Você está na página 1de 14

FAMILÍA CRISTÃ CONTEMPORÂNEA E SEUS DESAFIOS

Paulo Leno Alves da Silva¹

RESUMO: As famílias estão em crise. Essa crise não começou hoje, mas a muito
tempo. O problema não se trata das famílias estarem passando pela crise ou problemas
de outra natureza, mas o quanto estamos dispostos a aniquilar ou dá um basta no caos da
separação, do abandono, da orfandade, da rejeição etc. “Muitos seres humanos gostam
de digladiar, são especialistas em criticar, mostrar as incoerências, as ineficiências e a
lentidão dos outros, seja seu parceiro, filho ou colaborador” (CURY, 2017). Segundo o
autor em questão, não são apenas as drogas que viciam; apontar falhas e causar atritos,
também. Sua casa e seu trabalho não são um jardim, mas um coliseu onde as pessoas
estão sempre digladiando.

Palavras-chave: Casamento. Família. Inovação.

¹Pedagogo, pós graduando pelo curso de Terapia Familiar, EDUCAMINAS.


INTRODUÇÃO

A família é uma benção do Criador. “O casamento é a instituição mais


completa da Igreja” (ROCHA, 2016). Bentho (2006) diz que “na sociedade hebraica
a família era o âmago da estrutura social”. Para Kostenberger (2015) o “casamento e
família são dádivas de um Deus magnífico”. A família, portanto, foi uma ideia
brilhante do Senhor.
Alguns hebraístas dizem que o hebraico do Antigo Testamento costuma usar
três palavras para família. A primeira delas designa tanto uma “residência”,
“templo”, “lar”, a “parte interior de uma casa”, “casa”, quanto também o conceito de
“família” ou “os moradores de uma mesma casa”. O sentido de habitação é um dos
mais frequentes usos do termo (Ex 12.7; Lv 25.29; Dt 11.20).
Portanto, família para o hebreu designava tanto o vínculo consanguíneo
existente entre um grupo de pessoas em uma mesma casa, quanto ao conjunto de
pessoas ligadas por laços de parentesco. Citando o filósofo Lévi-Strauss, Bentho
(2006) diz que o princípio da família é dado pelo texto da Escritura que diz: “deixará
o varão o seu pai e a sua mãe”, regra infrangível ditada a toda sociedade para que
possa estabelecer-se e durar.

Deus é quem decidiu criar a família. Esta foi formada para ser um
centro de comunhão e cooperação entre os cônjuges. Um núcleo por
meio do qual as bênçãos divinas fluiriam e se espalhariam sobre a
terra (Gn 1.28). Não era parte do projeto célico que o homem vivesse
só, sem ninguém ao seu lado para compartilhar tudo o que era e tudo
o que recebeu da parte de Deus (BENTHO, 2006, p. 24).

Neste sentido, o homem sente-se pessoa não apenas pelo que é, mas também
quando vê o seu reflexo no outro que lhe é semelhante. Portanto, a sentença divina
ecoada nos umbrais eternos expressa o amor e o cuidado celeste para com a vida
afetiva do homem. Para Deus, “não é bom que o homem esteja só”.
O verbo estar, no presente do subjuntivo (esteja), tradução do hebraico,
expressa um estado circunstancial e transitório do ser. A solidão é um agravo à saúde
psicofísica da criatura humana e, por mais esta razão, Deus não deixaria a criatura
feita à sua imagem sem um semelhante para comungar.

¹Pedagogo, pós graduando pelo curso de Terapia Familiar, EDUCAMINAS.


