão e
implementação ao longo de 2017 fa- para download nas lojas de aplicativos suas respectivas medidas preventivas.
cilitará aos participantes e assistidos o Google Play e Apple Store. 5.4 - Adesão ao Pacto Contra Cor-
acesso às seguintes informações: rupção - Instituto Ethos - Aprovada
5. FORTALECIMENTO DA
- Relação de Fornecedores, contra- pela Diretoria em DEZ/16, a proposta,
tos vigentes e desembolsos efetuados; GOVERNANÇA da Diretoria de Administração, visa a
- Regimentos, Atas e Pautas das Conscientes da importância de implementação da cultura de confor-
reuniões dos órgãos estatutários; uma sólida governança como mecanis- midade (compliance) e integridade
- Normas e convênios firmados pe- mo preventivo e contributivo à gestão no âmbito da Fundação, por meio de
la Fundação; prudencial da Fundação, os Represen- uma série de mecanismos de aferição

16 Fevereiro | 2017
e incentivo, incorporando, de forma 2010 - R$100,8; 2011 - R$115,1; proporcionando a economia de cerca
pública e verificável, a postura de ade- 2012 - R$135,5; 2013 - R$144,4; 2014 - de R$2,5 milhões anuais com a pres-
quação a leis e normas e os corres- R$153,5; 2015 - R$161,4. tação desse serviço.
pondentes mecanismos de sanção, em Inflação Anual INPC 7. REGULAÇÃO PROTETIVA
caso de descumprimento, atendendo 2010 - 6,47%; 2011 - 6,08%; 2012
7.1 - ATUAÇÃO DO FIDEF - Desde
assim à expectativa de participantes - 6,20%; 2013 - 5,56%; 2014 - 6,23%;
a criação do Fórum Independente em
sobre seu comportamento, enquanto 2015 - 11,28%.
Defesa dos Fundos de Pensão - FIDEF,
instituição, contribuindo assim para a Variação Nominal das Despesas
no final de 2014, reunindo represen-
recuperação de sua imagem e credibi- 2011: +14,15%; 2012: +17,72%;
tantes eleitos, de perfil independente,
lidade. 2013: +6,55%; 2014: +6,32%; 2015:
dos maiores fundos de pensão de pa-
+5,16%.
6. OTIMIZAÇÃO ADMINISTRATIVA trocínio público, temos atuado em di-
Variação Real (descontada a inflação versas esferas, visando a apresentação
Dentro do conjunto de boas prá- do ano anterior) das Despesas
ticas da gestão administrativa, espe- de análises e propostas que reformu-
2011: + 7,68%; 2012: + 11,64%; lem diversos instrumentos legais exis-
cialmente quando se trata da gestão 2013: + 0,35%; 2014: + 0,76%; 2015:
de recursos de terceiros (no caso, dos tentes, reforçando a proteção dos in-
- 1,07%. teresses dos participantes, e que cujas
participantes), tem sido adotadas di- 6.2.1 - Para 2016, considerando
versas iniciativas visando a otimização principais iniciativas em 2016 seguem
que a inflação medida pelo INPC deve abaixo elencadas:
operacional das atividades da Funda- ficar em torno de 7% no ano, e que
ção, visando a sua racionalização e - apresentação de conjunto de
em 2015 a inflação pelo INPC foi de propostas regulatórias no âmbito da
economicidade, conforma abaixo: 11,28% projeta-se uma variação para
6.1 - Redução das Taxas de Carre- CPI dos Fundos de Pensão, no tocante
R$179,6 milhões no total das despe- à criação do Fundo de Solvência e da
gamento - Até 2014, com base na Pro- sas administrativas no exercício. Com
gramação Orçamentária aprovada em abolição do voto de qualidade.
base nas informações disponíveis até o - apresentação de conjunto de
DEZ/2013, eram cobradas taxas de car- momento, deve-se encerrar 2016 com
regamento, que financiam as despesas propostas no âmbito da Secretaria
um total de R$180 milhões nas despe- da Previdência e na Casa Civil da Pre-
administrativas da Fundação, de 4,5% sas administrativas. Contribuíram para sidência da República, no tocante à
das contribuições de empregados ati- essa performance as seguintes iniciati- revisão do Decreto 4942/2003 e da
vos e patrocinadora, e 2% dos benefí- vas adotadas ao longo do ano: atuação do CNPC.
cios pagos (aposentadorias e pensões), - continuidade da política de re- - debate e formulação de emen-
havendo rateio entre a patrocinadora visão geral de contratos administra- das substitutivas ao Projeto de Lei
e os participantes no caso dos aposen- tivos, visando sua repactuação, seja Complementar 268/2016, que trata
tados e pensionistas dos planos REG/ por meio da inibição das cláusulas de da governança e fiscalização dos fun-
REPLAN SALDADO e NOVO PLANO. reajuste, seja pela redução do escopo dos de pensão de patrocínio público.
Para 2015, foi proposta e aprovada a contratual ou mesmo pela extinção Naturalmente, diante da magni-
primeira redução, para 4,35% das con- do contrato. Em 2016, foram revistos tude dos déficits apresentados pela
tribuições. Para 2016, ocorreu nova re- dentro dessas premissas de 36 contra- FUNCEF, ainda há muito trabalho a fa-
dução, para 4,25% das contribuições. tos, proporcionando uma economia zer, visando a aceleração do processo
Para 2017, conforme proposta de Pro- de R$1,16 milhão. de reequilíbrio da Fundação, e temos
gramação Orçamentária aprovada em - implementação da inibição da a convicção de que, conforme de-
DEZ/17, ocorreu nova redução, para impressão/postagem da revista da monstra o relato das principais ações
3,98% das contribuições e para 1,75% FUNCEF, adotando-se apenas a dispo- desenvolvidas ao longo do ano, esta-
dos benefícios pagos. nibilização da sua versão eletrônica. mos avançando na direção de uma
6.2 - Redução das Despesas Admi- - prosseguimento da diretriz de Fundação equilibrada, transparente
nistrativas - Até 2014, havia uma ten- inibição de impressão e postagem de e que gere orgulho em seus 140 mil
dência de crescimento real constante, contracheques de benefícios, aos que participantes.
acima da inflação, das despesas ad- mantém vínculo empregatício com a Neste sentido, fazemos votos de
ministrativas da FUNCEF, influenciado CAIXA e recebem benefício do INSS, que, a partir de 2017, ano em que a
pela possibilidade, prevista até então, e os pensionistas, além da já adotada FUNCEF completa 40 anos de existên-
de crescimento pela meta atuarial, inibição para os aposentados, efetiva- cia, seja o raiar de um novo tempo na
o que, a partir de 2015, foi alterado da a partir de 2015. Fundação, em que um horizonte de
para a variação da inflação medida - efetivação da troca integral da mais transparência, maior prudência
pelo INPC no exercício, o que contri- iluminação da FUNCEF por lâmpadas e credibilidade traga enfim a tranqui-
buiu para a reversão paulatina desta LED, proporcionando uma economia lidade tão merecida por todos os seus
tendência desde então, conforme de- de cerca de R$45 mil/ano. 140 mil participantes e assistidos.
monstra o histórico abaixo: - internalização do processamento Estamos à disposição para outros
Despesas Administrativas Totais das operações de empréstimo ao par- esclarecimentos, pelo novo email:
(em R$ milhões) ticipante, concretizada em ABR/16, contato@controleresultado.blog.br

