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A política de Desenvolvimento Regional de Celso Furtado para o Nordeste: revisão

integrativa de literatura

Celso Furtado's Regional Development policy for the Northeast: an integrative


literature review

Política de desarrollo regional de Celso Furtado para el noreste: una revisión


integradora de la literatura

Geórgia Martins Pereira1


Dra.Larissa da Silva Ferreira2
Dra.Themis Cristina3

RESUMO

A produção intelectual de Celso Furtado sobre a temática do desenvolvimento regional


do Nordeste é bastante referenciada por muitos autores bem como seus estudos foram
muito relevantes na elaboração de políticas públicas que objetivasse o desenvolvimento
regional, por tal, se faz necessário a permanente revisitação de seus postulados teórico-
metodológicos num mundo que ainda não conseguiu criar mecanismos de superação das
desigualdades socioespaciais. Nesse presente estudo, objetivamos analisar a produção
científica disponível em bases de dados internacionais e nacionais sobre o conceito de
desenvolvimento regional em Celso Furtado. Para tanto, optou-se pela utilização do
método histórico de análise, na medida em que traçamos um roteiro construído ao
decurso do tempo na evolução do conceito de desenvolvimento regional. Como
procedimentos metodológicos, utilizamos a revisão integrativa de literatura, enquanto
procedimental que busca definir descritores, ela integra opiniões, conceitos e ideias
sobre um tema de pesquisa utilizando a análise de um tema já pesquisado.O estudo
indicou que....O principal resultado do estudo indica que os trabalhos que discutem os descritores
pesquisados, são de cunho longitudinal e contribuem para identificar e aplicar o conceito de
desenvolvimento regional em políticas públicas setoriais sobre desenvolvimento. Acredito que esse não
é a principal reflexão do estudo. Quem mais o cita?

1
Mestranda do Programa de Pós-graduação em Planejamento e Dinâmicas Territoriais no Semiárido
(PLANDITES), Campus de Pau do Ferros (CAPF), da Universidade do Estado do Rio Grnade do Norte
(UERN).
2
.....
3
.....
Como o desenvolvimento regional em Celso Furtado baseia demais perspectivas?

Mensurável sua importância na literatura nacional e internacional?

Qual sua principal reflexão enquanto pesquisadora?

Palavras-chave: Celso Furtado. Política de desenvolvimento. Semiárido.

ABSTRACT

The importance of Celso Furtado in regional development in the Northeastern Semi-


Arid is studied and referred to by many authors, with increasing scientific production on
the subject. The review of this literature is important to identify scientific concepts
based on social analysis of the Northeast Region Development. Thus, the objective of
this article was to analyze the scientific production available in international and
national databases on the concept of regional development by Celso Furtado, as a way
to verify the volume of production and identify the focus of study of the articles. For
that, integrative literature review was used as the main research method and non-
integrative literature review as a secondary method. The main result of the study
indicates that the works that discuss the researched descriptors are longitudinal and
contribute to identify and apply the concept of regional development in sectorial public
policies on development

Keywords: Celso Furtado. Development policy. Semiarid.

RESUMEN

La importancia de Celso Furtado en el desarrollo regional del Semiárido Nororiental es


estudiada y citada por numerosos autores, con una producción científica creciente al
respecto. La revisión de esta literatura es importante para identificar conceptos
científicos basados en el análisis social del Desarrollo de la Región Nordeste. Así, el
objetivo de este artículo fue analizar la producción científica disponible en bases de
datos internacionales y nacionales sobre el concepto de desarrollo regional de Celso
Furtado, como una forma de verificar el volumen de producción e identificar el foco de
estudio de los artículos. Para ello, se utilizó la revisión integradora de la literatura como
método de investigación principal y la revisión de la literatura no integradora como
método secundario. El principal resultado del estudio indica que los trabajos que
discuten los descriptores investigados son longitudinales y contribuyen a identificar y
aplicar el concepto de desarrollo regional en las políticas públicas sectoriales de
desarrollo.

Palabras clave: Celso Furtado. Política de desarrollo. Semiárido.

1 INTRODUÇÃO

O conceito de desenvolvimento tornou-se inter/pluri/multidisciplinar à


medida que a dinâmica social avançou. Hoje, não é possível discutir desenvolvimento,
em seu aspecto mais amplo, apenas no campo da economia, as contingências e conexões
com a história, a geografia, o direito, o planejamento urbano, regional e entre diversos
outros campos do saber, são fundamentais para uma leitura realística.
A amplitude dos estudos sobre desenvolvimento regional tornou-se ampla à
medida que a história fez suas transformações na humanidade e nas sociedades. O que
no início estava apenas relacionado a economia foi abraçando por outros setores como o
social e o ecológico, assim considerando esses aspectos, o conceito de desenvolvimento
econômico tornou-se amplo.
No Brasil, ocorreram grandes mudanças voltadas a concepção de
desenvolvimento, iniciadas com uma política de substituição de importação com
Getúlio Vargas4 sequenciando com a política desenvolvida pela Comissão Econômica
para a América Latina (CEPAL) 5 e intensificadas no governo de Juscelino Kubitschek,
processo o qual desenvolveu uma política industrial concentrada na região Sul e
Sudeste fato que aumento as disparidades regionais em especial na região Nordeste
(Sousa e Fonseca, 2010).
Na CEPAL o economista Celso Furtado inicia seus estudos sobre
desenvolvimento e subdesenvolvimento e passa a se posicionar na antítese de
combatente da seca, onde apresenta elementos que contradiz toda política de
industrialização defendida pelos governos da época. Segundo Bacelar (2001), Celso

