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INTRODUÇÃO À

ECONOMIA
Instituto Superior de Línguas e Administração

CADERNO 1 - MICROECONOMIA

Carlos Miguel Oliveira


28-01-2008
INTRODUÇÃO À ECONOMIA – PARTE I MICROECONOMIA

F IC H A T ÉC N IC A

Manual de Introdução à Economia

Carlos Miguel Oliveira

Versão 01

ISLA de Vila Nova de Gaia


Direcção Académica

Depósito Legal 000 000/00

ISBN 000-00-0000-0

Carlos Miguel Oliveira | Março de 2008 | R.0 …………………………………::……………………………. 1


INTRODUÇÃO À ECONOMIA – PARTE I MICROECONOMIA

Conteúdo
1.1. O OBJECTO DA ECONOMIA ....................................................................................................... 4
1.2. A ESCASSEZ E A ESCOLHA ....................................................................................................... 6
1.3. QUESTÕES NORMATIVAS E QUESTÕES POSITIVAS NA ANÁLISE ECONÓMICA ...................... 7
1.4. A RACIONALIDADE ECONÓMICA ............................................................................................... 7
1.5. O CRITERIO DO CUSTO/BENEFÍCIO NO PROCESSO DE DECISÃO .......................................... 7
1.5.1. OS ERROS MAIS COMUNS NA TOMADA DE DECISÃO ......................................................... 8
1.6. O MERCADO .................................................................................................................................. 11
1.6.1. AFINAL QUEM DIRIGE O MERCADO? ................................................................................. 13
1.6.2. A MÃO INVISÍVEL NO CONTEXTO DA CONCORRÊNCIA PERFEITA ..................................... 14
1.7. O PAPEL ECONÓMICO DO ESTADO ........................................................................................ 15
2. Procura e Oferta ............................................................................................................................... 18
2.1 A procura de mercado ................................................................................................................... 19
2.2.. A oferta de mercado .................................................................................................................... 21
3. ELASTICIDADES ................................................................................................................................ 24
3.1. A ELASTICIDADE-PREÇO DA PROCURA (Ed) ........................................................................... 24
3.2. A ELASTICIDADE-PREÇO DA OFERTA (Eo) ............................................................................... 28
3.3. OUTRAS ELASTICIDADES DE PROCURA ................................................................................. 28
4. A ESCOLHA DO CONSUMIDOR e A PROCURA DE MERCADO ......................................................... 30
4.1. O CONJUNTO DE OPORTUNIDADES OU A RESTRIÇÃO ORÇAMENTAL .................................. 30
4.2. ORDENAÇÃO DAS PREFERÊNCIAS ......................................................................................... 34
4.3. A UTILIDADE ............................................................................................................................ 38
4.4. A PROCURA INDIVIDUAL E DO MERCADO .............................................................................. 40
5. TEORIA DA EMPRESA: PRODUÇÃO e CUSTOS DE PRODUÇÃO ....................................................... 47
5.1. TEORIA DA PRODUÇÃO ........................................................................................................... 48
5.1.1 Introdução ........................................................................................................................... 48
5.1.2. Análise da Produção com um factor Variável ................................................................... 51
5.1.3. Análise da Produção com dois factores variáveis ............................................................ 56
5.2. TEORIA DOS CUSTOS DE PRODUÇÃO .................................................................................... 64
5.2.1. CUSTOS DE OPORTUNIDADE VRS CUSTOS CONTABILISTICOS ........................................ 64
5.2.2. CUSTOS A CURTO PRAZO ................................................................................................... 65
5.2.3. CUSTOS A LONGO PRAZO ................................................................................................... 68
6. ESTRUTURAS DE MERCADO ............................................................................................................ 72
6.1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................................... 72
6.2. O MERCADO DA CONCORRÊNCIA PERFEITA.......................................................................... 73
6.3. MONOPÓLIO ............................................................................................................................ 84
6.4. OLIGOPÓLIO............................................................................................................................. 90

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6.4.1. O MODELO DE COURNOT E BERTRAND ............................................................................ 91


6.4.2. O MODELO DE EDGEWORTH.............................................................................................. 92
6.4.3. O MODELO DE CHAMBERLIN ............................................................................................. 92
6.4.4. TEORIA DE JOGOS ............................................................................................................... 93

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INTRODUÇÃO À ECONOMIA – PARTE I MICROECONOMIA

1. INTRODUÇÃO À ECONOMIA

1.1. O OBJECTO DA ECONOMIA

A economia é uma ciência social abrangente, dedicada à compreensão da forma como a sociedade
faz a afectação dos seus recursos escassos.

Como disciplina académica, a economia tem dois séculos. Adam Smith publicou o seu livro pioneiro
A riqueza das Nações em 1776 (ano da declaração de independência dos E.U.A1), dando um
elevado contributo na análise do modo como os mercados organizavam a vida económica e
geravam um rápido crescimento económico. Demonstrou que um sistema de preços e de mercado é
capaz de coordenar os indivíduos e as empresas sem necessidade de qualquer direcção central.
Começava a era do capitalismo, marcada pela proliferação das empresas do sector ferroviário, têxtil
e outros, que estenderam a sua influência a todas as partes do mundo. Com o início da Revolução
Industrial na Grã-Bretanha, desenvolveu-se paralelamente a ideologia do liberalismo clássico e do
capitalismo. Estas ideias liberais eram baseadas nos fundamentos da doutrina do lassaiz-faire,
segundo a qual caberia aos governos assumirem exclusivamente as funções que apoiassem e
estimulassem as actividades lucrativas, e a interferência governamental era proibida nos demais
assuntos económicos. O liberalismo proporcionou as bases filosóficas do sistema capitalista e criou
na Inglaterra uma atmosfera favorável ao desenvolvimento do sistema fabril.

Adam Smith mostrou uma preocupação com a análise das empresas, no contexto da sua situação
perante o mercado, desenvolvendo as ideias do laissez-faire e mão invisível, procurando explicar a
formação dos preços com base em duas teorias de organização do mercado, a saber, a
concorrência perfeita e o monopólio. A primeira foi adoptada na Teoria Económica tradicional por
mais de 150 anos sem contestação. Nesse sistema, a empresa tem os seus preços determinados
pelo mercado, através da inter-relação entre a oferta e a procura. A flutuação dos preços determina
a produção, os custos e o lucro. Para Adam Smith, o sistema de preços era infalível, pois levaria
sempre ao equilíbrio de firma e da economia.

Assim, resumidamente, o mercado de concorrência perfeita ou pura é concebido como organizado


por um grande número de empresas, que individualmente são pequenas em relação ao todo
(mercado) e não podem exercer influência perceptível no preço. O produto é homogéneo, ou seja,
qualquer empresa vende um produto idêntico ao de qualquer outra e, portanto, os compradores são
indiferentes ao comprarem a qualquer vendedor Observa-se a existência da livre mobilidade dos
recursos, no sentido de que cada recurso pode imediatamente entrar e sair do mercado como
respostas a impulsos monetários. O outro sistema de organização de mercado examinado pelos
clássicos é o monopólio, definido como uma situação em que há apenas um produtor num mercado
bem definido, sem a existência de rivais ou concorrentes directos.

Posteriormente, com os neoclássicos, a Teoria dos Preços foi formulada em termos de uma nova
teoria do valor baseada nos conceitos de “utilidade” (já desenvolvidos pelos clássicos) passou a
constituir a essência do pensamento microeconómico, ou seja, da tomada de decisões. A teoria da
empresa, desenvolvida sobre este prisma, passa a descrever o equilíbrio da empresa como sendo
1 Não é uma coincidência o aparecimento destes dois documentos. O movimento pela libertação política da tirania das
monarquias europeias surgiu quase simultaneamente com as tentativas de emancipação dos preços e salários da pesada
regulamentação estatal.

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baseada em ajustes marginais, ou seja, em termos das variações em unidades adicionais de


produção (teoria da produção) e de custos (teoria dos custos).

Um século depois, surge Karl Marx (1867, 1885, 1894) que com o seu trabalho “O Capital”, veio
tecer uma enorme crítica ao capitalismo, condenando-o pelos seus ciclos económicos, e pelas
profundas depressões que os caracterizavam. Marx defendia que estas depressões iriam criar
movimentos revolucionários, conduzindo ao socialismo. A sua corrente de pensamento era oposta à
neoclássica, surgindo como resposta aos elevados custos sociais e decréscimo do bem-estar,
decorrentes do capitalismo e revolução industrial2.

Nas décadas que se seguiram, os acontecimentos pareciam confirmar as profecias de Marx. O


pânico económico e as profundas depressões dos anos 90 do século passado e dos anos 30 do
actual levaram os intelectuais do século XX a questionar a viabilidade do capitalismo da empresa
privada. Os socialistas começaram por aplicar o seu modelo na União Soviética em 1917 e por volta
de 1980 cerca de um terço do mundo era regido por doutrinas marxistas.

Em 1936, na sequência da grande depressão, John Maynard Keynes publicou “A Teoria Geral sobre
o Emprego, o Juro e o Dinheiro”. Esta obra fundamental descrevia uma nova abordagem da
economia que ajudaria as políticas governamentais, fiscais e monetárias a suavizar os maiores
estragos dos ciclos económicos.

Nos anos oitenta, as perspectivas fundamentais de Adam Smith foram redescobertas, marcadas
pela capacidade do mercado para gerar rápidas mudanças tecnológicas e elevados padrões de vida.
No ocidente os governos reduziram a seu papel regulamentador e liberalizaram os preços. Na
Europa de leste (1989) os países socialistas abandonaram o seu aparelho de planeamento central e
permitiram que as forças de mercado se desenvolvessem novamente.

Definição de economia: é o estudo da forma como as sociedades utilizam os recursos escassos para
produzir bens com valor e como os distribuem entre os seus diferentes membros.

Na nossa cadeira distinguiremos entre macroeconomia, que estuda o funcionamento da economia


como um todo, e microeconomia, que estuda o comportamento dos componentes individuais tais
como a indústria, a empresa e o indivíduo.

No início tínhamos apenas o conceito de economia. Apesar da existência simultânea dos dois
“braços” económicos ao longo dos séculos, a sua divisão só começou a ser mais transparente a
partir da 1ª grande depressão de 1930, em que Ragnar Frish3 (1985-1973), um economista
norueguês, criou as palavras micro-dinâmica e macro-dinâmica (1933) para denotar aquilo a que
hoje chamamos micro e macroeconomia.

As diferenças entre os dois ramos da economia são:

A microeconomia lida com as escolhas individuais enquanto a macro lida com agregados
económicos (consumos totais, produção total, etc.). A distinção é contudo sujeita algumas
qualificações pois mesmo em microeconomia lidamos com agregados como procura total, procura
de mercado para o trabalho, oferta da indústria. Contudo a diferença reside no facto de que estes
agregados são derivados das escolhas individuais (para além de na micro estudarmos agregados de
produtos homogéneos; não estudamos a procura combinada entre maças e laranjas). Na
macroeconomia falamos por exemplo de PNB (produto nacional bruto), que é o agregado de muitos
tipos diferentes de produtos.

2 A revolução industrial elevou a produtividade do trabalho a níveis inusitados para a época, com a multiplicação das fábricas
e a ampliação da utilização da máquina, que se fez à custa do bem-estar social.
3 Conjuntamente com o economista Alemão Jan Tinbergen ganhou o Prémio Nobel da Economia.

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Na microeconomia, os preços relativos tem um papel fundamental na análise económica. Aqui nós
estudamos a resposta dos consumidores e produtores a alterações relativas dos preços, tratando
sempre a questão de uma forma homogénea. Na macroeconomia os preços têm uma importância
relativa.

1.2. A ESCASSEZ E A ESCOLHA

A microeconomia é o estudo de como as pessoas fazem opções sob condições de escassez. Não
devemos dar uma interpretação restritiva à escassez porque mesmo quando os recursos materiais
são abundantes outros recursos importantes não o serão.

Ex. O dinheiro é um recurso escasso, mas para um magnata que contraia uma doença mortal a
escassez não reside no dinheiro, mas sim no tempo, na energia e na mobilidade física necessária ao
desempenho das suas actividades normais.

O tempo e o dinheiro não são os únicos recursos escassos. Toda a escolha envolve
considerações importantes de escassez. Conviver com a escassez é a essência da condição
humana. Na verdade, se não fosse o problema da escassez, a vida ficava desprovida de muito do
seu sentido e dificilmente qualquer decisão teria importância para alguém com um tempo de vida
infinito e recursos materiais inesgotáveis.

De facto, toda a nossa vida é um complexo problema de múltipla escolha. Simultaneamente, os


indivíduos e as empresas tem inúmeras escolhas e decisões a tomar (quando e como aumentar o
output, produzir o output interna ou externamente; etc.), e nem todas podem revestir a
característica económica (apesar de existir sempre uma possível explicação). Na nossa análise
preocupar-nos-e-mos com as escolhas económicas mais convencionas, envolvendo a alocação de
recursos escassos de forma eficiente.

Os recursos produtivos são usualmente classificados nas seguintes categorias:

- Recursos naturais: terra, água, ar, minerais e florestais;

- Recursos humanos: trabalho especializado e não especializado;

- Recursos de capital: máquinas, equipamentos, edificações;

- Recursos organizacionais: uma categoria especial que deriva da combinação e potenciação dos
recursos da instituição. Consiste na combinação dos três recursos anteriores para produção de um
output. Esta acção envolve riscos, cabendo ao empresário a responsabilidade organizativa.

No futuro falaremos de recursos produtivos com factores de produção e estudaremos a forma como
as empresas combinarão os recursos escassos na produção de bens e serviços. Bens e serviços que
também serão escassos para o consumidor, sendo as suas alocações feita (em sistema capitalista)
através dos mercados. Aqui os consumidores terão que decidir, tendo em atenção que o seu poder
de compra é limitado (escasso) e deve ser alocado pelos diferentes tipos de bens e serviços, que
constituem o seu cabaz de compras.

O nosso objecto de estudo centrar-se-á nas decisões individuais feitas pelos consumidores,
empresas e governo (que de uma forma menos extensa afecta a última alocação dos recursos
escassos da sociedade).

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1.3. QUESTÕES NORMATIVAS E QUESTÕES POSITIVAS NA


ANÁLISE ECONÓMICA

Num sentido mais lato saber se as áreas de floresta virgem devem ser ou não protegidas, ou se o
governo deveria ou não garantir o rendimento mínimo nacional são afinal questões normativas -
questões que envolvem os nossos valores. Uma questão normativa é urna questão sobre o que tem
de ser ou deveria ser. Por si só a análise económica não consegue responder a estas questões.

A análise económica pisa terrenos mais firmes quando se trata de responder a questões positivas -
questões acerca das consequências políticas e mecanismos institucionais específicos. Se
proibirmos o abate de árvores nas florestas virgens, o que pode acontecer ao preço da madeira?
Que outros materiais poderiam ser desenvolvidos e a que preço? Qual a influência do rendimento
mínimo nacional no desemprego? Estas são questões económicas positivas, e as respostas são
nitidamente importantes para o nosso pensamento sobre as questões normativas subjacentes. Aqui
as afirmações económicas começam com pressupostos a partir dos quais se derivam conclusões
(comprovadas empiricamente). A análise económica positiva não envolve valores ou opiniões, tendo
as suas respostas relevância importante para a formação do nosso pensamento sobre as questões
normativas subjacentes.

1.4. A RACIONALIDADE ECONÓMICA

Ser racional quer dizer tomar decisões de acordo com o critério custo-benefício, isto é, actuar se e
só se os benefícios excederem os custos.

Existem dois critérios de racionalidade:

Baseada no egoísmo - critério segundo a qual o indivíduo racional considera somente os custos e
benefícios que se referem directamente a eles. Este padrão, explicitamente, anula motivações como
tentar fazer os outros felizes, tentar fazer o que esta correcto, etc.

Baseado no objectivo imediato - teoria segundo a qual as pessoas racionais agem eficientemente na
procura de qualquer objectivo que tenham no momento da tomada da decisão. O atractivo deste
critério mais geral é o de que ele envolve motivações (dever, gostar, caridade, etc.).

Por exemplo, se o desejo irresistível de um fumador é o de saborear um charuto esta conduta seria
racional segundo o critério do objectivo imediato, sempre que a pessoa não pagasse mais pelo
charuto do que o necessário. O facto de se arrepender posteriormente a ter fumado um cigarro, ou,
inclusive isso ser causa de morte prematura, não é simplesmente relevante segundo este critério.
Segundo o critério do egoísmo, pelo contrário, esta conduta seria irracional.

Ambos os critérios encontram amplas aplicações na análise económica. Qualquer um dos padrões
que empreguemos implica uma solução de compromisso.

1.5. O CRITERIO DO CUSTO/BENEFÍCIO NO PROCESSO DE


DECISÃO

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“The true cost of any decision includes the cost of the best forgone opportunity”

“A thorough understanding of costs is fundamental to understanding economic decision making.”

Muitas das opções que os economistas estudam podem ser resumidas na seguinte questão.

Deverei efectuar a actividade x'?

Os economistas dão resposta a estas questões, comparando os custos e benefícios da actividade


em questão. A regra de decisão a usar é simples. Se:

C(x) representa os custos de fazer x

B(x) os beneficios

Então;

se B(x)>C(x) implica fazer x . De outro modo, não.

Para se aplicar esta regra, necessitamos de definir e medir os custos e benefícios. Os valores
monetários são um útil denominador para este propósito, mesmo quando a actividade não tem
nada a ver com o dinheiro.

1.5.1. OS ERROS MAIS COMUNS NA TOMADA DE DECISÃO.

Erro 1. Ignorar o custo de oportunidade

Imagine que costuma ir a discoteca todas os sábados, e que para si vale 5.000u.m.. O consumo
mínimo é de 3 000u.m.. contudo este não é o único custo para ir à discoteca. Deve ter também em
consideração o valor da alternativa mais atractiva a que renunciará no caso de ir a discoteca.
Suponha agora que se não for, ficará a trabalhar como assistente para um dos seus professores.
Este trabalho rende-lhe 4.000u.m. por dia, e gosta tanto de o fazer que o faria mesmo sem ser
pago. Assim, a questão que se coloca é “Devo ir à discoteca ou ficar a trabalhar como assistente?"

Neste caso, o custo não é somente o custo explícito de ir á discoteca (3 000u.m.) mas também o
custo de oportunidade de perder o seu salário (4.000u.m.), O total dos custos são de 7.000u.m., o
que ultrapassa o benefício que é e 5.000u.m..

Devo trabalhar primeiro ou tirar antes um curso universitário?

As despesas relativas a frequência num curso universitário não se limitam ao custo das propinas,
alimentação, alojamento, livros e outros materiais escolares. Incluem também o custo de
oportunidade dos salários perdidos enquanto se estuda. Este custo é tanto maior quanto maior for a
experiência profissional, ou seja, é menor quando se começa a trabalhar depois de terminar o
ensino secundário.

Considerando o lado dos benefícios, uma das vantagens de um curso universitário é proporcionar
salários mais elevados, e quanto mais cedo se entrar para a Universidade mais tempo poderá
beneficiar desta vantagem. Um outro factor importante é o facto de que normalmente o tipo de

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emprego que se arranja é menos desagradável, quanto mais instrução e experiência se tiver.
Iniciando de imediato um curso universitário é possível evitar os trabalhos menos agradáveis. Por
isso para a maioria das pessoas, faz mais sentido tirar primeiro um corso universitário e só depois
começar a trabalhar. É certamente mais sensato frequentar um curso universitário com 20 anos do
que com 50. Este exemplo é uma ilustração perfeita do argumento de Friedman relativamente ao
modo de avaliar uma teoria. Ninguém pensa que os estudantes que terminam o ensino secundário
decidem quando devem iniciar o seu curso universitário com base em cálculos que envolvem custos
de oportunidade Pelo contrário, a maior parte dos estudantes vai para uma universidade assim que
termina o ensino secundário porque é o que fazem todos os seus colegas. Socialmente é o que se
deve fazer. Este hábito não surgiu do nada, e tem subsistido porque é talvez o mais eficiente.

Porque é que os bancos pagam juros?

Suponha que é banqueiro e que alguém lhe deposita 1 000 u.m. no dia 1 de Janeiro sem que você
tenha que lhe pagar juros. Você pode pegar no dinheiro e comprar um bem produtivo, como por
exemplo um pinhal. Suponha que todos os anos as árvores crescem em média 6% e que o preço de
uma árvore é proporcional à quantidade de madeira que contém Nesta óptica poderia ao fim do ano
vender o pinhal por 1060 u.m. e ganhar 60.

Mas esta opção também é valida para a pessoa que depositou o dinheiro no seu banco. Esta pessoa
estará disposta a deixá-lo utilizar o seu dinheiro, mas apenas se você o compensar pelo custo de
oportunidade de não o ter utilizado ele próprio. Se lhe pagar 5% de juros, ele provavelmente aceitará
já que não terá o trabalho de cuidar das árvores, ficando você com os restantes 1% ( 10 u.m.) por
ter tratado desse assunto.

O conceito de Custo de oportunidade tem tanto de simples como de importante no estudo da


microeconomia. A arte de aplicar este conceito correctamente está na forma como se consegue
reconhecer o maior valor alternativo que é sacrificado com o prosseguimento de uma certa
actividade.

Erro 2. Não ignorar os custos irrecuperáveis

Frequentemente um custo de oportunidade não parece ser um custo relevante, quando na


realidade o é. Outro erro comum quando se tomam decisões é considerarmos determinado custo
como relevante quando na realidade não o é. Isto acontece frequentemente com os custos
irrecuperáveis, custos esses que já foram incorridos no momento em que a decisão é tomada. Ao
contrário dos custos de oportunidade, estes custos deverão ser ignorados. O princípio de que se
devem ignorar os custos irrecuperáveis ressalta claramente, do seguinte exemplo.

Você está a planear uma viagem de cerca de 400 km. À excepção do custo, é-lhe completamente
indiferente entre ir no seu próprio carro ou de avião. O bilhete de avião custa 13 000u.m., e você
não sabe qual será o custo de levar o seu carro. Assim, telefona para a Hertz para ter um valor
estimativo. A pessoa com quem fala diz-lhe que para fazer essa estimativa deve começar por
considerar os custos de um carro típico, onde se fazem, por exemplo, 17 000 Km. Assim:

Seguro 130 000u.m.

Juros 260 000u.m.

Combustível e óleo 130 000u.m.

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Manutenção 130 000u.m.

Total 650 000u.m.

Dividindo este valor total por 17000 Km, conclui que o preço por Km é 38u.m.20. Se usa este
número para calcular a custo da viagem de carro, conclui que lhe iria custar 15 280u.m.. Dado que
este valor é mais elevado do que os 13 000u.m. do bilhete do avião, decide ir de avião. Se decidir
desta maneira, você comete um erro não considerar os custos irrecuperáveis. O valor do seguro e
dos juros não varia conforme o número de quilómetros que efectua num ano. Ambos são custos
irrecuperáveis e serão sempre os mesmos quer viaje ou não com o cano. Dos custos mencionados,
o óleo, o combustível e a manutenção são os únicos que variam consoante o número de quilómetros
que efectuar. Isto dá-lhe um custo de 260 000u.m. por 17 000km, ou seja, 15u.m.30/Km. Ao preço
de 15u.m.30/km, a viagem só lhe custará 6120u.m.; e dado que este valor é muito mais baixo que
o bilhete de avião, deve ir de automóvel.

