Você está na página 1de 3

1

MÓDULO XII Lei de Sociedade e Lei de Trabalho

Quadragésima Quinta Aula: Vida em família e laços de parentescos.

Objetivos específicos: Justificar por que os laços de família constituem uma lei da natureza;
Identificar as espécies de família, do ponto de vista espírita; Reconhecer a missão dos pais no
seio da família.

Conteúdo básico:

■ Os laços sociais são necessários ao progresso e os de família mais apertados tornam os


primeiros. Eis por que os segundos constituem uma lei da Natureza. Quis Deus que, por essa
forma, os homens aprendessem a amar-se como irmãos. Allan Kardec: O livro dos espíritos,
questão 774.

■ Há, pois, duas espécies de famílias: as famílias pelos laços espirituais e as famílias pelos laços
corporais. Duráveis, as primeiras se fortalecem pela purificação e se perpetuam no mundo dos
Espíritos, através das várias migrações da alma; as segundas, frágeis como a matéria, se
extinguem com o tempo e muitas vezes se dissolvem moralmente, já na existência atual. Allan
Kardec: O evangelho segundo o espiritismo. Cap. 14, item 8.

■ Oh espíritas! Compreendei agora o grande papel da Humanidade. Compreendei que, quando


produzis um corpo, a alma que nele encarna vem do espaço para progredir; inteirai-vos dos
vossos deveres e ponde todo o vosso amor em aproximar de Deus essa alma; tal a missão que
vos está confiada e cuja recompensa recebereis, se fielmente a cumprirdes. Os vossos cuidados
e a educação que lhe dareis auxiliarão o seu aperfeiçoamento e o seu bem-estar futuro [...].
Trecho de mensagem do Espírito Santo Agostinho, ditada em Paris, em 1862: O evangelho
segundo o espiritismo. Cap. 14, item 9.

Subsídios:

Há no homem alguma coisa a mais, além das necessidades físicas: há a necessidade de progredir.
Os laços sociais são necessários ao progresso e os de família mais apertados tornam os
primeiros. Eis que os segundos constituem uma lei da Natureza. Quis Deus que, por essa forma,
os homens aprendessem a amar-se como irmãos. A família é, pois [...] uma instituição divina,
cuja finalidade precípua consiste em estreitar os laços sociais, ensejando-nos o melhor modo de
aprendermos a amar-nos como irmãos. Nesse sentido, o relaxamento dos laços de família
representa uma prática antinatural, uma [...] recrudescência do egoísmo. De todas as
associações existentes na Terra [...] nenhuma talvez mais importante em sua função educadora
e regenerativa: a constituição da família. De semelhante agremiação, na qual dois seres se
conjugam, atendendo aos vínculos do afeto, surge o lar, garantindo os alicerces da civilização.
Através do casal, aí estabelecido, funciona o princípio da reencarnação, consoante as Leis
Divinas, possibilitando o trabalho executivo dos mais elevados programas de ação do Mundo
Espiritual. Fácil entender que é assim justamente que nós, os espíritos eternos, atendendo aos
impositivos do progresso, nos revezamos na arena do mundo, ora envergando a posição de pais,
ora desempenhando o papel de filhos, aprendendo, gradativamente, na carteira do corpo
carnal, as lições profundas do amor — do amor que nos soerguerá, um dia, em definitivo, da
Terra para os Céus. A [...] família, genericamente, representa o clã social ou de sintonia por
identidade que reúne espécimes dentro da mesma classificação. Juridicamente, porém, a família
se deriva da união de dois seres que se elegem para uma vida em comum, através de um
contrato, dando origem à genitura da mesma espécie. [...] A família tem suas próprias leis, que
consubstanciam as regras do bom comportamento dentro do impositivo do respeito ético,
recíproco entre os seus membros, favorável à perfeita harmonia que deve viger sob o mesmo

