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DIREITO
ADMINISTRATIVO
SOFIA ALVES CUNHA
FDUL
2020/2021
Universidade de Lisboa
Faculdade de Direito
Direito Administrativo II
2º Semestre 2020/2021
PARTE I
O PROCEDIMENTO DA ATIVIDADE ADMINISTRATIVA
Parte Geral
1. Noções introdutórias
1.1 Do Procedimento administrativo: generalidades
1.2 Dimensão normativa do procedimento administrativo
1.3 Âmbito aplicativo do Código do Procedimento Administrativo de 2015
2. Princípios fundamentais
2.1 Princípios procedimentais da atividade administrativa
2.1.1 Princípios-regra do procedimento administrativo
2.2.2 Princípio exceção do procedimento administrativo
Parte Especial
7. Procedimento contratual
7.1 Procedimento dos contratos administrativos
7.1.1 Formação do contrato administrativo
7.1.2 Execução do contrato administrativo
7.1.3 Extinção do contrato administrativo
7.1.4 Invalidade dos contratos administrativos
7.1.5 Contencioso dos contratos administrativos
PARTE II
DAS GARANTIAS FACE AO PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO
NOÇÕES INTRODUTÓRIAS
CRP: 267º/5 Depõe que o procedimento tem dois propósitos: racionalização da atividade
administrativa e a garantia de um procedimento equitativo (= a procedimento justo= a
devido procedimento legal). Não é exequível por si mesma, sendo o CPA o conjunto de
normas exequendas, não podendo o CPA ser revogado simplesmente- há aqui uma
proibição de retrocesso na execução duma norma constitucional e de direito
fundamentais. Há que haver um procedimento equitativo, sendo este um princípio
subjetivo- hoje pode falar-se num direito fundamental a um procedimento justo e
equitativo.
Todos somos destinatários, pelo que as normas devem ser claras. O CPA tem normas de
grande deficiência em termos de redação e clareza, como o CPA: 168º/7
CPA: 2º Sendo qualquer entidade que faça parte da Administração Pública, bem como
autoridades públicas que embora não façam parte da Administração Pública sejam
reguladas em determinados aspetos pelo Direito Administrativo.
É também aplicável às entidades privadas que tenham atividade regulada pelo Direito
Administrativo.
Não há uma aplicação igual para toda a atuação administrativa, todavia existem 2 matérias
em que o CPA se aplica a toda a Administração pública:
• Os princípios gerais da atividade administrativa;
• As normas do CPA que concretizam preceitos da Constituição.
Isto abrange tanto a Administração que aplica direito privado, bem como toda a atividade
técnica.
Existem normas que só se aplicam a órgãos da Administração Pública CPA: 20º - 52º
devendo, contudo, excluir-se a sua aplicação a:
• Órgãos do Estado e das regiões autónomas que não exercem funções
administrativas a título principal e, por maioria de razão, a todos os órgãos que
não exercem qualquer tipo de função administrativa
• Órgãos de entidades privadas que, apesar de exercerem funções administrativas,
não integrem a Administração Pública salvo e na medida em que exercerem
poderes de autoridade.
A regra está no CPA: 8º/1 do Decreto-Lei que aprovou o CPA, pois neste diploma não
há qualquer norma transitória.
Não há no CPA norma sobre esta matéria, ou seja, uma regulação das situações jurídico-
administrativas transnacionais; apenas o CPA: 116º/4 possui um afloramento.
PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS
PRINCÍPIOS-REGRA
Permite exigir que a decisão final seja pautada pelo respeito da igualdade e da
imparcialidade, o que leva à fundamentação da decisão administrativa que deve ser
emitida num prazo razoável de decisão. É necessário publicidade e acesso à justiça
administrativa para que se garanta a equitabilidade do procedimento.
Este preceito veio tornar o princípio como direito fundamental que não pode ser violado,
pelo que se for violado a decisão é nula, mesmo que seja uma decisão final justa, contudo
o procedimento preterido o meu direito ao contraditório.
A violação gera sempre invalidade, e consequentemente responsabilidade civil para a
Administração Pública, mas apenas gera nulidade caso atinja o conteúdo essencial do
direito fundamental.
Este princípio resulta em Portugal tanto do CRP: 266º/2, devido ao princípio da Justiça,
como da clausula aberta do CRP: 16º/2, que incorpora no nosso ordenamento jurídico os
artigos supre referidos.
Considera-se que existe um erro no procedimento quando não seja adotado o que devia
ser legalmente utilizado. O erro do procedimento poderá conduzir a uma situação de
desvio de poder, ou seja quando se utiliza um meio para atingir um fim que não seria o
esperado e que esteja associado a outro procedimento.
Princípio Inquisitório
A Administração, como previsto no CPA: 58º deve por iniciativa própria (não necessita
de iniciativa dos privados) procurar encontrar a verdade, se a situação factual corresponde
à que lhe dão a conhecer. A judicial aguarda que as questões lhe sejam colocadas. Mas a
administração tem de agir, podendo e devendo desencadear os meios necessários tendo
em vista satisfazer as necessidades coletivas.
O CPA: 13º/3 diz que pode decidir para mais ou para mendo do pedido, contudo há
limites, o fim a adequação e a justiça.
Assim como o CPA: 117º/1 determina que se pode recorrer a todos os meios de prova
admitido em direito.
A instrução, onde se fixa a matéria de facto, tem efeito dominó porque uma vicissitude
na instrução, uma falsa representação ou ausência de tomada de ponderação de um
determinado elemento, pode contaminar a decisão final devido a um erro dos
pressupostos de facto.
Este princípio ganha particular relevância nos casos de discricionariedade decisória da
administração, pois a decisão dependerá em grande medida dos factos apurados na fase
de instrução.
Não estamos perante um princípio ilimitado, pois este encontra diversas limitações:
CPA: 58º Não pode ser uma atuação excessiva
CPA: 117º/2 Limites que não podem ser violados
CPA: 115º/1 Tem de seguir o propósito do procedimento justo, tomando uma decisão
legal e dentro de um prazo razoável
CPA: 116º/1 Deve os interessados provar os factos que tenham sido alegados
CPA: 115º/2 + 115º/3 Exceções em que perante factos notórios ou devido às funções que
exerce, o responsável do procedimento já tenha conhecimento
Uma coisa é a prova feita outra é por vezes a realidade real, podendo haver uma
dissociação, sendo relevante para o procedimento a realidade procedimental.
Exemplo: Alguém que não faz prova da licenciatura, apesar de a ter, porque a faculdade
onde estudou já não existe. A Administração Pública pode considerar que não existe
licenciatura, devido à realidade procedimental, apesar desta não corresponder com a
realidade.
O apurar da verdade procedimental é relativa pois o que hoje temos como certa amanha
podemos ter como errado, dai a importância da modificação das decisões administrativas
tendo em conta os novos conhecimentos adquiridos sobre a realidade.
Princípio da colaboração
Princípio da preferência
Princípio previsto no CPA: 61º/1 e reforçado pela pandemia onde houve a necessidade
de publicar a Lei nº 72/2020, de 16 de Novembro, que vem reforçar os meios
informáticos para o funcionamento dos órgãos colegiais e para o próprio procedimento.
Impõe-se notar, aludindo ao artigo 2º do presente diploma, que este regime aplicar-se-á́ a
toda a atividade adotada no exercício de poderes públicos ou regulada de modo específico
por disposições de direito administrativo, independentemente da natureza da entidade.
E tem por objeto todos os procedimentos administrativos, comuns e especiais, exceção
feita, unicamente, para os procedimentos de emissão de regulamentos administrativos e
para os procedimentos de avaliação de impacte ambiental e de avaliação ambiental
estratégica, especialmente regulados.
Estas conferencias de serviços ocorrerão também no quadro dos procedimentos que
envolvam autarquias locais e entidades da Administração Central, casos em que a CCDR
promoverá conferências procedimentais periódicas no âmbito das entidades
intermunicipais e áreas metropolitanas.
A aplicação das medidas de simplificação de procedimentos descritas será́ objeto de
monitorização pela Agência para a Modernização Administrativa, I.P (Direcção-Geral
das Autarquias Locais no caso das conferências procedimentais realizadas entre a
administração direta e indireta e as autarquias locais), sendo, inclusive, imposta uma
obrigação de reporte quanto ao número de conferências procedimentais realizadas e de
procedimentos administrativos concluídos.
É um princípio que resulta do CRP: 267º/5 como garantia dos cidadãos que expressa o
modelo democrático da administração. Podendo a participação ser individual ou coletiva,
uma colaboração ou um ónus ou ainda um direito ao contraditório.
Pode tanto ter incidência no procedimento como no conteúdo das decisões, contudo
vamos analisar a vertente procedimental.
O fundamento do direito à boa administração encontra-se na Carta dos Direitos
Fundamentais da União Europeia: 41º pois o CPA: 5º não o tem como direito.
Em termos práticos este princípio exige:
• Desburocratização, simplificado os atos da administração
• Economicidade, mínimo de recurso financeiros para alcançar o máximo
de vantagens
• Celeridade e eficácia, garantindo um procedimento rápido e a tempo útil
razoável
• Aproximação dos serviços à população
Princípio da decisão
CPA: 13º/1 Toda a pretensão formulada pelo particular à Administração Pública tem de
obter uma resposta, a Administração não pode perante um pedido ignorar e não decidir.
Não necessita de decidir de acordo com o que é pedido, mas necessita de dar uma
respostas.
CPA: 127º A decisão administrativa nem sempre necessita de ser prestada de forma
expressa, podendo, por vezes, estar implícita noutras decisões expressas ou de forma
tácita do silêncio da Administração CPA: 129º + 130º
Será que as decisões que colocam termo ao procedimento são imodificáveis? Haverá
semelhança entre as sentenças judiciais e as decisões que colocam termo? As decisões
Administrativas formam, à semelhança das sentenças jurídicas, casos julgados?
Deve prevalecer o princípio da segurança jurídica ou da prossecução do interesse publico?
Caso prevaleça o princípio da segurança jurídica, tendo em vista a previsibilidade das
decisões e a estabilidade das mesmas o processo seria imodificável e considerado caso
julgado. Caso se dê prioridade ao princípio da prossecução do interesse público a decisão
seria modificável conforme as circunstâncias se modificassem procurando o interesse.
Há ou não uma capacidade de resistência das decisões administrativas, pode todas ser
revogadas ou anuladas ou há algumas que não o podem? Atos constitutivo de direitos,
investindo os particulares de uma posição jurídica positiva podem ser livremente
revogáveis? Caso sim não há caso julgados, caso não há caso julgado.
A diferença esta em saber se a situação de facto é variável, por exemplo com progressos
da técnica e da ciência, nunca se forma um caso julgado, pois existe sempre a
possibilidade de ama se atualizar a factualidade que levou à toma da decisão. Contudo se
a base factual é invariável, como os atos declarativos, então existe uma decisão
administrativa imodificável.
CPA: 17º/1 e CRP: 268º/2 Este princípio, procurando tornar a atividade administrativa
transparente e traduzindo a existência de uma ética constitucional, concretiza-se
maioritariamente pelo direito ao acesso e ao registo do arquivo da Administração.
Contudo este princípio não é ilimitado, pois não é permitido o acesso a documentos
essenciais como: segurança interna e externa, segredos de Estado, investigação criminal,
sigilo fiscal, invada a privacidade das pessoas, segredos comerciais ou industriais etc
Princípio da Gratuitidade
CPA: 15º/1 Estipula que o procedimento administrativo é gratuito, menos quando forem
estipuladas taxas por despesas, encargos ou outros custos suportados pela Administração.
Existindo ainda o princípio geral de reserva de lei para a derrogação do postulado da
gratuitidade sob pena de nulidade pelo CPA: 161º/2 k)
CPA: 54º É uma expressão da identidade cultural tendo como efeito aos problemas.
Saber se é possível a existência de curso, aulas ou reuniões de órgãos públicos sem ser
em língua portuguesa, quando todos os destinatários. Saber se aulas administradas em
língua que não seja lecionado em língua estrangeira.
PRINCÍPIO-EXCEÇÃO
No início existe uma ponderação, para perceber qual a necessidade e qual a possibilidade
de se seguirem os procedimentos. Existe ainda um juízo de prognose, onde pondera o que
irá acontecer caso não se atue. A quando a ponderação deve-se procurar perceber se o
meio que se pretende utilizar é o idóneo, tendo em conta o princípio da proporcionalidade,
para atingir aquele fim.
Espécies e regime
Natureza
É um princípio geral de direito que não é exclusivo do administrativo devido à sua origem
consuetudinária. Assim a natureza última é que não é uma exceção á ilegalidade mas é
ele uma legalidade excecional.
Princípio da Juridicidade/Legalidade
A lei funciona como garantia da liberdade e da propriedade dos cidadãos perante o poder
público, delineando a fronteira entre o proibido e o permitido por parte deste, servindo
também como mecanismo de tutela e respeito das posições jurídicas daqueles;
As decisões administrativas que contrariam a lei são inválidas, salvo se as normas legais
foram suplantadas por uma normatividade dotada de força supralegal ou se acabaram por
ser substituídas por uma “legalidade não oficial” contrária;
Nota importante a deixar é que a preferência de lei cede perante a preferência pelo Direito:
a juridicidade é sempre um valor prevalecente sobre a mera legalidade formal.
A reserva de lei não exclui, todavia, uma intervenção administrativa sobre tais matérias:
circunscrita à pormenorização e ao detalhe regulamentares, bem como à aplicação a casos
concretos.
A reserva de lei não impede a fiscalização, por parte dos tribunais, da validade das
soluções legislativas ou a interpretação e integração de lacunas das normas legais situadas
em matérias reservadas ao legislador.
O princípio da precedência de lei diz-nos que todo o agir administrativo se tem fundar
ou basear numa norma legal habilitante, sendo a sua falta sinónimo de proibição de ação
ou permissão administrativa:
• A precedência de lei materializa o moderno entendimento da legalidade (ou
juridicidade) como fundamento (e não apenas limite) do agir administrativo;
• A precedência de lei legitima politicamente o agir administrativo, confere-lhe um
critério racional de decisão de aplicável por igual a todos definindo os termos de
intervenção sobre a liberdade e a propriedade dos cidadãos, e garante, por último,
a previsibilidade da conduta administrativa.
A precedência de lei formal apenas se regista em matérias que integram a reserva de lei,
podendo mesmo configurar-se com precedência de lei parlamentar (isto nos casos
tipificados na Constituição.
A própria densidade do conteúdo das normas que integram a legalidade conhece limites,
não sendo o papel parametrizador da lei perante a Administração Pública ilimitado. Desta
forma, a precedência de lei tem de, sob pena de inadequação, ser flexível e adaptada às
circunstância:
O legislador não pode prever tudo, existindo sempre uma margem de situações da vida
real que se revelam fora do quadro da previsão normativa, determinando casos de lacuna
ou justificando que o legislador recorra, sistematicamente, a cláusulas gerais, conceitos
indeterminados, enumerações exemplificativas e ao uso de soluções baseadas em
princípios gerais ou dotadas de natureza experimental ou provisória;
Se os atos anuláveis produzem efeitos jurídicos até serem anulados (art.º 163º/2 do CPA),
como se fossem válidos, significa que todas as decisões administrativas, salvo nulas ou
inexistentes, gozam de uma presunção de serem conformes à legalidade: até prova em
contrário efetuado por via de anulação, as decisões administrativas devem ser obedecidas
como se fossem sempre conformes à juridicidade;
Decorrido o prazo permitido para a anulação do ato ou, em alternativa, tendo uma
sentença transitada em julgado determinado que o ato não padece de invalidade, a
presunção de legalidade torna-se absoluta- a presunção de conformidade do ato à
juridicidade ganha uma força jurídica reforçada, permitindo falar em força de caso
decidido administrativo;
CPA: 163º/1 Uma vez que a anulabilidade é o desvalor regra no ordenamento jurídico-
administrativo, isto traduz, implicitamente, uma certa fragilidade do carácter vinculativo
da juridicidade.
Pode ocorrer uma inversão do sentido vinculativo da lei, numa manifestação do designado
princípio da contracorrente (ex. vinculação legislativa a regulamentos, vinculação do
legislador a contratos e a atos administrativos);
Pode a própria legalidade habilitar atuações contra legem (ex. invertendo a ordem jurídica
o princípio da invalidade, validando a atuação de funcionários de facto1, permitindo a
desaplicação administrativa da lei, ocorrendo uma situação de estado de necessidade
administrativa);
Pode ter mais ou menos intensidade, tendo mais intensidade quando estamos perante
direitos subjetivos, e menos intensidade quando estamos perante um interesse
legalmente protegido, havendo uma área de discricionariedade decisória
Princípio da igualdade
1
São aqueles que não tendo habilitação jurídica para determinado cargo exercem, de facto, o papel desse
cargo e as funções do mesmo.
Princípio da proporcionalidade
CRP: 266º/2
A conduta administrativa não pode envolver uma proteção insuficiente, de ficar abaixo
ou aquém da tutela exigível face à situação- princípio da interdição da proteção
insuficiente ou princípio da proibição do defeito
Outro entendimento, mais antigo, admitia que em casos de “ofensa grave e grosseira” da
garantia da proporcionalidade, a conduta administrativa fosse nula.
Princípio da imparcialidade
Origem histórica muito remota mas mantem-se como uma garantia de distância entre
os interesses de quem decide e os interesses do público.
Tem a vertente positiva que determina que o princípio impõe que a Administração
quando toma uma decisão pondere todos os interesses envolvidos e apenas os que
sejam relevantes para a decisão, marginalizando os que em nada afetam a decisão.
