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NEUROTEOLOGIA: EFEITOS DA EXPERIÊNCIA RELIGIOSA NO CÉREBRO

Profº Mozart Pereira da Silva Neto


Teologo, Filosofo,
Professor da Faculdade do Maciço de
Baturité – FMB, Coordenador do Núcleo de
Atividades complementares e Extensão da
FMB

Angela Fernandes de Carvalho


Teologa, Esp. em Gestão de Pessoas e
Clinica Pastoral,

RESUMO
Este trabalho pretende discutir de modo amplo as razões da existência do novo campo
chamado neuroteologia, mais especificamente tratando os efeitos em imagens
apresentadas pelo cérebro humano que experimenta as sensações provocadas por
determinados comportamentos designados como religiosos. As variadas pesquisas
que atentam para as regiões cerebrais tocadas pela experiência religiosa são listadas,
descritas e analisadas do ponto de vista de sua contribuição para o desenvolvimento
desse vasto campo da neuroteologia. Temas como neuropsicologia, saúde e conceitos
sobre a essência do ser humano e da sua experiência religiosa são mesclados entre os
capítulos deste trabalho cujo objetivo é triplo: reconhecer o novo campo da
neuroteologia e a importância de estudos neurocientíficos para a compreensão do
comportamento do cérebro humano nas experiências religiosas; localizar algumas
regiões cerebrais que são relacionadas às funções do comportamento e da experiência
religiosa; e listar algumas experiências recentes do campo da neuroteologia. No
capítulo 1, Neuroteologia, fez-se uma apresentação do novo campo do conhecimento,
caracterizamos a chamada experiência religiosa e as partes do cérebro. No capítulo 2,
Neuropsicologia e Religião alguns experimentos são analisados mais especificamente.
No capítulo 3, Saúde e Religião, são vistos artigos que comprovam os benefícios da
experiência religiosa à saúde.

Palavras-chaves: neuroteologia, experiência religiosa

ABSTRACT
This work intends to discuss in an ample way the reasons for the existence of the new
field called neurotheology, more specifically treating the effects in images presented
by the human brain which experiences the sensations provoked by certain behaviors
designates as religious. The various researches which look into the cerebral regions
touched by the religious experience are listed, described and analised from the point
of view of their contribution to the development of this vast field of neurotheology.
Themes like neuropsychology, health and concepts about the essence of the human
being and of his religious experience are mixed among the chapters of this work which
has a threefold objective: to recognize the new field of neurotheology and the
importance of neuroscientific studies for the understanding of the behavior of the
human brain in the religious experiences; to locate certain cerebral regions related to
the functions of the behavior and of the religious experience; and to list some recente
experiences in the field of neurotheology. In chapter 1, Neurotheology, one made a
presentation of the new field of knowledge, characterize the so-called religious
experiences and the parto f the brain. In chapter 2, Neuropsychology and Religion,
some experiments are analysed more specifically. In chapter 3, Health and Religion,
articles which prove the benefits of religious experiences to health are seen.

Keywords: neurotheology, religious experience


NEUROTEOLOGIA

Um novo campo chamado neuroteologia procura descobrir como o cérebro


humano processa as experiências religiosas ou a espiritualidade, ou as bases e circuitos
neuronais dessas experiências também chamadas místicas ou espirituais. Pressupõe-
se que como todo as as experiências humanas, a religiosa também se pode medir pelo
cérebro pela exploração de seus mecanismos neuronais, redes neuronais,
neurotransmissores e bioquímica do cérebro.
A neuroteologia pode ser vista como uma “busca científica da base biológica da
espiritualidade.
Estuda-se a conexão entre a arquitetura interna cerebral e seu funcionamento
durante a experiência dita religiosa. Essa forma de investigação une os campos afins
da religião, da psicologia, da teologia e das neurociências.
Andre Newberg estudou como o cérebro humano trabalha em condições de
Alzheimer e Parkinson, depressão e ansiedade. Ele analisou freiras franciscanas,
budistas tibetanos e cristãos pentecostais com uma equipe da Universidade da
Pensilvânia e notou muitas semelhanças. O lobo frontal aponta as reações na oração e
meditação. O lobo parietal aponta o sentimento de “pertencer a algo maior que o eu.”
O sistema límbico é responsável pelos sentimentos de gozo e admiração.
Newberg sugere que o escaneamento do cérebro poderá nos levar a provas de
que nossos cérebros são construídos para acreditar em Deus. Ele diz que pode haver
características universais na mente humana que facilitam crer em um poder maior.
Já Matthew Alper, autor de The God Part of the Brain (A parte divina do Cérebro)
quer afirmar que as evidências da espiritualidade no cérebro são adaptações
evolucionistas e assim se tenta descartar a autenticidade da fé em Deus.
Na experiência religiosa ocorre uma diminuição de neurossinapses no lobo
parietal, o que traz a sensação de união com o universo. Ocorre também no lobo frontal
uma concentração ampliada que bloqueia os impulsos neurais externos.
O que caracteriza a chamada experiência religiosa ou espiritual:

• Inefabilidade: a experiência não pode ser adequadamente ser colocada


em palavras;
• Noético: o indivíduo sente que ele aprendeu alguma coisa de valor da
experiência;
• Inexistência do espaço e tempo: a experiência causa a sensação de que
não existe mais tempo e espaço;
• Sagrado: a experiência cria a sensação de que tudo é sagrado e divino;
• União: sentimento de união com tudo no universo, união com Deus ou
alguma força maior que o indivíduo.
• Outra Realidade: sentimento de que uma nova realidade ou a realidade
definitiva foi revelada a ele.
• Realidade Divina
• Consciência do absoluto
• Sensações Positivas: a experiência é bem prazerosa e causa sentimento
profundamente positivo;
• Efemeridade: a experiência é temporária; o indivíduo rapidamente volta
ao estado normal da mente;
• Passiva: a experiência acontece para o indivíduo quase sem o seu
controle.
• Dissolução do ego: a consciência do "eu" desaparece.

O fato é que onde a experiência da fé é valorizada pessoas tiveram decréscimo


de 90% do risco de depressão. Estudiosos concluíram que “um córtex mais fino está
associado com uma maior importância da religião ou espiritualidade e pode conferir
resiliência ao desenvolvimento do transtorno depressivo em indivíduos com alto risco
familiar de depressão”.
Há evidências de que pessoas que rezam estão associadas a quadros de redução
da tensão muscular e de menor incidência de doenças coronarianas. Indivíduos que
meditam apresentam redução da ansiedade, da depressão e da irritabilidade, e
aprimoramento da capacidade de aprendizagem, da memória e da estabilidade
emocional. Também existem evidências de que a meditação pode aliviar dores
crônicas.
Os pesquisadores encontraram semelhanças na forma como o cérebro avalia as
ações dos outros seres humanos e na maneira como contempla a implicação de Deus
no curso da humanidade. Além disso, acharam uma relação entre a aprendizagem
religiosa de uma pessoa e a atividade no lóbulo temporal, uma região que tem
influência na memória e na fala. De acordo com a equipe, o processo de adoção de
crenças religiosas depende de interações cognitivo-emocionais que ocorrem na ínsula
anterior.
A Neuroteologia é um termo novo nas ciências que se refere amplamente a um
campo multidisciplinar que busca relacionar o cérebro humano à religião dentro dos
campos da teologia, estudos religiosos, experiência e prática religiosas, filosofia,
ciências cognitivas, neurociência, psicologia e antropologia.
O termo neuroteologia é também chamado de “neurociência espiritual”, do
Inglês, “spiritual neuroscience”. É um campo de estudo emergente onde as
experiências espirituais envolvendo senso de admiração e união com o universo são
observadas em ambiente científico.
Neurociência é o termo usado para o estudo das células nervosas e suas funções
independente dos correlatos comportamentais e cognitivos. Hoje a neurociência
alcança os campos da neurociência cognitiva, neurologia, neurobiologia da
espiritualidade, psiquiatria e psicologia, e sociologia.
Utilizam-se ferramentas que capturam imagens do cérebro. A teologia é o
estudo de Deus aplicado a religiões teístas mais voltado para as religiões da tradição
Abraâmica. Para estudar a neuroteologia é necessário ampliar o termo para abranger
todas as religiões e experiências religiosas. Isso enriquecerá as linhas de pesquisa, mas
poderá levar a se perder, nessa amplitude, algo próprio da religião e do fenômeno
espiritual.
Uma nova tecnologia permite medição de novos fenômenos envolvendo a
consciência humana religiosa:
A introdução de tecnologias computadorizadas de observação direta do
funcionamento do cérebro é que torna plausível e dá seriedade científica à visão de
conjunto que está emergindo. Não se trata de especulações e sim de deduções que têm
fundamento em dados seguros. A ressonância magnética (MRI) e a tomografia
computorizada através de positrons (PET), por exemplo, nos permitem visualizar em
imagens o funcionamento do cérebro. São técnicas que tornam possível mapear
diretamente a atividade neuronal por ocasião de cada uma de suas atividades
