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Piracicaba
2021
SUMÁRIO
Resumo e Justificativa
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Quantidade de NCRs relatadas por princípio para o Padrão Terra Firme. .............. 12
Figura 2- Quantidade de Observações relatadas por princípio para o Padrão Terra Firme. ..... 12
Figura 3- Quantidade NCRs relatadas por critério para o Padrão Terra Firme. ....................... 13
Figura 4 - Quantidade de Observações relatadas por critério para o Padrão Terra Firme. ...... 13
Figura 5 - Quantidade de NCRs, considerando o Padrão Terra Firme, categorizadas por
assunto ...................................................................................................................................... 14
Figura 6 - Quantidade de Observações, considerando o Padrão Terra Firme, categorizadas por
assunto ...................................................................................................................................... 14
Figura 7 - Quantidade de NCRs, considerando o Padrão Terra Firme, categorizadas por temas
.................................................................................................................................................. 15
Figura 8 - Quantidade de Observações, considerando o Padrão Terra Firme, categorizadas por
temas ......................................................................................................................................... 15
Figura 9 - Ocorrência de NCRs relatadas por princípio. .......................................................... 16
Figura 10 - Ocorrência de Observações relatadas por princípio. ............................................. 17
Figura 11 - Indicadores que apresentaram cinco ou mais NCRs. ............................................. 17
Figura 12 - Indicadores que apresentaram cinco ou mais Observações. .................................. 18
Figura 13 - Assuntos que apresentaram 10 ou mais NCRs. ..................................................... 18
Figura 14 - Assuntos que apresentaram 10 ou mais Observações. ........................................... 19
Figura 15 – Temas que apresentaram 10 ou mais NCRs. ......................................................... 19
Figura 16 - Temas que apresentaram 10 ou mais Observações. ............................................... 20
Figura 17 - Ocorrência de NCRs relatadas por princípio para o padrão harmonizado. ........... 21
Figura 18 - Quantidade de certificados filiados ao PCCF que receberam NCRs em cada
princípio .................................................................................................................................... 22
Figura 19 - Ocorrência de Observações relatadas por princípio para o padrão harmonizado. . 22
Figura 20 - Indicadores do padrão harmonizado que apresentaram três ou mais NCRs.
...................................................................................................................................................23
Figura 21 - Indicadores do padrão harmonizado que apresentaram três ou mais
Observações..............................................................................................................................23
Figura 22 - Assuntos que apresentaram 10 ou mais NCRs para o padrão harmonizado .........24
Figura 23 - Assuntos que apresentaram 10 ou mais Observações para o padrão
harmonizado..............................................................................................................................24
Figura 24 - Temas que apresentaram 10 ou mais NCRs para o padrão
harmonizado..............................................................................................................................25
Figura 25 - Temas que apresentaram 10 ou mais Observações para o padrão harmonizado ...25
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LISTA DE TABELAS
1 INTRODUÇÃO
que podem ser maiores ou menores, ou como observações (PAIVA et al., 2015). Sendo assim,
as não conformidades podem ser definidas como falhas, ou desvios, em relação ao padrão
auditado e são classificadas conforme a gravidade do desvio. Assim, as NCRs maiores ocorrem
quando o desvio é sistemático ou fere de forma direta um princípio FSC, enquanto as menores
ocorrem quando o desvio é pontual e não fere de forma direta o princípio auditado (RAFAEL,
2017). As falhas no cumprimento do padrão também são conhecidas como Solicitações de Ação
Corretiva (CARs). As CARs presentes em relatórios de auditoria pública podem ser utilizadas
como medidas indiretas a respeito das mudanças econômicas, sociais e ambientais geradas pela
certificação FSC (PEÑA- CLAROS; BONGERS, 2010).
Com o intuito de atuar na articulação de interesses, disseminar informações, auxiliar as
partes envolvidas com certificação florestal e promover o trabalho cooperativo surgiu o
Programa Cooperativo sobre Certificação Florestal (PCCF), pertencente ao Instituto de
Pesquisas e Estudos Florestais (IPEF). Até o momento, o PCCF atende 44 empresas brasileiras
de pequeno, médio e grande porte, contribuindo com ações relacionadas às demandas trazidas
pelo FSC e outros sistemas de certificação florestal.