Não exclui que a Administração Pública possa ter uma determinada opção política no
seu agir apenas conjuga a legitimidade com a imparcialidade
Exemplo: Governo é eleito para cumprir um conjunto de promessas
Princípio da boa fé
Princípio da justiça
Relacionado com o conteúdo da decisão, pois esta só é valida se o seu conteúdo não
ferir materialmente o conceito de justiça
Pode verificar-se na norma que a Administração for chamada a aplica, havendo uma
arbitrariedade derivada. Mas a arbitrariedade pode ser originária quando se prende com
o resultado autónomo da decisão. Assim pode estra na própria lei ou resultar da conduta
administrativa num espaço de discricionariedade.
Exemplo: Números de mortes por covid a disparar a Administração resolve aligeirar as
medidas, como retirar o confinamento ou não aconselhar uso de máscara.
Princípio da concorrência
A ideia base são os valores da igualdade justiça e imparcialidade o que faz com que o
procedimento de concurso tenha de ser aberto, publicitado, transparente, livre, condições
de acesso iguais, avaliação pelo mérito, acesso à informação relevante.
Princípio da ponderação
A importância dos factos para a decisão da Administração, qualquer decisão tem uma
determinada realidade de facto que serve para fundamentar a decisão. A decisão pode
variar em função dos factos, pois estes condicionam o agir administrativo. Dai a
importância da instrução procedimental.
A atendibilidade da situação factual apesar de dar relevância aos factos é sempre uma
situação jurídica de direito.
Princípio da sustentabilidade
Faz apelo à ponderação de efeito futuros ao agir administrativo, tendo a sua consagração
legal no Código Contratos Públicos.
A preservação entre gerações dos recursos pode-se ver no CRP: 66º/2
O Juízo de prognose consiste em imaginar como é que aquilo que vou decidir tem empato
na realidade futura. Juízo realizado em regras técnico-científicas sobre a previsibilidade
da evolução da realidade.
Exemplo: aumentando agora as reformas qual vai ser o impacto na economia para as
gerações futuras.
Princípio da Precaução
Tem efeitos ao nível do pressuposto do facto e da prova. Pode existir muita incerteza
factual devido as dificuldades da prova causadas a divergências técnicas e científicas.
Contudo a administração tem de agir, arriscando uma decisão, tendo em atenção os
conhecimentos à data da decisão.
Exemplo: suspeita se que um medicamento tem efeitos secundários graves, a
administração não deve ficara espera que se prove esses efeitos, deve agir
preventivamente. Invertendo o ónus de prova, pois deve ser o particular da patente a
provar que os efeitos não são tao graves para o fundamento da decisão administrativa.
Não há risco 0, há sempre situações em que a administração tem de decidir com margem
de risco, pelo que temos de ter presente o princípio da proporcionalidade.
Envolve juízos a priori à luz do balanço de custos e balanços à posteriori para saber se a
medida foi adequada ou não conforme o princípio da proporcionalidade.
A boa administração sujeita o mérito, a conveniência à proporcionalidade, na medida em
que a boa administração a utiliza, podendo os tribunais controlar a dimensão da boa
administração.
Praticar de atos nulo também é possível, segundo Paulo Otero, desde que se verifiquem
ponderosas razões de necessidade, dentro do princípio da proporcionalidade, sempre com
possibilidade de impugnação judicial o dever de indemnizar em caso de danos.
O caso em que nunca é possível a prática de atos nulos em estado de exceção de
necessidade administrativa são os da CRP: 19º/ 6 e 7, assim não se pode nunca violar
direito fundamentais e violar normas de competência que em estado de exceção
Constitucional também não podem.
Voluntariedade da conduta
Podem existir atos jurídicos e atos não jurídicos, como o decreto que regula a vacinação
e a operação própria da vacinação.
Dentro dos jurídicos há os que são regidos pelo direito público dando azo a uma forma
de atividade administrativa pública, ou atos jurídicos regidos pelo direito privado, dando
lugar a uma administração que se enquadra na tradicional de gestão privada.
Atividade que produz efeitos jurídico, seja através de manifestações de vontade seja
através de manifestações de ciência, podendo ser expressa em atos internos ou através de
atos externo, passando a fronteira dos órgãos administrativos
O ato jurídico interno pode ser dentro da mesma pessoa coletiva, sendo intrasubjetivo, ou
pode ser interno mas entre entidades públicas destintas
Podem ser simples ou não negociais, havendo uma vontade de conduta mas os efeitos
estão predeterminados na lei, pelo que queremos mas obedecemos as normas na lei para
os efeitos que queremos.
Atos intencionais ou negócio jurídicos, havendo vontade de celebrar e ainda liberdade de
estipulação, podendo-se estipular o s seus efeitos, dando mais margem de autonomia
pública.
Significa que ao agir neste âmbito tem de aplicar o direito administrativo, sem prejuízo
de outros ramos, mas age aplicando o direito administrativo.
Iremos estudar as diversas formas de expressão desta atuação pública por parte da
administração, contudo é de notar que podem existir casos de administração mista entre
regulamento e contrato; ato e contrato e ainda ato e regulamento.
Regulamento
Ato Administrativo
Há uma profunda divergência entre Lisboa e Coimbra, no que se prende com a natureza
dos efeitos do ato administrativo:
• Escola Coimbra
Só era ato administrativo a estatuição autoritária, relativa a um caso individual pela qual
se produzem efeitos jurídicos externos
• Escola Lisboa
Acolhe um conceito mais amplo admitindo que é um ato jurídico unilateral praticado pela
Administração e que traduz a decisão de um caso visando efeitos jurídicos sobre situações
concretas.
Em 1991 no CPA: 120º encontrávamos uma aproximação ao conceito dado pela Escola
de Lisboa, nomeadamente Freitas do Amaral, contudo após a revisão de 2015 o CPA:
148º tende para o conceito da escola de Coimbra, devido à influência de Rogério Soares.
Para Paulo Otero, seguindo a escola de lisboa, o conceito de ato administrativo é mais
amplo do que o previsto no CPA: 148º, comportando 4 elementos:
1. Ato jurídico unilateral
2. Proveniente de estruturas que exercem poderes administrativos
3. Procura definir direta ou instrumentalmente o direito aplicável a uma situação
individual e concreta
O regulamento é caracterizado pela generalidade e abstração, assim é o terceiro elemento
que distingue ato administrativo de regulamento.
4. Visa produzir efeitos sem necessidade de assentimento dos destinatários
Com isto o ato distingue-se do contrato, pois este exige do assentimento e conjugação de
vontades, ou seja, concordância dos particulares para produzir efeitos
o Figuras Controvertidas
Figuras em que nos questionamos se podem ser consideradas atos administrativos
§ Atos Coletivos
Têm como destinatários uma estrutura colegial, e não um individuo concreto, contudo
são ainda atos administrativos porque os destinatários apesar de serem muitos são
determinados ou determináveis, sabe-se quais são os participantes do órgão colegial.
§ Atos Plurais
Produzem uma pluralidade de efeitos a uma pluralidade de pessoas determinadas,
podemos dizer que são diversos atos administrativos agrupados num, ficando designado
de ato plural. Sendo este comporto por tantos atos quanto o número de destinatários.
Exemplo: os alunos da subturma x são suspensos por 2 dias, é um ato administrativo ou
regulamento? É ato administrativo porque o ato que suspende a subturma engloba tantos
atos como o número de alunos, ou seja, em vez de se notificar cada um deles.
§ Atos Gerais
Dizem respeito a uma decisão concreta e são da comunicação e aplicação imediata a um
conjunto inorgânico de um conjunto de pessoas determinadas.
Exemplo: uma ordem de ir despereçam ou identificação por parte da polícia de quem se
encontra a beber na esplanada de um bar em tempo de pandemia.
§ Sinais de trânsito
Situação muito discutida entre a doutrina, segundo Paulo Otero os sinais de trânsito são
regulamentos de operatividade imediata. A regra de um sinal de transito, como é proibido
estacionar aqui, tem implícita e transmite a mensagem aplicada a uma pluralidade
indeterminada de pessoas, pelo que não pode ser ato administrativos. É de aplicabilidade
imediata porque a pessoa mal veja o sinal este é aplicado.
Apesar de serem regulamento a decisão sobre a colocação de cada sinal de transito é um
ato administrativo para uma situação concreta.
o Principais espécies
Regime jurídico dos atos administrativos pode estar na Lei Geral Tributaria, no Código
de Contratos Públicos, mas em regra esta no CPA, contudo o conceito de ato
administrativo que se extrai, devido ao CPA: 148º é menos amplo, pois, tal como
verificamos nos regulamentos, só regula os atos que provoquem efeitos externos.
Contratos Administrativos
Ideia de que estamos perante uma forma bilateral do agir da administração, é anterior ao
século XIX mas intensifica-se com as ideologias Liberais, chamando os particulares a
participar. O neo-liberalismo e o propósito de privatização da administração que se
verifica no século XX veio reforçar. O mesmo acontece com o papel da União Europeia,
existindo regras comuns que facilitam a concorrência e circulação entre empresas.
o Principais Espécies
Contratos podem ser entre uma entidade privada e uma entidade publica ou pode ser entre
duas entidades públicas, designando-se interadministrativos, porque relacionam
administrações publicas.
Podem ainda ser contratos mistos quando conjugam despesas e receitas para a AP
Exemplo: empréstimo público
O regime geral encontra-se no CPA: 57º, contudo existe um regime substantivo que diria
que obedece a duas regras:
Se o contrato administrativo diz respeito a prestações submetida à concorrência o regime
processual é regulado pelo código dos contratos públicos CCP: 1º/6 + 16º/1
Caso o contrato não esteja submetido à concorrência o regime procedimental é do CPA:
201º/3 e o regime substantivo no CCP porque CPA: 202º/2
Podendo em todos os casos existir normas especial que afaste estes regimes.
Convénios interorgânicos
Não há um regime geral, por serem internos supostamente não estão sujeitos ao CPA e
como não são contratos não são regulados pelo Código Contratos Públicos.
Contudo o CPA regula trÊs tipos de acordos endoprocedimentais CPA: 57º Auxílio
administrativo CPA: 66º conferencias procedimentais CPA: 77º
Há contudo uma vinculação jurídica imperfeita
Atos processuais
Até agora tratamos da atuação perante os particulares ou ela própria, ou seja de natureza
substantiva, mas por vezes tem de agir junto dos tribunais, defendendo as duas posições
jurídicas ou contrariando as defendidas pelos particulares. A intervenção da ap junto dos
tribunais gera atos processuais.
Pode ser autora, desencadeando a ação, ou no caso da ação ser contra ela intentada aparece
na posição de reu, contudo eem ambos os cenários participa no processo.
Os atos processuais são praticados através de advogados, contudo esses continuam a ser
atos de processuais jurídico-públicos da administração, pois são eles que exprimem a
posição da AP perante um tribunal. Há os que exigem a intervenção do juiz e os que não
dependem.
O regime está nas leis processuais, na lei que respeita ao processo nos TA, no código do
processo civil e na lei da arbitragem voluntaria.
Estes atos necessitam sempre de ter anteriormente um título que permita que a AP
apresente e pratique aqueles atos, atribuindo competência
• Atos jurídicos simples, situações onde há vontade de ação mas não há relevância
da estipulação dos efeitos pois estes resultam da lei
Exemplo: interpelação feita por um devedor à administração CC: 295º
São atuações por parte da Administração Pública que não produzem fatos jurídicos,
contudo alicerçam-se sempre numa norma jurídica e podem ainda produzir fatos jurídicos
colaterais, como responsabilidade caso a atuação provoque danos.
Operações materiais
Pode as operações podem ter ou não relevância Constitucional, podem ser preparatórias
ou de execução de atos jurídicos, podem ser instantâneas ou continuadas.
Por último podem ser ou não atuações com título, ou seja serem habilitadas
Exemplo: AP anaça para demolir uma construção sem título. Não havendo título é uma
atuação de facto lesiva, pelo que é inválida.
Há dúvidas a quem se deve imputar a culpa nas situações de facto. É uma atuação da
administração e em caso de culpa é a entidade publica que responde com o sue património
ou deve se importar à pessoa do funcionário publico?
Atuação informal
É uma atuação marginal, não ilegal, apenas lateral à norma procedimental, há uma
adaptação do direito à realidade.
Exemplo: Aulas gravadas
Pode se uma atuação que vai para além da lei ou pode ser ainda contrária à lei acabando
por dar origem a uma normatividade não oficial, devido à existência de um sentido de
obrigatoriedade.
Omissão administrativa
A administração pode não agir quando deveria, o silencia da administração pode ter
relevância jurídica, resultando historicamente da magna carta. A França no seculo 19
criou a ideia que quando não age deve-se presumir que negou a questão levantada pelo
particular. Contudo nem sempre o silencio é em resposta de um requerimento.
A inércia pode ser jurídica ou declarativa ou pode ainda ser factual ou material. A
declarativa pode ser pretenciva ou sem base pertenciva.
Pode ser escurente da recusa de executar uma decisão de um tribunal ou em termo
prestacionais.
pode ser contratual, regulamentar ou de atos administrativos, sendo que o regime comum
é que há uma violação de dever legal de agir
COMPETÊNCIA
Tem que ver com a habilitação para agir: quem pode agir? A resposta a esta pergunta é
de diversos tipos, temos diversos níveis de competência.
O primeiro nível é aquele que separa o hemisfério público do privado: aqui a regra é que
se as entidades públicas agem sobre a área do hemisfério, sem uma lei habilitante dentro
do quadro de competências proscrito pela Constituição, da sociedade civil há violação de
direitos fundamentais e, consequentemente, um ato nulo.
estão confiadas a um outro órgão da mesma entidade pública estamos perante um caso de
incompetência relativa, sendo o ato CPA: 163º meramente anulável.
Pode existir erro sobre a competência, significa que um órgão pensava que tinha os
poderes e agiu ou pensa que não tem os poderes e não age quando a lei o impõe. Daqui
distingue-se os casos de erro da competência e a ilicitude da competência.
A ilicitude da competência são casos em que o órgão tem pleno conhecimento que não
tem competência, mas ainda assim pratica o ato deliberadamente, isto pode ser relevante
em sede de responsabilidade civil, especificamente pessoal do titular do órgão.
Quanto ao erro este pode ser desculpável devido a haver múltiplas normas sobre essa
matéria e por vezes até contraditórias. O erro é indesculpável quando alguém agiu uma e
várias vezes e os tribunais resolveram anular os atos tendo como fundamento a
incompetência do órgão para praticar tal ato: a partir de sentença deste género não pode
o titular vir invocar que o erro era desculpável.
A regras do CPA
CPA: 37º Dispõe quando deve ser fixada a competência no âmbito do procedimento
Devendo esta ser fixada no momento do início do procedimento
Regra Geral: irrelevantes alterações que ocorra durante o procedimento
Exceções: caso a competência se extinga ou caso o órgão se venha a tornar competente
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Podem existir, contudo, casos em que não é exigível que o órgão incompetente saiba quem é o órgão
competente ou a pessoa coletiva competente (caso o órgão competente pertença a outra pessoa coletiva) e
em que a documentação deve ser apenas devolvida ao interessado que iniciou o procedimento (ex. Não é
exigível, do ponto de vista do princípio da proporcionalidade, que um procedimento iniciado perante uma
Câmara Municipal seja competência de uma entidade administrativa independente (como seja a
ANACOM) e que o responsável de tal órgão tenha que remeter para tais entidades).
Toda a competência resulta de uma norma jurídica, em regra, com a CPA: 36º/1 força
jurídica de lei, devido ao princípio da legalidade, contudo também pode surgir
competência por via de regulamento.
A competência traduz uma posição jurídica que, conferida por lei, tem o seu exercício
sempre vinculado exclusivamente a razões de interesse público.
• Princípio da subsidiariedade
Tudo aquilo que a esfera decisória mais pequena possa decidir, não deve ser feito pela
esfera decisória de nível superior, contudo aquilo que não puder ser feito pela entidade
de âmbito mais restrito pode ser feito pela entidade de âmbito mais amplo.
Exemplo: relações de definição de competência entre a união europeia e os Estado
membros; CRP: 6º relação entre estado e entidades públicas
Não existe órgão exclusivamente competente, em regra existem vários órgãos que podem
decidir, sendo excecional a existência de um único órgão competente.
Se há vários órgãos com competência sobre a mesma matéria, não haverá o risco de
conflito decisório? Não há por várias razões:
Efeito preclusivo significa que quando um decide o outro órgão competente não pode já
decidir. Caso decida podem surgir um de dois efeitos:
§ Destrói por revogação a anterior decisão de forma competente
§ Destrói a anterior decisão em termos inválidos porque não é competente
Exemplo: caso o delegado decida, pode sempre o delegante vir revogar a decisão daquele,
em termos completamente legais; já o contrário não se verifica: se o delegado vier revogar
uma decisão do delegante, tal ato estará ferido de incompetência pois o delegado deixou
de ter competência na matéria quando o delegante decidiu.
O titular do órgão tem que ter um título de investidura, não basta ter a competência à que
ter um título que o habilite a ter esses poderes, esse título pode surgir através de um ato
de nomeação ou de um contrato de exercício de funções públicas.
Antes de ter investidura, os atos do titular ficam feridos por incompetência ratione
temporis. Caso a investidura venha a extinguir-se os atos são praticados numa situação
de acompetência ou de incompetência ratione temporis.
Pode suceder que, desde o início, se verifique o exercício de funções administrativas por
quem não tem título, havendo possibilidade de gerar a invalidade do agir administrativo,
surgindo em diversas situações jurídicas:
Poderá, num cenário de estado de necessidade, justificar que alguém, sem título e em
termos transitórios, possa adotar certas providências, justificas à luz do princípio da
necessidade, caso em que estaremos diante de um “funcionário de facto”.