No Exemplo anterior, note o papel desempenhado pela suposição de que, exceptuando os custos,
lhe era indiferente o meio de transporte utilizado. Isto permite-nos afirmar que o único factor que se
devia considerar era o custo actual dos dois modos de transporte. Se preferisse um meio ao outro,
tinha também de ter em consideração o peso dessa preferência. Assim, por exemplo, se estivesse
disposto a pagar 7800u.m. para evitar a maçada de guiar, o custo real de guiar passaria a ser de 13
920u.m., e não 6120u.m., e neste caso deveria ir de avião.

Erro 3. Focar apenas alguns custos relevantes

Uma pessoa que ao tomar uma decisão seja vítima da falácia do custo irrecuperável, tem em
atenção um custo que deveria ter ignorado. A falácia do custo de oportunidade é exactamente o
oposto: ignorar custos que deveriam ter sido considerados. Mas o exemplo que se segue tornará
claro que os custos de oportunidade não são os únicos custos que as pessoas tendem a ignorar.

O impulso de muitos consumidores preocupados com a poupança de combustível seria escolher


imediatamente um carro com baixo consumo de Combustível como o Opel Corsa TD. Mas
provavelmente não haverá tantas Corsas TD disponíveis. Suponha que existe um total de 1000
Corsas TD e 1000 Sport 1.4 gasolina. Se alugar um Diesel em vez de um a gasolina, alguém terá de
alugar um a gasolina em vez de um a Diesel. Se o meu objectivo é poupar energia só deveria alugar
o Diesel se a pessoa que vai ficar com o a gasolina fizer menos quilómetros por ano do que eu.

Mas quem é que pode adivinhar se é isso que vai acontecer? Se as taxas de aluguer dos dois
automóveis estiverem estabelecidas no mercado e cada um escolher geralmente o carro que vai
minimizar as suas despesas totais com as deslocações, podemos dizer isto: o facto de eu escolher

10 K × 168€
C ( g ) = 340.000€ +
100
um Diesel vai reduzir o consumo de energia da sociedade se, e apenas se, o TD for menos
dispendioso, para mim, do que o 1.4Gasolina. Para perceber porquê, repare primeiro que, se a
gasolina custar 168u.m. o litro, o custo anual do Corsa a gasolina é dado pelo cálculo

em que K é o número de quilómetros que eu faço por ano e 340.000u.m. a aluguer anual do veiculo
em 5 anos. O custo correspondente para o Diesel será:

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6 K × 115$
C (d ) = 700.000$ +
100
Estes custos serão absolutamente iguais se eu fizer exactamente 36.363 Kms por ano (para obter
este número iguale as equações e resolva em ordem a K). Se eu andar mais de 36.363
quilómetros, o Diesel ficará mais barato; se eu andar menos, será o gasolina o mais barato. Assim,
por exemplo, se andar 6000 quilómetros por ano, deverei escolher o a gasolina, mesmo que a
poupança de energia seja a minha única preocupação.

Mas como é que vou saber se a pessoa que vai ficar com o Diesel que eu poderia ter alugado ou
comprado não vai fazer ainda menos quilómetros do que eu? Se todos seguirem a regra "conduzir o
carro menos dispendioso" tal não acontecerá com as taxas de aluguer indicadas. (Se a gasolina ficar
mais barata para mim, também será mais barato para alguém que faça menos quilómetros por ano
do que eu). é o que acontece se metade dos condutores, incluindo eu, andarem 6000 quilómetros
por ano enquanto todos os outros fazem 4000? Se fosse esse o Caso, então todos considerariam o
gasolina mais barato com estas taxas de aluguer e ninguém ia querer alugar um a Diesel. As
companhias de aluguer de automóveis iriam descobrir que podiam aumentar substancialmente os
preços dos gasolina e, mesmo assim, alugá-los todos. Pela mesma ordem de ideias, teriam um forte
incentivo para baixar as taxas de aluguer dos Diesel, caso não os quisessem ver ficar a ganhar pó
nos parques de estacionamento. Por fim, as taxas de aluguer dos dois automóveis seriam ajustadas
de modo a que os Diesel ficassem menos dispendiosos para os condutores que fazem muitos
quilómetros, e os a gasolina ficassem menos dispendiosos para os que fazem poucos quilómetros.

Erro 4. O problema dos custos externos de uma actividade

O custo externo de uma actividade é o custo que incide sobre pessoas que não estão directamente
envolvidas nessa actividade. Suponha que tem um jardim em sua casa. Levar as folhas à lixeira
próxima custa-lhe 2.000u.m. e queimá-las fica em apenas 100u.m.. Se você está apenas
interessado nos custos, vai certamente decidir queimar as folhas. O problema é que queimar as
folhas acarreta um importante custo externo, o que significa um custo que recai sobre pessoas que
não estão directamente envolvidas na decisão. Este custo externo é o prejuízo provocado pelo fumo.
Esse custo não vai incidir directamente sobre o agente que toma a decisão (queimar as folhas), mas
sobre as pessoas que moram na direcção do vento. Suponha que as prejuízos provocados pelo
fumo montam a 2500 u.m.. O bem da comunidade exige que as folhas sejam levadas, e não
queimadas. Contudo, do seu ponto de vista, será melhor queimá-las.

A Teoria Económica tem como objectivo resolver o problema da escassez, ou seja, afectar os
recursos escassos à utilizações alternativas da forma mais eficiente.

Há sempre custos associados a qualquer escolha e a escolha existe sempre, quer no consumidor,
produtor ou governo. A escolha resulta de um processo de decisão, que deve ser sempre óptimo e
eficiente.

A Teoria Económica pretende representar a realidade da forma mais aproximada possível, daí que
seja uma ciência social dedutiva, com elevado grau de abstracção.

1.6. O MERCADO

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Mercado é o mecanismo pelo qual os compradores e vendedores de uma mercadoria se confrontam


para determinar o seu preço e quantidade.

Num sistema de mercado tudo tem preço. O preço representa o valor de um bem em termos
monetários, ou seja, representam as condições em que os indivíduos e as empresas trocam os
diferentes bens. Quando concordo em comprar um telemóvel a um vendedor por 50.000u.m., isto
significa que ele vale mais de 50.000u.m. para mim e menos de 50.000u.m. para o vendedor.

Os preços também servem de sinais para os produtores e consumidores. Se por exemplo os


consumidores quiserem mais telemóveis, a sua procura irá aumentar, mas como os vendedores
estão com as suas existências reduzidas aumentam o preço do produto para racionar a oferta
limitada. Por sua vez o preço mais elevado irá estimular a produção (o contrário também é
verdadeiro).

O que é verdade para os mercados de consumo também o é para os mercados de factores de


produção, tais como o trabalho, capital, etc., Os preços coordenam as decisões dos produtores e
dos consumidores num mercado. Os preços mais elevados tendem a reduzir as compras dos
consumidores e estimularem a produção. Os preços mais baixos estimulam o consumo e retraem a
produção.

Os preços são o pêndulo do mecanismo de mercado

O equilíbrio de mercado representa um equilíbrio entre todos os compradores e vendedores. Todos,


consumidores e empresas pretendem comprar ou vender algumas quantidades dependendo do
preço. O mercado estabelece o preço de equilíbrio que equipara os desejos dos vendedores e
consumidores. O preço representa o equilíbrio entre a oferta e a procura. Os preços ajudam a
equiparar o consumo e a produção (a oferta e a procura).

Os três problemas económicos - O quê, como e para quem

O próprio mercado tem capacidade para resolve-los, através do seu equilíbrio.

1. O quê será produzido é determinado pela decisão de compra dos consumidores. O


dinheiro que deixa nas caixas das empresas vai acabar por proporcionar os salários, as rendas e os
dividendos que os consumidores, como empregados, recebem como remuneração.

As empresas, por seu lado, são movidas pelo desejo de maximizar os seus lucros - lucros que
correspondem a diferença entre as receitas líquidas (lucro total), ou a diferença entre as vendas e
os custos totais (as empresas são atraídas pelos lucros elevados da produção de bens com elevada
procura.

Os custos relativos também afectam a produção e o comércio entre países. O Japão produz e
exporta electrónica de consumo e importa alimentos, enquanto os EUA importam electrónica de
consumo e exportam alimentos. Quem toma estas decisões? É o governo ou o congresso japonês?
De facto não é nenhum deles. É o sistema de preços quem toma as decisões. Dado que existe em
abundância nos EUA, a terra é relativamente barata e os custos dos alimentos são relativamente
baixos. Porque a terra é escassa e cara no Japão, enquanto o talento tecnológico é relativamente
abundante, os custos dos alimentos são relativamente elevados enquanto os da electrónica de
consumo são baixos. Analisando os sinais dos preços da terra e do trabalho, as empresas, os
agricultores e os consumidores podem escolher o bem que será mais apropriado produzir, negociar
e consumir.

Carlos Miguel Oliveira | Março de 2008 | R.0 …………………………………::……………………………. 12


INTRODUÇÃO À ECONOMIA – PARTE I MICROECONOMIA

2. A concorrência entre os diferentes produtores é que determina como as coisas são produzidas. A
melhor forma de os produtores alcançarem um preço de concorrência e maximizarem o lucro é
manterem os custos no mínimo, através da adopção dos métodos de produção mais eficientes.

O mais importante a apreender é o posicionamento tecnológico e a forma mais eficiente de utilizar a


tecnologia ao longo do tempo.

3 - Para quem são as coisas produzidas é determinado pela oferta e procura nos mercados dos
factores de produção - Os mercados determinam os salários, as rendas da terra, as taxas de juro e
os lucros - passaremos a designá-los por preços dos factores de produção. Através do somatório dos
rendimentos dos factores de produção, podemos calcular o rendimento da população. A repartição
do rendimento entre a população é portanto determinada pelo montante possuído de factores
(horas-homem, hectares de terreno, etc.) e pelos preços dos factores (níveis salariais, rendas da
terra, etc.).

1.6.1. AFINAL QUEM DIRIGE O MERCADO?

Os consumidores não podem, por si só, ditar quais os bens que devem ser produzidos. A procura
dos consumidores tem de se encaixar com a oferta de bens e serviços pelas empresas.

Os custos empresariais e as decisões de oferta, juntamente com a procura dos consumidores,


ajudam a determinar o que deve ser produzido.

Os mercados funcionam como um link, que reconcilia os gostos dos consumidores com as
limitações tecnológicas das empresas.

O lucro tem um papel muito importante no dia-a-dia do mecanismo de mercado, constituem o


prémio ou castigo para as empresas, induzindo-as a produzir da forma mais eficiente possível os
bens mais desejados.

Uma imagem dos Preços e dos Mercados

A figura abaixo representada dá-nos uma visão global de como os consumidores e produtores
actuam em conjunto para determinar os preços e as quantidades, tanto de factores de produção
como das produções.

Em cima estão os mercados dos produtos, em baixo os mercados dos factores de produção.

Os consumidores compram bens e vendem factores de produção, as empresas vendem bens e


serviços e adquirem factores de produção. Os consumidores usam o seu rendimento da venda de
trabalho e outros factores para adquirir bens às empresas; estas baseiam os preços dos seus bens
nos custos do trabalho e do património. Os preços nos mercados de bens são estabelecidos de
modo a equiparar a procura dos consumidores com a oferta das empresas; os preços no mercado
de factores são estabelecidos de modo a equilibrar a oferta dos consumidores com a procura das
empresas.

A procura e a oferta formam uma teia de relações interdependentes que se conjugam através do
mecanismo de mercado para resolver os problemas económicos.

Carlos Miguel Oliveira | Março de 2008 | R.0 …………………………………::……………………………. 13


INTRODUÇÃO À ECONOMIA – PARTE I MICROECONOMIA

PROCURA OFERTA

Vestuário Vestuário
PREÇO nos
Habitação Mercados de Habitação
Bens/serviço
Alimentaçã Alimentaçã

Decisão de compra Custos de produção


dos consumidores
O quê
Famílias Empresas
Como

Propriedade dos Para quem Salários, rendas, etc


factores

Trabalho Trabalho
PREÇO nos
Terra Mercados de Terra
Factores
Capital Capital

OFERTA PROCURA
MERCADO DE FACTORES

Figura 1. O funcionamento do mercado.

Fonte: Adaptado de Frank, R, 2002, Microeconomia e o Comportamento, McGrawHill.

1.6.2. A MÃO INVISÍVEL NO CONTEXTO DA CONCORRÊNCIA PERFEITA

Foi Adam Smith quem proclamou o princípio da Mão Invisível. Decorrente do princípio da
racionalidade egoísta, todo o indivíduo é levado por uma “mão invisível” a atingir o melhor bem
possível. Num contexto de concorrência perfeita (mercado em que nenhuma empresa ou
consumidor é suficientemente forte para afectar o preço de mercado) a interferência governamental
seria prejudicial, pois estaria a condicionar a utilização dos recursos da forma mais eficiente. Num
mercado concorrencial a afectação dos recursos é sempre eficiente, encontrando-se a economia na
sua fronteira de possibilidades de produção (conceito estudado na Introdução à Economia). Contudo
quando se verifica uma situação de concorrência imperfeita (por ex. Se a EDP elevar o preço da
energia eléctrica para ganhar lucros extraordinários e assim criar maiores dividendos para os seus
accionistas – não esquecer que foi recentemente parcialmente privatizada – estará a produzir esse
bem abaixo do nível de maior eficiência, logo a afectar a economia. Neste caso os preços não são

Carlos Miguel Oliveira | Março de 2008 | R.0 …………………………………::……………………………. 14


INTRODUÇÃO À ECONOMIA – PARTE I MICROECONOMIA

determinados pelos custos de produção ou mercados, desaparecendo a propriedade da mão


invisível.

Em concorrência perfeita e sem falhas de mercado, os mercados conseguirão extrair tantos bens e
serviços quantos os recursos disponíveis o permitam.

1.7. O PAPEL ECONÓMICO DO ESTADO

Como sabemos, uma economia de mercado perfeitamente concorrencial não existe. As economias
de mercado estão prejudicadas pelo:

• Monopólio;
• Poluição;
• Desemprego e inflação;
• Injustiça na repartição do rendimento.

Em resposta às falhas de mercado (mecanismos de mercado), os países introduziram o conceito da


“Mão Visível do Governo”:

Substituindo o mercado ao possuírem certas actividades;

• Regulamentado;
• Incentivando o Investimento, Investigação e Educação;
• Cobrando impostos – redistribuindo rendimento

As três funções básicas que o Estado deve promover são:

1. Eficiência – As falhas de mercado levam a ineficiências:

Em situações de concorrência imperfeita, o preço não é determinado pelo mecanismo de mercado.


Um ex. típico é o poder monopolístico que conduz a alterações na própria estrutura de mercado. Nas
últimas décadas os governos têm refreado este poder através da proibição de fixação de preços ou
divisões de mercado.

Dentro da economia existem Externalidades 4, que ocorrem quando as empresas, indivíduo ou


estado impõe custos ou benefícios a outros que se situam fora do mercado. O governo criou
regulamentação própria para externalidade como a poluição do ar, da água, sonora, detritos
industriais, etc.,

Os Bens públicos são actividades económicas que proporcionam grandes ou pequenos benefícios
para a comunidade. Estas actividades não podem ser entregues à iniciativa privada, porque não a
gere da forma mais eficiente possível (ex. construção de auto-estradas, apoio a ciência e saúde).

2. Equidade – Os mercados não produzem necessariamente uma repartição do rendimento que


possa ser encarada como socialmente justa ou equitativa. Uma sociedade de mercado de puro
laissez-faire poderá produzir níveis de desigualdade do rendimento e do consumo que sejam
inaceitáveis. O rendimento pode ser resultado de padrões aleatórios como a herança, o azar, o

4 Existem críticos e defensores da regulamentação dos mercados e externalidades. Tudo se prende à forma como ela é
efectuada.

Carlos Miguel Oliveira | Março de 2008 | R.0 …………………………………::……………………………. 15


INTRODUÇÃO À ECONOMIA – PARTE I MICROECONOMIA

preço dos factores, acasos tecnológicos5. Como forma de repartição do rendimento existem os
impostos e/ou sistemas de transferência de rendimento (Seg. Social, subsídios, etc.)

3. Crescimento económico e estabilidade – os governos através de políticas e instrumentos


macroeconómicos (políticas fiscais e monetaristas) conseguem (às vezes) influenciar os níveis de
despesa, produto, inflação e desemprego.

5 Um acaso tecnológico, como por exemplo a invenção de um robot, poderá reduzir a mão de obra em determinada
actividade, transferindo o rendimento para os proprietários da tecnologia.

Carlos Miguel Oliveira | Março de 2008 | R.0 …………………………………::……………………………. 16


INTRODUÇÃO À ECONOMIA – PARTE I MICROECONOMIA

Carlos Miguel Oliveira | Março de 2008 | R.0 …………………………………::……………………………. 17


INTRODUÇÃO À ECONOMIA – PARTE I MICROECONOMIA

2. PROCURA E OFERTA

A temática da economia encontra-se associada, a maior parte das vezes, a procura e oferta. A
análise da procura e oferta é considerada como uma importante ferramenta exploratória e
preditiva.

Antes de iniciarmos o estudo em mais detalhe, e como este é um curso introdutório,


procuraremos clarificar alguns do termos utilizados:

- A procura é a relação entre o preço de mercado e a quantidade que os consumidores estão


dispostos a adquirir de determinado produto. Quando falamos de procura estamo-nos a referir a
uma quantidade “desejada”. Este pressuposto é muito importante para o entendimento de que a
quantidade que os consumidores procuram de determinado bem e a determinado preço de
mercado nem sempre é a quantidade que as pessoas adquirem.

- A oferta traduz a relação entre o preço de mercado e a quantidade que as empresas


(vendedores) estão dispostos a oferecer no mercado.

A análise baseada na oferta e procura é do tipo “what if” (e se..), representando o relacionamento
entre quantidades oferecidas e procuradas a determinado nível de preço do mercado.

Poderemos considerar uma curva da procura do Ferrari Enzo Dino que procurará responder a
quantas unidades seriam compradas se o seu preço de venda fosse de 10.000€. Com certeza a
resposta seria: muitas! Esta resposta traduziria um desejo e não as quantidades reais de ferraris
que seriam adquiridas no mercado, uma vez que a quantidade oferecida a este preço seria
próxima ou mesmo igual a 0 (zero). O estudo da procura e da oferta permitem-nos retirar algumas
conclusões sobre as alterações do comportamento dos agentes face a alterações de variáveis do
meio envolvente ao mercado, à organização ou ao consumidor. Este estudo deverá ser feito antes
da ocorrência das alterações, tornando-se um importante instrumento na predição das
consequências de fenómenos económicos (e.g. o que acontecerá se o imposto sobre um bem
aumentar 10%?).

Outro conceito importante a reter é o de preço de mercado. Na nossa análise iremos tratá-lo de
forma indistinta relativamente a factores como a localização, espaço de venda, qualidade do
produto… Sabemos que o preço é uma variável importante para o consumidor e que o mesmo é
diferenciado por loja, região e outros factores que potenciam a descriminação. Contudo vamos
encara-lo como uma espécie de preço médio de mercado.
De notar que nossa análise iremos relacionar duas variáveis: preço e quantidade. Do ponto de
vista formal o preço poderá explicar a quantidade procurada ou oferecida, ou a quantidade
procurada e/ou oferecida poderão explicar o preço a fixar no mercado.

Carlos Miguel Oliveira | Março de 2008 | R.0 …………………………………::……………………………. 18


INTRODU
UÇÃO À ECON
NOMIA – PARTTE I MICROEC
CONOMIA

os ver mais à frente, que


Iremo q num me
ercado de co
oncorrência perfeita (me
ercado idílico
o) as
empresas são pricce takers, ou seja, trabalham com base
e num preço fixo pelo merrcado. Neste caso
a deccisão que as mesmas
m terão
o que tomar residirá na esscolha da qua
antidade a prroduzir e vend
der.
A rela
ação entre a procura
p e ofe
erta podem se
er expressa em
e equações,, tabelas ou ggraficamente.. Nas
aulass vamos tenttar utilizar to
odos estes tip
pos dando especial
e relevvo à análise gráfica. Con
ntudo
terem
mos a necessiidade de dese
envolver algu
um cálculo ma
atemático básico.

2.1 A procura
a de merccado

emplo que se segue, retrata a curva de


O exe e procura porr pizzas para um grupo de
e alunos (men
nsal).
Os da
ados são apre
esentados na
a tabela e exp
pressam o co
omportamentto da compra
a relacionada com
o preçço das pizzass.

ocura Mensal de
Pro
Pizza
P
Preço Quantidade
B 10 1
C 8 4
D 6 7
E 4 1
10
F 2 1
13

Podem
mos constata
ar que na pro
ocura a relaçã
ão entre o pre
eço e a quan
ntidade procurada é negattiva ou
inverssa, dizendo-n
nos que à medida
m nui aumentara a quantid
que o preço dimin dade procura
ada de
nte uma curvva da procura (linear) é traduzida por um
pizzass. Normalmen ma equação.
a relação entre o preço e quantidade
A neggatividade da e procurada é traduzida pela Lei Ge
eral da
Procu
ura é explicad
da pelos segu
uintes factores:
- quanto menor o preço de um produto maior
m será a probabilidad
de de aquisiçção do mesm
mo. Se
repararmos no exxemplo anterior quando o preço cai de
d 10 para 4 u.m. a qua
antidade proccurada
aume
enta de 1 para
a 10 unidade
es;
- à medida
m que o preço de um
m bem dimin
nui ele torna--se mais “barato” relativa
amente a pro
odutos
simila
ares. Baseand
do-nos no exe
emplo das pizzzas, à medid
da que o seu preço vai dim
minuindo o prroduto
vai se
e tornando mais competitiivo relativame
ente a produttos similares como hambu
urgers. Falam
mos de
um effeito de troca
a provocado por
p produtos substitutos.
s

Carloss Miguel Olive


eira | Março de 2008 | R.0 ………………
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……………. 19
INTRODU
UÇÃO À ECON
NOMIA – PARTTE I MICROEC
CONOMIA

No gráfico abaixxo apresenta


ado, é ilustra
ado o efeito
o da alteraçã
ão do preço de um bem
m na
quantidade proccurada (ou desejada).
d Q
Quando o prreço cai de P2 para P3 verificamoss um
desllocamento ao
o longo da curva da procurra do ponto B para o ponto
o C.

m que existe uma diferençça considerávvel entre os te


Notem ermos “altera ntidade procura” e
ação na quan
altera
ação da proccura. Enquanto que na allteração da quantidade
q p
procurada esstamos a fala
ar de
deslocação ao lon
ngo da curva
a da procura, quando fala
amos de alte
eração da prrocura estam
mos a
afirma
a que toda a relação enttre o preço e quantidade foi alterada, logo que a ccurva sofreu uma
deslocação (simples ou alteraçção do seu de
eclive).

ura também podem


As curvas da procu p sofrerr deslocaçõess.
Facto
ores que afe
ectam a proccura:
Rendimentto médio : com o aum
mento do P

rend
dimento médio os indivídu
uos tendem a comprar
maiss de quase tu
udo, mesmo que
q os preçoss não se
alterem
2. Dimensão do mercado: medida m pela população
inffluência de fo
orma nítida a curva da pro
ocura. Mais
inddivíduos condduzem a um maior consum mo

3. Prreços de benss relacionado


os: A procura de um
da
ado bem ten nde a diminuir (aumenta ar) quando
diminui (aumen nta) o preço de
d bens subsstitutos
Q
4. Prreferências: as preferrências (gostos) dos
co
onsumidores representam m uma varriedade de
inffluências cultturais e históricas e afecta
am a curva da
a procura

5. Inffluências esp
pecíficas: A procura
p de de
eterminados bens
b é influe
enciada por fa
actores específicos
co
omo seja a ve enda de guard da-chuvas em
m dias chuvossos

Carloss Miguel Olive


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INTRODU
UÇÃO À ECON
NOMIA – PARTTE I MICROEC
CONOMIA

Quando existem alterações de factores, que


e não o preçoo do próprio bem,
b que afectam a quanttidade
procu
urada, designam-se por de
eslocações daa curva da pro
ocura.

