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Planejamento

Dietético para
Crianças em fase
Pré-Escolar
INTRODUÇÃO
O período de 1 a 5 anos de idade é marcado por
vasto desenvolvimento e aquisição de habilidades.

Ao contrário do primeiro ano de vida, a velocidade


do crescimento diminui e devido ao fato do
crescimento ser mais lento durante esses anos, o
apetite também diminui; frequentemente causando
preocupação dos pais.

As crianças têm menos interesse nos alimentos e


mais interesse no mundo ao redor delas.
INTRODUÇÃO

Desenvolvem “cortes alimentares”, durante este


período recuando alimentos anteriormente aceitos
ou pedindo algum alimento em particular.

Este comportamento pode ser devido ao tédio dos


alimentos usuais ou pode ser um meio de assegurar
a independência recentemente descoberta.
Caracterização da Faixa Etária
• Crianças de 12 meses a 6 anos, 11 meses e 29 dias.

• Menor ritmo de crescimento;


• Ganho de estatura 12 cm (2ºano)
8 a 9cm (3º ano)
7 cm nos anos restantes.

• Peso: 1º ano – triplica


Etapa pré-escolar – duplica
Ganho varia de 2 a 2,5 kg/ano (1/3 do ganho do 1º
ano).

• Redução da velocidade de ganho de peso e estatura: redução


do apetite.
Caracterização da Faixa Etária
• Necessidade de menor aporte energético para suprir
necessidades do que no 1º ano de vida.

• Apetite irregular.

• Maturidade neurológica = deambulação, busca do alimento,


expressões de aceitação e recusa pelos alimentos. Ansiedade
dos responsáveis pela criança.

• Boa progressão do peso e da estatura = adequada nutrição.

• Cavidade oral (alterações no dois primeiros anos) – 2º ano:


erupção de 8 dentes (total 14 a 16 dentes).

• Variação na época do controle dos esfíncteres:


• Controle intestinal (2 a 3 anos), precede o controle urinário.
• Controle urinário diurno precede o noturno.
Considerações Nutricionais

• A saúde na idade pré-escolar e escolar se


refletirá definitivamente na adolescência e vida
adulta.

• A desnutrição na fase pré-escolar pode levar a


alterações físicas, funcionais e anatômicas,
repercutindo negativamente no crescimento e
desenvolvimento, apatia, retardo na linguagem,
diminuição da capacidade de concentração e
baixa resposta a estímulos.
Considerações Nutricionais

• Algumas influências determinam a ingestão de


alimentos e os hábitos da criança.; hábitos,
gostos e aversões são bem fundamentados nos
primeiros anos e levados até a vida adulta.

• Dentre as influências na ingestão de alimentos


estão: o ambiente familiar, as tendências sociais,
a mídia, a pressão dos colegas e mal estar ou
doença.
Considerações Nutricionais

• a família é a influência primária no


desenvolvimento de hábitos alimentares.

• Os pais e irmãos mais velhos são modelos


significativos para a criança, na medida em que
aprende e imita os indivíduos em seu ambiente
adjacente.

• As atitudes alimentares de pais são fortes


preditores dos gostos e aversões na infância.
Considerações Nutricionais
• A atmosfera ao redor do alimento e no horário da
refeição também é outro aspecto importante de
atitudes em relação à comida.

• As refeições que são apressadas, ou em que a


criança sofre repressão, criam uma atmosfera
agitada e reforçam o comer muito rápido ou o
deixar de comer.

• Um ambiente positivo permite tempo o suficiente


para se alimentar, tolerar extravasamentos
ocasionais e encorajam a conversa, que inclui
todos os membros da família.
Considerações Nutricionais

• A hábitos regionais, baixas condições


socioeconômicas, hábitos religiosos,
disponibilidade de alimentos (sazonalidade) são
tendências que podem influenciar a alimentação
do pré-escolar.
Considerações Nutricionais
• Crianças em idade escolar assistem uma média
de mais de 23 horas de televisão por semana.

• Quase metade de todos os comerciais é de


alimentos, e a porcentagem é maior durante a
programação infantil.

• A maioria daqueles direcionados às crianças são


de alimentos pobres em fibras, ricos em
açúcares, gorduras e sódio.

• A televisão também pode ser prejudicial para o


crescimento e desenvolvimento encorajando a
inatividade e o uso passivo do tempo de lazer.
Considerações Nutricionais
• Influência dos colegas: aumenta com a idade
se estende às atitudes e escolhas alimentares.

• Isso pode se manifestar por uma repentina


recusa de um alimento ou um pedido de um
alimento “popular”.