** (burilar = trabalhar qualquer coisa com cuidado)


2
MÓDULO XII Lei de Sociedade e Lei de Trabalho

teto em que se agasalham os que se consorciam. [...] O lar, no entanto, não pode ser configurado
como a edificação material, capaz de oferecer segurança e paz aos que aí se resguardam.
Habitualmente, nunca sempre, somos nós mesmos quem planifica a formação da família, antes
do renascimento terrestre, com o amparo e a supervisão de instrutores beneméritos, à maneira
da casa que levantamos no mundo, com o apoio de arquitetos e técnicos distintos. Comumente
chamamos a nós antigos companheiros de aventuras infelizes lhes programando a volta ao
nosso convívio, a prometer-lhes socorro e oportunidade, em que se lhes reedifique a esperança
de elevação e resgate, burilamento** e melhoria. É importante considerar, entretanto, que não
[...] são os da consanguinidade os verdadeiros laços de família e sim os da simpatia e da
comunhão de ideias, os quais prendem os Espíritos antes, durante e depois de suas encarnações.
Segue-se que dois seres nascidos de pais diferentes podem ser mais irmãos pelo Espírito, do que
se fossem pelo sangue. Podem então atrair-se, buscar-se e sentirem prazer quando juntos ao
passo que dois irmãos consanguíneos podem repelir-se, conforme se observa todos os dias:
problema moral que só o Espiritismo podia resolver pela pluralidade das existências. Há, pois,
duas espécies de famílias: as famílias pelos laços espirituais e as famílias pelos laços corporais.
Duráveis, as primeiras se fortalecem pela purificação e se perpetuam no mundo dos Espíritos,
através das várias migrações da alma; as segundas, frágeis como a matéria, se extinguem com o
tempo e muitas vezes se dissolvem moralmente, já na existência atual. Por intermédio da
paternidade e da maternidade, o homem e a mulher adquirem mais amplos créditos da Vida
Superior. [...] Os filhos são liames de amor conscientizado que lhes granjeiam proteção mais
extensa do Mundo Maior, de vez que todos nós integramos grupos afins. Na arena terrestre, é
justo que determinada criatura se faça assistida por outras que lhe respiram a mesma faixa de
interesse afetivo. De modo idêntico, é natural que as inteligências domiciliadas nas Esferas
Superiores se consagrem a resguardar e guiar aqueles companheiros de experiência, volvidos à
reencarnação para fins de progresso e burilamento. A parentela no Planeta faz-se filtro da
família espiritual sediada além da existência física, mantendo os laços preexistentes entre
aqueles que lhe comungam o clima. Arraigada nas vidas passadas de todos aqueles que a
compõem, a família terrestre é formada, assim, de agentes diversos, porquanto nela se
reencontram, comumente, afetos e desafetos, amigos e inimigos, para os ajustes e reajustes
indispensáveis, ante as leis do destino. Formam famílias os Espíritos que a analogia dos gostos,
a identidade do progresso moral e a afeição induzem a reunir-se. Esses mesmos Espíritos, em
suas migrações terrenas, se buscam, para se gruparem, como o fazem no espaço, originando-se
daí as famílias unidas e homogêneas. Se, nas suas peregrinações, acontece ficarem
temporariamente separados, mais tarde tornam a encontrar-se, venturosos pelos novos
progressos que realizaram. Mas, como não lhes cumpre trabalhar apenas para si, permite Deus
que Espíritos menos adiantados encarnem entre eles, a fim de receberem conselhos e bons
exemplos, a bem de seu progresso. Esses Espíritos se tornam, por vezes, causa de perturbação
no meio daqueles outros, o que constitui para estes a prova e a tarefa a desempenhar. Na [...]
esfera do grupo consanguíneo o Espírito reencarnado segue ao encontro dos laços que
entreteceu para si próprio, na linha mental em que se lhe caracterizam as tendências. A
chamada hereditariedade psicológica é, por isso, de algum modo, a natural aglutinação dos
Espíritos que se afinam nas mesmas atividades e inclinações. Modernamente, ante a
precipitação dos conceitos que generalizam na vulgaridade os valores éticos, tem-se a impressão
de que paira rude ameaça sobre a estabilidade da família. Mais do que nunca, porém, o conjunto
doméstico se deve impor para a sobrevivência a benefício da soberania da própria Humanidade.
Atualmente, na fase de aferição de valores morais por que passa a Humanidade, é comum ouvir
a voz da imaturidade e do pessimismo anunciando a extinção da família. Entretanto, devemos
tranquilizar [...] os nossos corações, porque a família não está em extinção, o processo é de

** (burilar = trabalhar qualquer coisa com cuidado)


3
MÓDULO XII Lei de Sociedade e Lei de Trabalho

transformação. A vulnerabilidade do bebê humano e sua dependência dos cuidados do adulto


são indícios muito fortes de que a família é uma necessidade psicofísica do homem e, portanto,
será difícil imaginar um sistema social sem essa instituição básica. O fato de ser a instituição
familiar uma necessidade do homem não significa, contudo, que ela seja imutável. A família já
se modificou muito desde a fase da sociedade predominantemente agrícola até os dias de hoje.
Estamos assistindo a uma nova transformação. Toda mudança sempre acarreta um momento
de desorganização e talvez daí tenha surgido a ideia de que a família está se desmoronando,
desestruturando-se, extinguindo-se. Algumas pessoas se sentem tão abaladas por essa
desordem transitória, que se aferram a um modo de viver já ultrapassado, na tentativa de
preservar valores decadentes, acreditando defender assim os interesses da coletividade. Outras
se aproveitam da oportunidade para extravasar seus próprios impulsos desequilibrados.
Entretanto, o indivíduo que consegue ver o panorama social de um ponto mais elevado, que já
desenvolveu a capacidade de pensar criticamente, pode discernir com mais facilidade acerca
dos valores a serem preservados, separando-os daqueles que devem ser descartados,
contribuindo, desse modo, para a consolidação do progresso.

** (burilar = trabalhar qualquer coisa com cuidado)

Você também pode gostar