Fevereiro | 2017 17
Boas práticas

Do contraditório efetivo e da omissão


como hipótese de cabimento de
embargos de declaração (2)
Jeremias Pinto Arantes
de Souza (*)
6
Art. 25. Com o pagamento da dívida e seus
encargos, resolve-se, nos termos deste ar-
tigo, a propriedade fiduciária do imóvel.
7
PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. EXECUÇÃO
FISCAL. CONTRATO DE ALIENAÇÃO FIDUCIÁ-
RIA. DIREITOS DO DEVEDOR FIDUCIANTE. PE-
NHORA. POSSIBILIDADE.
1. Não é viável a penhora sobre bens garanti-
dos por alienação fiduciária, já que não per-
tencem ao devedor-executado, que é apenas
possuidor, com responsabilidade de depositá-
rio, mas à instituição financeira que realizou
a operação de financiamento. Entretanto é
possível recair a constrição executiva sobre os
direitos detidos pelo executado no respectivo
contrato. Precedentes.
2. O devedor fiduciante possui expectativa
do direito à futura reversão do bem aliena-
Seguindo com mais alguns exem- ção...”)9 - juízo indefere o pedido do, em caso de pagamento da totalidade
plos práticos sobre o direito funda- sem enfrentar a previsão legal indica- da dívida, ou à parte do valor já quitado, em
da nem trazer aos autos a distinção caso de mora e excussão por parte do cre-
mental de fundamentação das deci-
dor, que é passível de penhora, nos termos
sões judiciais: do caso concreto ou a superação dos do art. 11, VIII, da Lei das Execuções Fis-
2) levando em conta diferença po- precedentes do STJ e do TRF4 invoca- cais (Lei nº 6.830/80), que permite a cons-
sitiva considerável entre saldo devedor dos - cabíveis embargos de declaração trição de ‘direitos e ações’. (REsp 795.635/
PB, de minha relatoria, DJU de 07/08/2006).
da alienação fiduciária e avaliação do pela omissão do julgado, conforme 3. Recurso especial provido. (STJ. 2ª Turma.
imóvel, parte exequente requer a alie- determinam os artigos 1.022, II e pa- REsp 910.207/MG, Rel. Ministro Castro Meira.
nação de direitos de devedor fiducian- rágrafo único, II e 489, § 1º, IV e VI, Publicado no DJ 25/10/2007). (grifo nosso)
te da parte executada, trazendo para ambos do CPC;
8
AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº 5003109-
60.2015.404.0000/RS: “Por ocasião da análi-
fundamentar seu pedido a previsão 3) na defesa da CAIXA em ação se do pedido de efeito suspensivo, foi prola-
legal do artigo 25, da Lei 9.514/976 e revisional é esclarecido ao juízo que tada a decisão nos seguintes termos:
precedentes do STJ no REsp 795.635/ existe previsão contratual de taxa ‘...
PB (em especial parte inicial do item anual superior a doze vezes a taxa In casu, o juízo a quo indeferiu o pedido de
avaliação, apreensão e designação de has-
2 da ementa: “...o devedor fidu- mensal para as operações 734 e 003 ta pública para venda judicial dos direitos
ciante possui expectativa do direito e que isso basta para permitir a ca- já penhorados relativos ao veículo, placas
à futura reversão do bem alienado, pitalização mensal de juros, o que é IRB2792, do qual o executado é possuidor
em caso de pagamento da totalida- corroborado pelas súmulas 539 e 541, direto, oriundos de contrato de alienação
fiduciária (evento 2, AUTOPENHORA87 e
de da dívida...”)7 e do TRF4 nos AI Nº ambas do STJ10 - juízo julga a revisio- PET103). Contudo, sendo cabível a constrição
5003109-60.2015.404.0000/RS (em nal procedente neste ponto e afasta de tais direitos, inexiste óbice à venda judicial
especial no seguinte trecho do voto a capitalização mensal de juros sem para pagamento do débito em execução.
enfrentar a previsão contratual indi- Nesse sentido:
que prevaleceu: “...Contudo, sendo
AGRAVO DE INSTRUMENTO. ALIENAÇÃO
cabível a constrição de tais direitos, cada nem trazer aos autos a distinção DE DIREITOS RELATIVOS A VEÍCULO AD-
inexiste óbice à venda judicial para do caso concreto ou a superação do QUIRIDO POR ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA.
pagamento do débito em execu- entendimento sumulado pelo STJ in- POSSIBILIDADE. Sendo cabível a penhora
sobre direitos de crédito relativos a veícu-
ção...”)8 e AG 2009.04.00.005508-9 vocado - cabíveis embargos de decla- lo de que o executado é possuidor direto,
(em especial no seguinte trecho da ração pela omissão do julgado, con- oriundos de contrato de alienação fiduci-
ementa: “...não há qualquer óbice forme determinam os artigos 1.022, II ária, não há óbice à venda judicial de tais
à venda judicial de tais bens para e parágrafo único, II e 489, § 1º, IV e direitos para pagamento do débito em exe-
cução. A hasta pública deverá recair sobre
pagamento do débito em execu- VI, ambos do CPC. os direitos do devedor fiduciário, consubs-