(memória, sentimento, raciocínio, medo, raiva, etc). Em pacientes que sofrem de lesões
cerebrais, essas imagens possibilitam observações de grande valor heurístico e clínico.
Pode-se hoje enxergar a mente humana funcionando de modo tão claro como o da
ultrassonografia que nos faz ver ‘em direta e a cores’ um feto humano em seus
primeiros meses de desenvolvimento intrauterino.
As pesquisas sugerem que experiências religiosas são bem complexas.
Envolvendo emoção e cognição, elas como que se distribuem por várias estruturas
cerebrais. As experiências estudadas estão associadas ao lobo frontal, a parte do
cérebro que determina nossas vontades; à região do lobo parietal, que controla nosso
senso de si; ao sistema límbico, com papel fundamental nas emoções; e, ao hipotálamo,
que carrega as reações das emoções.
O complexo cérebro que se estuda na neurociência pode ser dividido na
seguinte estrutura: segue recorte do livro que segue LINK
Cérebro reptiliano (ou "R complex"): situa-se no tronco encefálico e é a parte
mais primitiva que a espécie humana compartilha com todos os invertebrados. Data
de milhões de anos. Aparece de forma intocada em répteis e pássaros.
Células humanas advindas desta área têm semelhança às de repteis. O ‘R
complex’ controla processos vitais de capital importância como o sistema
cardiovascular e respiratório. Um bebê humano pode subsistir sem parcelas dos dois
hemisférios, mas morrerá se nascer desprovido do cérebro reptiliano. Tem a ver com
os movimentos padronizados e inatamente fixos (quais as danças rituais de
acasalamento) e com comportamentos instintivos. Os neurologistas o associam aos
‘três Fs’ (‘fight - flight – freeze’, isto é, ‘lutar-, fugir- resfriar’) querendo assim indicar
suas funções de ataque e defesa, agressividade, hibernação. Também os mecanismos
responsáveis pela fome, sede, sensação de bem ou mal estar, residem aí.
Comportamentos sexuais da espécie, como o da cópula, têm no "R complex" um centro
organizador de fundamental importância.
Ele é, ainda, responsável pela vigília e pela manutenção da atenção consciente.
Possui inúmeras outras funções.
• Cérebro límbico que há muito tempo é conhecido como sendo o nosso cérebro
emocional. Para MacLean nós o temos em condomínio com os mamíferos e
paleomamíferos. Situa-se no interior do encéfalo, bem protegido pela caixa craniana,
para poder salvaguardar seus sistemas de informação que percebem, selecionam,
guardam na memória, movimentam e distribuem os dados chegados dos sentidos e
que aí recebem uma conotação de prazer ou desprazer e um sentido que irá orientar a
reação do resto do organismo e o comportamento da pessoa. Sabe-se que os bebês de
mamíferos do mar e da terra ‘brincam’, coisa que os repteis não fazem. Os adultos, por
seu lado, demonstram comportamentos de proteção das crias.
• A amigdala localiza-se no sistema límbico (no hipocampo). Ela exerce a
função de sentinela emocional. Os sinais sensoriais do olho ou ouvido vão primeiro e
de modo direto à amígdala. Só então, via tálamo, é emitido um segundo sinal
endereçado ao neocortex, isto é ao cérebro pensante. Logo, a amígdala dá uma resposta
ainda antes que o córtex tenha percebido o estímulo e elaborado uma resposta mais
detalhada, isto é, mais consciente. Descobertas como essa revolucionaram as opinião
convencionais existentes antes sobre os circuitos cerebrais e situaram melhor as
relações entre as emoções e o pensamento e outras funções superiores.
Explicam o poder da emoção no confronto com a racionalidade. Antes,
supunha-se que os sinais iam primeiro ao neocortex e dele ao sistema límbico, quando
de fato o que se dá é o contrário. A razão intervém só depois que o neocortex teve mais
tempo e informações para ‘pensar’. Esta ligação neural ajuda o organismo a tomar em
consideração tudo o que precisa ser considerado; ela guarda, também, a memória de
tudo o que precisa ser evitado ou procurado, por causar perigo, dor/ prazer,
saciedade/fome, sede, etc.
O tálamo e o hipotálamo estão anatomicamente no sistema límbico e ocupam
lugar vizinho à hipófise que, como se sabe, rege a orquestra químico-hormonal do