Poderá ainda existir o exercício de funções por parte de um titular que, apesar de gozar
da aparência de possuir um título válido, vê depois anulado ou declarado nulo esse título
ou ainda declarada a invalidade da norma legal que o fundamentava- em termo de pura
lógica, haverá aqui, relativamente à atuação desse superveniente “funcionário de facto”,
um caso de acompetência.
Poderá ainda, por último, a invalidade do título, por efeito do decurso do tempo,
consolidar-se na ordem jurídica, se o mesmo for anulável, ou, em casos de nulidade,
verificando-se a existência de boa-fé, gerar uma situação de prescrição aquisitiva ou
“usucapião” habilitante do exercício de poderes.
VONTADE
Ao invés das pessoas singulares que têm uma vontade natural, as pessoas coletivas têm
uma vontade expressa através dos seus órgãos. Há aqui uma dupla ficção:
• A expressão da vontade através dos órgãos;
• Os órgãos só podem manifestar vontade através dos seus titulares, que acabam
por ser pessoas singulares
A vontade é muito mais relevante nas áreas de discricionariedade do que nas áreas de
vinculação: nestas a vontade da Administração é a do legislador, enquanto naquelas a
vontade é, verdadeiramente, a da Administração.
No âmbito dos poderes vinculados a vontade é dirigida pela lei, mas mesmo assim a
vontade é relevante porque, mesmo nestes casos, a coação física ou a violência sobre o
titular do órgão gera nulidade do ato praticado CPA: 161º/2 f)
Nem toda a vontade administrativa tem igual peso, pois à vontade administrativa que são
prevalecentes.
Exemplo: a vontade do delegante relativamente à do delegante
A vontade psicológica do titular do órgão tem importância, uma vez que a falta absoluta
de vontade determina a inexistência jurídica, segundo Paulo Otero, embora a lei disponha
que os atos praticados sob coação física ou violência são nulos, tais atos podem ser
reconduzidos à inexistência jurídica. Também tem relevância no caso da falta de intenção,
como por exemplo, declarações não-sérias.
Uma segunda preocupação, após reunido o quórum necessário, prende-se com a maioria
necessária para a tomada de decisão que irá formular a vontade.
CC: 32º/1 A regra geral é a da maioria absoluta, existindo exceções estipuladas.
Podem existir vícios na formação da vontade (coação moral, erro simples ou erro por
dolo) ou vícios na exteriorização da vontade (divergência intencional entre a vontade
declarada e a vontade exteriorizada ou divergência não intencional).
Podemos ainda encontrar outras tipologias de erro, quanto ao objeto em que incide:
Erro sobre o objeto: aqui temos presente o erro sobre a identidade do objeto, as
suas qualidades e características, bem como o erro sobre a configuração do conteúdo
decisório do ato tomado;
Erro sobre o destinatário: abarca o erro sobre a identidade, bem como sobre as
suas características e qualidades;
O CPA é omisso quanto ao regime a aplicar ao erro: teremos então que aplicar o código
civil, mas com duas particularidades:
• Quanto ao Código dos Contratos Públicos, este remete para o CC a título
subsidiário.
• Mas o CPA permite extrair do CPA: 168º que o erro gera anulabilidade da
conduta.
O CPA: 168º/1 embora disponha que o erro é fonte de invalidade não toma posição
relativamente a saber se o mesmo se reconduz aos vícios da vontade ou se, diversamente,
constitui uma situação integrável no vício (residual) da violação de lei.
Para Paulo Otero a primeira solução, autonomizando os vícios da vontade como categoria
própria da invalidade administrativa é preferível.
CAUSA
Noção de causa
A causa estabelece, por isso mesmo, uma relação entre os motivos e pressupostos da
conduta administrativa, o que levanta uma panóplia de interrogações:
Será que essa relação é adequada?
Será que são idóneos os pressupostos objetivos e subjetivos que alicerçaram tal conduta?
Qual foi o querer do decisor?
Como se relacionam os motivos da conduta com o fim da competência?
o Delimitação conceitual
A causa é relevante no âmbito do Direito Administrativo, uma vez que na base da conduta
administrativa está o princípio da exigência de coerência racional do agir administrativo:
Há uma exigência racional ou lógica do modo de agir que tem de pautar a ação da
Administração: uma disfunção entre os pressupostos-motivos e a conduta administrativa
determina a invalidade das decisões administrativas;
Os pressupostos objetivos sendo identificados por uma norma jurídica ou elencado pelo
decisor, consubstanciam a individualização da sua formulação abstrata perante um caso
concreto, servindo sempre de causa da conduta administrativa. Estes podem ser
pressupostos de direito ou pressupostos de facto, sendo que a sua qualificação é sempre
uma questão jurídica de interpretação- encontra-se assim excluída do âmbito da
discricionariedade.
o Pressupostos de direito
Têm de corresponder a situações alicerçadas num título jurídico que sirva de base legal:
caso não exista esse título, o princípio geral é a ausência de habilitação para a
Administração agir;
Se o título jurídico existir, não poderá estar ferido de invalidade que permita à
Administração proceder à sua desaplicação: se tal suceder, quer em termos materiais
como formais, não existe base legal habilitante;
A ausência de base legal, a sua invalidade radical, ineficácia ou erro sobre a sua existência
determinam a invalidade da atuação administrativa.
o Pressupostos de facto
Por outro lado, os pressupostos objetivos de facto são realidades que existem no domínio
da realidade social e que são “capturados” pelo decisor e tomados como fundamento do
agir administrativo.
§ Podem ser factos passados ou presentes;
§ Podem ser previsões futuras de uma determinada realidade- é o que se
chama de um juízo de prognose
Exemplo: a idoneidade de algo ser um bom tema para tese de doutoramento);
Nem sempre os pressupostos de facto são determinados pela lei: nesses casos é a própria
Administração que é chamada, pela lei, ao abrigo da discricionariedade a definir esses
pressupostos de facto. Contudo, pode haver uma disfunção entre os pressupostos de facto
escolhidos e a conduta da Administração e nestes casos haverá invalidade da decisão,
uma vez que não existe coerência: daqui se retira que os factos têm que existir, ser exatos
e adequados quanto à decisão tomada.
Pressupostos subjetivos
Nos pressupostos subjetivos estamos perante as razões que justificam a conduta decisória:
o que se visa aqui apurar é o que levou aquele decisor a tomar aquela decisão? O que o
conduziu a tomar tal decisão, o que está na base da formação da vontade?
É muito difícil saber quais as reais motivações, seja em Direito Administrativo, como em
qualquer outro ramo jurídico, como em Direito Penal.
Dentro destas qual é a que é principalmente determinante para a prática do ato? Só perante
esta é que se percebe se há ou não desvio de poder. Levando a uma situação de desvio de
poder pois o motivo da decisão não corresponde ao fim par que a lei atribui aquela
competência
A culpa em Direito Administrativo, tal como sucede em Direito Penal e em Direito Civil,
é um conceito que envolve elementos de base psicológica, traduzidos no dolo ou na
negligência que envolve a conduta de um decisor administrativo, compreendendo
também um juízo de censurabilidade ou reprovabilidade pessoal- sempre do ponto de
vista normativo
Isto não só tem efeitos de responsabilidade civil da administração, uma vez que a ilicitude
dolosa da causa inquina a validade da conduta e é fonte de responsabilidade criminal do
autor.
Sempre que o desvio de poder incidir sobre aspetos vinculados da decisão administrativa
mostra-se ambíguo que se deva entender não constituir causa de invalidade ou tornar
irrelevante essa invalidade:
Se é certo que o art.º 163º/5 al. a) e c) do CPA habilita tal solução deve entender-se que
a mesma apenas se mostra operativa para os casos em que o desvio de poder gera
anulabilidade da decisão (desvio de poder para fins de interesse público);
Assim, sempre que o desvio de poder se consubstanciar na prossecução de fins de
interesse privado, uma vez que está em causa uma situação geradora da sua nulidade (art.º
161º/2 al. e)), o desvio de poder será sempre fonte de invalidade operativa.
OBJETO
Caracterização
Todo o agir da Administração tem que ter um objeto. Tal objeto pode ser visto como
jurídico: entendido como imediato ou conteúdo da atuação, com os efeitos do agir; ou,
em alternativa, como mediato: é a realidade sobre a qual incidem esses mesmos efeitos.
O objeto jurídico pode ter efeitos de natureza constitutiva: são alterações, inovações
introduzidas na ordem jurídica ou de natureza declarativa: limita-se, no fundo a certificar
uma situação já existente, independentemente da intervenção administrativa.
O objeto poder ter zonas vinculadas e zonas discricionárias. Nestas podemos estar perante
diversas configurações do objeto do agir administrativo:
• Decidir, se for o caso de existir permissão para o efeito, entre agir e não agir;
• Em caso de agir, escolher a forma de atuação administrativa e adotar, se a lei não
impuser uma forma obrigatória de agir;
• Selecionar o direito regulador da forma de atividade escolhida, sem prejuízo do
respeito pelas determinações imperativas na matéria;
• Estipulação do conteúdo concreto da forma jurídica de atuação dentro dos limites
legais.
A cláusula acessória deve ser conforme à lei: quer no seu conteúdo, quer na motivação
que justifica a sua introdução. As cláusulas acessórias têm que ser adequadas ao fim do
ato em que se integram.
Tem que existir uma relação direta com o conteúdo principal do ato. Têm que se
conformar com o princípio da proporcionalidade, designadamente não podem ser
excessivas relativamente ao objeto do próprio ato.
A possível essencialidade das cláusulas acessórias? Quer dizer que pode ocorrer que
certos atos sejam adotados porque a Administração lhes introduziu uma cláusula
acessória, em termos tais que, se não existisse a cláusula acessória o ato jamais seria
praticado, a cláusula acessória torna-se, assim, elemento essencial do ato.
O problema tem relevância se há uma invalidade na cláusula acessória: se a mesma não
é meramente acessória, mas sim fundamental para a prática do ato a invalidade da mesma
pode justificar a destruição do ato; em cada caso, há que verificar qual o nível da
essencialidade da cláusula acessória.
Requisitos de validade
o Possibilidade
A possibilidade de facto pode ter que ver com a pessoa envolvida na decisão, substrato
pessoal da decisão.
Exemplo: um regulamento que hoje resolvesse atribuir pensão de sangue às viúvas dos
militares que combateram em Aljubarrota é um regulamento cujo objeto é impossível em
termos factuais, uma vez que não há nenhuma, no século XXI, que haja sobrevivido de
tal batalha
Pode ainda ter que ver com o substrato material. A impossibilidade relativa ao substrato
material acarreta a nulidade da decisão administrativa CPA: 161º/2 c)
Exemplo: declarar como monumento nacional uma casa que foi totalmente destruída e já
não existe.
A impossibilidade pode ser objetiva, se é absoluta atingindo toda e qualquer pessoa, ou,
em alternativa, pode ser subjetiva- caso diga respeito àquela determinada pessoa.
o Determinabilidade
Tem que ver com a sua compreensibilidade e inteligibilidade. Caso o objeto frustre a
inteligibilidade estaremos, novamente, perante um ato nulo CPA: 161º/2 c)
o Legalidade
A ilegalidade do objeto se é regulada pelo Direito privado gera nulidade como desvalor
regra, enquanto no Direito Administrativo o desvalor regra é a anulabilidade.
Existem diversos efeitos que podem surgir da atuação administrativa. Estes podem ser :
Permissivos: habilitam ou possibilitam a adoção de um comportamento (por ação ou
omissão) aos seus destinatários;
Imperativos: traduzem-se na imposição de uma conduta ou na sujeição do seu destinatário
a uma obrigação;
Propulsores: não são imposições, mas vão além da mera permissão, visando promover ou
estimular uma conduta;
Declarativos: verificam ou valoram uma situação existente através de uma declaração de
conhecimento ou de ciência.
Requisitos de eficácia
o Publicidade
Pode ser através do jornal oficial, local de estilo (exemplo: fixar numa vitrine da
faculdade ou fixar na porta de uma junta de freguesia), a notificação aos destinatários.
E se não existir publicidade? A falta de publicação, desde que exigida por lei, conduz à
CPA: 139º + 158º/2 CRP: 119º/2 ineficácia do ato: o mesmo continua válido, mas
ineficaz. Nos casos em que a publicação não seja exigida por lei, teremos uma mera
CPTA: 60º/1 inoponibilidade aos interessados do conteúdo e efeitos do ato.
Os atos constitutivos de direitos são aqueles que atribuem posições jurídicas favoráveis,
ampliam posições favoráveis já existentes ou que restringem situações jurídicas
desfavoráveis. Quanto a estes, a regra no Direito português é que os mesmos produzem
efeitos, independentemente da via pela qual os particulares deles tomam conhecimento.
o Outros Requisitos
Ata- é um requisito de eficácia das decisões de órgãos colegiais. Contudo, a lei demanda,
muitas vezes, que tais atos tenham que ser aprovados por outro órgão para que gozem de
plena eficácia (art.º 157º al. a) CPA e 287º/1 do CCP);
A lei pode, ainda, exigir a concordância do destinatário para que o ato seja eficaz (ex. a
nomeação);
A eficácia das decisões administrativas pode ser parada pela existência de uma cláusula
acessória: termo e condição suspensiva (art.º 157 al. b) CPA).
Caso estejamos perante um ato plurilateral a sua produção de efeitos perante terceiros,
desde que se encontrem em posições jurídicas passivas ou de modificação de posições
jurídicas ativas, depende sempre do seu consentimento (art.º 287º/3 CCP), salvo se se
tratar de cláusulas de efeito normativo- aqui exige-se publicação (art.º 287º/4 CCP e art.º
139 CPA).
Ainda, quanto à eficácia, há que olhar à dimensão temporal da eficácia das decisões: em
regra a decisão administrativa vale a partir do momento em que foi tomada ou a partir de
momento posterior a essa data.
Contudo, a título excecional pode ser atribuída uma produção retroativa de efeitos se a
lei o impõe, ou se, num exercício da discricionariedade o permite CPA: 156º/2 d) só pode
acontecer caso os efeitos não sejam desfavoráveis ao destinatário da decisão.
Interpretação e integração
Podem, ainda, surgir interpretações meramente internas (como se retira do art.º 112º/5
CRP a contrario) que permite até fixar a validade de uma interpretação contra legem
realizada pelos órgãos da Administração.
A interpretação feita pela Administração Pública só goza da força obrigatória proveniente
da sua autotutela declarativa se incidir sobre regulamentos e atos administrativos, desde
que assuma idênticas formas de expressão da decisão: a interpretação de quaisquer outras
formas de atuação administrativa tem a natureza de mera declaração negocial, pelo que,
na falta de acordo dos destinatários, apenas goza de força obrigatória por via judicial, sob
pena de usurpação de poderes.
A integração das normas administrativas deve ser feita com recurso aos critérios CC: 10º
se a decisão administrativa não tem natureza normativa, em zonas de discricionariedade
há que apelar à vontade hipotética da Administração, quando seja um ato bilateral há que
apelar à vontade das partes envolvidas.
A integração de lacunas em normas administrativas, de acordo com o art.º 10º do CC, tem
presentes duas circunstâncias:
• A existência de lacunas em normas administrativas infraestaduais pressupõe a
inoperatividade do princípio da supletividade do Direito do Estado: a lacuna
começa quando termina a supletividade das normas estaduais;
• Nem todas as normas admitem a existência de lacunas, pois a tipicidade normativa
(expressa ou natural) afasta a ocorrência de lacunas: a ausência de previsão
normativa significa aqui proibição de agir administrativo.
Modificações do conteúdo
Quem é que pode proceder a tais mudanças? Temos três vias possíveis:
• Vontade do próprio decisor;
• Imposição judicial;
• Vontade do legislador
Todo o objeto da atuação administrativa está sempre sujeito a uma cláusula implícita: a
alteração das circunstâncias, enquanto base factual que levou à tomada de uma decisão x,
ao invés de uma decisão y.
A cessação pode ser total ou parcial, pode decorrer de circunstâncias normais (ex.
caducidade pelo decorrer do prazo) ou por circunstâncias anormais (ex. alteração de
circunstâncias). A cessação de efeitos pode dar origem a uma nova solução ditada por
razões de interesse público ou pode, contrariamente, ser consequência de um novo juízo
de legalidade (ex. atuação até então havia sido desconforme com a legalidade).
Tais limites se impõem também no caso de efeitos inválidos gerados por condutas
administrativas que se tenham solidificado na ordem jurídica.
FORMALIDADES E FORMA
Formalidades
O princípio do paralelismo das formalidades determina que, em regra geral, CPA: 170º/3
a modificação ou cessação administrativa de vigência de anteriores formas do seu agir
obedeça às formalidades legalmente exigidas para a prática do ato inicial, sem prejuízo
da dispensabilidade de todas aquelas formalidades cuja razão de ser deixe de se justificar.
O risco da existência de irregularidades que CPA: 163º/5 não produzem efeito anulatório,
por serem de pouca relevância, demonstram um nível de desvalorização das
formalidades: para que tal aconteça, tais formalidades são encaradas pelo legislador como
dispensáveis, segundo um juízo avaliativo de proporcionalidade e necessidade.
As formalidades não se justificam por si próprias, tendo sempre uma razão justificativa
baseada em objetivos ou propósitos que a extravasam, como sejam:
• A transparência administrativa
• A participação integrativa dos interessados no procedimento decisório
• A justificação da base factual ou de direito da decisão
Pode a intervenção dos particulares ser meramente dialógica, como forma de colaboração
dos interessados.
Exemplo: audiência dos interessados CPA: 100º no âmbito dos regulamentos, CPA: 121º
a 124º no âmbito dos atos administrativos ou CPA: 101º e 124º/1 d) consulta pública.
