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Lição 2

A FAMÍLIA E A EDUCAÇÃO
DOS FILHOS

Até bem recentemente, não era difícil encontrar uma boa definição de
família. Bastava ir ao dicionário, correr as letras do alfabeto e fixar-se no efe.
Ali estava ela bem definida. Aurélio Buarque de Holanda, em seu Pequeno
Dicionário da Língua Portuguesa, de 1969, conceituou-a de maneira objetiva
e clara: “O pai, a mãe e os filhos”. E, para que não pairasse dúvidas quanto à
unidade básica do lar, o linguista brasileiro complementa: “Pessoas do mesmo
sangue; linhagem”. Um conceito exato e que não destoa da Bíblia Sagrada.
Os engenheiros sociais deste século, porém, ignorando a distinção
natural dos gêneros gramaticais e desprezando o Gênesis, buscam descons-
truir o conceito tradicional de família. Numa semiologia confusa e bizarra,
alegam que a união de pessoas do mesmo sexo também é família. Assim,
basta morar sob o mesmo teto para se constituir um lar. Quanto a mim,
prefiro a sabedoria dos antigos chineses: “Cem homens podem formar um
acampamento, mas é preciso uma mulher para se fazer um lar”.
Embora mudem a gramática, não conseguirão alterar uma letra
sequer da Palavra de Deus. O bem não será definido como mal; o mal
não será classificado como bem. Aquilo que o Criador estabeleceu no
princípio não será modificado. Por conseguinte, a família jamais deixará
de ser conhecida por sua constituição fundamental: um homem, uma
mulher e os filhos advindos de seu relacionamento. O que passa disso é
abominação aos olhos de Deus.
Neste capítulo, enfocaremos a família, sua finalidade e constituição.

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Esboço da Lição

1. O que é a Família
2. A Família na História
3. A Família no Contexto Legal
4. A Educação dos Filhos
5. A Família e o Dinheiro

Objetivos da Lição

Ao concluir o estudo desta lição, você deverá ser capaz de:


1. Apresentar as várias definições dadas à família, destacando
que a definição teológica é a que retrata a família em sua
essência, tal como Deus a criou.
2. Afirmar, biblicamente, que o casamento é a união de um
homem e uma mulher, firmada diante de Deus e da socie-
dade, e, portanto, uma instituição heterossexual, monogâ-
mica e indissolúvel.
3. Identificar nas legislações humanas sobre a família, principal-
mente nas mais antigas, reflexos da lei divina; perceber, nas legis-
lações pós-modernas, sutis contrariedades à Palavra de Deus.
4. Discorrer sobre a educação infantil na Bíblia Sagrada,
mostrando a quem compete a educação dos filhos e como
deve ser aplicada a disciplina física.
5. Delinear a ética do Reino de Deus para a nossa vida financeira.

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44 TEXTO 1
O QUE É A FAMÍLIA
Dentre as várias definições dadas à família, busquemos uma que a
contemple em sua essência, levando em conta a natureza com que Deus
Ética Cristã

a dotou ao instituí-la no Éden.

Definição etimológica

A palavra “ família” origina-se do vocábulo latino familia. Este,


por seu turno, procede do termo “fâmulo” que, na antiga Roma,
era o escravo doméstico. Numa casa romana, havia muitos fâmulos:
pedagogos, cozinheiros, artesãos e até gladiadores. Toda essa criadagem
era vista como extensão do lar. Com o tempo, o termo “família” passou
a significar estritamente a unidade básica de um matrimônio: o esposo, a
esposa e os filhos resultantes de sua aliança. E, assim, a palavra começou
a ser usada com esse sentido por várias línguas modernas.
Não obstante os ataques da semiótica anticristã, a família ainda é
vista como a união conjugal entre um homem e uma mulher. Embora se
esforcem por mudar-lhe o sentido, ela é o que é. Sem ela, a humanidade
não cresce nem se multiplica. Sem ela, somos inviáveis.

Definição sociológica

Segundo a sociologia, a família é um grupo primário que não


somente influencia, mas sofre influência de outros segmentos e pessoas.
Partindo dessa premissa, a engenharia social do pós-modernismo procura
minar-lhe as bases cristãs e tradicionais, com o intuito de substituí-la
pelo Estado. Aliás, isso não é tão moderno quanto se pensa. Experiências
semelhantes já foram realizadas em Esparta e na União Soviética, mas
resultaram em fracasso.
A família não é um mero fenômeno social, nem pode servir de
cobaia à sociologia. Ela antecede às organizações politicamente organi-
zadas. Logo, é suficiente em si mesma. Na essência, é uma sociedade e
não deixa de ser um Estado. Haja vista a família israelita. Tendo início
com Abraão, tornou-se um poderoso reino de sacerdotes e profetas,
influenciando poderosamente o mundo. É inaceitável, portanto, coagir
a família com filosofias que buscam arruinar-lhe a unidade básica.
Atentemos a este alerta do romancista francês Victor Hugo (1802-
1885): “Toda doutrina social que visa destruir a família é má. Quando
se decompõe uma sociedade, o que se acha como resíduo final não é o 45
indivíduo, mas a família”.

Definição teológica

Lição 2 - A Família e a Educação dos Filhos


Instituição criada por Deus, a família tem como objetivo básico a
felicidade do homem e da mulher. Sua tarefa imediata é povoar a terra e
dominá-la culturalmente. Foi-lhe confiada também a missão redentora:
abrigar o Salvador da humanidade. Afinal, Jesus não foi gerado pela
máquina do Estado, nem concebido pela engenharia social, mas dado à
luz no seio de uma família tipicamente judaica.
Iniciando-se com a união entre um homem e uma mulher, a
família tem continuidade com os filhos. Não é uma sociedade civil
qualquer. Trata-se de uma união que, apesar de humana, reclama
foros divinos. Por isso, tem de ser protegida pelo Estado e amparada
pela sociedade.

EXERCÍCIOS
Marque “C” para Certo e “E” para Errado.