4
Para criara uma política de substituição de importação, Getúlio aumentou o valor dos impostos sobre
importação e queimou o excedente de café que havia comprado dos produtores, tal política
caracterizou a industrialização nacional voltada com maior intensidade para o mercado interno.
5
Intensificação de exportação de produtos primários, bens de consumo não duráveis; bens de consumos
duráveis, bens intermediários e bens de capita.
Furado trouxe um conceito desafiador de desenvolvimento que enfrentava interesses
econômicos dependentes da exploração hídrica.
Cano (2020) destaca que Furtado foi pioneiro em descrever um processo de
desenvolvimento para Nordeste, região reconhecida como improdutiva em decorrência
da seca, o autor descreve que Furtado desmistifica que a falta de desenvolvimento do
Nordeste fosse a falta de água e que tal fato era consequência da forma como a região
foi ocupada com a concentração de terras nas mãos da oligarquia nordestina e
consequentemente a má distribuição de renda, a proposta era uma redistribuição da
terra, uma reforma agrária conjugada com projetos de irrigação.
Tavares (2010) descreve a importância dos estudos de Furtado durante sua
permanência na Comissão Econômica para América Latina (CEPAL) e a contribuição
deles sobre a formação econômica do Brasil, onde ele descreve as reais problemáticas
que atingiam o Nordeste e apresentar soluções que atenderia as necessidades de
desenvolvimento para região, através de soluções ecológicas que combatessem as
soluções momentaneamente hidráulicas.
Diante desse cenário em que viveu o Nordeste e da contribuição de Celso
Furtado para desenvolver uma nova perspectiva e conceitos sobre o desenvolvimento
regional, questiona-se: quais as principais produções científicas disponíveis que
analisam o conceito de desenvolvimento regional de Celso Furtado em um recorte na
região Nordeste?
Para traçar possíveis respostas ao questionamento, o presente artigo
objetivou analisar as principais produções científicas disponíveis em bases de dados
internacionais e nacionais sobre o conceito de desenvolvimento regional de Celso
Furtado.
Para tanto, aplicou-se a revisão integrativa de literatura como principal
método de pesquisa e a revisão não integrativa de literatura como método secundário, a
escolha do método integrativo possibilitou, entre outras coisas, analisar o volume da
produção científica a respeito de Celso Furtado; identificar, a partir da literatura, os
principais conceitos Furtadianos sobre desenvolvimento regional e identificar o eixo de
estudo do material analisado.
Estruturalmente, o presente artigo apresenta, além desta introdução, a seção
dois: A Construção do desenvolvimento regional: teoria e ação. O qual busca traçar o
embasamento dos principais postulados teóricos sobre os estudos de Celso Furtado, já
na seção três: Caminhos Metodológicos, foi feita uma rigorosa descrição da
metodologia empregada na revisão integrativa, destacando os protocolos de pesquisa
suas respectivas fases; na quarta seção: Deliberações sobre as analises de Celso Furtado,
buscou-se analisar as referencias mais relevantes sobre os estudos de Furtado e o
quantitativo sobre os estudos voltados a região Nordeste feita pelo autor e por último,
são feitas algumas considerações conclusivas seguido das referências bibliográficas.