A pro
ocura aumenta (ou dimin
nui) quando a quantidade procurada para cada p
preço de me
ercado
aumeenta (ou dimin
nui).

2.2.. A oferta
a de merccado

A oferrta deve ser analisada


a de forma similar. Irá represe
entar a relaçã
ão entre o pre
eço de mercado e a
quanttidade ofereccida de determ
minada produ uto. Vejamos um exemplo::

Relação entre preço


o e quantidad
de oferecida da
d PizzaHub

Pre
eço (u.m.) Quantidad
de de pizzas por
p mês

4 100

6 200

8 300

10
0 400

12
2 500

Facto
ores que inflluenciam a curvam
c da oferta:
o
1. Te
ecnologia: o progresso tecnológico consiste nas alterações
a qu
ue diminuem a quantidad
de dos
factores necessários para a mesma quantidade de prroduto

2. Prreço dos facto


ores de produção: quando e produção diminui a o custo de
o o preço doss factores de
prrodução é meenor e a oferta
a aumenta

Carloss Miguel Olive


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INTRODU
UÇÃO À ECON
NOMIA – PARTTE I MICROEC
CONOMIA

ns relacionados: a oferta de um dado


3. Prreços de ben o bem tende a aumentar (diminuir) quando
diminui (aumennta) o preço de
d bens subsstitutos

olítica do govverno: os impostos e as políticas salariais podem


4. Po m fazer aum
mentar o custto dos
factores de pro
odução levanddo à contracçção da oferta

5. Inffluências esp
pecíficas: a oferta
o de detterminados bens
b é influen actores específicos
nciada por fa
co
omo seja o clima na agricu ultura

2.3 O equilíbrio de
d mercado
o
O equ
uilíbrio do me
ercado é uma
a situação em
m que
a qua
antidade proccurada é igual à oferecid
da não
se altterando o pre
eço (que passsamos a designar
por preço de equilíbrio de merrcado).
Graficcamente o eq
quilíbrio ocorrre quando a curva
da prrocura interce P a curva da oferta. No
epta o caso
abaixxo apresentad
do o equilíbrio do mercad
do dá-
se quando o pre
eço é de 8 e a quanttidade
transa
accionada igual a 30. O preço
p é visto como
o pên
ndulo que eq
quilibra as fo
orças da proccura e
oferta
a.

Dese
equilíbrios de
e mercado

Coloccando em ca ausa a existtência de mercado


m
perfeitos, existem várias ocasiões em que o preço
fixado
o no mercado o não revela a conjugaçã
ão entre
os deesejos dos consumidores e das empressas que
operaam em determ minado mercaado.

Situaçção A: Excessso de procura


a

Aqui o preço de mercado


m é fixa
ado abaixo do ponto
de eq quilíbrio, logo
o as quantidaades procuraadas ou
desejadas serão o superioress às quan ntidades
ofereccidas pelas empresas. Esta situa ação é
desiggnada por exxcesso de procura.
p No gráfico Q
abaixxo apresentado o preço de equilíbrio é de
8.u.m
m. e o preço fixado
f é iguaal a 6. Neste caso a
quanttidade procurrada ascende e as 37 unida
ades e a
ofereccida será ap penas igual a 20. Terem mos um
excessso de procurra igual a 37-220= 17 unida ades

Carloss Miguel Olive


eira | Março de 2008 | R.0 ………………
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INTRODU
UÇÃO À ECON
NOMIA – PARTTE I MICROEC
CONOMIA

Situaçção B: Excessso de oferta

Aqui o preço de mercado é fixado acima do


ponto o de equilííbrio, logo as quantid dades
procuuradas ou desejadas serão inferiore es às
quanttidades ofere ecidas pelass empresas. Esta
situaçção é designa ada por exce
esso de oferta a. No
gráficco abaixo apresentado o preço
p de equiilíbrio
é de 8.u.m.
8 e o prreço fixado é igual a 12. Neste
N
caso a quantidad de oferecida ascende ass 50
unidaades e a procura será ap penas igual a 15.
Teremmos um exce esso de ofertta igual a 50 0-15=
35 un nidades

O efe
eito da deslo
ocação da cu
urva da proccura
Centrrando-nos na relação disponibilizado entre a
procu
ura D2 e a Offerta: o equilííbrio dá-se qu
uando
P=8 e Q=30.

Admittindo agora uma desloca ação da curvva da


procu
ura para D3,, face ao prreço de equ uilíbrio
anterior teremos um
u desequilíbbrio provocad
do por
um excesso
e de procura de 18 unidade es. O
equilííbrio de merccado só será
á fixado quanndo o
preço
o aumentar para 10 u.m m e a quanttidade
transa accionada no
n mercado se fixar em m 40
unida
ades

O efe
eito da deslo
ocação das curvas
c da procura
e ofe
erta
Centrrando-nos na relação disp
ponibilizado entre
e a
procu
ura D2 e a Oferta S2: o equilíbrio o dá-se
quand do P=8 e Q=3
30.

Admittindo agora uma desloccação da curva da


procu
ura para D3 e da curva da oferta para a S3, o
novo equilíbrio de
e mercado é potenciado quando
q
a quuantidade tra ansaccionada a for igual a 44
unida
ades e o preçoo de equilíbrio a 9 u.m.

mática da proccura e oferta deverá ser co


A tem onsolidada co
om recurso ao caderno de
e exercícios.

Carloss Miguel Olive


eira | Março de 2008 | R.0 ………………
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INTRODUÇÃO À ECONOMIA – PARTE I MICROECONOMIA

3. ELASTICIDADES
No estudo da procura e oferta de mercado é muito importante a medição da resposta dos
consumidores às alterações dos preços dos produtos e do seu rendimento. Sabemos já que a
procura é inversamente relacionado ao preço, ou seja, quanto maior o preço menor será a
quantidade procurada. Sabemos ainda que, regra geral, quanto maior o rendimento maior será a
quantidade procurada de determinado bem.

O conceito de elasticidade permite-nos conhecer a sensibilidade da quantidade procurada face à


alteração de variáveis como o preço de determinado produto, o rendimento ou o preço de produtos
que de alguma forma estejam relacionados. É assim usado para medir a reacção dos consumidores
face a mudanças em variáveis económicas.

Por outro lado o estudo das diferentes elasticidades permitem-nos caracterizar algumas tipologias
de bens como os bens normais, inferior, complementares ou substitutos.

3.1. A ELASTICIDADE-PREÇO DA PROCURA (Ed)

A elasticidade preço da procura (Ed) mede a reacção dos consumidores às mudanças no preço.

Essa reacção é calculada pela razão entre duas variações percentuais. A variação percentual na
quantidade procurada dividida pela variação percentual no preço. Ou seja,

çã           ∆%
Ed
çã       ç       ∆%

Exemplo: o preço do leite muda de 2,00 u.m. para 2,20 u.m.. Qual será a elasticidade preço da
procura do leite se a quantidade procurada de leite é de 85 mil de litros por ano quando o preço é
2,20 e é de 100 mil de litros por ano quando o preço é 2,00 u.m.. A resposta é simples:

A variação absoluta na quantidade foi de 15 mil de litros (100 – 85) e traduz uma diminuição. Em
termos percentuais isso equivale a 15% pois, a quantidade era de 100 mil litros a 2,00 u.m. que era
o preço inicial. Quando o preço aumentou para 2,20 u.m. houve uma queda na quantidade
procurada de 15% [100(85 – 100)%/100].

A variação absoluta no preço foi de 0,20 u.m. (2,20 – 2,00) traduzindo um incremento no preço. Em
termos percentuais isso equivale a 10% pois, o preço inicial era 2,00 e aumentou para 2,20 houve
,
um aumento de 10% 100 10% .

∆% %
A elasticidade desta mudança será: d 1,5
∆% %

Carlos Miguel Oliveira | Março de 2008 | R.0 …………………………………::……………………………. 24


INTRODUÇÃO À ECONOMIA – PARTE I MICROECONOMIA

Nota: dada a relação inversa entre a procura e a oferta é necessária a utilização de um módulo para
obtermos um resultado positivo. Não esquecer que se a variação do preço foi negativa a variação da
quantidade procurada será positivo e vice-versa.

Fórmula da Elasticidade no arco:

CLASSIFICANDO BENS DE ACORDO COM A SUA ELASTICIDADE PREÇO DA PROCURA


1. ELÁSTICOS

Se a elasticidade preço do bem for maior que 1,00 diz-se que a procura desse bem é elástica. A
variação percentual na quantidade excede a variação percentual do preço. Ou seja, os
consumidores são bastante sensíveis a variações no preço.

2. INELÁSTICOS

Se a elasticidade preço do bem for menor que 1,00 diz-se que a procura por esse bem é inelástica.
A variação percentual na quantidade é menor que a variação percentual no preço. Ou seja, os
consumidores são relativamente pouco sensíveis a variações no preço.

3. ELASTICIDADE UNITÁRIA

Se a elasticidade preço do bem for igual a 1,00 diz-se que a procura por esse bem é de elasticidade
neutra. A variação percentual na quantidade é igual à variação percentual no preço.

ELASTICIDADE E BENS SUBSTITUTOS


A elasticidade preço da procura para um bem em particular é influenciada pela disponibilidade ou
não de bens substitutos. Quanto mais bens substitutos estiverem disponíveis mais elástica é a
procura, se não há bens substitutos a procura é inelástica.

OUTROS DETERMINANTES DA ELASTICIDADE


1. Tempo: elasticidade de Curto Prazo e elasticidade de Longo Prazo. Quanto mais tempo os
consumidores tiverem para procurar substitutos maior será a intensidade de sua reacção.

2. Espaço: a elasticidade de um mercado é diferente da elasticidade de uma única empresa. A


elasticidade do mercado diz quanto a quantidade global mudará se o preço geral foi alterado,
contudo se uma única empresa muda seu preço a elasticidade poderá ser outra.

3. Peso da aquisição no orçamento do consumidor: se um bem representa pouco do orçamento


total do consumidor a reacção será menor a variações de preço. Exemplo: aumento de 10% no
preço do lápis. Aumentou de 1,00 u.m. para 1,10 u.m.. Poucas pessoas deixaram de comprar
lápis por isso. Entretanto, se o bem ocupa um peso razoável no orçamento do consumidor,

Carlos Miguel Oliveira | Março de 2008 | R.0 …………………………………::……………………………. 25


INTRODUÇÃO À ECONOMIA – PARTE I MICROECONOMIA

então as reacções serão maiores. Exemplo: O preço do automóvel subiu 10%. Aumentou de
15.000,00 u.m. para 16,500,00 u.m.. A intensidade da reacção será maior para esta
mudança. A procura será mais elástica.

4. Bens necessários versos bens supérfluos: para bens essenciais como pão, arroz, feijão, etc. a
procura é mais inelástica. Para bens de luxo a procura é mais elástica.

Exemplos de Elasticidades

Produto Ed
Sal 0,1
Água 0,2
Café 0,3
Cigarros 0,3
Calçados 0,7
Habitação 1,0
Automóveis 1,2
Refeições em restaurantes 2,3
Viagens de Avião 2,4
Cinema 3,7

A ELASTICIDADE DE UMA PROCURA LINEAR


A elasticidade muda a cada ponto. Ela aumenta a medida que os pontos vão se movendo para a
esquerda. Uma função procura pode ter várias elasticidades. De notar que a elasticidade preço da
procura tem uma influência directa sobre a receita total da organização ( )

120

100

r
80
76 s
Preço

60
t
50 u
46
40

v
20
16 w

0
0 5 1012 15 20 2527 30 35 4042 45 50 55

Quantidade Procurada

Carlos Miguel Oliveira | Março de 2008 | R.0 …………………………………::……………………………. 26


INTRODUÇÃO À ECONOMIA – PARTE I MICROECONOMIA

Em cada ponto as mudanças absolutas no preço é igual a 4 unidades (80-76=4; 50-46=4; 20-16
=4) os percentuais de mudança nos preços são de: do ponto r para o s queda de 4 unidades ou 5%
(4*100/80); do ponto t para o u queda de 4 unidades ou 8% (4*100/50); do ponto v para o w
queda de 4 unidades ou 20% (4*100/20). Essas são as mudanças nos preços.

As quantidades variam da seguinte maneira: do ponto r para o s aumento de 2 unidades ou 20%


(2*100/10); do ponto t para o u aumento de 2 unidades ou 8% (2*100/25); do ponto v para o w
aumento de 2 unidades ou 5% (2*100/40).

As elasticidades em cada mudança são de: Ed = 4,0 (de r para s); Ed = 1,0 (de t para u); Ed = 0,25
(de v para w). Teoricamente a elasticidade de uma recta vai de zero ao infinito.

USANDO A ELASTICIDADE PREÇO DA PROCURA


A elasticidade preço da procura para um bem revela-se um instrumento fundamental para se poder
quantificar e predizer o quanto mais de um bem será vendido a um preço menor e vice-versa.

ex.: Vamos supor que a elasticidade preço da procura de filmes num cinema é igual a 2.
Imaginemos que o director do cinema decide aumentar o preço do ingresso em 10%. Se o preço
inicial era igual a 5,00 u.m. e a quantidade vendida igual a 100 bilhetes por sessão ele agora deverá
ter em atenção que a quantidade procurada sofrerá uma diminuição igual a 20 bilhetes por sessão,
já que o preço será fixado em 5,50 u.m. Vamos verificar a implicar desta decisão nas receitas do
cinema por sessão

Situação Preço fixado (1) Quantidade Procurada Receita obtida (1x2)


(2)

Inicial 5,00 100 500

Alteração do preço 5,50 80 440

Em geral o aumento de preço do bilhete de cinema tem dois efeitos, do ponto de vista do
empresário:

1. Efeito Positivo de vender a um preço mais alto.

2. Efeito Negativo de vender menor quantidade.

Neste caso a decisão de aumentar o preço ou não dependerá de qual dos efeitos supera o outro.
Verifica-se uma diminuição da receita total, contudo ainda não poderemos concluir nada sem
conhecer as implicações na estrutura de custos da empresa e no resultado económico final da
empresa.

Carlos Miguel Oliveira | Março de 2008 | R.0 …………………………………::……………………………. 27


INTRODUÇÃO À ECONOMIA – PARTE I MICROECONOMIA

3.2. A ELASTICIDADE-PREÇO DA OFERTA (Eo)

A elasticidade preço da oferta (Eo) mede a reacção dos vendedores às mudanças no preço.

Essa reacção também é calculada pela razão entre dois percentuais. A variação percentual na
quantidade ofertada dividida pela mudança percentual no preço. Ou seja,

çã         ∆%
çã       ç ∆%

Dos determinantes o tempo tem grande importância, pois a elasticidade de curto prazo será em
geral diferente da de longo prazo. Assim, ao longo do tempo, quando as firmas têm possibilidade de
reagir mais intensamente às variações de preço, a curva de oferta irá se tornando cada vez mais
elástica.

PREVENDO MUDANÇAS NO PREÇO USANDO O CONCEITO DE ELASTICIDADE


Quando oferta ou procura mudam pode-se traçar um diagrama para saber a direcção da mudança
do preço de equilíbrio. Esse diagrama dirá tudo sobre direcções mais quando se deseja saber o
quanto o preço mudará faz-se uso das elasticidades.

Sabendo-se as elasticidades de procura e oferta, a variação nos preços, resultante de um aumento


na quantidade procurada será é dada pela divisão do percentual de mudança na procura pela soma
das elasticidades de oferta e procura:

∆%
∆   çã     ç ; isto para o preço de equilíbrio.

Equivalentemente pode-se calcular variações devido a mudanças na oferta:

∆%
∆   çã     ç

3.3. OUTRAS ELASTICIDADES DE PROCURA

Elasticidade rendimento da procura


É utilizada para medir a reacção dos consumidores face a alterações no rendimento.

∆%   çã        
∆%   çã      

Carlos Miguel Oliveira | Março de 2008 | R.0 …………………………………::……………………………. 28


INTRODUÇÃO À ECONOMIA – PARTE I MICROECONOMIA

Para bens normais há uma relação positiva entre rendimento e quantidade procurada, logo a
elasticidade rendimento é positiva.

Para bens inferiores há uma relação negativa entre rendimento e quantidade procurada, logo a
elasticidade rendimento é negativa.

Diz-se que a elasticidade rendimento da procura é elástica se a elasticidade rendimento é maior que
um e inelástica se menor que um.

Elasticidade preço cruzada


É utilizada para medir a reacção dos consumidores às mudanças de preços de bens afins.

É definida como a variação percentual na quantidade procurada de um produto em particular (X)


dividida pela variação percentual no preço de um bem afim (Y):

∆%   çã              
,
∆% çã     ç      

Para bens substitutos há uma relação positiva entre quantidade procurada do bem e variação de
preço do substituto, logo a elasticidade cruzada de bens substitutos é positiva.

Para bens complementares há uma relação negativa entre quantidade procurada do bem e preço
do bem complementar, logo a elasticidade cruzada é negativa.

Carlos Miguel Oliveira | Março de 2008 | R.0 …………………………………::……………………………. 29


INTRODUÇÃO À ECONOMIA – PARTE I MICROECONOMIA

4. A ESCOLHA DO CONSUMIDOR E A
PROCURA DE MERCADO
Neste capítulo vamos tentar analisar a forma como a economia procura explicar o processo de
decisão referente às escolhas do consumidor. Será a base teórica para a derivação das curvas de
procura de mercado.

Quando pensamos nas nossas escolhas diárias e decisões de compra, somos capazes de enumerar
um conjunto extenso de factores que podem afectar a nossa decisão: preço, gosto pessoal,
qualidade dos produtos, (in)existência de produtos substitutos ….. . Efectivamente são vários os
factores que pesam na nossa decisão.

A análise explanada nas próximas páginas é muito abstracta e deverá ser entendida no contexto da
sua modelização.

4.1. O CONJUNTO DE OPORTUNIDADES OU A RESTRIÇÃO


ORÇAMENTAL

Estes apontamentos são baseados no de Frank no seu livro Microeconomia e Comportamento.

Para simplificar, comecemos por considerar um mundo somente com dois bens, alimentação e
habitação. Um cabaz de bens é o termo usado para descrever uma combinação particular de
alimentação, medida em quilos por semana, e habitação, medida em metros quadrados por
semana. Assim, na Figura 2, um cabaz (cabaz A) pode consistir em 5 m2/semana de habitação e 7
kg/semana de alimentação. Para abreviar, podemos usar a notação (5; 7) que representa o cabaz A
e a notação (3, 8) que caracteriza o cabaz B. De forma geral, (H0,, A0) representa o cabaz de H0
metros quadrados/semana de habitação e A0 kg/semana de alimentação. Convencionou-se que o
primeiro número do par de qualquer cabaz se refere ao bem representado ao longo do eixo
horizontal.

Figura 4.1. Representação de cabazes de bens

Carlos Miguel Oliveira | Março de 2008 | R.0 …………………………………::……………………………. 30


INTRODUÇÃO À ECONOMIA – PARTE I MICROECONOMIA

Suponha que o rendimento de um consumidor é R = 13 000u.m./semana, e que gasta tudo numa


combinação de alimentação e habitação. (Note que o rendimento também varia). Suponha, ainda,
que o preço da habitação e da alimentação é respectivamente:

PH = 650 u.m./m2

PA= 1.300 u.m./kg.

Se o consumidor gastar todo o seu rendimento em habitação, pode comprar:

R/PH = (1300u.m./semana) ÷ (650 u.m./m2 ) = 20 m2 / semana.

0 mesmo é dizer que podem comprar o cabaz de 20 m2/semana de habitação e 0 kg/semana de


alimentação, denotado (20, 0).

Suponha, em alternativa, que o consumidor gasta todo o seu rendimento em alimentação. Obteria,
assim, o cabaz será traduzido por:

R/PA = (13000u.m./semana) ÷ (1.300 u.m./Kg), o que quer dizer 10Kg de Alimentação e 0 m2


/semana de habitação, denotando (0,10).

Figura 4.2 Representação da restrição orçamental do consumidor

Na Figura 4.2. estes


extremos estão
identificados por K e L,
respectivamente. 0
Consumidor será também
capaz de comprar qualquer
outro cabaz que se
encontre ao longo da linha
recta que liga Os pontos K e
L. Esta linha é designada
por restrição orçamental, ou
conjunto de oportunidades,
e está representada pela sigla B no diagrama.

Recorde-se da regra de álgebra que aprendeu no liceu, segundo a qual o declive de uma linha recta
é a sua "altura" sobre a sua "base" (a variação da sua posição vertical dividida pela variação,
correspondente, da sua posição horizontal). Note que, aqui, o declive da restrição orçamental é a
sua ordenada na origem (a altura) dividida pela sua abcissa na origem (a base correspondente): -
(10 kg/semana)/(20m2 /semana) = - (1/2 ou 0,5) kg/m2 . O sinal negativo significa que a restrição
orçamental é decrescente, ou seja, tem um declive negativo. Em termos gerais, se R representa o
rendimento semanal do consumidor, e PH e PA representam os preços de habitação e alimentação,
respectivamente, a ordenada e a abcissa na origem serão dadas por (R/PH) e (R/PA), respectivamen-
te. Assim, a fórmula geral para o declive da restrição orçamental e dada por - (R/PÁ)/ /(R/PH), que é,
simplesmente, a negativa do quociente dos preços dos dois bens.

Em adição à possibilidade de comprar qualquer outro cabaz que se encontre ao longo da sua
restrição orçamental, o consumidor pode também adquirir qualquer cabaz que esteja incluído no
triângulo orçamental formado por ele e pelos dois eixos (área colorida do triangulo). Na Figura 4.2.,
D é um desses cabazes. 0 cabaz D custa 8.450 u.m./semana:

Carlos Miguel Oliveira | Março de 2008 | R.0 …………………………………::……………………………. 31


INTRODU
UÇÃO À ECON
NOMIA – PARTTE I MICROEC
CONOMIA

Custoo = 5x650u.mm. + 4x1.300 0u.m.; valor abaixo


a do ren
ndimento do consumidor que é de 13 3. 000
u.m.//semana. Os cabazes que e se encontraam dentro do triângulo orçamental
o ta
ambém pode em ser
referidos como co onjunto viáve
el ou exequíível. Os cabaazes como F,
F que estão o situados fo
ora do
triânggulo orçamen
ntal, são chaamados de inviáveis ou não exequívveis. A um ccusto de 18 8. 200
u.m.//semana, E esstá, simplesm
mente, foca do alcance do consumidor..

Se H e A represen
ntavam as quuantidades de habitação e alimentaçã
ão, respectiva
amente, a resstrição
orçam s satisfeita pela seguinte
mental deve ser e equação:

(1)

Traduuzindo que a despesa semmanal do conssumidor em habitação


h (PH a despesa semanal
H) mais a sua
em alimentação
a (
(PA) deve ser igual ao seeu rendimentto semanal (R).
( Se quiseermos aproximar a
restriçção orçamen
ntal à forma geral
g da recta
a, basta-nos resolver
r a equação (1) paara QH em ord
dem a
QA:

R PH
QA = − × QH . (2)
PA PA

A equ
uação 2 é umma outra man neira de verm
mos que a orddenada na orrigem da resttrição orçameental é
dada por R/PA e o seu declive por
p - (PH/PA). A equação pa
ara a restriçã
ão orçamental na Figura 4.2 é:

Varia
ação nos pre
eços.

