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GERÊNCIA DE RISCOS

INDUSTRIAIS

SEG007

Prof. César A. Leal


Evolução histórica
• Até algumas décadas atrás, a questão da
segurança na indústria era problema interno às
empresas sem interferência do governo ou da
população
• Enfoque de segurança tradicional: coeficientes
embutidos nas normas e códigos de projetos
• Ênfase exagerada na produção
• Organização da sociedade civil (ONG’s),
insatisfação de parcelas da população,
autoridades e membros da própria indústria
Evolução histórica
• Aumento da escala e complexidade das
plantas
• Ocorrência de grandes acidentes
– Flixborough, Inglaterra (1974)
– Seveso, Itália (1976)
– San Carlos de La Rapita, Espanha (1978)
– Cidade do México, México (1984)
– Bophal, Índia (1984)
• Debates e questionamentos, notadamente no
setor nuclear
Acidentes
Acidente Local/ano Mortes(m) e
Feridos(f)

Explosão de nitrato de Oppau, Alemanha, 1911 561m


amônio
Nuvem tóxica de dioxina Seveso, Itália, 1976 0 m e 0f

VCE de ciclohexano Flixborough, Inglaterra, 28m


1974 104f
VCF de propileno San Carlos, Espanha, 216m
1978 200f
VCF e BLEVE de GLP Cidade do México, 650m
México, 1984 6.400f
Nuvem tóxica de Bophal, India, 1984 4.000m
isocianato de metila 20.000f
Incêndio e explosão num Jesse, Nigéria, 1998 ~1200m
oleoduto
Evolução do número de acidentes (VCE’s)
Acidentes ao longo da história
Marcos importantes

• Estudo de Canvey Island (UK 1978/1981)

• Estudo de Rijmond (Holanda, 1982)

• Diretiva de Seveso (EU, 1982/87/88/96)

• Convenção 174 da OIT (Decreto 4.085 de


15/01/2002, Governo Federal)
Tipos de risco

• Operação normal – Quando há exposição


regular a agentes danosos, a única incerteza
reside na extensão dos possíveis danos.

• Acidentes de processo - existe incerteza


tanto no que diz respeito a ocorrência ou
não do acidente como no grau de dano
Riscos da operação normal

• Trabalhadores - doenças ligadas ao trabalho


(exposição a agentes nocivos, ruído, calor,
pó, vibrações, radiações, etc.)
• População - doenças devido a exposição a
efluentes (respiratórias, câncer, genéticas,
etc.)
• Meio ambiente - contaminação ambiental
Acidentes

• Acidentes de trabalho - decorrem de quedas


tanto de pessoas como de objetos sobre pessoas,
queimaduras, choques elétricos, entrada em
ambientes confinados, etc.

• Acidentes de processo - vazamento de produtos


perigosos (tóxicos, inflamáveis), incêndio e
explosão. Possibilidade de mortes entre os
trabalhadores a população.
Gerenciamento de riscos

• Programa ou atividade que reúne a aplica-


ção de princípios de gerência e de técnicas
de avaliação de riscos para ajudar a garantir
a segurança das plantas de processo, prote-
gendo os seus funcionários, o público, o
meio ambiente e as instalações da empresa,
assim como evitando interrupções do pro-
cesso produtivo.
Análise de Riscos Industriais

• Substâncias perigosas
– Inflamáveis e/ou explosivas
– Tóxica

• Principais causas de danos


– Radiação térmica
– Sobrepressão (onda de choque)
– Efeitos tóxicos
Questionamentos úteis

• Será que algo pode dar errado?


• O que pode dar errado?
• Como acontece algo errado?
• O que acontece se der algo errado?
• O que fazer caso algo errado acontecer?
Definição de risco

• Risco é uma medida dos prejuízos econô-


micos e/ou danos ao meio ambiente ou
mortes/danos de pessoas, tanto em termos
de probabilidade como de magnitude.

