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SUMÁRIO
Introdução 3 Revisando 41
Empreendedorismo e o Parcerias e Possibilidades 43
processo empreendedor 6
As incubadoras de empresa e o apoio ao
Empreendedorismo no Brasil e no mundo: a desenvolvimento de novos produtos 44
nova realidade dos negócios 7
Parcerias e alianças estratégicas 49
O processo empreendedor e o ciclo de vida
CENTRO UNIVERSITÁRIO UNIFTEC
das organizações 9 Revisando 50 Rua Gustavo Ramos Sehbe n.º 107.
Caxias do Sul/ RS
Reconhecimento de oportunidades: Buscando Crescimento 52
dos negócios tradicionais aos de base REITOR
INTRODUÇÃO
Estudar o empreendedorismo e o
desenvolvimento do processo empreendedor,
esse é o objetivo deste Ebook. Então, para
realizarmos tal tarefa, dividimos a obra em
quatro capítulos
Estudar o empreendedorismo e o desenvolvimento do
processo empreendedor, esse é o objetivo deste Ebook. En-
tão, para realizarmos tal tarefa, dividimos a obra em quatro
capítulos.
Estudar o empreendedorismo e o dedorismo, mais tecnológico e que busca e as relações com os clientes. Onde novas
desenvolvimento do processo empreende- inovar constantemente. ferramentas são incorporadas ao conjunto
dor, esse é o objetivo deste Ebook. Então, de metodologias dos empreendedores.
para realizarmos tal tarefa, dividimos a No segundo capítulo, abordaremos
obra em quatro capítulos. o novo empreendedorismo que trabalha Entre as novas ferramentas, o Bu-
muito forte na modelagem de negócios siness Model Generation (BMG), utili-
O primeiro capítulo aborda os inovadores e que utiliza ferramentas que zando um canvas para permitir que os
conceitos de empreendedorismo e bus- o aproximam muito de seu futuro cliente. empreendedores e suas equipes consigam
ca descrever o processo empreendedor. Onde é possível vermos novas empresas desenhar seu modelo de negócios, e mais
Passando por um estudo da importância surgirem onde o cliente já está em contato, ainda, consigam pensar em possíveis ino-
do empreendedorismo e o ciclo de vida mesmo antes da empresa existir formal- vações.
das organizações, vamos também falar mente. Nesse sentido, vamos falar desse
sobre o desenvolvimento econômico e a tema e iniciaremos falando sobre o modelo Com nove quadrantes, o BMG
nova realidade dos negócios que geram de negócios das empresas. apresenta diversas possibilidades de cria-
novas oportunidades. Aliás, oportuni- ção de processos inovadores, todos liga-
dade é motor do empreendedorismo. A Nosso caminho passará pela iden- dos à construção da proposta de valor que
capacidade de reconhecer oportunidades tificação do negócio, para que possamos deve atender as necessidades dos clientes
tem permitido o surgimento de negócios definir o que vamos trabalhar e, posterior- selecionados.
inovadores, tanto em modelos tradicionais mente, à construção do modelo de negócio O Design Thinkign é outra opção
de empreendimento, quanto nos modelos da empresa usando a metodologia Business de metodologia que foi incorporada ao
de base tecnológica. Model Generation, com o uso do Canvas.
arsenal dos novos empreendedores, vi-
Certamente, que esse processo ino- sando aproximar clientes e negócios. O
Neste Ebook, falaremos sobre
vador exige novas visões e novas posturas produto mínimo viável (MVP), trouxe
processo de inovação empreendedora,
dos empreendedores, bem como o que para o mundo empreendedor a possibili-
abordando as diferenças entre invenção e
chamamos de modelo mental do empre- dade da prototipagem básica, e com isso,
inovação, demonstrando que empreende-
endedor ou mindset. Essa nova postura criou interações maiores com os clientes
dorismo e inovação andam de mãos dadas,
constrói novas formas de ver os negócios em fases mais iniciais do processo de de-
gerando um novo modelo de empreen-
senvolvimento do negócio.
EMPREENDEDORISMO 5
Certamente, todas essas opções Claro, que ao falarmos em parce- Desejamos uma ótima leitura a to-
do novo empreendedor, trouxeram como rias, não poderíamos deixar de abordar as dos, e que ao percorrer as páginas desta
resposta a criação de empresas com alta alianças estratégicas e suas modalidades. obra, o espírito empreendedor seja desper-
escalabilidade e alto impacto, chamadas tado, se ainda não o foi, apresentando o
startups e que também serão estudas no Finalizando nosso Ebook, o quarto mundo de oportunidades que se constroem
final deste capítulo. e último capítulo, chama-se: “Buscando a partir do processo empreendedor.
crescimento”, e apresenta, de forma sim-
Parcerias e possibilidades é o títu- ples, os principais processos que devem ser
lo do terceiro capítulo e embora curto, organizados para permitir o crescimento
apresenta as incubadoras de empresas da empresa. Falamos sobre a criação de
enquanto um modelo de apoio e parce- um sistema de gestão o qual permita que
ria, a qual permite o desenvolvimento de a empresa passe da fase inicial e continue
novos negócios, principalmente de base crescendo e inovando.
tecnológica. Muito embora tenhamos no
Brasil, segundo o Ministério de Ciência Impossível falar em crescimento e
e Tecnologia, incubadoras que também não incluir entre os temas a internet e suas
apoiam empresas que adotam o modelo possibilidades para o mundo empreen-
tradicional de empreendedorismo e in- dedor, desde a divulgação do negócio até
cubadoras mistas. a oportunidade de criação de negócios
inovadores e totalmente baseados na rede.
Além disso, veremos que as incu-
badoras, conforme a sua capacidade de Para fechar, falamos sobre o intra-
oferecer apoio, podem ser definidas em empreendedorismo, ou empreendedoris-
três gerações, iniciando pelo apoio básico mo corporativo, e também, a opção por
(espaço e algumas atividades), até o apoio utilizar o processo empreendedor em prol
à formação de um ecossistema empreen- da sociedade e das causas sociais, o em-
dedor. preendedorismo social.
EMPREENDEDORISMO 6
EMPREENDEDORIS-
MO E O PROCESSO
EMPREENDEDOR
A atividade empreendedora e a inovação
Nesta primeira seção de nosso Ebook, vamos falar sobre
os conceitos básicos envolvidos na atividade empreendedora,
logo estudaremos também o processo empreendedor. Para
iniciar nosso estudo, vamos explorar, primeiramente, o em-
preendedorismo em relação a nova realidade dos negócios.
EMPREENDEDORISMO 7
Empreendedorismo no Brasil e fruto de interesses humanos, influenciados endedorismo gera inovações que podem
no mundo: a nova realidade dos por diferentes entornos sociais, culturais e criar uma ruptura no fluxo econômico vi-
econômicos. Assim, o empreendedorismo
negócios gente, de forma a gerar uma transformação
deve ser visto de um modo abrangente,
sendo mais bem compreendido como uma radical em setores, ramos de atividade ou
O processo empreendedor compre- configuração de dimensões do indivíduo, até mesmo em territórios.
ende a busca por um novo empreendi- do empreendimento e do contexto onde
mento, que pode caracterizar-se pela a ação empreendedora se manifesta. O Por essa razão, Schumpeter é uma
introdução de novos produtos em mercados empreendedorismo deve ser visto de um referência na formação do conceito de
existentes, produtos existentes em novos modo abrangente, sendo mais bem com-
empreendedorismo. Suas contribuições
preendido como uma configuração de
mercados ou a criação de uma nova organi- foram muito relevantes para a criação de
dimensões do indivíduo, do empreendi-
zação (HISRICH, 2009). Vejam que neste mento e do contexto onde a ação empre- um ecossistema empreendedor que opor-
primeiro passo da conceituação encontra- endedora se manifesta.” tunizasse o crescimento de novas empresas
mos um forte vínculo com a estratégia, baseadas em ideia inovadoras.
pois podemos verificar a Matriz Produto Novamente percebemos, ao analisar
x Mercado de Ansoff, sendo utilizada para o conceito apresentado anteriormente, que Vivemos a era do empreendedoris-
definir parte do processo empreendedor. o ambiente determina o tipo de atividade mo, pois a atuação dos empreendedores
empreendedora que existirá em determi- tem eliminado barreiras culturais, comer-
Continuando, podemos encontrar nado local, por isso mesmo, a importân- ciais e territoriais, encurtando distâncias
outra interessante definição apresentada cia do conhecimento deste contexto e das e promovendo o desenvolvimento (DOR-
por Gimenez, Ferreira e Ramos (2008), variáveis macroambientais o influenciam. NELAS, 2008). Assim, empreendedo-
quando dizem que: rismo apresenta um viés inovador e de
Ainda, podemos dizer que a palavra, desenvolvimento social.