2 A CONSTRUÇÃO DO DESENVOLVIMENTO REGIONAL: TEORIA E AÇÃO.

Durante décadas o conceito de desenvolvimento regional no Brasil esteve


diretamente relacionado à industrialização, principalmente no período progressista em
Juscelino Kubitschek foi presidente brasileiro, no período do regime militar e no
neoliberalismo.
No Nordeste a produção de subsistência e a seca fez com que a região fosse
ignorada pelo Estado durante um longo período, as políticas criadas eram meramente de
interesse das oligarquias locais para perpetuar a dominação política das famílias
poderosas, situação decorrente do período colonial e escravista (CANO,2020).
Os estudos de Celso Furtado surgem com relevância quando busca
compreender o conceito para além da questão da industrialização, até então tão
defendida pelos governos da época, conjugando crescimento econômico e o
desenvolvimento em suas diversas faces (social, urbano, educacional, cultural).
Na busca de encontrar soluções que direcionem soluções para o
desenvolvimento, diversos autores apresentam concepções sobre o tema seguindo a
linha de Celso Furtado os quais viam no desenvolvimento regional uma construção de
ações do Estado para sanar situações de defasagem econômica e social.
O conceito e análise sobre desenvolvimento regional são contextualizados
por diversos autores, Tavares (2020), evidencia que o desenvolvimento está inerente a
acumulação de capital e fruto da produção decorrente do esforço do trabalhador.
Em Diniz (2009), o autor ratifica que os avanços da União Europeia
remodelaram a concepção de desenvolvimento regional, de modo que sem diferenças
políticas e estruturais seria possível alcançar o desenvolvimento regional.
A afirmação de que o desenvolvimento regional deve estar mais voltado
para o bem-estar social do que a preocupação com o consumo é encontrado em
Bellingieri (2017), o autor deixa claro sua preocupação com as mazelas sociais que
podem decorrer de uma política desenvolvimentista que não seja associada a soluções
que não busque eliminar situações como geração de renda e crescimento social.
O próprio Furtado (1966) é contundente ao afirmar que o desenvolvimento
não poderia está relacionado apenas a indústria e a bens de consumo, deve está atrelado
a boa remuneração da mão de obra e as diferenças regionais e sociais.
A abrangência da evolução das obras de Furtado no decorrer do tempo é
feita por Heller e D’Arbo (2012), momento em que os autores fazem uma análise
evolutiva das obras, iniciando pela “Teoria do desenvolvimento na ciência econômica”
considera por eles uma crítica aos pensadores econômicos associadas a produtividade
social e do trabalho por unidade de tempo. Furtado inicia seus estudos analisando as
teorias econômicas em relação a evolução histórica da renda e do consumo e a
acumulação de capital.
Essa análise inicial de Furtado segundo Heller e D’Arbo (2012), rendeu o
primeiro capítulo da obra “Desenvolvimento e Subdesenvolvimento” o qual Furtado
inicia fazendo uma análise dos clássicos ingleses e uma seção dedicada a análise de Karl
Marx, através de seus estudos sobre a relação de produção e o trabalho.
Veriano &Mourão (2011) identificam a obra “Desenvolvimento e
Subdesenvolvimento como o ponto de partida para Furtado ampliar seus estudos sobre
uma definição efetiva sobre o tema considerando que o desenvolvimento é uma relação
integrada social, cultural e de produção e o subdesenvolvimento seria um subproduto do
desenvolvimento capitalista atrelado a industrialização.
Nesse aspecto, Diniz (2009), faz uma análise de como Furtado iniciou seu
conceito sobre desenvolvimento regional, fundamentado pela necessidade de conhecer a
história brasileira e a sua condição estrutural para, em um segundo momento,
aprofundar seus estudos em subdesenvolvimento.
Na analise de Heller e D’Arbo (2012), furtado encontra na teoria
Keynesiana6 o ponto de partida para desenvolver seus estudos sobre desenvolvimento,
apesar de criticar o fato de John Maynard Keynes não considerar a longo prazo o
crescimento da população nos fatores que influenciariam a produção e o
desenvolvimento.
Diniz (2009) observa a falta uma análise do processo de desenvolvimento
no mundo destacando que foi na antiga União Soviética onde surgiram os primeiros

6
Keynes defendia a participação do Estado como elemento fundamental do desenvolvimento econômico,
fornecendo condições sociais para as condições mínimas de sobrevivência da sociedade.
sinais de planejamento regional com um plano de eletrificação nacional, em seguida o
autor faz uma breve narrativa sobre o contexto da crise de 1929, momento em que a
política de Keynes intensifica-se e surge a necessidade das nações de reinventarem suas
economias o que fez muitas delas adotarem a política Keynesiana.
Na sua obra “Teoria Política do Desenvolvimento Econômico”, Furtado
(1966) descreve o subdesenvolvimento como um processo histórico das nações e não
necessariamente um degrau equacionado para alcançar o desenvolvimento. O autor faz
uma relação com a mão de obra empregada pelo capitalismo, sua remuneração e a
região em que foi empregada. Nessa lógica, as empresas que se instalam em regiões
subdesenvolvidas não estão enraízas localmente, e buscam tão somente mão de obra
barata e o lucro é reinvestido na sua matriz de origem, o que contribui para o
subdesenvolvimento dessa região (Furtado, 1966).
Em a “Teoria Política do Desenvolvimento Economico” Furtado, segundo
Heller e D’Arbo (2012), faz um estudo do mecanismo do desenvolvimento partindo da
percepção de que a má distribuição de renda decorrente do pouco excedente para
atender a população reduz a capacidade produtiva e limita o processo de
desenvolvimento.
Nesse mesmo sentido, Bacelar (2001) descreve que foi no período em que
esteve na chefia do departamento de desenvolvimento da CEPAL7 que Furtado
aprofundou seus estudos sobre as consequências do subdesenvolvimento na América
Latina e, especialmente, no Brasil. Os referidos estudos foram fundamentais para o
avanço e construção do plano de metas de governo Juscelino Kubitschek.
O olhar de Furtado, para além da industrialização, per si, em um período em
que todos os esforços públicos eram destinados para este fim, foi primordial para alertar
que a política comercial, cambial e de investimento, que estava em voga, traziam
resultados positivos para um Brasil específico (Sul e Sudeste). Neste quadro, o Nordeste
recebia um olhar superficial do governo e não estava inserido nas políticas
desenvolvimentistas de Juscelino (Bacelar, 2001).
O processo de subdesenvolvimento adquire um cenário promissor, segundo
Furtado (1966), quando as indústrias de capital nacional começam a buscar visibilidade
no mercado externo, mudando de forma favorável o nível de renda de subsistência e (re)
aplicação do capital dentro do país.