Caso 1) o declive e a posição da


d restrição orçamental
o é determinada totalmente p
pelo rendimento do
consu
umidor e pelo os preços doos respectivoss bens. Se alterarmos qualquer um de
eles, teremoss uma
nova restrição orça
amental.

Figura
a 4.3. – O efe
eito da variaçção do preço de
d um bem

Fonte: FranK, Microeco


onomia e Compo
ortamento, McGrrawHill

A Figu
ura 3 mostra que o efeito de um aume
ento do preço de habitação
o de PH1 = 65
50u.m./m2 paara PS2
=13000u.m. (note-sse que o rendimento sem
manal e o preço dos alime
entos perman necem inalterrados),

Carloss Miguel Olive


eira | Março de 2008 | R.0 ………………
……………………
…::…………………
……………. 32
INTRODUÇÃO À ECONOMIA – PARTE I MICROECONOMIA

não altera a ordenada na origem da restrição orçamental do consumidor, a subida do preço de


habitação apenas desloca a restrição orçamental para dentro em torno da ordenada na origem,
como se mostra no diagrama.

Note que, na Figura 4.3. embora o preço dos alimentos não se tenha alterado, a nova restrição
orçamental B2 reduz, não somente a quantidade de habitação que o consumidor pode comprar, mas
também a quantidade de alimentação (este problema prende-se com uma diminuição real do poder
de compra do consumidor; o seu rendimento real baixou).

Exercício prático: Verifique o efeito de uma redução do preço da habitação, de 650u.m./m2 para
520u.m./m2, sobre a restrição do orçamental 1 B1 na Figura 3.

Poderá constatar se representar a nova restrição orçamental que uma redução no preço da
habitação deixa, mais uma vez, inalterada a ordenada na origem da restrição orçamental. Desta vez,
a restrição orçamental efectua uma rotação para fora. Repare, também, como no caso 1, que
embora o preço da alimentação não se altere, a nova restrição orçamental permite ao consumidor
comprar um cabaz que englobe não só mais habitação, mas também mais alimentação.

Exercício prático: Demonstre o efeito de um aumento do preço da alimentação de 1300u.m./kg


para 2600u.m./kg sobre a restrição orçamental B1.

O exercício anterior demonstra que, quando o preço da alimentação é alterado, a restrição


orçamental efectua uma rotação em torno da sua abcissa na origem. Repare ainda, que, embora o
rendimento e o preço da habitação se mantenham inalterados, a nova restrição orçamental reduz
não só a quantidade de alimentos que o consumidor pode comprar como também a quantidade de
habitação.

Quando alteramos o preço de apenas um dos bens, alteramos, necessariamente, o declive da


restrição orçamental, o mesmo acontece se alterarmos ambos os preços em proporções diferentes.
Mas, como poderá constatar no caso seguinte, alterar os dois preços exactamente na mesma
proporção dá origem a uma nova restrição orçamental com mesmo declive da recta original.

Exercício prático: Demonstre o efeito de um aumento do preço da alimentação de 1300u.m./kg


para 2600u.m./kg e de um aumento do preço da habitação de 650u.m./m2 para 1300u.m./rn sobre
a restrição orçamental B1 na figura3.

Repare que aqui, o efeito da duplicação dos preços da alimentação e da habitação é deslocar a
restrição orçamental para dentro e paralelamente à restrição original. A lição importante a tirar
deste exercício é que o declive da restrição orçamental retracta apenas preços relativos, não
podendo ser referência para os níveis de preços em termos absolutos. Quando os preços da
alimentação e da habitação se alteram na mesma proporção, o custo de oportunidade da habitação
em termos de alimentação mantém-se como anteriormente.

Alterações do rendimento.

O efeito de uma alteração do rendimento é muito semelhante ao efeito de uma alteração de todos
os preços em proporções iguais. Suponha, por exemplo, que o rendimento do nosso hipotético
consumidor é reduzido a metade, de 13 000u.m./semana para 6500S/semana. A abcissa na
origem da restrição orçamental do consumidor vai diminuir de 20 m2/semana para 10 m2/semana,
e a ordenada na origem de 10 kg/semana para 5 kg/semana, como se mostra na Figura 4. Assim, o
novo orçamento, B2, é paralelo ao antigo, B1, ambos com um declive de ½. Em termos de efeito

Carlos Miguel Oliveira | Março de 2008 | R.0 …………………………………::……………………………. 33


INTRODU
UÇÃO À ECON
NOMIA – PARTTE I MICROEC
CONOMIA

sobree aquilo que o consumid dor pode comprar, a red dução do rendimento pa ara metade não é
ente da dupliccação dos preços. Resulta
difere a precisamen
nte a mesma restrição orççamental de ambas
a
as altterações.

Exerccício prático: Demonstre o efeito de um m aumento de


d rendimentto de 13.000
0u.m./semana
a para
15.6000u.m./sema ana sobre a re
estrição orçamental B1 na Figura 4.4.

O exe
ercício anterio
or mostra que um aumento dos rendim
mentos deslo
oca a restriçã
ão orçamenta al para
fora e de forma paralela. Tal como no caaso da redução do renddimento, o de eclive da resstrição
orçam
mental manté ém-se inaltera
ado.

Figura
a 4.4.

Os exxemplos disccutidos até agora


a coloca
am o consum midor perantte a oportunidade de co omprar
apenaas dois bens diferentes. É desnecessáário dizer que
e muito pouco os consumido ores têm um leque
de oppções tão resstrito. De um
ma forma mu uito geral, os problemas orçamentais
o dos consumidores
podemm ser colocados como um ma escolha entre não ape enas dois, maas N bens differentes, em que N
pode ser um núme ero muito eleevado. Consid
derando apen nas dois benss (N = 2), a re
estrição orçam
mental
é uma linha rectaa, como acab bámos de ver Consideran ndo três benss (N = 3), é um plano. Quando
temoss mais de trrês bens, a restrição orççamental tran nsforma-se naquilo
n a que os matem máticos
cham
mam hiperplano ou plano multidimenssional. A únicca dificuldad de real é a rrepresentação o geo-
métrica deste casso multidimensional. Não o somos muitto bons na visualização
v d
de superfície
es que
apressentam mais de três dimen nsões, nem nos
n preocuparemos com issso no nosso estudo.

4.2. ORDENA
AÇÃO DAS
S PREFER
RÊNCIAS

Vamo os agora tenta


ar explicar co
omo a econommia lidou com
m problemas de
d índole subj
bjectiva ligado
os a
situaçções pessoaiss de gosto ou
u preferência por determin
nado produto ou serviço

Para simplificar, vamos


v considderar de novvo um mundo com apena as dois benss, a habitaçã
ão e a
alime
entação. A orrdenação das preferência as é um sistema que pe ermite ao coonsumidor orrdenar
diverssos cabazes de
d bens em termos
t da sua
a atracção ou
u preferência. Considere d
dois cabazes, A e B.
Para sermos
s maiss concretos, suponha
s que A contém 4 m2/semana de d habitação e 2 kg/sema ana de
comidda, enquanto o B contém 3 m2/sema ana de habittação e 3kgg/semana de e comida. Se não
conhe ecermos as preferências do consumidor não pod demos dizer qual destess conjuntos ele
e irá

Carloss Miguel Olive


eira | Março de 2008 | R.0 ………………
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INTRODUÇÃO À ECONOMIA – PARTE I MICROECONOMIA

preferir A tem mais habitação, mas menos alimentação, do que B. Quem passar muito tempo em
casa vai provavelmente escolher o A, enquanto uma pessoa com um metabolismo muito rápido es-
colherá provavelmente o B.

De uma forma geral, podemos dizer que, para dois cabazes como estes, o consumidor pode fazer
três escolhas: 1)A é preferido a B; 2) B é preferido a A; 3)A e B são igualmente preferidos. A
ordenação da preferência permite ao consumidor ordenar os diferentes conjuntos, mas não lhe
permite fazer afirmações quantitativas mais precisas sobre a sua preferência relativa. Assim, por
exemplo, o consumidor poderá dizer que prefere A a B, mas não pode afirmar que A lhe dá o dobro
da satisfação de B.

As ordenações de preferências diferem, frequentemente, entre os consumidores. Uns gostam de


Verdi, outros gostam dos Rolling Stones. No entanto, apesar destas diferenças, a maior parte das
ordenações de preferências partilham algumas características importantes. Mais especificamente,
os economistas assumem geralmente quatro propriedades simples. Começaremos por considerar
as primeiras três dessas propriedades, o que nos fará avançar no sentido de sermos capazes de
construir uma representação analítica concisa das preferências que nos são necessárias para o
problema da distribuição orçamental.

1. Exaustividade. Uma ordenação de preferências está completa se permitir ao consumidor ordenar


todas as combinações possíveis de bens e serviços. Tomada à letra, a exaustividade é sempre falsa,
pois existem muitos bens que não são possíveis de avaliar de uma forma precisa por os
desconhecermos quase completamente. E, contudo, uma suposição simples e útil para a análise
das escolhas dentro dos vários cabazes de bens que são familiares aos consumidores.

2. Transitividade. Se gosta mais de bife que de hambúrguer, e mais de hambúrguer que de


cachorros quentes, então provavelmente você gosta mais de bife que de cachorros quentes. Uma
ordem de preferência de um consumidor é transitiva, quando para cada três cabazes A, B, e C, se
ele preferir A a B, e preferir B a C, então ele vai sempre preferir A a C. A relação entre as
preferências é como a relação usada para comparar alturas de pessoas.

Nem todas as relações comparativas são transitivas. Uma relação não transitiva é demonstrada na
relação de "derrotas do futebol". Nalgumas épocas o Porto derrota o Sporting, e o Sporting vence o
Benfica, o que não quer, necessariamente, dizer que o Porto vá vencer o Benfica, “embora seja o
mais provável!”.

A transitividade é uma simples propriedade de coerência e aplica-se à relação "igualmente preferido


a", e a qualquer combinação desta com a relação "preferido a". Por muito razoável que a
transitividade nos pareça, veremos em situações posteriores exemplos de comportamentos que nos
parecerão incompatíveis com ela. Mas, apesar disso, trata-se de uma descrição precisa das
preferências na maior parte dos casos, e a não ser que seja especificado de outra forma, iremos
adoptá-la ao longo das aulas.

3. Quanto mais, melhor. A propriedade de quanto mais, melhor, quer dizer que, sendo tudo o resto
constante, maior quantidade de um bem é preferível a menos quantidade desse mesmo bem.
Naturalmente, podemos pensar em exemplos onde mais de "qualquer coisa" faz-nos sentir pior que
melhor (como por exemplo alguém que comeu de mais). Mas, nestes casos, há normalmente algum
tipo de dificuldades práticas, como um problema de autocontrolo ou uma incapacidade de
armazenar um bem para utilização futura. Desde que as pessoas possam dispor livremente dos
bens que não querem, ter mais de algo não lhes pode fazer mal.

Como exemplo da aplicação da suposição de quanto mais, melhor, considere dois conjuntos, A, que
têm 12 m2/ semana de habitação e 10 kg/semana de comida, e B, que tem 12m2 /semana de

Carlos Miguel Oliveira | Março de 2008 | R.0 …………………………………::……………………………. 35


INTRODU
UÇÃO À ECON
NOMIA – PARTTE I MICROEC
CONOMIA

habita
ação e 11 kg/
g/semana de comida. Este
e princípio dizz-nos que B é preferido a A
A, porque tem
m mais
alime
entos e não te
em menos ha
abitação.

Antess de passarmos para a quarta suposiçã ão acerca da ordenação das


d preferênccias, considerremos,
emente, algumas das imp
breve plicações desstas três prim
meiras. O maais importante é que ela
as nos
permitem efectuar um gráfico o descritivo das
d preferênccias dos conssumidores. PPara vermos como,
consideremos o prrimeiro cabazz A da Figura 4.5.

Este cabaz tem 12


m2/se emana de
habitaação e 10
kg/seemana de
alimeentação. A Nesta zona
z todos os
supossição do quanto cabazess são preferidos
a A (qua
anto mais
mais, melhor indiica- melhor))
nos que todos os
Cabazes
cabazzes a norde este preteridos a A
de A são
s preferidoos a (pelo axiom
ma do
“quanto mais
A, e que A, por sua
s melhor”)
vez, é preferido a
todoss os cabazess a
sudoe este de A.
Assim
m, por exemp plo,
a s
suposição do
quantto mais, melhor
diz-no
os que Z, que
q
tem 28 m2/sema ana
de haabitação e 12
2 kg/semana de alimentaçção, é preferiido a A e que e A, por sua vvez, é preferid
do a W
que teem somente 6 m2/semana de habitaçã ão e 4 kg/sem mana de alim mentação.

Consiideremos, agora, o conjun


nto de cabaze
es dispostos ao a W a Z. Porque Z é
a longo da linha que liga
preferido a A, e A é preferido a W; conssequentemen nte, ao moveermos de Z para W, devvemos
enconntrar um caba
az que é igua
almente prefe
erido a A.

Seja B o cabaz queq é igualmente preferid do a A, e suponhamos que contém 1 17 m2/sema ana de
habitaação e 8 Kg/g/semana de alimentação o. (As quantia d cada bem em B dependem,
as exactas de
claro,, dos gostos do consumid dor, de cujass preferências estamos a falar). A sup posição de quanto
q
mais, melhor diz-nnos que só exxistirá um único cabaz dessses na linha recta que ligga Z a W. Os pontos
p
dessa deste a B são todos melho
a linha a nord ores que B, e os pontos a sudoeste
s de B são todos piores.
p

Precissamente da mesma
m maneeira, podemo
os encontrar outro
o ponto - chamado C - que é igualmente
preferido a B. C representa
r o cabaz (20, 7)
7 onde as quantidades
q e
específicas d
de C uma vezz mais
depen ndem das prreferências do consumido or que considderarmos. Pe
ela suposiçãoo de transitivvidade,
sabemmos que C é também igua almente prefe
erido a A (um
ma vez que C é igualmentee preferido a B,
B que
é igua
almente prefe
erido a A).

Podem mos repetir este processso as vezes que quiserm mos, e o re


esultado finall será a currva de
indife
erença: Um co onjunto de to
odos os cabazes que são igualmente preferidos
p ao cabaz original A, e
daí também
t almente prefferidos uns aos outros.. Este grupo
igua o é represe entado pela curva
identiificada como o 1 na Figuraa 3.9. É cha
amada curva de indiferennça porque o consumido or está
indife
erente a todoss os cabazes que se situam ao longo dela.

Carloss Miguel Olive


eira | Março de 2008 | R.0 ………………
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……………. 36
INTRODUÇÃO À ECONOMIA – PARTE I MICROECONOMIA

As curvas de indiferença também nos permitem comparar a satisfação que está implícita nos
cabazes dispostos ao longo delas com os que estão acima ou abaixo. Permite-nos, por exemplo,
comparar o cabaz C (20, 7) ao cabaz K (23, 4) que tem menos alimentação e mais habitação que o
C. Sabemos que C é igualmente preferido a A (25, 6) porque ambos os cabazes estão dispostos ao
longo da mesma curva de indiferença. D, por sua vez, é preferido a K por causa da suposição do
quanto mais, melhor: tem a mais 2 m2 habitação/semana e 2kg alimentação/semana que K.

A Transitividade, diz-nos finalmente que, uma vez que C é igualmente preferido a D e D é preferido
a K, C deve ser preferido a K..

Por um raciocínio análogo, podemos dizer que o cabaz L é preferido a A. Em geral os cabazes que se
situam acima de uma curva de indiferença, são todos preferidos aos cabazes que se situam sobre
ela. Da mesma maneira que todos os que se situam sobre uma curva de indiferença são preferidos
àqueles que estão dispostos abaixo

A propriedade da exaustividade implica que exista uma curva de indiferença que passa através de
todos os cabazes possíveis. Assim sendo, podemos representar as preferências dos consumidores
com um mapa de curvas de indiferença.

Carlos Miguel Oliveira | Março de 2008 | R.0 …………………………………::……………………………. 37


INTRODUÇÃO À ECONOMIA – PARTE I MICROECONOMIA

4.3. A UTILIDADE

A satisfação que deriva do consumo de um consumidor é chamada na economia por utilidade.


Suponha que um consumidor consume 5 Kg de alimentação. A satisfação total que ele obtém é
chamada de Utilidade Total. Suponha agora que ele consome um Kg extra de alimentação, a
satisfação extra que ele irá obter é chamada Utilidade Marginal do sexto Kg de alimentação.

Como temos visto neste capítulo o consumidor compara diferentes bens ou serviços, como é o caso
da habitação e alimentação, e escolha sempre a combinação que maior utilidade lhe poderá trazer.

Contudo o conceito de utilidade leva a muitas dúvidas e perguntas

Poderemos medir a utilidade?

Qual será a relação entre a utilidade de um bem e o seu Preço?

Existem duas teorias que se debruçam sobre o aspecto da mensuração da utilidade:

Teoria da utilidade ordinal: a utilidade não é medida como os preços e quantidades, contudo é-nos
possível ordenar a utilidade dos diferentes bens, ou seja, eu posso dizer que a utilidade de um Kg
de alimentação é maior, igual ou menor que de um m2 de habitação.

Teoria da utilidade cardinal: que afirma que a utilidade total e marginal são mensuráveis

Kg de Alimentação Utilidade Total Utilidade Marginal


0 0
1 20 20
2 35 15
3 45 10
4 50 5
5 53 3
6 55 2
7 56 1
8 56 0
9 55 -1
10 53 -2

Como podemos Identificar pelo quadro acima representado a Utilidade Total é máxima quando a
Utilidade Marginal é nula. Podemos também verificar que a utilidade marginal é decrescente, ou
seja, a utilidade marginal decresce à medida que vamos consumindo mais Kg de alimentação –

Está é a chamada Lei da Utilidade Marginal Decrescente.

Em termos matemáticos representaremos a função Utilidade como:

U=U(x1, x2)

Onde U é a utilidade, e x1 e x2 são quantidades consumidas dos dois produtos.

A representação gráfica da função utilidade para determinado nível de utilidade não é mais do que a
curva de indiferença. Uma função utilidade representa um mapa de curvas de indiferenças –
diferentes curvas para diferentes níveis de utilidade.

Carlos Miguel Oliveira | Março de 2008 | R.0 …………………………………::……………………………. 38


INTRODUÇÃO À ECONOMIA – PARTE I MICROECONOMIA

Não se esqueça:

Quanto mais à direita (da origem) uma curva de indiferença estiver maior é o seu nível de utilidade.

Ao longo de uma curva de indiferença a utilidade é constante.

Duas curvas de indiferença não se podem interceptar.

A moderna teoria do comportamento do consumidor baseia-se na Utilidade Ordinal, usando a


técnica das Curvas de indiferença. Como já referenciado, as curvas de indiferença mostram as
combinações de produtos que nos dão a mesma utilidade total.

Como é efectuada a maximização da utilidade através do recurso à teoria do comportamento do


consumidor?

Ponto de maximização da utilidade. Ponto


onde a restrição orçamental intercepta a
curva de indiferença como um nível de
Bem X utilidade superior.
Note que a restrição orçamental também
intercepta uma curva de indiferença no
ponto A e B, mas o nível de utilidade nesta
A curva é inferior ao da curva U1

C Utilidade crescente. Curvas de


indiferença à direita traduzem
um nível de utilidade superior.
X’ U4

U3
B U2
U1

Y’ Bem Y

A teoria do comportamento do consumidor conjuga a restrição orçamental e as curvas de


indiferença para determinar a escolha óptima do consumidor. Desta forma consiguimos determinar
as quantidades que maximizam a decisão de compra do consumidor utilizando as seguintes
variáveis:

- Rendimento do consumidor;

- Preço da cada bem;

- Relação de escolha subjectiva patente nas preferências do consumidor.

Carlos Miguel Oliveira | Março de 2008 | R.0 …………………………………::……………………………. 39


INTRODUÇÃO À ECONOMIA – PARTE I MICROECONOMIA

4.4. A PROCURA INDIVIDUAL E DO MERCADO

Já vimos até agora como as alterações nos preços e no orçamento podem alterar as nossas
decisões de compra. Toda a análise e derivação das curvas de procura individual partem da
maximização da utilidade do consumidor face a variações do preço de determinado produto. Nos
pontos anteriores foi referenciado que existiam 3 dimensões na escolha do consumidor (análise
entre dois bens, ou um bem e um cabaz):

- Rendimento disponível Variáveis expressas na restrição


orçamental:
- Preços dos produtos
R = Px X + Py Y

Relacionamento traduzido pela curva de


- Relação de preferência entre os dois produtos. indiferença, que traduz um determinado nível
de utilidade. U=f(x,y)

Analisemos o gráfico ( Fig 4.6.) abaixo apresentado:

Restrição orçamental

Curva de indiferença

Suponha que o rendimento do consumidor é de 15 600$/semana e que o preço do bem composto


é, 130$. A ordenada na origem será então de 15 600.A abcissa na origem será de 15.600/PH sendo
PH o preço de habitação.

A Figura 1 mostra quatro restrições orçamentais que correspondem a quatro preços diferentes de
habitação, nomeadamente 3120$/m2, 1560$/m2, 780$/m2 e 520$ m2. Os melhores cabazes
possíveis têm respectivamente 2,5 – 7 – 15 - e 20 m2 /semana de habitação. Se repetíssemos
indefinidamente este procedimento com muitos preços, os pontos de tangencia resultantes
formariam a linha identificada por CPC na Figura 1. Esta linha é designada por curva preço-consumo
ou CPC.

Para o consumidor individual, cujo mapa de curvas de indiferença é mostrado na Figura 1, note que,
cada vez que o preço da habitação desce, a restrição orçamental roda para fora, permitindo ao
consumidor, não só conseguir comprar mais habitação, como também mais bens compostos. Cada

Carlos Miguel Oliveira | Março de 2008 | R.0 …………………………………::……………………………. 40


INTRODUÇÃO À ECONOMIA – PARTE I MICROECONOMIA

vez que o preço da habitação desce, este consumidor escolhe um cabaz que contém mais habitação
que o cabaz escolhido anteriormente. Note, no entanto, que a quantidade de dinheiro gasto nos
bens compostos pode subir ou descer enquanto o preço da habitação desce. Assim, por exemplo, a
quantia gasta em outro bem desce quando o preço da habitação desce de 3120$/m2 para
1560$/m2, mas sobe quando o preço de habitação desce de 780$/m2 para 520$/m . Mais à frente
iremos ver por que é que este padrão de compra é relativamente comum.

Uma curva de procura individual é, como a curva de procura do mercado, uma relação que nos
indica as quantidades que o consumidor comprará a vários preços. Toda a informação que
necessitamos para construir a curva de procura individual está contida na curva preço-consumo. O
primeiro passo para passar da CPC para a curva de procura individual é o de anotar as combinações
relevantes de preço-quantidade da CPC da Figura 1.

Preço da Habitação ($m2) Quantidade de habitação procurada (m2)


3120 2.5
1560 7
780 15
520 20
O passo seguinte consiste em representar os pares preço-quantidade do Quadro 1. colocando o
preço de habitação sobre o eixo das ordenadas e a quantidade de habitação sobre o eixo das
abcissas. Com um número suficiente de pares de preço-quantidade, criamos a curva de procura
individual, mostrada na linha DD da Figura 2.

