Você está na página 1de 39

PAR A CONVERSAR NA IGREJA

conversando sobre
A FAMÍLIA E
SEUS DESAFIOS
CONVERSANDO SOBRE A FAMÍLIA E SEUS DESAFIOS
SÉRIE PARA CONVERSAR NA IGREJA

Copyright © Editora Ultimato


Todos os direitos reservados

Primeira edição eletrônica: Maio de 2020


Coordenação editorial: Reinaldo Percinoto Jr.
Preparação: Marcos Bontempo
Ariane Gomes
Klênia Fassoni
Capa: Ana Cláudia Nunes
Diagramação: Bruno Menezes

PUBLICADO NO BRASIL COM TODOS OS DIREITOS RESERVADOS POR:


EDITORA ULTIMATO LTDA
Caixa Postal 43
36570-970 Viçosa, MG
Telefone: 31 3611-8500
www.ultimato.com.br
SUMÁRIO

Introdução à série 5
Como usar 7
Introdução 8

1. Família e igreja: casamento indissociável 10


Luiz Fernando dos Santos

2. O indivíduo, a família e o evangelho 14


Valdir Steuernagel

3. Como conciliar rupturas na família 19


Carlos “Catito” Grzybowski

4. Família: fonte de alegria e sofrimento 23


Isabelle Ludovico

5. Mulheres sobrecarregadas 27
Leonora Ciribelli

5. Laços sólidos de família 31


Allinges Mafra

Recursos 33
Frases 35
Leituras sugeridas 38
PARA CONVERSAR NA IGREJA

INTRODUÇÃO À SÉRIE

PARA CONVERSAR NA IGREJA é o nome da série de e-books


da Editora Ultimato, pensada e organizada tendo em vista a
comunhão e o desenvolvimento integral da Igreja em dife-
rentes campos da cultura e da vida cristã em comunidade.
A série coloca à disposição do leitor uma cesta de ferra-
mentas e recursos para estudo em grupo ou individual, para
uso dominical e comunitário, bem como para desenvolvi-
mento pessoal dos membros da igreja, possibilitando assim
o treinamento, a maturidade e o testemunho do Corpo de
Cristo (Efésios 4. 11-32).
Cada título da série oferece textos, estudos bíblicos e
outros recursos selecionados a partir do conteúdo online,
dos livros e da revista Ultimato, sempre com abordagem
cristocêntrica e bíblica de temas que a experiência milenar
da Igreja tem demonstrado ser o alicerce imprescindível, o
CONVERSANDO SOBRE A FAMÍLIA E SEUS DESAFIOS

fundamento, de toda comunidade que pretenda seguir os


passos do seu Mestre e Senhor (1 João 2.5-6).
Que a graça de Deus nos dê raízes fortes, para que os frutos
sejam duradouros!

Marcos Bontempo
DIRETOR EDITORIAL

OUTROS TÍTULOS DA SÉRIE


• Conversando Sobre a Oração
• Conversando Sobre a Redenção em Cristo
• Conversando Sobre os Desafios do Evangelho Para a Cidade
• Conversando sobre a Bíblia

6
PARA CONVERSAR NA IGREJA

COMO USAR

EMBORA OS RECURSOS, TEXTOS E ESTUDOS BÍBLICOS sejam


independentes entre si e não tenham uma ordem sequen-
cial obrigatória, sugerimos a você leitor fazer uso de todo o
material, possibilitando o contato com aspectos diferentes e
igualmente edificantes sobre cada tema abordado.
O e-book pode ser utilizado individualmente ou em peque-
nos grupos, em casa ou na igreja, em momentos especiais ou
durante as programações já agendadas. Por exemplo, você
pode convidar um pequeno grupo da sua igreja para estuda-
rem juntos este material; ou utilizar os e-books como subsídio
para seu grupo de discipulado ou classe de Escola Dominical.
As possibilidades são enormes e nossa esperança é que esta
“caixa de ferramentas” se torne, de fato, uma rica oportunida-
de de reflexão, aprendizado e celebração do conteúdo bíblico
e da confiança do povo de Deus no único Senhor da história.
Mãos à obra!
PARA CONVERSAR NA IGREJA

INTRODUÇÃO
Klênia Fassoni

EXATAMENTE NOS DIAS em que eu estava envolvida na pre-


paração da matéria de capa da edição 365 (maio-junho 2017)
da revista Ultimato, o jambeiro da casa vizinha floriu. O tapete
formado pelas flores caídas no chão - de cor rosa, sem simi-
lar - é um espetáculo. Esta imagem e o mergulho nos textos
bíblicos sobre família provocaram em mim o mesmo tipo de
deslumbramento. Em quatro dias o tapete de flores se foi,
levado pelo vento. O mesmo aconteceu com meu enlevo pela
família. O que li e ouvi de mídias diversas e as más notícias
de gente próxima, nos dias seguintes, dissiparam o brilho.
De todo modo, não seria diferente; ninguém fica enlevado
por muito tempo. Graças a Deus, não precisamos embasar
nossa perspectiva sobre a família em sentimentos, embora
repetidas vezes Deus continue nos dando, como presentes,
momentos especiais de contentamento.
CONVERSANDO SOBRE A FAMÍLIA E SEUS DESAFIOS

A redescoberta das verdades bíblicas tem o poder de renovar


a nossa mente. O ensino sobre família tem raízes na revelação
divina – que tem caráter permanente e universal, e não na
cultura ou opinião de cada um. Sendo Deus o idealizador da
instituição família, temos a confiança de que não há “tsunâmi”
de ideologias contrárias nem de histórias de imperfeição que
possam destruí-la. E, pessoalmente, podemos confiar que cada
pessoa transformada por Cristo carrega em si o dom de Deus
para seguir os seus propósitos para a família.
Fortalecer uma mentalidade cristã sobre a família é a primei-
ra contribuição que Ultimato deseja dar com este e-book, pois
“é impossível haver uma ação cristã sem que haja, primeiro,
um pensamento cristão” (John Stott). Em segundo lugar, temos
esperança de que essa mentalidade cristã renovada se torne
uma “boa infecção” de contágio inevitável. C. S. Lewis usou
essa expressão para falar que a transformação que Deus opera
no coração humano penetra no cristão e contagia aqueles que
estão próximos, afeta todos os que estão em contato com o
“infectado”.