7
A Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe
A crítica o processo de desenvolvimento surge com Marques (2007), que
mesmo (citação do texto de Larissa)
No Nordeste a contribuição de Furtado surge com o período em que esteve à
frente da SUDENE8 e a seca estava em seu ápice, segundo Bellingier (2017) nesse
período os estudos de Furtado tornaram-se contrário aos dos estudiosos tradicionais que
relacionavam os problemas de subdesenvolvimento Nordestino a seca, bem como
descartou que os programas de construção de açudes promovidos pelo Departamento
Nacional de Obras contra as Secas (DNOCS) e passou a defender que o processo de
(sub) desenvolvimento estava relacionado ao processo histórico e estrutural.
Assim, Furtado deixa claro que o problema da região Nordeste não era a
seca e sim a não inserção da região em um projeto regional de desenvolvimento,
voltadas majoritariamente para o Sul/Sudeste. As mazelas sociais, não podiam ser
atribuídas (somente) a questão climática, muito mais impactante que a seca, para os
baixos índices de desenvolvimento da região, seria a desestruturação econômica
decorrente de décadas de história pautada por interesses políticos e oligárquicos que
sobreviviam da exploração fantasiosa de que o problema do Nordeste era apenas hídrico
(Bellingier, 2017).
O trabalho de Paula (2019) corrobora a argumentação anterior, ao discutir
os resultados trazidos no plano de combate à seca, elaborado por Furtado, denominado
de “Operação Nordeste”, em que o autor promoveu uma revisão das condições sociais
da região, apontando que não era a seca o problema do semiárido Nordestino, mas as
desigualdades estruturais, regionais e geográficas e para desenvolver seria necessário
enfrentar esses elementos (PAULA, 2019).
À frente da SUDENE, segundo Paula (2019), Furtado promoveu reformas
de base, dos planos de desenvolvimento e das aspirações sociais pela reforma agrária.
Certamente, questões sociais de tamanha relevância não seriam aceitas com facilidade e
a história mostrou isso, com a tomada do poder pelos militares, momento em que essas
questões foram menosprezadas e o professor teve que sair do país.
Para Cavalcante (2017), Celso Furtado detectou que ao medir a geração de
renda do Nordeste em 1950 essa era metade da região Centro-Sul, isso refletia até
mesmo na agricultura, considerando que na região Nordeste predominava a atividade
agrícola, mas como as políticas de desenvolvimento eram voltadas para atividade
industrial, concentrada especialmente em São Paulo, o Nordeste não tinha uma geração
8
Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste
de renda capaz de atender aos anseios sociais de sobrevivência de sua população.
Observando os dados abaixo podemos verificar, comparativamente, que
economicamente os resultados da região Nordeste, em relação a outras regiões eram
bem inferiores no ano de 1950.

Quadro II- Dados econômicos do Nordeste em 1950


Elementos econômicos Nordeste Centro/Sul
Produção Industrial 5,2% 7,7%
Renda por pessoa ocupada na 1,3 hectares por pessoa 2,8 hectares por pessoa
agricultura
Economia voltada para 75% 42%
agropecuária
Fonte: Cavalcante ( 2017).

