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INSTITUTO DE PESQUISAS E ESTUDOS FLORESTAIS

Programa Cooperativo Sobre Certificação Florestal

Performance das empresas brasileiras em auditorias FSC: Uma visão dos


relatórios de auditoria publicados no ano de 2020
Estagiária: Ariele Martinelli Bondioli
Coordenadora: Érica Araújo Bortolazzo Fonseca
Assistente Técnica: Camila Rocha Pergentino da Silva

Piracicaba
2021
SUMÁRIO

Resumo e Justificativa ................................................................................................................ 3


LISTA DE FIGURAS ................................................................................................................ 4
LISTA DE TABELAS ............................................................................................................... 5
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................................... 6
2 DESCRIÇÃO ATIVIDADES DESENVOLVIDAS ............................................................... 7
2.1 Preparação teórica sobre certificação florestal ..................................................................... 7
2.2 Monitoramento de Não Conformidades – Coleta de dados .................................................. 7
2.3 Monitoramento de Não Conformidades - Análise dos dados e identificação de indicadores
críticos .................................... ................................................................................................... 8
2.4 Auxílio à Coordenadora e assistente técnica ........................................................................ 8
2.5 Elaboração e apresentação do relatório final de estágio ....................................................... 8
2.6 Elaboração de um questionário para empresas filiadas ........................................................ 8
3 METODOLOGIA.................................................................................................................... 8
4 RESULTADOS ....................................................................................................................... 9
4.1 Panorama brasileiro .............................................................................................................. 9
4.1.1 Padrão Terra Firme .......................................................................................................... 11
4.1.2 Padrão Harmonizado ....................................................................................................... 15
4.2 Desempenho das Filiadas ................................................................................................... 20
5 DISCUSSÃO ......................................................................................................................... 25
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................ 27
7 REFERÊNCIAS .................................................................................................................... 28
3

Resumo e Justificativa

O processo de certificação florestal possui extrema relevância no âmbito da sustentabilidade,


tendo em vista que prima por garantir o manejo florestal sustentável assegurando o
compromisso de empresas com princípios e critérios que sejam economicamente viáveis,
socialmente justos e ambientalmente sustentáveis. Nesse contexto, o Programa Cooperativo
sobre Certificação Florestal (PCCF), pertencente ao Instituto de Pesquisas e Estudos Florestais
(IPEF), desenvolve atividades que facilitam a articulação e disseminação de informações
relacionadas à certificação florestal com as partes envolvidas no tema.
Dessa forma, considerando as normas FSC-STD-BRA-01-2014 V1-1 PT (Padrão
Harmonizado), FSC-STD-BRA-03-2013 V3-2 PT (SLIMF) e FSC-STD-BRA-01-2001 V1-1
PT (Padrão Terra Firme), o presente trabalho teve como objetivo identificar os requisitos dos
Padrões Nacionais de Manejo FSC que apresentaram maior frequência de não conformidades
e observações de acordo com os relatórios de auditorias publicados pelo FSC em 2020,
permitindo ao PCCF conhecer os principais temas e assuntos considerados críticos à
performance das empresas florestais brasileiras no que tange à manutenção de seus certificados.
Como resultado, o Princípio 4 apresentou-se como o mais desafiador, tanto para o padrão Terra
Firme quanto para o padrão Harmonizado, resultando em alta frequência de ocorrências sociais
durante as auditorias. Independente do padrão de manejo, as ocorrências publicadas em 2020
demonstraram que existe dificuldade entre as Organizações brasileiras para tratar das relações
comunitárias e dos direitos dos trabalhadores.
Empresas filiadas ao PCCF apresentaram melhor performance quanto à quantidade de
ocorrências por unidade de área certificada quando comparadas às empresas não filiadas.
4