9
PARA CONVERSAR NA IGREJA
CAPÍTULO 1

FAMÍLIA E IGREJA:
CASAMENTO INDISSOCIÁVEL
Luiz Fernando dos Santos

“CRIOU DEUS O HOMEM À SUA IMAGEM, à imagem de Deus


o criou; homem e mulher os criou. Deus os abençoou, e lhes
disse: “Sejam férteis e multipliquem-se! Encham e subjuguem
a terra!” (Gn 1.27-28).
A família sofreu e sofre um acelerado processo de involu-
ção desde o século passado. Esta involução não é só cultural,
é também legal. Existem leis criadas pelo Congresso e inter-
pretações da Constituição que dão novo entendimento do
que seja uma família. Segundo os padrões vigentes de nossa
cultura e sociedade, um casal formado por um homem e uma
mulher com geração ou adoção de filhos já não responde
exclusivamente pelo instituto familiar. Vale para família o
que Jesus afirmou acerca da indissolubilidade do casamento:
“foi por causa da dureza do vosso coração...no princípio não
era assim...” (Mt 19.8). Deus criou homem e mulher, macho e
CONVERSANDO SOBRE A FAMÍLIA E SEUS DESAFIOS

fêmea os criou, narra o texto sagrado, e deu-lhes a ordenança


de serem fecundos, de se multiplicarem (Gn 9.7).
A família está no centro do projeto original de Deus, é uma
instituição por ele desejada antes da Queda, antes do pecado
original. Todas as alterações posteriores, a ruptura do vínculo
matrimonial, a indisciplina ou abandono dos filhos, a paterna-
gem irresponsável, etc inequivocamente são consequências
da desobediência radical de Adão.
A família espelha um mistério divino, Deus é família no
seio da Trindade. Vive e existe em condição familiar de amor,
reciprocidade, entrega, comunhão, partilha e etc. Deus plane-
jou a família para que alguns de seus atributos pudessem ser
compartilhados com os homens, feitos à sua imagem e seme-
lhança. A graça da geração de filhos, a autoridade e o governo
para fazer crescer e proteger a vida, a providência originada do
trabalho, o amor sacrificial e a beleza da comunhão.
Além disso, o Senhor planejou a família para ser a raiz da
Igreja, a igreja radical e mais fundamental. A família foi cons-
tituída para ser um santuário protetor da vida que é sagrada e
inviolável para Deus. Por isso a geração de filhos é importante
para os cristãos. Por isso o aborto é insuportável para os cris-
tãos. Por isso a eutanásia é indigna dos cristãos. Por isso, o
amparo e o cuidado venerando dos idosos são um dever para
os cristãos, pois a vida é um bem divino inestimável. A família
é, pois, sua guardiã. É uma igreja radical porque no seio da
família se transmitem os mais básicos conceitos sobre Deus,
devoção, oração e vida em comunidade. Os pais deveriam ser
os primeiros e mais fundamentais catequistas de seus filhos.
Deus projetou a família para ser uma escola de virtudes
para a formação sólida do caráter humano. As noções básicas
de honestidade, alteridade, cidadania, justiça, equidade,
respeito, solidariedade e caridade deveriam ser aprendidas

11
CONVERSANDO SOBRE A FAMÍLIA E SEUS DESAFIOS

e apreendidas no aconchego do lar. No projeto original, Deus


quis que a família fosse um celeiro de santos e um viveiro de
vocações para servirem na Igreja e no Mundo para a difusão do
Reino como alegres e poderosas testemunhas do amor de Deus
manifestado em Cristo. A família não é só a “celula mater” da
sociedade, o é também do povo de Deus, da Igreja Peregrina.
Famílias desajustadas e enfermas estão na origem de muitos
males sociais e de muitas das misérias e fraquezas da Igreja.
O convite para estes tempos é o de levarmos as nossas
famílias para uma espécie de “recall” espiritual. Ainda que o
projetista não possa ser acusado de ter falhado no desenho, no
cálculo e na indicação dos materiais a serem usados, os mon-
tadores e os “fabricantes” de novas concepções familiares têm
usado peças não originais, com defeito, que vem apresentando
sérios perigos para a nossa vida e felicidade. Voltemos todos
ao “Manual” do fabricante, que é a Bíblia, submetamos as nos-
sas famílias aos ajustes necessários, às trocas indispensáveis
de peças e acessórios incompatíveis com o projeto original e
tenhamos uma viagem segura rumo à Casa do Pai que nos
espera com a família maior, de todos os santos e santas de
Deus, nossos amados irmãos.
Lute por sua família, invista nela, não permita que ela
“involua” para um ponto onde só temos o que perder e nada
para lucrar.

LUIZ FERNANDO DOS SANTOS é ministro da Igreja Presbiteriana


Central de Itapira (SP) e professor de Teologia Pastoral e Bioética no
Seminário Presbiteriano do Sul, de Filosofia na Faculdade Interna-
cional de Teologia Reformada (FITREF) e de História das Missões no
Perspectivas Brasil.