• As decisões, de participar ou não no lanche


escolar, podem ser mais resultado de quais
amigos estão presentes, e não, do que o cardápio
realmente oferece.

• Estes comportamentos normalmente


representam uma fase que irá mudar.
Considerações Nutricionais
• Fase de crescimento e desenvolvimento de ossos, dentes,
músculos e sangue, necessitam de alimentos mais
nutritivos em proporção a seu peso, do que os adultos.

• Podem ficar em risco de desnutrição quando têm pouco


apetite prolongado, aceitam um número limitado de
alimentos ou diluem suas dietas significativamente com
alimentos pobres em nutrientes.

• Considerando-se a menor habilidade em se alimentar, a


menor capacidade de volume alimentar e o apetite variável
dos pré-escolares, é melhor oferecer pequenas porções de
alimentos várias vezes ao dia.
Considerações Nutricionais
• Muitas crianças são altamente sensíveis ao sabor dos
alimentos e podem prontamente detectar sabores
estranhos ou rejeitar vegetais.

• Não deve ser oferecido qualquer tipo de alimento em torno


de uma hora e meia antes das refeições, pois mesmo
pequenos lanches podem resultar em alimentar-se mal nas
horas das refeições.

• Os pré-escolares comem melhor em grupo. Estes


ambientes são também ambientes ideais para programas
de educação nutricional, tanto nos horários das refeições,
como nos horários de aprendizado. Experimentar novos
alimentos, participar do preparo de receitas simples ou
plantar uma horta são atividades que desenvolvem e
melhoram os hábitos e atitudes alimentares.
Ingestão de Energia
• Necessidades de energia da criança são
determinadas pelo metabolismo basal, taxa de
crescimento e atividade física.

• A energia da dieta deve ser suficiente para


assegurar o crescimento e evitar que a proteína
de reserva seja usada para energia.

• O gasto energético total (GET), pela FAO/85,


para esta faixa etária, pode ser obtido
multiplicando-se o peso corporal pelo valor
recomendado em Kcal/kg/dia, de acordo com o
Quadro 1.
Quadro 1 - Recomendação de energia para
lactentes e crianças (FAO/1985).

Idade Energia (Kcal/kg/dia)


Anos Meninos Meninas
1-2 104 108
2-3 104 102
3-4 99 95
4–5 95 92
5-6 92 88
• Pelas DRIs/2000, o GET pode ser calculado pelas
fórmulas propostas para EER.

Crianças de 0 a 2 anos

• 0-3 meses: EER = (89 x peso da criança [kg] – 100)


+ 175 (Kcal para deposição de energia).

• 4-6 meses: EER = (89 x peso da criança [kg] – 100)


+ 56 (Kcal para deposição de energia).

• 7-12 meses: EER = (89 x peso da criança [kg] – 100)


+ 22 (Kcal para deposição de energia).

• 13-35 meses: EER = (89 x peso da criança [kg] –


100) + 20 (Kcal para deposição de energia).
• Recomenda-se o leite materno como única fonte
de nutrientes, inclusive de energia, para lactentes
de até 4 a 6 meses de idade.

• Considerando um consumo médio de 780ml de


leite materno por dia e uma densidade energética
de 650Kcal/L, o consumo energético total dessa
criança seria de 500Kcal/dia.

• O EER calculado pelas equações acima é superior


a 500Kcal/dia para muitas crianças de ambos os
sexos.
Crianças de 3 a 5 anos de idade
• Para essa faixa etária, foram levados em consideração para
estimativa do GET, o sexo, a idade, a altura, o peso e a
atividade física das crianças.

• EER para MeninOs de 3 a 5 anos

• EER = 88,5 – 61,9 x I [em anos] + CAF x (26,7 x P [em


kg] + 903 x E [em metros]) + 20 [depósito de energia]

Onde:
• CAF =1,00 se o NAF for sedentário
• CAF =1,13 se o NAF for pouco ativo
• CAF =1,26 se o NAF for ativo
• CAF =1,42 se o NAF for muito ativo
Crianças de 3 a 5 anos de idade
• EER para MeninAs de 3 a 5 anos

EER = 135,3– 30,8 x I [em anos] + CAF x (10,0 x P [em kg]


+ 934 x E [em metros]) + 20 [depósito de energia]

Onde:
• CAF =1,00 se o NAF for sedentário
• CAF =1,16 se o NAF for pouco ativo
• CAF =1,31 se o NAF for ativo
• CAF =1,56 se o NAF for muito ativo
Ingestão de Proteína
• A quantidade de proteínas a serem prescritas na dieta
pode ser a recomendação da necessidade (por kg de
peso) ou ser calculada de acordo com o Intervalo de
Distribuição Aceitável de Macronutrientes – AMDR.