18 Fevereiro | 2017
contratos celebrados com instituições inte- A operação 003 se refere a limite de crédi-
tanciado nas parcelas já pagas, e não do grantes do Sistema Financeiro Nacional a par- to em conta corrente (cheque especial), ou
veículo alienado fiduciariamente, devendo tir de 31/3/2000 (MP 1.963-17/00, reeditada seja, se refere à concessão de crédito eventual
tal informação constar expressamente no como MP 2.170-36/01), desde que expres- e futura.
edital do leilão. (TRF4, AGRAVO DE INSTRU- samente pactuada” (REsp 1.112.879, REsp Assim, como não poderia deixar de ser, no
MENTO nº 0012564-76.2011.404.0000, 1.112.880 e REsp 973.827). pacto em tela existe previsão na cláusula 3ª,
2ª Turma, Juíza Federal CLÁUDIA MA- Súmula 541: “A previsão no contrato bancá- § 2º de que as taxas de juros anual e mensal
RIA DADICO, POR UNANIMIDADE, D.E. rio de taxa de juros anual superior ao duo- serão divulgadas nas agências da CAIXA e nos
01/12/2011) décuplo da mensal é suficiente para permitir extratos mensais disponibilizados ao corren-
EXECUÇÃO FISCAL. PENHORA SOBRE DI- a cobrança da taxa efetiva anual contratada” tista.
REITOS RELATIVOS A VEÍCULO ADQUIRIDO (REsp 973.827 e REsp 1.251.331).
POR ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA. POSSIBILI- Na operação 734 existe previsão de taxa de Com efeito, a cada mês, a CAIXA divulga a
DADE. Sendo cabível a penhora sobre di- juros anual superior a 12 vezes a taxa de ju- taxa de juros mensal e anual, superior a 12
reitos de crédito relativos a veículo de que ros mensal na cláusula 5ª, da avença firmada, vezes a mensal, incidente sobre os créditos
o executado é possuidor direto, oriundos bem como no comprovante da operação en- oriundos de pactos de cheque especial.
de contrato de alienação fiduciária, inexis- tregue ao mutuário previamente à contrata- Veja-se resposta de perito designado em pro-
te qualquer óbice à venda judicial de tais ção. cesso judicial com discussão idêntica (ação
bens para pagamento do débito em exe- revisional 50064311520124047107):
cução. Com efeito, não cabe leiloar o ve- CLÁUSULA QUINTA - DOS ENCARGOS QUESITO 3 – Diga o Sr. Perito se há cláu-
ículo objeto de contrato de alienação fi- Sobre o valor de cada operação incidirão ju- sula específica informando a taxa de ju-
duciária, mas sim os direitos do executado ros praticados pela CAIXA, que nesta data se- ros inicial, bem como são informadas ao
sobre ele. (TRF4, AGRAVO DE INSTRUMEN- rão fixados em % ao mês, além de IOF e cliente as taxas de juros mensais e anu-
TO nº 2009.04.00.017012-7, 1ª Turma, tarifa de contratação, devidos a partir da data ais praticadas pela Caixa.
Des. Federal MARIA DE FÁTIMA FREITAS de cada empréstimo solicitado, sendo os ju- RESPOSTA – Por partes:
LABARRÈRE, POR UNANIMIDADE, D.E. ros e as taxas efetivamente aplicados serão a) Preliminarmente, esclarecemos que a
26/08/2010) aqueles vigentes na data da efetiva liberação análise de cláusulas contratuais é objeto a
PROCESSUAL CIVIL. EXECUÇÃO EXTRAJU- de cada operação solicitada, ambos divulga- ser analisado pelo MM Juiz, tendo em vista
DICIAL. PENHORA DE VEÍCULO. dos nas agências/PA da CAIXA e informados tratar-se de matéria de Direito.
ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA. DIREITOS SOBRE à EMINENTE previamente à finalização da so- b) Relativamente às informações quan-
O VEÍCULO. São penhoráveis tão somente licitação de crédito no canal eletrônico que to as taxas de juros mensais e anuais,
os direitos do executado que decorrem do utilizar, e também no extrato mensal que será as instituições financeiras, usualmente,
contrato de alienação fiduciária de veículo encaminhado ao endereço de correspondên- as informam nos extratos enviados aos
firmado junto à instituição financeira, sen- cia constante nos dadoscadastrais da conta. clientes ou costumam estar disponíveis
do então, desnecessária a posse do veículo para consulta via internet (caso o clien-
para que seja efetuado o penhor. Incabí- te acesse a conta via “home” ou “office
vel o leilão do veículo, mas sim dos direitos banking”).
do executado sobre ele, ou seja, a parte do Perito: CARLOS AUGUSTO FERNANDES DE
valor já quitado pelo devedor no contrato SOUZA, CONTADOR – CRC/RS 59320
de alienação fiduciária, sendo portanto, (Grifos nossos)
dispensável a apresentação desse veícu- Ressalte-se que isso, inclusive, é benéfico ao
lo. (TRF4, AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº mutuário, uma vez que permite que a CAIXA
2008.04.00.010843-0, 4ª Turma, Juiz MÁR- estabeleça taxas sempre dentro (na maioria
CIO ANTÔNIO ROCHA, POR UNANIMIDA- das vezes abaixo) da média de mercado. Ob-
DE, D.E. 19/08/2008) serve-se que caso a taxa seja pré-fixada e o
....’ mutuário efetive o financiamento em outro
Estando o decisum em consonância com a ju- contexto da economia nacional, corre-se o
risprudência e com as circunstâncias do caso risco de que a taxa pré-fixada seja superior à
concreto, não vejo motivos para alterar o po- taxa média do mercado no efetivo momento
sicionamento adotado, que mantenho inte- Esclareça-se que a operação bancária em da concessão do crédito.
gralmente. apreço se refere a limite para crédito em con- Para que não restem dúvidas, a título de
Ante o exposto, voto por dar provimento ao ta corrente (operação 734), ou seja, se refere exemplo, segue tela divulgada em pacto de
agravo de instrumento.” à concessão de crédito eventual e futura. cheque especial pessoa física, através do in-
9
AGRAVO DE INSTRUMENTO. EXECUÇÃO. PE- Assim, como não poderia deixar de ser, no ternet banking:
NHORA DE VEÍCULO. ALIENAÇÃO FIDUCIÁ- pacto em tela existe previsão de que as ta-
RIA. DIREITO DO DEVEDOR FIDUCIANTE. xas de juros anual e mensal serão divulgadas
O impedimento de realização da penhora al- previamente à contratação, através de com-
cança tão-só o bem alienado fiduciariamen- provante de operação (vide cláusula 5ª, do
te por não estar integrado ao patrimônio do pacto firmado).
devedor, possibilitada, contudo, a constrição Com efeito, a cada crédito efetivamente con-
incidente sobre os direitos do devedor fidu- cedido, a CAIXA divulga previamente ao mu-
ciante (parcelas já quitadas pelo devedor fi- tuário a taxa de juros mensal e anual, supe-
duciante). Assim, sendo cabível a penhora rior a 12 vezes a mensal.
sobre direitos de crédito relativos a veí- Ressalte-se que isso, inclusive, é benéfico ao
culo de que o executado é possuidor di- mutuário, uma vez que permite que a CAIXA
reto, oriundos de contrato de alienação estabeleça taxas sempre dentro (na maioria
fiduciária, não há qualquer óbice à venda das vezes abaixo) da média de mercado. Ob-
judicial de tais bens para pagamento do serve-se que caso a taxa seja pré-fixada e o
débito em execução. (TRF-4. 1ª Turma. AG mutuário efetive o financiamento em outro
2009.04.00.005508-9. Rel. Vilson Darós. Pu- contexto da economia nacional, corre-se o
blicado no DJ de 19/05/2009). (grifo nosso) risco de que a taxa pré-fixada seja superior à
10
Súmula 539: “É permitida a capitalização de taxa média do mercado no efetivo momento
juros com periodicidade inferior à anual em da concessão do crédito.

Fevereiro | 2017 19
Cena jurídica

Presença no Congresso Súmula 586


A Corte Especial do STJ aprovou, por unanimidade, a Súmula
O vice-presidente do Superior Tribunal de Justiça,
586: “A exigência de acordo entre o credor e o devedor na
ministro Humberto Martins, garantiu sua presença
escolha do agente fiduciário aplica-se, exclusivamente, aos
na abertura do XXIII Congresso da ADVOCEF, em
contratos não vinculados ao Sistema Financeiro da Habitação
25/05/2017, em Maceió. O convite foi feito em
(SFH)”. A publicação ocorreu em 01/02/2017.
14/02, pelo presidente Álvaro Weiler e o diretor
de Relacionamento Institucional Carlos Castro,
acompanhados do ministro do STJ Antonio Carlos
Ferreira, ex-advogado da CAIXA. Revista de Direito
Termina no dia 6 de março de
2017 o prazo para envio de
artigos para a 24ª edição da
Revista de Direito da ADVOCEF.
Devem ser encaminhados para
revista@advocef.org.br. A Revis-
ta será lançada na abertura do
XXIII Congresso da ADVOCEF,
em 25/05/2017, em Maceió. Os
autores dos artigos seleciona-
dos serão convidados para a
sessão de autógrafos.
Ministro Humberto Martins, com Álvaro Weiler,
Antonio Carlos e Carlos Castro