A fim de avaliar a performance das empresas brasileiras nas auditorias FSC, este estudo
identificou as ocorrências relatadas em relatórios de auditoria publicados no ano de 2020 pelo
FSC, inferindo sobre os principais pontos críticos, ou fragilidades, resultantes.
2 DESCRIÇÃO ATIVIDADES DESENVOLVIDAS
Segundo dados do site do FSC (junho 2021), no Brasil, a área total certificada
corresponde a 7.922.116 hectares e há 149 certificados válidos. Os relatórios avaliados
representam cerca de 64% do total de relatórios válidos, compreendendo a mesma porcentagem
em relação à área. Não foi possível contemplar o total de certificados, pois 45 deles não
apresentavam relatório de auditoria publicado em 2020.
Dos relatórios analisados, houve maior quantidade referente ao Padrão Harmonizado,
seguido do SLIMF e Terra Firme, respectivamente (Tabela 1). As florestas plantadas
apresentaram maior área certificada, seguido das florestas nativas e SLIMF (Tabela 2).
Tabela 1- Total de relatórios de auditoria, publicados em 2020, de acordo com o padrão de manejo.
Tabela 3 - Certificados analisados por região do Brasil de acordo com o porte do empreendimento.
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Os principais produtos das empresas analisadas foram toras e lenha, papel e celulose,
toras e cavacos e produtos florestais não madeireiros (PFNM), com algumas empresas
apresentando outros produtos (Tabela 4).
Foram cadastradas 511 ocorrências novas que ainda se encontravam abertas nos
relatórios publicados em 2020, sendo 66 referentes ao Padrão Terra Firme, 411 ao Harmonizado
e 34 ao SLIMF (Tabela 5).
Tabela 5 - Quantidade de não conformidades cadastradas de acordo com a classe e o padrão de manejo florestal.
Tabela 6 - Quantidade de não conformidades e observações para os padrões de manejo florestal de acordo com o
princípio.
As não conformidades do tipo nova com status aberto para o Padrão Terra Firme
somaram um total de 61 ocorrências (Tabela 7).
Tabela 7 - Quantidade de não conformidades relatadas de acordo com sua classe para o Padrão Terra Firme.
O princípio com maior número de não conformidades para o Padrão Terra Firme foi o
4, com 23 ocorrências. Em seguida, o princípio 8 aparece com 7, seguido dos principios 1 e 6,
com apenas 5 ocorrências de não conformidades cada (Figura 1).
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Figura 1 - Quantidade de NCRs relatadas por princípio para o Padrão Terra Firme.
Figura 2- Quantidade de Observações relatadas por princípio para o Padrão Terra Firme.
Figura 3- Quantidade NCRs relatadas por critério para o Padrão Terra Firme.
Figura 4 - Quantidade de Observações relatadas por critério para o Padrão Terra Firme.
O principal assunto das não conformidades relatadas foi “Social / trabalhadores”, com
19 ocorrências, seguido por “Monitoramentos”, com 8 ocorrências, “Social / comunidades
locais”, com 6 ocorrências, e “legislação”, com 5 ocorrências. Os demais assuntos tiveram
quantidade de não conformidades inferior a 3 (Figura 5).
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Figura 5 - Quantidade de NCRs, considerando o Padrão Terra Firme, categorizadas por assunto
Figura 6 - Quantidade de Observações, considerando o Padrão Terra Firme, categorizadas por assunto
Ao analisar os temas, que são um detalhamento do assunto, das não conformidades com
ocorrência igual ou superior a 3, temos como principal “Saúde e Segurança”, com 18
ocorrências, seguido de “Monitoramentos operacionais”, com 4 ocorrências, e os demais temas
com ocorrência igual a 3 (Figura 7).