12
CONVERSANDO SOBRE A FAMÍLIA E SEUS DESAFIOS

ESTUDO BÍBLICO

Família: a igreja em miniatura


- Texto Básico: Romanos 16. 1-16

Do que trata o estudo?


A família é uma extensão da igreja, ou a igreja é uma extensão
da família? Não precisamos, e nem devemos, escolher uma via
única. A via é de mão dupla. A família e a igreja devem cuidar,
nutrir e sustentar uma à outra. Como podemos buscar e expe-
rimentar na prática essa verdade?

Com a Bíblia na mão


1) Procure destacar no texto básico as palavras ou expressões que
revelam a importância das famílias (“casas”) para o ministério
de Paulo e para o desenvolvimento da igreja cristã nos seus
primórdios.
2) Que fatores nos ajudam a entender e explicar o lugar especial
que a família deve ocupar na estratégia missionária de nossas
igrejas?
3) Na sua igreja local as famílias são consideradas como um
“braço da igreja” que chega até cada vizinhaça e cada rua
da sua cidade? Como esta visão poderia ser aperfeiçoada e
fortalecida entre os membros da igreja?

Leia e imprima o estudo bíblico na íntegra. Clique aqui.

13
PARA CONVERSAR NA IGREJA
CAPÍTULO 2

O INDIVÍDUO, A FAMÍLIA
E O EVANGELHO
Valdir Steuernagel

MUITOS DE NÓS CRESCEMOS com a percepção de que o


evangelho é fácil e bonito. Escolhemos uma igreja e nela
levamos nossas crianças, alimentamos rituais de passagem
e fazemos celebrações familiares, envoltos em um “belo ce-
nário”. O evangelho se torna um adendo, um cosmético para
o nosso bem-estar. Porém, ele é algo bem diferente disto.
Aliás, anteriormente, afirmamos que “é fácil, olhando para
os Evangelhos, ver como Jesus é um causador de confusão”.
Vimos a tensão vivida pela sua própria família quando ele
perguntou de forma um pouco prepotente: “Quem é a minha
mãe, e quem são meus irmãos?” (Mc 3.33)
Quem nunca ficou chocado com o modo relativo como
Jesus parece tratar os vínculos familiares? Confesso ter di-
ficuldade de entender quando ele diz que os inimigos serão
os da própria casa e, também, que por causa do evangelho
CONVERSANDO SOBRE A FAMÍLIA E SEUS DESAFIOS

se criará cizânia familiar (Mt 10. 34-36). Quando ele chama os


discípulos a segui-lo, pede fidelidade absoluta e coloca em
segundo plano a importância da família (Lc 14.26). Dizemos que
a intenção dessa palavra de Jesus é testar nossas prioridades.
Contudo, seria mesmo necessário relativizar tanto os vínculos
familiares? Ou haveria algum outro sentido nessa declaração?
Vejo três movimentos que precisamos discernir e abraçar no
que se refere a essas palavras de Jesus. O primeiro nos desafia
a olhar para dentro de nós, a reconhecer quem somos e a nos
confrontar com os processos destrutivos que fermentam em
nosso interior e poluem tudo a nossa volta: “Mas as coisas
que saem da boca vêm do coração; são essas que tornam o
homem impuro. Pois do coração saem os maus pensamentos,
os homicídios, os adultérios, as imoralidades sexuais, os
roubos, os falsos testemunhos e as blasfêmias” (Mt 15.18-19).
Ao seguirmos Jesus, reconhecemos quem somos e, na busca
por uma nova significação da vida, passamos por um processo
de “lavagem interior”.
Contudo, como não somos indivíduos isolados da nossa
história e contexto, este não é um processo individual. Somos,
em grande parte, nossa história e nosso contexto. Criamos e
impomos costumes e tradições que fazem parte da teia social
que promove e também aprisiona a vida. Algo que foi consti-
tuído para facilitar e sustentar pode ser usado para escravizar,
entristecer e empobrecer. Isso pode ser visto tanto nos mile-
nares grupos étnicos e tribais quanto nas associações e aglo-
merados urbanos modernos. Jesus detecta e denuncia esses
mecanismos. Ao acusar alguns de seus interlocutores de usar
a tradição para deixar pai e mãe desprotegidos (Mt 15.3-6), ele
se vale da relação familiar para demonstrar como isso acontece.
Ao seguirmos Jesus, aprendemos a relativizar, não apenas
nossos vínculos de pertencimento, mas também nossos usos

15
CONVERSANDO SOBRE A FAMÍLIA E SEUS DESAFIOS

e costumes. Por outro lado, ao segui-lo, experimentamos o


sentido de resgate de nós mesmos, dos nossos vínculos e da
nossa própria cultura. Por meio desse resgate, vemos aflorar
o sentido tanto da família como do mandato cultural, com o
qual fomos agraciados por Deus desde a criação.
O segundo movimento aponta, assim, para o resgate do sen-
tido e da importância da família. O mesmo Jesus que em dado
momento relativiza sua própria família, ao falar das tradições
humanas, afirma o mandamento que aponta para o cuidado
com os pais. E na hora de sua morte preocupa-se com a mãe
e a entrega aos cuidados do discípulo João (Jo 19.27).
O evangelho não nos tira a família. Antes, acrescenta a ela
uma família maior, que é a família da fé. Em conversa com os
discípulos, Jesus aponta para essa realidade e lhes diz que
serão recompensados com “irmãos, e irmãs, e mães, e filhos,
e campos” (Mc 10.28-30). Assim, o evangelho nos abraça com
a formação de uma comunidade que se nega a desenvolver
tradições e costumes que encolham a vida, explorem o outro
e se transformem em estruturas discriminatórias. O evangelho
afirma opções de vida em que o interior é renovado e as
prioridades são revistas, a família tem seu lugar restaurado e
uma nova comunidade, com vocação de inclusão e de serviço
em amor, emerge.
O terceiro movimento abraça o excluído, o solitário e o
abandonado e resgata a dignidade da vida de cada um deles,
como Jesus sempre fez. Aliás, foi para isso que ele apontou
quando reagiu aos seus irmãos e à sua mãe, quando preten-
diam buscá-lo e aprisioná-lo dentro de uma estrutura que ele
queria relativizar e expandir. É preciso enxergar além da própria
estrutura familiar; caso contrário, esta se torna egocêntrica,
cansativa e maçante. É preciso ver que há um mundo lá fora