FUNCEF, ano 40
Minha Casa, Minha Vida Na coluna publicada nesta edição, os
Quando atua meramente como agente financeiro do programa Minha representantes eleitos da FUNCEF lem-
Casa, Minha Vida, a CAIXA não pode ser responsabilizada por atraso em bram que em 2017 a entidade completa
obras. É a decisão unânime da Terceira Turma do STJ, que negou provi- 40 anos de existência. Os representan-
mento ao recurso de um comprador de imóvel. tes esperam que o ano “seja o raiar de
No STJ, o relator, ministro Villas Bôas Cueva, disse que é preciso verificar um novo tempo na Fundação, em que
o tipo de atuação da CAIXA no SFH. Conforme a legislação do programa um horizonte de mais transparência,
e o contrato celebrado entre as partes, afirma Cueva, no caso a participa- maior prudência e credibilidade traga
ção da CAIXA ocorreu “exclusivamente na qualidade de agente operador enfim a tranquilidade tão merecida por
do financiamento para fim de aquisição de unidade habitacional”. REsp todos os seus 140 mil participantes e
1534952. (Fonte: STJ.) assistidos”.

Primavera em Paris Primavera


História contada pelo jurista e professor Lenio Streck em sua em Paris 2
coluna na revista Consultor Jurídico: Conclusão de
Um cego mendigava em Paris; colocou um pequeno cartaz que Lenio (que deve
dizia: “Sou cego. Ajudem-me”. O povo passava e ninguém se estrear na Revista
compadecia. Passou um poeta (que, segundo a lenda, podia de Direito da AD-
ser um publicitário, mas não importa: prefiro esta versão), que, VOCEF em maio):
pegando o cartaz, reescreveu-o. E lá se foi, deixando o mendigo “Que a cegueira
a mendigar. Horas depois, retornou ao local e viu que a bandeja dos juristas não
do mendigo estava repleta de moedas. Ao sentir a aproximação impeça de vermos
do poeta (através de seus outros aguçados sentidos), o mendi- a primavera do
go lhe perguntou acerca do que escrevera no cartaz... E o poeta Direito no Brasil,
respondeu: “Em lugar de ‘sou cego. Ajudem-me’, escrevi: ‘É que um dia há de
Professor Lenio Streck
primavera em Paris... E eu não posso vê-la’”. florescer”.

20 Fevereiro | 2017
Bolo de fubá
Crime e castigo O informativo eletrônico Migalhas
O livro “Crime e Castigo”, de Dostoiévski, é um abriu sua edição de 13/02/2017
dos mais lidos por presos das penitenciárias de com citação de Camilo Castelo
segurança máxima do país. São também muito Branco (“Com comendas e bolos
procuradas as obras “Ensaio sobre a Cegueira”, se enganam os tolos”) e uma re-
de José Saramago, e “Através do Espelho”, de ceita de “Bolo de fubá cremoso”.
Jostein Gaarder, conforme levantamento do A seguir, o site divulgou matérias
Ministério da Justiça. Os presos têm redução sobre a censura aos jornais Folha
de quatro dias da pena pela leitura de cada de S. Paulo e O Globo a respeito
livro, atestada pela redação de uma resenha. do conteúdo do celular clonado
Participando 12 vezes por ano, no máximo, da primeira-dama Marcela Temer.
têm direito a 48 dias a menos na cadeia. Desde Nos anos da ditadura militar, o
2010 foram escritas 6.004 resenhas nas peni- jornal O Estado de S. Paulo preen-
tenciárias de Mato Grosso do Sul, Paraná, Rio chia com receitas os espaços que
Grande do Norte e Rondônia. (Fonte: Mônica sobravam em consequência de
Bergamo, na Folha de S. Paulo.) Dostoiévski, best-seller na cadeia
cortes promovidos pela Censura.

Sem fundamento Sem fundamento 2


A juíza Marcia Kern, do Juizado Especial A desembargadora Rosane Michels, da 2ª Turma Recursal da Fazenda
da Fazenda Pública de Porto Alegre, julgou Pública de Porto Alegre, determinou o retorno dos autos à primeira
improcedente ação sobre diferenças de instância para prolação de nova sentença. Para a desembargadora, “a
horas extras de agente penitenciário. E decisão recorrida afrontou o princípio constitucional de que todas as
adotou na íntegra outra sentença: “Re- decisões devem ser motivadas (art. 93, inciso IX, da CF)”. Além disso,
porto-me à decisão da colega Dra. Rosana descumpriu regra prevista no art. 489, inciso II, do CPC, que estabele-
Broglio Garbin (001/1.13.0079710-0) que ce os fundamentos como elementos essenciais da sentença. Lembrou
bem analisou a questão posta nos autos, a ainda entendimento do STJ de que a mera repetição de decisão causa
fim de evitar desnecessária tautologia”. prejuízo para o duplo grau de jurisdição. (Fonte: Migalhas.)

Advogado na novela
Sem ponto “Advogado e contador é tudo trambi-
Os advogados do Senado não precisam mais bater ponto, conforme queiro”, diz o personagem Gaetano,
decisão de 11/01/2017 do então presidente Renan Calheiros (PMDB interpretado pelo ator Francisco Cuoco
-AL). Em seu lugar, haverá um sistema de controle de produtividade na novela “Sol Nascente” da Globo,
com metas. Era um pleito antigo dos profissionais. Em 2012, o Con- em capítulo exibido em 03/02/2017. O
selho Federal da OAB editou a súmula número 9, segundo a qual “o presidente da OAB, Claudio Lamachia,
controle de ponto é incompatível com as atividades do advogado enviou ofício ao diretor Silvio de Abreu,
público”. Em agosto de 2015, o então presidente da OAB/DF, Ibaneis lamentando que, apesar da liberdade
Rocha, contestou o ponto, afirmando que as atividades, regidas pelo artística e de expressão, a declaração
Estatuto da Advocacia, são “essencialmente intelectuais”. “ofende explicitamente toda a classe
da advocacia”.
Sem ponto 2
Ibaneis Rocha, atualmente
secretário-geral adjunto do
CFOAB, dá o exemplo da Advo-
cacia-Geral da União, com mais
de oito mil funcionários e sem
controle de ponto. Desde 2009,
o trabalho dos advogados é
controlado por um relatório de
atividades mensal, preenchido
pelos próprios profissionais.
Ibaneis Rocha: contra o ponto para
advogados
(Fonte: Consultor Jurídico.)
Gaetano é Francisco Cuoco

Fevereiro | 2017 21
Desvendando a mente

O que é a Inteligência Emocional?