A audiência prévia é aqui um direito fundamental de defesa que, além das situações de
aplicabilidade direta nos procedimentos sancionatórios CRP: 16º/1 emergentes da
Constituição, assume uma natureza análoga aos direitos, liberdades e garantias: a
audiência prévia concretiza o direito a um procedimento equitativo.
Por outro lado Freitas do Amaral entende que o direito subjetivo público de audiência
prévia dos interessados, embora seja um direito de grande importância na ótica da
proteção dos particulares perante a Administração e dentro de um modelo de
Administração paritária, não se inclui no elenco dos direitos fundamentais que são “os
direitos mais diretamente ligados à proteção da dignidade da pessoa humana”.
o Fundamentação
o Publicidade
O ato que efetiva a publicidade, que é o que estamos a abordar neste tópico, pode ter
várias modalidades:
• Publicação no jornal oficial
Exemplo: Diário da República
• Publicação no site da respetiva entidade;
• Notificação
É uma comunicação dirigida a determinado destinatário.
Exemplo: carta registada, email, telefonema, fax
• Fixação em local público, em vitrine,
• Disponibilização do ato para consulta
CRP: 268º/3 Impõe que sejam notificados os atos administrativos que afetem direitos e
interesses legalmente protegidos. Há aqui um direito fundamental à notificação.
A regra é que a falta de publicidade em geral CPA: 139º + 158º/2 determina a ineficácia
do ato, com exceção dos atos constitutivos de direitos que produzem efeito
independentemente de como o destinatário deles toma conhecimento.
Forma
A forma do agir da Administração tem que ver com a expressão da vontade, sendo
configuráveis várias possibilidades de o fazer:
• Forma escrita: em suporte de papel ou via eletrónica;
• Formas verbais: como sejam uma informação prestada num guichê, num serviço
da Administração;
• Formas luminosas ou usando símbolos sem texto: como sejam os semáforos e
sinais de trânsito;
• Formas gestuais: gestos do polícia sinaleiro;
• Formas acústicas: o apito policial a interditar determinada comportamento ou o
toque das aulas na escola.
• Comportamentos factuais concludentes de onde se extraia um determinado
sentido decisório.
CPA: 99º + 150º/1 Por regra, a expressão da vontade administrativa é feita sob forma
escrita, atendendo a razões de segurança, sendo possível hoje encontrar-se diversas
exceções a tal regra:
As deliberações dos órgãos colegiais, salvo preceito legal em sentido contrário, são
praticadas sob forma oral, tendo a sua eficácia dependente, todavia, de serem exaradas
em ata CPA: 150º/2
Quanto à forma, o princípio é o da identidade das formas: entre a forma adotada num
primeiro momento decisório e a forma adotada para modificar ou extinguir tal decisão;
caso haja disposição legal em contrário tal princípio não tem operatividade.
A lei disciplina, de forma imperativa, alguns aspetos de conteúdo a que a forma escrita,
enquanto instrumento de expressão de vontade da Administração Pública, tem de
obedecer:
CPA: 100º/4, 101º/3 e 136º/2 São menções que a lei exige que devem ser incluídas em
regulamentos CPA: 151º/1 atos administrativos e contratos.
Devido aso diferentes graus de vinculatividade da atuação à lei, temos que ter em atenção
dois tipos de juridicidade:
• Juridicidade dura/forte (hard law): a violação gera invalidade;
• Juridicidade debilitada/flexível (soft law): a desconformidade nem sempre
determina a invalidade. Por duas diferentes vias:
§ Pode surgir o desenvolvimento de uma atividade direta e objetiva que seja
contrária à legalidade, mas em que não haja sanção por via da invalidade
devido a uma ponderação de outros bens, interesses ou valores integrantes do
sistema jurídico
Exemplo: situações de irregularidade, execução de atos fundados em normas declaradas
nulas ou inconstitucionais, execução de sentença administrativa consubstanciada na
prática de um ato ilegal
§ Existem normas jurídicas que elas próprias habilitam agir contra a lei
Exemplo: Estado de necessidade ou de exceção constitucional, desaplicação
administrativa da lei
Da mesma maneira, por razões de segurança jurídica, tutela da confiança, bem como o
decurso do tempo podem consolidar-se na ordem jurídica situações administrativas
criadas à margem da juridicidade. A juridicidade revela-se, por isso, dotada de
elasticidade e permeabilidade à ponderação de diferentes valores ou interesses, sendo que
a sua violação nem sempre determina uma integral proscrição de efeitos: o decurso do
tempo pode levar à marginalização da invalidade dos efeitos resultantes da violação da
juridicidade. Há aqui o reconhecimento, pela ordem jurídica, de efeitos jurídicos que
inicialmente eram inválidos.
CRP: 282.º/4 Permite que, por razões de equidade, segurança jurídica, ou de interesse
público de excecional relevo, algumas atuações inválidas produzam efeitos (válvulas de
escape do sistema). Se a CRP permite que atos inconstitucionais produzam efeitos, por
maioria de razão, estendemos essa permissão aos atos ilegais.
Nem sempre a violação de juridicidade tem a mesma resposta por parte da ordem jurídica.
Há casos em que a ordem jurídica sanciona com inexistência jurídica, há casos em que
sanciona com nulidade e há casos que sanciona anulabilidade, sendo esta a regra.
Tipos de invalidades
Temos condutas que são intencionalmente inválidas e condutas feridas de erro sobre a
invalidade. No erro não há intenção de agir de forma inválida, como quando se pensava
que estava a agir de forma válida, podendo o erro resultar da aplicação da norma incorreta
ou da interpretação errada de uma norma certa. Isto importa em sede de responsabilidade
civil e disciplinar.
A invalidade pode incidir sobre normas que conferem a competência, normas que
disciplinam o exercício da competência ou normas que regulam as regras de competência.
No âmbito das normas que disciplinam o exercício da competência, a sua violação, quer
ocorra por via ativa ou passiva, gera invalidade do agir administrativo sobre duas
realidades distintas:
• Invalidades Substantivas: invalidade diz respeito à substância ou conteúdo da
decisão, envolvendo a violação de normas materiais ou de fundo.
Nos casos de invalidade da cláusula que funciona como condição sine qua non da decisão
principal, de acordo com a sua essencialidade, poderá suceder a caducidade desta ou
reconhecimento de uma fundamentação para cessação de vigência ou modificação do
conteúdo decisório principal.
A invalidade das cláusulas acessórias pode residir no seu conteúdo, na sua aposição a
uma decisão que, de acordo com a lei, é insuscetível de comportar tais cláusulas ou
elementos acessórios ou nos efeitos ou resultados a que conduz.
Irregularidade
Anulabilidade
Nulidade
Inexistência
O problema da Irregularidade
Existem condutas administrativas que não respeitam a juridicidade, mas nem sempre a
ordem jurídica entende que se devam produzir efeitos inválidos, determinando por vezes
a mera irregularidade.
A irregularidade diz-nos que estamos perante o soft law ou ius imperfectum, porque a sua
violação não acarreta invalidade e apenas irregularidade. O ato é contrário à lei mas não
pode ser anulado.
A irregularidade é uma reação do sistema que sanciona uma atuação administrativa
desconforme com a juridicidade sem privar tal atuação dos efeitos normais da conduta
válida:
• A conduta irregular mostra-se geneticamente idónea a produzir os mesmos efeitos
que a conduta válida;
• A atuação administrativa irregular pode ser corrigida, mas não pode ser anulada
(pela Administração ou pelos Tribunais) com fundamento na sua irregularidade:
a irregularidade elimina a valência destrutiva de efeitos que a invalidade acarreta;
• A irregularidade não envolve sanções sobre os atos em causa, sem prejuízo de não
excluir que o seu autor seja responsabilizado;
• A irregularidade torna-se mera doente de eventual responsabilidade para quem o
emanou, violando o dever de agir regularmente.
A irregularidade faz nascer uma norma no ordenamento jurídico que, diante outra que foi
preterida pela Administração, considera o cumprimento daquela outra (primeira)
dispensável ou não essencial relativamente aos valores e interesses envolvidos: a
irregularidade diz que o cumprimento da primeira norma, aquela que impunha a conduta,
é dispensável.
Anulabilidade
CPA: 163º/1 + CCP: 283º/2, 285º É o desvalor jurídico regra/normal, sempre que a
administração age de forma contrário à juridicidade.
Este desvalor jurídico é residual, pelo que a sua utilização deva ser antecedida da procura
de diferente desvalor jurídico aplicável à situação concreta de invalidade.
Ou seja, só perante a ausência de solução jurídica diferente se torna admissível a
recondução da invalidade a uma situação de anulabilidade.
o Regime jurídico
Este ato, apesar de inválido, produz efeitos. Os atos anuláveis produzem efeitos como se
fossem atos válidos. Isto significa que são obrigatórios e que gozam da presunção de
legalidade (até prova em contrário, são válidos), pelo que se o particular não cumprir a
administração pode utilizar a força para aplicá-los.
O ato jurídico que destrói os efeitos de uma conduta anulável tem natureza constitutiva,
pois introduz inovações na ordem jurídica, desde logo privar de existência jurídica os
efeitos da conduta ferida de anulabilidade.
CPA: 163º/2 A destruição dos efeitos tem, por via de regra, natureza retroativa, havendo
o dever de reconstituir a situação atual que existiria se tal ato não tivesse sido praticado.
Existindo a possibilidade de modelação judicial de certos efeitos das condutas anuláveis.
CPA: 163º/5 e CCP: 283º/4 e 285º/4 Um ato anulável nem sempre produz efeito
anulatório, pois a própria lei pode desvalorizar a invalidade e tratar como uma mera
irregularidade, o que tornas ilegal a anulação.
Precludido esse prazo, tais efeitos, apesar de inválidos, já não podem ser removidos da
ordem jurídica tendo como fundamento a sua invalidade geradora de anulabilidade.
A precariedade estrutural dos efeitos feridos de anulabilidade não obsta a que, decorrido
esse prazo sem que tenham sido destruídos ou impugnados judicialmente, se consolidem
na ordem jurídica, sendo contudo controverso que formem sempre “caso decidido
administrativo”.
CPA: 164º A anulabilidade pode ser sanada por intervenção administrativa retroativa,
consubstanciada na ratificação, reforma ou conversão da decisão inválida.
CCP: 283º/3 Sem prejuízo das situações de unilateralidade decisória administrativa,
tratando-se da sanação de contratos administrativos anuláveis, a natureza plurilateral do
ato impõe específicas exigências procedimentais.
Nulidade
Sem prejuízo dos eventuais casos de nulidade por natureza, a criação de situações de
invalidade do agir administrativo que gerem nulidade integram o domínio de reserva de
lei, assim regulamento, o contrato ou qualquer outra forma do agir administrativo nunca
podem criar novo casos de nulidade, transformando situações que, nos termos da lei,
seriam de anulabilidade ou introduzir alterações do regime legal da nulidade.
o Casos de nulidade
Hoje, temos casos de nulidade por natureza: significa que certos atos que não podem
deixar de ser nulos, ainda que o legislador não diga que o são.
Isto, uma vez que as normas inconstitucionais podem ser declaradas inconstitucionais a
qualquer momento porque não há prazo, o que significa que os atos que aplicam estas
normas podem ser destruídos em qualquer momento. A violação da normatividade
constitucional não pode ter como desvalor jurídico a anulabilidade, algo que seria
excessivamente benéfico.
Exemplo: se o legislador não pode violar o DUE, a administração não o pode fazer, por
maioria de razão, pelo que os seus atos só podem ser nulos.
No âmbito da atuação administrativa sem natureza normativa e que é regida pelo Direito
Administrativo, a nulidade assume natureza excecional como desvalor das condutas
contrárias ao previsto pelo ordenamento jurídico:
Os atos administrativos são nulos sempre que a lei o diga, existe uma CPA: 161º/2
enumeração genérica de casos de nulidade que compreende vícios incidindo sobre todos
os elementos da estrutura dos atos administrativos vistos anteriormente. Este elenco não
esgota todas as situações de nulidade administrativa CPA: 36º/2 e outros diplomas
especiais. A nulidade pode ter por base uma desconformidade:
• Competência A) e B)
• Vontade F)
• Causa E)
• Objeto C), D), I), J) e K)
• Formalidades e forma G), H) e L)
o Regime Jurídico
O ato nulo não tem força jurídica, assumindo-se apenas como uma realidade de facto: a
nulidade, sem existir no plano do Direito, apenas existe no domínio dos factos.
Estamos perante uma “invalidade completa”, visto que perante a gravidade da violação
da juridicidade o sistema reage, negando total e integral eficácia ao ato: tudo se passa
como se o ato nunca tivesse existido.
CPA: 166º/1 a) Devido a não produzirem efeitos jurídicos, os atos nulos não são passíveis
de anulação ou revogação.
As condutas administrativas nulas, que não revistam carácter normativo, não geram
qualquer obrigação de acatamento por parte das estruturas da Administração, bem como
como pelos cidadãos:
• CRP: 271º Os funcionários administrativos não devem obediência a atos nulos,
não podendo, por isso, ser sancionados a nível disciplinar;
• Sem qualquer dever de conformação com o conteúdo de tais atos, a falta de
cumprimento pelos particulares de atos nulos nunca habilita o recurso à autotutela
executiva, antes existindo aqui uma possibilidade de exercício do direito de
resistência por parte dos cidadãos;
• Qualquer medida sancionatória do não acatamento de atos nulos estará ferida de
invalidade.
Todavia, caso situações nulas sejam objeto de execução ou acatamento, num cenário em
que os “efeitos” devem ter-se como nunca produzidos, a nulidade pode envolver
responsabilidade administrativa, civil, disciplinar, política ou financeira criminal.
Deverá existir a reconstituição da situação atual hipotética, como se não tivesse existido
a conduta nula, que gerou obrigações para o seu destinatário e foram por ele cumpridas;
CPA: 162º/2 Não existe prazo para se declarar a nulidade, ao contrário da anulabilidade.
Com a revisão de 2015 a lei distingue a nulidade invocada (pode ser feita por todas as
pessoas), a conhecida e a declarada (existe uma reserva de declaração de nulidade pelos
tribunais administrativos e pelos órgãos administrativos competentes para o efeito).
Todos os tribunais que não sejam tribunais administrativos devem conhecer e recusar a
aplicação de atos nulos, sem contudo terem possibilidade de proceder à declaração de
nulidade. Duas exceções:
1. Tribunal Constitucional no âmbito da fiscalização sucessiva abstrata da
inconstitucionalidade ou da “ilegalidade equiparada ao regime da
inconstitucionalidade”
2. 2. Tribunais Judiciais, tratando-se de atuação administrativa regida pelo Direito
Privado e que seja nula
A declaração de nulidade tem eficácia retroativa e natureza declarativa, uma vez que vem
apenas reconhecer o desvalor jurídico existente ab initio. Caso a declaração de nulidade
seja emitida por uma autoridade administrativa, mostra-se sempre possível o recurso a
impugnação judicial.
Não obstante os traços gerais de regime, existem formas atípicas de nulidade, sujeitas a
regimes especiais, que em parte derrogam o enunciado.
• A natureza atípica pode ainda decorrer de, ao invés de se considerar que o ato é
ineficaz na sua totalidade, se reconhecer que o ato nulo acaba por produzir alguns
efeitos: CPA: 144º/4 é o que sucede em matéria de declaração de invalidade de
regulamentos face a atos que nele tiveram o seu fundamento.
o Juridificação da nulidade
CPA: 162º/3 Admite, com base na doutrina e na jurisprudência, que atos nulos produzam
efeitos, à luz dos princípios da boa-fé, proteção da confiança, da proporcionalidade e
outros princípios gerais, dando-se relevância ao decurso do tempo.
Isto significa que o ato juridicamente não produziu efeitos, mas de facto, devido a ter
aparência de ser válido produziu efeitos, pelo que o decurso do tempo, a boa fé dos
destinatários e a tutela da confiança podem justificar.
A decisão que reconhece estes efeitos é uma decisão constitutiva, pois introduz alterações
na ordem jurídica e que nos permite tirar conclusões:
• Há uma competência concorrencial entre os tribunais administrativos e as
estruturas decisórias competentes da Administração Pública;
• Além de vinculada aos parâmetros princípio lógicos do procedimento, comporta
limites de conteúdo: nem todas as situações de facto provenientes de atos nulos
são passíveis de atribuição de efeitos jurídicos;
• A existência de relações multipolares ou poligonais implica exigências adicionais
de ponderação de interesses, limitando ou alargando a atribuição de efeitos
jurídicos;
• Em todo o caso, a decisão administrativa de atribuição de efeitos jurídicos a atos
nulos pode sempre ser alvo de impugnação judicial ou de anulação administrativa.
Não obstante as reflexões empregues, não se poderá excluir que, num cenário de
impossibilidade ou grave prejuízo de reconstituição da situação atual hipotética
proveniente da produção de efeitos de facto do ato nulo (tornando-se excessivamente
onerosa a situação de facto criada), à luz dos princípios da proteção da confiança e da
proporcionalidade haja fundamento para manter na ordem jurídica os efeitos já
produzidos pelo ato nulo: a declaração de nulidade terá, nesta hipótese, eficácia ex nunc
(apenas para o futuro) assumindo natureza constitutiva.
Inexistência Jurídica
Autores como Marcelo Rebelo de Sousa, Mário Aroso de Almeida e Vieira de Andrade
afastam a inexistência como um tipo de invalidade mais grave do que a nulidade sob o
argumento de que para que algo seja válido ou inválido tem que existir, cominando a
inexistência a “não existência” de determinado ato não pode haver qualquer juízo de
invalidade.