organismo. O sistema hipotalâmico-pituitário age em sintonia com os sistema de
ativação ou de repouso do sistema vegetativo simpático e parassimpático, exercendo
uma função reguladora e homeostática de primeiro plano.
• Cérebro neo-cortical, que é característico dos neo-mamíferos, mas é
especialmente bem desenvolvido só nos primatas. Apresenta uma extraordinária
complexidade de células, sinapses e tecidos, sendo mais de 10.000 milhões os
neurônios que o compõem. No indivíduo humano é a última parte do Sistema Nervoso
Central a encontrar seu estado adulto. Também filogeneticamente o córtex frontal
surgiu há muito pouco tempo.
Pode-se dizer que esta é a sede da consciência humana, embora, como mostrou
Damásio, a consciência tenha a ver com a totalidade do organismo corpóreo. Em todo
o caso, o córtex frontal se relaciona com a linguagem, o raciocínio lógico e os símbolos.
Ele é constituído por dois hemisférios que são unidos por uma ponte, o corpo caloso.”
Na expressão de d’Áquili e Newberg (1999) o termo mente são uma referência
às chamadas realidades intangíveis que o cérebro produz:
“... ‘a mente é o nome que se dá a realidades intangíveis produzidas pelo
cérebro” (d’Áquili e Newberg, 1999, 47).
Essas realidades são múltiplas: o pensar lógico, a vida afetiva-emocional, a arte,
as intenções e os ideais, o amor, a fé e um sem número de outras ‘realidades
intangíveis’. Em linguagem religiosa, poderíamos, com W. James, continuar essa
enumeração: ‘presença de Deus’, ‘sentimento religioso’, ‘reações solenes’, ‘sensação de
irrealidade’, ‘vida como dádiva’, ‘unidade atingida’, ‘excitação soberana’, ‘paz de
espírito’, ‘consciência cósmica’, ‘divisão do eu’, ‘fusão’, etc.
Todas essas experiências e percepções, de uma ou outra forma presentes nas
religiões, caem sob o manto da chamada mente. Sem sombra de dúvida, também,
deve-se dizer que elas se relacionam com o cérebro.”
D’Aquili e Newberg fizeram algumas perguntas para procurarem descrever a
mente mística, dentre as quais:
O que torna algo ‘espiritual’?
Porque as experiências religiosas são tão poderosas?
Como podemos entender a experiência religiosa, desde uma perspectiva
biológica?
Como a mente humana experimenta o ‘sagrado’?
Que mecanismos (sensoriais, emotivos, auto-perceptivos, cognitivos) e que
estruturas biológicas subjazem aos estados místicos e de transe?
Que as experiências religiosas e místicas podem nos dizer sobre a mente e a
realidade?
Tem a religião alguma função na evolução (biológica) da espécie?
Sublinhemos dois aspectos que os autores veem como importantes para se
compreender o que pretendem ao postularem uma "mente mística". Após minuciosa
descrição do funcionamento do cérebro e da mente (que para eles, na prática, acabam
sendo dois nomes para uma só e mesma coisa), eles passam a fundamentar aquele
conceito com dois argumentos. Baseiam-se, primeiro, no fato de as funções exercidas
pelo cérebro/mente levarem, por si mesmas, a experiências de tipo místico,
construídas sobre uma percepção espontânea e natural do maravilhoso que
transcendente. D'Aquili e Newberg descem a pormenores neurofisiológicos 46 de
como isto se dá. Como segundo ponto de partida tentam demonstrar que o cérebro e
a mente têm condições intrínsecas para gerar estados místicos e para nos fazer
vivenciá-los. Assim sendo é válido usar o adjetivo ‘místico’ para caracterizar algo que
a mente/cérebro possibilitam e fazem de fato.
Não é de uma especulação de filósofos e teólogos e sim uma realidade biológica
humana que precisa ser reconhecida em todas as suas reais dimensões e aspectos. Os
autores buscam tornar acessível a compreensão do adjetivo ‘místico’ aposto à palavra
mente, comparando a neurofisiologia à física quântica. No funcionamento do
cérebro/mente dar-se-ia um fenômeno similar que se verifica na física atômica.
Há experimentos que mostram que, dependendo da maneira como é medido,
um elétron parece agir como se fosse simultaneamente uma onda e como se fosse uma
partícula. Não se pode objetivamente dizer que o elétron seja uma partícula, mas
