DIP - II Vol - Eduardo Correia Baptista Até Pag.465

Você também pode gostar

Você está na página 1de 306
MEDINA E 2 8 EDUARDO CORREIA BAPTISTA Direito Internacional Publico - - SB uy Tp A 2. ° os P. II — re oO —e ot O Eduardo Correia Baptista Professor na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa DIREITO INTERNACIONAL PUBLICO VOLUME II SUJEITOS E RESPONSABILIDADE irate: Aurones Lavras; ExECUpHO GRAFICA: epdstro ura: DIRETTO INTERNACIONAL PUBLICO EDUARDO CORREIA BAPTISTA LIVRARIA. ALMEDINA ~ COIMBRA | we almesinaet LIVRARIA ALMEDINA, ARCO DE ALMEDINA, 15 TELEF. 239851900 FAX 23985901 304.509 COIMBRA ~ PORTUGAL LIVRARIA ALMEDINA “ARRABIDA SHOPPING, LOIA 158 PRACETA HENRIQUE MOREIRA APURADA |H00475 V.N. GAIA ~ PORTUGAL Satine et LIVBARIA‘ALMEDINA ~ PORTO \k. oe ceuta, 79 TeLER. 222085793 {450.191 PORTO ~ PORTUGAL porodinedna net EDIGOES GLOBO, LDA. B.S. FILIPE NERY, 37:4 (AO RATO) TELE. 213887619 FAX 21384461 1280225 LISBOA ~ PORTUGAL siovodalmediaaet LIVRARIA.ALMEDINA ATRIUM SALDANHA. Tonas ni a7 PRAGA DUQUE DE SALDANHA, 1 TELER, 213713600 LIVRARIA ALMEDINA BRAGA CAMPUS DE-GUALTAR, UNIVERSIDADE DO MINHO, TeLER. asta G.C.-GRAFICA DE COIMBRA, LDA. PALHEIRA ASSAFARGE. 500/453 COMMER rotucso@pracadeccimta ABRIL, 2006 21057804 ‘Toda a reprodugio desta obra, por fotocpia ou out qualquer pro- cso, sem prévia atorzagdo eset do Elio, ¢ilicia © passive de procedimento judicial conta 9 infact, oe ne erent Eee Indice Sistematico Abreviatras.. Parte II Sujeitos Capitulo 1 O Estado Seesio I Personalidade 1 -Consttuigao. 1. Introdugao. 2. Recomheciment 2.1. A questéo dos seus efeitos 22. Regime Jurdico. 22:1. Bicdcia declarative 222. Eficécia consitutiva. 3. OGoverno. BL Orphen ne 43.2. Reconhecimento 3.2.1, O eritrio da efectividad. 3.22, O nlo reconhecimento juridice vadiional 3.2.3. O nfo reconhecimento democratica 3.2.4. Consequéncias do nfo reconhecimento juriico... 32.5. Reconhecimento colectivo de Governos no exiio. T= Extingf0 4, Extinglo e continuidade. ‘5, Extinglo ¢ suspensto 6. SUCESSEO een G1. Nosio (62. Frontera e direitos teritorias 63. Sucessio quanto a tratados. 63.1, Alteragio de fronteiras ul Direito Internacional Piblico 63.2. Novos Estados Independentes 633. Secessio e distolusio 634. Unio e anexagéo.. 635. Tratados constiuives de organizagées intemacionais e “politicos” 64. Sucessao em bens e dividas 6.4.1. Alteragio de fronteiras 6.4.2. Novos Estados Independentes 64.3. Secessto e dissolugio 6.4.4, Unito e anexagio. 65. Os direitos de particuares Secgao It Capacidade 1 - Poder independente (“soberania"), 1 8 Principios fundamentai... 7.1. Principio da liberdade, Tal. Limites iternacionais. 7.1.2. Iurisdigfo imerna... 7.2. Prinejpio da igualdade 72.1. Conteido 7.2.2. Irounidades. 72.2.1. Do Bsado, 72.22, Dos safe condi super Incapacidade. 8.1, Estado vassalo 82. Estado protegido, 83, Estado cliente 84. Estado confederado {= Jurisdigé pessoal 9. Introdug.. 10, Cidadania e acionalidade IL ~ Jurisdigdoteritorial 12, Conceito 10.1. Atibuigfo 10.2 Perda 10.3. Nacionalidade das pessoas colectiva. Consequéncias internacionais da nacionalidade 11.1. A protege diplomtica 112. Jurisdigdo penal 12.1, Conte 122. Ambito. 123. Natureza 100 107 no 12 16 7 126 27 133, 133 Ba 4 37 140 40 ML v3 151 157 161 Indice Sistemético 13, Aquisigfo, perda e oneraglo 13.1, Aquisiglo e perda 13.L.1-A conquista 13.1.2. ocupagio 13.1.4 usweapizo. 1314.4 acessio. 13.1.5.A cessto e outosttules de origem convencional 1316.4 renincia 131.7.Na formagéo do Estado... 13.2, Oneragao. Capitulo I Outros Sujeitos Seegiio I ‘As Organizagées Internacional 1=Conceito 14, Introdusa0... 15. Nogio figuras afins 16. Principais espécies 16.1. Universais e regions... 16.2. De atribuigdes geraise especiis. 17. Tratado constitutive. 17.1. Caracteriaagio 17.2. Natureza... T= Personalidade jridica 18, pond da persinaitaeeomesinen 19. Grgios = 19.1 Especies 191.1. Esadusis © no estaduis. 19.12.Geraserestrios 19.13. Orgindrios ederivados. 192. Fost d vonade 20. Extngio... IL ~ Atebuigbes, poderese imunidaces. 21. Aplicagio da nogto de capacidade?. 22. Atribuigdes 22.1. Principio da exp 22.2. species. 23, Podetes on 2311, Principio dos poderes implicitos 23.2. Bape 251 251 258 239 261 262 266 268 2m 2 215 216 218 a Direito Internacional Publico Indice Sistemtico 8 24, Limes . x 3255.0 Dizeto dos Esrangeiros 430 24.1.0 DireitoIntemacional Costumeto.. 29 32.6, Natrezajuridica 434 242. Tratados eoutras fotes de obrigagdesintemacionas 284 33. As pessoas eolectivas particulars. 438 24.3.0 Dircito das organizages internacionais 285 24.4 Limite especticos. 26 244.1. juradigda interna. 