“O empreendedorismo, sendo uma ação empreendedorismo, vem sendo utilizada As alterações que estão ocorrendo na educação e na
humana, é um fenômeno complexo que política de nações desenvolvidas e em desenvolvimento
depende de interações entre pessoas e
com várias conotações, sempre ligadas ao
onde podemos ver o surgimento de incubadoras,
envolve a viabilização e articulação de ato de liderar uma nova organização ou aceleradoras, programas de educação e de
recursos de diferentes tipos. Não é possível desenvolver ações diferenciadas, com foco investimento, com foco na formação empreendedora,
encontrar soluções universais quando esta- no desenvolvimento, em organizações já demonstram a importância do empreendedorismo para
mos buscando compreender ações que são estabelecidas. Para Schumpeter o empre- o desenvolvimento econômico das nações. (Dornelas, 2008)
EMPREENDEDORISMO 8
As facilidades de comunicação, tra- detalhadamente. O Brasil, neste contex- emprego. Ou seja, o aumento da oferta de
zidas pela constante evolução das mídias to, tem evoluído, porém, ainda temos um emprego, através do aumento da ativida-
e softwares, permitiu que o mundo am- longo caminho a percorrer, principalmen- de econômica, gera a redução do índice
pliasse o processo de globalização e de te, quando envolve buscar a ampliação de empreendedorismo por necessidade.
oportunidades. A partir disso, tivemos do empreendedorismo de oportunidade, Logicamente, o empreendedorismo por
no empreendedorismo um impulso para pois no país ainda temos um alto grau de oportunidade apresenta chances maiores
a criação de novos modelos de empresas e empreendedorismo por necessidade. de sucesso, visto que surge de uma aná-
produtos, surgindo uma nova realidade de lise mais apurada do ambiente, buscando
Empreendedorismo por necessidade: os
negócios. Essa realidade está atrelada ao identificar oportunidades.
empreendedores por necessidade são aqueles
poder econômico das nações, que buscam,
que iniciaram um empreendimento autônomo
através do incentivo ao empreendedoris- A pesquisa do GEM, realizada em
por não possuírem melhores opções para o
mo, manter seu status ou alcançar novos 2016, apresenta o Brasil com um índice
trabalho e precisam abrir um negócio a fim
patamares de desenvolvimento. de 42,4% de novos empreendimentos que
de gerar renda para si e suas famílias.
surgem por necessidade e, 57,4% que sur-
Empreendedorismo por oportunidade: os
Organizações como o Fórum Eco- gem por oportunidade. Isso nos coloca,
empreendedores por oportunidade optam
nômico Mundial e o Global Entrepre- enquanto país, na terceira colocação entre
por iniciar um novo negócio, mesmo quando
neurship Monitor (GEM), acompanham os 65 países participantes da pesquisa no
possuem alternativas de emprego. Eles têm
os números e processos do empreende- empreendedorismo por necessidade. No
níveis de capacitação e escolaridade mais
dorismo em todo o mundo, apresentando entanto, estamos na sexagésima posição,
altos e empreendem para aumentar sua
relatórios que demonstram a capacidade entre os mesmos 65 países, no empreen-
renda ou pelo desejo de independência no
empreendedora e também a competitivi- dedorismo por oportunidade. Esses dados
dade dos países participantes dos estudos trabalho.
Quadro: Empreendedorismo por necessidade e por oportunidade deixam clara a necessidade de ampliarmos
Fonte: Portal Brasil (2014)
realizados. o empreendedorismo por oportunidade,
Conforme o quadro, podemos consi- visto ser este, o que normalmente amplia a
O desenvolvimento tecnológico tem derar que o empreendedorismo por neces- competitividade da nação e gera inovações
propiciado o surgimento de novos negó- sidade está mais inclinado a acompanhar em todos os setores.
cios de alto impacto, os quais, no decorrer a conjuntura econômica em cada país e,
de nosso estudo, iremos conhecer mais consequentemente, está sujeito a oferta de
EMPREENDEDORISMO 9
O processo empreendedor e o sobrevivência, sucesso ou decolagem, expansão e, no final, a maturidade. Esse autor
ciclo de vida das organizações também estudou as possíveis crises que as empresas passam ao transitarem pelos
respectivos estágios, ainda sugeriu as possibilidades que os proprietários teriam para
enfrentar estas crises e continuar o crescimento da empresa. Vejamos a representação
Ao estudarmos o ciclo de vida das
desta teoria na figura a seguir.
organizações, deparamo-nos com várias
Fase 1 Fase 2 Fase 3 Fase 4 Fase 5
teorias que representam diversos está- 5. Crise de
gios que as organizações assumem du- ?
rante seu desenvolvimento. No entanto, Grande
Evolução
Revolução
podemos perceber que grande parte das 4. Crise de
Tamanho da Organização
teorias utilizam metáforas que comparam burocracia
o crescimento das organizações ao cresci- 5. Crescimento através
3. Crise de
mento dos organismos vivos, inclusive ao da colaboração
controle
ser humano. O número de estágios varia
conforme o autor. 4. Crescimento através
2. Crise de da coordenação
autonomia
Para Adizes, um dos autores mais
conhecidos neste tema, o ciclo de vida das 3. Crescimento através
1. Crise de da delegação
organizações tem dez estágios, iniciando Liderança
na infância, passando pelo namoro, toca-
-toca, adolescência, plenitude e estabilida- 2. Crescimento através
da direção
de. Após esses estágios, a empresa entra
na fase de envelhecimento com os estágios 1. Crescimento através
Pequena
de aristocracia, burocracia incipiente, bu- da criatividade
Observando a figura do ciclo de vida Na segunda fase proposta por Daft, oportunidades? O que são oportunidades?
das organizações, conseguimos perceber as temos a coletividade, onde o número de Tenho várias ideias de negócio, isso quer
fases que o empreendedor deve acompa- funcionários aumenta e surgem metas e dizer que tenho várias oportunidades?
nhar. No início, deve prover criatividade divisões de atividades e processos. Assim,
para garantir o crescimento da empresa. começam a surgir outros líderes e a di- Tudo começa com uma ideia, ou
Na fase seguinte, é necessário organizar reção precisa destes para comunicar seus com uma tecnologia, ou até mesmo com
os processos e dar direção às atividades da objetivos a todos. O crescimento gera a uma inspiração. Quem já teve uma grande
empresa, logo, com a organização, manter necessidade de formalização e regulari- ideia? Já aconteceu com vocês o surgimento
o crescimento da empresa. Esse crescimen- zação dos processos. Nesse seguimento, a de uma ideia, do tipo que não te deixa dor-
to exige do empreendedor mais atenção, e terceira fase traz o início de várias camadas mir, que te faz planejar como transformar
com o tempo fica difícil coordenar todas as de gerenciamento e a separação por seto- esta ideia em um negócio? Como mudar o
ações sozinho, então passa a ser necessário res. Dando sequência ao ciclo, a empresa mundo com esta ideia, com este negócio?
delegar para que o crescimento continue. entra no que Daft chamou de estágio de Já aconteceu com vocês?
As duas últimas fases, coordenação e cola- elaboração, onde é necessário mudar e
boração, também necessitam de atenção e inovar para sobreviver. Então, deparamo-nos com o primei-
ainda mais capacidade do empreendedor. ro obstáculo, que Belsky (2011) denominou
Reconhecimento de “platô de projetos”. Segundo o autor, es-
Por fim, vamos ver a proposta de oportunidades: dos negócios tas ideias incríveis que temos geram uma
Richard Daft, que apresenta um ciclo de tradicionais aos de base alta dose de dopamina para nosso cérebro
quatro fases (empreendedorismo, coletivi- tecnológica criativo, ou seja, quando temos ideias cria-
dade, formalização e elaboração), sendo a tivas que nos deixam extasiados durante
primeira o empreendedorismo, que é uma a noite, passamos para a segunda fase,
fase de início, com a organização pequena Se existe um aspecto que define o que está relacionada à execução, ao ato
e focada no produto ou serviço que for- empreendedor, em uma startup ou em uma de colocar em prática a ideia. Talvez essa
nece. Além disso, existe muita liberdade empresa já estabelecida, é a capacidade de não seja tão agradável para a maioria das
e muito compartilhamento entre os que identificar novas oportunidades de negócio pessoas e, assim, preferimos voltar a fase
estão na empresa. e mais ainda, conseguir aproveitar estas da dopamina, criando novas ideias. Por
oportunidades. Mas, como identificar isso, a maioria das ideias morrem no platô
EMPREENDEDORISMO 11
e perdem sua força. Por isso a execução é que faz a diferença. Logo, as ideias que Vejam que estes autores não estão
conseguem sobreviver ao platô é que, certamente, são adotadas por empreendedores. sozinhos nesta caminhada, para Degen
Na figura a seguir, veja o modelo: (2009), a primeira etapa do processo em-
preendedor está relacionada a ação de
O Platô de Projetos procurar e conhecer a oportunidade de
negócio. Esta etapa, segundo o autor, pode
ser a mais penosa e com certeza é a mais
Nova Ideia Nova Ideia Nova Ideia crítica para o empreendedor. Penosa por
envolver a execução, que está relacionada
a trabalhar a ideia e buscar identificar se
Energia e Excitação
Os novos empreendedores, na cons- às necessidades do cliente, que já está en- aos clientes, o que causa “dor” aos mesmos.