Para Bentho, o próprio Deus não estava solitário na eternidade, mas
partilhava de incomensurável comunhão com o Filho e o Santo Espírito. Deus é um
ser pessoal e sociável às suas criaturas morais. No entanto, contrapondo a natureza
divina à humana, concluímos que o intrínseco relacionamento entre a divindade e o
ente humano dá-se em níveis transcendentais, metafísicos.
Cerca de trezentas e sessenta e sete ocasiões o termo “família” aparece no
Antigo Testamento, cerca de cento e cinquenta e duas aparecem no livro de Números
referindo-se aos descendentes das tribos, isto é, aqueles cujo laço sanguíneo o
relaciona a determinada tribo, família ou clã.
É o caso, por exemplo, de Números 1.2: “Levantai o censo de toda a
congregação dos filhos de Israel, segundo as suas famílias, segundo a casa de seus
pais, contando todos os homens, nominalmente, cabeça por cabeça” (ARA). Diante
disto, percebemos o cuidado de Deus em relação as famílias.
O livro de Cantares tem sido estudado do ponto de vista sumamente espiritual
e todos os seus versículos são aplicados a um relacionamento entre Cristo e a Igreja.
Porém, de acordo com Rocha, o livro de Cantares se aplica originalmente ao
relacionamento entre o marido e a mulher.
Perceba que se Deus reservou um livro exclusivo para o matrimônio, temos
uma linda noção da importância da família ou do casamento.
Todos nós casamos na perspectiva de formar uma família feliz e blindada
contra todos os percalços da vida. Imaginamos que desfilaremos durante toda nossa
jornada de vida sobre pétalas de rosa. Contudo, a vida nem sempre ou quase nunca
sai como idealizamos.
A vida nem sempre acontece como a gente imagina. Muitas vezes, o
casamento não sai como idealizamos, os filhos também geralmente não sai como
acreditamos e também nossa vida sexual. Às vezes na lua de mel as desilusões são
manifestadas de forma atroz.
A família é à base da sociedade. É lá onde tudo começa, e o mais importante,
foi Deus que criou a família. Ora, a família é uma instituição divina (Gn 5.1,2)
estabelecida por Deus desde o inicio da criação. Deus foi o idealizador do
matrimonio a partir de Adão e Eva. Não obstante a isto, a família é formada por pai,
mãe e filho.
“A sociedade é formada de famílias. A igreja local é formada de famílias”
(RENOVATO, 2013, p. 10). Toda sociedade que desvalorizou a família e buscou

¹Pedagogo, pós graduando pelo curso de Terapia Familiar, EDUCAMINAS.


outras formas de relação social substitutivas, corrompeu-se e degenerou-se,
sucumbindo ao longo da História.

CRISE FAMILIAR

As famílias estão em crise. Essa crise não começou hoje, mas a muito tempo.
O problema não se trata das famílias estarem passando pela crise ou problemas de
outra natureza, mas o quanto estamos dispostos a aniquilar ou dá um basta no caos da
separação, do abandono, da orfandade, da rejeição etc.
“Muitos seres humanos gostam de digladiar, são especialistas em criticar,
mostrar as incoerências, as ineficiências e a lentidão dos outros, seja seu parceiro,
filho ou colaborador” (CURY, 2017). Segundo o autor em questão, não são apenas
as drogas que viciam; apontar falhas e causar atritos, também. Sua casa e seu
trabalho não são um jardim, mas um coliseu onde as pessoas estão sempre
digladiando.
Você constrói coliseus em sua casa e em seu trabalho ou é um especialista em
abraçar e desarmar as pessoas? Procura primeiramente conquistar o território da
emoção para só depois adentrar no da razão ou é um trator que passa por cima das
dificuldades dos outros? Infelizmente, muitos casais, pais, professores, executivos,
cometem erros mais graves ao corrigir quem erra do que o erro original em si. São
promotores de conflitos, e não solucionadores pacíficos de problemas.
A crise está instalada na sociedade e o mais impressionante é que o grande
adversário desta crise infelizmente somos nós mesmos. Para Kemp (2012, p. 22,23),
“a maior ameaça não são as filosofia que influenciam a nação, mas o que está dentro
de nós e como reagimos a isso”. Para o autor em tela, o casamento e família estão
ameaçados pela opção de muitos casais que simplesmente vivem juntos. O que antes
era raro, e até escandaloso, hoje se tornou um estilo de vida normal.
A crise na família recua aos tempos mais remotos. No começo da história
humana, Adão culpou Eva pela sua queda. Na família de Adão e Eva floresceu a erva
daninha da inveja e da ira descontrolada, o que levou Caim a matar seu irmão Abel.

O piedoso Noé ficou embriagado e o patriarca Abraão mentiu sobre


sua mulher, para salvar a pele. Isaque acariciava sua esposa dentro
do quarto, mas negava seu relacionamento com ela fora dos portões.