286 2442.0 viol abst satu 288 a 25. Imunidades 2a Responsabilidade 25.1.Da orgunizacao 207 25.2: Dos seus egies. 4306 Capitulo T Regime Substantivo 1V-Membro.. au 26. Nogio, spécies ¢estatutos paralelos. 311 1 Pressupostos. a7 27. Regime juridico ger... 38 34, Introdugéo. ar 271. Diretos| 3B 35. Imputago. 451 27.2. Deveres 37 35.1, Porga maior... 452 35.2 Actos omissoes. 457 35.3, lmputago de actos de outros sjeitos a pessoas clectivas 458 Secsio I 35.4 Regrasexpecfica quanto @ grupos arm2d0S er 473 Sujeitos Menores 435.5, Companticipagto... a5 36, Tlicitude. 478 1.~Pessoascoletivas publicas menorese grupos armados. 323 36.1, Determinagio do Diseito temporalmeateaplicvel 479 28. Introdugéo 333 362. A relevancia do dolo da negligent... 430 29. Integrados na estrutara do Estado 34 36.3. A questio do dano. 483 530. Em conflito com 0 Estado. 328 136d A relevincia negativa do conseatimento 434 30.1. Irelevdncia das figuras dos beligerantes¢insurects... 328 30-2. Grupos armadas: movimentose bandos 334 Cause oxo decide eda esposiiiae 487 30.2.1,Narureza 334 37, Introd. 7 487 30.22:Regimejuridico 338 38. Causas de exclusio da responssbilidade.. 489 30.3\Movimentos de libertagdo nacional 36 39, Perigo extrem (Ait) enn 493, ~ 40, Estado de necessidade. 498 IL-0: pastculares ais 41, Represlia. . 512 31. Introdugio, 38 42. Legitima defesa etatala defensva. 526 32. O individuo.. 9 32.1.0 Direito Internacional dos Direitos Humanos Costumeizo 350 1 - Contes. 331 32.11, Direitos eivs polticos 354 43, A obrigapio de indemnizar 331 32112 Direitos econdmicos, soca eculturas 35 43:1. O dover de reconstitigao natural. 331 532113. Caricter erga omnes eiuris cogent 388 43.2, Compensagio. 534 32.1. Garantas 307 4333 Satistago.... 334 32.2, As convengses sobre direitos humans nivel universal “01 434. determinapo do dano.. 536 532.2.1.0s Pacts Imemacionas, 401 435. Extnglo.. 338 32.2.2. Outrasconvengoes com sistemas especficos de garania. 407 32. A Convengdo Europea dos Diritos Humanos 410 IV -Titularidade.. $38 32.3.1. Referéacia as direitos consagrados.... ail 44, Titlaidade activ 338 $232.0 Triual Europe dos Dios Humans 418 4.1, Lesaos. 38 “#42 Interessados¢ lesados nas obrigngbes erga omnes medias 540 324, Deveres. 25 10 45, 41, 48, 49. Direito Internacional Pabtico Titularidade passiva v 45.1. Solidariedade ene contitulares : 45.2. Responsabilidade subsiiéria de membros de organizayses. Capitulo 1 Resoluglo Pacifica das Controvérsias Invodigio 461 Quests juice 6 policas™ 462 Situ e sontoves — 463.0 devr de esau pact das conv itmaconl Meios destituidos de eficécia obrigatéria “ {2:1 Negosigto : 12 bo oft 41. Mdigto ‘4 Ini 475. Conlin Melos Sco oii bia 4:1 Tibial abi 4582 Tron itemaional $82 Caratrsat 4522.0 Tina intniioa sgn Rovio el Nats Unis 9.1 Bon oes e median 49.2. Inquetito oso a 49.3. Actividad condor 49.4 Pots expects {indice Antroponimico. ADI ADRPILC AFDI AHLADI Alw AJHR AUIL: AJPILIOZORV ASDN ASIL ASILI AUILR AUIILP, AV AYIL BCLR BFD BUIL BUILI BYIL ‘cDsP CFI CHRLR ABREVIATURAS ~ Anuario de Derecho Intemacional. ‘Annual Digest and Reports of Public International Law Cases. ‘Annuaire Frangaise de Droit International. = Anuario Hispano-Luso-Americano de Derecho Internacio- nal ~ Amnesty International World Wide Web Site (tps /veb.amnesty org). — Australian Journal of Human Rights (hupii/www.austii.edu.au/) = American Journal of International Law. = Austrian Journal of Public and International Law/Osterr chische Zeitung far Offentliches Recht und Vélkerrecht. ~ Annuaire de la Société des Nations. = American Society of International Law ~ Proceedings. ~ American Society of International Law Insights (httpsfwwasil orgfinsights.htm). = American University Internationel Law Review. ~ ‘American University Journal of International Law and Po- licy. ~ Archiv des Vélkerrechts, = Asian Yearbook of International Law. = Boston College Law Review. = Boletim da Faculdade de Direito de Coimbra = Brooklyn Journal of International Law. = Boston University International Law Journal = British Yearbook of International Law. = Current Digest of the Soviet Press. — Chronologie des Faits Internationaux d'Intérét juridique (Michéle Poulain), Annuaire Frangaise de Droit Interna- tional. — Columbia Human Rights Law Review. Direito Internacional Piblico Abreviawras 1B cms cuIcL cITL cLQ CLR CME CNN CNUDT CNUSEMT csM CULR cy. CWRIIL DICIL DILP ECHRW EvIL EILR FA FRUS Cornell International Law Journal, = Cardozo Journal of International and Comparative Law. ~ Columbia Journal of Transnational Law. = Cornell Law Quarterly. = Columbia Law Review. - Chronology Of Major International Events From 1931 ‘Through 1943, With Ostensible Reasons Advanced For ‘The Occurrence Thereof, U. S. Government Printing Of- fice, Washington, D.C., 1944, — CNN Web Site ¢http://www.cnn,com). = Conférence des Nations Unies sur le Droit des ‘Trai iére et Deuxiéme Sessions ~ Documents Officiels (Documents de la Conférence), New York, 1971 (Doc. AJConf. 