___2.01 Definição de família, dada pelo Pequeno Dicionário da


Língua Portuguesa, Aurélio, 1969, que não destoa da Bíblia
Sagrada: “O pai, a mãe e os filhos; pessoas do mesmo sangue;
linhagem”.
___2.02 Instituição criada por Deus, a família tem como objetivo
básico a felicidade do homem e da mulher, e a sua tarefa
imediata é povoar a terra e dominá-la culturalmente.
___2.03 À família foi confiada também a missão redentora: abrigar o
Salvador da humanidade.
___2.04 A engenharia social do pós-modernismo procura minar as
bases cristãs e tradicionais da família, com o intuito de substi-
tuí-la pelo Estado.
___2.05 As tentativas de substituir a família pelo Estado foram
bem-sucedidas em Esparta e na União Soviética.
___2.06 Iniciando-se com a união entre um homem e uma mulher, a
família tem continuidade com os filhos.
46 TEXTO 2
A FAMÍLIA NA HISTÓRIA
“Qual ave que vagueia longe do seu ninho, tal é o homem que anda
vagueando longe do seu lar” (Pv 27.8). Numa poesia simples e bela, Salomão
Ética Cristã

ressalta a importância da família para o indivíduo. Como viver isolado? Os


que se ilham não têm vida longa nem feliz; precocemente desaparecem.
Para evitar o isolamento de Adão, o Senhor criou-lhe Eva. Logo em seguida,
instituiu o casamento – a celebração inicial da família. Aos olhos do Criador,
portanto, não bastam um homem, uma mulher e um paraíso para que haja
um lar; é imprescindível o compromisso institucional e público.

A origem do casamento

Deus criou os Céus e a Terra. Na última etapa de sua obra, formou


o homem do pó, mas sem misturá-lo às cinzas. Em seguida, descansou
de todo o seu trabalho. Após o sétimo dia, veio a declarar que a solidão
não era boa: “Não é bom que o homem esteja só; far-lhe-ei uma auxilia-
dora que lhe seja idônea” (Gn 2.18). Nesse momento, age Deus como o
psicólogo dos psicólogos. Sabe que Adão, embora santo e ainda perfeito,
jamais conseguiria, sozinho, trabalhar e aculturar a terra. A índole
humana reclama compartilhamento; exige companhia; é familiar.
Se Deus, que é Deus, acha o isolamento ruim, por que deixaria o
homem retraído em si mesmo? A comunhão entre o Criador e a criatura
era plena, mas não suficiente. Também era plena a comunhão entre a
criatura e a criação, mas irracional e insatisfatória. Portanto, a criatura
reclamava não apenas comunhão, mas uma comunicação perfeita com
uma criatura que lhe fosse imagem e semelhança.
Fazendo Adão cair em profundo sono, o Senhor toma-lhe uma
costela. E, com o material genético daí extraído, forma-lhe a mulher.
Deus foi além da clonagem mera e bizarra. Trouxe à vida um ser livre e
com arbítrio próprio. Agora, no Éden, havia um homem e uma mulher,
mas ainda não havia um lar. Era preciso uma instituição, da parte de
Deus, e um compromisso, por parte do homem.
Por isso, ao receber Eva das mãos do Criador, pronunciou Adão
os seus votos nupciais: “Esta, afinal, é osso dos meus ossos e carne da
minha carne; chamar-se-á varoa, porquanto do varão foi tomada” (Gn
2.23). Como o pai leva a filha ao altar, para entregá-la ao noivo, assim
fez Deus no Éden: conduziu Eva e apresentou-a a Adão.
Ouvido o juramento do homem, pronunciou o Senhor a sentença 47
que instituía o matrimônio: “Por isso, deixa o homem pai e mãe e se une
à sua mulher, tornando-se os dois uma só carne” (Gn 2.24).

O casamento definido

Lição 2 - A Família e a Educação dos Filhos


À luz da Bíblia Sagrada, o casamento é a união formal e pública
entre um homem e uma mulher. Logo, é uma instituição heterossexual,
monogâmica e indissolúvel.
a) União formal e pública. Devido à sua natureza, o casamento
não pode ser um mero ajuntamento entre um homem e uma mulher.
Requer-se, para a sua validade, uma cerimônia pública e formal, a fim
de que os direitos e deveres entre os cônjuges sejam devidamente estabe-
lecidos. É uma aliança firmada diante de Deus e da sociedade.
As uniões realizadas informal e ocultamente, ainda que romantica-
mente motivadas, são contrárias à essência do casamento. Por faltar-lhes
um caráter formal e público, fragilizam os cônjuges e, em especial, os
filhos. É importante, pois, que as igrejas zelem pela formalização do
matrimônio de seus membros. Dessa forma, cumpriremos as reivindi-
cações divinas quanto à união entre o homem e a mulher.
b) União heterossexual. A essência física do casamento é a união
entre um homem e uma mulher, conforme declara a Bíblia Sagrada:
“Criou Deus, pois, o homem à sua imagem, à imagem de Deus o
criou; homem e mulher os criou” (Gn 1.17). Somente a heterossexua-
lidade pode ser considerada relacionamento sexual, pois implica no
contato de ambos os sexos: masculino e feminino. O erotismo entre
dois homens, ou entre duas mulheres, não é relacionamento, mas sim
ato sexual. Além de contrariar o plano original de Deus, atenta contra
as leis naturais por Ele estabelecidas. Na Lição nove, trataremos mais
largamente do assunto.
c) União monogâmica. O casamento, além de heterossexual, é, igual-
mente, monogâmico: um homem para uma única mulher, e uma mulher
para um único homem. Embora alguns varões piedosos do Antigo Testa-
mento hajam praticado a poligamia, Deus, em momento algum, deu-lhe
chancela. Em sua misericórdia, tolerou-a até que o seu povo viesse a
compreender a natureza e a essência do matrimônio. Conforme declara
Paulo aos filósofos em Atenas, não leva Deus em consideração os tempos
da ignorância (At 17.30).
48 Depois do cativeiro babilônico, ocorrido em 586 a.C., a poligamia
já não era praticada pelos israelitas. Pelo menos, não temos nenhum
registro pós-exílico. O que havia, infelizmente, era o divórcio injusto,
covarde e generalizado. Mais ou menos como hoje.
Ética Cristã

d) União indissolúvel. Se biblicamente considerado, o casamento só pode


ser dissolvido por estes três motivos: morte, infidelidade e abandono (Rm
7.2; Mt 19.9; 1Co 7.15). Excetuados esses casos, o divórcio é inadmissível.
Infelizmente, essa praga já se faz bem difundida entre o povo de Deus.
Aliás, é encontradiça até mesmo entre os obreiros. Em nada nos diferen-
çamos dos israelitas do tempo de Malaquias que, repudiando suas esposas,
apegavam-se às estrangeiras. Quem agia assim não era o homem comum;
era o ministro do altar. Para coibir essa vergonha e estancar as lágrimas das
mulheres judias, o Senhor envia-lhes o profeta com uma mensagem enérgica,
urgente e carregada de juízos. Através de seu arauto, Deus enfaticamente
declara: “Porque o Senhor, Deus de Israel, diz que odeia o repúdio e também
aquele que cobre de violência as suas vestes, diz o Senhor dos Exércitos;
portanto, cuidai de vós mesmos e não sejais infiéis” (Ml 2.16).
Para o sacerdote, simples divórcio. Para Deus, mais do que
separação: repúdio desumano, cruel e injustificado. É necessário, pois,
que a Igreja de Cristo volte à Bíblia Sagrada, implore por um avivamento
ético e moral, e restaure a família evangélica. Caso contrário, não sobre-
viveremos à falência do lar cristão.