É provável que você já tenha ouvi- Mas surgiram inconsistências no
do a expressão Inteligência Emocional processo que acenderam um sinal ver- José Halley Fernandes
(IE). melho nos pesquisadores: ao aplicar o Suliano (*)
Para aqueles que ainda não co- teste num serial killer este apresentou
nhecem vamos falar de forma rápida como resultado o QI 160 (era um gê- caz, não podendo refletir se alguém
sobre a evolução do conceito: o termo nio!!!) e assaltantes com QI 130. era inteligente ou não.
inteligência vem da junção de duas Por outro lado, havia situações Por exemplo: você pode não ser
palavras latinas: inter (entre) e lége- como a de Henry Ford (um dos maio- bom em matemática, mas pode ter
re (escolha), ou seja, inteligente era res empresários do mundo e habilidades musicais; você pode ser
aquele que fazia a melhor escolha. responsável pela revolução um maestro, mas não ter nenhuma
O homem sempre buscou medir a no modo de produção – intimidade com o esporte; pode ser
capacidade de sua inteligência, sendo um ótimo contador de histórias (ver-
que os primeiros registros datam do bal), mas não ter nenhuma visão es-
ano 600 na China, com os “Testes do pacial; pode ser um excelente atleta
Imperador”. (corporal), mas não ter facilidade de
Na França de 1905, o Ministro relacionamento, etc.
da Educação convocou os psicó- Em 1990, Daniel Goleman lança
logos Alfred Binet e Theodoro a obra “Inteligência Emocional” que
Simon para encontrar uma teve repercussão mundial (5 milhões
forma de distinguir os de livros vendidos), divulgando a ex-
bons alunos daqueles pressão que já era conhecida na co-
que precisariam de re- munidade científica.
forço escolar. Goleman afirma que o QI, ou seja,
Criou-se uma tabe- a capacidade cognitiva (traduzindo:
la (base para o teste de aquilo que se aprende na escola/nos
QI – quoeficiente de livros) seria responsável por no máxi-
inteligência), que era mo 20% do sucesso de uma pessoa, e
na verdade uma prova conceitua a IE como sendo a maneira
(de matemática e por- de lidar com as emoções, as suas e
tuguês) em que se verifi- as dos outros. Ela, e outros
cava a pontuação obtida, fatores, é que fariam di-
classificando o aluno de ferença na sua vida.
acordo com a escala ideali- Assim, você pode até
zada. ser um gênio da matemática, mas terá
Por exemplo: até 78 pontos era sérios problemas se não tiver equilí-
considerado deficiente mental, entre brio emocional para lidar com frustra-
91 e 110 tinha inteligência média, e denominada “Fordismo”), que aban- ções ou não conseguir se relacionar
acima de 127 era superdotado. donou a escola na 3ª série do ensino com as pessoas.
Para os pesquisadores o resultado fundamental!! Bom, até aqui fizemos um breve
definiria quem teria sucesso e quem Em 1983 o psicólogo americano resumo para entender como se che-
fracassaria na vida. Howard Gardner apresentou a “teoria gou ao atual conceito de Inteligência
O teste bombou!!! E as escolas se das múltiplas inteligências”, derru- Emocional.
adaptaram, preparando seus alunos bando o mito de que o teste do QI Goleman ensina em seu livro que
para que obtivessem aprovação nos definiria o sucesso de alguém. precisamos desenvolver algumas ha-
testes. Para ele nós temos 9 inteligências, bilidades por meio das quais pode-
Logo surgiram profissionais es- em diferentes níveis: Lógico-matemá- mos evitar as situações de estresse e
pecializados na aplicação dos testes tica, Verbal, Musical, Espacial, Corpo- superar os problemas de rotina.
e as empresas em geral passaram a ral-Cinestésica, Interpessoal, Intrapes- Na próxima edição trataremos de
exigir o resultado nas entrevistas de soal, Naturalista e Existencialista. cada uma delas, e como é possível
emprego. Cada pessoa teria, portanto, uma aplicá-las em nosso dia a dia.
O exército americano chegou a individualidade, e o teste do QI abor-
aplicar o teste em mais de 1 milhão daria apenas as inteligências matemá- (*) Advogado da
de soldados. tica e verbal, não sendo de todo efi- CAIXA em Curitiba.

22 Fevereiro | 2017
Crônica

Cabeleira revoltosa
Deixemos de lado as divergên- Ansiosa por participar da fes-
cias sobre os mistérios que cercam ta ao lado de Don Sebastian, em Arcinélio Caldas (*)
as origens do ser humano. Melhor importante momento de louvor e
explicar as variações de cor e a tei- glória para o marido, centro das “Coisa de pobre”, disse ele.
mosia da vasta cabeleira de Marine- atenções no evento, Marinete se Marinete deu um gritinho arre-
te. O pigmento ruivo do cabelo da enfeitou como pôde, apanhou a piante e completou:
mulher do renomado artista plás- “nécessaire” e, já atrasada, acom- “Ih, Sebastian! Então foi lá que
tico Don Sebastian e a dificuldade panhou seu amado cônjuge na noi- ficou a minha escovinha roxa.”
por ela encontrada em manter seus te chuvosa de ventos fortes até a Exclamou Don Sebastian em
cabelos alinhados como manda o mansão onde se realizaria o festão. tom de gozação:
figurino, sem dúvida, provêm de “Irão pensar que a Barbie este-
sua herança genética, carregada ve lá!”
pelo DNA do pai. Ambos riram do acon-
tecimento e dormiram
como anjos na expecta-
tiva do nascimento de
um novo dia.
Passada uma
semana, se tanto,
Marinete se encon-
tra com a ex-aluna
do marido, elogia a
festa e se despede
efusivamente:
”Querida, até outro
dia!”
“Escuta”, retrucou a jo-
vem: “Você esqueceu a sua es-
cova no banheiro lá de casa!”
A alteração da cor e a selvage- Empolgada com o ambiente Dotada de uma presença de es-
ria dos fios dourados de sua imen- luxuoso, foi ao toalete, retocou a pírito invejável, Marinete lembrou-
sa cabeleira devem-se à exposição maquiagem, escovou a teimosa e se da miserável escovinha roxa
ao intenso sol do Ceará. Marinete impetuosa cabeleira mestiça agita- deixada no lavabo da casa e do co-
desde a mais tenra idade já levava da pelo vento da rua e retornou ao mentário do marido, engatou uma
na “nécessaire”, adquirida no mer- salão dos convivas para o bate-pa- segunda e, de uma vez por todas,
cadão de Fortaleza, uma pequena po e o início dos comes e bebes. perdeu para sempre a vergonha e a
escova roxa, para domar os cabelos Na alta madrugada, exauridos peça de estimação, afirmando ca-
que mais pareciam um chinó. pela recepção que lhes proporcio- tegoricamente:
Don Sebastian, reconhecido naram os anfitriões, retornaram ao “Imagina! Vê lá se uso esco-
pela habilidade ímpar na arte da lar. No caminho de casa, Don Se- vas.”
xilografia e doutor na cátedra da bastian comentou sobre o luxo da Desde aquele dia, prende o
escola de belas artes, certo dia foi mansão, frisou sua admiração com cabelo, chova ou faça sol, com as
convidado por uma ex-aluna para o lavabo da sala de visitas, ornado mais finas e estilizadas boinas de
uma festa de arromba num bairro por colunas de mármore de Carra- crochê de lãs e das famosas rendas
chique dos fortalezenses, frequen- ra, piso de porcelanato e espelhos do Ceará.
tado por gente rica da sociedade com filetes de ouro. Comentou
nordestina que tudo reparava, cri- com espanto sobre uma escova de (*) Advogado da CAIXA em
ticava e desdenhava nos modos e plástico barato na pia do pequeno Campos dos Goytacazes/RJ.
nas preferências dos convidados. lavatório.