39/11Add. 2). ~ Conférence des Nations Unies sur la Succession d’Etats en Matiére de Traités (Session de 1977 et Reprise de la Ses- sion en 1978), Documents Officiels, New York, 1979. ~ The Christian Science Monitor, = Catholic University Law Review. ~ The Canadian Yearbook of International Law. = Case Western Reserve Journal of International Law. ~ Duke Journal of Comparative and International Law. ~ Denver Journal of International Law and Policy, — Pagina da Intemet do Tribunal Europeu dos Direitos Huma- nos (http://www.echr.coe.invEng/Judgments.htm).. ~ Eugopean Journal of International Law (hitprAwww.cfil.org). ~ Emory International Law Review. ~ Foreign Affairs — An American Quarterly Review. ~ Fordham International Law Journal. = Foreign Relations of the United States - Diplomatic Pa- pers, Department of State, Washington. ~ Financial Times. = Georgia Journal of Intemational and Comparative Law. = Georgetown Law Journal, ~ The George Washington Law Review. = Pagina da Intemet do Alto-comissério das Nagées Unidas para os Direitos Humanos (http://www unhchr.ch), = Hastings International and Comparative Law Review. = Harvard International Law Journal. — Houston Journal of Intemational Law. MILLR MILR MIL, MJILT MLR MTDSG NDLR NEICLA NELR NILR NUIL NRG Harvard Law Review. Intemational Court of Justice Web Site (huip:/iwww icj- cij.org), International and Comparative Law Quarterly. International Committee of the Red Cross World Wide Web Site (http://www.icre.org/), — Pégina da Internet do Institut de Droit International Ahutp://www.idi-ii.org). = Indiana Journal of Global Legal Studies. = International Lawyer. = International Law FORUM du droit international. ~ International Legal Materials. = International Organization. = International Review of the Red Cross (http://www icre.org/eng/review). = Journal du Droit International (Clunet). = Journal of International Law & Business. = The Journal of Politics. ~ Kentucky Law Journal, = Los Angeles Times. = Leiden Journal of International Law. = League of Nations, Treaty Series ~ Publication of Treaties and International Engagements Registered with the Secre- tariat of the League of Nations. = Military Law Review. = Minnesota Law Review. = Michigan Journal of Intemational Law. = Maryland Journal of International Law and Trade. ichigan Law Review. = Multilateral Treaties Deposited withthe Secretary-General (hutp:/untreaty.un.org/)- ~ Notre Dame Law Review. — New England International and Comparative Law ‘Annual. = New England Law Review. : = Netherlands International Law Review. = Nordic Jounal of International Law. = Nouveau Recueil Général de Traités et Autres Actes Rela- tifs aux Rapports de Droit International -ed. G. F. de Mar- tens € outros. = Nouveau Recueil de Traits, reimp. (George Frédéric Mar- tens), Gottingen. NRST NYIL NYUIILP NYT OpPR ouEC OSCEW Pw QERPD qu RAGA, REDI RIS RDC RDGAOR RDI RDISDP RDSCOR REDI RFDUL RGDIP Direito Internacional Publica ~ Nazi-Soviet Relations, 1939-1941, Documents from the Archives of the German Foreign Office (ed. Raymond J Sontag/ames 8. Beddie), Department of State (Publica: tion 3023), Washington, D. C., 1948, ~ Nouveaux Supplements au Recueil des Traités (Georg Fré- déric Martens/Frédéric Murhard), Gottingen. ~ Netherlands Yearbook of International Law. ~ New York University School of Law Journal of Intema. tional Law and Politics = The New York Times, ~ Official Documents concerning Polish-German and Po- lish-Soviet Relations: 1933-1939. The Polish White Book, London/Melbourne/Ministry for Foreign Affairs of the Republic of Poland, ~ Official Jounal of the European Communities — Pégina da Internet da Organizagéo sobre Seguranga e Coope- ragdo na Buropa (http://www osce.org). ~ Peace and War: United States Foreign Policy: 1931-1941, Department of State, Washington, 1943, = Quadro Elementar das RelagGes Politicas e Diplométicas de Portugal com as diversas Poténcias do Mundo (Visconde de Santarémv/L. A. Rebello da Silva), I*ed., Pars; 2d, Lisboa, 1865, ~ Queen's Law Journal ~ Resolutions adopted by the General Assembly. ~ Revue Belge de Droit International = Russia And The Commonwealth Of Independent States — Documents, Data, and Analysis (Zbigniew Brzezinski! ‘Paige Sullivan), Armonk/London, 1996, ~ Recueil des Cours de la Académie