EXERCÍCIOS
Assinale com “x” a alternativa correta.
2.07 À Luz da Bíblia Sagrada, o casamento é
___a) a união formal e pública entre um homem e uma mulher.
___b) uma aliança firmada diante de Deus e da sociedade.
___c) uma instituição heterossexual, monogâmica e indissolúvel.
___d) Todas as alternativas estão corretas.

Marque “C” para Certo e “E” para Errado.


___2.08 Aos olhos do Criador, bastam um homem, uma mulher e um
paraíso para que haja um lar; o compromisso institucional e
público é dispensável.
___2.09 Somente a heterossexualidade pode ser considerada relacio- 49
namento sexual, pois implica no contato de ambos os sexos:
masculino e feminino.
___2.10 Embora alguns varões piedosos do Antigo Testamento hajam prati-

Lição 2 - A Família e a Educação dos Filhos


cado a poligamia, Deus, em momento algum, deu-lhe chancela.
___2.11 Em Malaquias 2.16, a Bíblia declara que Deus odeia o divórcio.

TEXTO 3
A FAMÍLIA NO CONTEXTO LEGAL
As legislações humanas sobre à família ainda refletem o propósito
divino quanto ao casamento. Do Código de Hamurabi à Declaração de
Direitos Humanos da ONU, há unanimidade em se definir a família
como a união pública e formal entre um homem e uma mulher junta-
mente com os filhos advindos de sua aliança. Até mesmo nações permis-
sivas, como a antiga Grécia e a velha Roma, ressaltam a importância da
família tradicional.
Mas a pós-modernidade, com suas propostas bizarras e anticristãs,
busca agora apresentar uma família que encampe as pretensões de
minorias insolentes e ditatoriais. Aos seus olhos, qualquer ajuntamento é
família. Dois homens ou duas mulheres? Para essa gente, tudo é família.
E, como tal, tem de contar com a proteção das leis, a assistência do
Estado e até com a bênção da igreja.
Suponhamos que tais parcerias venham a ganhar outros foros.
Como nos haveremos? Antes de buscarmos uma resposta, atentemos a
esta premissa básica: “Nem tudo que é legal é moral”. Portanto, acompa-
nhemos atentamente o trabalho do legislador, para que não acabe por
desamparar a família tradicional e bíblica. Como veremos a seguir, as
legislações, desde a antiguidade, ainda primam por realçar os valores da
família tradicional.

Na Mesopotâmia

Redigido por volta de 1700 a.C., o Código de Hamurábi reconhece,


como casamento, a união formal e pública entre um homem e uma
mulher. O legislador, que também era rei, foi claro e enérgico ao defender
50 o matrimônio. No artigo 128, preceitua: “Se alguém toma uma mulher,
mas não conclui um contrato com ela, esta mulher não é esposa”. No
intuito de preservar a família, e com esta a sociedade, a lei punia rigoro-
samente a infidelidade conjugal.
Ética Cristã

Hamurábi foi o responsável pela continuidade histórica da Mesopo-


tâmia por vários séculos. Com a ascensão da Assíria e da Babilônia,
porém, seus princípios foram caindo em desuso, condenando ao desapa-
recimento os impérios do Vale do Eufrates. Será que o mesmo não
ocorre, hoje, com as nações modernas? A história não se repete, mas
nossos erros e inconsequências, sim.

Na Grécia

No grego antigo, havia uma palavra que descrevia lindamente a


família: epístion. Numa tradução quase poética, significa aquilo que está
perto do fogo. Era uma referência à adoração doméstica que, todas as
noites, reunia o pai, a mãe e os filhos em redor da chama sagrada. Assim
como o fogo é necessário à vida, o ardor do sentimento era indispensável
à união familiar na Grécia daqueles dias.

CERIMÔNIA MATRIMONIAL NA ROMA ANTIGA foram, talvez, mudadas com o tempo, acomodan-
do-se às variações das crenças e do modo de fa-
O matrimônio era tão prezado pelos antigos lar, mas o estribilho sacramental continuou sem-
romanos, que o estabelecimento de um novo pre inalterado: era a palavra Talássia, vocábulo
lar dava-se em meio a uma cerimônia muito que os romanos do tempo de Horácio compreen-
bem elaborada, segundo descreve Fustel de diam tanto quanto os gregos compreendiam a
Coulanges, em seu clássico A Cidade Antiga: palavra hyménaie, que era, provavelmente, a relí-
quia sagrada e inviolável de antiga fórmula.
“O casamento romano assemelhava-se muito
ao casamento grego, e como ele, constava de três “O cortejo para diante da casa do esposo,
atos: traditio, deductio in domum, confarreatio. onde apresentam à jovem fogo e água. O fogo
é o emblema da divindade doméstica; a água é
“1.° A jovem deixa o lar paterno. Como não está a água lustral, que serve para a família em to-
ligada a esse lar por direito próprio, mas apenas dos os atos religiosos. Para que a jovem entre
pela mediação do pai de família, somente a auto- na casa é necessário, como na Grécia, simular
ridade do pai pode livrá-la desse laço. A tradição, um rapto. O esposo deve erguê-la nos braços,
é, portanto, formalidade indispensável. e carregá-la, tomando cuidado para que não
“2.° A jovem é conduzida à casa do esposo. toque a soleira da porta com os pés.
Como na Grécia, ela é velada, usa coroa, e um ar- “3.° A esposa é conduzida diante do fogo,
chote nupcial precede o cortejo. Canta-se ao seu onde estão os penates, onde todos os deuses
redor um hino religioso. As palavras desse hino domésticos e as imagens dos antepassados
Para manter a flama no lar grego, Sólon (638-558 a.C.) elaborou várias 51
leis, a fim de proporcionar amparo à família. Ele sabia que, sem famílias bem
estruturadas, a nação arruína-se. Por isso, dedicou boa parte de suas leis a
protegê-la. Quanto à infidelidade conjugal, era rigoroso. O adúltero era punido
e a adúltera não poderia ficar impune. Que a harmonia do casal fosse mantida.

