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MÓDULO VII Pluralidade dos Mundos Habitados

Vigésima Oitava Aula: Formação dos mundos e da Terra.

Objetivo específico: Explicar, à luz dos ensinamentos espíritas, a criação dos mundos e do
planeta Terra.

Conteúdo básico:

■ A matéria cósmica primitiva continha os elementos materiais, fluídicos e vitais de todos os


universos que estadeiam suas magnificências diante da eternidade. Ela é a mãe fecunda de
todas as coisas, a primeira avó e, sobretudo, a eterna geratriz. [...] A substância etérea, mais ou
menos rarefeita, que se difunde pelos espaços interplanetários; esse fluido cósmico que enche
o mundo, mais ou menos rarefeito, nas regiões imensas, opulentas de aglomerações de estrelas
[...], nada mais é do que a substância primitiva onde residem as forças universais, donde a
Natureza há tirado todas as coisas. Allan Kardec: A gênese. Cap.6, item 17.

■ A história da formação da Terra está escrita nas camadas geológicas [...]. Allan Kardec: A
gênese. Cap. 7, item 1.

■ Poder-se-á conhecer o tempo que dura a formação dos mundos: da Terra, por exemplo? Nada
te posso dizer a respeito, porque só o Criador o sabe [...]. Allan Kardec: O livro dos espíritos.
Questão 42.

Subsídios:

1. Formação dos mundos

Allan Kardec assinala em O Livro dos Espíritos: O Universo abrange a infinidade dos mundos que
vemos e dos que não vemos, todos os seres animados e inanimados, todos os astros que se
movem no espaço, assim como os fluidos que o enchem. Diz-nos a razão [continua Kardec] não
ser possível que o Universo se tenha feito a si mesmo e que, não podendo também ser obra do
acaso, há de ser obra de Deus. Como, entretanto, terá Deus criado o Universo? Allan, Kardec,
ouvindo os Espíritos Superiores, nos apresenta os esclarecimentos que se seguem. Existindo,
por sua natureza, desde toda a eternidade, Deus criou desde toda eternidade e não poderia ser
de outro modo, visto que, por mais longínqua que seja a época a que recuemos, pela
imaginação, os supostos limites da criação, haverá sempre, além desse limite, uma eternidade
[...] durante a qual as divinas hipóstases(*), as volições infinitas teriam permanecido sepultadas
em muda letargia inativa e infecunda, uma eternidade de morte aparente para o Pai eterno que
dá vida aos seres, de mutismo indiferente para o Verbo que os governa; de esterilidade fria e
egoísta para o Espírito de amor e vivificação.

(*)Hipóstase: (Fil.) para os pensadores da Antiguidade, realidade permanente, concreta e


fundamental; substância. Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa.