de Droit International (La Haye), ~ Resolutions and Decisions Adopted by the General As- sembly ~ General Assembly Official Records, Rivista di Diritto Internazionale. Revue de Droit International, Sciences Diplomatiques et Politiques. Resolutions and Decisions Adopted by the Security Coun- cil - Security Council Official Records Revista Espatiola de Derecho Internacional Revista da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa. ~ Revue Générale de Droit International Public. ' 18 TUNCLS ucDmLP UCLANILFA UCLR ‘UNCIOSD UNPR UNTS UPUIEL, UPLR USDSWS Abreviaturas 15 Report of the International Law Commission. Review of International Studies. Revista Juridica (Associagdo Académica da Faculdade de Direito de Lisboa). Résumé Mensuel des Travaux de la Société des Nations. ~ Repertoire of the Practice of the Security Council = Repertory of the Practice of United Nations Organs. — Resolutions and Statements of the Security Council = Recueil des Traités, 2* ed. (George Frédéric de Martens), Gottingen. ~ Société Frangaise pour le Droit International. = Southern Illinois Law Journal = Stanford Journal of International Law. = St. Louis Post-Dispatch. = The Economist. The Guardian. = Texas International Law Journal. = Tulsa Journal of Comparative and International Law. = Tulane Law Review. = The Revue (International Commission of Surists). = The Toronto Star. ~ The Times. ~ Third United Nations Conference on the Law of the Sea, Official Records, United Nations, New York. = University of California Davis Journal of International Law & Policy. — UCLA Journal of International Law and Foreign Affairs. = University of Chicago Law Review. - = The United Nations Conference on International Organi- zation ~ Selected Documents, United States, Government Printing Office, Washington, 1946, = United Nations Press Release. = United Nations, Treaty Series ~ Treaties and International ‘Agreements Registered or Filed and Recorded with the Se- cretariat of the United Nations. = University of Pennsylvania Journal of International Eco- nomic Law. = University of Pittsburgh Law Review. = United States Department of State Web Site (http://www. state.gov). — Virginia Journal of International Law. = Vanderbilt Journal of Transnational Law. 16 VN vs WwILt WP YILC YJIL YUN ZAORV Direito Internacional Piblico Vereinten Nationen (hitp:/www.dgyn.de/publikationen/) ‘The Vancouver Sun. Wisconsin International Law Journal. Washington Post. Yearbook of the International Law Commission. Yale Journal of International Law. Yearbook of the United Nations. Zeitschrift fr Auslindisches Offentliches Recht und Vél- kerrecht. Parte II Sujeitos Capitulo I 0 Estado Secgao 1 Personalidade 1-Constituigao 1, Introducao. A personalidade jurfdica, entendida como susceptibilidade de se ser titular de direitos e obrigagdes ou outras situagGes jurfdicas, coloca alguns problemas particulares quando incide sobre entidades colectivas, como é © caso do Estado. O Estado, como resulta do Direito Intemacional da Responsabili- dade, constitui a personalizagio do aparelho de poder efectivo existente numa comunidade territorial. De facto, so considerados como actos do Estado os praticados pelos seus érgios ¢ estes sfo todos os individuos que facam parte da sua estrutura formal de poder nos termos do seu Direito in- temo (isto €, os que integram a sua Administragao!), bem como todos aqueles que se encontrem sob controlo efectivo de individuos integrados nesta?. Ou seja, o Estado nfo se identifica com a populagdo e muito menos com o seu territério; daf que os actos dos seus cidadéos que néo integrem " Incluindo a chamada Administrago indirecta¢ auténoma, visto que normalmente © Direito Intemacional desconsidera a personaidade juridica desta entdadese imputa os seus actos aos Estados (eft. 4, n° 1, pate final, do Projecto de 2001 sobre Responsabii- dade dos Estados da Comissio de Direito Intemacional (texto em RILC, S3rd Session, 2001, UN Doc. A/56V10, Chapter IV, pig, 43-59), apesar de existirem excepptes em rela- ‘o a actos juridicos intemacionais que aquelas pratiquem (ver, infra, pari. 29 € 35.3), 2 Trata-se da earacterizagdo que decorre do Direto Internacional Costumeiro tal ‘como estécodificado nos artigos 4a 10 do citado Projecto sobre Responsabilidade da Co- isso de Dirito Internacional (ver infra, parig. 35). 