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Quantidade de NCRs relatadas por princípio para o Padrão Terra Firme. .............. 12
Figura 2- Quantidade de Observações relatadas por princípio para o Padrão Terra Firme. ..... 12
Figura 3- Quantidade NCRs relatadas por critério para o Padrão Terra Firme. ....................... 13
Figura 4 - Quantidade de Observações relatadas por critério para o Padrão Terra Firme. ...... 13
Figura 5 - Quantidade de NCRs, considerando o Padrão Terra Firme, categorizadas por
assunto ...................................................................................................................................... 14
Figura 6 - Quantidade de Observações, considerando o Padrão Terra Firme, categorizadas por
assunto ...................................................................................................................................... 14
Figura 7 - Quantidade de NCRs, considerando o Padrão Terra Firme, categorizadas por temas
.................................................................................................................................................. 15
Figura 8 - Quantidade de Observações, considerando o Padrão Terra Firme, categorizadas por
temas ......................................................................................................................................... 15
Figura 9 - Ocorrência de NCRs relatadas por princípio. .......................................................... 16
Figura 10 - Ocorrência de Observações relatadas por princípio. ............................................. 17
Figura 11 - Indicadores que apresentaram cinco ou mais NCRs. ............................................. 17
Figura 12 - Indicadores que apresentaram cinco ou mais Observações. .................................. 18
Figura 13 - Assuntos que apresentaram 10 ou mais NCRs. ..................................................... 18
Figura 14 - Assuntos que apresentaram 10 ou mais Observações. ........................................... 19
Figura 15 – Temas que apresentaram 10 ou mais NCRs. ......................................................... 19
Figura 16 - Temas que apresentaram 10 ou mais Observações. ............................................... 20
Figura 17 - Ocorrência de NCRs relatadas por princípio para o padrão harmonizado. ........... 21
Figura 18 - Quantidade de certificados filiados ao PCCF que receberam NCRs em cada
princípio .................................................................................................................................... 22
Figura 19 - Ocorrência de Observações relatadas por princípio para o padrão harmonizado. . 22
Figura 20 - Indicadores do padrão harmonizado que apresentaram três ou mais NCRs.
...................................................................................................................................................23
Figura 21 - Indicadores do padrão harmonizado que apresentaram três ou mais
Observações..............................................................................................................................23
Figura 22 - Assuntos que apresentaram 10 ou mais NCRs para o padrão harmonizado .........24
Figura 23 - Assuntos que apresentaram 10 ou mais Observações para o padrão
harmonizado..............................................................................................................................24
Figura 24 - Temas que apresentaram 10 ou mais NCRs para o padrão
harmonizado..............................................................................................................................25
Figura 25 - Temas que apresentaram 10 ou mais Observações para o padrão harmonizado ...25
5

LISTA DE TABELAS

Tabela 1- Total de relatórios de auditoria, publicados em 2020, de acordo com o padrão de


manejo. ....................................................................................................................................... 9
Tabela 2 - Total de área certificada analisada de acordo com o padrão de manejo. .................. 9
Tabela 3 - Certificados analisados por região do Brasil de acordo com o porte do
empreendimento. ........................................................................................................................ 9
Tabela 4 - Tipos de produtos das razões sociais analisadas. .................................................... 10
Tabela 5 - Quantidade de não conformidades cadastradas de acordo com a classe e o padrão
de manejo florestal.................................................................................................................... 10
Tabela 6 - Quantidade de não conformidades e observações para os padrões de manejo
florestal de acordo com o princípio. ......................................................................................... 11
Tabela 7 - Quantidade de não conformidades relatadas de acordo com sua classe para o
Padrão Terra Firme. .................................................................................................................. 11
Tabela 8 - Quantidade de NCRs por classe para o Padrão Harmonizado. ............................... 16
Tabela 9 - Quantidade de não conformidades relatadas para empresas filiadas. ..................... 20
Tabela 10 - Quantidade absoluta de Não conformidades e Observações para empresas filiadas
e não filiadas, considerando todas as ocorrências cadastradas. ................................................ 20
Tabela 11 -Quantidade relativa de Não Conformidades e Observações relatadas para empresas
filiadas e não filiadas, a cada 100.000 ha, considerando todas as ocorrências cadastradas. .... 21
Tabela 12 - Quantidade relativa Não Conformidades e Observações relatadas para empresas
filiadas e não filiadas, a cada 100.000 ha, considerando ocorrências do padrão harmonizado.
.................................................................................................................................................. 21
6

1 INTRODUÇÃO

Com o cenário preocupante de degradação e perda de florestas tropicais pelo mundo,