Compreendamos melhor a grandeza da ação divina e a sua perpetuidade sob a mão do Ser
absoluto! Deus é o Sol dos seres, é a Luz do mundo. Ora, a aparição do Sol dá nascimento
instantâneo a ondas de luz que se vão espalhando por todos os lados, na extensão. Do mesmo
modo, o Universo, nascido do Eterno, remonta aos períodos inimagináveis do infinito de
duração, ao Fiat lux! [faça-se a luz!] do início. O começo absoluto das coisas remonta, pois, a
Deus. As sucessivas aparições delas no domínio da existência constituem a ordem da criação
perpétua. Que mortal poderia dizer das magnificências desconhecidas e soberbamente veladas
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sob a noite das idades que se desdobraram nesses tempos antigos, em que nenhuma das
maravilhas do Universo atual existia; nessa época primitiva em que, tendo-se feito ouvir a voz
do Senhor, os materiais que no futuro haviam de agregar-se por si mesmos e simetricamente,
para formar o templo da Natureza, se encontraram de súbito no seio das vácuos infinitos;
quando aquela voz misteriosa, que toda criatura venera e estima como a de uma mãe, produziu
notas harmoniosamente variadas, para irem vibrar juntas e modular o concerto dos céus
imensos! O mundo, no nascedouro, não se apresentou assente na sua virilidade e na plenitude
da sua vida, não. O poder criador nunca se contradiz e, como todas as coisas, o Universo nasceu
criança. Revestido das leis mencionadas acima e da impulsão inicial inerente à sua formação
mesma, a matéria cósmica primitiva fez que sucessivamente nascessem turbilhões,
aglomerações desse fluido difuso, amontoados de matéria nebulosa que se cindiram por si
próprios e se modificaram ao infinito para gerar, nas regiões incomensuráveis da amplidão,
diversos centros de criações simultâneas ou sucessivas. Em virtude das forças que
predominaram sobre um ou sobre outro deles e das circunstâncias ulteriores que presidiram
aos seus desenvolvimentos, esses centros primitivos se tornaram focos de uma vida especial:
uns, menos disseminados no espaço e mais ricos em princípios e em forças atuantes, começaram
desde logo a sua particular vida astral; os outros, ocupando ilimitada extensão, cresceram com
lentidão extrema, ou de novo se dividiram em outros centros secundários. Transportando-nos a
alguns milhões de séculos somente, acima da época atual, verificamos que a nossa Terra ainda
não existe, que mesmo o nosso sistema solar ainda não começou as evoluções da vida
planetária; mas, que, entretanto, já esplêndidos sóis iluminam o éter; já planetas habitados dão
vida e existência a uma multidão de seres, nossos predecessores na carreira humana, que as
produções opulentas de uma natureza desconhecida e os maravilhosos fenômenos do céu
desdobram, sob outros olhares, os quadros da imensa criação. Que digo! Já deixaram de existir
esplendores que muito antes fizeram palpitar o coração de outros mortais, sob o pensamento
da potência infinita! E nós, pobres seres pequeninos, que viemos após uma eternidade de vida,
nós nos cremos contemporâneos da criação! Ainda uma vez, compreendamos melhor a
Natureza. Saibamos que atrás de nós, como à nossa frente, está a eternidade, que o espaço é
teatro de inimaginável sucessão e simultaneidade de criações. Tais nebulosas, que mal
percebemos nos mais longínquos pontos do céu, são aglomerados de sóis em vias de formação;
tais outras são vias-lácteas de mundos habitados; outras, finalmente, sedes de catástrofes e de
deperecimento. Saibamos que, assim como estamos colocados no meio de uma infinidade de
mundos, também estamos no meio de uma dupla infinidade de durações, anteriores e
ulteriores; que a criação universal não se acha restrita a nós, que não nos é lícito aplicar essa
expressão à formação isolada do nosso pequenino globo. Podemos então afirmar, como nos
esclarecem os Espíritos Superiores, que Deus criou o Universo e os seres pela sua Vontade. A
base de construção dos mundos e dos corpos materiais é o fluido cósmico universal, igualmente
chamado de matéria cósmica primitiva. A matéria cósmica primitiva continha os elementos
materiais, fluídicos e vitais de todos os universos que estadeiam suas magnificências diante da
eternidade. Ela é a mãe fecunda de todas as coisas, a primeira avó e, sobretudo, a eterna
geratriz. Absolutamente não desapareceu essa substância donde provêm as esferas siderais;
não morreu essa potência, pois que ainda, incessantemente, dá à luz novas criações e
incessantemente recebe, reconstituídos, os princípios dos mundos que se apagam do livro
eterno. Há substância etérea, mais ou menos rarefeita, que se difunde pelos espaços
interplanetários; esse fluido cósmico que enche o mundo, mais ou menos rarefeito, nas regiões
imensas, opulentas de aglomerações de estrelas; mais ou menos condensado onde o céu astral
ainda não brilha; mais ou menos modificado por diversas combinações, de acordo com as
localidades da extensão, nada mais é do que a substância primitiva onde residem as forças
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universais, donde a Natureza há tirado todas as coisas. Conforme estudamos, encontramos no


fluido cósmico as forças inerentes [...]que presidiram às metamorfoses da matéria, as leis
imutáveis e necessárias que regem o mundo. Essas múltiplas forças, indefinidamente variáveis
segundo as combinações da matéria, localizadas segundo as massas [atômicas], diversificadas
em seus modos de ação, segundo as circunstâncias e os meios, são conhecidas na Terra sob os
nomes de gravidade, coesão, afinidade, atração, magnetismo, eletricidade ativa. Os
movimentos vibratórios do agente [ou dessas forças] são conhecidos sob os nomes de som,
calor, luz, etc . Os mundos, assim, se formam [...] pela condensação da matéria disseminada no
Espaço.