Repare que, ao mudar da CPC para a curva de procura individual, está mudar de um gráfico
cujos dois eixos medem quantidades para outro, em que um eixo mede o preço e o outro a
quantidade.

Neste capítulo outro conceito importante a reter é o de excedente do consumidor, que retracta o
benefício (quantificado) ao comprar determinado produto a determinado preço.

Carlos Miguel Oliveira | Março de 2008 | R.0 …………………………………::……………………………. 41


INTRODUÇÃO À ECONOMIA – PARTE I MICROECONOMIA

Excedente do consumidor

Quando uma troca se faz voluntariamente, os economistas geralmente assumem que ela beneficia
os intervenientes. De outro modo, não estariam dispostos a faze-la. Esse tipo de medida é
designado por excedente do consumidor.

O excedente do consumidor é extremamente útil para medir os benefícios e/ou custos do


consumidor. É uma quantificação da extensão do benefício que os consumidores terão ao
participarem numa transacção.

Este benefício pode ser traduzido pelas variações do preço de um bem ou serviço, que por sua vez
são afectados por uma série de factores que já estudamos.

Usualmente utilizam-se duas formas para medir o excedente do consumidor:

• Baseada na curva da procura do consumidor para o produto;

Se o preço do mercado para a habitação for de 390$/m2 a quantidade procurada de habitação será
de 12 m2.

Na compra do 1º m2 o preço a pagar será de 1820$, logo o excedente do consumidor pela compra
do 1º metro quadrado será de 1820$ - 390$ = 1490$.

Na compra do 2º m2 o preço a pagar será de 1690$, logo o excedente do consumidor pela compra
do 2º m2 de habitação será 1690$ - 390$ = 1300.

Note-se que a altura da curva de procura correspondente a qualquer quantidade mede o máximo
que o consumidor está disposta a pagar por uma unidade adicional de habitação. Essa quantia
menos o preço de mercado é o excedente que obtém ao consumir a última unidade.

Carlos Miguel Oliveira | Março de 2008 | R.0 …………………………………::……………………………. 42


INTRODUÇÃO À ECONOMIA – PARTE I MICROECONOMIA

O excedente total do consumidor ao consumir 12m2 de habitação ao preço de 390$ é a área


sombreada entre a curva da procura e o preço de mercado.

Como medida do benefício podemos afirmar que sempre que existe uma perda de excedente do
consumidor o preço de equilíbrio de mercado tornou-se mais elevado.

Agregação das Curvas de Procura Individuais


A procura de mercado é igual ao somatório das procuras individuais.

n
Dmercado = ∑ d i
i =1
Variando o i de 1 a n consumidores.

Assim a cada preço a procura de mercado será igual ao somatório das procuras individuais dos
consumidores.

Qd de Qd de Qd de
Procura de
m2/habitação m2/habitação m2/habitação
Preço mercado de
pelo consumidor pelo consumidor pelo consumidor
habitação / m2
A B C
1560$ 14 10 22 46
1200$ 24 15 32 71
980$ 34 20 42 96
750$ 44 25 52 121

Podemos assim representar a curva de procura de mercado, já que temos a relação do mercado
entre as quantidades procuradas a diferentes preços.

Curva de Procura de Mercado para a Habitação

Preço / m2

2100
1800
1500
1200
900
600
300

20 40 60 80 100 120 Quantidade Procurada

A Procura de Mercado
Como vimos a procura de mercado resulta da procura individual dos seus consumidores, assim

Carlos Miguel Oliveira | Março de 2008 | R.0 …………………………………::……………………………. 43


INTRODUÇÃO À ECONOMIA – PARTE I MICROECONOMIA

podemos definir a procura como a quantidade de determinado bem ou serviço que os consumidores
desejam adquirir num dado período de tempo. A procura como “fruto do desejo individual”
representa o máximo que os consumidores podem adquirir, dado o seu rendimento e os preços no
mercado.

Existem inúmeras variáveis que podem afectar directamente a procura (analisadas no capítulo
II). Tradicionalmente a função procura é traduzida pela seguinte forma:

qid = f ( pi , p s , p c , R, G )

Função geral da procura

Onde:

qi d= quantidade procurada da bem i num dado período de tempo t.

pi = preço do bem i/t

ps = preço dos bens substitutos ou concorrentes /t

pc = Preço dos bens complementares /t

R = Rendimento do consumidor/t

G = Gostos ou hábitos dos consumidores

Relações que se estabelecem com a procura

1- Relação entre a quantidade procurada e o preço do próprio bem

Traduz-se na função convencional da procura:

qid =f(pi) com ps, pc, R e G constantes

sendo que :

Δqid
<0
Δpi

,traduzindo a lei geral da procura, que nos diz que a quantidade procurada de um bem ou serviço
varia na relação inversa do seu preço6.

Como já vimos a curva da procura é usualmente negativamente inclinada, podendo assumir várias
formas:

6
Não esquecer o efeito da substituição e rendimento.
Existe uma excepção a esta regra – paradoxo de Giffen – em que por exemplo a diminuição do preço de um bem
provoca também uma quebra na sua procura.

Carlos Miguel Oliveira | Março de 2008 | R.0 …………………………………::……………………………. 44


INTRODUÇÃO À ECONOMIA – PARTE I MICROECONOMIA

2 – Relação entre a procura de um bem e o preço de outros bens

No caso de um bem substituto, em que o consumo de um bem substitui o consumo do outro

qid =f(ps) com pi, pc, R e G constantes

Δqid
>0
Δp s
Ou seja, há uma relação directa entre, por exemplo, o consumo da Coca-cola e uma variação no
preço da água mineral.

Neste caso estamos normalmente perante deslocações da curva da procura. Se por exemplo o
preço da água mineral aumenta-se haveria uma deslocação da curva da procura da coca-cola para a
direita.

No caso de um bem complementar, em os bens ou serviços são consumidos conjuntamente.

Δqid
<0
Δp c
qid =f(pc) com pi, ps, R e G constantes

Por exemplo, um aumento no preço dos automóveis deverá diminuir a procura de gasolina.

O relacionamento entre a variação da quantidade procurada de determinado bem e a o preço de um


produto substituto ou complementar pode ser medido através da elasticidade preço cruzada da

Carlos Miguel Oliveira | Março de 2008 | R.0 …………………………………::……………………………. 45


INTRODUÇÃO À ECONOMIA – PARTE I MICROECONOMIA

procura (atenção às aulas e ao capitulo 3.)

3 – Relação entre a procura de um bem e o rendimento do consumidor

qid =f(R) com pi, ps, pc G constantes

se


0,    é   

se


0,    é   

Para bens de primeira necessidade (bens básicos como alguns bens de alimentação, água,
electricidade) a alteração do rendimento não irá afectar a sua procura.

Bem Normal Bem Inferior

Bem de primeira necessidade

O relacionamento entre o rendimento e a quantidade procurada de determinado artigo é estudado


através da elasticidade rendimento da procura (atenção às aulas..).

4 – Relação entre a procura de um bem ou serviço e hábitos do consumidor

qid =f(G) com pi, ps, pc R constantes

Carlos Miguel Oliveira | Março de 2008 | R.0 …………………………………::……………………………. 46


INTRODUÇÃO À ECONOMIA – PARTE I MICROECONOMIA

Os hábitos ou gostos dos consumidores podem ser manipulados pela publicidade e campanhas
promocionais. Podemos ter campanhas para aumentar ou diminuir o consumo de bens, como nos
exemplos a seguir:

OBSERVAÇÕES COMPLEMENTARES

Quando falamos de variações na procura referimo-nos ao deslocamento da curva da procura, devido


a alterações em ps, pc, R ou G.

Variações na quantidade procura são movimentos ao longo da própria curva, devido a variações no
preço do próprio bem ou serviço (pi).

Os sinais dos coeficientes da função procura indicam a relação entre a quantidade procurada e a
variável em questão (directa ou inversamente proporcional). Por essa razão se o coeficiente de pi é
negativo, o coeficiente de ps é positivo, o coeficiente de pc é negativo e o rendimento positivo.

5. TEORIA DA EMPRESA: PRODUÇÃO


E CUSTOS DE PRODUÇÃO

Carlos Miguel Oliveira | Março de 2008 | R.0 …………………………………::……………………………. 47


INTRODUÇÃO À ECONOMIA – PARTE I MICROECONOMIA

Vamos iniciar a temática do estudo da empresa. A partir deste ponto vamos nos debruçar sobre o
estudo da forma como as empresas tomam as suas decisões, nomeadamente ao nível da decisão
quanto ao que produzir (quantidade) e ao preço de troca no mercado.

5.1. TEORIA DA PRODUÇÃO

Tópicos para discussão e estudo


• Tecnologia da Produção

• Isoquantas

• Produção com um factor Variável (Trabalho)

• Produção com Dois factores Variáveis

• Rendimentos de Escala

5.1.1 Introdução

Esta temática é voltada para a oferta de mercado. A teoria da produção procura resolver as
seguintes questões:

• O modo como uma firma toma decisões de produção (de forma a minimizarem o seu custo);

• A forma de variação dos custos de produção são indexadas ao nível de produção;

• As características da oferta de mercado;

• Problemas das actividades produtivas em geral.

A análise da função produção de uma organização é muito similar à análise do comportamento do


consumidor e da forma como estes escolhem entre determinados bens de forma a maximizar a sua
utilidade. A problemática aqui é centrada na combinação dos inputs produtivos (factores de
produção) tendo em atenção o custo dos referidos inputs.

Tecnologia da Produção
• O Processo Produtivo

Como processo produtivo vamos considerar a combinação e transformação de factores de produção


ou inputs produtivos em bens e serviços

Carlos Miguel Oliveira | Março de 2008 | R.0 …………………………………::……………………………. 48


INTRODUÇÃO À ECONOMIA – PARTE I MICROECONOMIA

• Tipos de factores (factores de produção)

– Trabalho

– Terra

– Matérias-primas

– Capital

– Organizacional

• Função de Produção:

– Indica o maior nível de produção que uma firma pode atingir para cada combinação
possível de factores, dado o estado da tecnologia (eficiência técnica ou tecnológica);

– Mostra o que é tecnicamente viável quando a firma opera de forma eficiente (eficiência
económica).

No caso de dois factores a função de produção é caracterizada por:

– Q = F(K,L)

– Q = Produto (em unidades), K = Capital, L = Trabalho

Como já visto, essa função depende do estado da tecnologia

Isoquantas
A representação gráfica da função produção de uma empresa é traduzida sob a forma de uma
isoquanta. A isoquanta traduz a combinação de recursos de forma a produzir determinado nível de
produção.

• Premissas para a nossa análise:

– Um produtor utiliza dois factores para a produção de determinado bem, por exemplo:
alimentação: Trabalho (L) & Capital (K)

– Observações:

1) Para qualquer nível de K, o produto aumenta quando L aumenta.

2) Para qualquer nível de L, o produto aumenta quando K aumenta.

3) Várias combinações de factores podem produzir a mesma quantidade de produto.

– Podemos desta forma afirma que são curvas que representam todas as possíveis
combinações de factores que geram a mesma quantidade de produto

Carlos Miguel Oliveira | Março de 2008 | R.0 …………………………………::……………………………. 49


INTRODU
UÇÃO À ECON
NOMIA – PARTTE I MICROEC
CONOMIA

Analissemos um exxemplo prático. A figura abaixo apressentada dá-n


nos diferente
es combinaçõ
ões de
inputss produtivos para a produção de determ
minado nível de output.

- A azul estão assin


naladas combinações que
e potenciam um
u nível de produção
p igua
al a 55 unidad
des:

- (K=3; L=
=1); (K=1; L=3
3)

- A vermelho encon
ntramos com
mbinações que
e resultam nu
um output de
e 75 unidadess:

- (K=5; L=
=1); (K=3: L=2
2); (K=2; L=3); (K=1; L=5)

- A Ve
erde temos ass combinaçõe
es que resulta
am num outp
put de 90 unid
dades, a sabe
er:

- (K=5; L=
=2); (K=3; L=3
3); (K=2;L=5)).

No gráfico abaixo
o apresentad
do, representtam-se as re
espectivas iso
oquantas qu
ue representa
am as
comb
binações de capital e trabalho que potenciam de
eterminado nível de produção. Note-sse que
quantto mais à dire
eita se localizzar uma isoqu
uanta maior será
s o nível de
e produção d
da empresa.

As isoquantas representam assim


a um po
otencial de escolhas
e parra as organizzações, que nelas
conse
eguem auferrir as difere
entes combinações de recursos po
ossíveis para
a a obtençã
ão de
determinado nível de produção
o.

Carloss Miguel Olive


eira | Março de 2008 | R.0 ………………
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…::…………………
……………. 50
INTRODUÇÃO À ECONOMIA – PARTE I MICROECONOMIA

• Flexibilidade no uso de factores

– As isoquantas mostram de que forma diferentes combinações de factores podem ser


usadas para produzir a mesma quantidade de produto.

– Essa informação permite ao produtor reagir eficientemente às mudanças nos mercados


de factores.

• Curto Prazo versus Longo Prazo

– Curto prazo:

– Período de tempo no qual as quantidades de um ou mais factores não podem ser


modificadas.

– Tais factores são denominados factores fixos.

– Longo prazo

– Período de tempo necessário para tornar variáveis todos os factores.

Note-se que no momento em que se fixa a quantidade a produzir e se procede à escolha da


combinação optima de recursos estamos a fixar um dos inputs produtivos. Na nossa análise
consideramos que fixamos o valor do Capital (provavelmente estamos a criar um custo fixo para a
organização).

5.1.2. Análise da Produção com um factor Variável

Podemos verificar que o Capital foi fixado em 10 unidades.

Carlos Miguel Oliveira | Março de 2008 | R.0 …………………………………::……………………………. 51


INTRODU
UÇÃO À ECON
NOMIA – PARTTE I MICROEC
CONOMIA

• Observações:
O

1) À medida que aumenta o númerro de trabalh


hadores, o prroduto (Q) au
umenta, atingge um
máximo (1
112( e, então
o, decresce.

2) O produtto médio do trabalho (PM


M), ou produtto por trabalhador, inicialmente aume
enta e
depois dim
minui.

Produto Q
PM = =
Trabalhoo L
3) O produtto marginal do
d trabalho (P
PMg), ou prod
duto de um trabalhador
t adicional, aumenta
a
rapidamente no início, depois dimin
nui e se torna
a negativo.

ΔProduto ΔQ
PMgL = =
ΔTrabalho ΔL

O con
nceito de pro
oduto margin
nal, ou neste caso, produ balho é facilmente
utividade marrginal do trab
obtido
o através da subtracção do valor do produto total à medida que
q vamos acrescentando
o uma
unida
ade adicional de factore tra
abalho.

Carloss Miguel Olive


eira | Março de 2008 | R.0 ………………
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INTRODU
UÇÃO À ECON
NOMIA – PARTTE I MICROEC
CONOMIA

Carloss Miguel Olive


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INTRODU
UÇÃO À ECON
NOMIA – PARTTE I MICROEC
CONOMIA

• Observaçõ
ões:

– Q
Quando PMg = 0, PT encon
ntra-se no seu
u nível máxim
mo

– Q
Quando PMg > PM, PM é crescente
c

– Q
Quando PMg < PM, PM é decrescente
d

– Q
Quando PMg = PM, PM enccontra-se no seu nível máxximo

A Lei dos Rendime


entos Margina
ais Decrescen
ntes

• À medida
a que o uso de determin
nado factor aumenta,
a che
ega-se a um ponto em que
q as
quantidad
des adicionaiss de produto obtidas torna
am-se menores (ou seja, o PMg diminu
ui).

• Quando a quantidade
e utilizada do
d factor trabalho é peq
quena, o PM
Mg é grande como
consequê
ência da maio
or especialização.

• Quando a quantidade utilizada do factor


f trabalh
ho é grande, o PMg decressce como resultado
de ineficiê
ências que affectam o próp
prio processo
o produtivo.

• Pode serr aplicada a decisões de


d longo prrazo relativass à escolha
a entre diferentes
configuraçções de planttas produtiva
as.

• Supõe-se que a qualidade do factorr variável seja


a constante.

• Explica a ocorrência de um PMgg decrescente


e, mas não necessariam
mente de um
m PMg
negativo

• Supõe-se uma tecnologia constante


e.

Carloss Miguel Olive


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INTRODU
UÇÃO À ECON
NOMIA – PARTTE I MICROEC
CONOMIA

Para retractar o effeito da inova


ação na prod
dução vamos nos socorrerr do Estudo d
de Malthus so
obre a
Crise de Alimentoss:

• Malthus previu
p o alasttramento da fome em larrga escala, que
q decorreria
a dos rendim
mentos
decrescen
ntes da produ
ução agrícola aliados ao crescimento populacional
p ccontínuo.

• Por que a previsão de Malthus reve


elou-se incorrecta?

Ín
ndice do
o Consu
umo Alimentar Mundia
al
Pe
er Capitta
Ano Índice
1948-1952 100
1960 115
1970 123
1980 128
1990 137
1995 135
1998 140

Carloss Miguel Olive


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INTRODU
UÇÃO À ECON
NOMIA – PARTTE I MICROEC
CONOMIA

• Os dados mostram que


e o crescimen
nto da produçção excedeu o crescimentto populacion
nal.

• O que se
e verificou fo
oi o facto de
e Malthus nã
ão ter levado
o em consid
deração os efeitos
e
potenciaiss dos avanço
os tecnológico
os, que perm
mitiram o aum erta de alimentos a
mento da ofe
taxas superiores ao cre
escimento da
a procura.

• As inovações tecnológicas resultara


am em excesssos de oferta
a e reduções d
de preços.

5.1.3
3. Análise da Produçção com do
ois factore
es variáveiss

• No longo prazo, K& L são


s factores variáveis.
v

• antas descrevvem as possívveis combinações de K & L que produzzem o mesmo


As isoqua o nível
de produtto

Taxa Marginal de Substituição


S Decrescente

• Interpreta
ação das Isoq
quantas

1) Suponha que o nível de capital seja 3 e que


e o nível de trabalho
t aum
mente de 0 para
p 1,
ara 2 e finalm
depois pa mente para 3. (Note que a produção au
umenta a uma taxa decresscente
(55, 20, 15),
1 o que ilusstra a ocorrên
ncia de rendimentos decre
escentes do ttrabalho no curto
c e
longo prazzos).

2) Suponha que o nível de trabalh


ho seja 3 e que o nível de
e capital aum
mente de 0 para
p 1,
ara 2 e finalmente parra 3 (Novam
depois pa mente, a pro
odução aumenta a uma
a taxa
decrescen
nte (55, 20, 15),
1 devido ao
os rendimenttos decrescen
ntes do capita
al).

Carloss Miguel Olive


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INTRODU
UÇÃO À ECON
NOMIA – PARTTE I MICROEC
CONOMIA

• Substituiçção entre facttores

• O administra
Os adores de um
ma firma dese
ejam determin
nar a combin
nação de factores a
s utilizada.
ser

• D
Deve-se ter em
m atenção ass possibilidades de substittuição entre o
os factores.

• A inclinação de
d cada isoq a a possibilidade de subsstituição entre dois
quanta indica
fa
actores, dado
o um nível constante de prrodução.

• A taxa marginal de substitu


uição técnica é dada por:

TMST = Variaçção no Capita


al / Variação no
n Trabalho

TMST = − ΔK (daddo um nívell constante de


d Q)
ΔL

• Observaçõ
ões:

1) A TMSTT cai de 2 pa
ara 1/3 à med
dida que a quantidade de
e trabalho aumenta de 1 para
p 5
unidades..

2) Uma TMST
T decresscente decorrre de rendim
mentos decre
escentes e implica isoqu
uantas
convexas..

3) TMST e Produtividad
de Marginal

Carloss Miguel Olive


eira | Março de 2008 | R.0 ………………
……………………
…::…………………
……………. 57
INTRODUÇÃO À ECONOMIA – PARTE I MICROECONOMIA

• A variação na produção resultante de uma variação na quantidade de trabalho é dada por:

(PMgL)( ΔL)

Isoquantas quando os factores são


perfeitamente substituíveis

Capital
por mês A

C
Q1 Q2 Q3
Trabalho
por mês

Substitutos Perfeitos

• Observações válidas no caso de factores perfeitamente substituíveis:

1) A TMST é constante ao longo de toda a isoquanta.

2) O mesmo nível de produção pode ser obtido através de qualquer combinação de factores
(A, B, ou C)

Capital
por mês

Q3
C
Q2
B

K1 Q1
A

Trabalho
L1 por mês

Carlos Miguel Oliveira | Março de 2008 | R.0 …………………………………::……………………………. 58


INTRODUÇÃO À ECONOMIA – PARTE I MICROECONOMIA

Função de Produção de Proporções Fixas

• Observações válidas no caso de factores que devem ser combinados em proporções fixas:

1) Não é possível a substituição entre os factores. Cada nível de produção requer uma
quantidade específica de cada factor (p.ex. trabalho e martelos pneumáticos).

2) O aumento da produção requer necessariamente mais capital e trabalho (isto é,


devemos nos mover de A para B e, então, para C).

Uma Função de Produção para o Trigo

• Os agricultores devem escolher entre técnicas de produção intensivas em capital ou


intensivas em trabalho.

Isoquanta que Descreve a Produção


de Trigo
Capital O ponto A é mais intensivo em
(horas capital, e o B é mais intensivo
por ano) em trabalho.
120
A
100 B
90 ΔK = - 10
80 ΔL = 260 Produção = 13.800 ton
por ano

40

Trabalho
250 500 760 1000 (horas por ano)

• Observações:

1) Operando no ponto A:

• L = 500 horas e K = 100 horas de máquina.

2) Operando no ponto B

• L aumenta para 760 e K diminui para 90; TMST < 1:

TMST = - ΔK = −(10 / 260) = 0,04


ΔL

Carlos Miguel Oliveira | Março de 2008 | R.0 …………………………………::……………………………. 59


INTRODUÇÃO À ECONOMIA – PARTE I MICROECONOMIA

3) TMST < 1, portanto, o custo do trabalho deve ser menor do que o custo do capital para
que o agricultor substitua capital por trabalho.

4) Se o trabalho for um recurso caro, o agricultor usará mais capital (ex. USA).

5) Se o trabalho não for caro, o agricultor usará mais trabalho (ex. Índia).

Rendimentos de Escala

• Medição da relação entre a escala (tamanho) de uma empresa e sua produção.