Lição 2 - A Família e a Educação dos Filhos


Embora a pederastia fosse comum entre os gregos, Sólon buscou
preservar a família tradicional. Ele sabia que o casamento só pode ser
constituído por um homem e uma mulher. E, jamais, por dois homens,
ou por duas mulheres.

Na Roma Antiga

Diz a lenda que, no início da República Romana, as leis eram


mantidas em absoluto sigilo. Só os pontífices lhes tinham acesso. E, assim,
aplicavam-nas aos plebeus que, sem ninguém para defendê-los, sofriam
todas as penalidades. Os deveres, muitos; os direitos, nenhum. Mas, em
462 a.C., Gaius Terentilius, inconformado com tanta injustiça, pleiteou,
junto ao governo, fossem os códigos conhecidos por todos os romanos.
Pressionados, os legisladores compendiaram suas leis nas Doze Tábuas.

agrupam-se ao redor do fogo sagrado. Os dois “A mulher assim casada continua a cultuar
esposos, como na Grécia, oferecem um sa- os mortos; mas não é mais a seus antepas-
crifício, fazem libações, pronunciam algumas sados que oferece o banquete fúnebre; não
preces, e comem juntos um manjar de flor de tem mais esse direito. O casamento desligou-
farinha (panis farreus). -a por completo da família do pai, quebrando
todos os liames religiosos que a ligavam a
“A consumpção desse manjar em meio à
ela. É aos antepassados do marido que ofe-
récita de preces, na presença e sob os olhos
rece sacrifícios; pertence agora à sua famí-
das divindades da família, é o que constitui
lia, e eles se tornaram seus antepassados.
a união santa do esposo e da esposa. Desde
O casamento proporcionou-lhe um segundo
esse instante, ambos estão unidos no mes- nascimento. De ora em diante ela é a filha do
mo culto. A mulher tem os mesmos deuses, os marido, filiae loco, dizem os jurisconsultos.
mesmos ritos, as mesmas orações, as mesmas Não se pode pertencer nem a duas famílias,
festas que o marido. Daí essa velha definição nem a duas religiões domésticas; a mulher
de casamento, que os jurisconsultos nos con- passa, única e exclusivamente, a fazer parte
servaram: Nuptiae sunt divini juris et huma- da família e religião do marido.”
ni communicatio. — E esta outra: Uxor socia
humanae rei atque divinae. — É que a mulher
começou a participar da religião do marido,
mulher a quem os próprios deuses, como diz
Platão, introduziram na nova casa.
52 Embora o texto original do código haja sido destruído pelos gauleses em
390 a.C., seus fragmentos sobreviveram em pergaminhos e livros. Na Tábua
IV, havia firmes disposições sobre a família. E, pelo que pudemos constatar,
era esta descrita de forma rigorosamente tradicional: pai, mãe e filhos.
Ética Cristã

O homossexualismo também era comum em Roma. Seus legisladores,


entretanto, tudo fizeram por preservar a família tradicional; sabiam muito
bem que, sem esta, a nação perece. Nem um poderoso império, como o
romano, lograria sobreviver sem os valores familiares que Deus estabeleceu.

No Brasil

Nossa carta magna foi promulgada em cinco de outubro de 1988.


Nessa época, ainda era possível trabalhar com valores tradicionais e cristãos.
Aliás, ainda era possível trabalhar com o verdadeiro significado das palavras.
Mas, desde então, a semântica vem sendo violentada por minorias intole-
rantes, ditatoriais e que não respeitam os princípios da família cristã.
Em seu artigo 1514, o Código Civil Brasileiro também leva em conta
os valores tradicionais, ao dispor sobre o matrimônio: “O casamento se
realiza no momento em que o homem e a mulher manifestam, perante
o juiz, a sua vontade de estabelecer vínculo conjugal, e o juiz os declara
casados”. Trata-se, pois, de uma disposição conservadora. Mas devido às
pressões de certos grupos, luta-se agora por desconstruir legalmente essa
definição. A partir daí, qualquer ajuntamento será considerado família.
É hora de o povo de Deus reagir e mostrar o que diz a Bíblia. A lei até
pode ser mudada, mas a Palavra de Deus, não. Enquanto houver céus e terra,
a família será a célula-mãe da sociedade. Quanto à sua constituição básica,
jamais será alterada. Ela é o que é: um homem, uma mulher e os filhos daí
advindos. Exatamente como o Senhor a estabeleceu no Jardim do Éden.
Se gays e lésbicas querem formalizar suas parcerias, que o façam.
Todavia, que não constranjam o legislador a definir tais uniões como
família. Não podemos aceitar semelhante coisa.

As Nações Unidas

A Organização das Nações Unidas reconhece como família a


união entre um homem e uma mulher. No artigo 16 de sua Declaração
Universal dos Direitos Humanos, especifica: “A partir da idade núbil,
o homem e a mulher têm o direito de casar e de constituir família, sem
restrição alguma de raça, nacionalidade ou religião. Durante o casamento 53
e na altura da sua dissolução, ambos têm direitos iguais. O casamento
não pode ser celebrado sem o livre e pleno consentimento dos futuros
esposos. A família é o elemento natural e fundamental da sociedade e
tem direito à proteção desta e do Estado”.

Lição 2 - A Família e a Educação dos Filhos


Conquanto liberal e permissiva, a ONU ainda não se sentiu à
vontade para alterar o conceito tradicional do matrimônio. O lobby
gay, contudo, empenha-se por apagar a noção cristã de família em todos
os códigos e legislações. Caso isso ocorra, o que será da humanidade?

EXERCÍCIOS
Associe a Coluna “A” à Coluna “B”.

Acerca da família no contexto legal:


Coluna “A”
___2.12 Reconhece, como casamento, a união formal e pública entre
um homem e uma mulher. No artigo 128, preceitua: “Se
alguém toma uma mulher, mas não conclui um contrato com
ela, esta mulher não é esposa”.