¹Pedagogo, pós graduando pelo curso de Terapia Familiar, EDUCAMINAS.


Jacó enganou a seu pai e a seu irmão Esaú, usando o expediente da
mentira. (LOPES, 2005).

Os filhos do sacerdote Eli cresceram dentro da Casa de Deus, mas eram filhos
de belial. Davi foi um homem de Deus, mas pôs sua vida, sua família e seu reino sob
grande risco para satisfazer seus desejos lascivos.
Ele cometeu adultério, mentiu, matou e colocou uma grossa máscara para
esconder seu pecado. As famílias atualmente enfrentam esses mesmos problemas. Os
tempos mudaram, mas nós não.
Vemos negativamente a repetição comportamental, conjugal e social das
famílias. Percebemos diante desta perspectiva que um “efeito dominó”, onde as
famílias mudam, mas os problemas se repetem revelando um comportamento
hereditário.
O mundo está tristemente doente. A sociedade clama por socorro. Por mais
que não verbalizem seus desejos de mudança, mas seus olhos imploram por um
mundo melhor.
A razão disso tudo é que não aguentando a pressão da crise, muitos opinam
pelo divórcio como fonte salvadora de seus problemas. Todavia, quando o divórcio
acontece, há um desequilíbrio não só familiar, mas emocional, sentimental, social e
espiritual.
Para Lopes (2005), “o divórcio não é uma solução sábia para a crise no
casamento”. Ora, para o autor em apreço, o divórcio tem demonstrado ser mais um
problema do que uma solução, capaz de gerar mais sofrimento e frustração.
Muitos filhos diante de um divórcio perdem o sentido da vida. Entram em
crise de identidade, crescem vulneráveis, sem referência e inaptos a triunfarem na
vida. Disto isto, declaro que o divórcio é mais perigoso e impiedoso que permanecer
casado.

Durante todo esse tempo tenho testificado as tristes e dramáticas


consequências do divórcio na família, tanto para os filhos como para
os cônjuges. Para alguns filhos, o efeito do divórcio é mais
devastador do que a dor do luto pelos pais (LOPES, 2005).

¹Pedagogo, pós graduando pelo curso de Terapia Familiar, EDUCAMINAS.


De acordo com Lopes, para muitos, a ferida provocada pelo divórcio dos pais
jamais se cicatriza, transformando-se num trauma que eles carregam no peito por
toda a vida, afetando outras gerações. O divórcio atinge mais os filhos do que os
cônjuges. O divórcio produz lágrimas e sofrimento. Ele quebra vínculos e separa o
que Deus uniu.
O número de pessoas divorciadas cresce a cada dia dentro das congregações
evangélicas. Há também muitos líderes religiosos se divorciando.

O PAPEL DA IGREJA

A igreja deveria ser uma agência transformadora onde realizariam trabalhos


sólidos nas famílias, para que estas cresçam saudavelmente. A família é tão
importante que ela veio antes da Igreja, apesar dela ser a igreja.
Ora, sempre que uma Igreja realiza sua obra positivamente, ela fortalece as
famílias que a compõem, e elas atuam como fator de estabilidade da sociedade,
“Quando a Igreja falha em sua função de ensinar, tanto a família como a sociedade
sofrem as consequências disso” (IBADEP, 2006).
As famílias mais felizes são aquelas pelo qual as igrejas ensinam
assiduamente princípios bíblicos a respeito de casamentos bem sucedidos. Lares
instruídos produzirão filhos aptos para tornarem um mundo melhor.
É bem verdade que o lar e a Igreja não “são instituições situadas em campos
opostos, mas, sim, instituições que se sustentam mutuamente” (GONÇAVES, 2005,
p. 119). Por este ângulo, se não fosse pela Igreja, os humanistas de nossos dias - com
suas doutrinas de que não existem valores absolutos e de que cada indivíduo deve
fazer o que tem vontade - já teriam destruído nossa cultura.