tampouco se pode defini-lo como sendo uma onda. A única coisa que se pode
logicamente deduzir desse experimento é que o elétron só pode ser definido -
simultaneamente -- como onda e como partícula. Isto não é uma contradição nos
termos.
É algo que pode ser verificado em laboratório. Semelhantemente pode-se dizer
da mente e do cérebro que eles não são duas realidades separadas e distintas. São
simultaneamente neurônios e imagens mentais. São sentimentos e produtos do
espírito. São a um só tempo realidade ‘mística’ e realidade ‘material’.”
Quais são algumas das funções cerebrais em estudo na neuroteologia? A função
holística, por exemplo. Essa é a habilidade de perceber conceitos holísticos das coisas
em vez de seus detalhes, como o sentimento de união e de pertencer a Deus. “...o
conhecimento humano da extensão do universo se expandiu, a noção de Deus
incorporou esse senso da totalidade do universo, em expansão.
A função holística leva a contemplar o que de novo alcance do universo os
astrônomos podem encontrar. Deus deve estar lá. Não importa o quanto pequena e
imprevisível seja a partícula subatômica, Deus deve estar lá também.” Outra função a
quantitativa se refere aos processos quantitativos do cérebro que levaram ao
desenvolvimento da matemática, por exemplo. Uma aplicação da função quantitativa
é a ênfase de certos números especiais na tradição religiosa como o 40 e o 7 na tradição
judaica.
As considerações dos processos binários que permitem avaliar dois conceitos
que se opõem, como o bem e o mal, Deus e o homem, nos conduzem à chamada função
binária do cérebro. A função causal é a função com que o cérebro percebe causalidade.
“Quando os processos causais do cérebro são aplicados a toda a realidade, isso força a
pergunta de qual a causa última de tudo.” Outras funções cerebrais importantes para
a neuroteologia são as relacionadas à habilidade de sustentar comportamentos da
vontade e de propósito e à habilidade de orientar o eu no mundo.
Há evidência de que funções de planejamento, coordenação motora e produção
da linguagem acontecem nos lobos frontais que são ativados com meditação ou oração
intensas.
A análise dos estados subjetivos do sujeito nas pesquisas dessa natureza é
dificultosa. Medir tais estados sem perturbá-los é um desafio quase impossível. “É
importante assegurar tanto quanto possível o que a pessoa pensa que está
experienciando. Mas a neuroteologia tende a refinar seus métodos de medição.
Newberg diz que o progresso da neuroteologia dependerá da abertura tanto da
perspectiva científica como da espiritual. Ele aponta objetivos para o desenvolvimento
deste campo: melhorar o entendimento da mente e do cérebro humano; melhorar o
entendimento da religião e da teologia; melhorar a condição humana, particularmente
no contexto da saúde e do bem-estar e melhorar a condição humana, particularmente
no contexto da religião e da espiritualidade.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Quais são as regiões do cérebro relacionadas ao comportamento e às


experiências religiosas? Pode-se ver que as pesquisas apontam uma complexidade de
situações em que as diversas regiões são ativadas ou desativadas durante as
experiências religiosas estudadas.
Uma imensidão de testes e estudos dentro das mais variadas linhas de pesquisa
têm sido aplicados no intento de mapear as zonas cerebrais alteradas com este ou
aquele comportamento tido como religioso. Mas para uma mais concreta compreensão
do comportamento religioso será preciso adentrar ainda mais tanto no campo da
neurociência como no campo da teologia e em outros campos afins.
A própria definição do conceito da experiência religiosa está sendo elaborada.
Noções dos mais vastos campos da ciência e da espiritualidade estão sob as vistas dos
recém-denomináveis neuroteólogos.
Ao se levantar a documentação e os conteúdos de pesquisas recentes na área da
neuroteologia estamos explorando uma infinidade de questões que acredita-se,
poderão trazer significativa contribuição ao desenvolvimento do homem e do que é
ser homem e religioso saudável.
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