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Como se
faz?) – do pensamento político às práticas possíveis.
- Artigo de opinião -
Por
O manual escolar contínua a ocupar um espaço ainda hoje insubstituível no nosso sistema
educativo. Em todas disciplinas do ensino primário e secundário, ainda existe uma cultura
enraizada do manual quer seja por razoes económicas, culturais quer seja por razões
técnicas e de conhecimento.
Pensar na revisão dos manuais de ensino é um aspecto chave para a melhoria da qualidade do
sistema de educação e ensino, por tais razoes, a revisão dos mesmos constitui pedra-base da
efectivação do currículo nacional. Mas, temos de ter o cuidado de não o fazer com “pressa”,
correndo o risco de termos planos de estudos com conteúdos na forma de um “menu escolar”
que significa tão-só, dentro da metáfora da macdonaldização do saber, o fast-food uniforme,
ineficiente e de reprodução, visando desenvolver apenas dois tipos de conhecimentos: factual
e conceitual e dois tipos de desenvolvimento do processo cognitivo: lembrar e definir. Neste
sentido, defendo a tese de que “o manual escolar constitui-se como um elo essencial de
qualquer curpus curricular” e a sua revisão macdonaldizada nos discursos políticos, pode
dificultar a elaboração integral.
Nossa intenção não é fazer uma arqueologia do manual escolar, mas situar que a sua
elaboração encontrará coerência não apenas no âmbito do contexto discursivo presidencial,
mas sim no contexto que lhe dá sentido, onde o manual é o artefacto que dá forma material a
modo de proceder pedagógico para a reprodução cultural.
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Diplomado em Estudos Avançados pela Universidade de Lisboa; Doutorando em Educação, na área de
especialização em Teoria e Desenvolvimento Curricular, pelo Instituto de Educação da Universidade de Lisboa;
Investigador Colaborador do Instituto de Educação da Universidade de Lisboa; Mestre em Ciências da
Educação, especialização em Pedagogia do Ensino Superior – pelo ISCED- Luanda; Licenciado em Pedagogia –
Universidade Agostinho Neto – ISCED –Cabinda; Autor de dois livros; Orienta trabalhos de Fim do Curso; Tem
artigos publicados em revistas e conferência internacionais; Exerce as funções de Director dos Serviços
académicos da Universidade 11 de Novembro; É Professor Auxiliar, lecciona a disciplina de Desenvolvimento
Curricular.
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A busca de um padrão eficiente e eficaz para os manuais escolares, não deve circunscrever-se
na base de discursos como se não existisse um Ministério da Educação e o INIDE – a tónica
da revisão não deve ignorar o que já foi feito. Deve ficar claro desde o início que há um risco
em assumir os discursos como linhas mestras para a revisão dos manuais uma vez que elas
nos induzem apenas aos compromissos ideológicos, sem querer refutar o papel do estado.
Nossas perguntas
Não é possível enveredar na revisão dos manuais ao nível do macro sistema (Estado, MED e
MESCTI) e deixar de pensar na formação inicial e contínua do professor, pois, uma das
dimensões a ter em conta na formação de professores é a “dimensão de participação a nível
micro – escola e de relação com a comunidade”, isto é, deve participar na construção,
desenvolvimento e avaliação do projecto educativo (ex. os manuais) e dos projectos
curriculares.
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professores fazem parte. Defendemos uma Pedagogia da colaboração entre professores do
ensino primário (concretamente na 5ª e 6ª Classe), como uma forma de superar e ultrapassar
as dificuldades dos professores advindas da formação inicial, pois visa mobilizar partilhas de
experiência, ajuda e apoio.
2. Coerência na vertente das relações dos níveis e subsistemas de ensino, assim como na
vertente de diferentes sistemas de conhecimento implicados no currículo (disciplinas
do saber).
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Notas finais – sugestões
Para uma educação e ensino de qualidade, temos de revisar os manuais de ensino olhando
para as exigências do século XXI, evitando “alterações cosméticas” nos manuais dos alunos
do ensino primário. Para tal, a formação dos professores deve ser muito sólida não apenas no
recurso aos manuais, como também no acesso permanente a equipamentos e ferramentas.
Que a elaboração dos manuais deve ser da responsabilidade das editoras locais e com
acompanhamento dos especialistas por áreas de saber e conhecimento;
Que se crie uma comissão de avaliação externa dos manuais, envolvendo comissão dos
encarregados de educação; sindicato e parceiros …
Para terminar a coerência na elaboração dos manuais deve circunscrever-se nas três funções:
i) - informação – implica filtragem de escolha; ii) – estruturação e organização da
aprendizagem – implica progressão, considerando exercícios como ponto de partida para a
elaboração de conhecimentos e iii) – função de integração de experiências.
Pedro, L. E. (2020). Revisão dos manuais do ensino primário e secundário em Angola. (A. Bambi, Ed.)
Jornal O País , 10-11.