divulgado pela mídia na década de 80, organizações não governamentais (ONGs)
ambientalistas passaram a incentivar um boicote internacional ao consumo de produtos
originados da madeira tropical. Nesse contexto, foi criada a certificação florestal, com o intuito
de garantir a sustentabilidade florestal e a produção madeireira. Os sistemas de certificação
atuais reconhecidos internacionalmente são o PEFC (Programme for the Endorsement of Forest
Certification Schemes) e o FSC (Forest Stewardship Council®) (SILVA; PAPP, 2014).
Fundado no ano de 1999 na Europa, o PEFC é uma organização internacional, sem fins
lucrativos e não governamental, que visa promover o manejo florestal sustentável por meio da
certificação de entidades independentes (PEFC, 2021). O FSC foi fundado em 1994 embasado
em preocupações a respeito do desmatamento global. É definido como uma organização
independente, sem fins lucrativos e não governamental que tem a finalidade de incentivar o
manejo florestal sustentável no mundo, de modo que seja socialmente benéfico e
economicamente viável, por meio da identificação de ferramentas e recursos que gerem
resultados positivos e duradouros nas florestas e nos povos que as habitam (FSC c, 2021).
A certificação florestal é voluntária e objetiva garantir que as práticas das empresas
florestais sejam economicamente viáveis, socialmente justas e ambientalmente sustentáveis,
por meio de princípios e critérios (presentes em padrões internacionais) que comprovem o
compromisso com a responsabilidade socioambiental (PCCF, 2021). O processo de certificação
gera impactos no manejo florestal, em condições de trabalho, nas florestas, em comunidades
que dependem de áreas naturais e no mercado madeireiro (NUSSBAUM; SIMULA, 2005).
Para verificar se os procedimentos adotados pela empresa estão de acordo com
determinado padrão, são realizadas as auditorias, as quais seguem uma metodologia
normatizada, que pode ser replicada em qualquer lugar do mundo, e são conduzidas por um
grupo multidisciplinar, composto por um auditor líder e auditores de suporte. O processo de
auditoria é composto por três etapas: a reunião de abertura, a investigação da conformidade e
uma reunião de fechamento. Na abertura são apresentados os objetivos, procedimentos e o
planejamento das atividades pelo líder. No fechamento são apresentados os resultados, as não
conformidades encontradas com as evidências e uma qualificação prévia do empreendimento
(IMAFLORA, 2012).
Quando se trata do FSC, o sistema de certificação predominante no Brasil, os problemas
constatados em auditorias são evidenciados nos relatórios como não conformidades (NCRs),
7

que podem ser maiores ou menores, ou como observações (PAIVA et al., 2015). Sendo assim,
as não conformidades podem ser definidas como falhas, ou desvios, em relação ao padrão
auditado e são classificadas conforme a gravidade do desvio. Assim, as NCRs maiores ocorrem
quando o desvio é sistemático ou fere de forma direta um princípio FSC, enquanto as menores
ocorrem quando o desvio é pontual e não fere de forma direta o princípio auditado (RAFAEL,
2017). As falhas no cumprimento do padrão também são conhecidas como Solicitações de Ação
Corretiva (CARs). As CARs presentes em relatórios de auditoria pública podem ser utilizadas
como medidas indiretas a respeito das mudanças econômicas, sociais e ambientais geradas pela
certificação FSC (PEÑA- CLAROS; BONGERS, 2010).
Com o intuito de atuar na articulação de interesses, disseminar informações, auxiliar as
partes envolvidas com certificação florestal e promover o trabalho cooperativo surgiu o
Programa Cooperativo sobre Certificação Florestal (PCCF), pertencente ao Instituto de
Pesquisas e Estudos Florestais (IPEF). Até o momento, o PCCF atende 44 empresas brasileiras
de pequeno, médio e grande porte, contribuindo com ações relacionadas às demandas trazidas
pelo FSC e outros sistemas de certificação florestal.
A fim de avaliar a performance das empresas brasileiras nas auditorias FSC, este estudo
identificou as ocorrências relatadas em relatórios de auditoria publicados no ano de 2020 pelo
FSC, inferindo sobre os principais pontos críticos, ou fragilidades, resultantes.
2 DESCRIÇÃO ATIVIDADES DESENVOLVIDAS

2.1 Preparação teórica sobre certificação florestal


Essa atividade teve a finalidade de preparar o estagiário para lidar com os conceitos e
termos utilizados na certificação florestal. Foram indicadas referências bibliográficas e
conteúdos existentes no IPEF Connect, plataforma de compartilhamento de arquivos utilizada
pelo PCCF, para que o estagiário pudesse estudar e, depois de 15 dias, foi feita uma
apresentação sobre os materiais para a coordenadora e assistente técnica.

2.2 Monitoramento de Não Conformidades – Coleta de dados


O estagiário deu continuidade ao trabalho histórico do Programa Cooperativo sobre
Certificação Florestal (PCCF) de monitoramento de não conformidades descritas em relatórios
públicos de auditoria publicados no site do FSC. Suas principais atividades foram:
✓ Analisar e coletar dados dos relatórios de auditoria publicados no site do FSC no ano de
2020, alimentando o arquivo Excel “Monitoramento NCRs”, que apresenta informações
desde 2010;
✓ Consolidar e propor melhorias à metodologia de coleta de dados já existente;
8