16
CONVERSANDO SOBRE A FAMÍLIA E SEUS DESAFIOS

que nos enriquece e desafia. Por isso Jesus diz que quem faz
a vontade de Deus passa a ser sua família (Mc 3.35). E diz isso
tanto para seus irmãos e sua mãe quanto para os que esta-
vam ao seu redor. O segredo é fazer a vontade de Deus, e esta
inclui honrar pai e mãe, cuidar dos filhos com amor, construir
famílias integradas e belas e viver uma vida de amor e serviço.
A verdade e a realidade disto são medidas, principalmente, a
partir da maneira como se integra e se abraça o pequeno e o
excluído. E disso nunca podemos nos esquecer.

VALDIR STEUERNAGEL é teólogo sênior da Visão Mundial Inter-


nacional. Pastor luterano, é um dos coordenadores da Aliança Cristã
Evangélica Brasileira e um dos diretores da Aliança Evangélica Mundial
e do Movimento de Lausanne.

ESTUDO BÍBLICO

Família, temor e obediência


- Texto Básico: Isaías 6. 1-13

Do que trata o estudo?


Nossa cultura necessita de uma reconciliação com Deus e de
restauração à luz das Escrituras. O que torna isso possível é
investir na próxima geração, pois o conhecimento da soberania,
da santidade, da graça e da misericórdia de Deus desenvolve a
reverência, a humildade e a gratidão que compelem a família a
praticar a justiça e a misericórdia.

17
CONVERSANDO SOBRE A FAMÍLIA E SEUS DESAFIOS

Com a Bíblia na mão


1) Como os nomes escolhidos para os filhos de Isaías (Is 7. 1-3;
8. 1-4) demonstram uma impressionate interação entre o
ministério e a família do profeta?
2) Como sua família deve integrar as várias atividades cotidianas
(emprego, escola, atividades na igreja, atividades caseiras da
família reunida) em torno do propósito de glorificar a Deus?
3) Que ordens Deus dá em Isaías 58 (especialmente vs. 6,7,9,10),
quais são os resultados (especialmente vs. 8,9,11,14) e como
eles podem alterar para melhor a vida da sua família?

Leia e imprima o estudo bíblico na íntegra. Clique aqui.

18
PARA CONVERSAR NA IGREJA
CAPÍTULO 3

COMO RECONCILIAR RUPTURAS


NA FAMÍLIA
Carlos “Catito” Grzybowski

QUANDO PENSAMOS EM UMA RECONCILIAÇÃO pressupomos


que antes deva ter ocorrido uma ruptura relacional. E é dentro
da família onde as rupturas são mais fáceis de acontecer, pois
é o espaço onde a convivência é maior.
Filhos que se sentem injustiçados, cônjuges que se sen-
tem colocados em um segundo plano, pais que se sentem
desrespeitados, irmãos que entram em escalonamento de
disputa pelo afeto parental, avós que querem interferir no
sistema da família nuclear dos filhos, etc., são algumas coisas
que promovem rupturas no seio da família.
Um exemplo nos evangelhos é a disputa entre as irmãs
Marta e Maria quando recebem uma visita de Jesus (Lucas
10: 38-42). Haviam tarefas a serem realizadas, gente para ser
alimentada, muita gente, e Marta trabalhava exaustivamente
para dar conta, enquanto sua irmã, tranquilamente, sentava-se
CONVERSANDO SOBRE A FAMÍLIA E SEUS DESAFIOS

aos pés de Jesus para ouvi-lo. Será que Maria não se dá conta
da situação? Não, deduziu Marta: “Ela está é fazendo ‘corpo
mole’ e eu aqui me matando de trabalhar”.
Sim, quando não entendemos o comportamento do outro
sempre tendemos a encontrar uma explicação que seja plau-
sível dentro de nossos esquemas mentais – na maioria das
vezes culpabilizando o outro. Segundo Laura Holcroft, citando
São Bento, afirma que “Marta havia perdido a alegria e estava
ansiosa (...) porque só praticava a mortificação externa do
trabalho e se esqueceu de ‘ruminar’ sem cessar a Palavra de
Jesus. Maria, pelo contrário, ruminava na Palavra sem cessar...
havia elegido a única coisa necessária”.
Na ansiedade e exaustão das tarefas (mortificação exter-
na), Marta tem uma reação de ruptura relacional (queixa) em
relação à sua irmã, Maria, e leva esta queixa a Jesus, que lhe
indica o caminho da reconciliação. Como se Jesus lhe dissesse:
“Marta, tarefas são importantes, mas te deixam ansiosa e tua
ansiedade te faz perceber a atitude de tua irmã de uma forma
limitada. Veja, ela escolheu algo que não se desorganizará com
a chegada das próximas visitas, algo que ela poderá guardar
como um tesouro que não acaba ao final da hospedagem. Tal-
vez, Marta, você precise refletir mais e de forma menos ansiosa
(mortificação interna) e verá que essa é a melhor parte”!
O episódio nos indica algumas coisas importantes no
processo de reconciliação dentro da família. Em primeiro
lugar, devemos sempre nos perguntar se a mossa percepção
é a única e possível explicação para o ocorrido ou se exis-
tem outras possibilidades de explicação que, em virtude de
minhas emoções alteradas, eu resisto perceber. Na maioria
das vezes, não enxergamos a realidade como ela é, mas sim
como nós somos!