0 Direito internacional Piblica © seu aparelho néo The sejam imputados. O Estado é uma organizagéo ju- ridica que apenas os pressup6e, mas nfo se identifica com estes. O Povo € 0 territorio so pressupostos, mas ndo elementos do Estado. Apenas 0 Governo ¢ a estrutura de poder em que se apoia podem ser considerados como elementos do Estado, j4 que so estes o Estado, os seus érgios. O Estado € 0 chamado Estado-pessoa, um aparelho de poder personali- zado, ¢ no 0 alegado Estado-comunidade. Deste modo, o Estado caracteriza-se, em primeira lugar, pelo mono- polio sobre 0 uso legitimo da forga num determinado territ6rio® delimitado pelo Direito Internacional, o que leva a qualificé-lo, antes de mais nada, como uma organizagéo armada‘, Mas, claro estd, os Estados modemnos so bem mais do que isso, tendo assumido obrigagoes, designadamente, & luz do Direito Intemacional dos Direitos Humanos, em dominios que vio muito mais longe do que a mera manutengdo da ordem e segurangaS. Nao existem hodiernamente diividas de que o Estado constitui uma pessoa jurfdica® colectiva a luz do Direito Internacional, titular de direitos «¢ obrigagSes previstos por este Ordenamento. Tem, pois, uma personali- dade juridica distinta da dos individuos que sejam seus érgios e que for- ‘mam a sua vontade. Y O Estado € mesmo considerado 6 Sujeito internacional por excelén- cia, alegadamente dotado de uma capacidade plena, perante a capacidade 2 Neste sentido: Max Weber, Basic Concepts in Sociology, New York, 1962, 119 CA cmpulery pial sssiaton witha Contnana ornate Wl be cll “state” if and insofar as, its administrative staff successfully elsims the monopolizaton of the leptimte us of physical force in tae enforcement of its authority). * 0s meros particulaes, por mais poderosos econdmica epolicamente que sejam, ‘apenas podem utilizar orga com base numa causa de justficagfo que legitima o desrespito 4a proibigo de uso ds forga que thes é aplicvel em tdos os Estadot moderos, hz do res- pectivo Disc interme. Alguns Estados federados, ou algumas ouas essous clectivas ter "orais menorescradas pelo Estado, podem, por veaes, usar igualmente a forga rar ten daguia aso, deignetnnte cm tae tn mun doe sts has (Gederads, regions ou outos) Mas, segundo o Direito Internacional, os seus atos sh con- Sideras actos do Estado, excepto quando tenham personalidad internacional em elago a 0s juicos proprio. Qualqer concessio de poder a outa etidade para usr a forga 20 seu teritrio implica uma resi nacapacidade do Estado (ver, na, parse 8. Contudo, sublinhe-se que, quando esas entidades tenbam capacicade par a priica de actos juries intemacionais, como a celebraso de tatados 0 seu desrespeito implica 4 sua responsiblidade internacional e nfo a do seu Estado (ver, ina, pag. 29 © 35.3) 5 Ver, infra, pada. 32. Ou suit, na terminologia tradicional do Direito Internacional, que se mantém ara no cree confusses deorigem puramente termina Sujeitos 2 restrita dos restantes sujeitos internacionais. Em rigor, o individuo tem igualmente uma capacidade exclusiva bastante vasta, a que os Estados, de- signadamente por forga da sua natureza de entidades colectivas, nfo tém ‘acesso; pense-se nos direitos humanos. Deste modo, nao existe propria mente um sujeito internacional que tenha uma capacidade plena, que possa ser em abstracto titular de todos 0s direitos e deveres estabelecidos pelo Direito Internacional. Mas os direitos e deveres que cabem exclusiva- ‘mente ao Estado fazem deste 0 sujeito determinante na Comunidade In- ternacional. ‘A referida diferenciago juridica entre a personalidade do Estado e a dos individuos seus 6rgos tem grande relevancia pritica. Com efeito, ainda que se verifique uma alteragdo nos principais Srgos, por exemplo, pela substituigao do Presidente da Repiiblica e do Governo, nem por isso (05 direitos e obrigagdes interacionais do Estado se alteram. ‘Mas se estes dados so pacificos, jé sto menos claras as condigdes de facto e/ou de Direito que tém de estar reunidas para que seja posstvel con- siderar que existe um Estado a luz do Direito Internacional. O Direito Tr temacional Costumeiro estabelece que para se estar perante um Estado € primeiramente necessério que estejam reunidas algumas condigdes de facto: tem de existir um Povo, um territério e um Governo efectivo sobre estes, portanto, com 0 monopélio do uso da forga, com capacidade para conduzir as suas relagdes intemacionais®. Mas nao é absolutamente claro 7 Nem sempre assim se passaram as coisas. Até ao século XVIII, eram os ris que assumiam 0s direitos ¢ deveresintemacionais e nfo os Estados, nto inexistentesinterna- cionalmente enquanto pessoas juriicas. Assim, designadamente, eram os sews nomes que surgiam como partes nos tratados e no os dos Estados. ‘Daf as divergéncias quanto a determinar se ou quais os tratados intemacionais que vvinculavam os reis seus sucessores entre os autores do Século XVI e XVI. Assim, Jean Bodin, Los Seis Libros de la Republica (rad ed. francesa de 1576), Turin, 1590, Livro V, ‘Cap. VI, pig. 469-470, ainda sustenta a no vinculagso. Jé Hugo Grotis, Le Droit de la Guerre et de la Paix, Livro H, Cap. XIV, n.