✓ Apresentar as dúvidas que surgiram ao longo do trabalho, objetivando encontrar


inconsistências na planilha.
2.3 Monitoramento de Não Conformidades - Análise dos dados e identificação de
indicadores críticos
Após coletados os dados dos relatórios de auditoria, o estagiário prosseguiu com as
análises, já propostas no arquivo Excel citado no tópico anterior. Essa tarefa é de extrema
importância para o PCCF, pois é um dos direcionadores do trabalho desenvolvido pelo
programa.
2.4 Auxílio à Coordenadora e assistente técnica
O estagiário ofereceu auxílio a coordenadora e assistente técnica nas demandas diárias do
programa.
2.5 Elaboração e apresentação do relatório final de estágio
O estagiário elaborou e apresentou um relatório final de estágio, visando mostrar as
atividades desenvolvidas durante o tempo de estágio no programa e os resultados obtidos
através dessas atividades.
2.6 Elaboração de um questionário para empresas filiadas
Foi elaborado um questionário para saber quais são as principais dificuldades
enfrentadas por empresas filiadas no processo de certificação e quais os impactos que a
pandemia teve no processo. O questionário foi elaborado, contudo, os resultados não foram
obtidos a tempo para a elaboração do presente relatório.
3 METODOLOGIA

Foram analisados 95 relatórios de auditoria publicados no site do FSC, considerando a


combinação de certificado de Manejo Florestal e Cadeia de Custódia (CoC), referidos no banco
de dados como “FM / CoC”, presentes no site FSC Public Search (FSC b, 2021). Dos relatórios
analisados, 65 foram de razões sociais não filiadas ao PCCF e 30 de filiadas. Considerou-se
apenas os relatórios publicados no ano de 2020, os quais contemplam auditorias que ocorreram
nos anos de 2019 (30 auditorias) e 2020 (65 auditorias).
Para identificar as dificuldades enfrentadas pelas empresas, foram utilizados critérios de
seleção de não conformidades de acordo com o status (abertas), o tipo (nova) e a classe (Maior
e Menor), analisando-as separadamente das observações. Com o objetivo de agrupar as não
conformidades, também foram elaboradas categorias de assuntos e temas, em nível de critérios
para os padrões FSC-STD-BRA-03-2013 V3-2 PT (SLIMF) e FSC-STD-BRA-01-2001 PT
9

(Terra Firme) e de indicadores para o FSC-STD-BRA-01-2014 V1-1 PT (Harmonizado). Os


dados coletados foram analisados com auxílio de uma planilha Excel.
4 RESULTADOS

4.1 Panorama brasileiro

Segundo dados do site do FSC (junho 2021), no Brasil, a área total certificada
corresponde a 7.922.116 hectares e há 149 certificados válidos. Os relatórios avaliados
representam cerca de 64% do total de relatórios válidos, compreendendo a mesma porcentagem
em relação à área. Não foi possível contemplar o total de certificados, pois 45 deles não
apresentavam relatório de auditoria publicado em 2020.
Dos relatórios analisados, houve maior quantidade referente ao Padrão Harmonizado,
seguido do SLIMF e Terra Firme, respectivamente (Tabela 1). As florestas plantadas
apresentaram maior área certificada, seguido das florestas nativas e SLIMF (Tabela 2).
Tabela 1- Total de relatórios de auditoria, publicados em 2020, de acordo com o padrão de manejo.

Tabela 2 - Total de área certificada analisada de acordo com o padrão de manejo.

Dos relatórios publicados, 57 representam empresas de pequeno porte (até 30.000


hectares), 23 de médio porte (entre 30.000 e 100.000 hectares) e 15 de grande porte (superior a
100.000 hectares), encontrando-se a maioria na região Sul do Brasil (Tabela 3).

Tabela 3 - Certificados analisados por região do Brasil de acordo com o porte do empreendimento.
10

Os principais produtos das empresas analisadas foram toras e lenha, papel e celulose,
toras e cavacos e produtos florestais não madeireiros (PFNM), com algumas empresas
apresentando outros produtos (Tabela 4).

Tabela 4 - Tipos de produtos das razões sociais analisadas.

Foram cadastradas 511 ocorrências novas que ainda se encontravam abertas nos
relatórios publicados em 2020, sendo 66 referentes ao Padrão Terra Firme, 411 ao Harmonizado
e 34 ao SLIMF (Tabela 5).

Tabela 5 - Quantidade de não conformidades cadastradas de acordo com a classe e o padrão de manejo florestal.

Ao analisar os princípios com maior quantidade de ocorrências, levando em


consideração todos os padrões de manejo florestal, os três que apresentaram maior frequência
de não conformidades foram os princípios 4, 6 e 8, enquanto que de observações foram os
princípios 4, 8 e 6 (Tabela 6).
11

Tabela 6 - Quantidade de não conformidades e observações para os padrões de manejo florestal de acordo com o
princípio.