20
CONVERSANDO SOBRE A FAMÍLIA E SEUS DESAFIOS

Se essa análise é muito difícil no momento de agito emo-


cional, uma segunda iniciativa pode ser tentada, que é levar a
sua percepção até Jesus e ouvir – com coração disponível – o
que ele tem a nos dizer sobre nossa percepção. Talvez, como
fez com Marta, ele nos revele que há coisas mais significativas
que disputas por tarefas domésticas.
Em terceiro lugar, é preciso “buscar a melhor parte”, que
é a leitura e meditação contínua na palavra de Deus. Então
poderemos nos recordar que “no que depender de vós, tende
paz com todos” (Romanos 12:18); e também que se meu irmão
fez algo contra mim, devo buscar a reconciliação com ele, antes
de buscar o culto a Deus (Mateus 5:23-25). Por fim, meditar
também que Deus reconciliou consigo todas as coisas e nos
torna “ministros de reconciliação” (II Cor. 5:18), ou seja, devemos
ser as primícias de exemplo na busca de reconciliação, princi-
palmente nas rupturas que ocorrem dentro de nossas famílias!

CARLOS "CATITO" GRZYBOWSKI é psicólogo e terapeuta de


casais e de família. É autor de Pais Santos, Filhos Nem Tanto.

ESTUDO BÍBLICO

A família e o conflito de gerações


- Texto Básico: Tiago 3. 13-18

Do que trata o estudo?


É possível uma convivência pacífica entre diferentes gerações,
amenizando os inevitáveis conflitos? A família que deseja que
todos sejam réplicas uns dos outros e não assimila as diferenças

21
CONVERSANDO SOBRE A FAMÍLIA E SEUS DESAFIOS

acaba obstruindo o crescimento de todos. A família sadia permite


a sua diferenciação; permite que cada um viva a sua individuali-
dade sem ser individualista, sem abrir mão dos valores bíblicos
e sem esquecer de ensinar a fazer diferença entre o essencial e
o secundário.

Com a Bíblia na mão


1) No texto básico, Tiago apresenta uma discussão sobre a
sabedoria terrena e a sabedoria que vem do alto. Quais as
caracteristicas de cada uma delas?

2) Como o v. 13 lança luz sobre a advertência feita por Tiago no


v. 1? Qual o seu conselho àqueles que desejam ser “mestres”?

3) Jesus, o bom mestre, demonstrou as qualidades da sabedoria


que vem do alto. Registre alguns episódios da vida de Cristo
nos quais estas qualidades se tornaram manifestas.

Leia e imprima o estudo bíblico na íntegra. Clique aqui.

22
PARA CONVERSAR NA IGREJA
CAPÍTULO 4

FAMÍLIA: FONTE DE ALEGRIA


E SOFRIMENTO
Isabelle Ludovico da Silva

O NOSSO PRIMEIRO UNIVERSO é o útero materno. Com a


maturação biológica, nosso “ninho” fica apertado e somos
expulsos de lá. Conquistamos, paulatinamente, novos espaços
de autonomia: primeiro, com a respiração; depois, com a
capacidade de caminhar, num movimento que oscila entre o
equilíbrio e o desequilíbrio. Assim como precisamos de chão
firme para andarmos com as próprias pernas, precisamos de
afeto e encorajamento para amadurecermos.
A família é o útero social, onde a pessoa vai se percebendo
e desenvolvendo suas aptidões mediante os vínculos que
constrói. É um sistema regido por regras, que determinam
os padrões de interação. Há duas forças contrárias que agem
sobre ela: a homeostase, que garante a sua conservação,
e a transformação, que permite o seu crescimento. Para
desenvolver sua autonomia, o ser humano precisa se sentir
CONVERSANDO SOBRE A FAMÍLIA E SEUS DESAFIOS

integrado. Assim, a família deve gerar segurança e liberdade,


para que haja respeito às diferenças. Quanto mais nos sentimos
amados e valorizados, mais somos estimulados a ampliar o
nosso mundo e desenvolver o nosso potencial.
A base de uma auto-estima positiva é a convicção de estar
no lugar certo, de ter o direito de existir e crescer. A tarefa da
família é receber um ser dependente e imaturo, e transformá-lo
em um ser autônomo e interdependente, capaz de amar e ser
amado, bem como de contribuir com a construção do mundo.
Amar é respeitar o outro em sua unicidade, em suas escolhas
e desejos. Os filhos precisam viver de forma coerente com os
talentos que Deus lhes deu, mesmo que não coincidam com
as expectativas de seus pais.
Quando a estrutura familiar é muito rígida, a criança não
encontra espaço. Ela se sente coagida a ocupar um lugar
predeterminado para não ser rejeitada. Para o psiquiatra
Adalberto Barreto, “o ambiente familiar passa a ser um espaço
de asfixia, de muita frustração e sofrimento”. Nessas famílias
não há lugar para o desabrochar da vida. Os anseios pessoais
são asfixiados pela pressão de regras rígidas, que estão a
serviço de um equilibro estático e restritivo. As relações são
fundamentadas na manipulação e na culpa. É preciso se
violentar para continuar fazendo parte do sistema. Não há
espaço para o prazer, a alegria, a criatividade.
Muitos se submetem por medo da rejeição. Outros assu-
mem a responsabilidade de manter a família unida, mesmo que
para isso tenha de adoecer. Essas pessoas se tornam a lata de
lixo da família, o pára-raios das tempestades afetivas. Mas a
droga e o álcool podem se tornar uma forma de escapar magi-
camente dessa realidade opressiva. A violência intra-familiar é