Outro setor da doutrina composto pelos professores Freitas do Amaral e Paulo Otero
defendem a inexistência como figura autónoma da nulidade, figurando como um desvalor
mais grave- o prof. Paulo Otero diz que existe um imperativo constitucional que justifica
a aplicação da inexistência enquanto desvalor da atuação administrativa.
o Tipologia
O CPA de 2015, embora não faça referência à inexistência, certo é que, abandonou o
entendimento anteriormente perfilhado pelo artigo 133º/1 do CPA de 1991 que cominava
a nulidade a atos “a que falte qualquer dos elementos essenciais”.
Desta forma, “abre-se uma porta” para que situações em que faltem “elementos
essenciais” de determinada atuação administrativa sejam fonte geradora de inexistência
jurídica, ao invés da simples nulidade.
o Regime jurídico
A ausência de um regime legal para a inexistência jurídica faz com que, às condutas
administrativas feridas de inexistência jurídica, se aplique o regime da nulidade:
Semelhanças Diferenças
Atos inexistentes não produzem efeitos jurídicos Não são passiveis de
Não há presunção de legalidade, nem dever de obediência reforma ou conversão
Não são objeto de execução especifica Não podem reconduzir à
É invocável a todo o tempo e declarada pelos tribunais produção de efeitos
Podem surgir efeitos jurídicos atípicos como a possibilidade tendo em vista a boa-fé,
de responsabilidade civil, política, disciplinar e financeira tutela de confiança etc
pela prática de atos inexistentes
Os casos de inexistência nunca podem levar à atribuição de efeitos jurídicos, por força
dos princípios da boa-fé, proteção da confiança e proporcionalidade, tendo em conta o
decurso do tempo: CPA: 162º/3 seria assim inaplicável a estas situações.
Paulo Otero considera que não se pode negar a possibilidade de atribuição de efeitos
jurídicos à luza dos princípios já referidos.
Desta forma, as mesmas razões podem ser invocadas perante situações de facto
constituída sob a égide de condutas administrativas inexistentes:
• Especialmente, em situações de inexistência derivada ou consequente, apesar da
ausência do dever de obediência administrativa a normas feridas de inexistência,
se tais normas “habilitantes” tiverem sido alvo de uma aplicação reiterada e
pacífica, a sujeição a atos emanados ao seu abrigo aos princípios gerais
emergentes do 162º/3 pode tornar-se imperativo de justiça e da igualdade inerente
à unidade do sistema jurídico;
• Haverá aqui um possível espaço de modelação de efeitos de situações de
inexistência, falando-se em “inexistência atípica”.
Qual o fundamento que leva a que atos cujos efeitos são inválidos podem ser
aproveitados pelos atos jurídicos?
A reabilitação de efeitos administrativos inválidos pode ter, no plano temporal, dois tipos
de incidência:
Eficácia ex nunc: a partir de um determinado momento para o futuro, os efeitos das
condutas desconformes passam a estar reabilitados;
Eficácia ex tunc: determina que, desde o início, em termos retroativos, se dá a
reabilitação dos efeitos inicialmente inválidos.
Intervenção do legislador
Validação superveniente ou sucessiva
Dá-se quando a lei vem remover retroativamente o obstáculo que invalidava a conduta
administrativa ou os efeitos decorrentes de tal invalidade, tudo se passando como tais
efeitos nunca tivessem existido, havendo aqui uma validação superveniente de efeitos
inicialmente inválidos.
A jurisprudência do Supremo Tribunal Administrativo admite, atualmente, de forma
expressa a possibilidade de regularização de situações criadas na sequência de atos nulos.
A lei que procede à validação retroativa de efeitos inválidos da conduta administrativa
pode assumir dupla operatividade:
• A convalidação dos efeitos da conduta administrativa;
• A sanação dos vícios dos atos praticados ou, pelo menos, o restabelecimento da
presunção de legalidade desses mesmos atos.
A lei pode proceder a tal validação por via direta, ou seja, a própria lei dispor de forma
expressa sobre o ato, a competência do órgão, etc. ou pode fazê-lo por via indireta:
• Por via de lei interpretativa, o legislador pode proceder a uma interpretação da lei
anterior, num sentido conforme ao adotado pelo agir administrativo, afastando,
deste modo, um sentido diferente acolhido pelos tribunais e invalidante da
conduta administrativa3;
• A lei estabelecer uma vinculação para os órgãos administrativos converterem,
reformarem ou ratificarem anteriores atos inválidos, excluindo a possibilidade da
sua anulação administrativa;
• A lei impor aos tribunais a salvaguarda dos efeitos favoráveis já produzidos pelas
condutas inválidas submetidas à sua apreciação ou através do pagamento de justa
indemnização, ser compensada a manutenção de efeitos inválidos (esta solução é
de constitucionalidade duvidosa).
3
Caso suceda estar em curso um determinado processo judicial envolvendo a aplicação de certa norma, a
criação de uma lei interpretativa com o propósito de resolver essa situação concreta poderá haver aqui uma
situação de desvio de poder legislativo ou inconstitucionalidade finalística quanto ao exercício do poder,
sem prejuízo dos efeitos da separação de poderes.
Intervenção administrativa
Sanação de efeitos ilegais
A Administração perante uma conduta sua da qual resulte ilegalidade ou que seja ilegal
tem, de acordo com o princípio da juridicidade, um dever de repor a legalidade.
A escolha da via da sanação de efeitos inválidos, sem prejuízo de poder resultar de uma
pretensão formulada pelos cidadãos, deve envolver à luz do princípio da
proporcionalidade:
• A sanação considera-se excluída se, atendendo aos interesses em presença, as suas
desvantagens são superiores às que resultariam da anulação (ou declaração de
nulidade) do ato;
• A sanação pressupõe uma valoração e ponderação do interesse público em manter
e reabilitar os efeitos de condutas originariamente inválidas.
Não é possível a anulação ou sanação de atos que já tenham sido objeto de anulação
contenciosa: qualquer um daqueles mecanismos pressupõe a persistência de efeitos na
ordem jurídica.
A reabilitação administrativa com o intuito de sanar uma anterior conduta pode dar-se
através das seguintes formas de expressão: Ratificação, Reforma, Conversão, Anulação
ex nunc.
Intervenção judicial
Modulação de efeitos
Uma forma clássica de modulação de efeitos inválidos encontra-se nas figuras da redução
e da conversão dos atos jurídicos, enquanto mecanismos destinados ao aproveitamento
de atuações ilegais.
O juiz tem como base para tal os princípios gerais CC: 292º e 293º, podendo reduzir ou
converter condutas administrativas anuláveis ou nulas, sejam elas pautadas pelo Direito
Privado ou pelo Direito Administrativo.
Desta forma as figuras da conversão e da redução (ou reforma) não se mostram de índole
exclusivamente administrativa.
Além destas situações, a intervenção judicial, por via de regra, assume uma função
destrutiva dotada de efeitos retroativos perante situações de invalidade da atuação
administrativa, não sendo, todavia, de afastar que os tribunais possam modular os efeitos
destrutivos da retroatividade.
Trata-se de uma solução que se fundamenta num princípio geral CRP: 282º/4 e que, por
maioria de razão, se estende também às situações de nulidade e anulabilidade
administrativas: há valores do sistema jurídico que permitem ao juiz reabilitar efeitos
inválidos do agir administrativo.
Já antes destas consagrações o STA havia ensaiado o efeito modulador de atos inválidos,
por via do princípio do aproveitamento dos atos.
Nem se poderá excluir que, à semelhança do que já foi feito pelo TC ao protelar os efeitos
da inconstitucionalidade de disposições legais para o futuro numa declaração com força
obrigatória geral4, que também a modelação de efeitos de situações administrativas
geradoras de anulabilidade ou nulidade administrativa possa ser remetida para o futuro.
4
Acórdão do TC nº 353º/12, de 5 de julho de 2012
Decurso do tempo
Num sentido mais profundo, a simples passagem do tempo pode reabilitar efeitos
inválidos de conduta administrativa em três diferentes cenários:
• Anulabilidade, por efeito da preclusão do prazo para a sua invocação judicial ou
para a anulação administrativa das condutas em causa;
• Nulidade, se existir um prazo para a sua arguição num cenário de “nulidade
atípica”, ou permitindo até que, conjugado com outros princípios do ordenamento,
se possam atribuir efeitos jurídicos a condutas nulas, justificando-as;
• Inexistência derivada ou consequente, o decurso do tempo pode conduzir à
atribuição de certos efeitos jurídicos.
O decurso do tempo não tem, todavia, como efeito fazer sanar a invalidade em causa,
tornando as condutas e os seus efeitos válidas.
Observa-se que o poder judicial deixa de poder controlar os efeitos da anulação, bem
como a Administração deixa de poder proceder à sua anulação (nunca se tornando a
conduta ou os efeitos válidos).
Visto isto, mostra-se possível recortar, no interior do sistema jurídico, tendo como
referência os efeitos do decurso do tempo sobre os efeitos das condutas administrativas
inválidas, dois modelos de juridicidade administrativa:
Há uma juridicidade aplicável nos limites de um prazo de tempo por ela fixado
(“juridicidade típica”) e haverá, em termos sucessivos, uma juridicidade que surge por
efeito do decurso do tempo, afastando-se a aplicação dessa primeira juridicidade- fala-se
agora em “juridicidade atípica”;
Estes tipos de juridicidade não esgotam a totalidade do sistema jurídico, uma vez que
existe uma parcela do mesmo cuja violação se mostra imune à passagem do tempo,
falando-se uma “juridicidade atemporal”: são zonas de essencialidade normativa dentro
do sistema jurídico, preservada da intervenção “corrosiva” da passagem do tempo e cuja
invalidade é sancionável com a nulidade ou a inexistência jurídica e nunca passível de
atribuição de quaisquer efeitos jurídicos- aqui reside o “núcleo duro” da juridicidade
administrativa, que vincula o seu agir, sendo o ius cogens administrativo.
TITULARIDADE
Quem pode emanar regulamentos
Esta competência delimita o poder legislativo, pois este não pode invadir os espaços
designados pela Constituição para as entidades públicas menores. E caso o Estado o faça
por via legislativa, haverá usurpação de poderes.
o Governo
CRP: 199º g) Independente, tem o poder de fazer regulamentos que visam implementar,
dar expressão a um conjunto de matérias, dando origem aos decretos regulamentares do
Governo em vez de Decreto lei.
Nestas áreas fora da reserva de lei as vantagens de optar por decreto regulamentar em vez
de decreto lei são três:
• Não estar sujeito a fiscalização preventiva
• Não pode ser objeto de apreciação parlamentar
• Se for um Governo de coligação não precisa de ir a Conselho de Ministro,
sendo suficiente para a sua aprovação a assinatura de Primeiro-Ministro e
dos ministros competentes em função da matéria.
5
Apontamentos realizados maioritariamente com base nas aulas teóricas, usando como manual de apoio Diogo
Freitas do Amaral, Curso de Direito Administrativo, 4ª edição, Almedina, Páginas 177 a 192
o Regiões Autónomas
CRP: 227º/1 d) Regulamentar as leis da república caso o poder regulamentar não seja
reservado ao Governo pela Assembleia. Esta regulamentação é competência exclusiva da
Assembleia da RA e a regulamentação reveste a forma de decreto legislativo regional
para permitir pela forma o representante da república possa suscitar a fiscalização
preventiva, prevalecendo a forma sob o conteúdo
CRP: 227º/1 d) Nas leis que não reservem a competência regulamentar ao Governo a
regiões podem regulamentar, falamos da própria legislação regional. As regiões
autónomas têm exclusividade para regular os decretos legislativos regionais.
CRP: 231º/6 O Governo regional tem competência regulamentar exclusiva quanto à sua
organização e funcionamento, nesta matéria o diploma tem de ser assinado pelo
Representante da República, se este o vetar politicamente o veto é absoluto. O Governo
nunca poderá converter o diploma em proposta de decreto legislativo regional a
apresentar à Assembleia, procurando superar o veto, devido a ser sua competência
exclusiva.
A competência é conferida pela constituição mas só pode ser exercida se a lei atribuir e
nos termos em que a lei em concreto atribuir ou seja, a autarquia não pode invocar a CRP
para elaborar um regulamento, pois a sua competência tem de ser mediada por um ato
legislativo.
Os municípios têm competência e tanto pode ser excedia pela Assembleia Municipal
como pela Câmara municipal. As freguesias têm competência regulamentar da
Assembleia e da Junta consoante a matéria nos termos da lei que define as atribuições das
autarquias locais.
A Universidades privadas também tem mas não fazem parte da Administração Pública.
Esta competência limita o poder legislativo, pois este não pode esgotar a competência
regulamentar das universidades que tanto no plano estatutário, pedagógico,
administrativo como financeiro é um direito fundamental das próprias universidades.
As Associações Públicas que são profissionais como a ordem dos advogados tem
competência regulamentar exclusiva em matéria deontológicas, pelo que as regras éticas
do exercício daquela profissão é reservada à ordem.
Por vezes verifica-se, sobretudo nas autoridades administrativas independentes, que nas
respetivas leis orgânicas, que instituem as autoridades, se atribui diretamente o poder de
executar a lei. Paulo Otero considera inconstitucional pois CRP: 199º/b) atribui ao
Governo o poder de proceder à boa execução das leis por via regulamentar e esta só pode,
nos termos da constituição, ser exercida pelas Assembleia Legislativas das Regiões
Autónomas caso a lei em causa não reserve o poder regulamentar ao Governo
Assim, para Paulo Otero não é possível uma autoridade administrativa independente
recorrer a uma execução regulamentar direta com exclusão do Governo, pois este tem
sempre a possibilidade de sobre a matéria de uma lei emanar uma norma regulamentar,
nem que seja a norma que defina quando poderá a entidade administrativa independente
exercer o poder regulamentar.
FORMALIDADE E FORMA
Que caminho e designação podem ter os regulamentos
CPA: 97º/1 É possível que a feitura de um regulamento seja resultado da vontade dos
interessados, estes podem desencadear o procedimento.
CPA: 99º O projeto deve ser publicitado com uma nota justificativa que explica o porque
da necessidade do regulamento e quais as inovações que este pretende trazer
CPA: 139º
Pode revestir vários tipos de forma, no que toca aos regulamentos do Governo pode ter:
• Decreto-regulamentar
Sendo a mais solene pois trata as matérias mais importantes e porque são objeto de
promulgação do Presidente da República, ficando com solenidade semelhante aos
decretos-leis.
• Resoluções do Conselho de Ministros
O Governo CRP: 182º é simultaneamente um órgão politico mas também superior da
administração publica.
• Decreto Simples
• Portarias
• Despachos
No caso das regiões autónomas o Decreto Legislativo Regional é a forma mais solene
que as Regiões têm para exercer a sua competência regulamentar, sendo a forma utilizada
para regulamentar as leis da república.
VALIDADE E EFICÁCIA
O que é preciso para o regulamento produzir efeitos
CPA: 138º Nem todas as normas têm o mesmo caracter, estabelecendo-se uma hierarquia
entre os regulamentos que estipula certas prevalências:
• Em matéria concorrencial prevalecem os regulamentos do Governo sobre os das
autarquias ou das regiões.
• O regulamente proveniente do município prevalece aos das freguesias
CPA: 142º/2 Regra com larga tradição que diz que há sempre dos regulamentos sobre os
atos administrativos, traduzindo-se no princípio da inderrogabilidade singular (no caso
concreto) dos regulamentos.
Exemplo: Existe o regulamento A, posteriormente é emanado o ato administrativo B e
este tem um conteúdo incompatível com o regulamento A, o B apesar de ser posterior não
derroga o que for estatuído pelo A, sendo o B inválido e ilegal.
CPA: 146º/2 Diz que se uma lei está a ser executada por um regulamento, este não pode
ser objeto de revogação simples, pois significaria que a lei que estava a ser executada
deixa de poder continuar a ser executa, assim a lei deixaria de poder ser aplica aos casos
concretos pois desaparece o regulamento que viabilizava a execução da lei.
CPA: 137º Quando uma lei não fixa um prazo para ser executada, quando não determina
um prazo para ser emanado um regulamento de execução, considera-se que o prazo é de
90 dias, e se após esse tempo não for emanado o regulamento a Administração entra numa
situação de omissão regulamentar ilegal e inválida. Caso o cidadão se sinta prejudicado
pela omissão do regulamento pode dirigir-se à Administração solicitando a execução ou
a um Tribunal para que este condene a AP à execução do regulamento.
Invalidades do regulamento
Nos casos de invalidade por ação, à invalidade sempre que se desrespeitam as proibições,
ou seja casos as normas de natureza imperativa sejam afastadas pela administração a
quando a emanação de um regulamento.
Regra Geral: CPA: 144º/1 A invalidade é invocável a todo o tempo, podendo igualmente
ser declarada a todo o tempo.
Exceção: CPA: 144º/2 A Ilegalidade formal ou procedimento que se reconduza a
uma situação de inconstitucionalidade é invocável a todo o tempo, contudo nos casos de
invalidade que não seja ilegal o prazo é de 6 meses após publicação do regulamento. Após
estes 6 meses a ilegalidade consolida-se na ordem jurídica.
Exceção da exceção: pode a todo o tempo ser invocável a ilegalidade
formal ou processual se esta disser respeito à carência absoluta de forma legal ou
se não tiver existido consulta pública no procedimento de feitura.
CESSAÇÃO DE VIGÊNCIA
Como é que um regulamento deixa de produzir efeitos
Revogação
CPA: 146º A revogação do regulamento pode ocorrer de acordo com o princípio geral de
que os regulamentos são revogáveis.
Contudo há casos em que não é admissível a revogação, nomeadamente a revogação
simples caso esta determina a impossibilidade de execução da lei.