Neste trabalho foram analisadas de forma mais específica as não conformidades


ocorridas nos padrões de manejo Terra Firme e Harmonizado, permitindo uma melhor análise
das dificuldades enfrentadas pelas organizações e a comparação entre ambas.

4.1.1 Padrão Terra Firme

As não conformidades do tipo nova com status aberto para o Padrão Terra Firme
somaram um total de 61 ocorrências (Tabela 7).

Tabela 7 - Quantidade de não conformidades relatadas de acordo com sua classe para o Padrão Terra Firme.

O princípio com maior número de não conformidades para o Padrão Terra Firme foi o
4, com 23 ocorrências. Em seguida, o princípio 8 aparece com 7, seguido dos principios 1 e 6,
com apenas 5 ocorrências de não conformidades cada (Figura 1).
12

Figura 1 - Quantidade de NCRs relatadas por princípio para o Padrão Terra Firme.

Em relação às observações, o princípio com maior ocorrência de não conformidades


também foi o 4, seguido pelos princípios 3, 9 e 1 (Figura 2).

Figura 2- Quantidade de Observações relatadas por princípio para o Padrão Terra Firme.

A nível de critério, considerando aqueles que apresentaram duas ou mais não


conformidades, o 4.2 foi o que apresentou maior número de ocorrências, 18, seguido do 8.2,
com 4. Os demais critérios tiveram registro de não conformidades inferior a 4 (Figura 3).
13

Figura 3- Quantidade NCRs relatadas por critério para o Padrão Terra Firme.

Para as observações, os critérios de maior ocorrência foram o 3.3 e o 4.4. Os demais


tiveram uma ocorrência cada (Figura 4).

Figura 4 - Quantidade de Observações relatadas por critério para o Padrão Terra Firme.

O principal assunto das não conformidades relatadas foi “Social / trabalhadores”, com
19 ocorrências, seguido por “Monitoramentos”, com 8 ocorrências, “Social / comunidades
locais”, com 6 ocorrências, e “legislação”, com 5 ocorrências. Os demais assuntos tiveram
quantidade de não conformidades inferior a 3 (Figura 5).
14

Figura 5 - Quantidade de NCRs, considerando o Padrão Terra Firme, categorizadas por assunto

Ao considerar as observações, os principais assuntos foram “Social / comunidades” e


“Social / Indígenas e Tradicionais”, com ocorrência igual a 3. Os demais assuntos apresentaram
ocorrência inferior a 2 (Figura 6).

Figura 6 - Quantidade de Observações, considerando o Padrão Terra Firme, categorizadas por assunto

Ao analisar os temas, que são um detalhamento do assunto, das não conformidades com
ocorrência igual ou superior a 3, temos como principal “Saúde e Segurança”, com 18
ocorrências, seguido de “Monitoramentos operacionais”, com 4 ocorrências, e os demais temas
com ocorrência igual a 3 (Figura 7).
15

Figura 7 - Quantidade de NCRs, considerando o Padrão Terra Firme, categorizadas por temas

Para as observações, os temas com maior ocorrência foram “Sítios de especial


significado” e “Partes afetadas / impactos”, com 2 ocorrências. Os demais apresentaram
ocorrência igual a 1 (Gráfico 8).

Figura 8 - Quantidade de Observações, considerando o Padrão Terra Firme, categorizadas por temas

4.1.2 Padrão Harmonizado

Para essa avaliação foram considerados todos os 66 relatórios de auditoria publicados


no ano de 2020 em relação ao padrão harmonizado. As NCRs novas e abertas referentes ao
padrão harmonizado totalizaram 403 ocorrências (Tabela 8).
16

Tabela 8 - Quantidade de NCRs por classe para o Padrão Harmonizado.

O princípio 4 foi o que teve maior número de ocorrências, tanto nas NCRs quanto nas
observações (Figuras 9 e 10). Para as NCRs, os três princípios com maior ocorrência foram, em
ordem decrescente, 4, 6 e 8 (Figura 9). Nas observações, os três princípios que tiveram maior
ocorrência foram o 4, 8 e 6 (Figura 10).

Figura 9 - Ocorrência de NCRs relatadas por princípio.


17

Figura 10 - Ocorrência de Observações relatadas por princípio.

A nível de indicadores, considerando aqueles que apresentaram cinco ou mais


ocorrências, houve maior número de não conformidades no 4.2.10, 9.1.1 e 4.4.3 (Figura 11),
enquanto as observações apareceram mais no 4.2.10, 8.1.1 e 4.4.8 (Figura 10).

Figura 11 - Indicadores que apresentaram cinco ou mais NCRs.


18

Figura 12 - Indicadores que apresentaram cinco ou mais Observações.

