Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
2.2. Os pesquisadores dos anos 90, dão ênfase a três temas que
consideram como fundamentais para a elucidação do assunto em questão.
O primeiro é o problema da consciência e do self. Antes de mais
nada é necessário frizar que a questão da consciência é mais ampla que a
do self. O problema da consciência envolve um outro, o de entender
como o cérebro humano, dentro do conjunto orgânico do Sistema
Nervoso Central e do corpo em seu todo, desenvolve as imagens ou
padrões mentais ("mental patterns") de um objeto qualquer.
A palavra "objeto" recobre aqui entidades tão diversificadas
quanto a própria pessoa, um lugar, uma melodia, uma dor de dente, uma
situação de trânsito, uma relação pessoal com uma outra pessoa ou um
valor que pode ser objeto de amor ou de ódio. Por "imagem" deve-se
entender um "padrão mental" , construído desde diferentes modalidades
sensoriais, quais, por exemplo, a imagem de um som, de uma percepção
tátil, de uma sensação de bem-estar. Tais imagens são composta de vários
elementos: as características físicas do objeto, a reação de
prazer/desprazer que ele suscita em nós, os planos e reações que ele
provoca e também as conexões que a consciência estabelece - pela
tríplice via da memória, do sentimento e da razão - entre a imagem
daquele objeto e as de outros que já estão dentro do sujeito. Uma imagem
psíquica nunca é um retrato parado; é, antes, um filme que reúne em
cenas e enredos elementos como o som, a cor, as expressões faciais dos
atores, etc.
O problema que se põe para a neurofisiologia é o de entender
como o cérebro constrói estes padrões (redes e circuitos) neurais e os
transforma em imagens mentais dotadas de sentido e que superam o nível
puramente fisiológico, adquirindo características humanas. Ver o azul do
céu e inebriar-se com sua beleza, por exemplo, é mais do que sentir um
3. A "Neuroteologia": é possível?
NOTAS
[1] Betto, Frei (1995)
[2] Filoramo e Prandi abordam bem a tensão existente entre o "explicar" e o
"compreender" que divide "religionistas" e "naturalistas" Cf. Filoramo, G. e
Prandi, C., (1999, p. 8-ss.)
[3] Cf Barbour, I., 1990.
[4] Cf Almeida, A Ozorio, Criação e destruição, 2001, p. 7
[5] D'Aquili, Eugene e Newberg, Andrew B., 1999, p. 9.
[6] Damásio, António, R., 1998
BIBLIOGRAFIA
ALLBRIGHT, Carol R., Zygon’s Expedition into Neuroscience and Religion,
em: Zygon: Journal of Religion and Science, 1996, vol. 31, N. 4, p. 711 - 727.
ALMEIDA, L. Ozório, Criação e destruição, em: Caderno Mais- Folha de São
Paulo, julho 2001, p. 7
ASHBROOK, James B., Interfacing Religion and Neurosciences: a Review of
twenty-five years, em: Zygon, Journal of Religion and Science, 1996, vol. 31. N.
4, p. 545 - 582.
ASSMANN, Hugo, Reencantar a educação. Rumo à sociedade aprendente,
Petrópolis, Vozes, 1998 (especialmente o capítulo 5 : "Teses sobre a auto-
organização", p. 57 - 67.
BARBOUR, I., Religion in an Age of Science, San Francisco, HarperCollins,
1990
BETTO, Frei, A obra do artista. Uma visão holística do Universo., São Paulo,
Ática, 1995.
BRUNNER, Jerome, Atos de significação, Porto Alegre, Artes Médicas, 1997
CARTER, Rita, Mapping the Mind, California, University of California Press,
1999.
CHURCHLAND, Patricia, Naturphilosophy: Toward a Unified Science of the
Mind-Brain, Cambridge, MIT Press- Bradford Books, 1986