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Figura 7 - Quantidade de NCRs, considerando o Padrão Terra Firme, categorizadas por temas
Figura 8 - Quantidade de Observações, considerando o Padrão Terra Firme, categorizadas por temas
O princípio 4 foi o que teve maior número de ocorrências, tanto nas NCRs quanto nas
observações (Figuras 9 e 10). Para as NCRs, os três princípios com maior ocorrência foram, em
ordem decrescente, 4, 6 e 8 (Figura 9). Nas observações, os três princípios que tiveram maior
ocorrência foram o 4, 8 e 6 (Figura 10).
Tabela 10 - Quantidade de Não conformidades e Observações para empresas filiadas e não filiadas, considerando
todas as ocorrências cadastradas.
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Tabela 11 -Quantidade relativa de Não Conformidades e Observações relatadas para empresas filiadas e não
filiadas, a cada 100.000 ha, considerando todas as ocorrências cadastradas.
Tabela 12 - Quantidade relativa Não Conformidades e Observações relatadas para empresas filiadas e não filiadas,
a cada 100.000 ha, considerando ocorrências do padrão harmonizado.
Figura 18 - Quantidade de certificados filiados ao PCCF que receberam NCRs em cada princípio.
5 DISCUSSÃO
O presente estudo analisou um total de 511 ocorrências do tipo novas e abertas para os
padrões FSC divulgadas em 95 relatórios públicos no ano de 2020.
Considerando o padrão “Terra Firme”, os princípios com maior incidência de NCRs
foram 4, 8 e 1, enquanto 4, 3 e 9 apresentaram mais Observações, respectivamente. Ou seja,
relações comunitárias, direitos dos trabalhadores e dos povos indígenas, monitoramentos,
obediência às leis e manutenção de florestas de Alto Valor de Conservação estão entre os
assuntos mais desafiadores para as empresas. Ao tratar de critérios, os que apresentaram maior
quantidade de NCRs foram 4.2 e 8.2, enquanto o 3.3 e o 4.4 receberam mais Observações.
Magalhães (2014) também observou o princípio 4 como um dos mais presentes entre as NCRs
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maiores e menores de oito empresas certificadas FSC localizadas na Amazônia, entre os anos
de 2009 e 2013, sendo que, nesse mesmo estudo, o critério 4.2 foi o mais recorrente entre as
NCRs menores.
Os temas mais comuns entre as NCRs do padrão “Terra Firme” foram “Saúde e
segurança” e “Monitoramentos operacionais”, enquanto os que mais apareceram entre as
observações foram “Sítios de especial significado” e “Impactos e partes afetadas”.
Em estudo realizado por Basso et al. (2011) sobre a influência da certificação no
cumprimento da legislação em Unidades de Manejo Florestal (UMF), os autores verificaram
que para certificação em grupo de empresas que trabalham com manejo de florestas nativas, as
principais NCRs ocorrem nos princípios 1 e 4, devido à dificuldade de se atender à legislação
ambiental e trabalhista, e ao princípio 6, que diz respeito ao impacto ambiental.
Em relação ao Padrão Harmonizado, os princípios com maior ocorrência de NCRs e
Observações foram 4, 6 e 8, sendo o 4 o mais recorrente em ambas. Este resultado indica que o
atendimento ao requerido pelo padrão quanto às relações comunitárias e direitos dos
trabalhadores compreendem os atuais maiores desafios às organizações certificadas. Os
princípios 4 e 6 também apresentaram maior ocorrência de NCRs em uma análise sobre a
contribuição da certificação florestal no atendimento à legislação ambiental e social do estado
de Minas Gerais realizada em 2012 (BASSO et al., 2012).
Os três indicadores do Padrão Harmonizado que apresentaram mais NCRs foram 4.2.10,
9.1.1 e 4.4.3, enquanto para as Observações foram 4.2.10, 8.1.1 e o 4.4.8, respectivamente.
Nota-se que as Organizações estão apresentando dificuldades em garantir aspectos relativos às
condições ergonômicas, sanitárias e ambientais apropriadas aos trabalhadores no desempenho
de suas atividades. Os principais temas entre as NCRs foram “Saúde e segurança”, “Prevenção,
mitigação e controle de impactos ambientais” e “Impactos relacionados a partes afetadas”. Para
as observações, os três temas mais presentes foram “Saúde e segurança”, “Partes afetadas
relacionada a impactos” e “Plano de monitoramento”.
