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AS RELIGIÕES DE CULTO AOS ORIXÁS E A DIÁSPORA BRASILEIRA

Sabe-se que nas ciências sociais, principalmente na antropologia e na


sociologia, os estudos em que articula gênero e religião são motes que tem
produzido referências importantes na pesquisa. Estudos como de Landes (2002);
Pereira (1979); Birman (1995); Prandi (1996); Carneiro (1997); Bastide (2001);
Santos (2008) e Angelin (2011), entre outros.
Angelin (2011) faze uma abordagem sociológica sobre a perda de adeptos
das religiões afro-brasileiras, os ataques sofridos pelo candomblé e pela umbanda,
realizados pelas igrejas neopentecostais. Conclui que o declínio do conjunto das
religiões afro-brasileiras não está relacionado, simplesmente às suas condições
históricas, mas também, em decorrência de duas razões: primeira está ligada às
novas dinâmicas da expansão das religiões em geral no Brasil dentro do mercado
religioso, e segundo aos ataques das igrejas neopentecostais.
Os grupos yorùbá vivem nas proximidades da confluência do o rio Níger com
o Benué, tendo como vizinhos os edos, ibos, nupês e outros. No início dos tempos
havia somente o povo de Ifé. Depois vieram os de Oyo , Savé, Keto, Ifonyn, Egbá,
Ijebu, Ondô, Ijexá e Equeti (LOPES, 2005). Com o tráfico de africanos para as
Américas, os negros dessa região aqui também, conhecidos como Nagôs,
organizaram o culto aos Orixás. O Candomblé Keto representa essa identidade
religiosa, reelaborada aqui no Brasil, engloba as práticas culturais religiosas que
mais aproxima da mitologia yorùbá.
Sodré (2005, p.47) salienta que “no mesmo campo ideológico cristão do
colonizador, fixaram-se às organizações hierárquicas, formas religiosas, concepções
estéticas, relações míticas, musica, costumes, ritos, característicos dos diversos
grupos negros”.
O Candomblé Angola, origina-se a partir da mitologia Bantú, localizada em
Angola e Congo, constituindo uma religião afro-brasileira, desenvolvida entre
escravizados que falavam língua kimbundo e língua kikongo. No panteão dos povos
de língua kimbundu, originários do Norte de Angola, O Deus supremo e Criador é
Nzambi ou Nzambi Mpungu; abaixo dele estão os Minkisi (do kimbundu Nkisi ou
(plural) Minkisi ou Mikisi receptáculos), divindades da mitologia Bantu. Essas
divindades assemelham-se a Olodumare (Deus supremo) e com similaridades aos
Orixás da mitologia yorubá, e Olodumare e Orixá do Candomblé Ketu (LOPES,
1999). Por sua vez, o Candomblé Jeje, representa os grupos daomeanos ou Jejes,
originário do Togo, Gana, Benin e regiões próximas. Estão presentes nas regiões da
África Ocidental e África Central. São os povos que reúnem variadas etnias dentre
as quais fon7, éwé, mina, fanti e ashanti. Nessa referência de Candomblé cultua-se
as divindades denominadas Voduns8 (similares aos Orixás dos yorùbá e aos Inkices
dos bantús), originariamente cultuados na mitologia Fon.
Na mitologia fon os voduns na África são agrupados em “famílias”
chefiadas por um vodun principal, ora representando um elemento
ou fenômeno da natureza, ora da cultura.Existem basicamente 4
famílias principais:Os Ji-vodun, ou “voduns do alto”, chefiados por Sô
(forma basilar de Heviossô). Os Ayi-vodun, que são os voduns da
terra, chefiados por Sakpatá. Os Tô-vodun, que são voduns próprios
de uma determinada localidade (variados). Os Henu-vodun, que são
voduns cultuados por certos clãs que se consideram seus
descendentes (variados)9.

Essas organizações do Candomblé, se diferenciam por reelaboração étnica,


identificadas como nação.
O termo “nação” foi perdendo a sua conotação política para se
transformar num conceito quase exclusivamente ideológico. Nação
passou a ser, desse modo, o padrão ideológico e ritual dos terreiros
de candomblé da Bahia. Em outras palavras, nação passou a
designar uma “modalidade de rito”, ou uma “forma organizacional
definida em bases religiosas”. (Vivaldo da Costa Lima, apud,
PARÉS, 2007).

7
A palavra do idioma Fón mais conhecida internacionalmente é a palavra Voodoo (cuja pronúncia é
um arremedo europeizado e espúrio da palavra original Ewe-Fón). A palavra, ainda segundo as
primeiras interpretações feitas pelos Franceses, significa “O Espírito do além". Porém, uma
interpretação mais afim à história da interação religiosas e culturais entre os povos da região costeira
do golfo da Guiné (onde está hoje a República do Benin) com os povos Iorubas (de onde está hoje
a Nigéria), a palavra VODUN tem como etimologia as silabas vó (a palavra vɔ ̀ é uma sílaba da língua
Fón que significa “sacrifício”) e dun (corrupção da palavra ọdun da língua Iorubá que significa, “ano”,
“festival”, etc.) Terreiro Hunkpame Savalu Vodun Zo Kwe http://terreirovodunzo.wixsite.com/savalu/o-
terreiro
8
Essas divindades são da rica, complexa e elevada Mitologia Fon. Os vários grupos étnicos –
como fón, ewé, fanti, ashanti, mina – ao chegarem no Brasil, eram chamados Djedj (do Iorubá àjèjì,
'estrangeiro, estranho'), designação que os Iorubá, no Daomé atribuíam aos povos vizinhos. Esses
africanos de forma conjunta e sincretizada, introduziram o seu culto em Salvador, Cachoeira e São
Felix, na Bahia, em São Luís, no Maranhão, e, posteriormente, em vários outros estados do
Brasil. Terreiro Hunkpame Savalu Vodun Zo Kwe http://terreirovodunzo.wixsite.com/savalu/o-terreiro
9
Ver site http://www.wikiwand.com/pt/Mitologia_Fon

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