Celso Furtado em seus estudos identificou fatores endógenos e exógenos do


atraso do desenvolvimento econômico do Nordeste. Classificou como fatores
endógenos, principalmente, a escassez de terras em relação ao excedente populacional e
sua concentração nas mãos das oligarquias açucareiras, causando, consequentemente,
um déficit produtivo e uma concentração de renda. Como fatores exógenos, o autor
destaca a política industrial do governo, os financiamentos do BNDS para os que
possuíam maior capacidade creditícia, tarifas altas de importação e as transferências de
renda para o Nordeste em períodos de secas (CAVALCANTE, 2017).
Cavalcante (2017) destaca as mudanças ocorridas no Nordeste pós Furtado,
em que a economia passou a ser mais integrada com a do resto do país, mesmo assim
ainda desigual em comparação com o Sul/Sudeste. O semiárido ainda possui
fragilidades intrínsecas as questões climáticas, mas grandes investimentos hídricos
trouxeram verdadeiros oásis irrigantes para região, contudo, as indústrias locais ainda
são dependentes das grandes indústrias nacionais, o que demonstra a fragilidade
econômica regional.
Para o autor a proposta de Furtado não era assistencialista e se configurava
como uma estrutura sólida e sustentável da economia Nordestina e de sua capacidade
produtiva, o que mesmo com todas as inovações tecnológicas, ainda não se concretizou.
As concepções de Furtado foram criteriosas no que diz respeito aos resultados da
aplicação das políticas púbicas, as quais eram voltadas para onde gerava mais riqueza
em curto prazo, a indústria, como no Nordeste boa parte da produção era de subsistência
as políticas eram de combate à seca e atendiam interesses aquém das necessidades da
região.
Os estudos de Celso Furtado foram construídos em momento econômico
conturbado e transformador, o país saia de uma democracia, entrava em uma ditadura e
voltava para uma democracia pra vivenciar um período de liberalismo econômico, todo
esse contexto fez Furtado mostrar soluções desenvolvimentistas que desmistificou que
regiões como o Nordeste não seriam capaz de crescer e gerar renda.
Os Estudos de Celso Furtado sobre o desenvolvimento do Nordeste foram
de uma importância significativa para o novo olhar que a região recebeu, embora
interrompido pela ditadura Militar e retomado no período democrático. Nesse cenário, a
questão do Nordeste, do combate à seca e do subdesenvolvimento avançou, contudo,
mudanças efetivas só serão observadas, quando for colocado em prática um plano
regional de desenvolvimento no país comprometido em combater desigualdades sociais
e regionais.

3 CAMINHOS MÉTODOLÓGICOS

A construção da presente pesquisa foi desenvolvida com método de revisão


integrativa, pois nele o procedimento de observação é mais homogêneo garantindo a
possiblidade de obter estudos devidamente qualificados sobre a temática.
Na concepção de Botelho, Cunha e Macedo (2011), a revisão integrativa,
por permitir uma verificação do conhecimento já praticado e testado, possibilita sua
utilização em outras áreas que não a saúde. Ao escolher a revisão integrativa, nos
aproximamos do conhecimento voltado às compreensões científicas sobre
desenvolvimento regional.
A relevância da análise dos estudos de Celso Furtado trouxeram ao Nordeste
novas perspectivas em relação às politicas públicas para desenvolver e gerar renda.
Diante de tal singularidade, encontra-se a pertinência para discorrer sobre sua sapiência
sobre desenvolvimento regional com ênfase no Nordeste.
A pesquisa pode ser considerada como exploratória e descritiva, pois
segundo Gil (2008), nesse procedimento, as ideias podem ser aprimoradas e a
flexibilidade do método pode angariar diversas perspectivas para pesquisa. Por tal
razão, os conceitos, a importância dos estudos desenvolvidos por Furtado e
cientificamente analisados, podem ser aprimorados a cada análise.
Por usar fontes como artigos e livros, a pesquisa desenvolvida é
bibliográfica, pois Gil (2008) defende que pesquisas exploratórias se utilizam de
instrumentos bibliográficos para obter melhor resultado.
Como método de análise de dados, tem-se o método qualitativo que,
segundo Minayo (2001), é baseado nos fenômenos sociais em que pode resultar na
subjetividade de seus resultados aprofundando-se na natureza dos significados
necessitando ser interpretada pelo pesquisador.
Segundo Souza et all (2010), a revisão integrativa possibilita o estudo sobre
um tema onde foi identificado e analisado os resultados para aprimorar o pensamento
crítico, o que possibilita concentrar em diversas bibliografias e interpretações diferentes,
para tal se faz necessário seguir seis fases na revisão, conforme ilustração abaixo:

Figura 1. Etapas da revisão integrativa

Fase 1 Fase 2 Fase 3


Elaborar pergunta Busca ou Coleta de dados
norteadora amostragem na
literatura

Fase 4 Fase 5 Fase 6


Apresentação da revisão
Análise crítica dos Discussao dos
estudos resultados integrativa
selecionados

FONTE: elaborado pela autoria do artigo com base em Souza et all (2010).

Seguindo o protocolo para construção da revisão integrativa, na primeira


fase da pesquisa, baseada na problemática identificada, articulou-se a pergunta
norteadora que estivesse integrada com ao problema do estudo, assim, tounou-se
pertinente nortear a revisão integrativa com o mesmo questionamento: quais as
principais produções científicas disponíveis que analisam o conceito de
desenvolvimento regional de Celso Furtado em um recorte na região Nordeste?
Concluída a fase inicial, na segunda fase, buscou-se os descritores e
palavras chaves que corroborassem para maior confiabilidade nas buscas de
amostragem literária. O descritor utilizado para busca foi “desenvolvimento regional”
em plataformas de busca como descritas na figura II, bem como os respectivos
operadores booleanos “and” e “or” para assegurar a busca mais completa dos termos.
Para garantir resultados mais atualizados, aplicou-se como recorte temporal o período
de 2015 a 2020. De forma secundária, diante da necessidade de uma fundamentação na
literatura original de Furtado foi feito busca por suas bibliografias originais e de autores
que se aproximassem dela com livre parâmetro temporal.
Na terceira fase, para coletar os artigos e bibliografias, utilizou-se como
critério de seleção, de forma sequenciada, a leitura dos títulos e dos resumos para
identificar os que mais se aproximavam na busca dos dados. A leitura de alguns livros
foi fundamental para a construção bem fundamentada da revisão não integrativa, dentre
elas, merece destaque o livro intitulado de Teoria Política e Desenvolvimento
Econômico (2006), Desenvolvimento e Subdesenvolvimento (1961).
Para atender a análise crítica dos resultados na quarta fase, selecionou-se a
temática e introdução dos artigos e das bibliografias para em seguida separá-los em
pastas por identificação dos objetivos. Nessa etapa, também foram feitas as exclusões
dos artigos que não estavam relacionadas à pergunta norteadora bem como os que não
eram da área de estudo, conforme figura abaixo.