Ao analisar as principais dificuldades enfrentadas por empresas sobre a certificação FSC
no Brasil em 2017, observou-se que a ocorrência de NCRs esteve mais associada aos princípios
4, 6 e 8 (RAFAEL et al., 2017). Os princípios citados têm relação com os assuntos “Relações
com a comunidade e direitos do trabalhador”, “Meio ambiente e impacto” e “Monitoramento e
avaliação”, respectivamente. Os principais temas identificados foram “Atividades de
planejamento, operação e monitoramento da unidade florestal” e “Saúde e segurança
operacional”.
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Por meio das análises e pesquisas realizadas é possível fazer as seguintes considerações:
• Em florestas nativas, houve maior incidência de NCRs relacionadas a questões sociais,
indicando uma provável dificuldade em oferecer infraestrutura e condições adequadas
tanto para os trabalhadores quanto em garantir a minimização de impactos para
comunidades locais, o que pode justificar algumas falhas recorrentes no tema legislação
para esse tipo de floresta, quando consideradas as leis trabalhistas.
• Em florestas plantadas, a questão social também se mostrou relevante, principalmente
em relação às questões de saúde e segurança e aos impactos às comunidades locais.
• Falhas em monitoramentos também foram recorrentes nos dois tipos de floresta, o que
ocorre, provavelmente, devido à sua complexidade de aplicação.
• Ao comparar a performance apresentada por empresas filiadas ao PCCF com aquela
apresentada por não filiadas, considerando o número de ocorrências por unidade de área,
notou-se uma performance consideravelmente melhor das filiadas no cumprimento do
Padrão Harmonizado, o que pode indicar a relevância do trabalho cooperativo e a
importância do PCCF como facilitador para as empresas que dispõem do seu trabalho.
• Apesar de ter uma boa atuação na aplicação do Padrão Harmonizado de modo geral, o
princípio 4 também foi recorrente entre as NCRs e Observações apresentadas pelas
Organizações filiadas ao Programa.
• Portanto, independentemente do padrão de manejo, ou da filiação ao PCCF, as
ocorrências publicadas em 2020 demonstraram que existe dificuldade entre as
Organizações brasileiras para atender requisitos de certificação relativos às relações
comunitárias e aos direitos dos trabalhadores. Essa constatação é importante, pois pode
direcionar o trabalho do PCCF e das organizações certificadas para ações que tratem
dessas questões, além de servir de norte para empresas que pretendem se certificar,
permitindo que olhem para o princípio 4 com mais atenção durante o seu preparo para
a certificação.
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7 REFERÊNCIAS
Da Silva, Edson José Vidal; PAPP, Luciana Maria . Auditoria e certificação florestal. In:
MORAES, C. S. B.; PUGLIESI, E. (Org.). Auditoria e Certificação Ambiental. 1ed. Curitiba:
Intersaberes, v. 1, 2014. 358 p.
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www.fsc.org. Acesso em Junho 2021.
FOREST STEWARDSHIP COUNCIL (FSC c). Sobre o FSC Brasil. Disponível em:
https://br.fsc.org/pt-br/fsc-brasil. Acesso em: 03 mar. 2021.
MAGALHÃES, Lívia Cristina Barreto de. Distribuição de frequência das não conformidades
em empresas que utilizam o manejo de impacto reduzido na Amazônia. 2014.
NUSSBAUM, Ruth; SIMULA, Markku. The forest certification handbook. Taylor & Francis,
2013. PCCF. Certificação Florestal (PCCF). Piracicaba: Ipef, 2019. Disponível em:
https://www.ipef.br/pccf/relatorio_anual_2019-pccf.pdf. Acesso em: 03 mar. 2021.
RAFAEL, Gabriel C.; FONSECA, Alberto; JACOVINE, Laércio Antônio Gonçalves. Non-
conformities to the Forest Stewardship Council (FSC) standards: Empirical evidence and
implications for policy-making in Brazil. Forest Policy and Economics, v. 88, p. 59-69, 2018.