LEGISLAÇÕES HUMANAS X LEGISLAÇÃO DIVINA crente com o incrédulo? Que ligação há entre o
santuário de Deus e os ídolos? Porque nós so-
Lembremo-nos de que nem tudo o que é mos santuário do Deus vivente, como ele pró-
legal é, também, moral e bíblico. Conquanto prio disse: Habitarei e andarei entre eles; serei
as legislações humanas ainda reflitam o pro- o seu Deus, e eles serão o meu povo” (2 Co 6.14-
pósito divino para o casamento, algumas de 16). A mesma Palavra nos diz que cada um é “li-
suas colocações são, sutilmente, contrárias à vre para casar com quem quiser, mas somente
Bíblia. Tomemos como exemplo este trecho do no Senhor” (1Co 7.39, itálico do autor).
artigo 16 da Declaração Universal dos Direitos E, no Antigo Testamento, Deus proibia que
Humanos, elaborada pela ONU: “... o homem e os Seus filhos contraíssem matrimônio com
a mulher têm o direito de casar e de constituir os filhos das nações ímpias, exatamente por
família, sem restrição alguma de raça, nacio- causa de suas religiões pagãs, que os levariam
nalidade ou religião”. Não discordamos sobre à apostasia: “Nem contrairás matrimônio com
a raça ou a nacionalidade; quanto à religião, os filhos dessas nações; não darás tuas filhas
porém, fiquemos com o que a Bíblia ordena: a seus filhos, nem tomarás suas filhas para
“Não vos ponhais em jugo desigual com os teus filhos; pois elas fariam desviar teus filhos
incrédulos; porquanto que sociedade pode de mim, para que servissem a outros deuses; e
haver entre a justiça e a iniquidade? Ou que a ira do Senhor se acenderia contra vós outros
comunhão, da luz com as trevas? Que harmo- e depressa vos destruiria” (Dt 7.3,4).
nia, entre Cristo e o Maligno? Ou que união, do
54 ___2.13 Leva em conta os valores tradicionais, ao dispor sobre o
matrimônio: “O casamento se realiza no momento em que o
homem e a mulher manifestam, perante o juiz, a sua vontade
de estabelecer vínculo conjugal, e o juiz os declara casados”.
Ética Cristã

___2.14 Foram elaboradas várias leis, a fim de proporcionar amparo


à família. Sabia-se que, sem famílias bem estruturadas, a
nação arruína-se.
___2.15 Seus legisladores tudo fizeram por preservar a família tradi-
cional; sabiam que, sem esta, a nação perece. Mesmo sendo
um poderoso império, não lograria sobreviver sem os valores
familiares que Deus estabeleceu.
___2.16 “A família é o elemento natural e fundamental da sociedade
e tem direito à proteção desta e do Estado”.
Coluna “B”.
A. Roma antiga.
B. Grécia antiga.
C. Declaração Universal dos Direitos Humanos.
D. Código de Hamurabi
E. Código Civil Brasileiro.

TEXTO 4
A EDUCAÇÃO DOS FILHOS
Neste Texto, mostraremos as bases de uma educação bíblica,
relevante e produtiva, bem como o dever paterno de educar os filhos. Aliás,
a formação moral, ética e espiritual da criança é prerrogativa de seus pais.

O que é a educação

A palavra “educar” origina-se do vocábulo latino educare que, por seu


turno, vem de educere: conduzir a um determinado fim. Tendo em vista
sua etimologia, conclui-se que educar é instruir, visando a plenificação das
faculdades espirituais, morais, intelectuais e físicas do educando.
A educação compreende não apenas a informação, mas princi- 55
palmente a formação. Seu objetivo é tornar o educando apto a viver
em harmonia com o seu semelhante. E, dessa forma, construir uma
sociedade temente a Deus, justa, solidária e moralmente sadia. Se tais
objetivos não forem alcançados, não é educação; é uma brutal descons-

Lição 2 - A Família e a Educação dos Filhos


trução do caráter humano.

A educação infantil na Bíblia Sagrada

A integridade espiritual, moral e física das crianças era sagrada entre


os hebreus. Ao contrário do que se via nas nações pagãs, exigia-se dos
israelitas que criassem os seus filhos para Deus. Entre os cananeus, o
sacrifício de crianças aos ídolos era bastante comum. Os amonitas, por
exemplo, evocando o próprio demônio, ofereciam seus bebês a Moloque.
A Lei de Moisés proibia energicamente tais oferendas (Lv 18.21).
Em Israel, os pais obrigavam-se não somente a criar e a proteger os
filhos, como a instruí-los na admoestação do Senhor. A educação era
contínua. Em casa, ou na rua, era sempre ocasião de se educar os peque-
ninos: “Estas palavras que, hoje, te ordeno estarão no teu coração; tu as
inculcarás a teus filhos, e delas falarás assentado em tua casa, e andando
pelo caminho, e ao deitar-te, e ao levantar-te” (Dt 6.6,7).
A educação hebreia era imprescindível a uma vida de êxitos. Por
isso, o rei Salomão exorta os filhos a terem sempre em mente os conse-
lhos paternos. O pai não podia faltar com o ensino; a mãe deveria estar
presente com a doutrina: “Filho meu, ouve o ensino de teu pai e não
deixes a instrução de tua mãe” (Pv 1.8). O próprio Salomão, aliás,
fora assim instruído. Rememorando a infância, fala sobre a eficácia da
educação recebida: “Quando eu era filho em companhia de meu pai,
tenro e único diante de minha mãe, então, ele me ensinava e me dizia:
Retenha o teu coração as minhas palavras; guarda os meus mandamentos
e vive; adquire a sabedoria, adquire o entendimento e não te esqueças das
palavras da minha boca, nem delas te apartes” (Pv 4.3-5).
Salomão fora educado de tal forma por seu pai, Davi, e por sua
mãe, Bate-Seba, que, ainda bastante jovem, demonstrou grande discer-
nimento ao rogar a Deus o bem mais precioso: a sabedoria. Diante do
Senhor, implora: “Dá, pois, ao teu servo coração compreensivo para
julgar a teu povo, para que prudentemente discirna entre o bem e o
mal; pois quem poderia julgar a este grande povo?” (1Rs 3.9). Antes
56 de tornar-se o mais sábio dos homens, era o mais sábio dos filhos de
Davi. Ele não fora educado para meramente reinar, mas para ser o
rei de Israel. O mesmo não se pode dizer de Adonias, seu irmão mais
velho. Instruído pelos falsos amigos para tomar o poder, quase leva
a nação à guerra civil.
Ética Cristã

Davi não se havia esmerado em proporcionar a mesma educação aos


outros filhos. O resultado foi uma tragédia doméstica. Amon, emara-
nhando fingimentos e ardis, estuprou sua meio-irmã, Tamar. Esta,
formosa e simplória, não fora capaz de prevenir-se quanto às intenções
incestuosas do irmão. Para vingá-la, Absalão matou Amom. Em seguida,
tramou contra o pai e induziu os israelitas a uma luta sangrenta. Quanto
a Adonias, tinha todos os caprichos satisfeitos: “Jamais seu pai o contra-
riou, dizendo: Por que procedes assim?” (1Rs 1.6).
No entanto, Salomão fora educado para ser o maior monarca de
seu tempo. Instruído para ser sábio, buscou a sabedoria. Não fora a sua
formação primorosa, Deus jamais lhe faria semelhante oferta. Em seu
lugar, Absalão pediria o reino e a morte do pai; Amom, a linda Tamar;
Adonias, o trono e a estola sacerdotal. Salomão, contudo, optou pelo
bem mais precioso: a sabedoria divina.