Figura 2 – Descrição das etapas da revisão integrativa realizada


Descritores: Desenvolvimento regional* OR “ Desarrollo Regional” OR
Regional Development
Limitadores: Tipo de documento: artigo e livros – texto completo em PDF
Período: 2015 a 2020 para artigos/ 2000 a 2020 para livros/ 1966 obra original

Google acadêmico (8) LILACS (100) SCIELO(119) SCOPUS(70)

Portfólio Bruto: 289 artigos / bibliografias(08) (Coleta em 01/06/2020)

Exclusão de artigos com título alinhado em outras áreas da ciência (150)

Leitura resumo e exclusão de artigos não alinhados (124)

Livros selecionados pela leitura do resumo (05)

Artigos selecionados pela leitura integral (10)

Totais Artigos secionados (10) e bibliografias (05)


FONTE: elaborado pela autoria do artigo(2020)

Nessa etapa, segundo (Souza et all,2010, p. 104), “é análoga a análise dos


dados das pesquisas convencionais, esta fase demanda uma abordagem organizada para
ponderar o rigor e as características de cada estudo”. Dessa forma, foi nessa fase que
podemos separar os artigos e bibliografia mais relevantes para estruturação da revisão
integrativa.
Para tornar mais eficiente a análise dos artigos e bibliografias, os mesmos
foram enumerados nas pastas de acordo com a prioridade de leitura e seus respectivos
fichamentos anexados a cada texto original.
A quinta etapa é a discussão dos resultados, é nesse momento que fizemos
uma interpretação e síntese dos artigos selecionados, de modo a fazer um comparativo
dos dados analisados. Sousa et all (2010) esclarece que é nessa fase que o pesquisador
deve chegar a conclusões e explicações da sua pergunta norteadora.
A última etapa é apresentação da revisão integrativa, nessa fase é feita a
construção do trabalho que se apresenta a metodologia contextualizada e a pertinência
do trabalho.

4 DELIBERAÇÕES SOBRE AS ANÁLISE DE CELSO FURTADO

A revisão integrativa baseada no olhar de outros autores sobre a concepção


feita por Celso Furtado sobre desenvolvimento regional amplia a perspectiva de
desenvolvimento de políticas públicas voltadas para região Nordeste, visto que seus
estudos iniciaram dentro de um conceito histórico e evolutivo da região.
As análises feitas dos estudos de Celso Furtado sobre o desenvolvimento
regional foram feitas por autores como ....
A figura abaixo descreve os mais citados nessa análise aqui proposta.

Figura 3- Identificação dos artigos mais citados na análise.

Ano Autor Título Objetivo


Publicação
2017 BELLINGIERI, J. C Teorias do Descreve as principais
desenvolvimento regional abordagens teóricas sobre
e local: uma revisão desenvolvimento regional
bibliográfica e as limitações dessa
teoria.
2001 Tavares, Maria da Conceição, Celso Furtado e o Brasil Resume ensaios escritos
que foram debatidos no
Organizadora.
Seminário de Celso
Oliveira, Francisco de. Fiori, Furtado, fazendo uma
contextualização da Teoria
José Luís. Guimarães, Juarez.
de Celso Furtado com os
Nabuco, Maria Regina problemas contemporâneo.
Bacelar, Tânia. Cano, Wilson
2005 Furtado, Celso Formação Econômica do Faz uma análise histórica
Brasil da economia brasileira
descrita por Celso Furtado.
2019 Paula, João Antônio. Cultura e Descreve a história
desenvolvimento: 100 intelectual de Celso
anos de Celso Furtado com suas
Furtado, um intelectual principais ações enquanto
cosmopolita. esteve a frente da Sudene.
2017 Cavalcante, Luiz Otávio Celso Furtado: o Retrata e analisa as
desvendador da realidade principais teorias
Nordestino referentes ao
desenvolvimento do
Nordeste por Furtado.
2020 Barbosa, José Luiz Albino Celso Furtado a esperança Reúne artigos dos
(organizador) Militante principais estudiosos sobre
os estudos de Celso
Furtado. Uma análise da
contribuição de do
pesquisador e sua
contribuição para as
politicas de
desenvolvimento nos seus
cem anos de nascimento.
Fonte: elaborado pela autora (2020)

