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CONSTITUIÇÃO DA SEXUALIDADE COMO PARTE DO

AMOR E AMOR NO PONTO DE VISTA CRISTÃO


A sexualidade é um tema constante de conversas, artigos em jornais e revistas, histórias do cinema e da
televisão, capaz de provocar o riso, a dúvida, a vergonha, a curiosidade. Explorar e descobrir a nossa
sexualidade pode ser confuso, excitante, difícil e maravilhoso, tudo ao mesmo tempo.

Reconhecer que a sexualidade humana envolve todas as dimensões da pessoa e


se distingue pelo afeto, o amor e a comunhão:

A sexualidade é uma parte integrante da vida de cada indivíduo que contribui para a sua identidade ao
longo de toda a vida e para o seu equilíbrio físico e psicológico.

A sexualidade é "uma energia que nos motiva a procurar amor, contacto, ternura e intimidade, que se
integra no modo como nos sentimos, movemos, tocamos e somos tocados, é ser-se sensual e ao mesmo
tempo sexual; ela influencia pensamentos, sentimentos, ações e interações e, por isso, influencia
também a nossa saúde física e mental" (OMS, 1992).

Ela está intimamente ligada à cultura, à educação, à


personalidade e às circunstâncias emocionais do
indivíduo; não envolvendo somente os órgãos
genitais, mas também as zonas erógenas do corpo, os
impulsos, desejos e fantasias.

Dessa forma, não abrange somente o ato sexual, que


pode ser visto como um meio de reprodução e
também como meio de comunicação, utilizado pelo
impulso primitivo da reprodução e do prazer.

“É impossível falar em sexualidade sem recordar a herança cultural que recebemos dos antepassados,
incluindo os aspetos morais que determinaram em cada época quais os padrões de sexualidade
considerados normais.” (Telarolli, apud. Kupstas, 2000).

Neste sentido, para compreender a sexualidade, é necessário um olhar multidimensional sobre o ser
humano, visto que cada indivíduo possui interesses próprios, sentimentos e atitudes que são
influenciados pelas perceções particulares ou coletivas do período vivido.
No início da Idade Moderna, com o Renascimento, pode-se perceber uma certa tendência à maior
libertação nas condutas sexuais. O divórcio total entre a fé e a razão experimentado coloca o homem no
centro da reflexão humanista. Essa moral individual preservava a liberdade e tudo que permitisse ao
homem uma escolha racional do bem. A nova conceção de Homem e de sexualidade passa a ser
expressa inclusive através da arte. No entanto, com o advento da Reforma Protestante e da
Contrarreforma Católica, mais uma vez a religiosidade cerca e determina os rumos e a formação do
conceito de sexualidade.

Estudo da sexualidade

No século XX, a sexualidade passou a ser investigada, pelo


que, muitos cientistas levantaram hipóteses sobre o assunto, o
que culminou nas teorias de Sigmund Freud (1856-1939) que
mudou o rumo da história e deu início a uma das grandes
descobertas do século. Freud, um médico nascido em
Freiberg, demonstrou a importância da sexualidade na vida
humana.

Uma grande e significativa revolução no conceito e vivência da sexualidade só será verificado em


meados da década de 1950 com a chamada Revolução Sexual em que, principalmente a mulher passa a
assumir um novo papel social e sexual. Passam a ser discutidas as relações de género. Houveram
mudanças ao nível da TV e cinema; e a evolução na medicina permite o nascimento do primeiro bebé de
proveta. Na década de 80, surge a SIDA, que nos fez perceber a importância de uma boa educação
sexual, que a partir daqui passa a ser vista como parte integrante da nossa personalidade.

Articular uma compreensão da fidelidade e da abstinência sexual com a


construção de um projecto de vida assente em decisões livres e responsáveis:

"Uma preparação atempada, consciente e refletida para uma Maternidade/Paternidade deverá fazer
parte do projeto de vida individual, mas também do casal. A escola pode contribuir para a
consciencialização da responsabilidade da maternidade/paternidade e deve propiciar os meios e a
informação adequados para que cada aluno se aperceba das implicações de, no futuro, vir a ter e/ou a
cuidar de uma criança. A decisão de alguém ter um filho deve ser previamente pensada. Implica
mudanças na vida, e poderá implicar alterações nos comportamentos quotidianos.
A capacidade de assumir uma atitude “crítica”, relativa às diferentes perspetivas que a sociedade tem
perante a gravidez, e a parentalidade, assume também especial importância."

Fonte:  Referencial de Educação para a Saúde (2017)

https://ensina.rtp.pt/artigo/a-gravidez-na-adolescencia/

Identificar formas de entender a sexualidade que a empobrecem e que atentam


contra a dignidade da pessoa, na sociedade atual:

A dignidade está vinculada à ideia de que cada pessoa detém um valor intrínseco, sendo que a mesma
desfruta de uma posição especial no Universo, não podendo ser considerada como meio, mas sim como
fim em si mesmo. Assim, alguém é digno quando detentor de direitos e garantias fundamentais, dentro
de uma determinada sociedade, devendo o homem ser respeitado pelos seus pares, como também ter
especial proteção por parte do Estado.

Proteção da liberdade sexual: Qualquer aversão à manifestação da orientação afetiva sexual bem como
a identidade de género de uma pessoa, viola a integridade física, psíquica e moral da vítima, afetando
diretamente os direitos personalíssimos e a dignidade da pessoa humana.

https://dre.pt/legislacao-consolidada/-/lc/107981223/201708230100/73474071/diploma/indice

Apresentar fundamentos éticos para a vivência do amor humano, a partir da


mensagem cristã:

Em Ct 8,6-7 está patente a experiência do povo bíblico que descobre no amor humano uma imagem do
amor de Deus, que ama o Seu povo com um amor que é um amor apaixonado, como o que une os
esposos. Pretende-se que as pessoas deem conta da sacralidade do amor humano, no qual os crentes
descobrem o amor divino. A partir das comparações utilizadas pelo texto pretende-se salientar a força
divina que o povo bíblico descobre no amor.

Já em Cor 13, descortina-se o amor como realidade ao mesmo tempo transcendente e humana. Num
diálogo e comentário deste texto, podemos recordar que o amor cristão é entendido à luz do
paradigma Jesus Cristo, e que vai até ao amor do inimigo, e que traz consigo a capacidade de perdoar,
ou seja um amor que não é apenas atitude passiva ou contemplativa, mas que é ação na vida do crente.
Devemos também reconhecer o amor como ligação da família humana.

A ousadia de apresentar o ser humano como imagem de Deus, homem e mulher, é uma novidade
bíblica, em relação às culturas circundantes. Mais ainda, a própria imagem de Deus é diversas vezes
descrita a partir do amor humano. Um amor que deseja o Seu povo, ao ponto de consequentemente o
procurar, o encontrar e se fazer homem, dando a vida. Sendo, assim, totalmente amor gratuito e
disposto a perdoar. Precisamente, no sentido em que se apresenta o ser humano como imagem de
Deus, pode apresentar-se o amor humano como imagem do amor de Deus. «O modo de Deus amar
torna-se medida do amor humano». E se é medida, com razão é imagem, porque toda a imagem toma
a sua própria consistência e a sua própria razão de ser do original que reproduz. Cremos, assim, que
esse original do amor humano é o amor de Deus.

O namoro, o matrimónio e o celibato, chamam cada ser humano a uma vida de


amor fecundo;

O exercício da paternidade e maternidade responsáveis comporta o


reconhecimento do valor da vida humana desde o momento sua conceção,
recusa o aborto e valoriza os métodos naturais na regulação dos nascimentos.

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