O corretivo físico segundo a Bíblia

Não sabemos se o rei Salomão, quando criança, tivera algum corre-


tivo físico. Acredito que, além das admoestações verbais, tenha recebido
algumas varadas de amendoeira. De qualquer forma, ele recomenda a
disciplina física na educação da criança, a fim de que esta não se desvie
pelo mau caminho: “A estultícia está ligada ao coração da criança, mas
a vara da disciplina a afastará dela” (Pv 22.15). Aliás, ele vê a vara como
prova de amor: “O que retém a vara aborrece a seu filho, mas o que o
ama, cedo, o disciplina” (Pv 13.24).
Não ignoramos os maus tratos que muitos pais impingem aos
filhos. Há, inclusive, casos fatais. Todavia, não podemos subestimar a
eficácia do corretivo físico na formação moral e ética dos pequeninos.
Se aplicado conforme recomenda a Bíblia, não ocasionará traumas nem
recalques. Todavia, se você não tem equilíbrio para usar a vara, não use
também a palavra; esta é mais cortante do que aquela.
Se administrada com sabedoria, a correção física não aviltará
nem matará a criança; pelo contrário: prolongar-lhe-á a vida. É o que
recomenda ainda Salomão: “Não retires da criança a disciplina, pois, 57
se a fustigares com a vara, não morrerá” (Pv 23.13). A disciplina, aliás,
tem sérias implicações escatológicas na vida de nossos filhos, conforme
ressalta o sábio: “Tu a fustigarás com a vara e livrarás a sua alma do
inferno” (Pv 23.14). Finalmente, o rei de Israel mostra que a criança,

Lição 2 - A Família e a Educação dos Filhos


quando sabiamente disciplinada, torna-se uma bênção aos pais e à socie-
dade: “A vara e a disciplina dão sabedoria, mas a criança entregue a si
mesma vem a envergonhar a sua mãe” (Pv 29.15).
A disciplina física, porém, deve ser administrada correta e amoro-
samente. Caso contrário, redundará em espancamento e violência,
conforme adverte o próprio Salomão: “Castiga a teu filho, enquanto
há esperança, mas não te excedas a ponto de matá-lo” (Pv 19.18).
Devemos, por isso, observar algumas regras na aplicação da disciplina,
quer verbal, quer física:
a) Disciplinar sem ira. Os pais são os educadores mais
autorizados de seus filhos. Nessa condição, jamais devem
aconselhar, ou aplicar um corretivo físico, estando
alterados ou embalados pela ira. Deixe a raiva passar.
Só então, serenamente, trate com o filho. Lembre-se: a
disciplina física não visa descarregar a ira dos pais, mas
corrigir os filhos.
b) Disciplinar sem espancar. O corretivo físico tem como finali-
dade realçar o ensinamento oral. Não bata por bater. Suas
mãos, antes de tudo, devem ser vistas como instrumentos de
amor, não de ódio. Jamais utilize objetos cortantes, ou pontia-
gudos, contra o seu filho. O chinelo e a varinha resolvem.
No corretivo, não se exceda. A mesma Bíblia, que preceitua
a disciplina com a vara, condena o espancamento (1Tm
3.3). Não são poucas as crianças feridas e até mortas por
seus pais. Equilíbrio igualmente com as palavras; elas
também matam.
c) Disciplinar sem aviltar. Não avilte nem humilhe o seu filho.
Se for preciso a disciplina física, que esta seja aplicada de
tal forma que a criança venha, depois, a amá-lo ainda mais.
Não xingue, nem pragueje. O objetivo da educação é tornar
a criança humilde, não humilhada. O humilde logo ganha
autonomia e conquista o seu espaço. O humilhado, porém,
58 degrada-se aos próprios olhos. Não lhe lance em rosto que
você o sustenta e veste-o. É sua obrigação alimentá-lo,
vesti-lo e educá-lo para uma vida digna.
d) Disciplinar é conversar, dialogar. Esclareça ao seu filho por
Ética Cristã

que ele será disciplinado. Dê-lhe espaço a que se explique. A


comunicação é indispensável entre o educador e o educando.
Mesmo quando o corretivo físico se fizer urgente, não
esqueça o diálogo.

A educação moral é prerrogativa dos pais


A educação moral é, antes de tudo, uma prerrogativa dos pais e não
da escola, e muito menos do governo. Ainda que o governo e a escola se
norteassem por valores comprovadamente sadios, não poderíamos confiar-
-lhes integralmente a formação moral de nossos filhos. Tal prerrogativa é
nossa. Neste sentido, as interferências do Estado são descabidas e prejudiciais.
Aliás, como pode um governo, que causa escândalos e questionamentos,
elaborar currículos para embasar cívica e eticamente nossas crianças?
Em minha escola primária, havia uma disciplina que nos estimu-
lava à cidadania plena e solidária. Quem pertence à minha geração deve
se lembrar da “Educação Moral, Social e Cívica”. Éramos instruídos
a ser honestos, respeitáveis, corteses e gentis. Os valores religiosos não
eram afrontados. Além disso, ninguém era forçado a ouvir arengas
sobre preferência sexual. Havia civilidade. A coisa pública era bem
cuidada. Todas as manhãs, após o hino nacional, servíamo-nos de
uma deliciosa merenda. O prédio escolar era bem conservado. Os