No acervo bibliográfico analisado e selecionado destaca-se que dos 05


(cinco) livros selecionados dois eram de autoria própria de Celso Furtado, nos quais, é
feita uma análise de como se deu o processo de subdesenvolvimento nordestino, os
outros três reúnem autores que contextualizam a teoria de Celso Furtado. Dos 10 (dez)
artigos selecionados, apenas 02 (dois) utilizaram-se do método descritivo histórico e os
demais fizeram uma abordagem qualitativa.
Observou-se também que dos 10 (dez) artigos somente 05 (cinco) fazem
uma análise mais criteriosa sobre a relação desenvolvimento regional de Furtado com o
Nordeste e os demais mesmo citando tópicos sobre a relação, dão destaque a um
contexto macroeconômico nacional e aspectos gerais do estudo de Furtado relacionados
a desenvolvimento, já com relação aos livros somente 02 (dois) não dão destaque a
região Nordeste frente aos estudos do autor.
Bacelar (2010;2020)
Figura 4. Números de estudos voltados para região Nordeste.

Desen. Para Nordeste

livros
artigos
Desen. em aspectos macro

0 1 2 3 4 5 6

FONTE: elaborado pela autora (2020)

A literatura sobre desenvolvimento regional é vasta e os estudos de Celso


Furtado influenciam boa parte dessas literaturas, verifica-se que os artigos e
bibliografias destinadas a estudar as análises do autor levam em consideração a visão
histórica de desenvolvimento feita em suas obras.
Em livro que reúnem os ensaios das análises de autores como (Tavares;
Oliveira; Fiori; Guimarães; Nabuco; Bacelar; Cano; 2000), encontra-se uma vasta
descrição dos estudos de Furtado sobre a ótica de cada autor acompanhado de um
comparativo com a visão de outros estudiosos. Na obra, Bacelar (2000) destaca a
contribuição e desafios de Furtado na análise e aplicação dos estudos na região
Nordeste, o seu enfrentamento a uma política elitista e centralizada nas grandes
indústrias.
Bacelar (2000;2020) e Cano (2000;2020) são os autores que fazem análise
dos estudos de Furtado em dois momentos,
Na obra de Celso Furtado “A Formação Econômica do Brasil (1966)” ele
faz uma contextualização da economia Nordestina voltada para produção açucarei e
pecuária que causaram um movimento migratório para o litoral, em seguida destaca o
crescimento populacional que se apoiava na produção de subsistência causando uma
estagnação econômica para região. Assim, ele mostra que o processo de
subdesenvolvimento Nordestino é resultado de aspectos históricos que adentrou décadas
de atraso para região.
Já na Obra “Desenvolvimento e Subdesenvolvimento(1961)” Celso Furtado
inicia fazendo uma análise de desenvolvimento sobre as perspectivas de economistas
clássicos como Adan Smith que defendia a divisão do trabalho como elemento que
definiria o tamanho do mercado e consequentemente o seu desenvolvimento e Karl
Marx que fez uma analise filosófica do processo de acumulo de riqueza através da mais
valia9 sendo esse o elemento responsável pela acumulação de riquezas.
No momento mais relevante da obra Desenvolvimento e
Subdesenvolvimento (1961) Furtado passa a analisar o desenvolvimento como um
processo histórico através da acumulação de capital e da apropriação econômica e social
dos grupos que dominavam os meios de produção.
Cano (2015) retrata a inovação dos estudos de Furtado no meio ambiente e a
visão da importância da cultura no processo de desenvolvimento e a origem dos grupos
sociais, decorrentes do poderio produtivo que se concentravam em sua maioria na
região Centro/Sul. O autor também elucida a visão de Furtado sobre a dependência
histórica da escravidão, da colônia e da má distribuição de renda como elementos na
construção do subdesenvolvimento.
Para Cano (2015) é importante destacar que a agricultura, na concepção de
Furtado é um fator importante para o PIB do país, nela são pagos os menores salários, o
que contribuiu para uma queda da renda e do consumo na região Nordeste. O autor
destaca os trabalhos de Furtado sobre o crescimento da cana de açúcar que ao se
expandir empurra para cada vez mais distante, o interior, a produção dos pequenos
agricultores, tirando-lhes a chance de comercializar seus produtos e produzindo apenas
para subsistência.
Em Cavalcante (2017) percebe-se um olhar mais atento para os estudos de
Furtado na Região Nordeste, o autor faz um comparativo das ideias de Furtado com o
Nordeste contemporâneo, principalmente com muitas das políticas públicas
fundamentadas nos estudos do professor, ele destaca uma maior integração do Nordeste
com o resto da economia do Brasil ainda que com algumas vulnerabilidades.
Em Tavares (2010), a autora faz uma retrospectiva das principais análises de
Furtado, o contexto histórico na economia brasileira destacando na região Nordeste o
momento do declínio da cana de açúcar, o que fez agricultores partirem em busca do
ouro em Minas Gerais e nos séculos seguintes, o crescimento na produção cafeeira em
São Paulo, fator predominante para concentração de indústrias na região que já era
protegida pelos governos durante a crise de 1930 com a compra de café para destruí-lo e
assim valorizar seu preço do produto no mercado.
Foi nesse contexto e nessa proteção da indústria cafeeira que ocorre para
Furtado, às disparidades regionais diretamente relacionadas ao Nordeste, criando-se o
9
Mais valia é o trabalho excedente produzido pelo trabalhado que e apropriado pelo capitalista
ciclo vicioso de combate à seca, argumento esse que muito foi e ainda é usado para
atender os interesses de uma elite política sustentada por abundância em recursos
públicos.
Tavares (2010, p. 285) destaca que o novo olhar para o Nordeste a partir de
1950 no governo de Getúlio Vargas, como decorrência criou o Bando do Nordeste,
momento em que foram feitos os primeiros estudos onde demostrou que o atraso do
Nordeste estava na desorganização regional das politicas públicas e que o
“desenvolvimento de todo país contribuíam para o empobrecimento do Nordeste”, esse
estudo abre as portas para os estudos de Furtado quando estava participando do Grupo
de Trabalho para o Desenvolvimento do Nordeste (GTDN).
Na obra organizada por Barbosa (2020) em homenagem ao centenário de
Celso Furtado, é feita uma coletânea de análise de todos os estudos do autor. Nele,
Bacelar (2020) participa fazendo uma revisão dos estudos de Furtado em relação ao
Semiárido Nordestino, onde ele teve uma percepção da crescente concentração de renda
e estagnação do crescimento interno em que as indústrias eram basicamente de produtos
primários com pouca capacidade de exportação.
Bacelar (2020) denomina de “ilhas econômicas” o que Furtado descreveu
na concentração de capital e desenvolvimento no Centro Sul e relacionou ao
subdesenvolvimento Nordestino. As grandes secas levavam a decadência do principal
meio de produção da região Nordeste, dentre elas a de alimentos, fato destacado por ele
quando descrevia a produção de cana de açúcar no litoral e a cultura de subsistência no
semiárido Nordestino.
Na visão de Bacelar (2020), o Nordeste contemporâneo não é o mesmo dos
estudos iniciais de Celso Furtado, mas é inegável sua contribuição para as mudanças
ocorridas nas políticas de desenvolvimento. A integração do Nordeste a economia do
país com o avanço da indústria, o cultivo de culturas diversificada a base da irrigação,
aumento do investimento público na agricultura familiar, a contribuição de programas
sociais para redução da pobreza, o crescimento das pequenas e médias cidades e o
aumento da emigração para cidades nordestinas, bem como as contribuições do turismo
para o desenvolvimento do Nordeste e a ampliação do ensino público, são mudanças
que tiraram o Nordeste daquele desamparo do início dos estudos de Furtado.