1) Rendimentos Crescentes de Escala: A produção cresce mais do que o dobro quando há


duplicação dos factores:

• Produção maior associada a custo mais baixo (automóveis)

• Uma empresa é mais eficiente do que muitas empresas (utilidade)

• As isoquantas situam-se cada vez mais próximas

Rendimentos de Escala
Rendimentos crescentes:
Capital
As isoquantas situam-se cada vez mais próximas
(horas de
máquina) A

30

2 20
10
Trabalho (horas)
0 5 10

2) Rendimentos Constantes de Escala: A produção dobra quando há duplicação dos


factores

• O tamanho não afeta a produtividade

Carlos Miguel Oliveira | Março de 2008 | R.0 …………………………………::……………………………. 60


INTRODUÇÃO À ECONOMIA – PARTE I MICROECONOMIA

• Afecta um grande número de produtores

• As isoquantas são espaçadas igualmente

Rendimentos de Escala
Rendimentos constantes:
Capital as isoquantas são
(horas de espaçadas igualmente
máquina) A
6
30

20

2
10
Trabalho (horas)
0 5 10 15

3) Rendimentos Decrescentes de Escala: A produção aumenta menos que o dobro quando


há duplicação dos factores

• Eficiência decrescente à medida que aumenta o tamanho da empresa

• Redução da capacidade administrativa

• As isoquantas situam-se cada vez mais afastadas

Rendimentos de Escala
Capital
(horas de
máquina) A

Rendimentos decrescentes:
as isoquantas situam-se
4 cada vez mais afastadas

30
2
20
10
Trabalho (horas)
0 5 10

Carlos Miguel Oliveira | Março de 2008 | R.0 …………………………………::……………………………. 61


INTRODUÇÃO À ECONOMIA – PARTE I MICROECONOMIA

Exemplo de um estudo de Rendimentos de Escala efectuado na Indústria Textil de um país em vias


de desenvolvimento

• A indústria de Textil observou crescimento significativo, com a deslocalização das empresas


que operavam nos países mais desenvolvidos (a partir de 1996), bem como o surgimento
de algumas empresas muito grandes.

• Pergunta

• Esse crescimento pode ser explicado pela presença de economias de escala?

• Há economias de escala?

– Custos (percentagem de custo para grandes empresas)

• Capital - 77%

• Trabalho - 23%

– Custos (percentagem de custo para pequenas empresas)

• Capital - 65%

• Trabalho - 35%

• Os Grandes Fabricantes

– Aumentaram o maquinário e o trabalho

– A duplicação dos factores mais do que dobrou a produção

– Verificam-se economias de escala para os grandes produtores

• Os Pequenos Fabricantes

– Pequenos aumentos na escala têm pouco ou nenhum impacto na produção

– Aumentos proporcionais nos factores aumentam a produção proporcionalmente

– Verificam-se rendimentos constantes de escala para os pequenos produtores

Podemos então concluir que os rendimentos de escala estão associados a:

- Sector de actividades onde as empresas estão inseridas;

- Dimensão da empresa;

- Composição de capital e trabalho utilizado na sua função produção.

Carlos Miguel Oliveira | Março de 2008 | R.0 …………………………………::……………………………. 62


INTRODUÇÃO À ECONOMIA – PARTE I MICROECONOMIA

IMPORTANTE A RETER SOBRE ESTA TEMÁTICA:


• Uma função de produção descreve a produção máxima que uma empresa pode obter para
cada combinação específica de factores.
• Uma isoquanta é uma curva que mostra todas as combinações de factores que resultam
em um determinado nível de produção.
• O produto médio do trabalho mede a produtividade do trabalhador médio, enquanto o
produto marginal do trabalho mede a produtividade do último trabalhador incluído no
processo produtivo.
• A lei dos rendimentos decrescentes explica que o produto marginal de um factor diminui
quando a quantidade desse factor é aumentada.
• As isoquantas inclinam-se sempre para baixo porque o produto marginal de todos os
factores é positivo.
• O padrão de vida que um país pode oferecer a seus cidadãos está intimamente relacionado
a seu nível de produtividade.
• Na análise de longo prazo, tendemos a enfocar a escolha da empresa em termos de escala
ou dimensão de operação.

Carlos Miguel Oliveira | Março de 2008 | R.0 …………………………………::……………………………. 63


INTRODUÇÃO À ECONOMIA – PARTE I MICROECONOMIA

5.2. TEORIA DOS CUSTOS DE PRODUÇÃO

INTRODUÇÃO
A teoria da produção, vista anteriormente, prende-se exclusivamente com questões tecnológicas,
físicas, entre inputs e produtos. Vejamos agora o lado dos custos de produção, que determinarão a
oferta da empresa.

Observaremos como a visão do economista difere da do contabilista, em particular no que se refere


aos custos implícitos e custos sociais, incorporados pelos economistas em suas curvas de custos.

5.2.1. CUSTOS DE OPORTUNIDADE VRS CUSTOS CONTABILISTICOS


Custos contabilísticos: envolvem dispêndio monetário. É o custo explícito, considerado na
contabilidade financeira.

Custos de oportunidade: são custos implícitos, que não envolvem desembolso monetário. Os custos
de oportunidade privados são os valores dos inputs que pertencem à empresa e são usados no
processo produtivo. Esses valores são estimados a partir do que poderia ser ganho, no melhor uso
alternativo (por isso também são chamados de custos alternativos).

Exemplos:

a) O capital em caixa na empresa: o custo de oportunidade é o que a empresa poderia estar a


ganhar, aplicando, por exemplo, no overnight;

b) O custo de oportunidade de se investir na ampliação da empresa é o que se ganharia se o


dinheiro fosse empregado no mercado financeiro;

c) Quando a empresa tem prédio próprio, ela deve imputar um custo de oportunidade,
correspondente ao que ela pagaria se tivesse que alugar instalações.

Para o economista, as curvas de custos das empresas deveriam considerar, além dos custos
contabilísticos, os custos de oportunidade, pois assim reflectiria a verdadeira escassez relativa do
recurso utilizado.

As empresas públicas, mais que as privadas, costumam utilizar a visão do economista para o
cálculo das tarifas e preços públicos.

AVALIAÇÃO PRIVADA E AVALIAÇÃO SOCIAL EXTERNALIDADES

Avaliação privada: avaliação financeira, específica da empresa.

Avaliação social: custos (e benefícios) para a sociedade como um todo, derivado da produção das
empresas.

Carlos Miguel Oliveira | Março de 2008 | R.0 …………………………………::……………………………. 64


INTRODUÇÃO À ECONOMIA – PARTE I MICROECONOMIA

Por exemplo, quando aumenta a produção automobilística, além dos custos dessa indústria,
devemos considerar também o aumento dos custos sociais, derivados do aumento da poluição
sonora e ambiental (emissão de gases, ruído, etc.), além do desgaste das ruas e estradas. Quando
aumenta a produção da indústria extractiva de madeira, há perdas ecológicas derivadas do
desbravamento.

Essa óptica é muito utilizada em avaliação de projectos de investimento, principalmente no sector


público. Tomemos como exemplo um projecto de construção de uma hidroeléctrica da EDP. Pela
óptica privada (da EDP), o custo a ser considerado é o seu desembolso financeiro no projecto. Isso
inclui os gastos com impostos, pessoal, capital, terra, etc.. Sob a óptica social, impostos e encargos
sociais com trabalhadores não são custo social, e sim transferências. Nesse caso, o custo privado é
maior que o custo social. Comparando-se o custo social com o benefício ou retorno social do
projecto, decide-se se o mesmo deve ou não ser implementado.

A diferença entre a óptica privada e a social também pode ser chamada de externalidades (ou
economias externas), que podem ser definidas como as alterações de custos e benefícios para a
sociedade. Derivadas da produção das empresas, ou então como as alterações de custos e receitas
da empresa, devidas a factores externos à empresa. Nessa linha, por exemplo, os comerciantes de
lustres têm externalidades positivas por se localizarem próximos um do outro; uma indústria
química poluidora dos rios impõe externalidades negativas à indústria pesqueira etc.

5.2.2. CUSTOS A CURTO PRAZO

Como vimos anteriormente, a curto prazo, alguns factores são fixos, qualquer que seja o nível de
produção. Normalmente, consideramos como factor fixo a planta da empresa, ou equipamentos de
capital.

Conceitos de custo total, custo variável total e custo fixo total

Custo Variável Total (CVT): parcela do custo que varia, quando a produção varia (por exemplo,
salários e matérias-primas). E a parcela dos custos da empresa que depende da quantidade
produzida.

CVT = f (q)

Ou seja, são os gastos com factores variáveis de produção.

Custo Fixo Total (CFT): parcela do custo que se mantém fixa, quando a produção varia (por exemplo,
rendas das instalações). Ou seja, são os gastos com factores fixos de produção.

Custo Total (CT) = CVT + CFT

Carlos Miguel Oliveira | Março de 2008 | R.0 …………………………………::……………………………. 65


INTRODU
UÇÃO À ECON
NOMIA – PARTTE I MICROEC
CONOMIA

Graficcamente:

O cussto total (CT) só


s varia com o custo variá de da quantidade produzid
ável total CVT,, que depend da.

Note--se que, até certo


c ponto, as
a curvas CTT e CVT crescem, mas a ta
axas decresccentes, para depois
d
crescer a taxas cre
escentes. Siggnifica que, dada
d certa ca
apacidade insstalada, no in
nício, o aumento de
produ
ução dá-se a custos decliinantes. Mass um aumentto maior de produção começa a "satu
urar' o
equip
pamento de capital (supo
osto fixo a curto
c prazo), e os custoss começam a crescer a taxas
crescentes. No fu
undo, é a le o lado dos custos (aqui mais
ei dos rendimentos decrrescentes do
priadamente chamada
aprop c de lei dos custoss crescentes)).

Conce o médio total, custo variávvel médio e custo fixo méd


eitos de custo dio

Custo e ou CTme) = Custos Totais / quantidad


o Médio ( Cme de produzida
a = CT/q (Custto unitário)

o Variável Médio (CVMe) = CVT/q


Custo

Custo
o Fixo Médio (CFMe)
( = CFTT/q

CTme
e = Cvme + CF
Fme

Carloss Miguel Olive


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…::…………………
……………. 66
INTRODU
UÇÃO À ECON
NOMIA – PARTTE I MICROEC
CONOMIA

mato em U das curvas de


O form e CTMe e CVM s deve à lei dos rendimentos decresccentes,
Me também se
ou lei dos custos crescentes. Inicialmente, os custos médios
m são declinantes,
d pois tem-se pouca
mão-d
de-obra para um grande equipamento
o de capital. Até certo ponto, é vantajjoso absorver mais
trabalhadores e aumentar
a a produção,
p po
ois o custo médio
m cai. Ma
as chega-se a certo pontto que
satura
a a utilização de capittal, e a admissão de mais trabalhadores não
o trará aum
mentos
propo
orcionais de produção
p (ou seja, os custtos médios co
omeçam a aumentar).

Conce
eito de custo marginal

Custo
o marginal (C ariação em q = ΔCT/ Δq
Cmg) = variaçção do CT/va Δ = dCT/dq . É o custo de se

produ
uzir uma unidade a mais do
d produto

Como
o dCFT = O, segue
s que CM u seja, os cusstos marginais não
Mg = (dCVT + dCFT)/dq = dCVT/dq , ou
são in
nfluenciados pelos custos fixos.

Relações gráficas entre o custo margin


nal e os custo
os médios total e variável

Na figgura abaixo apresentada,


a arginal corta as curvas de
observamos que a curva de custo ma e custo
total médio
m e custo
o variável mé
édio no ponto
o de mínimo destas.
d

Carloss Miguel Olive


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……………. 67
INTRODU
UÇÃO À ECON
NOMIA – PARTTE I MICROEC
CONOMIA

e o custo marginal (ou sejja, o custo adicional)


Intuitivamente, se a sup
pera o médio
o, é evidente que o
custo
o médio cresccera: assim, quando o cu
usto margina
al supera o custo
c médio (total ou varriável),
signiffica que o cu
usto médio estará
e crescendo. Analoga
amente, se o custo margginal for inferrior ao
médio
o, o médio só
ó pode cair. Consequentem
C mente, quand
do o custo marginal for igu
ual ao custo médio
(total ou variável), o marginal estará
e cortand
do o médio no
o ponto de mínimo
m do cussto médio.

5.2.3
3. CUSTOS
S A LONGO PRAZO

o foi visto, o longo prazo é um período de tempo no qual todo


Como os os inputs são variáveiss. Não
existe
em custos fixo
os: todos os custos
c são va
ariáveis.

Deve ser observa


ado que o lo onte de planeamento. Na
ongo prazo é um horizo a verdade, é uma
sequê
ência de currtos prazos: os empresárrios têm um elenco de situações
s de
e curto prazo
o, com
difere
entes escalass de produção
o (tamanhos)), que eles po
odem escolher. Por exemplo, antes de
e fazer
um in
nvestimento, a empresa está
e numa situação
s ongo prazo: o empresário
de lo o pode selecccionar
qualq
quer uma dass alternativass. Depois do investimento
o realizado, os
o recursos ssão convertidos em
pamentos (capital fixo) e opera em cond
equip dições de currto prazo

Um aggente económ
mico opera a curto prazo e planeia a lo
ongo prazo.

CURV
VA DE CUSTO MÉDIO DE LO
ONGO PRAZO
O (CmeL)

o escalas de produção: pequena, média


Suponhamos três tamanhos ou m e grand
de, e as segguintes
curva
as de custo médio
m de curto
o prazo (CMeC
C):

Carloss Miguel Olive


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INTRODU
UÇÃO À ECON
NOMIA – PARTTE I MICROEC
CONOMIA

• Se a empresa planeia produzir ao nível


n de produ
ução q1, não há dúvidas: e
escolhe a esttrutura
d
dada pelos cu
ustos CmeC1;

• Se planeia produzir q3, a melhor instalação


i é dada por CM
MeC2, pois ga
astaria meno
os. Ele
p
pode, se quise
er, produzir co
om CmeC1, mas
m os custoss seriam maio
ores;

• Se planeja produzir q2 ou
o q4, existem
m duas alterrnativas. Esse
es pontos ficcam justamen
nte na
in
ntersecção das
d plantas. Mas, em um
m planeamen
nto de longo prazo, prevendo-se aum
mentos
fu
uturos da pro
ocura, o empresário deve escolher a planta de insta
alação maiorr (em q2, esco
olheria
C
CMeC 2; em q4, CmeC3).

A curvva "cheia" é a curva de custo


c médio de enor custo unitário
d longo prazzo (CMeL), e mostra o me
(CM e)
e para produzir cada nívvel de produçção. Também a de curva de planeamen
m é chamada nto de
longo
o prazo.

Supondo um número ilimitado de possibilid


dades, uma curva de custo ngo prazo pode ser
o médio a lon
m ilustrada:
assim

Carloss Miguel Olive


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INTRODUÇÃO À ECONOMIA – PARTE I MICROECONOMIA

O PONTO A) traduzirá a Escala óptima

FORMATO DA CURVA DE CUSTO MÉDIO DE LONGO PRAZO

Como vimos, as curvas de CMe de curto prazo têm a forma de U devido à lei dos rendimentos
decrescentes, resultante da existência de inputs fixos a curto prazo. A longo prazo, não existem
inputs fixos e a forma da curva de CMe de longo prazo (CMeL) é determinada pelas economias ou
deseconomias de escala. No início, à medida que a produção se expande, a partir de níveis muito
baixos, os rendimentos crescentes (economias) de escala causam o declínio da curva CMeL.

Mas, à medida que a produção se torna maior, as deseconomias de escala passam a prevalecer,
provocando o crescimento da curva.

COMO ESCOLHER A COMBINAÇÃO ÓPTIMA DOS FACTORES DE PRODUÇÃO

No curto prazo normalmente apenas um dos factores é variável, logo a variação do custo total
estará intimamente ligada a variação deste factor. Contudo no longo prazo todos os factores de
produção, por definição, variam livremente, temos a oportunidade de escolher qualquer combinação
de inputs que a minha função produção permita.

A escolha dos inputs depende dos preços relativos dos factores produtivos (normalmente e na
nossa análise - capital e trabalho).

Analogamente à teoria do comportamento do consumidor (conceito de restrição orçamental), temos


também aqui uma restrição a nível de custos. A esta restrição vamos dar o nome de ISOCUSTO,
assumindo as mesmas propriedades da restrição orçamental. Contudo agora não temos um
rendimento fixo para gastar entre os dois inputs. A recta de isocusto vai variar de acordo com o nível
de output, sendo a escolha óptima dos inputs produtivos ligada à minimização dos custos de
produção.

Vamos retratar este matéria com um exercício.

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INTRODUÇÃO À ECONOMIA – PARTE I MICROECONOMIA

Carlos Miguel Oliveira | Março de 2008 | R.0 …………………………………::……………………………. 71


INTRODUÇÃO À ECONOMIA – PARTE I MICROECONOMIA

6. ESTRUTURAS DE MERCADO
6.1. INTRODUÇÃO

As empresas inserem-se em mercados que podem assumir diversas formas de funcionamento. O


objectivo deste capítulo é o de estudar o comportamento das empresas e a forma como as mesmas
fixam os seus preços.

Tipo de N.º de empresas que integram a Grau de substituibilidade ou diferenciação


estrutura de oferta total ente produtos
mercado
CONCORRÊNCIA Muitas empresas. Produtos perfeitamente homogéneos.
PERFEITA A oferta de cada uma delas é Os bens oferecidos por todas as empresas
uma parcela ínfima da oferta são sucedâneos perfeitos.
global. È indiferente para o consumidor dar
Não existe confronto directo ou preferência a qualquer dos vendedores.
rivalidade entre os produtores Os bens tem características tipificadas ou
Cada uma delas não se preocupa standartizadas.
com os efeitos do
comportamento individual das
demais. As decisões de cada
empresa não alteram nem o
volume das vendas globais nem
o preço praticado no mercado
Concorrência Muitas empresas Produtos sucedâneos próximos
monopolista
Oligopólio Poucas empresas Produtos homogéneos ou diferenciados.
A oferta de cada empresa é No caso de produtos
significativa em relação à oferta heterogéneos/diferenciado os bens
global do mercado. oferecidos apresentam entre si alguma
As decisões de cada empresa diferença identificável pelos compradores.
condicionam a situação dos Apresentam a capacidade de se substituírem
demais, existe rivalidade e na satisfação das necessidades similares
confronto no mercado
Monopólio Única empresa. Produto sem sucedâneo próximo ou remoto
A oferta da empresa é a oferta do
mercado.

O OBJECTIVO DA EMPRESA

À luz da teoria neoclássica ou marginalista o objectivo da empresa é sempre maximizar o


lucro total.

A maximização do lucro total corresponde à produção em que:

Receita Marginal (RMg) = Custo Marginal (CMg)

Carlos Miguel Oliveira | Março de 2008 | R.0 …………………………………::……………………………. 72


INTRODUÇÃO À ECONOMIA – PARTE I MICROECONOMIA

O que significa que se a empresa aumenta a produção, e a receita adicional (RMg) for maior
que o custo adicional (CMg), o lucro estará aumentando, no caso contrário o lucro estará
diminuindo. O equilíbrio dar-se-á quando a RMg igualar o CMg.

A teoria neoclássica ainda preserva a vantagem de ser a teoria mais geral, com razoável
poder preditivo e formalmente consistente, sendo bastante adequado para estruturas de mercado
concorrenciais. Nota-se, contudo, um grande avanço nas teorias alternativas, que são bem mais
recentes, não estando ainda perfeitamente consolidadas.

6.2. O MERCADO DA CONCORRÊNCIA PERFEITA

Hipóteses do modelo:

- Atomicidade (mercado atomizado). Infinitos compradores e vendedores (átomos). Nenhum


agente isolado tem capacidade para afectar o preço de mercado. Assim o preço de mercado é um
dado fixo para empresas e consumidores (são price-takers, isto é, tomadores de preços no
mercado).

- Homogeneidade (produto homogéneo). Todas as firmas oferecem um produto homogéneo


(semelhante, não há diferenças como qualidade, embalagem, etc.)

- Mobilidade de bens. Não existem custos de transporte.

- Mobilidade das empresas. O mercado não tem quaisquer tipos de barreiras de entrada ou
saída, tanto para compradores, como para vendedores.

- Racionalidade. Todos os agentes económicos agem racionalmente, isto é, as empresas


maximizam os seus lucros, os consumidores a sua utilidade.

- A informação é completa. Todos os agentes conhecem tudo do mercado: preços, qualidade,


custos, receitas e lucros dos concorrentes.

- Não existem externalidades.

- O mercado dos factores de produção também é em concorrência perfeita. Equivale a dizer


que os preços dos factores de produção são fixos, dados. Ou seja, todas as firmas se deparam com
idênticas curvas de custos.

Todas as hipóteses anteriores, também são válidas para o mercado de factores de produção.

Como podemos observar, são hipóteses "ideais", reflectindo um mercado sem barreiras, sem
interferências; enfim, pouco realistas. Mas essas hipóteses representam uma base, um referencial,
para a construção de modelos mais próximos da realidade. Como observa a economista inglesa
Joan Robinson, é mais útil construir inicialmente modelos simples e depois preencher os detalhes,
do que construir directamente modelos com todos os detalhes da realidade.

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INTRODU
UÇÃO À ECON
NOMIA – PARTTE I MICROEC
CONOMIA

MENTO DO MERCADO DE CONCORRÊN


FUNCIONAM C CIA PERFEITA
A

Curvas de procura
p de me
ercado e da firma
f individu
ual

P
Procura

Dada a hipótese da de, uma empresa isolada não consegue alterar o prreço de mercado (a
d atomicidad
sua saída,
s por exe
emplo, traria uma alteraçã
ão apenas inffinitesimal na
a curva de oferta de merccado Si
não afectando
a o preço Po).

Como
o P0 é preço de
d venda para a empresa
a, então a cu
urva de procu para a empresa; ou
ura é dada p
seja, é horizontal. A empresa só
ó pode vende
er a esse preçço, pois:

• se quiser vender a um
m preço ma
ais alto, não
o venderá nada
n (como os produtos são
ho
omogéneos, os
o consumido
ores comprarã
ão mais bara
ato das outrass empresas);

• não venderá
á a um preço
o mais baixo. Seria irracion
nal, pois, se ao
a preço p0 vvende quanto
o quer,
or que venderr mais barato
po o?

Assim
m, ao preço p0, a empresa vende quanto puder, depe
endendo do seu
s tamanho e da sua esttrutura
de cu
ustos.

Dessa
a forma, a curva
c de proccura de merrcado de mercado (com a qual se de
efrontam tod
das as
empresas) é nega nclinada, mass a curva de procura para
ativamente in a a firma indiividual é horiizontal
(corre
esponde a dizer que a cu
urva de procu
ura para a empresa é inffinitamente e
elástica: se ocorrer
o
variaçção de preço de mercado, a procura pa
ara a firma é indeterminad
da).

Curvas de receita
r da em
mpresa

al (RT) : total de receita da


Receita tota a empresa.

RT = preço
o unitário de venda
v x quan
ntidade vendida

RT= p.q

Receita Média (RMe): re


eceita por unid
dade de prod
duto vendida

Rme = RT/q
q

Rme = p.q / q = p RMe = p

Portanto, a RMe é semp


pre igual ao preço unitário de venda. Po
or outro lado, como o preçço P0 é
a própria procura da empresa individual, a RMe é a própria curva de
e procura da empresa indiividual

Carloss Miguel Olive


eira | Março de 2008 | R.0 ………………
……………………
…::…………………
……………. 74
INTRODU
UÇÃO À ECON
NOMIA – PARTTE I MICROEC
CONOMIA

(afina
al, a RMe mosstra o que o consumidor
c c
compra, a dad
dos preços, ou seja, a próp
pria procura)..

Em concorrrência perfeita
a, a RMe é fixxa, pois P0 é constante.
c

Receita Marginal (RMg): é a variação da receita to


otal, quando varia
v a quantidade vendida:

Portanto:

ΔRT
R dp.q
RMg = = =p
Δq dq

Em concorrência perfeita, a re
eceita margin
nal é o preço
o recebido pela
p unidade adicional vendida.
Então
o, a RMg é igu
ual ao preço, e é fixa (poiss o que se gan
nha de receita
a adicional é dado).