• 1. Natureza probabilística

• 2. Consequência indesejada
Definição quantitativa do risco

• Risco={cenário, frequência, consequência}

• Vários cenários-> {cenário i, frequência i,


consequência i} i=1,2,…,n

N
• Risco social = ∑ fi.Ci
i =1
Risco social: unidades de medida

• Frequência: número de acidentes por ano

• Consequências: número de mortes por


acidente

• Risco social: Geralmente expresso em


número esperado de mortes por ano
Risco individual

• RI = Risco individual médio


= risco social/população exposta

• Representa a probabilidade média de morte


no período de um ano para um membro da
população potencialmente exposta aos ris-
cos oriundos de uma dada instalação
Risco (versão alternativa)
• Risco = perigo/salvaguardas

• Perigo = condição capaz de causar danos

• Salvaguarda = medidas de segurança para


reduzir consequências indesejáveis

• Risco nulo somente com fonte de perigo


zero ou salvaguarda infinita!
Exemplos de risco

• Dados de 1998 para o Brasil


• População = 163x106 habitantes
• Número de mortes por
– Afogamento = 6546
– Quedas = 4822
– Agressões = 41916
– Envenenamento/intoxicação = 379
Exemplos de risco - Brasil

Risco Social Risco individual


Tipo
(mortes) (/ano)
Afogamento 6546 40/1.000.000

Queda 4822 30/1.000.000

Enven./intox. 379 2,3/1.000.000

Agressões 41916 260/1.000.000


Riscos equivalentes

• Imagine-se uma cidade onde, em um ano,


ocorreram
– A. 100 acidentes automobilísticos com duas
vítimas fatais por acidente
– B. 200 assaltos com uma vítima fatal por
ocorrência e
– C. 200 mortes devido à ruptura de uma
barragem
• O risco social destes três casos é idêntico!
Aversão aos grandes números

• Observa-se na prática que as pessoas tendem a


aceitar menos situações que envolvam um grande
número de mortes, independente do fato de se ter
uma probabilidade muito baixa de ocorrência (fato
que pode tornar o risco desprezível).
• As pessoas tendem a se fixar tão somente na
consequências e não levam em conta as fre-
quências quando julgam riscos.
Cenários de acidente

• O que pode dar errado?


– Análise histórica
– APR
– FMEA
– HAZOP

• Quais as formas de evolução?


– Árvores de eventos
Frequências

• Evento iniciador de acidente


• Probabilidade de falha da proteção

– Frequência = frequência do evento iniciador x


probabilidade de falha da proteção

– Diagramas de blocos
– Árvores de falhas
– Árvores de eventos
Consequências

• Quantas pessoas poder ser afetadas? Como?

• Quais os efeitos ambientais?

• Quais as perdas econômicas?

• Quais os efeitos sobre as residências? Sobre outras


partes da planta? Efeito dominó?
Gerenciamento de riscos
• Como minimizar o risco?

• Qual o risco mínimo? Que riscos minimi-


zar? Existe risco mínimo tolerável?

• Critérios de tolerabilidade?

• Risco real versus risco “percebido”? Como


levar em conta o risco percebido?
Risco voluntário
• Risco voluntário é todo aquele em que a
pessoa assume de vontade própria.
Exemplos:
• Trabalho em
– plataforma de petróleo
– mineração
– indústria química
• Viajar de carro, trem ou avião
• Alpinismo, canoagem
Risco involuntário

• Risco involuntário é aquele que independe


da livre vontade da pessoa. Exemplos:

– Ser atingido por meteorito


– Ser atingido por um raio
– Atropelamento
– Incêndio
Risco por atividade

• O risco relacionado à atividade é medido


pelo número de mortes observadas para
cada 108 horas de exposição àquela ativi-
dade (TAF = Taxa de Acidente Fatal ou
FAR = Fatal Accident Rate)

• 108 horas = 1000 trabalhadores x 50 anos x


40 h/semana x 50 semanas/ano
TAF por atividade industrial
TAF TAF
Atividade
(UK 1987-1990) (Brasil 1997)

Mineração 7,3 21,3


de carvão
Construção 5 12,7
civil
Indústria 4 7,9
química
Manufatura 0,05 3,8
Risco individual por atividade industrial

Atividade Rind Rind


(UK 1987-1990) (Brasil 1997)

Mineração 145x10-6 425x10-6


de carvão
Construção 100x10-6 254x10-6
civil
Indústria 80x10-6 159x10-6
química
Manufatura 0,9x10-6 76x10-6
FAR para setores não industriais (UK)
Relação entre TAF e risco individual

• A relação entre TAF e risco individual para


uma pessoa que trabalha N horas por ano é

• Rind = TAF*N/108
Para um trabalhador que trabalha 2000 h/ano

• RI = TAF/(50.000)
Tendências observadas
Porque fazer uma análise quantitativa de riscos?

• Subsídio para o licenciamento

• Redução do risco

• Bases apara elaboração de


– Plano de gerenciamento de risco
– Plano de emergência

• Compra de seguro

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