A FAMÍLIA E AS FINANÇAS

Depois de casados, é interessante os cônjuges entender que não poderão fazer


dívidas que ponham todos do lar em risco. Por isso, se possível, procure comprar
tudo a vista.
Se comprar a prazo deve ser avaliado de acordo com o orçamento da família
para não se comprometer numa dívida que não poderá pagar. Sempre é bom resistir a
compras supérfluas que muitas vezes é feito no calor do momento. “O segredo nem

¹Pedagogo, pós graduando pelo curso de Terapia Familiar, EDUCAMINAS.


sempre está no quanto você ganha, mas em como você administra” (GONÇALVES,
2005, p. 81).
Tanto homens quanto mulheres devem ser bem prudentes com as contas, pois
não pega bem para um casal de cristãos fazerem dívidas que não podem quitar.
“A mulher sensata vive de acordo com o orçamento familiar. O descontrole
financeiro é um grande drama para muitos casais” (LOPES, 2005). Ora, gastar mais
do que se ganha é uma atitude inconsequente. Gastar tudo o que se ganha é uma
atitude tola. Precisamos aprender a viver dentro do orçamento, fugir do consumismo,
investir naquilo que tem valor, poupar e fazer uma reserva para o futuro.
Precisamos aprender a investir em ativos e não em passivos. Precisamos
aprender a investir naquilo que gera riqueza e não em coisas que trarão mais
despesas.
Os casados devem agora administrar conjuntamente os bens. Pois o dinheiro
traz problemas em dois momentos, ou seja, quando temos e quando não temos. Para
Lopes (2015), alguns casamentos terminam pela falta de dinheiro, e outros pelo
excesso.
Muitos casamentos chegam ao fim porque os cônjuges não sabem lidar com
as tensões que o dinheiro produz. O dinheiro não é uma coisa neutra. Ele é um
espírito, ele é Mamom. O dinheiro é o deus mais adorado deste século, o maior
senhor de escravos do mundo.

O PAPEL DO MARIDO

Deus fez o homem para governar. Sua liderança foi autenticada pelo Criador.
Por isso deve liderar com maestria, inspiração e amor. Ele é o cabeça do lar e deve
faz jus disto.
O homem tem por característica a valorização da competência, doo poder, por
isso, é que quanto mais as mulheres o afirmam quanto a sua masculinidade, mais ele
será produtivo na perspectiva familiar.
O marido deve ser um líder presente e participativo nas lidas domésticas.
Deve dar mais atenção à sua mulher do que ao trabalho e aos amigos (LOPES, 2005).
O cônjuge vem antes dos próprios filhos. O líder deve ser um encorajador. O marido
deve cercar a sua esposa de carinho e afeto e ser um bálsamo para o seu coração. Ele

¹Pedagogo, pós graduando pelo curso de Terapia Familiar, EDUCAMINAS.


deve recebê-la como presente de Deus, como expressão da benevolência do Senhor,
digna dos seus maiores elogios e investimentos.
Um líder para Myles Munroe, deve administrar bem a sua família e cuidar
para que seus filhos lhe obedeçam com o devido respeito. Um bom líder deve se
apaixonar não pelo dinheiro, mas pela sua família. A liderança tem sido muitas
vezes perdida por causa do fracasso nesta área. Para um líder, a família não deve ser
sacrificada por qualquer coisa.
J. Osvald Sanders diz acerca da família que o lar é o teste da verdadeira
qualificação de liderança. Se um homem não teve sucesso em executar uma
disciplina feliz e benevolente no seu próprio lar, como pode ele fazer melhor numa
organização ou igreja familiar?
A implicação óbvia é que enquanto cuida dos interesses da organização,
igreja ou ministério, um verdadeiro líder não negligenciará a família, que é a sua
primeira e principal responsabilidade. Na economia de Deus, o encargo de uma
responsabilidade divina jamais pode envolver a negligência de outra.
Quando a liderança do marido é fraca, terá grandes chances de terem filhos
fracos que terão que enfrentar uma sociedade complicada. O marido tem o papel de
o provedor bem com protetor da família (Mc 3.27), posição esta outorgada pelo
Criador (IP e 3.7).
No lar é o responsável pela família. A ele pertence o lugar de líder. O marido
é a cabeça da mulher (IBADEP, 2006). Isto não significa ser um ditador e sim
exercer uma posição de liderança na família. Ele foi criado primeiro (l Tm 2.13, 14).
O marido deve ser um agente que cria possibilidades para o sucesso da esposa
bem como dos filhos. Ele deve ser um exemplo digno de imitado. Maridos
controladores e rudes são um verdadeiro caos para as famílias modernas. Maridos
opressivos são uma verdadeira tragédia no desenvolvimento do caráter dos filhos.
O controle é a maneira incoerente de dominar uma mulher. O casal de
escritores Davi Titus e Larry Titus (2013, p. 31) diz:

Os controladores são brutos, arrogantes, opressivos, estúpidos,


imprudentes, desbocados, durões, miseráveis, sem esperanças,
grossos, hominídeos sem pelos e menos corajosos que uma mosca.
Os homens nessa categoria acreditam que a única maneira de manter
o domínio sobre as esposas é controlando-as e reprimindo-as.

¹Pedagogo, pós graduando pelo curso de Terapia Familiar, EDUCAMINAS.


Esposas de maridos com essas características, com o passar dos anos, sua
fisionomia será um verdadeiro caudal de amargura. O sorriso já não se destaca em
seu rosto, vive uma vida lenta, triste e calada. Seu jeito amoroso tornar-se-á turva até
que tristemente desapareça.
Para Titus e Titus (2013, p. 31), os controladores lideram com “ira,
intimidação, manipulação, repressão e força. Sim, eles lideram; mas essa liderança é
negativa e destrutiva.”
Ora, as mulheres não devem ser submissa por medo, mas por respeito,
contudo, uma mulher que vive oprimida ou manipulada, jamais respeitará o marido,
pois tudo o que ela faz é por medo.
Homens controladores são os verdadeiros carrascos das esposas. Eles
transformam suas lindas esposas “em serviçais, bajuladoras, pessoas retraídas, com
medo das trevas (e) escrava de um marido brutal.” (TITUS, TITUS, 2013, p. 31).
Homens toscos e controladores tem grande chance de representar o Diabo,
mas não Jesus que é amoroso e inspirador. Homens, o seu chamado não é para
controlar sua esposa, mas para liberá-la. Libere-a para que seja tudo que Deus a criou
para ser. Não tenha medo de que ela se torne melhor que vocês. Mas louvem a Deus
se ela vier a ser.
Não se preocupem se ela ganhar mais atenção e notoriedade que vocês;
louvem a Deus se ela o conseguir. Não tenha medo de que sua esposa ganhe mais
dinheiro que vocês, mas louvem a Deus pelas Suas bênçãos na vida do casal!
Sempre que a esposa se destaca, automaticamente trará honra para o marido.
A esposa e o reflexo do marido. Ela é aquilo que ele investiu e acreditou.
Ela brilha, porque o marido brilha, ela triunfa porque o marido foi o causador
deste sucesso. Titus diz que se quiser saber de verdade de que forma o marido é
como homem, olhe para o espelho que está no rosto da esposa. Isso lhe dirá muitas
coisas.
Muitos homens tem abdicado seu papel de líder na família. Por este motivo
muitas mulheres têm feito com que muitas mulheres agir como líderes no contexto
familiar. Diante desta perspectiva a mulher vem ganhando seu espaço não somente
dentro do lar, mas também nos negócios.
Outro fator é que muitos homens estão ausentes do lar e por esta razão a
mulher está cada vez mais assumindo a liderança na criação de filhos. Diante desta

¹Pedagogo, pós graduando pelo curso de Terapia Familiar, EDUCAMINAS.


perspectiva, os filhos ficam sem liderança espiritual do pai (Ef 6.4; Dt 6.1-9; Sl 78.1-
4). Ora, liderança ausente é uma liderança fraca. Logo as crianças já não terão o
devido respeito com os pais.
É tão sério a ausência dos pais na vida dos filhos e principalmente na
educação que esta figura raramente é encontrada no meio educacional. Isto posto, o
desempenho da mulher no lar e na sociedade por causa da omissão masculina tem
revelado sua desenvoltura no mercado de trabalho.
Não podemos concordar com a discriminação entre os sexos. “Ambos,
homem e mulher, devem ter os mesmos direitos, privilégios e responsabilidades”
(LOPES, 2005). Para o autor em tela, a questão básica é o papel que cada um deve
exercer dentro do lar. A liderança masculina não é uma questão de superioridade,
nem a submissão da mulher uma questão de inferioridade. Foi Deus quem colocou o
homem como cabeça, e isso não significa que ele é mais importante nem que deve
agir como um tirano.
Para Lopes a sábia e amorosa liderança masculina é fundamental para a
estabilidade emocional da família. A mulher que tenta dominar o marido está na
contramão da vontade de Deus. Ela acaba desprezando o marido a quem domina,
deixando-o frustrado e seus filhos inseguros.