2. Formação da Terra

Rezam as tradições do mundo espiritual que [...] existe uma Comunidade de Espíritos Puros e
Eleitos pelo Senhor Supremo do Universo, em cujas mãos se conservam as rédeas diretoras da
vida de todas as coletividades planetárias. Essa comunidade de seres angélicos e perfeitos, da
qual é Jesus um dos membros divinos, [...] apenas já se reuniu, nas proximidades da Terra para
a solução de problemas decisivos da organização e da direção do nosso planeta, por duas vezes
no curso dos milênios conhecidos. A primeira, verificou-se quando o orbe terrestre se
desprendia da nebulosa solar, a fim de que se lançassem, no Tempo e no Espaço, as balizas do
nosso sistema cosmogônico e os pródromos da vida na matéria em ignição, do planeta, e a
segunda, quando se decidia a vinda do Senhor à face da Terra, trazendo à família humana a lição
imortal do seu Evangelho de amor e redenção. Assim, sob a direção de Jesus – o governador
espiritual da Terra – e seus propostos divinos, temos informações sobre a formação do Planeta.
A Terra conserva em si os traços evidentes da sua formação. Acompanham-se as fases com
precisão matemática, nos diferentes terrenos que lhe constituem o arcabouço. O conjunto
desses estudos forma a ciência chamada Geologia, ciência nascida deste século (XIX) e que
projetou luz sobre a tão controvertida questão da origem do globo terreno e da dos seres vivos
que o habitam. Neste ponto, não há simples hipótese; há o resultado rigoroso da observação
dos fatos e, diante dos fatos, nenhuma dúvida se justifica. A história da formação da Terra está
escrita nas camadas geológicas, de maneira bem mais certa do que nos livros preconcebidos,
porque é a própria Natureza que fala, que se põe a nu, e não a imaginação dos homens a criar
sistemas. [...] Sem as descobertas da Geologia, como sem as da Astronomia, a Gênese do mundo
ainda estaria nas trevas da lenda. Graças a elas, o homem conhece hoje a história da sua
habitação, tendo desmoronado, para não mais tornar a erguer-se a estrutura de fábulas que lhe
rodeavam o berço. Que força sobre-humana pôde manter o equilíbrio da nebulosa terrestre,
destacada do núcleo central do sistema, conferindo-lhe um conjunto de leis matemáticas,
dentro das quais se iam manifestar todos os fenômenos inteligentes e harmônicos de sua vida,
por milênios de milênios? Distanciando do Sol cerca de 149.600.000 quilômetros e deslocando-
se no espaço com a velocidade diária de 2.500.000 quilômetros, em torno do grande astro do
dia, imaginemos a sua composição nos primeiros tempos de existência, como planeta.
Laboratório de matérias ignescentes, o conflito das forças telúricas e das energias físico-
químicas opera as grandiosas construções do teatro da vida, no imenso cadinho onde a
temperatura se eleva, por vezes, a 2.000 graus de calor, como se a matéria colocada num forno,
incandescente, estivesse sendo submetida aos mais diversos ensaios, para examinar-se a sua
qualidade e possibilidades na edificação da nova escola dos seres. As descargas elétricas, em
proporções jamais vistas da Humanidade, despertam estranhas comoções no grande organismo
planetário, cuja formação se processa nas oficinas do Infinito. Na grande oficina surge, então, a
diferenciação da matéria ponderável, dando origem ao hidrogênio. As vastidões atmosféricas
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são amplo repositório de energias elétricas e de vapores que trabalham as substâncias


torturadas no orbe terrestre. O frio dos espaços atua, porém, sobre esse laboratório de energias
incandescentes e a condensação dos metais verifica-se com a leve formação da crosta
solidificada. É o primeiro descanso das tumultuosas comoções geológicas do globo. Formam-se
os primitivos oceanos, onde a água tépida sofre pressão difícil de descrever-se. A atmosfera está
carregada de vapores aquosos e as grandes tempestades varrem, em todas as direções, a
superfície do planeta, mas sobre a Terra o caos fica dominado como por encanto. As paisagens
aclaram-se, fixando a luz solar, que se projeta nesse novo teatro de evolução e vida. As mãos de
Jesus haviam descansado, após o longo período de confusão dos elementos físicos da
organização planetária.

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