• O AMDR de proteínas varia de 5-20% para a faixa de


1 a 3 anos e de 10-30% par a faixa de 4 a 6 anos ,
segundo as DRIs.

• Para calcular a quantidade de proteínas que pré-


escolares necessitam ingerir diariamente, deve-se
multiplicar a quantidade recomendada (RDA ou AI) de
proteínas pelo peso do indivíduo.
Ingestão de Proteína
TABELA 1 – Recomendações de Proteínas,
segundo as DRIs.

Estágio de Vida AI/RDA AI EAR RDA


(g/dia) (g/kg de peso/dia)

1-3 anos 13,0 ---- 0,88 1,10

5 anos 19,0 ---- ---- 0,95


Carboidratos

• Para o cálculo da quantidade de


CARBOIDRATOS a ser prescrita, pode-se
utilizar o AMDR, proposto pelas DRIs, que
é de 45 a 65% para a faixa etária de 1 a 5
anos.

• Ou também, utilizar os valores de RDA/AI


em gramas/dia.
Carboidratos
• Recomendações de Carboidratos, segundo as DRIs.

Estágio de Vida AI/RDA EAR


(g/dia) (g/dia)
Lactentes
0-6 meses 60 ----
7-12 meses 95

Crianças
1-3 anos 130 100
4-5 anos 130 100
Lipídeos
• Para os LIPÍDEOS só foram determinados
valores em gramas/dia para a faixa etária de 0 a
12 meses, sendo recomendável o cálculo do
percentual de lipídeos pelo AMDR para as demais
faixas etárias.

• O AMDR de lipídeos é de 30 a 40% (1 a 3 anos) e


de 25-35% (4 a 5 anos).

• As AIs de lipídeos em g/dia são: 31g/dia ( para


0-6 meses) e 30g/dia (para 7-12 meses).
Micronutrientes
• Necessários para o crescimento e
desenvolvimento normais.

• A ingestão insuficiente pode causar atraso no


crescimento e resultar em doenças carenciais.

• As crianças em idade pré-escolar estão em alto


risco de anemia por deficiência de ferro.

• O cálcio para este grupo etário é necessário para


a mineralização adequada e manutenção do
crescimento ósseo.
Micronutrientes
• A vitamina D é necessária para a absorção do cálcio e para
a deposição de cálcio nos ossos.

• Devido ao fato deste nutriente também estar disponível


pela ação da luz solar nos tecidos, a quantidade necessária
pelas fontes alimentares depende de fatores tais como a
localização geográfica e o tempo passado fora de casa.

• O zinco é também essencial para o crescimento; uma


deficiência resulta em falha de crescimento, pouco apetite,
sensibilidade paladar diminuída e cicatrização de feridas
deficiente.

• Para as vitaminas e minerais deve-se considerar os valores


propostos pelas DRIs (RDA/AI) e basear a prescrição
dietética nestes valores.
Orientações
• Permitir que a criança controle seu consumo alimentar,
especialmente no que diz respeito ao tamanho da refeição.

• Diversificar alimentos, forma de preparo e apresentação


das refeições de maneira a estimular o aspecto sensorial da
alimentação.

• Evitar alimentos de alta concentração energética e calorias


“vazias” (doces, petiscos, refrigerantes).

• Servir á criança pequenas porções de alimentos, oferecendo


novas quantidades, se necessário.

• Não oferecer sobremesa como recompensa ou retirá-la


como punição, para evitar a supervalorização deste tipo de
alimento.
Orientações
• Reduzir a ingestão de líquidos durante as grandes refeições
como forma de evitar saciedade precoce.

• Deixar a criança auto-alimentar-se, oferecendo ajuda


ocasionalmente.

• Não forçar a criança e nem castigá-la no caso de recusa de


algum alimento.

• Não estimular o consumo de petiscos em geral, enquanto a


criança assiste televisão.

• Evitar alimentos associados a risco de sufocamento:


salsichas inteiras, amendoim, pipoca, frutas de pequeno
porte inteiras (uva, cereja) e pedaços grandes de
alimentos.
Orientações
• Alimentos ricos em gorduras saturadas devem ser oferecido
em quantidades reduzidas.

• Aumentar o consumo de frutas e hortaliças.

• O horário da refeição deve ser agradável mas não pode


tornar-se um entretenimento.

• Oferecer alimentos novos em pequena quantidade. Se


houverem repetidas recusas, modificar a forma de preparo
do alimento.

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