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Faculdade de Educação
Disciplina: Antropologia da Educação
Profa Nanci Franco
ANÁLISE CRÍTICA
Já na aldeia, soube que a construção da escola nova tinha sido precedida por acirrada
discussão com os órgãos oficiais responsáveis pelas questões indígenas e pelas
educacionais, e com a missão salesiana, que até então assumia a educação escolar. A
escola acabou por ser construída pela Prefeitura do Município, seguindo um padrão
oficial adoptado para todos os edifícios escolares no país. A Prefeitura tinha
materiais e projeto para aquele tipo de construção, não para qualquer outro. Esta era
uma das várias condições para que a escola fosse reconhecida oficialmente e
obtivesse apoio institucional: salários, material e merenda escolares, e acesso a
ações de formação. Antes deste desfecho, os professores propuseram uma solução
intermédia: uma casinha de tijolo, mas redonda e sem paredes. Só que para isso era
preciso um projeto de arquitetura/engenharia aprovado pela Prefeitura e pelo MEC,
e financiamento para uma construção diferente. E os Xavante não conseguiram nem
uma coisa, nem outra. (p. 85)
No próximo capítulo a autora faz um relato sobre o ritual da tribo Xavante com
carvão. Na qual as crianças utilizavam uma mistura de cuspe e carvão para se pintar, e
inclusive se pintar umas às outras. Após esse processo, eles desciam para se banhar no rio
próximo a Aldeia Xavante. O professor Rômulo, que é um dos professores do relato
educacional da tribo Xavante, também acabou realizando o ritual. A autora se refere também
ao ritual como “enfarruscado” ou “caras enfarruscadas”.
Outro ponto marcante no texto foi também sobre os horários. Foi demonstrada uma
certa dificuldade em conseguir garantir uma certa pontualidade por parte dos alunos. Acerca
desse tópico, Ângela Nunes considera que:
Há questões básicas que ainda não foram resolvidas, como por exemplo, organizar
um calendário e um horário escolares que, para além de garantir que se cumpram as
exigências da educação escolar oficial, considere a participação das crianças nas
atividades domésticas e produtivas, do dia-a-dia ou sazonais, pois esta participação
tem importância fundamental nestas sociedades, em termos educativos, económicos,
sociais e culturais. A escola não só não pertence à sua cultura de origem, como
também a tem comprimido, tomando-lhe espaço e atenção, ameaçando, nesse
sentido, assimilá-la. Ainda que supostamente diferenciada, é a escola, como
instituição universal e homogeneizadora que tende a prevalecer. (p. 106)
Obviamente não podemos dizer que haja uma “perfeição” nessa implementação de
escolas indígenas, mas não é algo simples e precisa ser muito trabalhado e discutido. Sem
deixar de incluir educacionalmente a população de tribos indígenas.
REFERÊNCIAS