24
CONVERSANDO SOBRE A FAMÍLIA E SEUS DESAFIOS

outro sintoma de desajuste. Em vez de promover emancipação


e desenvolvimento, o útero social tem se tornado um espaço de
condicionamento, deformação e, até mesmo, exclusão. Além
dos desajustes internos, a violência social pesa sobre a família
por meio do desemprego e, conseqüentemente, da falta de
saúde, moradia, educação e segurança. Para Adalberto Barreto,
essa condição “produz estresse, reduz o limiar da tolerância
e favorece as agressões, as fugas nas drogas e no álcool e as
desagregações”.
A família tem o chamado para refletir o amor incondicional
de Deus. Os vínculos não podem sofrer ameaças de rompi-
mento. Eles são compromissos a ser renovados a cada crise,
os quais norteiam a busca de soluções que contemplem as
necessidades de todos os envolvidos. A harmonia é fruto do
diálogo, da flexibilidade, do respeito mútuo, do perdão e da
reconciliação. Ninho e horizonte amplo garantem aconchego
e liberdade. Famílias saudáveis são aquelas que constroem
vínculos suficientemente fortes para gerar autonomia e cresci-
mento. Quando perguntaram à mãe de Martin Luther King qual
era o segredo da educação que gerara um filho tão especial,
ela respondeu com sabedoria e simplicidade: “Procurei dar-lhe
raízes e asas”.

ISABELLE LUDOVICO DA SILVA é psicóloga com especialização


em terapia familiar sistêmica.

25
CONVERSANDO SOBRE A FAMÍLIA E SEUS DESAFIOS

ESTUDO BÍBLICO

Minha família é normal?


- Texto Básico: Mateus 1. 1-17

Do que trata o estudo?


Influências culturais e conceitos românticos inatingíveis quase
sempre provocam sentimentos de fracasso ao olharmos para
as nossas famílias. O glamour que vemos nas redes sociais e no
cinema nos impedem de ver a beleza presente em famílias de
carne e osso, com suas histórias de desencontros e reconciliação.
Como perceber a ação de Deus e reforçar a esperança de que
Ele é e sempre será aquele que redime nossa história familiar?

Com a Bíblia na mão


1) Você já pensou sobre a importância das genealogias nas Es-
crituras? Como elas nos ajudam a entender a ação de Deus
na história?

2) Mateus incluiu três mulheres na genealogia de Jesus (versos


3 e 5), o que era absolutamente inusual e escandaloso para
aquela época. O que Mateus queria mostrar sobre o caráter
e a obra salvadora de Deus?

3) Você tem consciência de que Deus já cuidava de sua história


antes mesmo de você nascer? A graça de Deus também atua
em meio ao nosso pano de fundo familiar. Você percebe isso
como verdade? Por quê?

Leia e imprima o estudo bíblico na íntegra. Clique aqui.

26
PARA CONVERSAR NA IGREJA
CAPÍTULO 5

MULHERES SOBRECARREGADAS
Leonora Ciribelli

“DEVO INVESTIR NO AMOR, na família ou na realização profis-


sional?”. Este ainda é um dilema que parece ser vivido pelas
mulheres ainda em pleno século 21. Devido a paradigmas
(gerados pela cultura ou religião), muitas ainda vivem guiadas
pela ideia de que precisam “dar conta de tudo e de todos”,
mas isto é quase impossível.
Certo dia, em uma palestra sobre famílias, me surpreendi
ao ouvir o relato fantástico de um marido sobre “afazeres
domésticos”. Quando questionado se ele ajudava sua esposa,
devido ao fato dela trabalhar fora de casa, ele respondeu
com um sonoro “Não!”. Depois de surpreender o público com
a resposta um tanto inusitada, ele continuou: “Não ajudo!
Eu faço a minha parte”. Mas o que ele quis dizer com isso?
O termo “ajudar” supõe que ele estaria seguindo a iniciativa de
outra pessoa, quando, na verdade, a casa pertence à família
CONVERSANDO SOBRE A FAMÍLIA E SEUS DESAFIOS

como um todo. Ou seja, ele cumpre com o combinado entre


ele e sua esposa, na divisão de tarefas em casa.
Quando uma mulher pede ao seu marido ou filhos que a
“ajudem em casa”, isto soa como se eles estivessem “fazendo
um favor a ela” e acabam esquecendo-se de que participar das
atividades domésticas em conjunto beneficiam a todos que
integram àquele lar. Responsabilidades e privilégios fazem
parte do sistema familiar.
Uma mulher sobrecarregada pode começar a sentir-se tam-
bém cobrada, culpada, cansada e frustrada. Por consequência,
pode também não olhar para si mesma como uma mulher
suficientemente realizada – seja dentro ou fora de casa.
Por outro lado, há aquelas mulheres que trabalham fora
e se dizem exaustas, cansadas, devido a uma “jornada dupla
de trabalho”, mas também não aceitam trabalhar em equipe
dentro de seus lares.
Mesmo reclamando que precisam “dar conta de tudo”, são
perfeccionistas e assumem a liderança das atividades domés-
ticas de uma forma arbitrária. Se os membros da família não
atendem a um pedido, exatamente do jeito que ela imagina que
deve ser feito, então eles estão “errados”. Em uma fala contra-
ditória, afirmam que estão cansadas, mas não permitem que
cada membro da família aprenda a dar a sua contribuição no lar.
A verdade é que estes dois extremos desgastam as relações
familiares. A manifestação do amor da mulher acaba se tra-
duzindo em trabalho - seja por culpa, seja por uma exigência
exacerbada. Isso pode vir dela mesma ou dos membros de
sua família.
A verdade é que a mulher tem, sim, um papel extremamente
relevante, não apenas no contexto familiar, mas também na
sociedade como um todo - já que ela ocupa funções diversas:
mãe, esposa, amiga, profissional bem sucedida.