Curva
as de custos

As curvas de custo
os são as messmas já vista
as anteriorme a dos custos de produção..
ente, na teoria

Equilííbrio da firm orrência perrfeita (a curtto prazo) (ou maximizaçção de lucro


ma em conco os em
conco
orrência perfe
eita)

Supõe mpresário racional tenha sempre por objectivo últiimo maximiza


e-se que o em ar lucros. Vejjamos,
então antidade ópttima para a firma, ou sejja, a quantid
o, qual a qua dade que ma
aximiza o luccro da
empresa.

Mostrraremos que a regra para a firma maximizar lucros é dada por;

RMg = CMg, sendo


o CMg cresce
ente

Carloss Miguel Olive


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INTRODU
UÇÃO À ECON
NOMIA – PARTTE I MICROEC
CONOMIA

Corre onto X do gráfico a seguir, ou seja, ao nível


esponde ao po n de produ
ução q0

Sabem
mos que o empresário
e ra
acional semp
pre aumentará a produçã
ão, quando issso significa maior
lucro.. Então, se:

• re
eceita adicio o adicional, o lucro marrginal aumen
onal > custo nta e a qua
antidade devve ser
aume
entada, pois o lucro aumen
ntará;

• re
eceita adicion
nal < custo ad
dicional, a qu
uantidade q não
n será aumentada, pois o lucro cairá.

Portanto, no equilííbrio:

RMg = CMg temoss a quantidad


de óptima

Entretanto, existem
m dois pontoss onde RMg = CMg (X e Y, no gráfico):

Falta provar que a maximização


o de lucros dá-se no ponto
o X, com CMgg crescente. V
Vamos mostra
ar isso
graficcamente.

Carloss Miguel Olive


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INTRODU
UÇÃO À ECON
NOMIA – PARTTE I MICROEC
CONOMIA

Em q1 RMg = 60
0 ês pontos, com
Nestes trê m o custo ma
arginal decresscente é
CMg = 80
0 vantajoso para ele aum
mentar a prod
dução, pois a RMg é
constante, mas os custtos são decre
escentes (enttão os

Em q2 RMg = 60
0 lucros marginais são crrescentes).
CMg = 60
0 Por isso, o ponto q2, em
mbora a RMg = CMg, ainda
a não
é o máxim
mo lucro.

Em q3 RMg = 60
0
RMg = 30

Em q4 RMg = 60 RMg> CMgg. O CMg é crrescente, mass ainda dá pa


ara aumentarr um
CMg = 400 pouco mais a produção
o até CMg=RM Mq

Em q5 RMg = 60 q5 Máximo o lucro. Não deve


d aumenta ar mais a proodução, pois
CMg = 600 o CMg é crescente (e RMg
R fixa), o qu
ue significa lu
ucros menorees,
A partir de
e q5

Em q6 RMg = 60
CMg = 10
00
.

Portanto, a produçção óptima pa


ara a firma occorre no pontto q5, onde RM
Mg = CMg, co
om CMg cresccente.

No ponto q2, também RM


Mg = CMg, mas
m o CMg é decrescente.
d Mostraremoss mais adiantte que
esse é um ponto de
d prejuízo máximo.

Carloss Miguel Olive


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INTRODU
UÇÃO À ECON
NOMIA – PARTTE I MICROEC
CONOMIA

Áreas de luccro total (LT),, receita total (RT) e custo total (CT)

O gráfico acima mostra as áreas de


e LT, RT e CTT em termos de curvas m
médias e margginais.
Essass áreas també
ém podem se
er visualizada
as em termoss de curvas to
otais, como a seguir se mo
ostra.

Curva de offerta da firma


a em concorrê
ência perfeita
a

Carloss Miguel Olive


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INTRODU
UÇÃO À ECON
NOMIA – PARTTE I MICROEC
CONOMIA

Provaremoss que "a curvva de oferta da


d firma em concorrência
c perfeita é o ramo crescen
nte da
curva
a de custo ma e que o cussto marginal é maior do que o custo va
arginal, a parttir do ponto em ariável
médio u seja, a curvva de oferta da firma é o CMg, a partir do ponto A,, no gráfico abaixo,
o mínimo”. Ou a

onde CVMe é mínimo.

Mostraremo p que a curvva de oferta é o próprio ra


os primeiro por amo crescentte do CMg. Depois,
D
mostrraremos por que
q ela é deffinida apenass após o CVMe
e mínimo.

Por que é a curva de CMg?


C posta é que essa curva reflecte
A resp r a ressposta das firmas,
f
quand
do o preço de
d mercado aumenta,
a ou seja, reflectte o aumento ndo p varia (isso é
o de q, quan
oferta
a: variação de
e q, quando p aumenta).

- quando o preço é p0, a firma oferecce q0 (que ma


aximiza seu lu
ucro, a p0);

- quando o preço é p1, a firma oferecce q1 (que ma


aximiza seu lu
ucro, a p1);

- quando o preço é p2 a firma oferece


e q2 (que maxximiza seu luccro, a p2).

Carloss Miguel Olive


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INTRODU
UÇÃO À ECON
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CONOMIA

Como a firm
ma maximiza lucros apena
as no ramo crrescente do CMg,
C então a curva de ofe
erta da
firma em concorrê
ência perfeita é o ramo cre
escente da cu
urva de CMg, dado que as reacções da firma,
em re
elação a varia
ações de preçços, dão-se ne
esse trecho da
d curva.

Por que ap mo? Porque o preço mín


penas após o CVMe mínim nimo para qu
ue a firma prroduza
algum
ma coisa ocorrre quando:

p = CVMe mínimo
m

plicando ambos os membrros por q), oco


Em termos totais (multip orre quando:

p.q=CVMe .q
.

RT = CVT

Abaixo dessse ponto, a firma deve fechar as portas.


p Para provar isso, suponhamo
os três
situaçções distintass, com três prreços de merrcado diferenttes.

a) p >CTMe (RT>
>CT)

É a situação
o normal, com
m lucros extra
aordinários.

b) p < CTMe
e, mas p > CV
VMe (RT< CT, mas RT> CVTT)

Carloss Miguel Olive


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INTRODU
UÇÃO À ECON
NOMIA – PARTTE I MICROEC
CONOMIA

Nesta
a situação, a firma aprese
enta um preju
uízo, mas ela não deve fecchar as porta
as, pois assim
m teria
que pagar
p todos os custos fixxos (renda instalações, parcelas
p de compra do e
equipamento
o etc.).
Assim
m, se fecha, paga
p todo CF
FT. Se continuar, ela pode
e pagar todo
os os custos variáveis (sa
alários,

matérias-primas) e uma parte dos custos fixos. Como é uma situaçã


ão de curto p
prazo, a firma
a deve
esperrar por dias melhores,
m com
m preços maiss vantajosos.

c) p = CVMe
e mínimo (RT = CT)

Neste caso, o prejuízo é o mesmo, fe


echando a em ontinuando a operar. Mas como
mpresa ou co
já investiu na activvidade, tem clientes
c etc., deve
d continua
ar, esperando
o melhorar o mercado.

Carloss Miguel Olive


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INTRODU
UÇÃO À ECON
NOMIA – PARTTE I MICROEC
CONOMIA

d) p < CVMe
e mínimo (RTT < CVT)

ação, a firma não consegue nem pagar os custos va


Nessa situa ariáveis. Deve
e fechar as po
ortas.

Assim, uma
a firma em co
oncorrência perfeita só ope
era quando o preço de me
ercado superra pelo
meno
os os custoss variáveis (principalmen
( nte salários).. Então, a curva
c de ofe
erta da firm
ma em
conco
orrência perfe
eita é o ramo crescente da
a curva de CM
Mg, após o CV
VMe mínimo.

Equilíbrio de
e longo prazo
o de uma firm
ma em concorrrência perfeitta

Como sabe ão existem custos fixos, ou seja, tod


emos, a longgo prazo, nã dos os custo
os são
variávveis (salários, rendas, etc.). Portanto:

CT= CVT ou CTMe = CVM


Me.

Posto isto, cabe


c uma differenciação entre
e lucros "e
extraordinário
os" e lucros "n
normais".

Nas curvas de custos vistas até ago


ora está englobada a rem o empresário. Essa
muneração do
remuneração pode
e ser medida
a pelo custo de eceberia se tivesse
d oportunidade, ou seja,, o que ele re
empregue seus re
ecursos em ou
utra actividad
de. Isso é cha
amado de luccro normal, o que reflecte o real
custo
o de oportunidade da actividade emprresarial. O qu
ue exceder esse
e custo é chamado de
e lucro
extrao
ordinário: o empresário
e r
recebe mais do que deve
eria receber,, de acordo com seu cussto de
oportunidade.

Como os ecconomistas consideram


c ta ustos de oportunidades (ccustos "implíccitos"),
ambém os cu
as cu
urvas de custtos vistas até
é agora já têm
m englobado o lucro norm
mal. Nesse se
entido, o lucrro que
vimoss nos tópicos anteriores é o lucro extrao
ordinário (LT=
= RT-CT).

Em concorrrência perfeita, supõe-se que


q os lucross extraordinárrios a curto p
prazo atraem novas
empresas para essse mercado (pelas hipóte
eses de transsparência de
e mercado - todos sabem que o
merca
ado apresentta lucros extrraordinários - e livre entrada e saída de essa forma, a longo
e firmas). De
prazo
o a tendência
a é de que os lucros exxtras tendem as lucros normais.
m a zero, existindo apena
Graficcamente:

Carloss Miguel Olive


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INTRODU
UÇÃO À ECON
NOMIA – PARTTE I MICROEC
CONOMIA

(mais firmas entrando, a curva de ofe ado aumenta, deslocando-se para a dirreita).
erta de merca

Quando pre
eço chega a P2 cessam os lucros extrao
ordinários, po
ois:

LT = RT - CTT

no ponto (P
P2, q2), RT = CT (RMe = CTMe)
C e LT = 0. Esse ponto correspo
onde ao mínim
mo da
curva
a de custo mé
édio de longo prazo (escala
a ou tamanho
o óptimo da empresa).
e

eita, só existem lucros "norrmais”.


Resumindo: a longo prazzo, em concorrência perfe

Carloss Miguel Olive


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INTRODU
UÇÃO À ECON
NOMIA – PARTTE I MICROEC
CONOMIA

6
6.3. MON
NOPÓLIO

Hipótteses do mo
odelo
a Uma única
a) a empresa prroduz um produto sem sub
bstitutos próxximos.

b Existência
b) a de barreirass à entrada de
e firmas conccorrentes.

Essass barreiras po
odem ocorrer de várias forrmas:

• Protecção
o de patentess (direito único
o de produzirr)

• Controlo sobre
s o forneccimento de matérias-prim
m as chave;

• ercado de relógios. Os jap


Tradição, exemplo: me poneses tiverrem que inve
estir durante muito
te
empo para ve
encer a tradiçção dos relógios suíços.

• Monopólio
o natural, no
ormalmente devido
d à eficiiência da em
mpresa. A empresa já exisste em
g
grandes dimensões, opera
a com baixos custos. Seria
a difícil algué
ém oferecer o mesmo prod
duto a
u preço equivalente à em
um mpresa monopolista

• Monopólio
o estatal, prottegido por leggislação.

FUNC
CIONAMENTTO DO MODE
ELO DE MON
NOPÓLIO

Curva
a de procura
a do monopolista
Como
o se trata de uma única empresa, terremos que co
onsiderar que a procura para a indússtria =
procu
ura para a em
mpresa.

Portanto:

Carloss Miguel Olive


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INTRODU
UÇÃO À ECON
NOMIA – PARTTE I MICROEC
CONOMIA

Assim
m, se o mon
nopolista ressolver ofereccer mais, o
preço
o diminuirá, se produ
uzir menos, o preço
aume
entará. Nessse sentido, o monopolissta tem o
olo do preço de mercado, que depende
contro e de quanto
ele re
esolve produzzir (traduzindo
o a sua capaccidade para
discriminar preçoss). No gráfico podemos co
onstatar que
ar um preço de
se fixa d 1,45 u.m. irá vender 10
0 unidades,
se baixar o pre
eço para 1,2
275 u.m. venderá
v 11
unida
ades.

Curva
as da Receitta Média e Marginal
M
A rece n mercado: é o que o consumidor paga em
eita média do monopolistta é o preço do produto no
cada unidade do produto.
p É a própria
p procura de mercad
do.

RT
Rme
Q

Rme

Em co
oncorrência perfeita,
p vimo
os que RMg = Rme = p.

Em monopólio,
m a RMg
R nte da Rme. Isso porque a quantidade adicional é vvendida a um preço
é diferen
mais baixo que as quantidadess anteriores.

∆RT
Rmg
∆Q

A: Prova-se que a RMg co


NOTA d abcissas na metade do corte da Rme, semprre que
orta o eixo das
estive
ermos perantte uma curva de procura linear

No modelo de monopólio,, conforme o


diagra
ama a seguir, prova-se que
q 0A = 0B//2,
ou se
eja, a receita
a marginal corta
c o eixo da
ade do corte da
quanttidade (abcisssa) na meta
receitta média (Rm
me).

Supondo uma curvva de procura


a linear, temo
os:

Rme = p = a - bq

RT = p.q = (a – bq).q = aq – bq2

RMg = dRT/dq = a – 2bq

Carloss Miguel Olive


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UÇÃO À ECON
INTRODU NOMIA – PARTTE I MICROEC
CONOMIA

Saben
ndo que, no diagrama
d antterior, no eixo
o das abcissass, o preço é iggual a zero, temos que:

• Intercepçã
ão da Rme no
o eixo das ab
bcissas

0 = a – bq1

a = bq
q1

q1 = a/b
a

Interccepção da RM
Mg no eixo das abcissas

0 = a – 2bq2

a = 2bq2

q2 = a/2b
a

Assim
m: q1 = q2/2 ou 0A = 0B/2
2

A rela
ação entre as
a curvas Rm
me, RMg, e RT em mon
nopólio

Tínha
amos visto an
nteriormente, quando disscutimos a elasticidade-p
e preço da procura, que há
á uma
ão ente a receita total (RT) e a elasticid
relaçã dade-preço da
a procura (Ep
pp):

Procu
ura elástica: se p↑ ↓
q↓ RT↓

se p↓ ↑
q↑ RT↑

ura inelástica:
Procu se p↑ ↓
q↓ RT↑

se p↓ ↑
q↑ RT↓

Custo
os de produção do
monoopolista
Podem
mos considerar que a
estruttura de custos do
mono
opolista nã
ão difere em
essên
ncia daquela
a observada
a no
mode
elo de concorrência perfeitta.

Carloss Miguel Olive


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INTRODU
UÇÃO À ECON
NOMIA – PARTTE I MICROEC
CONOMIA

uilíbrio no currto prazo de uma empresa


O Equ a monopolistta também occorre onde a RMg = CMg, como
em co
oncorrência perfeita.
p

Como
o chegar ao equilíbrio?
e Primeiro determ
minamos o ponto onde a RMg = CMg,, que é a pro
odução
que maximiza
m o lu
ucro (q0). Depois, vemos qual o custo
o de produção
o para produ
uzir q0 na currva de
Cme e qual a rece
eita quando se
s vende q0, na
n curva Rme
e (procura de
e mercado)em
m termos de curvas
c
totaiss, o diagrama fica:

Como
o podemos observar,
o nun
nca a posição
o de máximo
o lucro do monopolista pode estar na
a faixa
inelásstica da procu
ura. Isso porq d máximo lucro ocorre qu
que o ponto de uando a RMg = CMg. Como CMg
é sem
mpre positivo, a RMg que iguala o CMgg também é positiva.
p E a RMg é positivva apenas na
a faixa
elástica da procura
a.

Carloss Miguel Olive


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INTRODU
UÇÃO À ECON
NOMIA – PARTTE I MICROEC
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Curva
a de oferta de
d uma emp
presa monop
polista
No grráfico anterio
or (em termos de curvas médias e ma
arginais) nota
amos que nã
ão há uma re
elação
biunívvoca entre quantidade
q produzida e preço
p de ven
nda do produ
uto. Para um
ma dada prod
dução,
podem
mos ter diferrentes preçoss, dependend
do da curva da procura. Ou seja, parra determinado q0,
temoss apenas um a da procura correspondente ao preço de venda p0. Se a
m ponto em cima da curva
procu
ura fosse maior o preço se
eria maior parra o mesmo q0.

Então
o, a empresa
a monopolistta não tem curva
c de ofe
erta. Não tem
m uma curva
a que mostre
e uma
relaçã
ão estável en
ntre os preçoss de venda e a quantidade
e produzida. A oferta é um
m ponto único sobre
a curvva da procura
a.

O CM a a RMg no mesmo pontto A. Assim, temos uma quantidade q0 igual nass duas
Mg intercepta
situaçções, mas dois preços (p0 e p1). Então, não é possível
p esta
abelecermos uma relação
o bem
definiida entre preçços e quantid
dade oferecid
das pelo mono
opolista

O equ
uilíbrio de longo prazo de uma
u empresa
a monopolista
a.

Como
o existem ba
arreiras à enttrada de novvas empresas, o monopó á quebrado, o que
ólio não será

Carloss Miguel Olive


eira | Março de 2008 | R.0 ………………
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…::…………………
……………. 88
INTRODUÇÃO À ECONOMIA – PARTE I MICROECONOMIA

permitirá a persistência de lucros extraordinários também a alongo prazo.

Carlos Miguel Oliveira | Março de 2008 | R.0 …………………………………::……………………………. 89


INTRODUÇÃO À ECONOMIA – PARTE I MICROECONOMIA

6.4. OLIGOPÓLIO

Oligopólio é a organização de mercado em que há poucos vendedores de uma mercadoria. Assim,


as acções de cada vendedor afectarão os outros vendedores. Como resultado, a menos que
façamos alguns pressupostos específicos sobre as reacções das outras empresas as acções da
empresa em estudo, não podemos construir a curva de procura desse oligopolista, com uma
solução indeterminada. Para cada pressuposto de comportamento específico que fazemos, temos
uma solução diferente. Assim, não temos uma teoria geral do oligopólio. Tudo o que temos são
muitos modelos diferentes, a maior parte dos quais algo insatisfatórios.

Definição de Oligopólio : Oligopólio é a forma de organização de mercado em que há poucos


vendedores de uma mercadoria. Se houver apenas dois vendedores, teremos um duopólio. Se o
produto for homogéneo, como, por exemplo, aço, cimento e cobre, teremos um oligopólio puro. Se o
produto for diferenciado, como, por exemplo, carros e cigarros, teremos um oligopólio diferenciado.
Para simplificar, no texto e no que se segue, tratamos principalmente de um duopólio puro. O
oligopólio é a forma predominante de organização de mercado no sector industrial das economias
modernas e surge por razões gerais idênticas às do monopólio, isto é, economias de escala,
controle sobre as fontes de matérias-primas, patentes e licença governamental.
A interdependência entre as empresas da indústria é a característica mais importante que separa o
oligopólio das outras estruturas de mercado. Esta interdependência é o resultado natural do
pequeno número, isto é, como há poucas empresas em uma indústria oligopolística, quando uma
delas baixa seu preço, faz uma campanha de publicidade bem-sucedida ou introduz um modelo
melhor, a curva de procura que os outros oligopolistas enfrentam vai se deslocar para baixo.
Consequentemente, os outros oligopolistas reagem.

• Há muitos padrões de reacção dos outros oligopolistas em relação as acções do


primeiro e só podemos definir a curva de procura de nosso oligopolista enfrenta se e quando
presumirmos um padrão específico de reacção. Desse modo, temos uma solução
indeterminada. Mas mesmo se presumirmos um padrão de reacção determinada, de maneira
que possamos ter uma solução determinada, esta é apenas urna das muitas soluções
possíveis.

• Devido à situação esboçada no ponto anterior, actualmente não existe uma teoria
geral do oligopólio. Tudo o que temos são casos ou modelos específicos, alguns dos quais são
aqui discutidos. Estes poucos modelos, porém, conseguem três coisas:

• eles mostram claramente a natureza da interdependência oligopolística;

• indicam as falhas que uma teoria satisfatória do oligopólio precisa preencher;

• dão alguma indicação da grande dificuldade deste ramo da microeconomia, do


tempo que talvez tenhamos de esperar para obter uma teoria geral do oligopólio. Em
resumo. a teoria do oligopólio é um dos segmentos menos satisfatórios da microeconomia.

Carlos Miguel Oliveira | Março de 2008 | R.0 …………………………………::……………………………. 90


INTRODU
UÇÃO À ECON
NOMIA – PARTTE I MICROEC
CONOMIA

6.4.1
1. O MODE
ELO DE COURNOT E BERTRAND
B D

No modelo
m de Co
ournot come
eçamos por presumir que
e existem du
uas empresa
as vendendo
o água
minerral em condiçções de custto de produçã
ão zero. Porttanto o nível de maximiza
ação de lucro
os das
venda
as de cada empresa
e oco
orre no ponto
o médio da sua
s curva de ear com inclinação
e procura line
negattiva, em que e = 1 e RT é máxima.
m

essuposto básico de comportamento feito


0 pre f por Cou
urnot é que cada
c empressa, na tentativa de
maxim
mizar seus lu e a sua produção
ucros totais, ou RT, pressume que a outra emprresa conserve
consttante. Diante desse pressuposto, have
erá diversas movimentaçõ
m es e contra-m
movimentações por
parte das duas em
mpresas, até que cada um
ma delas ven
nda exactamente 1/3 do montante to
otal de
água que seria ven
ndido, se o mercado
m fosse
e perfeitamen
nte competitivvo.

EXEM
MPLOS. Na Figg. acima reprresentada, D é a curva de
e procura do mercado de á
água mineral. Se a
empresa A for a ún
nica vendedo
ora do mercad
do, então D = dA e a emprresa A maxim
miza sua RT e lucros
totaiss no ponto A, em que ela vende
v 600 un ão de monopólio.
nidades ao prreço de 6$. Essta é a soluçã

Em se
eguida, vamo
os supor que a empresa E entre no me
ercado e que a empresa A continue a vender
v
600 unidades. En
ntão, a curva
a de demand
da da empre
esa 11 é dad
da pela curvva de deman
nda do
merca
ado total D menos
m 600 unidades
u e é representada por dB na Fig..
F Desse m
modo, a emprresa B
maxim
miza sua RT e lucros totais no ponto B (sobre dB) em que ela ve
ende 300 uniidades ao pre
eço de
3$. A empresa A agora reage e, presumin
ndo que a em
mpresa B con
ntinue a vend
der 300 unid
dades,
encon o 300 unidades da curva de demanda do
ntra sua novva curva de demanda, d''A, subtraindo
merca
ado total, D. A empresa A agora maxim
miza seus lucrros totais no ponto
p A´ sobre dA'. A empresa B
agora
a reage novam
mente e vend
de em B' sobrre sua nova curva
c de demanda, d'B.

ões e contra--movimentações por parte


Este processo de movimentaçõ e das duas e
empresas con
nverge
para o ponto E. Fiinalmente, a empresa A ou
o a empresa
a B estará dia
ante da curva de procura
a dE e,

Carloss Miguel Olive


eira | Março de 2008 | R.0 ………………
……………………
…::…………………
……………. 91
INTRODUÇÃO À ECONOMIA – PARTE I MICROECONOMIA

assim, maximiza seus lucros totais vendendo 400 unidades ao preço de 4$ ( ponto E´). A outra
empresa, então, também estará diante de dE, sua curva de procura (obtida, subtraindo 400
unidades da curva de procura do mercado total) e também estará no ponto E. Desse modo, cada
empresa continuará a vender 400 unidades ao preço de 4$ e terá RT e lucros totais de l 600$. A
produção de 400 unidades por parte de cada empresa representa 1/3 da produção perfeitamente
competitiva de 1 200 (dada pela condição P = CMg = 0).