trução de suas startups, costumam utili- gajado neste processo e, por isso mesmo, Nesse caso, a expressão dor é utilizada no
zar métodos menos formalizados para a conhecendo o produto e participando de linguajar dos novos empreendedores, a fim
análise de oportunidades. Vejam que ao sua elaboração. Para Ries (2012), todos os de destacar a importância da solução que
falarmos em métodos menos formaliza- fluxos das startups devem estar focados em devem desenvolver.
dos, não estamos falando de ausência de acelerar este processo. O autor salienta que
métodos ou mesmo de métodos não valida- as startups falham bastante por estarem Infelizmente, como podemos perce-
dos. Apenas observamos que existe, entre muitas vezes ainda atreladas a elaboração ber até aqui, ter uma ideia não é garantia
os novos empreendedores, um processo de um bom plano, ou a uma pesquisa de de ter uma oportunidade, para que isso
de proximidade maior com o cliente, no mercado sólida. Como podemos verificar, aconteça, é necessário identificar a via-
processo de validação da ideia enquanto trata-se de um processo diferenciado em bilidade da ideia, se existe mercado para
oportunidade de negócio. relação ao que está proposto na fase mais esta, ou seja, se existem consumidores
formalizada que falamos antes. suficientes para garantir o retorno sobre
Seguindo um processo “Lean”, as o investimento. Seguem algumas orienta-
novas empresas, segundo Ries (2012), Então, aqui vale a máxima de ções importantes para a identificação de
buscam validações contínuas, que po- Maurya (2012), que resume o que traba- oportunidades, classificadas pelo Instituto
dem ser realizadas em etapas, sempre de lhamos com a frase “a vida é muito curta Tecnológico de Monterrey, no México
forma iterativa, constituindo-se critériospara construirmos algo que ninguém quer (veja o infográfico e após as orientações
que definem a continuidade ou não para (MAURYA, 2012). Para garantir que a no quadro na página seguinte):
a próxima etapa. Esse processo é definido ideia seja válida, buscamos trabalhar com
pelo autor como “aprendizagem validada”, hipóteses que serão elaboradas na cons-
que compreende um novo conceito com trução do modelo de negócios da empresa.
ênfase em uma interação rápida e na per- As hipóteses devem estar relacionadas aos
cepção do cliente. problemas que o empreendedor imagina
que são mais importantes para os clientes.
Baseadas no ciclo construir-medir- Assim será possível, através de entrevistas,
-aprender, as ideias são transformadas em validar as hipóteses e ampliar o conheci-
produtos que são imediatamente adaptados mento a respeito do que realmente importa
EMPREENDEDORISMO 14
1. Encontrar clientes insatisfeitos ou decisão, também pode fazer com que seja
56
40,5
35
19
17
1. Encontrar
clientes
insatisfeitos clientes cujas necessidades se encontram tada e rápida. Assim, a ideia é encontrar
parcialmente atendidas e que não estão algo em um mercado que pensamos que
contentes com a forma como são atendidas não funciona de maneira adequada. Um
estas necessidades concretas. Normalmen- exemplo de ação nessa área é o surgimento
te, estes clientes formam um grupo ou das empresas de comparação de preços,
mesmo uma “tribo”, como por exemplo, os principalmente nos negócios do ramo de
4. Buscar
frustrações dos
clientes com alta consciência ecológica, os hotelaria (trivago), que oferecem a possibi-
clientes que não
foram resolvidas
fãs de pets, etc. Da mesma forma, existem lidade ao cliente de comparação de preços
clientes que consideram que a oferta atual de diárias de hotéis, algo que é complicado
6. Acompanhar as do mercado se encontra excessiva para o sem um serviço dessa natureza.
novas legislações
políticas que necessitam, sendo mais felizes com
7. Mudanças
estruturas de custos
nas uma oferta com melhores preços, como 3. Mais outra opção é a identifica-
originárias da produção
em grande escala
exemplo, podemos citar o que aconteceu ção de novos segmentos demográficos ou
com as companhias áreas ao lançarem as de mercado, pois, periodicamente, apare-
linhas de baixo custo. cem novos segmentos de clientes, seja em
função das mudanças de perfil demográfi-
8. Probabilidade de
2. Outra forma de identificação de co (aumento da população de idosos, no-
10. Coisas que
eliminar barreiras
tradicionais
oportunidades é buscar as ineficiências vas classes sociais, etc.) ou simplesmente,
funcionam em outros do mercado, pois através de espaços que porque um segmento que antes não era
locais
podem ser melhorados e que permitam que significativo se torna importante (classes
os clientes aproveitem melhor seus pro- sem acesso a determinados produtos
9. Variáveis dutos e serviços. Essa ação pode envolver que passam a ter acesso, devido a situação
competitivas
incorretas em incremento nas informações que são dis- econômica mais estável nos últimos anos),
mercados
saturados
ponibilizadas e auxiliam para uma melhor reconhecer sua existência e analisar suas
EMPREENDEDORISMO 15
necessidades pode ser um ótimo ponto de através do surgimento de aplicativos, que 7. As mudanças nas estruturas de
partida para novos negócios. podem ser utilizados pelas escolas para custos originárias da produção em grande
melhorar seu processo de ensino e apren- escala de um tipo de produto (vejam o que
4. Neste caminho das oportunidades dizagem, os pais que conseguem acompa- aconteceu com os celulares, que reduziram
de negócio, outra opção é buscar frustra- nhar a evolução dos filhos e os alunos que seu preço e aumentaram o acesso) e a con-
ções dos clientes que não são resolvidas, encontram forma diferentes e divertidas sequente redução dos preços dos recursos
que certamente é um dos segmentos que de aprendizado. Então, ao estudarmos as necessários ou a adoção de uma nova tec-
mais oferecem oportunidades, se anali- novas tecnologias disponíveis ou em fase nologia (aplicações na nuvem), produzem
sarmos não só as necessidades, mas os de implantação (betas), podemos identi- situações que tornam viáveis produtos e
aspectos da vida diária que fazem com ficar oportunidades diferentes de uso e serviços que eram impensáveis até pouco
que o cliente se sinta frustrado. Vejam que adequação, que não são percebidas pelos tempo, ou que só seriam acessíveis a seg-
podemos dizer que o que diferencia uma desenvolvedores. mentos mais altos do mercado. Este tipo
necessidade de uma frustração é o nível de de oportunidade permite transformar em
intensidade, quanto maior este nível, maior 6. Acompanhar as novas legislações clientes os não-clientes.
a probabilidade do cliente pagar mais para ou políticas: o aparecimento, ou mesmo
resolvê-la. Normalmente, os novos empre- o desaparecimento de normativas, leis ou 8. Possibilidade de eliminar bar-
endedores chamam este processo de dor políticas, pode ser o gérmen de uma gran- reiras tradicionais: normalmente temos
do cliente, ou seja, quanto maior a dor do de quantidade de produtos e serviços que muitas ideias, para as quais não dedicamos
cliente, maior o potencial de sucesso de facilitam a adaptação às novas situações tempo, pois nossa forma de entender o
conseguirmos resolver o problema. que são geradas e ajudam a evitar uma dor mundo e a forma como as coisas funcionam
futura. Para aproveitar estas oportunida- atualmente, tornam inviáveis nossas ideias
5. Estudar novas tecnologias ou des, o empreendedor deve estar bem atento (barreiras). Avaliar se estas barreiras são
produtos: o surgimento de uma nova tec- às tendências legais e políticas, acompa- reais e se existem maneiras de transpô-las
nologia é um dos elementos que mais ra- nhando os movimentos da sociedade e as e imaginar como seria se essa não existisse
pidamente transforma os mercados. Por pressões por mudanças. Um exemplo dis- ou o que removeria tal barreira, pode au-
exemplo, podemos citar o iPad que adqui- so, foi a adaptação que todas as empresas xiliar a gerar ideias novas e oportunidades
riu, inclusive, usos na área educacional e brasileiras tiveram de ter, recentemente, de negócio que facilitariam o surgimento
revolucionou o modelo de aprendizagem em relação ao E-Social. de outros negócios em sequência.