O PAPEL DA ESPOSA

A esposa atual tem realizado um múltiplo papel na família. Ela é mãe, esposa,
amiga, companheira, ela exerce o trabalho externo bem como o interno que é dentro
da família. Cuida dos filhos do marido, dos afazeres domésticos, dos trabalhos na
igreja enfim.
É extremamente difícil ser mulher no século 21. Por todo o mundo, mulheres
enfrentam o dilema da identidade. Muitas lutam para descobrir quem são e que
posição devem ocupar na família, na comunidade e no mundo. Myles Munroe
ratifica que, enquanto as expectativas e papéis das mulheres mudam em algumas
nações, muitos homens conservam suas opiniões sobre o lugar delas e desejam
impor-lhes padrões de comportamento.
“A mulher sábia edifica a sua casa (Pv 14.1) e transforma o seu lar em um
lugar aconchegante” (LOPES, 2005). Para Lopes, a mulher sábia não deixa o

¹Pedagogo, pós graduando pelo curso de Terapia Familiar, EDUCAMINAS.


casamento cair na rotina. Emprega sua inteligência, sensibilidade e criatividade para
enriquecer o relacionamento.
Na verdade, a mulher sábia é uma alavanca na vida do marido, empurrando-o
sempre para a frente. Ela honra, encoraja e promove o marido. Além disso, ela é
aliviadora de tensões, é bálsamo que refrigera, orvalho fresco que renova o vigor e
sábia conselheira. Sua língua é remédio que traz cura. Seu amor é cheio de ternura,
suas atitudes são nobres, seu caráter impoluto, sua maior beleza é sua piedade.
Contudo, há muitas mulheres mesmo no contexto cristão que estão omitindo
sua função de dona do lar, mulher virtuosa, de mãe digna de ser imitada pelos filhos.
Nossa sociedade clama por mulher virtuosa que arregaçam as mangas e lutam por
sua família e não abre mão de ver seus filhos e maridos triunfarem.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O divórcio não foi um propósito de Deus, mas o casamento foi Deus que o
criou e o divórcio resulta da dureza do coração do homem. O casamento é fruto do
coração amoroso de Deus. O divórcio é fruto do coração endurecido do homem. “A
Bíblia fala do divórcio, mas não o apoia” (GONÇALVES, 2016, p. 66).
O divórcio revela covardia e orgulho por ambas as partes e a quebra de
aliança que os noivos fizeram diante do altar. Lutar em conjunto é a melhor maneira
para manter intacta aquilo que Deus uniu.
Portanto, o casamento foi instituído por Deus, o divórcio não. O casamento é
ordenado por Deus, o divórcio não. O casamento agrada a Deus, o divórcio não, ao
contrário, Deus odeia o divórcio. “Deus permite o divórcio, mas jamais o ordena. Ele
jamais foi o ideal de Deus para a família” (LOPES, 2005).
A dureza de coração é manifesta na indisposição de obedecer a Deus e de
perdoar um ao outro. Onde não há perdão não há casamento. Onde a porta se fecha
para o perdão, abre-se uma avenida para a amargura, e o destino final dessa viagem é
o divórcio (LOPES, 2005). O divórcio acontece não por determinação divina, mas
por causa da dureza dos corações. Divórcio não é uma ordenança divina. Ele não é
compulsório nem mesmo nos casos de adultério. O perdão e a restauração são
sempre preferíveis ao divórcio.
John Stott (1993), argumenta que Jesus não ensinou que a parte inocente
devia divorciar-se do cônjuge infiel, mesmo tendo base legal para o divórcio. Para

¹Pedagogo, pós graduando pelo curso de Terapia Familiar, EDUCAMINAS.