* X, Cap. XVI, n* XVI, parig, 1-2, tomo Il, Paris, 1967, pig. 228-229 e 290-291, fazia depender tl vinculagso de uma distingdo entre ratados reais e pessoais. no Século XVII que surge, ainda com muitas flutuagses, a prtica de considerar como partes os proprios Estados e nfo of seus governantes. Esta ¢iniciada pelas repsbli- as ¢ depois generaliza-se progressivamente, acabando com as dividas quanto & continu dade das situagées juridicas dos Estados (ver E. Correia Baptista, lus Cogens em Direito Internacional, Lisboa, 1997, pag. 64, nota 133) * Assim, o artigo 1 da Convengio laer-Americana de Montevideu sobre os Direitos Deveres do Estado de 26 de Dezembro de 1933 (texto em LNTS, vol. CLXV, 1936, ‘n° 3802, pag, 19-43) estabelece: “The state as a person of international law should possess 2 Direito Internacional Publica que tenham necessariamente de existir estes elementos de facto em todos ‘95 casos ou que estes sejam sempre suficientes. Acresce que nem sempre € liquido determinar quanto estas condigdes se encontram reunidas. Em qualquer caso, actualmente, em que toda a superficie terrestre do planeta se encontra sujeita a jurisdicao (ou a pretenséo) de algum Estado, 0s Estados tendem a nascer de uma de trés formas: por separagao (de parte do territério metropolitano ou colonial) em relago a outro Estado que Continua a sua existéncia, em resultado de dissolugio de um Estado ou de fusio de Estados com o surgimento de um novo, 2. Reconhecimento, Para superar as referidas dificuldades na identificagio dos sujeitos de Direito Internacional, surgiu a prética do reconhecimento. Este ficou defi- nido como 0 acto jurfdico unilateral pelo qual um sujeito capaz declara considerar uma entidade como sujeito internacional, ou como legitimo 0 titulo de poder dos novos governantes de um Estado que o adquiriram de forma contréria ao Direito intemo, ou ainda, como conformes com 0 Di- reito Internacional determinados actos ou sittlagdes jurtdicas?. Em relag&o a personalidade do Estado, o reconhecimento é, portanto, © acto unilateral pelo qual os restantes Estados manifestam o seu entendi- mento de que uma determinada entidade € um Estado. the following qualifications: (a) a permanent population; (b) « defined terttory; (e) go- ‘vernment; and (d) capacity to enter into relations with the other states” ‘A Comissdo de Arbitragem da Conferéncia de Paz para a ex-Jogostéviaafirmou de forma mais sintétca:“I'Btat est communément défini comme une collectvité qui se com pose d'une teritoire et d'une population sours & un pouvoir politique organise; qu'il se ‘caractérise par la souveraineté” (cfr. Avis 1, 29 novembre 1991, pérag. 1b, texto em RGDIP, tome 96, 1992, n.* 1, pég. 264-266). Igualmente um Tribunal Norte-Americano sustentou distinguindo correctamente 0 Estado enquanto entidade eos seus pressupostos: “Under intemational la, state i an en- ‘iy that has a defined territory and a permanent population, under the contol ofits own government, and that engages in, or has the capacity to engage in, formal relations with ther such entities” (cfr. United States: Court Of Appeals For The Second Circuit Decision 'm Kadic v. Karadzic, October 13, 1995 (texto em ILM, Vol. 34, No, 6, 1995, pig. 1592- “1614, na pdg, 1606)). * Ver E, Conreia Baptista, Direito Internacional Publico — Conceito e Fontes, Voll, Lisboa, 1998, pag. 395 Sujeitos 2B 2.1. A questo dos seus efeitos. Apesar da simplicidade da nogéo de reconhecimento, a questo dos © seus efeitos tem suscitado grande polémica doutrinéria. Esta tem incidido ‘quer no reconhecimento do Estado ou do seu Governo, quer de outras en- * tidades. Tém-se oposto a teoria da eficécia declarativa e a da eficdcia cons- . titutiva. . A primeira entende que a entidade a reconhecer ja existe enquanto tal, limitando-se 0 reconhecimento a ser um atestado subjectivo da parte do Estado seu autor no sentido de que aquela entidade reine efectivamente E. 0s requisitos necessdrios. Deste modo, esta tese sustenta que 0 Direito In- temacional regula minuciosamente os pressupostos de formago de um / novo sujeito internacional ¢ que juridicamente este surge automatica- F- mente: decorre directamente do Direito Internacional, sem ser necessario F qualquer acto posterior dos restantes Estados!