EMPREENDEDORISMO 16
9. Variáveis competitivas incorretas 10. Coisas que funcionam em outros tificadas podem criar processos, produtos
em mercados saturados: quando as em- locais: se você acha que nunca tem ideias e serviços inovadores.
presas estão competindo em um mercado sobre negócios possíveis, aconselho que fa-
saturado (caracterizado pelo cliente que çam viagens, pois certamente este contato
só é sensível a preço e não valoriza novas com outras culturas, mercados e pessoas, “A mente que se abre a uma nova
características e diferenciais), a melhor poderá mostrar algo que funciona bem em ideia jamais voltará ao seu tamanho
ideia é pensarmos se vale a pena conti- um local e que não existe em outro e pode original”. ALBERT EINSTEIN
nuarmos competindo neste modelo. Para funcionar no seu mercado. Também ao
mudar essa situação é preciso deslocar o contrário, algo que funciona no mercado
valor para outro ponto, criando, nova- onde você está localizado atualmente e que Muitas vezes, alguns termos são
mente, valor para o cliente, identificando pode funcionar muito bem em outro país. considerados, erroneamente, sinônimos
sua dor real e auxiliando na solução. Um de inovação e precisamos entender clara-
exemplo é o mercado de medicamentos O processo de inovação mente seus conceitos para que possamos
para diabéticos, há muito tempo os la- empreendedora falar mais sobre a inovação e o processo
boratórios de insulina estão competindo empreendedor, veja a seguir um quadro
com base na pureza de seu produto, o que onde apresentamos os conceitos distintos
não tem grande influência para o cliente, Criatividade e inovação são dois te- de descoberta, invenção e inovação:
visto que não existe muita diferença entre mas que andam juntos e o empreendedo-
os produtos e a pureza mínima é aceitável. rismo pode ser o elo de ligação entre am- • Descoberta: surge normalmente
Consequentemente, estes clientes buscam bos. Entretanto, para falarmos do processo como resultado de uma atividade de
o menor preço. Então, para mudar isso de inovação empreendedora, é necessário
pesquisa científica e gera alterações
e criar uma oportunidade, o laboratório antes deixarmos claro o que é inovação.
Precisamos entender, claramente, o que no conhecimento que existia até o
Lilly identificou que a dor do cliente es-
tava relacionada a forma de aplicação da é uma inovação, e ao mesmo tempo, ao momento, podemos apresentar como
insulina e então criou as canetas auto in- fazermos este caminho, vamos verificar exemplo a descoberta da eletricidade.
jetáveis, que facilitaram enormemente a que oportunidades e inovação estão muito • Invenção: quando buscamos a
vida das pessoas. relacionadas, ou seja, as inovações criam resolução de um problema prático
oportunidades e as oportunidades iden- através de uma atividade tecnológica
EMPREENDEDORISMO 17
registro de patentes ou de proteção variações interessantes, que muitas vezes melhorado ou e um processo, ou um novo método
de marketing, ou um novo método organizacional
intelectual. Podemos citar como passam totalmente despercebidas. Ao en- nas práticas de negócios, na organização do local
de trabalho ou nas relações externas.
tendermos os tipos de inovação, podemos
exemplo o Post it (quando foi criado não
ver que produtos e serviços são apenas
tinha mercado e foi resultado de uma uma parte das possibilidades de inova-
TIPOS DE INOVAÇÃO
falha da 3M, na criação de uma cola). ção, abrindo-se outras oportunidades nos Diferenciam-se de produto
quatro tipos de
• Inovação: a inovação acontece quando processos, no marketing e na organização inovação:
de processo
de marketing
conseguimos explorar comercialmente como um todo, principalmente através de organizacional
18
marketing com mudanças significativas na
concepção do produto ou em sua EMPREENDEDORISMO
embalagem, posicionamento do produto,
em sua promoção ou na fixação de preços.
O NOVO EMPRE-
ENDEDORISMO
Diferentes propostas e novos modelos de negócio
Criada por Alexander Osterwalder e Embora muito usado atualmente, o (OSTERWALDER; PIGNEUR, 2011,
Yves Pigneur, publicada no livro “Business conceito de modelo de negócios começou pg 14).” O autor considera a relação da
Model Generation: Inovação em Modelos a ser aplicado com maior regularidade na estratégia com o modelo de negócios, ao
de Negócios”, esta metodologia ganhou o literatura de gestão e empreendedorismo, afirmar que o modelo é um esquema que
mundo e passou a ser adotada por todos no final da década de 90. Nessa época, o facilita a implementação da estratégia,
os novos empreendedores para a geração conceito fazia referência a uma estrutura de considerando a estrutura da empresa com
e modelagem de suas startups. suporte para que a empresa desenvolvesse seus processos e sistemas. Logo, pode-
formas de valor para um negócio. mos verificar que existem vários concei-
Como falamos anteriormente, todo tos, principalmente, quando pensamos
novo negócio parte de uma ideia. Então, O modelo de negócios descreve os na literatura de estratégia para modelo de
para identificarmos a possibilidade de principais componentes de um determina- negócios, não existindo uma definição que
transformarmos uma ou várias ideias em do negócio. Nesse sentido, Michael Porter, seja mais correta que as demais.
negócios, passamos antes pela identifica- ao falar sobre as estratégias de baixo custo
ção das oportunidades, que nos encaminha e as vantagens da diferenciação que as Dessa forma, iremos utilizar como
a uma análise de mercado. Atualmente, empresas podem atingir, discorre sobre o referência o conceito de modelo de negó-
existem diversos processos possíveis para a modelo estratégico e induz, ao incluirmos cios de Osterwalder e Pigneur, por ser o
elaboração de uma análise de oportunida- o modelo da cadeia de valor, a existência mais utilizado e, principalmente, por estar
des de negócio. Algumas mais tradicionais de um modelo de negócios. Na verdade, no planejamento da maioria das novas
e outras mais inovadoras. Vamos abordar toda a literatura de estratégia aponta para empresas que estão surgindo. Com isso,
as metodologias que os empreendedores modelos de negócios, embora não use o mantemos a atualidade de nossa discipli-
atuais estão utilizando com sucesso. Va- termo de forma especificada. na e abordamos temas que estão sendo
mos a estes passos para desenvolvermos estudados e colocados em prática, neste
melhor esta etapa, então, vamos ao Modelo Mais recentemente, o termo modelo momento do mundo dos negócios.
de Negócios, que facilitará nosso enten- de negócios ganhou notoriedade com o
dimento a respeito da ideia e do negócio trabalho de Osterwalder e Pigneur (2011), Para desenvolver o modelo de ne-
que criaremos ao redor desta. relatando que: “um modelo de negócio des- gócios foi criado, o Canvas (tela), um
creve a lógica de criação, entrega e captura verdadeiro Business Model Generation
de valor por parte de uma organização (Osterwalder; Pigneur, 2011), ou seja, um
EMPREENDEDORISMO 22
gerador de modelos de negócios. O Canvas é uma ferramenta muito interessante, vas são: Segmentos de Clientes, Proposta
que pode ser adaptada de várias formas. Podemos utilizá-lo para analisar o modelo de Valor, Canais, Relacionamento com
de negócios de empresas já existentes (mesmo empresas com existência centenária) e Clientes, Fluxo de Receita, Recursos-Cha-
também para criar uma nova empresa. ve, Atividades- Chave, Parcerias-Chave
Atividades - Propostas de Relacionamento e Estrutura de Custos.
chave valor com clientes
Osterwalter (2011), inicia sua aná-
lise do Canvas pelo item Segmento de
Clientes. Segundo o autor, “o componente
Parcerias Segmento de Segmento de Clientes define os diferentes
chave clientes
grupos de pessoas ou organizações que
uma empresa busca alcançar e servir” (OS-
TERWALDER, 2011, pg 20). A partir
disso, torna-se mais claro que estamos
pensando nos clientes, mas também em
segmentos, ou seja, grupos de clientes que
podem caracterizar segmentos específicos
a serem atendidos por nossa proposta de
valor. A figura da página a seguir, apre-
Estrutura Fluxo de senta as condições para caracterização de
de custos Recursos- receita grupos de clientes como segmentos.
chave Canais
Figura: Canvas visão geral
Fonte: Osterwalder e Pigneur (2011), pg 18-19.