28
CONVERSANDO SOBRE A FAMÍLIA E SEUS DESAFIOS

A Bíblia diz: “Aquele que encontra uma esposa, acha o


bem, e alcança a benevolência do Senhor”. (Provérbios 18.22) e
“A mulher sábia edifica sua casa, mas a tola a derruba com as
próprias mãos” (Provérbios 14.1).

LEONORA CIRIBELLI é casada e tem dois filhos. É autora de Antes


de Casar. É psicóloga clínica especialista em família e faz parte do
corpo docente do EIRENE do Brasil. Junto com o marido, o pastor
Fábio Ciribelli, idealizou o curso de noivos “Antes de Casar, Vamos
Conversar?”. Ambos ministram cursos e palestras na área de família
por todo o Brasil.

ESTUDO BÍBLICO

Família: sumissão se aprende em casa


- Texto Básico: Efésios 5. 21-33

Do que trata o estudo?


Dizer que a família é uma ideia de Deus tornou-se um clichê,
embora não diminua a força desta verdade. No entanto, os de-
safios cada vez mais difíceis, as crises e perdas da convivência
familiar também são inegáveis. Então, como superar “em casa”
tais desafios? É possível desenvolver e mostrar sinais do projeto
original de Deus para a família?

Com a Bíblia na mão


1) De que forma o v. 21 estabelece o “tom” segundo o qual toda
esta passagem deve ser entendida? Qual a motivação maior
para a mútua sujeição dentro do contexto familiar?

29
CONVERSANDO SOBRE A FAMÍLIA E SEUS DESAFIOS

2) Por que Paulo faz um apelo para que as esposas respeitem


seus maridos, enquanto ele apela aos maridos para que amem
suas esposas (v. 33)?

3) Independentemente de você ser casado(a) ou solteiro(a), como


você poderia crescer em sua submissão a Cristo, no contexto
familiar? Como o plano de redenção traçado por Deus pode
trazer esperança para os seus relacionamentos familiares?

Leia e imprima o estudo bíblico na íntegra. Clique aqui.

30
PARA CONVERSAR NA IGREJA
CAPÍTULO 6

LAÇOS SÓLIDOS DE FAMÍLIA


Allinges Mafra

DEUS FAZ QUE O SOLITÁRIO MORE EM FAMÍLIA. (SALMOS 68.6)


Que fazer, a fim de contribuir para que a família venha a ser
unida e estável? Sem dúvida nenhuma, para que isso acon-
teça o caráter, a formação e o comportamento daqueles que
a lideram é fundamental.
É essencial que as raízes de seus líderes sejam da melhor
qualidade, e assim o futuro tronco venha a ser digno e forte. Se
o resíduo final não for o amor, em seu mais profundo sentido,
nada de bom irá crescer daí. Eis a razão de ser tão importante
o conhecimento amplo — jamais superficial — de ambos os
troncos, o masculino e o feminino. A explicação para tantas
brigas, tumultos, desunião e separação é a entrega comum
a arroubos e entusiasmos passageiros, quando homem e
mulher se deparam frente a frente, se enamoram e só depois
mostram seu verdadeiro rosto… Quanta decepção pode
CONVERSANDO SOBRE A FAMÍLIA E SEUS DESAFIOS

acontecer! “Pensei que ele era uma boa pessoa, capaz de amar
em paz… Como me enganei! Nada mudou; só piorou.”
E pensar, em meio à tamanha hecatombe, que a família foi
o grande plano de Deus! E continua sendo; e será para sempre!
Eis a razão de ser tão forte e acirrado o ataque satânico contra
a instituição família — e cada vez pior! Aliás, como predisse a
Bíblia que aconteceria no final dos tempos: pais contra filhos;
filhos contra pais.
A pergunta crucial é esta: Estará o homem preparado para
desempenhar seu papel de líder na família? E a mulher, possui
ela realmente qualidades de liderança? Na verdade não se exige
dos líderes que sejam perfeitos; espera-se, isto sim, que ele
e ela sejam o mais equilibrados e sensatos possível; o mais
justos, dignos e amorosos que puderem ser.
Na verdade a família é uma escola, e os dois professores
que a lideram — o pai e a mãe — precisam ter base sólida
para cumprir seu papel de formadores de um lar e de futuras
gerações, caracterizados por união espontânea, interesse
mútuo, paz, alegria e respeito. Para alcançar tal estágio —
tão invejável — seus líderes têm de galgar os degraus desse
“templo” chamado família, isentos de ódio, paixões torpes,
distúrbios emocionais, mentira, inveja, ciúmes, desinteresse,
pobreza de ideais, e principalmente ausência de Deus.
Que a arca santa da nossa casa — nossa família — vagueie
feliz por sobre as águas, imune às tormentas carnais e emocio-
nais. E chegue finalmente ao porto, enlaçada pelo imensurável
amor de Deus, o construtor dessa arca. E que os laços de família
carreguem em si o travo da verdade e da dignidade.

ALLINGES MAFRA é autora do livro Vida e Poesia em Davi e Jó.

32
PARA CONVERSAR NA IGREJA

RECURSOS

Reimaginando a visão bíblica de casamento e sexo


Glynn Harrison

Para que serve o sexo? E para que serve o casamento?