©, Assim, um Estado jé seria ~ um Estado a partir do momento em que reunisse os tradicionais requisitos: = teria, pois, imediatamente todos os direitos conferidos aos Estados que po- We A defesa do seu caréter declaratvo tem apoio no artigo 3 a refrida Convencio Inter-Ameriana sobre os Dseitos e Deveres do Estado ["The political existence of the ales independent of recognition bythe other states. Even before recognition the state hs the right to defend its integrity and independence (..”). mesmo prceito consta da Carta dda Organizagao de Estados Americanos, artigo 13, emaborao artigo 14 também refira que “Recognition implies thatthe State granting acceps the personality ofthe new Stat, with allie rights and duties that international law prescribes for the two States", o que pode também sr ldo loz de uma visto constiutiva do resoahecimento. 'A Comissdo de Abitragem da Confeéncia para a Paz na Jugosléviaafiemou ex: pressamente 0 earécter declarative do recoahecimeato (‘Vexstence ou la disparton de TPBtat est une question de fait, que la reconnaissance par les auses Etats A es effets pare- tment dclarats” (eft, Parecer n° 1 de 29 de Novembro de 1991 (em RGDIP, tomo 96, 1992, n° |, pig, 264-266 na pg. 264], Mas, num outro parecer, depois derefirmar esta posiio, velo acrescentar que pelo seu resonkecimento os Estados conferem a0 novo ES {ado “certains droits et certaines obligation au regard du droit international” (ff Parecer n° 8 ded de Julho de 1992, texio om RGDIP, 1993, n° 2, tome 97, pig, 588-590, na pé. ue jd parece uma posigdo mista e nfo paramente declarativista 5 Oaks mais clr. wteso Tibaal dos EUA sonento: “Under itemational la, a state (.) doesnot require recognition by oter states” [oft Court Of Appeals (. Kadiev. Karadei, pit. 1606) Em consequénca, 0 Tibunal adopt a excessva conc So de que a eatdade svi da Béenia- Hercegovina fora um Estado durant operiodo em aque pozou de independénciaefeciva, até aos Acordos de Dayton que puseram terme #0 onfio amado naguele Estado co Vieram organiza. 2 Direito Internacional Pitblico deria opor mesmo aos Estados que 0 néo reconhecessem. Estes, contudo, teriam plena liberdade em recusar conceder o reconhecimento! A tese da eficdcia constitutiva do reconhecimento afirma, pelo con- Itério, que 6 este acto que atribui a entidade a reconhecer o seu estatuto de Estado (ou de outro sujeito) ou a legitimidade para vincular um Estado como seu Governo perante 0 autor do reconhecimento, Os seus partidérios sustentam, portanto, que a atribuigdo do estatuto de Estado, e mesmo a personalidade juridica de entidades colectivas, ou de Governo, dependeria sempre do reconhecimento; nunca decorreria directamente do Direito In- temnacional. Isto significa que uma entidade poderia constituir um Estado perante um outro Estado que a reconheceu, mas no perante um terceiro que recusou conceder tal reconhecimento. Em qualquer caso, entendem que o Direito Internacional coloca al- ‘guns limites ao reconhecimento, proibindo os reconhecimentos prematu- os, mas que ndo estabelece de forma rigida os pressupostos do reconhe- cimento, mesmo o de Estado ou de Governo. A cada Estado competiria com apreciavel margem de liberdade decidir se o reconhecimento deve ou no ser concedido'?, Por forga do cardcter gravoso da auséncia do reco- "Na Dona, defendem o seu carter deci: fon F, Wiliams, Some Thoughts on the Doctrine of Recognition in International Law, HLR, Vol. 47, 1934, pég. 776-794, na pg. 719-780 ¢ 793-794; Institut de Droit International, Resolutions Concer ning the Recognition of News States and News Governments, April 1936, ago 1, par. 2, texto em AIDI, 1936, Vol. Il, pg. 300-305 (também em AIIL, Vol. 30, No: 4, 1936, Supplement, pég. 185-187); Philip M. Brown, Recognition of New States and Govern: ments, AJIL, Vol. 30, No. 4, 1936, pég, 689-694, na pag. 692-693 e em Legal Effects of Recognition, ATIL, Vol. 44, No. 4, 1950, pig, 617-640, na pég. 639-640; Edwin Borchard, Recognition and Non-Recognition, ANIL, Vol. 36, No. 1, 1942, pég. 108-111, na pag. 109; Herbert Briggs, Recognition of States: Some Reflections on Doctrine and Practice, AJIL, Vol. 43, No. 1, 1949, pég. 113-121, na pdg. 118-119; Josef Kunz, Critical Remarks on Law terpacht's “Recognition in International Law", ATIL, vol. 44, n° 4, 1950, pég. 713-719, na pig. 119-120; Joe Verhoeven, La Reconnaissance Internationale: Déctin ou Renow eat, AFDI, 1993, pg. 7-40, na pég. 29-31; Colin Warbrick, Recognition of States - Part 2, ICLQ, vol. 42, 1993, pag, 433-442, na pig. 433-434 © 441 (embora de forma pouco clara); Peter Dipaola, A Noble Sacrifice? Jus ad Bellum and the International Communit- 1's Gamble in Chechnya, UGLS, Vol. 4, 1997, pég. 435-469, na pag. 447-449; Tra-wen ‘Lee, The International Legal Status Of The Republic Of China On Taiwan, UCLAIILFA, ‘Vol. 1, 1996/1997, pg. 391-392, na pig. 385-386; Y. Frank Chiang, State, Sovereignty, ‘And Taiwan, FILI, Vol. 23, 2000, pég. 959-1004, na pag. 969-970; Sergio Carbone, I Sog- Settle Gli Attori nella Comunita Internazionale, em Istinuzioni di Ditto Internazionale, “Torino, 2002, pég. 1-36, na pég. 10-11 "A dofesa da natureza consttutiva do reconhecimento do Estado em William Hill, A ‘Treatise on International Lav, 2nd ed., Oxford, 1884, pig. 82, parig. 