O quadrante Canais, “descreve como uma empresa se comunica e alcança seus Seguindo nosso estudo, vamos fa-
segmentos de clientes para entregar uma Proposta de Valor” (OSTERWALDER; lar do quadrante Fontes de Receita, que
PIGNEUR, 2011, pg 26). O seguinte quadro apresenta os tipos e as fases dos canais segundo Osterwalder e Pigneur (2011),
utilizados para a elaboração do modelo de negócios da empresa. representa a possibilidade de faturamento
(dinheiro) que a empresa gera ao atender o
Tipos de Canais Fases dos Canais segmento de clientes, utilizando venda de
Equipes recursos, taxa de uso, taxa de assinatura,
Particulares
empréstimos/aluguéis/leasing, licencia-
Direto
de venda
2.Avaliação 3. Compra mentos, taxas de corretagem, anúncios,
Vendas
1.Conhecimento Como Como 5. Pós-Venda
na Web etc. Enquadrando estas fontes em dois
Como ajudamos permitimos 4. Entrega Como
Lojas aumentamos o os clientes a aos clientes Como entregamos fornecemos tipos diferentes, as transações de paga-
Próprias conhecimento avaliarem a comprar uma Proposta de apoio pós- mento único e as transações de pagamen-
Lojas sobre nossos Proposta de produtos Valor aos clientes? venda aos to recorrente (resultantes de pagamentos
Indireto
Parceiras
serviços? organização? específicos? com sistemas de precificação que são apre-
Atacados sentados no quadro (da próxima página)
de mecanismos de precificação.
Quadro: Tipos e fases dos canais. Fonte: Osterwalder e Pigneur (2011)
Finalizando, temos o nono quadran- pois esse modelo “trata de vender menos de mais: concentra-se em oferecer um grande
te que trata da Estrutura de Custo, onde número de produtos de nicho, cada um deles com vendas relativamente infrequen-
os custos mais importantes estão envolvi- tes”(OSTERWALDER; PIGNEUR, 2011, pg 67). A ideia por trás desse modelo
dos na operação do modelo de negócios, é disponibilizar muitas opções, que mesmo sendo adquiridas em baixa quantidade,
visto que todas as atividades dos demais proporcionam altas receitas, visto que o custo de estoque praticamente inexiste, e com
quadrantes, geram custos. Osterwalder e uma plataforma robusta de distribuição online, permite ganhos muitas vezes maiores
Pigneur (2011), dizem que normalmente do que os modelos tradicionais. Veja a figura abaixo.
os custos devem ser minimizados, também
Oferta de
fazem uma relação com a estratégia, ao Parcerias-
chave
Atividades
-chave Valor
Relacionamento Segmentos
de Clientes
dizer que alguns modelos de negócio são
mais direcionados pelo custo e outros pelo Desenvolviment
Recomendações
o e manutenção
valor. Veja a relação direta com as estra-
Amplo
tégias genéricas de Porter (1990). Além Logística
catálogo de Leitores
livros de Perfil online
disso, o autor cita que os modelos dire- nicho
cionados pelo custo, normalmente desen- Fabricante de
impressoras Recursos-
volvem estruturas de custo com foco em: chave
CANAIS
Autores de
custos fixos, custos variáveis, economias Qualquer
um pode ser lulu.com
nicho e
Plataforma
de escala e economias de escopo. um autor amadores
aqui alguns destes modelos e seus agrupa- Desenvolviment Impressão e Comissão Valor por
mentos. O primeiro modelo que apresen- o e Manutenção
da Plataforma
logística dos autores livro (digital
ou impresso
tamos é da Lulu.com, um site que permite
a publicação de livros, este modelo está Figura: Modelo cauda longa Fonte: Adaptado de Osterwalder e Pigneur (2011).
incluso no agrupamento Cauda Longa,
EMPREENDEDORISMO 27
Outro modelo encontrado na obra é o modelo de plataformas multilaterais, “representado por modelos que unem dois ou
mais grupos distintos, porém interdependentes, de clientes” (OSTERWALDER; PIGNEUR, 2011, pag. 77). A ideia básica é
que a plataforma crie valor, vindo facilitar a interação entre os diferentes grupos. Neste caso, a presença de um grupo de clientes
cria valor para outro grupo de clientes. No exemplo da figura seguinte, vemos o modelo da Google. A existência de usuários
atrai os anunciantes.
Adwords
Desenvolvimento plataform
e manutenção
Anúncios
Desenvolvimento direcionados Anuciantes
de novo iGoogle
algoritmos
Blogs e outros
sites Recursos- CANAIS
chave
Busca Usurios de
Plataforma de gratuita internet
busca de
anúncios
google.com
Algoritmos
de Busca
Estrutura de Custos
Fontes de Receita
Comissão
Desenvolviment dos Leilão de
o e Manutenção blogueiros e palavras-chave Gratuito
da Plataforma sites
Figura: Modelo de negócios do Google Fonte: Adaptado de Osterwalder e Pigneur (2011). Editado por Gabriel Olmiro
EMPREENDEDORISMO 28
Recursos- CANAIS
chave Pessoas que
Sincronização de
mais arquivos (50 buscam mais
Amazon S3 loop viral
Desenvolvedores a 350 GB) espaço de
armazenamento
Plataforma dropbox.com
Estrutura de Custos
Fontes de Receita
Equipe de Armazenamento
Desenvolvimento Gratuito Mensalidades
Figura: Modelo de negócios da Dropbox Fonte: Adaptado de Osterwalder e Pigneur (2011). Editado por Gabriel Olmiro
EMPREENDEDORISMO 29
etapas estão relacionadas a continuida- missoras, especialmente no que diz respeito à percepção e ao processamento destas
de da elaboração do modelo de negócios, percepções, ou seja, o que chamamos de modelo mental do empreendedor, que ca-
percorrendo os quadrantes, buscando racteriza as suas decisões estratégicas para o seu empreendimento e as relações com
respostas viáveis e inovadoras para todos as escolhas realizadas.
os quadrantes. Assim, ao final, teremos
o quadro completo e uma boa visão do Os empreendimentos de pequeno porte apresentam um processo de escolha
funcionamento da empresa e seu modelo estratégica com características diferentes, pois, geralmente, ele é desenvolvido pesso-
de negócios. Agora, é necessário levantar almente pelo próprio empreendedor. Nessas condições, o processo tende a ser mais
hipóteses e validá-las junto a um grupo versátil, com elevada concentração de poder no empreendedor e tende a refletir a
de clientes que possa representar o clien- visão de mundo de quem avalia as alternativas e toma as decisões (MINTZBERG e
te-alvo. QUINN, 2007). O comportamento humano, segundo Goleman, é condicionado por
modelos mentais e estes, por sua vez, são definidos com base em quatro pressupostos
Modelo mental do Empreendedor (MENDES, 2017):
(Mindset) Biologia: rotula a capacidade de realização do ser humano com base nas suas
limitações fisiológicas.
Para Meira (2013), empresas são Linguagem: é o meio no qual se estrutura a consciência do ser humano
abstrações, e o que realmente importa são Cultura: dentro de qualquer grupo – famílias, tribos, indústrias, organizações e
as pessoas. As que estão dentro das em- nações -, os modelos mentais coletivos são desenvolvidos com base em experiências
presas e as que estão fora das empresas, ou compartilhadas, razão pela qual a cultura pode ser considerada um modelo mental
seja, as que produzem e as que consomem.
coletivo.
Desse modo, o modelo mental do empre-
endedor, ou mindset, é o que direciona a
Experiência pessoal: diz respeito ao sexo, à nacionalidade, à origem étnica, à condição
atividade empreendedora. social digna e econômica, às influencias familiares, ao nível de educação de à maneira
como as pessoas são tratadas por seus pais, irmãos, professores e companheiros
Assim, o estudo das característi- de infância.
cas pessoais e escolhas do empreendedor,
tem se revelado uma das áreas mais pro-
Figura: Pressupostos que definem os modelos mentais
Fonte: Adaptado de Mendes (2017).
EMPREENDEDORISMO 31
Modo de Percepção Em seguida Info. na vida e no trabalho Estilo cognitivo / modelo mental derivado Design Thinking e Mínimo
Concreta: Pessoas que Planejado: Estas pessoas preferem Implementador: Tradicionalista, Produto Viável
preferem a percepção pelos ter as coisas decididas, ordenadas e estabilizador, consolidador; trabalha com
órgãos dos sentidos, tendem a Usar as bem planejadas; gostam de planejar senso de responsabilidade, lealdade e
ser mais interessadas no que informações com antecedência e realizar o plano assiduidade; aprende passo a passo com a
seus sentidos mostram para feito, pois a vida deve ser vivida de preparação para benefícios atuais e futuros Design thinking (DT) não é consi-
OPERACIONAL
eles – o que existe no presente. forma planejada e ordenada. e sua contribuição: produção oportuna. derado uma metodologia por não ter um
Improvisado: Estas pessoas tendem
Realizador: Solucionador de problemas, passo a passo, visto que a cada momento
a continuar a buscar e aplicar
bombeiro, negociante. Trabalha através de nos deparamos com situação diferentes e
ações com sabedoria, mas sem oportunismo.
as informações na solução de
Aprende através do envolvimento ativo para que exigem uma ação diferenciada. Ten-
problemas que se apresentam. Eles
desejam aproveitar tudo e para eles
atingir necessidades atuais. Contribuição: nyson Ribeiro diz que o design thinking
lida de maneira efetiva e rápida com o
a vida deve ser espontânea e flexível.
incomum e o inesperado.