É possível a revogação por um terceiro órgão desde que esse exerça poderes revogatórios
sobre o órgão que foi autor do regulamento.
Exemplo: um superior hierárquico pode revogar o regulamento do subalterno.
CPA: 144º/ 1 a 4 Significa que a administração olha para o regulamento e considera que
afinal não é conforme pela ordem jurídica, chegando a essa conclusão sozinha ou devido
a uma constatação dos particulares, seguida de uma ponderação da Administração.
Permite que a administração em vez de revogar, ou seja cessar os efeitos, por uma questão
de ilegalidade e não de mérito.
Caducidade
CPA: 145º/3 O regulamento de exceção de uma lei depara-se com a revogação da lei que
executa, não sendo substituída por outra, o regulamento caduca.
Intervenção do legislador
Casos haja uma revogação simples da lei que fundamenta o regulamento de execução
Se o órgão que emanou o decreto-lei de cessação é o Governo, Paulo Otero acha que pode
ocorrer, contudo apenas relativamente às matérias em que tem competência regulamentar,
no caso de emanar um decreto que cesse a vigência de um regulamento que não seja sobre
matéria da sua competência o ato está ferido de incompetência absoluta.
Exemplo: O Governo não pode fazer cessara vigência de um regulamento do Governo
Regional que execute uma lei da Assembleia Regional, pois iria invadir a esfera das
atribuições das Regiões Autónomas
Intervenção Judicial
Quais os efeitos?
CPTA: 76º São semelhante ao CRP: 282º
A declaração é retroativa e determina a repristinação mas salvaguarda os casos julgados,
os atos administrativos inimpugnáveis e as situações em que se permite que por razoes de
interesse público, segurança jurídica ou equidade os Tribunais Administrativos possam
restringir a repristinação. Quanto às decisões que se mantêm na ordem jurídicas permite-
se que as soluções mais favoráveis aos particulares possam prevalecer ou ser destruídas.
ATO ADMINISTRATIVO
Atos Constitutivos
o Atos Primários
• Atos impositivos
Os sancionatórios aplicam uma sanção, podendo ser pecuniária, como uma multa, ou de
natureza não pecuniária, como o médico que cometendo uma falta de natureza
deontológica pode ser objeto de sanção pela ordem de suspensão ou expulsão.
São importantes porque tem um procedimento administrativo especialmente importante
pois é dominado pela ideia de devido processo legal (equitativo), traduzido no direito ao
contraditório. Em matéria de inconstitucionalidade, a eficácia erga omnes da decisão com
força obrigatória geral tende a ser retroativa, com algumas exceções, no caso dos atos de
natureza sancionatório pode se destruir o ato administrativo consolidado caso a lei
inconstitucional fosse mais desfavorável ao particular.
• Atos permissivos
Não impõem mas habilitam a adoção de determinada conduta, facultam que o destinatário
possa adotar uma conduta por ação ou omissão, num comportamento que sem essa
habitação não seria admissível. Assim, são um ato tendencialmente favorável ao seu
destinatário principal.
O facto de se permitir que alguém adote uma conduta favorável para si, não impede a
criação de efeitos colaterais a terceiro, produzem então uma pluralidade de efeitos, sendo
designados atos poligonais.
Exemplo: Permissões de contruir: ela está ou não englobada do direito de propriedade?
Para quem entenda que sim, verdadeiramente o que há aqui é apenas a permissão para se
poder exercer uma faculdade que já integra o direito de propriedade privada.
Para quem entende que não, este ato investe o particular de uma posição jurídicas própria.
Em qualquer dos casos, quem adquire a possibilidade de construção tem uma posição
jurídicas para ele favorável, contudo pode haver terceiros que se sentiam lesados com
essa mesma construção.
Autorização é a permissão que alguém tem em adotar uma conduta licita que já tinha
mas precisa de ser removido um obstáculo para exercer essa atividade
Licença tem na base o entendimento que a conduta antes da licença seria ilícita.
Exemplo: licença de porte de arma
Renúncia alguém voluntariamente decidi não praticar uma conduta, havendo como limite
a irrenunciabilidade de situações jurídicas não atribuídas.
• Atos propulsores
Na recomendação o órgão que emite apela para que uma outra estrutura decisória adote
um determinado sentido decisório, sem que seja obrigatório para o destinatário.
o Atos Secundários
Incidem sobre anteriores relações jurídicas concretas, tendo por objeto um ato anterior
ficando designados por atos secundários.
• Atos integrativos
São so que tendo por objeto outros atos visam completar, acrescentar qualquer coisa mais
que o ato anterior tinha em falta, assim atribui algo de novo que o ato integrado não tem
Homologação um ato com poder decisório aceita a sugestão, fazendo sua a proposta
apresentada por outro órgão. Existem dois atos mas o ato de homologação apropria-se da
proposta, passando esta a não ter existência autónoma. Se a proposta tiver vícios, o ato de
homologado irá ter igualmente esses vícios.
• Atos modificativos
São os que visam introduzir modificações nos atos anteriores.
CPA: 173º/1 Os atos modificativos podem não ter caracter saneador, correspondendo
à alteração em sentido estrito, suspensão e CPA: 174º retificação, pois não visam superar
nenhuma invalidade, as modificações justificam-se por razões de mérito.
Na suspensão visa-se paralisar os efeitos de um ato anteriormente praticado,
diferenciando-se da revogação pois neste há a extinção definitiva dos efeitos. Utiliza-se
argumentos de invalidade ou demérito para de forma, temporária, paralisar os efeitos. O
ato sujeito a condição suspensiva a sua suspensão é automática verificando-se o ato
futuro, aqui não encontramos um facto, mas um novo ato.
A retificação tem haver com situações de erros materiais ou de calculo que justificam a
correção do ato.
Antes de 2015 a revogação podia ser efetuada com fundamento em razões de mérito ou
de legalidade, após 2015, acolhendo a escola de Coimbra, sempre que se cessam efeitos,
distingue-se os casos de fundamento em ilegalidade ou mérito.
Permite diferenciar duas realidades, o ato revogado, o ato cujos efeitos cessaram, e o ato
de revogação, o ato que fez cessar os efeitos do anterior ato. Em bom rigor jurídico não
há revogação de atos, mas sim de efeitos, o ato em si, mesmo que os efeitos cessem em
termos retroativos, o ato em si é um facto que existiu pelo que não se pode apagar, apenas
se pode fazer cessar os efeitos que o ato gerou.
Existem algumas figuras afim, como a suspensão, pois nesta há uma paralisia dos efeitos
e não cessação.
Quanto aos efeitos pode dizer que pode ser ab-rogatória ou retroativa
CPA: 171º/1 é regra geral que a revogação seja ab-rogatória, ou seja, tendo eficácia
revogatória apenas deste momento para o futuro. Contudo os efeitos da revogação podem
ser retroativos, destruindo-se todos os efeitos do passado do ato revogado, mantendo-se
este apenas como realidade histórica sem qualquer efeito emanado.
CPA: 169º/2 Tem competência para revogar o ato, o seu autor desde que mantenha a
titularidade da respetiva competência.
CPA: 169º/4 Se há uma delegação de poderes o delegado pode delegar o ato salvo se
tiver caducado ou sido revogada revogação de poderes.
O superior hierárquico tem competência revogatória quanto aos atos praticados pelo seu
subalterno pois o superior hierárquico presta contas pelos atos que os subalternos
praticam, pelo que além de ter o direito de fiscalização tem o poder de revogar. Dentro
do poder hierárquico há ainda o poder de supervisão que habilita o superior a revogar os
atos do superior. CPA: 169º/2 Retira a competência para o superior hierárquico revogar
os atos praticados pelo subalterno no âmbito de competência exclusiva. Paulo Otero
questiona a constitucionalidade desta solução à luz do princípio da responsabilidade
política pela totalidade da atuação, acha estranho como alguém pode ser responsável se
ter a possibilidade de revogar efeitos. Os particulares podem apresentar um recurso da
atuação do subalterno dirigido ao superior hierárquico de acordo com o direito
fundamental de petição, mas a entidade aquém se dirige a petição não terá o poder de
revogar. Paulo Otero considera que a competência é exclusiva para garantir que a primeira
intervenção do ato é do subalternos mas não para retirar da alçada do superior. O superior
continua ao abrigo do poder de direção a faculdade de ordenar a revogação do ato e até
de ditar um novo conteúdo, pelo que a competência nunca é verdadeiramente exclusiva.
Através da avocação o superior hierárquico chama a si o ato para ver se deve revogar.
CPA: 169º/4 O órgão delegante tem competência revogatória em relação aos atos
praticados pelo delegado, com fundamento na própria delegação de poderes. Se o
delegante pode CPA: 49º/2 a toda a altura revogar o ato de delegação de poderes,
retirando a competência ao delegado, pode igualmente revogar os atos praticados. O s
atos do delgado tem um valor jurídico CPA: 44º/5 como se tivessem sido praticados pelo
delegante então este pode revogar os atos que tem valor jurídico como seus.
CPA: 169º/5 Reflete a solução tradicional onde a entidade superentendida pode ver os
seus atos revogados pela entidade de superintendência nos casos expressamente previstos
na lei, mas Paulo Otero considera que pode ocorrer ainda em casos não previstos na lei.
Se o particular tem o direito de petição a entidade de superentendia passa a ter poder
revogatório nos casos de recurso administrativo.
CPA: 169º/6 Tem competência revogatória o órgão competente preterido, ou seja, nos
casos de incompetência relativa, o órgão que viu os seus poderes invadidos não pode
perder a competência sobre a matéria, pelo que pode revogar. Na incompetência absoluta
o ato é nulo, pelo que não pode ser revogado, por não chegara produzir efeitos. Pode-se
destituir se este artigo não é a prova de que não é correto a distinção entre revogação e
anulação.
O regime da revogação dos atos decorre dos artigos CPA: 166º - 168º
CPA: 166º/1 Existem atos de revogação impossível, atos que nunca podem ser objeto de
revogação pois não há efeitos a cessar, nomeadamente os nulos, os anulados
contenciosamente e ainda os atos revogados anteriormente com eficácia retroativa. Em
todas estas situações, caso haja revogação ocorra o objeto impossível pelo que é nula.
A regra é que os atos válidos são livremente revogáveis com fundamento em questões de
mérito, podendo sempre ser revogados, contudo há exceções:
CPA: 167º/1 Os atos que resultam de vinculação legal; Atos que criam obrigações legais
ou direitos irrenunciáveis para administração e os atos constitutivos de direitos.
CPA:167º/3 Um ato constitutivo de direito pode o ser em três cenários: quando atribui
uma posição jurídica favorável, quando atribui uma situação jurídica de vantagem,
quando exonera o particular de uma obrigação ou quando amplia uma situação jurídica.
CPA: 167º/2 d) Ato precário é aquele que investe o particular de uma posição
jurídica ativa mas não definitiva, como a atribuição de um direito com condição
resolutiva. Aqui apesar de ser ato constitutivo de posição jurídica favorável não se rege
pelo regime destes.
Atos verificativos não são estruturalmente constitutivos de direito mas limitam-se
por ser ato declarativo a verificar determinada situação, como um diploma de curso.
Está em causa atos constitutivos de direito válidos, pois os inválidos não são revogados
mas anulados, CPA: 167º/2 contudo a regra geral é que os atos constitutivos de direito
válidos não podem ser revogados. Existem claro exceções, pode ser revogado na parte
desfavorável aos interesses do beneficiário, ou quando todos os beneficiários do ato
manifestem a sua concordância sem estar em causa situações indisponíveis ou ainda com
fundamento na alteração das circunstâncias de facto ou da superveniência de novos
conhecimentos, mas apenas se o ato não pudesse ser praticado pois no momento em que
foi praticado já existiam estas situações e só pode ser no prazo de 1 ano a contar do
conhecimento da causa. Se o beneficiário estava de boa fé aquando da alteração das
circunstâncias ou da superveniência de novos conhecimentos à luz do CPA: 167º/6 a
revogação confere-lhe uma indeminização.
CPA: 170º/1 Em regra existe um paralelismo das formas, ou seja, o ato de revogação
deve seguir a forma usada no ato revogado, sendo exceção CPA: 170º/2
CPA: 170º/3 Nas formalidades também existe o princípio do paralelismo.
O mesmo ato pode para uns ser constitutivo de direitos e para outros não.
Exemplo: Alguém que num concurso público obtém vencimento, mas apenas essa pessoa
o ato é constitutivo de direitos.
É uma forma de simplificar a vida aos tribunais, pois caso a Administração se aperceba
que o ato é ilegal pode anulá-lo sem necessitar de aprovação dos Tribunais.
O pressuposto de base é a ilegalidade que se reconduz á anulabilidade e nunca nulidade,
pois caso contrário não havia efeitos para cessar.
CPA: 163º/2 + 171º/3 Quantos aos efeitos em princípio a anulação vem eliminar todos
os efeitos que o ato tinha produzido. Contudo há exceções, em que quando o ato é anulado
se reconhece a permanência na ordem jurídica de alguns efeitos:
CPA: 168º/4 b) + 171º/3 2ª parte Quando é anulação ex nunc (efeitos só para futuro)
CPA: 163º/5 Quando envolve a possibilidade de serem modelados os efeitos
CPA: 168º/6 Quando envolve o dever de indemnizar os destinatários
CPA: 169º/3 O superior hierárquico pode anular todos os atos do subalterno, não há
competência exclusiva para aprática de atos inválidos.
CPA: 166º/1 Existem atos de anulação administrativa impossível, nos mesmo caso onde
é impossível a revogação.
Consolidada a invalidade por decurso de tempo, não podendo a tao ser anulado pelo órgão
competente ter deixado passar o prazo. A partir de se ter consolidado na ordem jurídica
passa a estar sujeito às regras de revogação dos atos válidos. Se um ato válido pode ser
revogado, um ato inválido mas que se consolidou não pode ter mais proteção pela ordem
jurídica pelo que pode igualmente ser revogado. Aqui o fundamento não seria a sua
ilegalidade mas sim razões de mérito.
CPA: 171º/3 A Regra Geral quanto aos efeitos temporais é que a anulação é retroativa.
Exceção 1: CPA: 168º/4 b) Não há efeito retroativo se o ato anulado era
constitutivo de direitos e envolvia prestações periódicas pecuniárias.
Exceção 2: CPA: 171º/3 2ª parte Se por decisão discricionária pelo autor do ato
este se tenha tornado inimpugnável por via judicial.
CPA: 172º/2 Não há prazo para anular, reformar os atos que surgem do ato anulável.
o Atos Consensuais
Estamos perante atos unilaterais da Administração Pública mas que assentam no consenso
entre a Administração e o destinatário, havendo a participação destes, uma
autovinculação da administração ao vincular-se a praticar aquele ato e ainda a
contratualização da decisão administrativa. A ideia é de que é mais fácil de convencer o
particular caso antes do ato administrativo unilateral haja um consenso
Há limites ao conteúdo dos atos consensuais, pois a Administração não pode usar estes
atos em matérias que não são disponíveis por ela, nem pode por via destes atos fazer o
que a lei lhe proíbe, o consenso do particular não possibilita a adoção de condutas ilegais.
O Ministério Publico pode impugnar condutas que através de atos consensuais violem a
lei.
O ato consensual funcionando como pressuposto do ato final suscita problemas jurídicos:
Entre o ato consensual e o ato final ocorrendo uma alteração radical das circunstâncias
será isto justa causa para que a administração deixe de cumprir? Pode o particular deixar
de cumprir com o argumento de que Administração não cumpriu? Os acordos que estão
na base podem ser objeto de controlo judicial de legalidade? Poderá a administração
exercer poderes exorbitantes que reconfigurem o acordo e deste modo a decisão final?
Poderá haver Responsabilidade Civil por não cumprimento do acordo?
o Atos Tácitos
Podem existir atos tácito cujos significado seja de deferimento, concebendo o que o
particular requereu, mas também de indeferimento, recusando o pedido.
A atuação administrativa através do silêncio pode dar origem a ações judiciais onde a
Administração Pública é condenada a agir porque não tendo decidido incumpriu o dever
legal de decisão ou ainda ações de responsabilidade civil pela omissão em não ter
decidido em tempo oportuno.
Atos Declarativos
Se este erro não for objeto de retificação durante o período determinado poder-se-á
reconhecer efeitos jurídicos a este erro? Caso se defender que o erro tem um prazo para
poder ser objeto de retificação, decorrido o prazo o erro consolida-se o que era declarativo
passou a ser constitutivo.
Exemplo: aluna que vai ao exame por ter recebido uma classificação negativa e o Paulo
Otero lembra-se de corrigir o exame e de lhe ter dado positiva. Em vez da classificação
que saiu na pauta a aluna estava aprovada. Sucedeu que havia duas alunas com os dois
primeiros nomes iguais e as classificações foram trocadas. Como resolver? A aluna
necessita de ter a nota corrigida para ficar aprovada, mas a outra aluna que
involuntariamente quando viu a nota ficou de férias e não parecia admissível que lhe
diminuísse a classificação. Apesar de haver uma injustiça mas não parecia justo a
retificação, pelo que o ato passou a ter natureza constitutiva.
Para Paulo Otero se um caso julgado determinado inconstitucional continua na ordem
jurídica por ser mais favorável ao particular se mantém na ordem jurídica, no erro é igual.
o Atos de verificação
Verificação constitutiva
o Atos de valoração
o Atos de transmissão
PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO
CPA: 53º Pode ser desencadeado de forma oficiosa e neste caso ela deve CPA: 110º
comunicar aos interessados que contra eles foi desencadeado um procedimento.
CPA: 110º/2 Exceção: não é necessária a comunicação, caso prejudique a natureza
secreta da matéria
Exemplo: Administração suspeita que há contrabando num local pelo que não pode
comunicar que está a pensar ir lá devido à necessidade da surpresa.