Se, na determinação de seu nível óptimo de produção, cada empresa presumir que a outra mantém
seu preço (e não sua produção) constante, teremos o modelo de Bertrand (ver exemplo à frente).

6.4.2. O MODELO DE EDGEWORTH


No modelo de Edgevorth, assim como no modelo de Cournot, presumimos que EXISTEM duas
empresas, A e B, vendendo uma mercadoria homogénea produzida ao custo zero. Além disso, no
modelo de Edgeworth, são feitas outras suposições relacionadas a seguir:

(1) cada empresa enfrenta uma curva de procura linear, idêntica para seu produto;

(2) cada empresa tem capacidade de produção limitada e não pode abastecer todo o
mercado sozinha;

(3) cada empresa, na tentativa de maximizar sua RT ou lucro total, presume que a outra
empresa mantenha seu preço constante.

O resultado desses pressupostos é que haverá uma oscilação contínua do preço do produto entre o
preço de monopólio e o preço de produção máxima de cada empresa Às vezes, observam-se
oscilações de preço nos mercados oligopolístícos.

6.4.3. O MODELO DE CHAMBERLIN

Tanto o modelo de Cournot como o de Edgeworth se baseiam no pressuposto extremamente


ingénuo de que os dois oligopolistas (duopolistas) nunca reconhecem sua interdependência. Não
obstante, estudamos estes modelos porque eles nos dão alguma indicação da natureza da
interdependência oligopolística e também porque eles são precursores de modelos mais realistas.
Um desses modelos mais realistas é o de Charnberlin. Chamberlin parte dos mesmos pressupostos
básicos de Cournot. Contudo, Chamberlin ainda presume que os duopolistas reconhecem sua
interdependência. O resultado é que, sem qualquer forma de acordo ou conluio, os duopolistas
estabelecem preços idênticos, vendem quantidades idênticas e maximizam seus lucros conjuntos.

Carlos Miguel Oliveira | Março de 2008 | R.0 …………………………………::……………………………. 92


INTRODUÇÃO À ECONOMIA – PARTE I MICROECONOMIA

Exemplo: na figura acima, D é a curva de procura do mercado total para a produção


combinada dos duopolistas A e B. Se a empresa A for a primeira a entrar no mercado, ela escolherá
o ponto A sobre D (= dA), tendo assim o lucro de monopólio de 3 600$. A empresa B, tomando a
produção da empresa A conforme dada, está diante da curva de demanda dB e, assim, decide
vender 300 unidades no ponto B. (Até aqui o modelo de Chamberlin é idêntico ao de Cournot.)
Todavia, os duopolistas A e B compreendem agora que o melhor que podem fazer é partilhar
igualmente os lucros do monopólio de $3 600. Desse modo, cada duopolista vende 300 unidades
ou metade da produção do monopólio ao preço de 6$ e obtém um lucro de 1 800$.Deve-se notar
que esta solução é estável, é alcançada sem conluio e resulta em 200$ de lucros para cada
empresa a mais do que na solução de Cournot

6.4.4. TEORIA DE JOGOS

A teoria de jogos é uma ferramenta essencial para analisar os comportamentos estratégicos dos
jogos oligopolisticos.

Tal como nas outras estruturas de mercado o pressuposto das empresas continua a ser a
maximização dos seus benefícios.

Termos básicos utilizados na teoria de jogos:

• Jogador: empresa, a qual se pretende analisar o comportamento estratégico.

• Payoff: beneficio da empresa a escolher uma estratégia, dada a estratégia escolhida pelo(s)
outros(s) intervenientes no jogo.

• Estratégia: acção que a empresa ou jogador pode optar como uma das possíveis no jogo.

• Matriz de payoff: forma de representar a informação dos diferentes payoffs.

Carlos Miguel Oliveira | Março de 2008 | R.0 …………………………………::……………………………. 93


INTRODUÇÃO À ECONOMIA – PARTE I MICROECONOMIA

MATRIZ DE PAYOFF para um jogo de duas estratégias com dois jogadores.

Jogador 2
S1 S2
Jogador 1

S1 10,20

S2

O jogador 1 pode optar pelas estratégias S1 ou S2, o Jogador 2 também tem as mesmas opções.
Neste caso as estratégias de ambos jogadores são idênticas, contudo os jogadores podem optar por
estratégias diferentes.

Se ambos os jogadores optarem pela estratégia S1, recebem um payoff de 10 (jogador 1) e 20


(jogador2).

REGRAS DO JOGO

• É um jogo de informação completa, os jogadores conhecem as estratégias possíveis e


respectivos payoffs.

• Os jogadores escolhem as estratégias simultaneamente. Caso as escolhas sejam efectuadas


em momentos diferentes, temos que representar o jogo através de uma árvore de decisões.

• Normalmente as jogadas são simultâneas e únicas. Caso os jogadores possam fazer mais do
que uma jogada temos um jogo de repetição.

• No nosso estudo, utilizaremos a teoria de jogos para analisar o comportamento de empresas


oligopolistas. O seu objectivo último é a maximização do seu benefício.

• Os nosso modelos são de duopolio, jogos com apenas duas empresas. A introdução desta
condicionante permite uma análise mais simplista e real dos comportamentos num mercado
oligopolista.

O JOGO DA ÁRVORE

Aplica-se no caso da decisão estratégica não ser tomada em simultâneo. Num jogo entre duas
empresas, a empresa 1 pode tomar a sua decisão em 1º lugar, e só então a empresa 2 reage a
jogada do seu adversário.

Carlos Miguel Oliveira | Março de 2008 | R.0 …………………………………::……………………………. 94


INTRODUÇÃO À ECONOMIA – PARTE I MICROECONOMIA

È representado da seguinte forma:


6,4
Fazer
publicidade
Fazer
publicidade Não fazer
publicidade
E2 8,2
Não fazer Fazer
E1 publicidade publicidade 3,9
Não fazer
publicidade
E2 7,7

Neste jogo a empresa 1 pode optar por fazer publicidade ou não fazer publicidade (o nódulo mais
escuro é referente ao posicionamento estratégica da empresa 1). Após e só após da decisão da
empresa 1 a empresa 2 escolhe a sua estratégia. Se por exemplo a empresa 1 optar por fazer
publicidade, a empresa 2 optará por faze-la também visto, obter um payoff melhor nesta situação
(4).

Não nos vamos debruçar sobre este tipo de jogo.

CONCEITO DE ESTRATÉGIA DOMINANTE: é a melhor estratégia possível para um jogador


independentemente da escolha do outro.

JOGO 1.
Matriz de payoff, com 2
Empresa 2
jogadores e com duas
Baixar o
Aum.Preço estratégias possíveis e
Preço
Empresa 1

idênticas para ambos os


Aum. Preço 10,10 jogadores:
6,12

• Aumentar o preço
Baixar Preço 12,6
7,7 • Baixar o preço

Sabemos que o motiva cada um dos jogadores é a obtenção do melhor payoff possível. O resultado
obtido depende da opção de cada um. Vejamos:

• Se a E2 (empresa 2) optar por aumentar o seu preço, a melhor escolha possível para E1 será
baixar o seu preço, pois obtém um payoff de 12 > 10.

• Se E2 optar por baixar o seu preço, a E1 optará também por baixar o seu preço, uma vez que
7>6.

Não obstante a escolha da empresa 2, a empresa 1 escolherá sempre baixar o seu preço, pois o
beneficio obtido com esta escolha estratégica é sempre superior. BAIXAR O PREÇO É A ESTRATÉGIA
DOMINANTE DA EMPRESA 1.

Carlos Miguel Oliveira | Março de 2008 | R.0 …………………………………::……………………………. 95


INTRODUÇÃO À ECONOMIA – PARTE I MICROECONOMIA

Vejamos agora como se comporta a empresa 2:

• Se E1 opta por aumentar o seu preço, E2 optará por baixar o seu preço uma vez que assim
conseguirá um payoff de 12, superior ao que conseguiria se opta-se por aumentar o seu preço –
10.

• Se E1 opta por baixar o seu preço (estratégia dominante da empresa 1) a empresa 2 optará
também por baixar o seu preço, pois assim fixará o seu payoff com 7, superior a 6. A EMPRESA
2 POSSUÍ TAMBÉM UMA ESTRATÉGIA DOMINANTE. NESTE CASO IDENTICA À DA EMPRESA 1 –
BAIXAR O PREÇO.

Uma vez que ambas as empresas tem uma estratégia dominante, o comportamento de ambas seria
provavelmente o de optarem por baixar o preço, obtendo um payoff de 7 para cada uma.

Podemos constar que existem uma alternativa melhor para ambas as empresas: ambas
aumentaram o seu preço (10,10). Contudo sabemos que este é um jogo de decisão única, não
existindo nenhum incentivo para cada empresa optar pela referida estratégia, como veremos mais
adiante.

JOGO 2.

Empresa 2
Aum.Preço Baixar o
Preço
Empresa 1

Aum. Preço 9,15 4,9

Baixar Preço 14,9 8,11

A matriz acima, representa um novo jogo, similar ao visto anteriormente, mas com payoff diferentes.

Vejamos se alguma empresa possuiu uma estratégia dominante:

Opção da emp.2 Opção da Emp.1

Aum.preço Baixar o preço

Baixar preço Baixar o preço

A empresa 1 possuiu uma estratégia dominante: BAIXAR O PREÇO

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INTRODUÇÃO À ECONOMIA – PARTE I MICROECONOMIA

Opção da emp.1 Opção da Emp.2

Aum.preço Aum. o preço

Baixar preço Baixar o preço

A empresa 2 NÃO TEM ESTRATÉGIA DOMINANTE.

Num jogo de decisão simultânea e única a empresa 1 iria optar pela sua estratégia dominante:
Baixar o preço. A empresa 2, que conhece esta decisão (a informação é completa) iria fazer a sua
opção baseada na estratégia dominante da empresa 1, ou seja, sabendo que E1 iria baixar o seu
preço, escolheria aumentar o seu, fixando o seu payoff em 11.

DILEMAS.
Dilemas são jogos em que ambos os jogadores ficariam em melhor situação se abandonassem a
sua estratégia dominante e optassem por uma estratégia mais cooperativa.

Dilema do prisioneiro:

JOGO 3.

Maria
Não
Confessar
Confessar
Manuel

Confessar 9;15 4;9

Não 14;9 8;11


Confessar

Esta matriz é resultado de um problema clássico: O dilema do prisioneiro. Imaginemos que a Dra.
Maria e o Dr. Manuel, altos responsáveis da EXPO 98 foram detidos por suspeita de falsificação de
notas de 10.000 esc. O Chefe Arnaldo, responsável da Judiciária, sabia que tinham sido estes os
responsáveis pela falsificação, contudo apenas tinha provas para uma sentença de 6 meses. Tendo
consciência do estado da investigação decide chamar os dois suspeitos, coloca-os em salas
separadas e a ambos faz-lhes a seguinte proposta:

Detective: Senhor(a) faço-lhe a seguinte proposta: Dado que se aproxima o vigésimo quinto
aniversário do 25 de Abril se confessar o crime e o seu colega não, terá a pena suspensa e o seu
colega apanhará 25 anos de prisão. Se confessar o crime e o seu colega também apanharão
apenas 1 ano de pena. Se nenhum de vocês confessarem, e em virtude do reduzido n.º de provas
que tenho contra vocês apanharão uma pena de 6 meses de cadeia.

Vamos tentar analisar a decisão a tomar pela Dra. Maria e pelo Dr. Manuel:

Carlos Miguel Oliveira | Março de 2008 | R.0 …………………………………::……………………………. 97


INTRODUÇÃO À ECONOMIA – PARTE I MICROECONOMIA

Confessar é estratégia dominante para ambos os suspeitos, logo o resultado provável seria ambos
confessarem o crime e obterem uma pena de um ano de prisão. Contudo eles sabem que se não
confessarem podem apanhar apenas 6 meses de cadeia, sendo este o melhor alternativa possível
para ambos os jogadores. Sabemos que a informação é completa, e que ambos os jogadores tem
perfeito conhecimento do resultado das suas decisões. Supondo mesmo que lhes é dada
autorização para discutirem o caso conjuntamente é de esperar que a sua decisão se mantenha e
ambos confessem. Eles sabem que a sua decisão tem que ser simultânea e única, facto pelo qual
não deverão chegar ao acordo para ambos não confessarem. Existe uma tendência para se
desviarem ao acordo, por exemplo o Dr.Manuel pode perfeitamente chegar ao momento da sua
decisão e confessar, ficando assim em liberdade e impondo uma pena de 25 anos à sua colega Dra.
Maria. Está por sua vez tem perfeito conhecimento que isto pode acontecer, assumindo portanto a
decisão menos penalizadora para ela dada as circunstancias. AMBOS CONFESSARIAM.

Este exemplo é utilizado porque retracta na perfeição a noção do dilema, bem como as alternativas
e comportamentos possíveis.

O JOGO 1, retracta também uma situação de dilema, situação que passaremos a denominar de
“Dilema Oligopolistico”. A empresa 1 e 2 sabem que se ambas optarem por um comportamento
cooperativo e escolherem o aumento dos seus preços como estratégia dominante estarão a obter
payoff superiores (10,10), e como tal a melhorarem consideravelmente a sua situação. Num jogo
único como o que estamos a retractar é quase impossível que ambas optem por coludirem a sua
decisão, uma vez que uma fuga ao acordado poderia provocar uma considerável perda de payoff.

JOGO 1.

Empresa 2
Em caso de acordo de ambas
Baixar o
Aum.Preço optarem por aumentar os seus
Preço
Empresa 1

preços, as setas indicam as


Aum. Preço 10,10 possíveis fugas ao acordado:
6,12
• A empresa 2 poderia baixar
Baixar Preço 12,6 o seu preço e ganhar um
7,7 payoff de 12, deixando a
empresa 2 com 6.
Num jogo de jogada única é quase impossível a • A empresa 2 teria a
existência de comportamentos cooperativos. O “tentação” de aumentar o
dilema manter-se-á seu payoff optando assim

ESTRATÉGIAS DOMINADAS

Nem sempre existe uma estratégia dominante para um ou ambos os jogadores. Se tal acontecer,
pelo menos podemos verificar se os jogadores tem estratégias dominadas. A estratégia dominada é

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INTRODUÇÃO À ECONOMIA – PARTE I MICROECONOMIA

precisamente o oposto da dominante, ou seja, existe sempre uma estratégia melhor como opção.
Normalmente este conceito é utilizado quando os jogadores podem optar entre três ou mais
estratégias, não existindo uma estratégia dominante que evidencie um comportamento claro a
tomar.

Analisemos o jogo abaixo representado:

JOGO 4.

Empresa 2
Manter Baixar
Aum.Preço
Preço Preço

Aum. Preço 3,4 6,3 5,5


Empresa 1

Manter
Preço 4,7 12,6 4,5

Baixar Preço 9,8 8,4 7,5

Podemos verificar que nenhuma das empresas possuí uma estratégia dominante:

Se a Emp.2 opta Emp.1 opta

Aum.Preço Baixar o preço

Manter o preço Manter o preço

Baixar o preço Baixar o preço

A empresa 1 não tem estratégia dominante, mas como podemos verificar existe uma estratégia que
nunca é considerada como alternativa para a sua decisão; está estratégia é a de aumentar o preço,
sendo portanto uma estratégia DOMINADA para a empresa 1.

Se a Emp.1 opta Emp.2 opta

Aum.Preço Baixar o preço

Manter o preço Aum.preço

Baixar o preço Aum. Preço

A empresa 2 não também não possuí uma estratégia dominante, mas possuí uma estratégia
DOMINADA – Manter o preço.

Carlos Miguel Oliveira | Março de 2008 | R.0 …………………………………::……………………………. 99


INTRODUÇÃO À ECONOMIA – PARTE I MICROECONOMIA

Se eliminarmos estas estratégias da nossa matriz de payoffs

Empresa 2
Aum.Preço Manter Baixar Preço
Preço
3,4 5,5
Aum. Preço 6,3
Empresa 1

Manter
Preço 4,7 12,6 4,5

Baixar Preço 9,8 8,4 7,5

Passaremos a ter uma nova matriz de payoff, em que cada empresa apenas terá duas opções
estratégicas, já que eliminamos aquela que nunca seria utilizada.

Empresa 2
Aum.Preço Baixar o
Preço
Empresa 1

Manter
Preço 4,7 4,5

Baixar Preço 9,8 7,5

Podemos agora verificar que dadas as “novas alternativas” estratégicas de ambas empresas,
existem estratégias dominantes:

A estratégia dominante da empresa 1 é BAIXAR O PREÇO;

A estratégia dominante da empresa 2 é MANTER O PREÇO.

Num jogo simultâneo e de jogada única o resultado seria a escolha das empresas pela sua
estratégia dominante, resultando num payoff de 9 para E1 e 8 para E2.

EQUILIBRIO DE NASH.
Em variadas situações podemos nos deparar com a inexistência de estratégias dominantes ou
dominadas. A solução deste problema é-nos dada pelo equilíbrio de Nash. O equilíbrio7 de Nash
existe sempre que um jogador toma a melhor decisão que pode, dada a acção empreendida pelo

7Notem que equilíbrio significa que ninguém quer alterar o seu comportamento, desde que nada se altere. Por exemplo, no
equilíbrio entre a oferta e a procura, os consumidores e vendedores estão a adquirir e a vender quantidades desejadas a um
certo nível de preços. Ninguém deseja ver esta situação alterada, desde que os restantes factores que a afectam
permaneçam constantes. É claro que se o a procura de mercado for afectada por exemplo por um aumento do rendimento,
este equilíbrio terá que se deslocar e ajustar.

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INTRODUÇÃO À ECONOMIA – PARTE I MICROECONOMIA

outro jogador. O resultado do equilíbrio será uma situação de payoff em que nenhum dos jogadores
desejará alterar a sua posição, correndo o risco de perder benefício.

JOGO 5.

Empresa 2
Aum.Preço Baixar o
Preço As setas de deslocação
podem ser uma ajuda na
Aum. Preço 4,4 6,8 identificação do(s)
Empresa 1

equilíbrio(s) de Nash

Baixar Preço 7,6 3,2

Estamos perante a ausência de estratégias dominantes e dominadas. Vamos tentar identificar o


equilíbrio de Nash:

Se a empresa 1 escolhe Aum.Preço, a empresa 2 escolherá baixa-lo. Desta escolha estratégica


resulta um payoff de 6 e 8 respectivamente. Fixando está escolha vamos determinar se alguma
empresa tem algum incentivo em optar por outra estratégia. Se a empresa 1 optar por baixar o seu
preço ela vai ter uma redução de 3 no seu payoff, já que passa de 6 para 3, logo não terá qualquer
incentivo em fugir da decisão tomada. O mesmo acontece com a empresa 2, já que se aumenta o
preço, irá ver o seu payoff reduzido de 8 para 4. ESTA ESCOLHA ESTRATÉGICA É UM EQUILIBRIO DE
NASH.

Contudo temos também outra solução que aponta para um equilíbrio de NASH – a empresa 1 baixar
o seu preço a empresa 2 aumentar o seu. Está escolha resulta num payoff de 7,6. È bastante
frequente a existência de mais do que um equilíbrio de nash no mesmo jogo. Uma vez que não
aprofundaremos mais está área de estudo, iremos pressupor que o melhor equilíbrio é aquele cujo
somatório dos payoffs seja mais elevado.

Exercício: Identifique o equilíbrio de Nash do jogo abaixo representado:

JOGO 6.

Empresa 2
Aum.Preço Baixar o
Preço

Aum. Preço 11,9 1,2


Empresa 1

Baixar Preço 4,2 3,4

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INTRODUÇÃO À ECONOMIA – PARTE I MICROECONOMIA

JOGOS COM REPETIÇÃO


Temos vistos que em decisões únicas será racionalmente impossível que em situação de dilema
oligopolistico os intervenientes optem por uma decisão cooperativa, que lhes permite obter um
resultado melhor, do que aquele que advém da escolha das suas estratégias dominantes. Num jogo
de repetição, em que existe mais do que uma jogada, já será possível que as empresas optem por
uma decisão cooperativa contrária a(s) sua(s) estratégia(s) dominante(s).

O comportamento cooperativo implica a colusão, ou seja, um acordo explicito entre duas ou mais
partes, com vista a fixarem as estratégias a serem seguidas por cada empresa. Este tipo de acordo
é ilegal, contudo ocorrem com mais frequência do que a imaginada.

JOGO 7.

Empresa 2
Aum.Preço Baixar o
Preço
Empresa 1

Aum. Preço 14,16 4,30

Baixar Preço 19,5 7,9

Neste jogo podemos verificar que se ambas as empresas optam-se pela sua estratégia dominante, a
E1 receberia um payoff de 7 e a E2 de 9. Optando por uma estratégia de colusão, o resultado
possível jogo seria ambas aumentarem o preço, elevando os seus payoff para 14 e 16,
respectivamente. Mais uma vez é de frisar que ambas correm o risco de uma das partes fugir ao
acordo e obter ganhos consideravelmente mais elevados. Contudo num sistema de jogadas
repetidas o incentivo a fazer batota é diminuto uma vez que o jogador “rival” automaticamente
responderia à nova decisão do jogador batoteiro. Por exemplo:

1. As empresas têm conhecimento que se optarem pela sua estratégia dominante (baixar o preço
para ambas) os seus payoffs seria de 7 para E1 e 9 para E2. Decidem assim optar pela colusão
e assumem a decisão conjunta de subida dos preços, passando para um nível de payoff
superior. A E1 ganharia 14 (mais 5) e a E2 16 (mais 7).

2. A empresa 2, tentada pelo payoff que irá obter se baixar o preço decide quebrar o acordo e
assim conseguir um lucro de 30, deixando a E1 com uma redução de 10 no seu payoff.

3. A empresa 1, constatando a quebra do compromisso, abaixa também o seu preço, levando o


equilíbrio para o nível decorrente das suas estratégias dominante.

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INTRODUÇÃO À ECONOMIA – PARTE I MICROECONOMIA

Notem: Outra possibilidade de colusão seria a empresa 2 propor a empresa 1 que esta opta-se por
aumentar o seu preço, enquanto ela (E2) aumentava o seu. O somatório dos payoffs para esta
decisão seria igual a 34, valor que seria repartido pelas duas empresas 17.

Factores que possibilitam a colusão e a sua manutenção:

1. Poucas empresas: quanto mais baixo for o número de partes envolvidas mais fácil é chegar a
um consenso, e mais fácil é mante-lo.

2. Aspectos legais e leis Anti-trust: desvios a acordos “ilegais” implicam maior atenção por parte
das entidades fiscalizados e reguladoras.

3. Custos de produção similares: sempre que existam não haverá tendência a desvios. É claro que
se os custos de produção de uma das empresas forem muito baixos ela facilmente pode baixar
o preço e assim ganhar quota de mercado.

4. Quotas de mercado similares: reduz o factor concorrência. Ninguém precisa de apanhar


ninguém.

5. Estabilidade económica: recessões atingem directamente os lucros das empresas via RT. Existe
uma tendência para a redução dos preços. Espera conseguir um aumento das receitas via
aumento do volume de vendas.

6. Facilidade de observar as “batotas”: é claro que este factor depende do tipo de industria e do
caminho que os produtos/serviços levam até chegar ao consumidor final.

7. Aspecto histórico da similaridade dos preços.

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