RESISTAMOS À ENGENHARIA SOCIAL INÍQUA do pernicioso chegou às mãos e ao coração de


criancinhas e adolescentes, imiscuído nas dife-
Em 2004, o governo brasileiro, então em vigên- rentes matérias dos livros escolares.
cia, lançou o Programa Brasil sem Homofobia, Enquanto tais governos buscam desconstruir
que, alegando combater preconceitos e discri- a moral cristã, aumenta dia a dia a legião dos
minações e promover a cidadania e os direitos viciados em craque e outras drogas. Não pode-
dos homossexuais, estimulou e induziu muitos mos mais tolerar essa engenharia social iníqua,
ao homossexualismo. Em 2011, o material, que cuja única finalidade é deslustrar os valores
ficou conhecido como “kit gay”, estava pronto a tradicionais da família. Não bastassem as in-
ser distribuído nas escolas de todo o país. Feliz- vestidas oficiais, há os ataques de uma mídia
mente, compreendendo que o único objetivo era permissiva e sem qualquer compromisso com a
estimular a prática do homossexualismo entre moral e os bons costumes. Se não formos vigi-
as crianças, além de induzi-las ao sexo precoce, lantes e não instruirmos nossos filhos, que es-
a sociedade reagiu e as autoridades tiveram de perança haverá para a próxima geração?
retroceder. Não obstante, boa parte do conteú-
professores, dignamente pagos. Mas nem por isso meus pais descuida- 59
vam-se de minha formação ética e espiritual.
Sim, cabe aos pais a formação ética, moral e espiritual das crianças
– aos pais, e não ao Estado que, sequer, cumpre suas obrigações. Que o

Lição 2 - A Família e a Educação dos Filhos


governo faça a sua parte e não se imiscua onde não precisa nem deve estar.
De nossos filhos e netos, cuidamos nós. Doutra forma, a próxima geração
de políticos será um desastre ainda maior. Louvamos a Deus, todavia, pelos
homens públicos que honram seus mandatos e zelam pelo bem comum.

EXERCÍCIOS
Assinale com “x” a alternativa correta.

2.17 Os pais hebreus tinham o sagrado dever de


___a) zelar pela integridade espiritual, moral e física dos filhos.
___b) criar os filhos para Deus.
___c) instruir continuamente os filhos na lei do Senhor.
___d) Todas as alternativas estão corretas.

2.18 Conforme Provérbios 22.15 e 23.14, a vara da disciplina


___a) causa estultícia à criança.
___b) afasta a estultícia da criança e livra do inferno a sua alma.
___c) é injusta e não deve ser aplicada.
___d) só serve para matar o educando.

2.19 A disciplina física deve ser administrada


___a) sem ira e sem violência.
___b) sem aviltar.
___c) com diálogo.
___d) Todas as alternativas estão corretas.

2.20 A formação ética, moral e espiritual das crianças é prerrogativa


___a) da escola.
___b) do estado.
___c) dos pais.
___d) dos vizinhos.
60 TEXTO 5
A FAMÍLIA E O DINHEIRO
O Brasil debate-se entre o primeiro e o terceiro mundo sem jamais
chegar ao segundo. Ao longo dos sucessivos governos, buscando arran-
Ética Cristã

cá-lo desse infortúnio, faz-se repetidas campanhas para superaquecer a


economia. Irresponsavelmente, estimula-se o crédito predatório. O resul-
tado não poderia ser mais danoso: inadimplência, inflação e angústia. No
processo de endividamento, as instituições financeiras fazem-se mais ricas
e poderosas. Quanto às famílias, são empurradas às carências mais básicas.
Quem já não ouviu a frase: “crédito imediato”? Ora, se o crédito
é imediato, imediata é também a dívida. Em muitos casos, a insol-
vência torna-se crônica. Se não agirmos prudentemente, colocaremos
nossa família em perigo. Por isso, consumamos tendo por base a ética
do Reino de Deus.

A ética do Reino de Deus

a) “Trazei todos os dízimos” (Ml 3.10)


Conhecemos a ordenança: trazer todos os dízimos à casa do tesouro.
E conhecemos a promessa: que o Senhor abrir-nos-á as janelas do céu e
derramará sobre nós uma benção tal, que dela nos advirá a maior abastança.
O primeiro compromisso do crente fiel, ao receber o seu salário
ou qualquer outro ganho, é separar e entregar o dízimo do Senhor,
em um ato de amor e adoração a quem tudo nos concede. Trata-se
de uma aliança prática entre Deus e o homem: o que é fiel no dízimo
haverá de usufruir de todas as bênçãos que o Senhor nos reservou em
sua suficiência, tanto nesta vida quanto na vindoura.

b) “Paga a tua dívida” (2Rs 4.7)


Quem não se inspira com a história da viúva endividada, prestes
a perder os filhos para os credores, mas que experimentou o milagre
divino da multiplicação do azeite e foi salva da miséria? (2Rs 4.1-7).
Apreciamos o milagre e louvamos a Deus pela solução, mas, pouco
atentamos à orientação do profeta Elizeu: “Paga a tua dívida”. A mulher
não poderia esquecer o motivo que levara o Senhor a operar o milagre
em sua casa: a dívida que, por pouco, não lhe escraviza os filhos.
Deveria ela vender o produto do milagre, saldar o seu débito e, só
então, sustentar a família com o restante. Caso se pusesse a gastar o 61
dinheiro, sem antes resgatar a promissória, correria o risco de continuar
endividada e refém dos credores.
Cuidemos, nós também, dos nossos compromissos financeiros.

Lição 2 - A Família e a Educação dos Filhos


Sigamos a recomendação do apóstolo Paulo: “A ninguém fiqueis devendo
coisa alguma, exceto o amor com que vos ameis uns aos outros” (Rm 13.8).

c) “Se assenta primeiro para calcular a despesa” (Lc 14.28-30)


“Pois qual de vós, pretendendo construir uma torre,
não se assenta primeiro para calcular a despesa
e verificar se tem os meios para a concluir? Para
não suceder que, tendo lançado os alicerces e não
a podendo acabar, todos os que a virem zombem
dele, dizendo: Este homem começou a construir e
não pôde acabar” (Lc 14.28-30).

Nestas palavras do Senhor Jesus, percebemos a importância do


planejamento. Se quisermos evitar dívidas e outros dissabores financeiros,
observemos um orçamento dentro da nossa realidade. Não façamos
gastos acima do nosso ganho; ao contrário, planejemos reservar uma
quantia, ainda que pequena, para eventuais necessidades.

d) “Estejamos contentes” (1Tm 6.8)


Sabiamente, admoesta-nos o apóstolo Paulo: “Tendo sustento e
com que nos vestir, estejamos contentes” (1Tm 6.8). Sejamos realistas:
quais são, de fato, as nossas necessidades materiais? Alimento que nos
mantenha vivos e saudáveis, vestuário que nos cubra a nudez e agasalhe
do frio, e um teto sobre a cabeça. Certo, não faz mal acrescentar aí um
pouco de beleza, comodidade e até algum requinte. Todavia, estejamos
satisfeitos e gratos a Deus por termos as coisas essenciais à vida, em vez
de nos angustiarmos na busca nunca saciada de bens materiais.