é sobre pessoas, sobre compreender e tra-
Modo como toma decisão: Estilo cognitivo / modelo mental
zer à tona o que as coisas significam para
Global: Pessoas que preferem
elas e projetar melhores ofertas com esse
este modo de percepção Modo lógico ou relacional: Estrategista: Visionário, arquiteto de significado em mente.
tendem a usar sua imaginação Estas pessoas tendem a tomar sistema, construtor; trabalha as ideias com
para identificar novas decisões com base em análises criatividade e lógica; aprende através de um
possibilidades e relações objetivas e lógicas, e de modo Para atuar neste processo, é neces-
processo impessoal e analítico para domínio
entre as coisas e ter um foco impessoal. sário desenvolver um olhar que permita
pessoal; Contribuição: estratégias e análises.
ESTRATÉGICO
no futuro.
entender e vivenciar a perspectiva de quem
Energizador: Catalizador, comunicativo, enfrenta os problemas, os quais estamos
Baseado em valores: motivador. Trabalha interagindo com
Estas pessoas tendem a tomar outras pessoas com base em valores e buscando resolver com a utilização do de-
decisões com base em valores e inspirações; aprende para conhecimento sign thinking. O equilíbrio entre o que as
considerando interesses e desejos próprio, de maneira personalizada e criativa.
das pessoas. Contribuição: algo pessoal ou uma visão pessoas desejam, a capacidade financeira
especial sobre possibilidades. do negócio e a capacidade de implemen-
Quadro: Modelos mentais de acordo com as proposições/abordagens dos temperamentos Fonte: BRESSAN; TOLEDO (2014)
tação é um dos pontos que torna esse pro-
Assim, podemos entender que o modelo mental do empreendedor define a cesso tão importante para as empresas.
forma como irá agir, buscar informações, atuar nos momentos críticos e, principal-
mente, conduzir seu negócio. Entendendo que mais do que nunca, empreender é um Tim Brown, presidente e Ceo da
ato coletivo, que necessita soma de competências, o estudo do modelo mental facilita IDEO, empresa de consultoria e um dos
a seleção dos possíveis futuros sócios.
EMPREENDEDORISMO 33
nomes que é referência na área, diz que pessoas envolvidas na criação e entrega de
o Design Thinking baseia-se em nossa valor para o cliente.
capacidade de ser intuitivos, de reconhecer
“A resignação não é uma atitude do
padrões, desenvolver ideias que tenham Ao aprimorar a experiência do clien- design”. (Gui Bonsiepe)
um significado emocional além do fun- te, após adotarmos ações que visem iden-
cional, além disso, expressar em mídias tificar o que está faltando, para entregar Para Tim Brown, o Design Thinking
mais do palavras ou símbolos. mais valor ao mesmo e criando situações de está divido em três grandes etapas, que são:
imersão na realidade do cliente, bem como
Design Thinking é um processo de um entendimento de suas necessidades de
forma mais apurada, o Design Thinking Inspiração: destaca-se por ser um
pensamento crítico e criativo que
acaba envolvendo os colaboradores nesse momento que motiva pesquisas por
permite organizar informações e
processo de forma a criar empatia com o soluções;
ideias, tomar decisões, aprimorar cliente e, consequentemente, à entrega de Ideação: momento onde vamos gerar,
situações e adquirir conhecimento. valor real. fazer e testar as ideias e soluções
(Charles Burnelle, ano?)
produzidas na fase de inspiração;
A velocidade de implementação de
Implementação: fase de implementação
Oferecer uma melhor experiência ideias inovadoras torna-se maior através
para seus clientes, construída de forma do processo colaborativo, gerando dife- comercial e industrial, se tudo correr de
colaborativa e holística, é algo que todas as renciais competitivos para a empresa. A forma adequada, ou, pode ser também
empresas buscam, principalmente os novos prototipação torna-se uma importante um retorno ao início para melhorar a
negócios, que necessitam atrair e conquis- fonte de inovações e criatividade, além percepção de mercado.
tar clientes para garantir sua existência. de aproximar o cliente através da cocria-
No entanto, sabemos que esta é uma tarefa ção. Dessa maneira, este envolvimento do Outra vertente interessante do tema,
difícil e que necessitamos de processos cliente com o desenvolvimento do produto, surgiu com a D.School (Escola de Design
diferenciados para a geração deste tipo de supera a resignação em satisfazer-se com Thinking de Stanford), que apresenta eta-
experiência. Pois bem, o Design Thinking o que existe e permite superar obstáculos, pas conforme a seguir:
é a ferramenta de gestão que podemos criando novas realidades.
utilizar para mudar o comportamento das
EMPREENDEDORISMO 34
definição e depois são expandidas nova- Com tal função de identificar pro-
Empatia: fase do processo centrado no mente na fase de ideação e focada na fase blemas e criar soluções, a fase da prototi-
usuário, que busca imergir na realidade de prototipação. pagem é muito importante no DT, então
do mesmo, engajando-se e observando Expansão surge a possibilidade de uso do Produto
o problema bem de perto; de ideias
Foco Mínimo Viável ou MPV. Mas o que é o
Definição: fase onde se apresenta uma MVP?
síntese focada no problema, apresenta empatia definição ideação Prototipação
Jon Kolko diz que “os protótipos são
um ponto de vista sobre o problema;
mais valiosos como meio de colaboração e
Ideação: neste momento se busca a interação entre pessoas do que como um
geração de ideias que permitam a Expansão
de ideias meio de validação ou prova de conceito.
exploração de soluções viáveis; Figura: Duplo diamante Fonte: D.School Esta fase de prototipagem é um espaço de
Prototipação: etapa do fazer, que Temos muitas abordagens do De- divergências que possibilita a geração de
engloba a produção de ideias em um sign Thinking, entretanto, independen- mais ideias e, principalmente, facilitar o
contexto mais próximo da realidade; te de qual abordagem adotemos, o certo entendimento do problema.
é que todas partem da noção de grupos
Teste: nesta fase o protótipo é colocado
multidisciplinares para a solução de pro- A Endeavor considera que o MVP
em contato com os clientes para definir blemas complexos. O pessoal da Escola de é “um conjunto de testes primários feitos
ou redefinir as soluções. Design Thinking considera que o DT é para validar a viabilidade do negócio. São
um modelo mental de natureza iterativa diversas experimentações práticas que se-
A D.School considera que as etapas
e flexível, sendo um processo que aceita rão desenvolvidas levando o produto a um
do Design Thinking acontecem em fases
o erro como parte integrante e valiosa da seleto grupo de clientes”. Porém, esse não
de foco e de expansão de ideias, caracteri-
jornada. é o produto finalizado, e sim, uma versão
zando o que chamamos de duplo diamante
com o mínimo de recursos necessários para
e como podemos observar na figura du-
“O design thinking não é um experimento, manter a função de solução ao problema
plo diamante. Assim, a fase da empatia
ele nos empodera e encoraja a proposto. Desse modo, é possível conhecer
é uma fase que produz uma expansão de
experimentar.” (Idris Mootee, ano.??) a reação do mercado e termos uma visão
ideias, que não recebem o foco na fase de
da solução, isto é, sabermos se realmente
EMPREENDEDORISMO 35
o produto pode atender o propósito para comportamento do cliente, que pode ser dutos e/ou processo de fabricação inova-
o qual foi criado. realizado através do uso do MVP, para dores, através da aplicação sistemática de
isso, temos de estabelecer hipóteses a res- conhecimento técnicos e científicos. Ou
Certamente, a adoção de um mo- peito do que acreditamos ser a necessidade seja, estamos falando de empresas de uso
delo de MVP permite que a empresa te- do cliente. Esse processo é desenvolvido intensivo, de conhecimento científico e
nha uma boa ideia do comportamento do nas etapas anteriores do Design Thinking, tecnológico, para sustentar sua capacidade
cliente ao usar o produto, ou serviço, o ainda, junto das hipóteses formatadas e competitiva.
