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O Que é a Ira de Deus?

Qual o
Significado da Ira Divina?
 Daniel Conegero

A ira de Deus significa que Ele detesta de forma absoluta o pecado. Sim, Deus
odeia todo e qualquer tipo de pecado. Isso acontece porque Deus é plenamente
santo e justo, e não aprova aquilo que não esteja em conformidade com o Seu
caráter moral.

Então falar da ira de Deus significa falar de Sua justiça. Sendo justo, Deus
recompensa o obediente e castiga o desobediente. Dessa forma, o que a Bíblia
chama de “ira de Deus” é a manifestação de Sua justiça retributiva.

A Bíblia deixa muito claro que o pecado sempre precisa ser punido. Sim, o pecado
tem consequências, inclusive com implicações eternas! Quando Adão e Eva
desobedeceram a Deus no Éden, eles estavam conscientes de que tal ato era
passível de morte (Gênesis 2:17). Por isso a Bíblia também diz que “o salário do
pecado é a morte” (Romanos 6:23).
A morte como consequência do pecado não é apenas a morte física, mas a morte
espiritual que também resulta na morte eterna. Então se todo pecado merece ser
punido, é a ira de Deus que executa essa punição justa.

Mas é importante enfatizar que no derramamento de Sua ira, Deus não age de
forma parcial ou tendenciosa. A ira de Deus cobra de forma totalmente justa a
aplicação da pena pela transgressão da lei divina.

A ira de Deus na Bíblia


Na Bíblia diversos termos hebraicos e gregos são usados para falar da ira de Deus.
No geral, esses termos são traduzidos como “cólera”, “furor”, “ódio” e “ira”. Além
disso, a ira de Deus muitas vezes é descrita em conexão com a ideia de “inflamar”,
ou seja, a ira de Deus é como um fogo que se acende por causa do pecado (cf.
Deuteronômio 32:22; Salmo 21:9).
No Antigo Testamento encontramos muitas descrições da ira de Deus sendo
inflamada em resposta aos pecados do povo da aliança que quebravam o
juramento com Deus ao atentarem contra a santidade divina cometendo
imoralidades e adotando a idolatria. Inclusive, os israelitas estiveram a ponto de
serem exterminados por terem provocado a ira do Senhor (Deuteronômio 9:7,8; cf.
Êxodo 32:9,10).

O ensino bíblico acerca da ira de Deus não está limitado apenas ao Antigo
Testamento, mas também está claramente aplicado no Novo Testamento. É o
próprio Senhor Jesus quem diz que a ira de Deus permanece sobre àqueles que o
rejeitam (João 3:36).

Ainda no Novo Testamento o apóstolo Paulo também explica que ninguém é


indesculpável diante do Senhor, e que “a ira de Deus é revelada dos céus contra
toda impiedade e injustiça dos homens que suprimem a verdade pela
injustiça” (Romanos 1:18).
A Bíblia também diz que embora a ira de Deus já agora se manifesta através de
juízos temporais, ela só será revelada plenamente em todo seu poder na
consumação da História, o momento que a Bíblia chama de “Dia do Senhor” que
será o dia da Sua ira (cf. Atos 2:20; Romanos 2:5).

A boa notícia é que a Bíblia também diz que Cristo é quem “nos livra da ira que há
de vir” (1 Tessalonicenses 1:10). Além disso, através das Escrituras também
entendemos que Deus é longânimo e paciente na manifestação da Sua ira com o
objetivo de conduzir as pessoas ao arrependimento (Romanos 2:4; 2 Pedro 3:9,10).

Por que o derramamento da ira de Deus é


necessário?
O derramamento da ira de Deus é necessário porque Ele é perfeitamente santo e
justo. Logo, Ele não toma o culpado por inocente (Êxodo 20:7). Por ser reto em
Seus juízos, Deus não poupa o ímpio e não faz acepção de pessoas.

Mas sem é verdade que a ira de Deus é um dos ensinos bíblicos que as pessoas
têm mais dificuldade de entender. Elas imaginam que a realidade de um Deus
irado, e ao mesmo tempo plenamente amoroso e misericordioso, é algo
incongruente.

Mas não há qualquer incompatibilidade nisso, pois a ira divina está intimamente
associada à santidade e justiça de Deus, e estas qualidades, por sua vez, estão
diretamente ligadas à misericórdia, bondade, longanimidade e amor de Deus.
Deus é misericordioso, bondoso e longânimo porque Ele é também justo e santo.
Se Ele não fosse perfeitamente justo e completamente santo, não haveria motivos
para Ele ser bondoso. Sua misericórdia e longanimidade não teriam significado,
pois não haveria n’Ele uma integridade moral que exigiria a punição da
transgressão de Sua lei.

Mas ao demonstrar sua misericórdia e longanimidade para com àqueles que


merecem o castigo por seus pecados, Deus também manifesta o seu amor.
Sabendo que os pecadores jamais poderiam pagar o preço de sua transgressão, Ele
providenciou o Seu próprio Filho para redimi-los. Esse ato de puro amor foi
também um ato de pura justiça, pois o Filho recebeu sobre si a ira da justiça de
Deus em lugar dos que foram por Ele redimidos. Então nesse sentido o próprio
amor de Deus é também expresso na manifestação de sua ira (Romanos 3:25).

Para o povo de Deus a ira divina é motivo


de louvor, gratidão e confiança
Não há dúvida de que a Bíblia fala da manifestação da ira de Deus como algo
terrível que causa dor, destruição, castigo e medo (cf. Salmos 2:5; 76:7; 90:7; 102:10;
Jeremias 42:18; etc.). Mas para o cristão a ira de Deus deve ser motivo de louvor e
gratidão. Isso porque a Bíblia diz que outrora éramos por natureza filhos da ira
(Efésios 2:3). Mas pela graça de Deus, a ira que deveria cair sobre nós recaiu sobre
Cristo (Romanos 3:25,26). Porque Cristo suportou a ira divina, agora temos paz com
Deus (Efésios 2:14-16).
Também devemos agradecer a Deus pelo fato de Ele ser paciente no
derramamento de Sua ira, porque assim temos a garantia de que o número
completo do povo de Deus será salvo (2 Pedro 3:9,10; cf. Apocalipse 7).
Para os crentes a ira divina também é motivo de grande confiança em Deus, porque
ela é a certeza de que o mal não ficará impune. Se Deus fizesse vista grossa para o
mal, então que motivo teríamos para acreditar que Ele é um Deus bom, já que Ele
não demonstraria ter qualquer coerência ou padrão moral em si mesmo? Portanto,
a manifestação da ira de Deus é um dos motivos pelos quais podemos confiar n’Ele.

Já os incrédulos deveriam enxergar a doutrina bíblica da ira de Deus como uma


graciosa advertência. Isso porque ainda não chegou o dia do derramamento total
da ira de Deus em todo seu furor. Portanto, a porta do arrependimento permanece
aberta.

Isso fica claro no livro do Apocalipse que explica que antes de derramar as taças de
Sua ira, primeiro Deus envia trombetas que servem como avisos para que os
homens se arrependam. Enquanto que no derramamento das taças a ira de Deus é
sem mistura, nas trombetas a ira de Deus é misturada com misericórdia (Apocalipse
8-16).

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