CPA: 53º Pode ser a requerimento do interessado que deve obedecer aos requisitos do
CPA: 102º desde designação do órgão a quem se destina à identificação do que formula
o requerimento, a formulação do objeto etc.
CPA: 108º/3 Os requisitos formais se não forem cumpridos podem levar a deferimento,
contudo a administração pode convidar o particular a suprir as deficiências. Mas pode a
Administração ter o dever se suprir a deficiência.
Exemplo: o particular não indicou data mas ao enviar email eles têm a data.
Competência do órgão quem é dirigido o requerimento. Caso não o seja tem o dever de
reencaminhar para o órgão que é competente.
Legitimidade do requerente, pois este tem de ter um interesse direto na matéria com
exceção nas situações de vínculo de representação (advogado) ou a título de gestão de
negócios.
A não caducidade do direito que se pretende exercer, o direito subjetivo não pode ter um
prazo para se reivindicar o exercício do direito. Caso tenha caducado assenta numa base
substantiva que já não se tem, pelo que é ilegal.
CPA: 89º Podem-se adotar medidas provisórias que impeçam prejuízos de difícil
reparação. Podem cessar através de revogação ou caducidade.
Podem não ser necessária medidas provisórias, passando-se para a fase de instrução.
CPA: 115º/1 É neste momento que é identificado o quadro material na base da situação
em que a Administração é chamada a decidir, visa determinar a veracidade dos factos
sobre os quais posteriormente é pedida a decisão.
A factualidade deve ser adequada e necessária
CPA: 115º Pode solicitar junto de peritos que verifique se os factos são verídicos. Pode
solicitar outros pareceres técnicos como médicos.
CPA: 66º Pode solicitar informações a outras estruturas administrativas,
CPA: 117º Pode pedir informações aos administrados, pode pedir provas aos particulares
ou solicitar apresentação de documentos ou coisas de prova.
CPA: 121º a 124º Deve proceder agora à audiência prévia dos interessados.
A participação é um imperativo resultante da CRP: 267º e da ideia que Portugal é uma
democracia participativa CRP: 2º.
O direito de audiência prévia é por vezes uma manifestação do princípio do contraditório
enquanto elemento de um procedimento equitativo, nos casos sancionatórios e ablativos.
Com a audiência prévia dos interessados a administração pertente com a apresentação da
decisão provisória saber qual a posição do particular, pelo que a audiência do interessado
deve ser acompanhada da comunicação da futura decisão e dos fundamentos de tal.
CPA: 123º a contrario A audiência prévia pode ser por escrito, oral.
CPA: 93º e 94º Pode ocorrer a extinção do procedimento através de decisão expressa
CPA: 131º + 132º + 95º + 133º Extinção do pedido
Administração pode praticar um ato CPA: 57º/3 consensuais, CPA: 126º administrativo
típico ou contratual.
CPA: 129º e 130º a decisão tácita
CPA: 77º/4 Acordo que substituía o ato administrativo
Gera o dever legal de decisão para a autoridade para quem foi dirigido o recurso.
Pressupostos para impugnar ser válida resultam do CPA: 196º a contrario: Competência
do órgão, Recorribilidade do ato, Legitimidade dos recorrentes segundo o CPA: 186º/2 e
Tempestividade do recurso
CPA: 187º No caso das omissões pode ser impugnado no prazo de 1 ano, para coincidir
com a impugnação judicial
CPA: 195º/2 Eu vou impugnar perante uma diferente que impugnou o ato mas o superior
hierárquico deve pedir a intervenção do autor do ato praticado para que este se justifique.
Não haveria boa administração se o autor não se pronunciasse.
CPA: 191º/2 Regra Geral é que não cabe reclamação da decisão de recurso.
Exceção 1: É possível reclamação da decisão proveniente do
recurso em caso de omissão de pronuncia.
Exemplo: Fundamentei que o ato era ilegal e inconveniente e o superior apenas diz que
não é inconveniente, nada diz sobre a ilegalidade.
Exceção 2: É possível utilizar a reclamação se há contradição entre
dois casos semelhantes devido à violação do princípio da igualdade e
imparcialidade e ainda do precedente.
Administração define o direito no caso concreto e faz com que o particular esteja obrigado
a cumprir a decisão, pelo que se o particular não cumprir voluntariamente a
Administração pode usar a força para obrigar o particular a cumprir.
CPA: 176º O princípio geral é que a administração só pode impor coercivamente nos
casos e nos modos expressamente previstos na lei.
Exceção: situações de urgente necessidade publica
CPA: 183º Nos casos que não estejam previstos na lei a execução não poder ser feita pela
administração, esta necessita de recorrer aos tribunais para obter um título executivo.
CPA: 177º Necessita de existir um ato que define o direito no caso concreto CPA: 177º/2
passível de execução.
CPA: 177º/3 e 4 O particular deve ser notificado que tem de executar de forma
espontânea fixando-se um CPA: 182º prazo razoável para a execução
Se o particular acatar está tudo bem, mas caso contrário poderá a administração proceder
à execução coerciva? Tradicionalmente sim, após 2015 CPA: 183º a administração não
pode recorrer a força, deve primeiro ir a um Tribunal para obter um título executivo,
reforçando-se a ideia de uma Administração Pública paritária aos particulares.
A existência de título executivo judicial habilita a administração a executar o ato.
Limitação a tudo isto: Lei nº4/2015 7 Janeiro: 8º/2 Este novo regime do CPA está
dependente de entrada em vigor de uma lei que o legislador deve fazer no prazo de 60
dias após a entrada em vigor do código de 2015. O que nunca aconteceu. Ao não surgir
essa lei o regime novo não entrou em vigor, pelo que se aplica o CPA: 149º/2 de 1991
devido ao regime transitório Lei nº4/2015 7 Janeiro: 6º.
Contudo a solução transitória que manda aplicar o regime antigo não tem cobertura na lei
de autorização legislativa para o decreto lei que aprovou o novo código, ou seja,
determina a inconstitucionalidade da manutenção em vigo do Código de 1991. O regime
transitório é inconstitucional mas o atual é inaplicável por falta da lei.
Não há interesse na publicação da lei porque administração perde e tribunal fica entupido,
contudo atualmente a execução é nula, devido à usurpação de poderes, deixando de haver
dever de obediência e sim o direito de resistência.
INVALIDADE6
Nestes casos ao dizermos que um ato é contrário à lei referimo-nos a um sentido muito
amplo de lei, englobando a Constituição, lei ordinária, regulamentos, contratos
administrativos (nas clausulas de caracter normativo), atos constitutivos de direitos etc.
As ilegalidades do ato administrativo podem ter natureza orgânica, formal ou material.
Os vícios são as formas específicas que a ilegalidade do ato administrativo pode revestir.
A tendências de os tipificar começou em França mas estendeu-se aos demais país pela
conveniência e necessidade prática. Esta tipificação podia-se encontrar na Lei Orgânica
do Supremo Tribunal Administrativo: 15º/1 e mantêm-se até aos dias de hoje.
Usurpação de Poderes
Ilegalidade Orgânica
Incompetência
Violação de Lei
Ilegalidade Material
Desvio de Poder
Existe divergência doutrina sobre se é ou não exigível por lei que os particulares ao
recorrem ao contencioso discriminem qual o vício concreto enferma o ato.
Diogo Freitas do Amaral considera que esta especificação é útil para efeitos de economia,
clareza e celeridade processual.
• Usurpação de Poderes
6
Livro freitas
• Incompetência
§ Incompetência Absoluta
Verifica-se quando um órgão administrativo pratica um ato fora das atribuições da pessoa
coletiva ou ministério a que pertence.
§ Incompetência Relativa
Verifica-se quando um órgão administrativo pratica um ato que está fora da sua
competência, mas que pertence à competência de outro órgão da mesma pessoa coletiva.
• Vício de forma
A validade do ato afere-se no momento em que el é praticado, daí não ser relevante a falta
de formalidades posteriores ao ato.
• Desvio de Poder
O desvio de poder pressupõe a discrepância entre o fim legal e o fim real, ou seja, para se
determinar a existência de desvio de poder é preciso proceder a três operações:
1. Apurar qual o fim visado pela lei ao conferir a certo órgão administrativo um
determinado poder discricionário (fim legal)
2. Averiguar qual o motivo determinante da prática do ato em causa (fim real)
3. Determinar se condizem
Nota: não importa se o desvio de poder ocorreu por má interpretação (erro de direito) ou
se por vontade do agente (má fé).
• Violação de lei
Consiste na discrepância entre o conteúdo ou objeto do ato e as normas jurídicas que lhe
são aplicáveis.
Não concordância entre a situação abstrata delineada na norma e os pressupostos de facto
e de direito que integram a situação concreta.
• Cumulação de Vícios
O ato ilícito é sempre ilegal, contudo Freitas do Amaral considera que pode um ato ser
ilícito sem ser ilegal em quatro situações:
§ Atos administrativo sem violar a lei ofenda um direito subjetivo ou um
interesse legítimo de um particular
§ Ato administrativo viole um contrato não administrativo
§ Ato administrativo ofenda a ordem pública ou os bons costumes
§ Ato administrativo contenha uma forma de usura
Iremos agora tratar quais as sanções que a ordem jurídica atribui aos atos administrativos
ilegais, ilícitos ou viciados na vontade.
• Nulidade
• Anulabilidade
PROCEDIMENTO CONTRATUAL
Há uma parametrização, há normas que regulam a contratação púbica que tem diversos
níveis, ou seja, nem todas resultam do Código dos Contratos Públicos existe legislação
especial que complementa o regime.
CCP: 251º a 259º É admissível que se celebrem contratos que visem regular a formação
de outros contratos, os designados acordos quadro.
CCP: 16º/1 A administração tem de escolher com quem quer contratar, existindo uma
pluralidade de vias e procedimento.
No fundo tudo tem na base um dilema que pautam a ideia de coadministração: devemos
procurar ter maior eficiência na escolha do cocontratante ou maior transparência?
Paulo Otero prefere a adoção do concurso público com a adoção de uma flexibilidade
procedimental. Mesmo quando é flexível o Governo tem sempre a hipótese de decretar
um decreto lei (especial) que degorra o CCP, tem acontecido muito atualmente.
• Interessados
§ Candidatos CCP: 52º
§ Concorrente CCP: 53º
§ Seus agrupamentos CCP: 54º
Candidatos diferenciam-se dos concorrentes, os primeiros são os que participam na fase
de qualificação de um concurso sendo os concorrentes os que apresentaram uma proposta.
Expressa a ideia de que o contrato deve ser cumprido quer nos termos expressos pelo
contrato quer nos termos que resultam da lei.
CCP: 279º Tem subjacente o princípio de que o contrato é a lei entre as partes.
CCP: 310º Acordos endocontratuais podem ser elaborados de forma a substituir o acordo
anterior, como podem celebrar acordos que substituem atos administrativos, situações em
que o contraente público poderia definir unilateralmente uma posição jurídica.
CCP: 288º Tem uma tripla incidência quanto ao regime, às prestações e partes. Não é
possível estar sempre a ser alterado, deve haver estabilidade da manutenção.
CCP: 282º Quando se contrata ou quando os cocorrentes apresentam uma proposta tem
no fundo uma ideia de equiparação entre uma prestação que os particulares estão
obrigados caso o contrato com eles seja celebrado. Para essa prestação há uma previsão
de uma contrapartida se em troca de vir a receber aquilo.
Eu dou mais do que recebo ou recebo menos do que aquilo que dou existe um
desequilíbrio que pode ter no fundo muitas razões:
Pode ser chamado a responder por perdas e danos que causa ao contratante público.
Até agora estudamos princípios que reforçam o interesse pública, mas durante a execução
do contrato também há a salvaguarda de posições do contratante privado.
Os mecanismos de proteção da posição deste:
• Ausência de autotutela declarativa em matéria de interpretação, validade e
execução CCP: 307º/1
A proteção resultado do facto da administração não poder unilateralmente impor o seu
juízo de direito se quiser impor tem de ir a tribunal tal como os particulares.
• Reposição do equilíbrio financeiro CCP: 282º
Pode exigir que seja reposto o reequilibro e aqui a administração não pode por via de lei
excluir o equilíbrio. Tem de haver uma compensação para um prejuízo que tenhamos em
nome do interesse público.
• Responsabilidade por mora do contraente público CCP: 326º e 334º/3
• Exceção do não cumprimento CCP: 327º
• Direito de retenção CCP: 328º
• Resolução do contrato CCP: 332º
• Direito a uma justa indemnização CCP: 334º/2, + 335º/2
• Tutela judicial CCP: 307º/1; 332º/3; CPTA: 476º
3.6. Intervenção do legislador: fait du prince – artigo 335o, no 2 3.7. Regimes especiais
a) Contratos sobre o exercício de poderes públicos: 336o e 337o
b) Contrato de empreitada de obras públicas: 405o e 406o
c) Concessões de obras públicas e de serviços públicos: 421o a 423o e 436o
d) Contrato de locação de bens móveis: 448o e 449o
CASO-PRÁTICO 1
Aspetos vinculados:
Competência: Direito da faculdade
Fim: ajudar as dificuldades económicas dos alunos
Alunos da faculdade de medicina
1) O pedido de A é indeferido pela antipatia pessoal que o Diretor nutre por ele; de todo
o modo, A nunca poderia ser considerado um aluno com graves carências económicas;
Violação do princípio da imparcialidade na sua vertente negativa, pois não pode ter em
consideração interesse que não são relevantes para a decisão gerando o vicio de violação
de lei.
Verifica-se ainda o vício de desvio de poder quando a motivação do ato não coincide com
o pretendido tendo como desvalor a nulidade do ato por ter no fundo interesses privados.
Sempre que há desvio de poder há violação do princípio da imparcialidade, porque a
motivação não é o fim legal, contudo ao contrário não tem de ser sempre
Caso se considera-se que tinha graves carências económicas o ato seria nulo. Mas olhando
para a norma vemos que a AP tem 1 solução legalmente possível, dizendo que ele não é
aluno com carência económica, pelo que neste caso não existe discricionariedade devido
à redução das possibilidades a 0.
Podemos considerar que há falta de competência, pois a competência que lhe é atribuída
pela lei é atribuir bolsas a alunos com carências económicas. As competências têm de
estar estipuladas na lei, devido ao princípio da legalidade.
Há aqui igualmente incompetência lato sensu, pois a lei não dá esta competência ao
Diretor para atribuir bolsas aos estudantes de direito. Contudo o vicio não é
incompetência ou violação do princípio da incompetência mas sim violação de lei.
5) A, cujo agregado familiar tem de rendimento mensal 10.000€, vê o seu pedido ser
deferido;
6) A vê o seu pedido ser indeferido, sem que o Diretor tenha atendido às despesas fixas
com os menores a seu cargo;
7) A, cujo agregado familiar tem de rendimento mensal pouco mais do que o salário
mínimo nacional, vê o seu pedido ser indeferido;
10) Considerando que A é um aluno com graves carências económicas, o Diretor atribui-
lhe uma bolsa mensal de 35€;
B) Nos termos do artigo 33.º, n.º 1, alínea w da Lei n.º 75/2013, compete à Câmara
Municipal “ordenar, precedendo vistoria, a demolição total ou parcial ou a
Aspetos vinculados:
Competência: Câmara Municipal
Fim: garantir segurança e saúde das pessoas no que toca a construções
“Precedendo vistoria”: passo obrigatório do procedimento, ocorrendo, quando não seja
realizada um vicio de forma, violação do princípio do inquisitório (não recolheu todos os
interesses) e violação do princípio da imparcialidade (não teve em conta todos os
interesses, pois nem recolheu todos)
Desde logo há vicio de forma devido a não ter havido vistoria, que é uma formalidade da
fase instrutória do procedimento. No silencia admitimos que não foi feita.
Tende a ser colocado nos casos por omissão a violação da audição dos interessados,
de uma falta de formalidade ou de fundamentação.
Violação do princípio da imparcialidade na sua vertente negativa, pois não pode ter em
consideração interesse que não são relevantes para a decisão gerando o vicio de violação
de lei, ou seja, não podia ter em conta a sua inimizade.
Verifica-se ainda o vício de desvio de poder porque a motivação do ato não coincide com
o pretendido, a motivação principalmente determinante foi a inimizade tendo como
desvalor a nulidade do ato por ter no fundo interesses privados.
Se não se considerar que houve desvio de poder e que o fim que está a ser perseguido é o
fim da norma existia uma violação do princípio da proporcionalidade, pois apesar de
intervir para garantir a segurança, sendo a demolição adequada, houve violação na sua
vertente da necessidade, pois não se precisa de demolir para resolver.
Desde logo há vicio de forma devido a não ter havido vistoria, que é uma formalidade da
fase instrutória do procedimento. No silencia admitimos que não foi feita.
Violação do princípio da imparcialidade na sua vertente negativa, pois não pode ter em
consideração interesse que não são relevantes para a decisão gerando o vicio de violação
de lei, ou seja, não podia ter em conta a arquitetónica da casa para efeitos de turismo.
Verifica-se ainda o vício de desvio de poder porque a motivação do ato não coincide com
o pretendido tendo como desvalor anulabilidade do ato por ter no fundo interesses
públicos.
É um caso de incompetência, pois não está prevista na lei uma competência para demolir
imoveis que prejudiquem o turismo? Está sempre em causa uma violação da lei, mas em
todos os vícios existe ainda uma violação da competência, o nome completo é princípio
da legalidade da competência, ou seja, a violação é sempre da lei que atribui competência.