qual está lançando e, mais ainda, permite alinhadas à proposta de valor, a qual é
identificar ajustes necessários para melhor elaborada ao desenvolvermos o modelo As empresas de base tecnológica
atender o cliente, além de poder testar de negócios da empresa. (EBT´s) que são conhecidas também pela
sensibilidade a preço, processo logístico e denominação “startups” na literatura de
outras informações importantíssimas para O MVP prova a visão inicial da gestão e empreendedorismo, são um tópico
o empreendedor. startup, revelando se aquela boa ideia bastante pesquisado atualmente, embora
corresponde mesmo a um produto seu conceito ainda necessite de um maior
Também é muito importante des- interessante (na vida real) ou se era assentamento teórico, visto que o próprio
tacarmos que o MVP é um produto em apenas uma expectativa utópica, sem conceito ainda gera controvérsias na lite-
fase de prototipação, mas isso não significa ratura existente. Contudo, podemos dizer
lastro com as demandas práticas do
um produto de baixa qualidade, mal feito, que existe consenso em relação ao fato
com falhas. A ideia principal por trás de mercado. (Endeavor) de que estas empresas são diretamente
um MVP é a validação da proposta de Empreendedorismo de alto ligadas ao conceito de empreendedoris-
valor da empresa e o modelo de capta- impacto (Startups) mo (DAHLSTRAND, 2007) e por isso
ção de receitas. Certamente, o sucesso do mesmo, são importantes vetores do de-
lançamento de um MVP é o fechamento senvolvimento regional.
de vendas ou pedidos do produto em sua Segundo o Office of Technology
versão final. Assessment, empresas de base tecnológi- Souza (2017) cita que as empresas
ca são organizações produtoras de bens e de base tecnológica se colocam em setores
Outro ponto importante a consi- serviços, comprometidas com o desenho, onde sua forma de atuação cria uma nova
derarmos é a possibilidade de estudo do desenvolvimento e produção de novos pro- indústria, que apresenta ao mercado uma
EMPREENDEDORISMO 36
inovação. Consequentemente, estas empresas sofrem com a inexistência de uma base Para melhorar sua posição no
de conhecimento sólida relativa ao tipo de produto ou ação que estão propondo, no ranking e conquistar capacidade de ino-
mercado. vação, o Brasil necessita investir em em-
presas de base tecnológica. Fato que já é
Além disso, a inovação é fator preponderante nas EBT’s e, especificamente no observado ao acompanharmos os vários
caso do Brasil, um importante fator a contribuir com a evolução do país, que atual- editais de inovação de órgãos e entidades
mente não tem apresentado um bom rendimento na área de inovação, conforme pode governamentais, como a Finep, Fapergs,
ser observado na figura ranking mundial de inovação, que apresenta o ranking de Fapesp, Sebrae e o Ministério de Ciência
inovação dos países, segundo o Global Innovation Index. No gráfico apresentado, e Tecnologia, através dos editais de ino-
selecionamos alguns países da América Latina e outros grandes players mundiais. vação.
desenvolvidas em torno de uma ideia inovadora, que se traduz em algo totalmente novo para o mercado ou melhorado signifi-
cativamente, seja ao nível de produto, de processos, da organização ou mesmo de marketing.
No entanto, muitas startups não sobrevivem, conforme podemos verificar em uma pesquisa que a Fundação Dom Cabral
(FDC) realizou com startups, incluindo empresas que fecharam, ainda apresentou um relatório sobre as situações que geram o
desaparecimento de startups no Brasil. Veja um resumo do relatório nas figuras a seguir:
Revisando
Esse foi o segundo capítulo do nosso identificadas por Osterwalder. Encerramos o capítulo falando das
Ebook, aqui falamos sobre os novos Na sequência, o assunto foi o modelo startups e do empreendedorismo
modelos de negócio e a utilização do mental do empreendedor ou Mindset, de alto impacto, afirmando que as
Business Model Generation(BMG) como que visa identificar as principais startups são empresas desenvolvidas
ferramenta facilitadora do desenho de características que influenciam o normalmente em torno de uma ideia
novos negócios. modelo de escolhas do empreendedor e inovadora.
Através do Canvas do BMG e passando verificamos os modelos, de acordo com
pelas nove etapas do processo, as abordagens dos temperamentos.
explicamos a proposição de valor do O Design Thinking (DT) surge neste
negócio, a segmentação de clientes, a capítulo como um tema totalmente
seleção de canais e escolha da forma relacionado aos novos negócios e a
de relacionamento com os clientes. forma como construímos a relação com
Também falamos sobre o fluxo o cliente, principalmente na elaboração
de receitas, os recursos chave, as da proposta de valor de nosso negócio.
atividades chave e parcerias, fechando Ainda, falamos sobre as fases do DT e
com a estrutura de custos. Lembramos duplo diamante da expansão de ideias
que a utilização deste modelo permite e foco. Neste contexto, abordamos
que possamos pensar em inovação em também o Mínimo Produto Viável ou
cada um destes quadrantes. Produto Mínimo Viável (MVP) e as
Apresentamos alguns modelos suas características de protótipo que
preenchidos do BMG para facilitar o auxilia o desenvolvimento do produto
entendimento e também para destacar ou serviço de forma diferenciada, com
as categorias de modelos de negócios a participação do cliente.
Refletindo
PARCERIAS E
POSSIBILIDADES
Desenvolvimento de novos produtos e novos
modelos empresariais suportados por
incubadoras e alianças estratégicas
Buscar e desenvolver parcerias é uma característica dos
empreendedores de sucesso. Neste contexto as incubadoras
tornaram-se um importante ponto de apoio ao desenvolvimento
de novos negócios com foco nas necessidades locais e globais,
com suporte inicial que facilita o processo empreendedor.
EMPREENDEDORISMO 44
de incubadoras no Brasil, destaca a exis- O foco principal é a oferta de espaço físico de boa qualidade a baixo custo, além da oferta de
tência de 369 incubadoras de empresas em recursos compartilhados, como auditórios, salas de reunião, equipamentos de uso comum,
todo o país. Essas incubadoras conseguem dentre outros. Uma definição característica dessa geração define uma incubadora de empresas
reunir um grande número de empresas Primeira Geração
como sendo uma estrutura física que oferece a novas e pequenas empresas, aluguéis acessíveis,
incubadas (cerca de 2.310 empresas) e em- escritórios compartilhados, serviços de logística e organiza gestão de negócios e assistência
financeira. Outra característica importante dessa geração é a atuação da incubadora como um
presas graduadas (cerca de 2815 empresas).
ambiente para transformar as tecnologias geradas em universidades e centros de pesquisa
em negócios, numa estratégia que pode ser entendida como “technology push2”.
A associação considera empresas in-
O foco dessa geração deixa de ser somente no espaço físico e nos recursos compartilhados
cubadas aquelas que estão no processo de para enfatizar serviços de apoio ao desenvolvimento empresarial, como treinamentos,
incubação, ou seja, utilizam o espaço da mentorias, coaching, dentre outros. Uma incubadora de empresas pode ser definida como
incubadora e os serviços por ela oferecidos. uma organização que oferece uma variedade de serviços de desenvolvimento empresarial e
Segunda Geração
As empresas graduadas são aquelas que acesso a pequenos espaços em termos flexíveis, de forma a atender as necessidades de novas
já passaram pelo processo de incubação. empresas. O pacote de serviços oferecidos é projetado para melhorar as taxas de crescimento
e de sucesso das novas empresas, com consequente aumento do impacto sobre a economia
Também fica claro nas pesquisas da enti-
da região. Assim, essa geração possui um viés claramente expresso como “market-pull ”.
dade, a importância do alinhamento das
Além dos elementos disponibilizados pelas incubadoras das duas gerações anteriores, as
incubadoras no Brasil com as boas práticas
incubadoras dessa terceira geração focam na criação e na operação de redes para acesso a
de gestão existentes no país e no exterior, recursos e conhecimentos, sintonizando a incubadora ao ecossistema de inovação no qual ela
buscando alinhar-se com o conceito de está inserida. Um conceito típico dessa geração é o apresentado em estudo feito pelo infoDev:4
Terceira Geração
incubadoras de terceira geração, conforme “uma incubadora de empresas é uma organização que acelera e sistematiza o processo de
o quadro ao lado demonstra: criação de empreendimentos bem-sucedidos, por meio do fornecimento de um conjunto de
apoios abrangentes e integrados, incluindo espaço físico, serviços de suporte e oportunidades
de networking e integração com clusters”.
Quadro: Gerações das incubadoras Fonte: Anprotec (2016).
² Abordagem de análise da inovação que considera o conhecimento científico como propulsor do processo de inovação.
³ Abordagem de análise da inovação que considera a demanda de mercado como propulsora do processo de inovação. (Também é conhecido como
demand-pull).