5 CONCLUSÃO
A base desse artigo integrativo é fazer uma releitura das produções
cientificas que tinham Celso Furtado como eixo de suas pesquisas e através delas
compreender as principais definições que ele deu sobre desenvolvimento regional
voltado para o Nordeste.
O foco do estudo foi à região Nordeste, mas verificou-se durante a busca
das literaturas que boa parte estavam voltadas para o estudo macroeconômico de
Furtado e poucos davam inteira relevância à região Nordeste.
O embasamento da revisão integrativa deu-se com as literaturas do próprio
Celso Furtado, como Formação Econômica do Brasil, Teoria de Política e
Desenvolvimento Econômico e Desenvolvimento e Subdesenvolvimento especialmente
nos capítulos destinados ao estudo do desenvolvimento Nordestino, apesar de que os
artigos selecionados corroboram para a resposta da pergunta norteadora, mas não se
pode falar de Celso Furtado sem citar o próprio Furtado.
Os artigos retornados na revisão integrativa indicam que os estudos de
Furtado voltados para o desenvolvimento regional do Nordeste inovaram a concepção
de política pública de desenvolvimento e de crescimento regional. Sua influência nos
anos em que comandou a SUDENE, mesmo que barrada pela ditadura deixou um
legado até hoje citado pelos principais estudiosos de políticas públicas e
desenvolvimento regional.
O desenvolvimento regional estudado por Celso Furtado feito com base na
história da região Nordeste desmistificou as causas de pobreza e subdesenvolvimento
atrelados à seca e modificou intenções políticas em perpetuar esse discurso de modo a
continuar o acúmulo de riquezas e a miséria alimentada por políticas mitigatórias que
prendia a região a dependência de uma imagem de subdesenvolvimento.
Portanto, a relevância de Celso Furtado para teoria do desenvolvimento
regional é fundamental e sua análise histórica remodelou os conceitos, ações, planos e
concepções sobre desenvolvimento regional.

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