Fevereiro | 2017 23
Suplemento integrante da ADVOCEF em Revista | Ano XVI | Nº 163 I FEVEREIRO I 2017

NCPC permite julgamento parcial de


mérito nos tribunais?
O que diz a jurisprudência?
Dentre as inovações do novo Có- constante do CPC/1973 em termos
digo de Processo Civil (CPC/2015), de função decisória da sentença. Atalá Correia
o art. 356 autoriza que o julga- Com a nova legislação, passou-se a Mestre e doutorando em Direito
dor resolva parcialmente o mérito, admitir, desde que presentes os re- Civil pela USP. Professor do Instituto
ou seja, que aprecie o pedido for- quisitos acima expostos, aquilo que Brasiliense de Direito Civil (IDP). Juiz do
Tribunal de Justiça do Distrito Federal
mulado pelo autor em momentos antes só era reconhecido pontual-
e Territórios. Ex-assessor de ministro
distintos, por meio do julgamento mente por parte da doutrina e por
do STJ.
antecipado parcial do mérito1. Is- precedentes esparsos.
so é possível desde que um ou mais Com isso, quando houver cumu- Luiz Dellore
dos pedidos formulados ou parce- lação de pedidos cuja apreciação é, Mestre e doutor em Direito Processual
pela USP. Mestre em Direito Constitu-
la deles: (i) mostre-se incontroverso; em termos lógicos, independente, o
cional pela PUC/SP. Professor de Direito
(ii) esteja em condições de imedia- julgador pode seguir dois caminhos
Processual do Mackenzie, FADISP, EPD,
to julgamento – ou seja, quando diversos: (i) pode levar o processo
CPJur, Saraiva Aprova e IEDI. Advoga-
for possível o julgamento antecipa- adiante, com a prática de todos os
do concursado da Caixa Econômica
do do mérito, este já existente no atos processuais necessários à ins- Federal. Ex-assessor de ministro do STJ.
CPC1973, agora previsto no art. trução, para prolação de sentença Membro do IBDP (Instituto Brasileiro
355 do CPC/2015. O CPC/2015 pre- una, ou, (ii) de forma diversa, po- de Direito Processual) e diretor do
vê expressamente que essa decisão de desde logo resolver parte da lide CEAPRO (Centro de Estudos Avançados
será impugnável por agravo de ins- que se lhe apresenta, com o julga- de Processo).
trumento, mento antecipado parcial do mérito
O tema não é absolutamente (que nada mais é que o fatiamento
novo no direito processual brasi- da sentença). Essa possibilidade de desmem-
leiro. Sob a vigência do CPC/1939, Trata-se de uma opção ou de um bramento do julgamento de mérito
admitiam-se decisões interlocutó- dever para o juiz? Há divergência, vem se revelando útil especialmen-
rias de mérito, a resolver parte da pois apesar de a partir da redação te nas situações em que apenas um
lide. Em sua origem, o CPC/1973 do artigo (“O juiz decidirá parcial- dos pedidos está suspenso por for-
procurou organizar a marcha pro- mente”) se poder intuir que seja uma ça de decisão proferida por Tribunal
cessual de modo que o mérito fosse conduta obrigatória3, é possível se Superior (a partir de REsp ou RE repe-
decidido com a sentença, de modo cogitar que seja algo discricionário, titivos ou do novo IRDR – incidente
que se adotou como paradigma a considerando as especificidades do de resolução de demandas repeti-
unicidade da sentença. Aos poucos, caso concreto. tivas). Ao solucionar parcialmente
sobretudo em razão de diversas situ- De qualquer forma, do ponto o mérito de forma antecipada, o
ações práticas, passou-se a admitir de vista dos magistrados, ao menos julgador em primeiro grau de juris-
que a sentença pudesse ser parcial, neste início de vigência do Código, dição autoriza que ao menos parte
de modo a não resolver todo o méri- não se verifica no cotidiano fo- da prestação jurisdicional seja entre-
to – inclusive com previsão expressa rense uma grande quantidade de gue enquanto as demais aguardam
de antecipação de tutela em relação julgamentos antecipados parciais, a fixação de orientação pelos Tribu-
a “parte incontroversa” do pedido2, o que pode ser visto como uma nais.
dispositivo que pode ser entendido tendência da jurisprudência pela fa- Nesse exato sentido, vale des-
como a origem da inovação legisla- culdade desse julgamento. tacar que o Tribunal de Justiça do
tiva ora analisada. Porém, há um campo de apli- Distrito Federal e Territórios (TJ-
O art. 356 do CPC/2015 repre- cação dessa técnica de julgamento DFT) já decidiu que “a suspensão
senta, portanto, o fim da visão que pode ser bastante fértil. do processo em razão da admis-

FEVEREIRO | 2017 1
são do processamento do incidente não estava prescrito, mas demanda Os Tribunais nunca reconhece-
de resolução de demandas repetiti- prova pericial para sua análise; e o ram, todavia, de forma ampla, a
vas não impede o julgamento das pedido 3 também não estava pres- possibilidade de decisão parcial do
matérias não relacionadas com o in- crito, mas para sua apreciação basta mérito, o que só se torna possível
cidente”4. a prova documental, sendo possível ao se reconhecer a possibilidade de
É de se perguntar, contudo, o julgamento pelo Tribunal, median- aplicação por eles da regra do art.
se essa regra de julgamento par- te a aplicação da teoria da causa 356 do CPC/2015.
cial  pode ser utilizada no âmbito madura (art. 1.015, § 4º). Diante A partir da vigência do NCPC, os
dos Tribunais. disso, como proceder? Tribunais poderão anular, dentre os
Dois fatores poderiam levar a Em regra, nesses casos os Tribu- diversos pontos do mérito, apenas
uma resposta negativa. Em primei- nais cassam a sentença por inteiro, aqueles pedidos que efetivamente
ro lugar, o texto do art. 356, que faz determinando a continuidade do tiverem conexão com a produção
menção ao “juiz”, e não ao “julga- processo como um todo em pri- de prova cerceada de forma injus-
dor”. Ademais, a regra compõe o meiro grau de jurisdição. Acaso se ta. E será possível a manutenção ou
Título I do Livro I da Parte Especial, admita a técnica do julgamento reforma do outro pedido objeto do
destinada ao Procedimento Comum parcial nos Tribunais como aqui se recurso.
do Processo de Conhecimento, e propôs, seria possível, com base no Anote-se, por fim, que já há
não à “ordem dos processos no Tri- art. 356 do CPC/2015, (i) manter a precedente no sentido do aqui ex-
bunal”, que trata do processamento prescrição do pedido 1, (ii) determi- posto. O TJRS aplicou o art. 356
dos recursos (Livro III da Parte Espe- nar a devolução da causa à origem do CPC/2015, em segundo grau
cial). (mediante autos suplementares) em de jurisdição, em situação análoga
Contudo, é possível também relação ao pedido 2 e (iii) desde lo- àquela aqui mencionada. Aque-
se concluir por uma resposta posi- go julgar, no mérito, o pedido 3. la Corte estava diante de ação de
tiva, a partir de uma interpretação Deve-se reconhecer que anula- investigação de paternidade cumu-
sistemática e finalística, lendo o dis- lada com pedido de alimentos. Os
positivo a partir dos princípios e “Com a nova legislação, pedidos foram julgados proce-
levando em conta a razoável dura- passou-se a admitir dentes em primeira instância, mas
ção e também a ideia de poderes o Tribunal considerou que hou-
implícitos. Afinal, se o Tribunal de aquilo que antes só era ve cerceamento de provas no que
segundo grau é instância revisora, reconhecido pontu- diz respeito aos alimentos. Embo-
na interpretação dos fatos e apli- ra tenha ressaltado que o art. 356,
cação do direito, podendo manter, almente por parte da CPC/2015, encontra-se topologi-
reformar ou cassar as decisões de doutrina e por prece- camente vinculado ao julgamento
primeiro grau, não haveria motivo de primeiro grau, reconheceu que
para lhe cercear a possibilidade de
dentes esparsos.” estava presente “hipótese de julga-
utilização da regra do art. 356 do mento parcial de mérito, em grau
CPC/2015. de apelação, conforme inteligência
Dentre as duas possíveis res- ções parciais não representam uma do artigo 356, II, conjugado com o
postas, entendemos que a melhor total inovação em termos da atua- artigo 1.013 § 3º do CPC/15” 5. Isto
é a segunda. Assim, concluímos ção dos Tribunais. Já é tradicional, é, o TJRS reconheceu que a apela-
ser  possível a realização de julga- entre nós, o reconhecimento de que ção lhe devolve o conhecimento
mento parcial do mérito no âmbito a recorribilidade da sentença se dá da matéria e, assim, pode ele valer-
dos Tribunais, sendo que essa técni- por capítulos. Nesse sentido, se as se da faculdade de julgamento ou
ca de julgamento pode de grande partes não recorrem de parte dela, anulação parcial do mérito.
utilidade para as partes. já há aí trânsito em julgado, razão Reconhecida essa possibilidade,
Imaginemos, por exemplo, de- pela qual qualquer anulação poste- ganha a duração razoável do pro-
manda na qual houve cumulação de rior se dá na parte recorrida (‘tantum cesso e ganham as partes. A conferir
três pedidos na petição inicial, ten- apellatum quanto devollutum’). como a jurisprudência se firma em
do sido reconhecida a prescrição em De modo análogo, também se es- relação ao tema.
relação a todos os pedidos, após a tá diante de mera anulação parcial
apresentação de contestação, mas se o Tribunal mantém a sentença no 1
O tema já foi enfrentado em coluna
sem dilação probatória. ponto que afastou a preliminar, mas anterior, escrita por Marcelo Macha-
Interposta a apelação, o Tribunal determina o retorno dos autos à pri- do: http://jota.info/artigos/novo-cpc-
so-quero-saber-de-julgamento-parcial-
constata o seguinte: o pedido 1 es- meira instância para realização da
do-merito-26102015.
tava realmente prescrito; o pedido 2 instrução.

