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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO -

UFPE

CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS - CCJ

FACULDADE DE DIREITO DO RECIFE - FDR

Direito Civil 6 - Atividade 3

Recife, 22 de Fevereiro de 2021.

Diogo Souto
Professor: Sílvio Romero Beltrão

Disciplina: Direito Civil 6

Aluno: Diogo Conrado de Carvalho Souto

Matrícula: 102.640.374-05

Recife, 22 de Fevereiro de 2021.


Questão 01: Para a renúncia abdicativa é necessária a outorga do Cônjuge?
Explique as duas teorias a respeito da questão.

Inicialmente, é necessário lembrar que o art. 1.647 do Código Civil de 2002 é o


dispositivo legal que trata dos atos para os quais se exige a autorização (outorga).
Conforme tal preceito, ressalvado o disposto no art. 1.648, nenhum dos cônjuges
pode, sem autorização do outro, exceto no regime da separação absoluta: I – alienar
ou gravar de ônus real os bens imóveis; II – pleitear, como autor ou réu, acerca
desses bens ou direitos; III – prestar fiança ou aval; IV – fazer doação, não sendo
remuneratória, de bens comuns, ou dos que possam integrar futura meação”.

Como se vê, apenas no caso do regime da separação convencional — também


chamada de total ou absoluta — é que não se exige a autorização, para os atos de
que trata o art. 1.647. Em um primeiro momento, parece não ser necessária a outorga
conjugal para a renúncia da herança. Isso porque tal ato não consta no rol taxativo do
art. 1.647.

Não obstante, não podemos nos esquecer de que o objeto do ato de renúncia é
o direito à sucessão aberta, o qual, conforme o art. 80, II do Código Civil, considera-se,
para efeitos legais, um bem imóvel.

Ademais, é necessário lembrar que, conforme o art. 1.784 do Código, a


herança transmite-se aos sucessores do falecido no exato momento da abertura da
sucessão — lei, princípio ou droit de saisine.

Logo, não se pode negar que o ato de renúncia implica uma alienação, vez que
o que fora por lei atribuído ao renunciante deixará de a ele pertencer. E, tendo tal
alienação por objeto um bem imóvel — o direito à sucessão aberta —, inescapável a
conclusão no sentido de ser necessária a autorização do cônjuge, por aplicação do art.
1.647, I, salvo se o regime de bens do casamento for o da separação convencional.

Questão 02:

O que é renúncia translativa? Existe na legislação esse tipo de renúncia? Qual a


sua natureza jurídica?

Na renúncia translativa, o herdeiro renuncia ao direito em favor de outrem. É o


caso, por exemplo, de um herdeiro que renuncia à herança em favor de um dos
irmãos, que vive em piores condições financeiras.

Entende-se que essa espécie não é renúncia, mas sim uma cessão de direitos,
pois necessita da aceitação do beneficiado para se aperfeiçoar, é a rigor uma cessão
de direito hereditário a título gratuito. A relevância prática do caso está na incidência
ou não do Imposto sobre Transmissão Causa Mortis ou Doação (ITCMD). Isso porque
entende-se que a renúncia translativa é uma espécie de doação, incidindo, portanto, o
ITCMD sobre a “doação”.

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