Os três principais assuntos que apresentaram 10 ou mais NCRs ou Observações foram


“Manejo Florestal”, “Monitoramentos” e “Social / trabalhadores” (Figuras 13 e 14).

Figura 13 - Assuntos que apresentaram 10 ou mais NCRs.


19

Figura 14 - Assuntos que apresentaram 10 ou mais Observações.

Ao considerar a categorização por tema, aqueles que apresentaram 10 ou mais NCRs


foram “Saúde e segurança”, “Prevenção, mitigação e controle de impactos ambientais” e
“Partes afetadas / impactos” (Figura 15).

Figura 15 – Temas que apresentaram 10 ou mais NCRs.

Já os temas que apresentaram 10 ou mais Observações foram “Saúde e segurança”,


“Partes afetadas / impactos” e “Plano de monitoramento” (Figura 16).
20

Figura 16 - Temas que apresentaram 10 ou mais Observações.

4.2 Desempenho das Filiadas

Para essa avaliação foram considerados apenas os relatórios publicados em 2020


referentes às empresas filiadas ao PCCF, contemplando 30 certificados (razões sociais), que
representam 19 empresas, os quais apresentaram 178 apontamentos (98 não conformidades e
80 observações) (Tabela 9).

Tabela 9 - Quantidade de não conformidades relatadas para empresas filiadas.

Ao comparar a quantidade de NCRs e Observações em relação ao número de


certificados (razões sociais) das empresas filiadas e não filiadas ao PCCF, é possível notar que
a ocorrência de não conformidades tem um valor igual entre ambas (Tabela 10).

Tabela 10 - Quantidade de Não conformidades e Observações para empresas filiadas e não filiadas, considerando
todas as ocorrências cadastradas.
21

Porém, quando a quantidade de NCRs e Observações é calculada em relação à área


certificada das empresas filiadas e não filiadas ao PCCF, isto é, quando determinamos a
quantidade relativa de não conformidades (por unidade de área), é possível notar que as filiadas
apresentam 4 vezes menos ocorrências a cada 100.000 hectares certificados (Tabela 11).

Tabela 11 -Quantidade relativa de Não Conformidades e Observações relatadas para empresas filiadas e não
filiadas, a cada 100.000 ha, considerando todas as ocorrências cadastradas.

Ao considerar apenas o padrão harmonizado, isto é, o padrão de manejo florestal foco


do PCCF, é possível notar que as empresas filiadas apresentam aproximadamente 7 vezes
menos Não Conformidades e Observações por unidade de área certificada (Tabela 12).

Tabela 12 - Quantidade relativa Não Conformidades e Observações relatadas para empresas filiadas e não filiadas,
a cada 100.000 ha, considerando ocorrências do padrão harmonizado.

Em empresas filiadas, os três princípios com maior incidência de NCRs foram os 4, 6 e


9, respectivamente (Figura 17).

Figura 17 - Ocorrência de NCRs relatadas por princípio para o padrão harmonizado.


22

Ao avaliar quantos certificados filiados apresentaram NCRs em cada princípio,


constatou-se que, dos 30 avaliados, 56,7% receberam NCRs no princípio 4, seguido do 6
(36,7%) e 8 (30%) (Figura 18).

Figura 18 - Quantidade de certificados filiados ao PCCF que receberam NCRs em cada princípio.

Em relação às observações referentes ao padrão harmonizado, os três princípios que


apresentaram maior ocorrência foram 4, 6 e 8, respectivamente (Figura 19).

Figura 19 - Ocorrência de Observações relatadas por princípio para o padrão harmonizado.


23

Os indicadores que apresentaram três ou mais NCRs e Observações encontram-se nas


Figuras 20 e 21. Os indicadores com maior ocorrência das Não Conformidades foram 4.4.3,
9.1.1, 4.2.10 e 4.4.1, enquanto para as Observações foram o 8.1.1 e 4.4.8.

Figura 20 - Indicadores do padrão harmonizado que apresentaram três ou mais NCRs.

Figura 21 - Indicadores do padrão harmonizado que apresentaram três ou mais Observações.

Os principais assuntos que apresentaram 10 ou mais NCRs ou Observações encontram-


se nas Figuras 22 e 23. É possível observar que tanto para as NCRs quanto para as Observações
o assunto com maior frequência de ocorrências foi “Monitoramentos”, que foi seguido por
“Social/Trabalhadores” nas NCRs e por “Manejo Florestal” nas Observações.
24

Figura 22 - Assuntos que apresentaram 10 ou mais NCRs para o padrão harmonizado.

Figura 23 - Assuntos que apresentaram 10 ou mais Observações para o padrão harmonizado.