Glynn Harrison

Sexualidades, política e família:


o mal-estar no campo cristão
Ageu Heringer Lisboa

A missão da igreja frente à homossexualidade


Elben César

Mulher solteira
Antonia Leonora van der Meer

Uma reflexão sobre o casamento


John Stott
CONVERSANDO SOBRE A FAMÍLIA E SEUS DESAFIOS

Aos filhos de mães não exemplares


Amanda Almeida

Sobre pastéis de feira, signos e responsabilidades na família


Ricardo Wesley Borges

Revista Ultimato Edição 265


Julho-Agosto 2000

Revista Ultimato Edição 283


Julho-Agosto 2003

Revista Ultimato Edição 294


Maio-Junho 2005

Revista Ultimato Edição 365


Maio-Junho 2017

34
PARA CONVERSAR NA IGREJA

FRASES

""
Se Cristo estiver em sua casa, os vizinhos logo perceberão.”
- Dwight L. Moody

[O mito da família cristã sem falhas] tem sua origem na teo-


logia perfeccionista da vida vitoriosa. A expectativa de uma
vida sem falhas tem dois destinos previsíveis: a hipocrisia
que camufla e disfarça o erro ou o desespero e a frustração
da impossibilidade de viver na obediência dos mandamentos
de um Deus legalista.(...) Ser uma família sem falhas ou uma
família extraordinária é um fardo difícil de suportar. Filhos de
pastores sabem disso muito bem. Basta, portanto, ser uma
família comum, humana na celebração de seu lado luminoso
e na aceitação de seu lado sombrio – família que reflete a
graça, o perdão e a compreensão, e não a lei, a exigência ou
a cobrança.
- Osmar Ludovico
"
CONVERSANDO SOBRE A FAMÍLIA E SEUS DESAFIOS

"
A marca registrada de um hipócrita é ser cristão em todo lugar,
menos em casa.”
- Robert Murray M’Cheyne

É tão difícil deixar nossos filhos com liberdade, especialmente


neste mundo violento e explorador! Nos empenhamos tanto
para protegê-los de todos os perigos possíveis! Mas, não po-

""
demos. Eles não nos pertencem. Pertencem a Deus, e um dos
maiores atos de confiança em Deus é deixar nossos filhos toma-
rem suas próprias decisões e encontrar seu próprio caminho.”
- Henri Nouwen

O lar não é um edifício: é uma estrutura de relacionamentos.”


- Stephen Olford

Se a velha fórmula final dos contos de fada “e viveram felizes


para sempre” for entendida como “e nos cinquenta anos se-
guintes eles se sentiram exatamente da mesma forma como se
sentiram no dia anterior ao casamento”, então ela está dizendo
algo que provavelmente nunca foi e nunca será verdade, que
inclusive seria altamente indesejável se o fosse. Quem supor-
taria viver nessa excitação toda por cinco anos? (…) Mas, é claro
que deixar de ‘estar apaixonado’ não significa necessariamente
deixar de amar. O amor, nesse segundo sentido – o amor como
algo diferente de ‘estar apaixonado’ – não é um simples sen-
timento. Trata-se de uma profunda unidade, alimentada pela
vontade e deliberadamemte fortalecida pelo hábito; reforçada
(nos casamentos cristãos) pela graça que ambos os parceiros
pedem e recebem de Deus. (…) É esse amor que mantém a
máquina do casamento ativa; o estar apaixonado não passa
da ignição que lhe deu partida.”
- C. S. Lewis

36
"
CONVERSANDO SOBRE A FAMÍLIA E SEUS DESAFIOS

Ainda que Jesus questionasse o conceito de que a descendência


biológica judia era suficiente para a membresia no Reino de
Deus (Mateus 12.48-50), muito de seu ministério público
esteve voltado para a família. Ensinou enfaticamente que o
quarto mandamento, de honrar pai e mãe, permanecia válido,
acima até das obrigações culturais (Mateus 15.3-6; Marcos
7.10-13). Restabeleceu claramente a igualdade de direitos entre
o homem e a mulher no matrimonio ao negar o direito de
repúdio e a poligamia (Mateus 19.3-8; Marcos 10.2-9), privilégios
patriarcais geralmente reconhecidos no mundo antigo. Em
seu trato com as mulheres e as crianças, gente de segunda
categoria naquela época, Jesus não seguiu os costumes de
seus contemporâneos. Segundo Jesus, as crianças tinham
um alto valor como membros de seu Reino (Marcos 10.13-16).
(...) Discutiu temas espirituais com mulheres (Lucas 10.38-42;
João 4; João 11). Isto representava um acontecimento sem

"
parâmetros na época. Jesus não somente colocou a mulher
num patamar mais elevado, mas a colocou diante de Deus em
igualdade ao homem.”
- Jorge Maldonado

Certamente o lar é o lugar mais natural (pelas relações per-


manentes), mas também o mais difícil (pela intimidade e
conhecimento mútuo), para dar testemunho do Reino de Deus.
Entretanto, a mudança que Cristo traz para a vida individual
pode mudar o ambiente do lar e fazer que uma família seja luz
em meio às trevas.”
- Dorothy de Quijada

37
PARA CONVERSAR NA IGREJA

LIVROS SUGERIDOS

Acontece nas Melhores Famílias


Minha Família Pode Ser Feliz
Crises e Perdas na Família
Família em Crise
Pais Santos, Filhos Nem Tanto
Antes de Casar
Como se Livrar de Um Mau Casamento
Parceria Conjugal
Quando o Vínculo se Rompe
Amar Outra Vez
Macho e Fêmea os Criou
A Missão da Mulher
Deixem que Elas Mesmas Falem
Criando Filhos Entre Culturas
Estamos de Mudança
PAR A CONVERSAR NA IGREJA

Você também pode gostar