2 FEVEREIRO | 2017
2
CPC/1973, art. 356, § 6º A tutela an- 4
Acórdão n.986781,20160020427903A- do CPC/15)”, pois “o primeiro impug-
tecipada também poderá ser concedi- GI, Relator: FÁTIMA RAFAEL 3ª TUR- nável por apelação, e o segundo, por
da quando um ou mais dos pedidos MA CÍVEL, Data de Julgamen- agravo de instrumento” (TJDFT, Acór-
cumulados, ou parcela deles, mostrar- to: 30/11/2016, Publicado no DJE: dão n.946711, 20160610023743APC,
se incontroverso (redação dada pela L. 14/12/2016. Pág.: 138/142. Por sua vez, Relator: JAIR SOARES 6ª TURMA CÍ-
10.444/2002). há decisões que apontam não ser pos- VEL, Data de Julgamento: 08/06/2016,
3
Defendo se tratar de algo obrigatório, sível que o julgador profira ao mesmo Publicado no DJE: 14/06/2016. Pág.:
Andre Roque: “Não se trata de facul- tempo julgamento parcial de mérito e 455/494
dade do juiz: se não há outras provas julgamento liminar de improcedência 5
TJRS, 8ª Câmara Cível do TJRS, Ap. n.
a serem produzidas quanto a parte dos (CPC/2015, art. 332, §1º). Decidiu-se 70070550835, Rel. Des. Rui Portanova,
pedidos formulados ou parcela destes, que é “inviável o julgamento liminar j. 13/10/2016, DJ 18/10/2016.
é seu dever proceder imediatamente ao de parcial improcedência ante a in-
julgamento parcial do mérito” (Comen- compatibilidade dos institutos do jul-
tários ao CPC/2015. Processo de conhe- gamento liminar de improcedência
cimento e cumprimento de sentença. (art. 332 do CPC/15) e do julgamento (Publicado originalmente no
São Paulo: Método, 2016, p. 163). antecipado parcial do mérito (art. 356 site Jota.info, em 13/02/2017.)

O novo CPC e o prazo do agravo


interno no processo penal
Um verdadeiro paradoxo processual
Em ao menos duas outras colu- Processo Penal expressamente in-
nas aqui no Jota, eu e meus colegas vocarem a aplicação do Código de Fernando da Fonseca Gajardoni
afirmamos que os Códigos de Pro- Processo Civil ao Processo Penal (arts. Professor doutor de Direito Processual
cesso Civil e Penal não são vistos 139, 362 e 790 do CPP). Civil da Faculdade da USP – Ribeirão
como compartimentos estanques; Há disposições do CPC/2015 que Preto (FDRP-USP). Doutor e mestre em
Direito Processual pela USP (FD-USP).
como ilhas legislativas capazes de, expressamente alteram a legislação
Juiz de Direito no Estado de São Paulo.
sem recurso a influência de outros processual penal, não deixando dúvi-
diplomas, darem respostas a todos da alguma quanto ao impacto da Lei
os problemas do processo1. 13.105/2015 naquela seara, como (que trata da normas procedimentais
Regras constantes do Código de é o caso do art. 1.066 do CPC/2015 para os processos que especifica, pe-
Processo Civil, até com considerável (que trata dos embargos de declara- rante o Superior Tribunal de Justiça e
incidência, são chamadas a respon- ção no âmbito dos JECRIM, alterando o Supremo Tribunal Federal); b) art.
der problemas do processo penal. a redação do art. 83 da Lei 9.099/95). 4º, § 3º, da Lei 8.437/92 (que disci-
E regras constantes do Código de Em outras situações, todavia, a plina o recurso contra a decisão do
Processo Penal, embora com menos aplicação de normas do CPC/2015 é presidente no pedido de suspensão
incidência, são chamadas a respon- dúbia, demandando considerável es- da liminar); c) arts. 4º, parágrafo, 12-
der problemas do processo civil. forço interpretativo para se saber se C e 15, parágrafo, da Lei 9.869/1999
Não que isso fosse desejado pe- dada norma de um dos diplomas é (que dispõe sobre o processo e
lo legislador projetista do CPC/2015, capaz de impactar no âmbito do ou- julgamento da ação direta de incons-
que extirpou, em uma das fases do tro. titucionalidade e da ação declaratória
tramitar do processo legislativo, a re- É o caso do art. 1.070, do de constitucionalidade perante o Su-
ferência ao processo penal no que se CPC/2015. Ele estabelece que será premo Tribunal Federal); d) art. 4º,
tornou o art. 15 da Lei 13.105/2015. de 15 dias o prazo para a interpo- § 2º, da Lei 9.882/1999 (que dispõe
Na verdade, a aplicação do sição de qualquer agravo previsto sobre o processo e julgamento da
CPC/2015 ao processo penal pode em lei ou regimento interno de tri- arguição de descumprimento de pre-
eventualmente se dar porque o art. bunal, seja contra decisão de relator ceito fundamental, nos termos do §
3º do CPP é expresso no sentido de ou unipessoal proferida pelo Tribunal 1o do art. 102 da Constituição Fe-
que a “lei processual penal admitirá (como no caso das decisões de pre- deral); e) arts. 10, § 1º, 15 e 16, da
interpretação extensiva e aplicação sidentes e vice-presidentes). É o caso lei 12.016/2009 (que dispõe sobre o
analógica”, bem como em razão de dos agravos previstos nos: a) arts. mandado de segurança individual e
alguns dispositivos do Código de 20, II e 25, § 2º, da Lei 8.038/1990 coletivo); etc.