Ao categorizar as ocorrências em temas, aqueles que apresentaram cinco ou mais NCRs


ou Observações encontram-se nas Figuras 24 e 25. Nota-se que o tema com maior quantidade
de NCRs foi “Saúde e Segurança”, seguido por “AVC/ manutenção de atributos”, enquanto o
tema com maior quantidade de Observações foi “Partes afetadas/impactos” seguido por “Saúde
e segurança”.
25

Figura 24 - Temas que apresentaram 10 ou mais NCRs para o padrão harmonizado.

Figura 25 - Temas que apresentaram 10 ou mais Observações para o padrão harmonizado.

5 DISCUSSÃO

O presente estudo analisou um total de 511 ocorrências do tipo novas e abertas para os
padrões FSC divulgadas em 95 relatórios públicos no ano de 2020.
Considerando o padrão “Terra Firme”, os princípios com maior incidência de NCRs
foram 4, 8 e 1, enquanto 4, 3 e 9 apresentaram mais Observações, respectivamente. Ou seja,
relações comunitárias, direitos dos trabalhadores e dos povos indígenas, monitoramentos,
obediência às leis e manutenção de florestas de Alto Valor de Conservação estão entre os
assuntos mais desafiadores para as empresas. Ao tratar de critérios, os que apresentaram maior
quantidade de NCRs foram 4.2 e 8.2, enquanto o 3.3 e o 4.4 receberam mais Observações.
Magalhães (2014) também observou o princípio 4 como um dos mais presentes entre as NCRs
26

maiores e menores de oito empresas certificadas FSC localizadas na Amazônia, entre os anos
de 2009 e 2013, sendo que, nesse mesmo estudo, o critério 4.2 foi o mais recorrente entre as
NCRs menores.
Os temas mais comuns entre as NCRs do padrão “Terra Firme” foram “Saúde e
segurança” e “Monitoramentos operacionais”, enquanto os que mais apareceram entre as
observações foram “Sítios de especial significado” e “Impactos e partes afetadas”.
Em estudo realizado por Basso et al. (2011) sobre a influência da certificação no
cumprimento da legislação em Unidades de Manejo Florestal (UMF), os autores verificaram
que para certificação em grupo de empresas que trabalham com manejo de florestas nativas, as
principais NCRs ocorrem nos princípios 1 e 4, devido à dificuldade de se atender à legislação
ambiental e trabalhista, e ao princípio 6, que diz respeito ao impacto ambiental.
Em relação ao Padrão Harmonizado, os princípios com maior ocorrência de NCRs e
Observações foram 4, 6 e 8, sendo o 4 o mais recorrente em ambas. Este resultado indica que o
atendimento ao requerido pelo padrão quanto às relações comunitárias e direitos dos
trabalhadores compreendem os atuais maiores desafios às organizações certificadas. Os
princípios 4 e 6 também apresentaram maior ocorrência de NCRs em uma análise sobre a
contribuição da certificação florestal no atendimento à legislação ambiental e social do estado
de Minas Gerais realizada em 2012 (BASSO et al., 2012).
Os três indicadores do Padrão Harmonizado que apresentaram mais NCRs foram 4.2.10,
9.1.1 e 4.4.3, enquanto para as Observações foram 4.2.10, 8.1.1 e o 4.4.8, respectivamente.
Nota-se que as Organizações estão apresentando dificuldades em garantir aspectos relativos às
condições ergonômicas, sanitárias e ambientais apropriadas aos trabalhadores no desempenho
de suas atividades. Os principais temas entre as NCRs foram “Saúde e segurança”, “Prevenção,
mitigação e controle de impactos ambientais” e “Impactos relacionados a partes afetadas”. Para
as observações, os três temas mais presentes foram “Saúde e segurança”, “Partes afetadas
relacionada a impactos” e “Plano de monitoramento”.
Ao analisar as principais dificuldades enfrentadas por empresas sobre a certificação FSC
no Brasil em 2017, observou-se que a ocorrência de NCRs esteve mais associada aos princípios
4, 6 e 8 (RAFAEL et al., 2017). Os princípios citados têm relação com os assuntos “Relações
com a comunidade e direitos do trabalhador”, “Meio ambiente e impacto” e “Monitoramento e
avaliação”, respectivamente. Os principais temas identificados foram “Atividades de
planejamento, operação e monitoramento da unidade florestal” e “Saúde e segurança
operacional”.
27