Sonho de consumo

Todos acalentamos um sonho de consumo. Uns esperam a oportu-


nidade de comprar o primeiro carro. Outros, de viajar ao exterior. E ainda
outros, de construir a casa própria. Não questionamos a legitimidade de tais
sonhos. Todavia, não podemos transformá-los em pesadelo. Em meio a tanta
propaganda enganosa, haveremos de agir com prudência e responsabilidade.
62 A mulher virtuosa não se deixa induzir pelo consumismo. Ela
consome, mas não é consumista. Antes de adquirir uma propriedade,
examina-a cuidadosamente. E, só então, a compra (Pv 31.16). Por esse
motivo, a sua casa de nada se ressente. Sua despensa está sempre cheia.
O marido e os filhos, agasalhados. O amanhã não lhe mete medo, pois
Ética Cristã

age avisada e precavidamente.


Não ignoro a tentação do comércio. A cada evento, novas ofertas
irresistíveis. As prestações? São de perder de vista. E há muita gente
empenhando a própria vida na aquisição de um bem que, a rigor, nem
precisa. Compra por comprar. É o único lazer que lhe resta na cidade
grande, injusta e violenta.
É-nos lícito comprar o que bem quisermos. Todavia, nem tudo o
que é lícito é conveniente. A recomendação bíblica é grave e urgente:
“A ninguém fiqueis devendo coisa alguma, exceto o amor com que vos
ameis uns aos outros; pois quem ama o próximo tem cumprido a lei”
(Rm 13.8). Quem ama a sua família evita as dívidas, porque estas trazem
perturbações e desarmonias.

Uma loja exclusiva para você


Sempre haverá uma loja exclusiva para quem tem dinheiro. Aliás,
quanto mais exclusiva, mais cara. Aqui, paga-se não somente o produto;
paga-se ainda o processo de exclusão das castas que, por suas condições,
são indesejáveis. Não há nenhuma placa coibindo-lhes a entrada, mas
o ambiente, em si, já as exclui. Às vezes, nem etiqueta há. A etiqueta é
pagar sem perguntar.
Certa vez, resolvi, com o meu filho, visitar um shopping exclusivo.
Localizado num dos bairros mais badalados do Rio, era realmente exclu-
sivo. Ali, entre marcas e grifes, senti-me deslocado. Logo na entrada,
perguntei ao meu filho se o nosso carro tinha condições de estar ali. Meio
sem jeito, passei a ver as vitrines. Parecia-me que cada vendedor me deixava
o seguinte recado: “Não entre nem pergunte, se não for comprar”.
Noutro país, aqueles produtos não seriam nem chiques nem caros.
Mas num país acostumado a excluir, tudo é proibitivo. Aqui, os impostos
são tão elevados, que o primeiro a excluir é o governo. Por isso, não
podemos fragilizar-nos nessa feira de vaidades. Na saga do Peregrino,
o cristão não se deixou seduzir pelo deus deste século. Infelizmente, há
sempre alguém que, do pouco que ganha, despende tudo com o luxo e
o desnecessário. Isso fere a Ética Cristã.
Da rápida visita que fiz àquele lugar tão exclusivo, vim a 63
concluir que o dinheiro ganho por mim pertence a Deus. Por isso,
farei bom uso dele. Ajudarei a obra missionária, socorrerei os neces-
sitados e agirei com bom senso. Afinal, a Bíblia ensina-me a ser
próvido e cuidadoso.

Lição 2 - A Família e a Educação dos Filhos


CONCLUSÃO
Ao ressaltar o valor da moral cristã, Martinho Lutero (1483-1546)
foi taxativo e enérgico: “A família é a fonte da prosperidade e da desgraça
dos povos”. Como discordar do reformador alemão? A história mostra
que famílias bem constituídas formam nações robustas e fortes. Se
fracas, levarão até mesmo um poderoso império a desaparecer. Foi o
que aconteceu à Roma imperial. Enquanto república, manteve a firmeza
e a coesão da unidade familiar. Mas, sob o cetro de seus imperadores, o
lar doméstico acabou por se corromper.
Conservemos a família cristã. Seus valores bíblicos e tradicionais
não podem ser mudados. Se isso acontecer, até a Igreja será prejudicada,
pois esta é formada por famílias.

EXERCÍCIOS
Marque “C” para Certo e “E” para Errado.

___2.21 O primeiro compromisso do crente fiel, ao receber o seu


salário ou qualquer outro ganho, é separar e entregar o
dízimo do Senhor.
___2.22 Conforme Romanos 13.8, desde que amemos uns aos outros,
não precisamos saldar as dívidas.
___2.23 Um orçamento dentro da nossa realidade ajuda a evitar
dívidas e outros dissabores financeiros.
___2.24 O dizimista fiel não precisa planejar os gastos, porque sempre
terá o suficiente.
___2.25 A admoestação de Paulo em 1 Timóteo 6.8 é que estejamos
satisfeitos e gratos a Deus por termos as coisas essenciais à vida.
64 REVISÃO DA LIÇÃO
Marque “C” para Certo e “E” para Errado.
___2.26 Instituição criada por Deus, a família tem como objetivo
básico a felicidade do homem e da mulher, e a sua tarefa
Ética Cristã

imediata é povoar a terra e dominá-la culturalmente.


___2.27 As tentativas de substituir a família pelo Estado foram
bem-sucedidas em Esparta e na União Soviética.
___2.28 Somente a heterossexualidade pode ser considerada relacio-
namento sexual, pois implica no contato de ambos os sexos:
masculino e feminino.
___2.29 Na Grécia antiga foram elaboradas várias leis, a fim de
proporcionar amparo à família. Sabia-se que, sem famílias
bem estruturadas, a nação arruína-se.
___2.30 A formação ética, moral e espiritual das crianças é prerroga-
tiva do Estado.

Assinale com “x” a alternativa correta.


2.31 À Luz da Bíblia Sagrada, o casamento é
___a) a união formal e pública entre um homem e uma mulher.
___b) uma aliança firmada diante de Deus e da sociedade.
___c) uma instituição heterossexual, monogâmica e indissolúvel.
___d) Todas as alternativas estão corretas.

2.32 Os pais hebreus tinham o sagrado dever de


___a) zelar pela integridade espiritual, moral e física dos filhos.
___b) criar os filhos para Deus.
___c) instruir continuamente os filhos na lei do Senhor.
___d) Todas as alternativas estão corretas.

2.33 A ética do Reino de Deus para as nossas finanças abrange


___a) o dízimo do Senhor e o pagamento das dívidas.
___b) o planejamento dos gastos.
___c) o contentamento com o que temos.
___d) Todas as alternativas estão corretas.

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