FEVEREIRO | 2017 3
Ano XVI | Nº 163 I FEVEREIRO I 2017

A grande dúvida que se tem a vo interno, haveria variação do prazo lógica da legislação processual civil
respeito da disposição (art. 1.070 de acordo com a natureza do pro- ao processo penal, embora autori-
CPC/2015) é se ela impacta, tam- cesso, sendo de 05 (cinco) dias o zada pelo artigo 3º do próprio CPP,
bém, no prazo dos agravos internos prazo em feitos criminais (art. 39 da depende da existência de omissão na
no âmbito do processo penal, espe- Lei 8.038/90) e de 15 (quinze) dias legislação processual penal, algo que
cialmente do previsto no art. 39 da em processos cíveis (art. 39 da Lei inocorre na hipótese, em vista da cla-
Lei 8.038/1990. 8.038/90, com a alteração promo- reza do art. 39 da Lei 8.038/1990.
O Superior Tribunal de Justiça, já vida pelo art. 1.070 do CPC/2015, e Rememore-se, ademais, que de-
na vigência do CPC/2015, decidiu que art. 1.003, § 5º, CPC/2015)! põe contra a tese de aplicação do
lapso para a interposição do agravo A grande discussão em pauta, art. 1.070 do CPC/2015 aos prazos
no âmbito criminal não foi alterado portanto, é a seguinte: ao prever do processo penal o fato de o art. 15
pela Lei 13.105/2015, de modo que ser de 15 (quinze) dias o prazo pa- do CPC/2015, deliberadamente, ter o
o art. 39 da Lei nº 8.038/90, que fixa ra a interposição de qualquer agravo excluído do âmbito da supletividade
o prazo de cinco dias para a inter- previsto em lei ou em regimento in- e subsidiariedade da legislação pro-
posição do agravo contra a decisão terno de tribunal, o artigo 1.070 do cessual civil.
unipessoal de relator no tocante à CPC/2015 estaria limitado à seara Enfim, à luz da legislação vi-
admissibilidade de recursos crimi- processual civil, ou seria norma geral gente – e lendo o CPC/2015 como
nais, continua vigente (STJ, AgInt no e heterotópica a alcançar, também, o ele é (e não como gostaríamos que
CC 145.748-PR, 3ª Seção, Rel. Min. processo penal, ampliando por con- ele fosse)2 –, NÃO SE APLICA o art.
Maria Thereza de Assis Moura, j. seguinte o prazo do art. 39 da Lei 1.070 do CPC/2015 ao prazo do
13.04.2016). Entendimento, aliás, 8.038/90 para 15 (quinze) dias? agravo interno cabível nos Tribunais
compatível com o que até então vi- Superiores, no âmbito do processo
nha decidindo o STF a respeito da penal, que continua sendo de 05
matéria na vigência do CPC/1973, “Lendo o CPC/2015 (cinco) dias conforme art. 39 da Lei
conforme súmula 699: “prazo para 8.038/1990.3
interposição de agravo, em proces- como ele é (e não
so penal, é de cinco dias, de acordo como gostaríamos 1
GAJARDONI, Fernando da Fonseca. Im-
com a lei 8.038/90, não se aplicando pactos do Novo CPC no processo pe-
o disposto a respeito nas alterações
que ele fosse), não se nal. Jota. Disponível em: http://jota.
da Lei 8.950/94 ao Código de Proces- aplica o art. 1.070 do info/artigos/impactos-do-novo-cpc-no
-processo-penal%C2%B9-11052015.
so Civil”.
Ocorre que o CPC/2015, no
CPC/2015 ao prazo do Publicado em 11.05.2015; DELLORE,
Luiz; ROQUE, Andre; GAJARDONI, Fer-
art. 1.073, IV, revogou o art. 38 agravo interno cabí- nando da Fonseca; OLIVEIRA JR. Zulmar
Duarte; e MACHADO, Marcelo. Novo
da Lei 8.038/90, que trata da deci- vel.” CPC e os prazos nos Juizados, no Pro-
são unipessoal do relator quanto à cesso Penal e do Trabalho. Jota. Dis-
admissibilidade do recurso no âmbi- ponível em: http://jota.info/colunas/
to do STF/STJ, contra a qual cabe o novo-cpc/novo-cpc-e-os-prazos-nos-jui-
zados-no-processo-penal-e-no-proces-
agravo, com prazo de 05 dias, referi- Há recentíssima decisão do
so-trabalho-28032016. Publicado em
do no art. 39 da mesma lei. STF, tomada em pedido de recon- 28.03.2016.
O legislador teria resolvido o sideração no HC 134.554 (DJe 2
Incitação que fiz nesta coluna no tex-
problema de maneira bastante sim- 15.06.2016), em que o Min. Celso to nominado “O novo CPC não é o
que queremos que ele seja” (Jota. Dis-
ples, ao modificar o art. 39 da Lei de Mello acompanhou a posição do
ponível em: http://jota.info/artigos/o-
8.038/90, tanto quanto fez em re- Superior Tribunal de Justiça a respei- novo-cpc-nao-e-o-que-queremos-que
lação a vários outros dispositivos da to do tema, segundo o qual o prazo -ele-seja-20072015. Publicado em
legislação. para interposição do agravo interno 20.07.2015).
3
Mas a questão ainda gerará largos de-
Como não o fez, inaugura-se ver- contra atos decisórios de ministros
bates, tanto que a 2ª Turma do STF sub-
dadeiro paradoxo processual: em do STF em matéria processual penal meteu a questão da aplicação do art.
vista da revogação expressa do ar- é de cinco dias, como prevê o artigo 1.070 do CP2015 ao processo penal ao
tigo 28 da lei 8.038/90 pelo novo 39 da Lei 8.038/1990 plenário (Processos ARE 988.549, ARE
992.066, de Relatoria do Min. Gilmar
Código, o prazo para interposição de A razão da inaplicabilidade do
Mendes; Reclamação 23.045, de Rela-
agravo nos recursos extraordinário artigo 1.070 do CPC/2015 está no toria do Min. Teori Albino Zavascki). É
e especial, mesmo em matéria cri- fato de a Lei 8.038/1990 constituir esperar para ver.
minal, será, sempre, de quinze dias lei específica, inclusive no que con-
conforme CPC/2015 (art. 1.003, § cerne ao lapso temporal pertinente (Publicado originalmente no
5º); mas quando se tratar de agra- ao agravo interno. A aplicação ana- site Jota.info, em 06/02/2017.)

4 As matérias publicadas neste suplemento são de responsabilidade exclusiva de seus autores. O encarte pode ser acessado, na íntegra, no site da ADVOCEF (menu Publicações).

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