O princípio 4 mostra-se como particularmente desafiador para o processo de certificação


no Brasil, tanto em florestas plantadas quanto em florestas nativas (BASSO et al., 2012;
MAGALHÃES, 2014; RAFAEL et al., 2017). Outros princípios que também merecem atenção
são o 1, 3, 8 e 9 em florestas nativas, e 6 e 8 em florestas plantadas.
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Por meio das análises e pesquisas realizadas é possível fazer as seguintes considerações:
• Em florestas nativas, houve maior incidência de NCRs relacionadas a questões sociais,
indicando uma provável dificuldade em oferecer infraestrutura e condições adequadas
tanto para os trabalhadores quanto em garantir a minimização de impactos para
comunidades locais, o que pode justificar algumas falhas recorrentes no tema legislação
para esse tipo de floresta, quando consideradas as leis trabalhistas.
• Em florestas plantadas, a questão social também se mostrou relevante, principalmente
em relação às questões de saúde e segurança e aos impactos às comunidades locais.
• Falhas em monitoramentos também foram recorrentes nos dois tipos de floresta, o que
ocorre, provavelmente, devido à sua complexidade de aplicação.
• Ao comparar a performance apresentada por empresas filiadas ao PCCF com aquela
apresentada por não filiadas, considerando o número de ocorrências por unidade de área,
notou-se uma performance consideravelmente melhor das filiadas no cumprimento do
Padrão Harmonizado, o que pode indicar a relevância do trabalho cooperativo e a
importância do PCCF como facilitador para as empresas que dispõem do seu trabalho.
• Apesar de ter uma boa atuação na aplicação do Padrão Harmonizado de modo geral, o
princípio 4 também foi recorrente entre as NCRs e Observações apresentadas pelas
Organizações filiadas ao Programa.
• Portanto, independentemente do padrão de manejo, ou da filiação ao PCCF, as
ocorrências publicadas em 2020 demonstraram que existe dificuldade entre as
Organizações brasileiras para atender requisitos de certificação relativos às relações
comunitárias e aos direitos dos trabalhadores. Essa constatação é importante, pois pode
direcionar o trabalho do PCCF e das organizações certificadas para ações que tratem
dessas questões, além de servir de norte para empresas que pretendem se certificar,
permitindo que olhem para o princípio 4 com mais atenção durante o seu preparo para
a certificação.
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7 REFERÊNCIAS

BASSO, Vanessa Maria et al. Contribuição da certificação florestal ao atendimento da


legislação ambiental e social no estado de Minas Gerais. Revista Árvore, v. 36, n. 4, p. 747-
757, 2012.

BASSO, Vanessa Maria et al. Influência da certificação florestal no cumprimento da legislação


ambiental e trabalhista na região amazônica. Acta Amazonica, v. 41, n. 1, p. 69-76, 2011.

Da Silva, Edson José Vidal; PAPP, Luciana Maria . Auditoria e certificação florestal. In:
MORAES, C. S. B.; PUGLIESI, E. (Org.). Auditoria e Certificação Ambiental. 1ed. Curitiba:
Intersaberes, v. 1, 2014. 358 p.

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www.fsc.org. Acesso em Junho 2021.

FOREST STEWARDSHIP COUNCIL (FSC b) – Certificação FSC para cadeia de custodia e


manejo florestal. Disponível em www.fsc.org. Acesso em Abril 2021.

FOREST STEWARDSHIP COUNCIL (FSC c). Sobre o FSC Brasil. Disponível em:
https://br.fsc.org/pt-br/fsc-brasil. Acesso em: 03 mar. 2021.

INSTITUTO DE MANEJO E CERTIFICAÇÃO FLORESTAL E AGRÍCOLA (IMAFLORA).


A busca pela sustentabilidade no campo – 10 anos da certificação agrícola no Brasil. Piracicaba,
132p., 2012.

MAGALHÃES, Lívia Cristina Barreto de. Distribuição de frequência das não conformidades
em empresas que utilizam o manejo de impacto reduzido na Amazônia. 2014.

NUSSBAUM, Ruth; SIMULA, Markku. The forest certification handbook. Taylor & Francis,
2013. PCCF. Certificação Florestal (PCCF). Piracicaba: Ipef, 2019. Disponível em:
https://www.ipef.br/pccf/relatorio_anual_2019-pccf.pdf. Acesso em: 03 mar. 2021.

PEÑA-CLAROS, MARIELOS; BONGERS, FRANS. 4.5 an indirect way to evaluate the


impact of certification. Biodiversity conservation in certified forests, p. 131-136, 2010.

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Acesso em: 03 mar. 2021.

RAFAEL, Gabriel C.; FONSECA, Alberto; JACOVINE, Laércio Antônio Gonçalves. Non-
conformities to the Forest Stewardship Council (FSC) standards: Empirical evidence and
implications for policy-making in Brazil. Forest Policy and Economics, v. 88, p. 59-69, 2018.

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