26; Lassa Oppenheim, Sujeitos ecimento, alguns autores defensores desta tese chegaram mesmo a de~ ader que existiria um dever de reconhecer quer Estados, quer Governos. ‘Os defensores de ambas as teses, regra geral, sustentam que 0 reco- ecimento é um acto individual que cria relagdes meramente bilaterais o Estado autor e a entidade reconhecida. E, em relago a sujeitos me- tradicionais, como os insurgentes e os beligerantes, tendem a con- ar que 0 seu reconhecimento teria carécter constitutivo. . Regime juridico. ‘Como se verd, a entidade objecto de um reconhecimento como Es- tado tem quase sempre jépersonalidade jurieaintemacional. A fungio “do reconhecimento de Estado, tenha eficécia consttutiva ou declarativa, ‘a de alargamento da capacidade de goz0 da entidade reconhecida, que "passa a ser titular do estatuto de Estado, e ndio a de conceder personalidade * internacional. | interitoon efit, pratcamente em todas as situagSes existe previamente ‘uma estrutura de poder que foi personalizada automaticamente pelo Di- reito Internacional por forga da sua vinculagio & maioria das normas deste Ordenamento; em particular as respeitantes aos direitos dos Estados, bem como aos direitos humanos, incluindo, se existir um conflito armado, o Di- reito Humanitério. Nestes casos, o aparetho de poder do movimento ar~ ‘mado vitorioso converte-se no do novo Estado. ional Treatise, Vol. 1, London, 1905, pég 109, parg. 7H; Clarence Ber- da Reon, aol 1 No 8 20,5199, 0.5. Dos Anat Coro Dro ternal 1 es, Padova 964 et) "158; Hans Kelsen, Recognition in International Law ~ Theoretical Observations, Ta pau Gh ete rs Sernments 1, CLR, Vol XLV, 1945, lig, 815-864, na pg. 815: Quincy Wright, The Chi nese Recognition Problem, AltL, Vol. 49, No.3, 195, pi: 320-338, a pig. 325 (ese Insta) Bin Cheng, Custom: The Future of Genera State Practice Ina Divided World em, The Srctre ond Process of International Law; Essays in Legal Philosophy Doctrine an Theory (eR St J Macdonald Douglas M, Jobson), Dorre/Boston/Lancases, 1986 pg 513-54, ma pig. 517; Duna B Hol, Accountability In Chechnya Addressing feral Maters with Legal and Pola International Norms, BCLR, Val. 36,1995. fe 193846, apg. 816-817, Cran Hilger, Phe Adis of New States the Ie rational Comoaity, ESL, Vol. 9,198, No.3, pg, 491-50, pig. 492 498; Thomas Grant States Newiy Admitted to the United Nations ~ Some Implications, CITL. Vol. 39, 2000, pg. 177-192, na pag, 183-184 Direito Internacional Piblico Mas mesmo quando tal nfo ocorre, se os seus 6rgiios dirigentes forem Os mesmos individuos, para todos os efeitos 0 movimento armado encon- tra-se sob a sua ditec¢do e, consequentemente, os seus membros conver- tem-se em érgios do Estado. E, de qualquer modo, quando os dirigentes tem o cuidado de distinguir as estruturas do movimento das do Estado, tal significa que 0 Direito Internacional mantém a personalidade do movi- mento (se este mantiver estruturas efectivas de poder) e personaliza ime diatamente a da entidade que visa constituir um Estado, logo que esta adquire uma estrutura de poder que ndo pode deixar de se encontrar vin- culada pelas referidas normas intemacionais que tutelam direitos humanos ou direitos dos outros Estados!2 O problema é saber se, apesar de nfo criar normalmente a sua perso- nalidade, 0 reconhecimento, ainda assim, tem efeitos constitutivos sobre esta promocdo e alargamento de capacidade: isto é, na conversdo de uma mera organizagdo armada efectiva em Estado, Segundo se julga, néo € Possfvel dar a mesma resposta em todos os casos. Existem situagées em que sim, Mas existem igualmente outras em que este tem efeitos pura- mente declarativos. a 2.2.1, Efiedcia declarativa. Considerar que 0 reconhecimento tem sempre efeitos constitutivos seria entender que nfo pode existir qualquer direito a independéncia, jé que este 56 se concretiza verdadeiramente pela constituigao de um Estado, Ora, se s6 existissem Estados com base no reconhecimento, tendo em conta que este € considerado um acto livre'4, seria necessdrio considerar © Ver, ha, pardg. 30.2. "A defesa por parte de alguns autores, patdtis da tse da efcdcia constitutive,

Você também pode gostar