Aqui a questão que se coloca é se o facto de ser uma casa de chuto entra numa situação
de perigo para a saúde ou segurança. Mas sendo uma cada abandonada poderá sempre
existir a possibilidade da casa estar a ruir.
No juízo de adequação não é comparação entre meios é apenas relação do meio ao fim,
ou seja, não se verifica se é o meio mais correto, apenas se é um meio correto para o fim.
A comparação de meios, caso haja mais que um meio adequado, ocorre na necessidade,
mas a comparação não prende com saber qual é o mais eficaz, mas sim qual o sacrifico
que impõem, escolhendo-se o menos gravoso para o interesse contraposto.
Saber se um meio é mais adequado que outro não entra em nenhum dos juízos do princípio
da proporcionalidade.
Considerando que a atividade causa perigo para a segurança das pessoas, a demolição do
edifício será um meio adequado pois irá extinguir o perigo.
Admitindo que o A tem razão e que o edifício está em bom estado, os técnicos ao
proporem a demolição fazem um juízo errado, pois não verificaram a estrutura que se
encontram bem. Temos técnicos que foram ao local, que não viram tudo o que deviam ter
visto e declararam a demolição quando não era necessário.
Assim nestes casos pode existir sempre controlo por parte dos tribunais, pois não irá
ocorrer violação da separação dos poderes.
9) A é vizinho de B, cuja casa apresenta sinais de degradação e com quem tem uma
relação de inimizade declarada. A pede à CM que proceda à demolição da casa de B,
invocando que se encontra em estado de ruína. O vereador C ordena a demolição dois
dias depois. B não acata a ordem e diz aos amigos que nada vai fazer, visto a ordem ser
obviamente ilegal.
A não é titular pelo que é irrelevante que não goste de B. O vereado ordena a demolição
dois dias depois, o que indicia que não houve vistoria, nem audiência dos interessados
nem requisitos de formalidades. Tem de se requerer uma providência cautelar de
suspensão da demolição, pois o ato administrativo ilegal mas apenas anulável pelo que
produz efeitos e se o particular não se manifestar a tempo a decisão consolida-se na
ordem jurídica, sendo a demolição iniciada pela Administração mas ao encargo do
particular.
CASO-PRÁTICO 2
A) Nos termos da lei X, os interessados têm até ao dia 10 de abril de 2020 para pedir
o subsídio especial de apoio à investigação de medicinas alternativas, a conceder pela
Administração Regional de Saúde da área respetiva.
A atribuição dos atos corresponde a um ato administrativa, pois é uma conduta com
destinatários concretos, ao contrário dos regulamentos que tem carater geral e abstrato.
O dever de decisão tem que realizar-se sempre com referência a um prazo razoável de
decisão, sendo que um atraso injustificado equivale a uma recusa de decisão.
A exigência de que as decisões administrativas sejam dimanadas num prazo razoável é
hoje, pelo Carta de Direitos Fundamentais da UE: 41º/1, um Direito Fundamental.
CPA: 86º/1 Prazo de 10 dias para que a Administração se pronuncie, contudo não se
aplica aos casos da decisão, pelo que não consideramos que se aplique.
CPA: 128º/1 Prazo que se aplica á decisão, que não foi cumprido, pelo que CPA: 129º
existe um incumprimento do dever de decisão permitindo ao particular utilizar os meios
de tutela administrativa e jurisdicional adequados.
CPA: 103º/1 Neste caso não se colocaria a questão do João se ter dirigido ao órgão errado,
mas sim o problema de não ter respeitado o prazo previsto para pedir o subsídio, o que
prejudica o normal procedimento CPA: 109º/1 b)
Devido à extinção do direito, torna-se impossível, pelo que se extingue CPA: 95º
1) A Ministra da Saúde não delega a direção do procedimento por “entender que não é
conveniente”
A delegação congela a hierarquia pelo que não era possível emanar a ordem.
não percebi, mas pus isto55º/1, 55º/2, 49º/1, a delegação congela a hierarquia, não pode
dar ordens. Isto é para garantir a imparcialidade, se calhar nem instruções pode dar.
1) a CM invoca que, por ter sido o requerimento entregue nos serviços da Junta de
Freguesia, só o recebeu a 1 de fevereiro;
CPA: 109º/2
CPA: 41º/2 Para efeitos de tempestividade conta esta data
CPA: 128º/3 Para o prazo de decisão
CPA: 129º
CPA: 87º
2) ainda não decidiu porque aguarda a emissão de parecer pelo Instituto x, que solicitou
a 10 de março;
O prazo só começa a contar após a conclusão das formalidades, como é o CPA: 92º/2
parecer, tendo nos termos do CPA: 92º/3 20 dias uteis, começando-se a contra no dia
seguinte o CPA: 128º/3 prazo de 60 dias para decisão.
CPA: 92º/5 e 6 o procedimento pode prosseguir caso não se tenha emitido o parecer em
tempo útil.
91º e ss.
92º/3, têm 20 dias, já passou.
∙ Facultativo, pode-se seguir em frente logo que ultrapassados os 20 dias.
∙ No caso do parecer obrigatório e não vinculativo, pode prosseguir sem ser emitido
apos 20 dias, 92º/5 CPA. Há prazo para pedir o parecer?
4) só pode decidir depois de receber o parecer do Instituto x, que ainda não solicitou;
Problema: o prazo para o órgão competente para a decisão final so começa a correr depois
das formalidades:
Se foi pedido mas não emitido: 92.º;
Se a AP nunca chega a pedir o parecer, nunca chega a correr o tempo para decidir;
A solução é dizer que a AP tem 10 dias para pedir o parecer (86º/2) em seguida contamos
o prazo de emissão do parecer (92.º) e depois começa o prazo para a decisão final.
5) a CM nada diz porque é a segunda vez que Maria formula idêntico pedido, com
idênticos fundamentos, e a CM já antes indeferiu o pedido.
Se tal ocorreu há menos de dois anos, então nesse caso não há o dever de decisão nos
termos do artigo 13.º/2. Mas não pode não dizer nada, tem de avisar que não vai deferir
CASO-PRÁTICO 3
1) “Indefiro o pedido de António porque não gosto dele desde a escola primária”
CPA: 152º Administração tem dever de fundamentação dos atos administrativos que
imponham deveres ou neguem pretensões. Ele fundamentou, o dever como mera
formalidade está cumprido. Para haver uma violação do dever de fundamentação tem de
não se compreender o porque da tomada de decisão, contudo neste caso percebe-se o que
levou a Administração Pública a tomar a decisão.
Esta violação gera o vicio de violação de lei que se reconduz a anulabilidade mas ainda
desvio de poder por motivos de interesse privado, CPA: 161º/2 e) o que leva à nulidade.
2) “Indefiro o pedido de Bento pois este tem rendimentos mensais superiores ao salário
mínimo”; Bento demonstrou que tem apenas 150€ de rendimentos mensais
CPA: 152º Administração tem dever de fundamentação dos atos administrativos que
imponham deveres ou neguem pretensões. Ele fundamentou, o dever como mera
formalidade está cumprido.
CC: 252º O ato da Administração é inválido, pois há um erro nos pressupostos de facto
“vício de violação de lei e consiste na discrepância entre os pressupostos factuais que se
revelarem determinantes para a decisão e aqueles que efetivamente se verificam”.
CPA: 168º/1 Isto leva à sua anulabilidade.
CPA: 153º/2 No caso em concreto parece ser uma fundamentação insuficiente que
equivale à falta de fundamentação o que gera anulabilidade.
CPA: 68º Caso António for interessado tem a legitimidade de se constituir como tal
CPA: 65º/2 Tem de cumprir as formalidades
CPA: 121º/1 António sendo interessado, a Administração devia ter realizado uma
audiência prévia.
CPA: 127º A Administração pode decidir, CPA: 152º/1 c), desde que seja fundamentada.
Se estiver em causa um procedimento de aplicação de sanções ou lesivo da propriedade
ou liberdade, a falta de fundamentação atinge um núcleo essencial do direito fundamental
do procedimento equitativo pelo que gera nulidade.
Se não estivermos nestas áreas, a falta de fundamentação gera o vício de forma, cujo
desvalor é a CPA: 163º/1 anulabilidade.
5) A CM ordenou a António que procedesse à demolição do seu imóvel, coisa que António
já tinha feito no mês anterior
Este ato tem um objeto impossível uma vez que a Lua não faz parte do comércio jurídico
por ser insuscetível de apropriação individual, pelo que ato é nulo CPA: 161º/2 c)
todo o caso, sempre o teria contratado, por não ser a licenciatura em Direito um requisito
necessário
O ato de atribuição do certificado é nulo por CPA: 161º/2 j) não ser verdadeiro.
10) António foi nomeado para um cargo por “ter um excelente currículo académico,
vasta experiência profissional e, ainda, por ter participado em diversas ações de
voluntariado”; na melhor das hipóteses, a única ação de voluntariado em que se pode
dizer que António participou foi a venda de rifas na quermesse da Igreja em 1992
11) Bento, aluno com média de 12, solicitou uma bolsa reservada a alunos com média
igual ou superior a 15; no dia seguinte, recebeu um lacónico “indeferido”
Além disso, não parece possível que a Administração possa ter resolvido todo o
procedimento em apenas 1 dia, pelo que não parece que estejam cumpridos os prazos
necessários e previstos para o procedimento administrativo
12) A CM concedeu o licenciamento requerido por Bento, exigindo, porém, que Bento se
comprometesse ao pagamento mensal de 25€ nos próximos dez anos; Bento não quer
pagar mas também não quer desistir do licenciamento
CPA: 149º Estamos perante uma cláusula acessória, uma condição que é inválida por não
ter uma relação direta com o conteúdo principal e por ser ilegal
CASO-PRÁTICO 4
A) António recebeu em maio uma licença para venda ambulante de bolas de Berlim
na praia; porém, em junho, o órgão administrativo revogou a licença de António.
A licença é um ato primário (decide pela primeira vez determinada questão) permissivo
(habilita uma determinada conduta), neste caso, permite ao destinatário exercer uma
atividade que antes da licença seria ilícita.
Não, se a atividade de venda ambulante está sujeita à concessão de uma licença, então é
porque essa atividade é proibida sem a mesma.
A regra é que os atos válidos são livremente revogáveis com fundamento em questões de
mérito, podendo sempre ser revogados, contudo há exceções:
CPA: 167º/1 Os atos que resultam de vinculação legal; Atos que criam obrigações legais
ou direitos irrenunciáveis para administração e os atos constitutivos de direitos.
CPA:167º/3 Um ato constitutivo de direito pode o ser em três cenários: quando atribui
uma posição jurídica favorável, quando atribui uma situação jurídica de vantagem,
quando exonera o particular de uma obrigação ou quando amplia uma situação jurídica.
Este ato administrativo é um ato constitutivo de direitos, pois atribui uma situação jurídica
de vantagem. Sendo assim, este ato só pode ser revoado por um dos motivos presentes no
CPA: 167º/2 Não foram utilizados nenhum dos fundamentos por isso a revogação é
proibida e nula devido ao princípio geral da proibição da revogação.
Sendo assim, o António poderá exercer a atividade de venda ambulante.
2) E se a licença tiver sido revogada para que Bento, amigo de longa data do titular do
órgão, pudesse ter o exclusivo?
CPA: 167º/2 Não foram utilizados nenhum dos fundamentos. Por isso, a revogação é
ilegal, sendo assim, o António poderá exercer a atividade de venda ambulante.
CPA: 167º/4 Revogação deve ser feita no prazo de um ano a contar do conhecimento da
superveniência ou da alteração das circunstâncias.
CPA: 167º/5, 2ª parte A afetação do direito elimina o conteúdo essencial desse direito,
por isso, a fábrica deve ser indemnizada num valor correspondente ao valor económico
do direito eliminado.
Questionável:
CPA: 167º/6 A fábrica será beneficiária de boa fé se, à data da prática do ato revogado,
desconhecia sem culpa a existência dos fundamentos que determinaram a revogação.
Mafalda Carmona considera que lá porque tem autorização isso não exonera a fábrica de
fazer testes às emissões e avaliar a poluição da atividade e eles não foram autorizados
àquele tipo de poluição cancerígena, sendo um excesso dar indeminização.
2) Em 2020, a autorização é revogada porque “apesar de sempre ter sido poluente, e até
ter vindo a diminuir as emissões nos últimos anos, as pessoas hoje queixam-se mais”
CPA: 165º/1 Revogação por razões de conveniência, devido a uma nova valoração do
que já se conhecia.
CPA: 167º/2 Não foram utilizados nenhum dos fundamentos, por isso, a revogação é
proibida e não produz efeitos (princípio geral da proibição da revogação).
Sendo assim, a fábrica poderá continuar a sua atividade.
Segundo o artigo 152º/1, c) CPA, a Administração pode deferir o pedido da “Só Barulho,
Lda”, mas tem o dever de fundamentar a sua decisão quando essa vai em sentido contrário
de pretensão ou oposição formulada pelos interessados, como é o caso.
Sendo este o caso, os moradores da zona têm o direito de ser ouvido no procedimento
antes de ser tomada a decisão final, segundo o artigo 121º/1 CPA. Porém, segundo o
artigo 124º/1, d) CPA, pode haver dispensa da audiência quando o número de interessados
a ouvir seja demasiado elevado e torna impraticável a audiência, como neste caso, em que
teriam de ser ouvidos os moradores da zona. Sendo assim, deve proceder-se a consulta
pública, prevista no artigo 101º CPA.
A ausência da consulta pública gera apenas vício de forma e, portanto, anulabilidade, pelo
artigo 163º/1 CPA. Não há aqui a violação do núcleo essencial de um direito fundamental.
Artigo 169º/1 CPA: o ato administrativo pode ser objeto de anulação a pedido dos
interessados, mediante reclamação ou recurso administrativo.
Artigo 168º/1 CPA: a anulação administrativa deve ser feita no prazo de 6 meses, aqui no
caso só foi feita ao fim de 7 meses, pelo que não foi cumprido o prazo. O ato de anulação
da CM é anulável, pelo artigo 163º/1 CPA.
Artigo 168º/5 CPA: como o ato já não pode ser impugnado por via jurisdicional, deve
haver uma anulação administrativa oficiosa, ou seja, é a própria CM que deve ter a
iniciativa de anular o ato, artigo 169º/1 CPA.
Como o ato de anulação da anulação da autorização é anulável, ele produz efeitos até ser
anulado. Ou seja, a autorização continua anulada, pelo que não pode haver espetáculos.
2) E em julho?
Em julho, há o ato C, que vem anular o ato de anulação da autorização (ato B). Como o
ato B já não produz efeitos, a autorização já não está anulada, pelo que pode haver
espetáculos em julho.
Ana: O ato C pode anular o ato B, uma vez que o ato B não é uma anulação contenciosa
(166º/1/b).
IDENTIFICAR ATOS
Não se pode anular um ato nulo, segundo o artigo 166º/1, b) CPA. Esse ato é nulo pelo
161º/2, c) CPA, por ter um objeto impossível.
O ato de julho tem o mesmo problema, pois está a tentar anular um ato nulo, o que não
pode acontecer pelo artigo 166º/1, b) CPA. Esse ato é nulo pelo 161º/2, c) CPA, por ter
um objeto impossível.
IDENTIFICAR ATOS
Concessão: ato primário permissivo que concede a um sujeito novas posições jurídicas
ativas.
A representação da realidade que a Administração faz é que o aluno A tem uma média
inferior a 14 valores e a realidade de facto é que o Bento tem um rendimento mensal de
150€, pelo que há um erro nos pressupostos de facto.
O ato da Administração é inválido, pois há um erro nos pressupostos de facto - “vício de
violação de lei e consiste na discrepância entre os pressupostos factuais que se revelarem
determinantes para a decisão e aqueles que efetivamente se verificam”. Artigo 252º CC.
Isto leva à sua anulabilidade, segundo o artigo 168º/1 CPA.
O que gera a anulabilidade, de acordo com o artigo 252º CC; só está previsto no CPA, no
artigo 168º/1.
Artigo 168º/2: ato constitutivo de direitos tem o prazo de um ano para ser anulado, aqui
o prazo foi respeitado (setembro de 2019 e Diretor anulou em setembro de 2020).
Artigo 172º/1 e 2: a Administração tem de dar cumprimento aos deveres que não cumpriu,
por referência à situação jurídica e de facto existente no momento em que deveria ter
atuado. Por isso, a Administração fica constituída no dever de praticar atos dotados de
eficácia retroativa.
O Diretor teria de atribuir a bolsa ao aluno A, sendo que os efeitos retroagiam a setembro
de 2019.
IDENTIFICAR ATOS
A licença é um ato primário (decide pela primeira vez determinada questão) permissivo
(habilita uma determinada conduta), neste caso, permite ao destinatário exercer uma
atividade que é relativamente proibida.
Se a licença contrariava uma disposição legal, então esta era anulável, pelo artigo 165º/1
CPA.
A licença é um ato que constitui um direito, logo, pelo artigo 168º/2, tem o prazo de 1
ano para anular o ato, o que se cumpre (de junho a maio).
G) Seis anos depois de se ter licenciado, A verifica que, na soma das cotações de um
seu exame, não tinha sido contabilizada uma resposta; se assim tivesse sido, a nota
final da disciplina teria sido superior, bem como a sua média final de curso. A pede
então ao Diretor que anule o ato final de classificação do curso e que lhe seja
atribuída a nota final superior devida.
Artigo 168º/2 CPA: os atos constitutivos de direitos só podem ser objeto de anulação
administrativa dentro do prazo de 1 ano a contar da data da respetiva emissão. Porém,
como já passaram mais de 5 anos desde a emissão do ato, não se pode fazer a anulação.
Sendo assim, caducou o direito do aluno A 174º contudo pode se pedir uma ratificação