Stott, Jesus nem mesmo encorajou ou recomendou o divórcio por infidelidade. O que
Jesus enfatizou é que o único divórcio e novo casamento que não equivalia ao
adultério era o da parte inocente, cujo cônjuge fora infiel. Assim, o propósito de
Jesus não era encorajar o divórcio por esta razão, mas desencorajá-lo por qualquer
outra razão.
O divórcio só é tolerado nos casos de relações sexuais ilícitas (Mt 19.9) e
abandono irremediável (1 Co 7.15) (LOPES, 2005). Além dessas únicas cláusulas
exceptivas estabelecidas pelas Escrituras, o divórcio e o novo casamento constituem-
se em adultério. Obviamente, se os laços do primeiro casamento não forem
legitimamente desfeitos, uma nova união implicará em adultério.
No divórcio quem perde são as crianças. A separação é um assalto ao direito
dos filhos a desenvolverem com a presença mutua dos pais. O divórcio é um abuso
emocional, é não se importar com as consequências na vida dos filhos por causa do
divórcio.
Apenas uma em cada dez crianças sente-se aliviada com o divórcio dos pais.
No divórcio, as crianças perdem algo fundamental para o seu desenvolvimento: a
estrutura familiar.

¹Pedagogo, pós graduando pelo curso de Terapia Familiar, EDUCAMINAS.


REFERÊNCIAS
BENTHO, Esdras Costa – A família no Antigo Testamento – Rio de Janeiro,
CPAD, 2006.
CHAPMAN, Gary D. - Como reinventar o casamento quando os filhos nascem -
1. ed. - São Paulo: Mundo Cristão, 2011.

CURY, Augusto - regras de ouro para educar filhos e alunos - 1. ed. – São Paulo;
Planeta, 2017.
CURY, Augusto - Ansiedade 3: ciúme – 1.ed. – São Paulo: Benvirá, 2017.
GONÇALVES, Josué – 21 Dicas para ser um pai ideal, 1ª ed. SP; Mensagem para
todos, 2016.
_____Josué - 37 qualidades do líder que ninguém esquece. 2004.
_____Josué – 23 Atitudes para revolucionar seu casamento, Rio de Janeiro, 2005.
_____Josué - 5 Segredos das Mulheres Felizes No Casamento, Editora Mensagem
para todos, 2010.
_____Josué – A história de nós dois – Editora Mensagem para todos – 2016.
IBADEP – Família Cristã - Instituto Bíblico das Igrejas Evangélicas Assembleias
de Deus do Estado do Paraná – 2006.
KLINJEY, Rossandro – Help! Me eduque: prepare seu filho para lidar com o
mundo – Editora Intelítera; 1ª ed. 2017.
KEMP, Jaime - Pai inteligente influencia o filho adolescente – Se você não fizer,
alguém o fará! - Rio de Janeiro; Graça, 2013.
LEMAN, Kevin - Direto ao ponto: sexo e intimidade no casamento; 1. ed. - São
Paulo, Mundo Cristão, 2016.
LEMAN, Kevin - É seu filho, não um hamster — São Paulo: Mundo Cristão, 2012.
LOPES, Hernandes Dias Lopes – Casamento, divórcio e novo casamento – São
Paulo, SP; Hagnos, 2005.
LOPES, Hernandes Dias Lopes – Casados e felizes – São Paulo, SP; Hagnos, 2005.
POLI, Cris - Pais admiráveis educam pelo exemplo - 1ª ed. – SP; Mundo Cristão,
2013.
ROCHA, Aldery Nelson – Entre o repúdio e o divórcio – VDN; 2016.
RENOVATO, Elinaldo – A família Cristã e os ataques do inimigo – Rio de
Janeiro, CPAD, 2013.

¹Pedagogo, pós graduando pelo curso de Terapia Familiar, EDUCAMINAS.


STOTT, John - Grandes Questões sobre Sexo. Niteroi, Rio de Janeiro. Vinde
Comunicações, 1993.
SIRINO, Angela – Amor é alimento e Sexo é tempero – Editora Auto da fé; 2018.
TITUS, Dave; Titus, Larry – Ele diz, Ela diz – Central Gospel, Rio de Janeiro –
2013.

¹Pedagogo, pós graduando pelo curso de Terapia Familiar, EDUCAMINAS.

Você também pode gostar