4
infoDEV. Global Good Practice in Incubation Policy Development and Implementation. Disponível em http://www.infodev.org/infodev-files/resource/
InfodevDocuments_834.pdf
EMPREENDEDORISMO 46
O modelo das incubadoras, no Brasil, com foco no apoio a atividade empreen- b) A importância da presença de empresas
dedora e inovadora, está buscando atingir este terceiro nível (3ª Geração), com apoio incubadas e graduadas é vital para os
do Sebrae e da Anprotec, 108 incubadoras estão implantando o modelo Cerne, que mercados dos locais onde estão inseridas.
foi concebido, visando propor processos genéricos e práticas que permitam a incu- A Organização para a Cooperação e
badora assumir seu papel no ecossistema de inovação local. O modelo Cerne possui Desenvolvimento Econômico (OCDE) considera
três camadas, conforme podemos observar na figura Modelo Cerne: que aproximadamente 60% dos empregos
Nessa camada, o foco dos processos está na gestão da incubadora criados em todo o mundo são gerados por
como um empreendimento e na ampliação de seus limites, ou seja,
são os processos da incubadora referentes a finanças, pessoas e ao empresas com menos de 20 empregados.
relacionamento desta com o entorno Paralelamente, a organização identificou que
Incubadora a capacidade de geração de novos empregos
O foco dessa camada são os processos que viabilizam a transfor- em uma empresa decresce a partir de seu
mação de ideias em negócios.
quarto ano de existência, visto que começa
Processo
a atingir sua maturidade.
Essa camada inclui os processos diretamente relacionados com a
geração e o desenvolvimento dos empreendimentos
c) Os programas das incubadoras buscam
Empreendimento trabalhar, sistematicamente, a inovação
Figura: Modelo Cerne Fonte: Anprotec, 2016 de modelos de negócios, tecnologias
empregadas e conceitos, os quais tornam
A importância da estruturação de um modelo como o Cerne, está na possibi- as pequenas empresas mais propensas à
lidade de reprodução do sucesso de programas de incubação e, consequentemente, inovação, buscando diferenciar-se para
das empresas incubadas. Essa possibilidade permite encurtar etapas e contribuir para sobreviverem. Esta diferenciação gera
a competitividade dos negócios, também para o desenvolvimento local sustentável, crescimento econômico e impacta na criação
visto que estudos realizados no Brasil e no exterior demonstram que existe uma es- e redistribuição da riqueza.
treita relação entre negócios graduados e o desenvolvimento local, gerando impactos d) Dados do Banco Mundial indicam que
positivos. Podemos destacar entre estes impactos, os seguintes: quatro em cada cinco novos empregos são
gerados atualmente por micro e pequenas
a) O custo de criação de um emprego nas empresas incubadas/graduadas e de sua atuação na empresas. Isso significa que, nos últimos
economia local é compatível com os custos de criação de empregos, oriundos de uma política anos, globalmente, cerca de 2/3 do saldo
de atração de investimento empregada pelo governo. dos empregos foi gerado por pequenas
EMPREENDEDORISMO 47
risco que financiaram muitas startups e demonstram que as empresas incubadas e 5-9 11,3 15,5
incorporaram a essas empresas tecnologias graduadas se classificam, em sua grande 10 - 19 3,7 9,8
de outras empresas existentes - acelerando maioria, entre micro e pequenas empresas 20 - 49 2,3 7,0
seu desenvolvimento e encurtando o (96% entre as empresas incubadas e 85,9% 50 - 99 0,2 1,4
desenvolvimento de tecnologias inovadoras entre as empresas graduadas), conforme 100 - 249 0,0 1,0
-, seja através de programas de incubação demonstra a tabela distribuição das em- 250 - 499 0,2 0,4
e/ou aceleração de empresas. presas incubadas e graduadas por porte. Acima de 499 0,0 0,3
e) Estudos da International Business Total 100,0 100,0
Classificação Incubadas (%) Graduadas (%) Tabela: Geração de emprego em empresas incubadas e graduadas
Innovation Association - INBIA e da OCDE Fonte: FGV, 2016
sugerem que cerca de 80% dos graduados
16,4 Ao analisarmos as duas tabelas do
permanecem atuando no mesmo local Microempresa 31,3
estudo da FGV, podemos observar a con-
onde foram incubados, ajudando no Pequena 64,7 69,5
firmação do que foi apresentado anterior-
desenvolvimento e na dinâmica econômica Média 3,1 8,9
mente, visto que em relação ao número
local. Dado o contexto e a natureza dos Grande 0,9 5,2
de empresas que empregam mais de 10
empreendedores incubados no Brasil, TOTAL 100,0 100,0
pessoas, registra-se um aumento de 6,4%
pode-se imaginar que a realidade não seja Tabela: Distribuição das empresas incubadas e graduadas por porte
Fonte: FGV, 2016 (empresa incubadas) para 19,9% (empresas
diferente dos números apresentados pelos
estudos internacionais. Esse conjunto de O mesmo estudo da FGV, com base graduadas).
dados comprovaria a contribuição direta em dados da RAIS, demonstra os percen-
tuais de empresas incubadas e graduadas Em um estudo realizado no Reino
das empresas incubadas/graduadas no
desenvolvimento local. conforme a sua capacidade de geração de Unido, buscando identificar o impacto na
Quadro: Impactos dos empreendimentos incubados/graduados empregos. Estes números podem ser veri- incubação de empresas, nas empresas com
Fonte: Anprotec, 2016.
ficados na tabela geração de emprego, em alto potencial de crescimento, demonstrou
empresas incubadas e graduadas. que as incubadoras geram influências nas
EMPREENDEDORISMO 48
empresas apoiadas, gerando um maior crescimento para estas empresas. O estudo Outra opção de apoio a novos em-
também apontou que o desenvolvimento da credibilidade, a possibilidade de encur- preendimentos, principalmente startups,
tamento da curva de aprendizagem de seus empreendedores, as condições de acesso são as aceleradoras. Este tipo de mecanis-
a uma rede de relacionamento de empreendedores e a capacidade de resolução de mo de apoio difere das incubadoras por
problemas de forma mais ágil, são fatores que contribuíram para este crescimento não ter vínculos com centros acadêmicos
mais acelerado das empresas incubadas em relação às empresas que não passaram e possuir grande foco em negócios esca-
por períodos de incubação. Essa relação fica mais evidente na figura de crescimento láveis. As aceleradoras são normalmente
com incubação, versus crescimento sem incubação. lideradas por empresários e empreendedo-
res de renome, que garantem capacidade
de investimento, quer utilizando capital
próprio ou através de financiamento via
Período de Incubação
capital de risco.
mento, que participam do processo de ace- Parcerias e alianças estratégicas na produção ou na venda de produtos ou
leração das empresas escolhidas. Também, serviços.
é comum a aceleração durar pouco tempo
Ao relembrarmos o Business Model
e buscar, principalmente, levar as empre- As alianças estratégicas podem ser
Canvas, verificamos que existe um qua-
sas que desenvolvem negócios escaláveis agrupadas em três categorias, que são:
drante que é chamado parcerias chave.
para o mercado, buscando investimento alianças sem participação acionária, alian-
Parcerias e alianças estratégicas fazem
por meio de capital de risco. As empresas ças com participação acionária e joint-
grande diferença ao fomentarem o cresci-
aceleradas podem ou não terem passado -ventures.
mento das empresas, com custos menores
por processos de incubação.
do que teriam, se estivessem agindo de
Para melhor entendermos os mo-
forma isolada. Na literatura da área de
No Brasil, existem aceleradoras que delos de alianças estratégicas propostos,
estratégias e de empreendedorismo, en-
desenvolvem atividade de aceleração sem a figura alianças estratégicas, apresenta os
contramos parcerias e alianças como um
fins lucrativos, com foco em negócios so- conceitos de cada uma das três categorias
termo semelhante. Assim, abordaremos as
ciais de alto impacto. É o caso da Artemi- citadas anteriormente, bem como o des-
alianças estratégicas neste Ebook.
sia, que tem foco em negócios escaláveis dobramento das alianças sem participação
de cunho social. acionária.
Com Empresas parceiras
suplementam os acordos
Estas possibilidades, incubadoras e ALIANÇAS participação
acionária
com participação acionária
ESTRATÉGICAS uma da outra
aceleradoras, tornam mais fácil o ato de
empreender e criam alianças que geram Sem participação
Joint-ventures As empresas parceiras criam uma
empresa legalmente
Logo
neste caso as empresas não outras usem seu nome para
assumem participação
ecossistema empreendedor, cuja finalidade acionária uma da outra e nem
criam uma unidade
Acordos de licenciamento
vender produtos
As alianças estratégias são impor- podem caracterizarem-se como incubado- através da cooperação em determinados
tantes na medida em que podem ser uti- ras e primeira geração, segunda geração e momentos.
lizadas pelas empresas para melhorar o terceira geração, iniciando com a oferta de
desempenho de suas operações, ou mesmo espaço e recursos compartilhados, passan-
para criar condições para um ambiente do pelo apoio ao desenvolvimento empre-
competitivo favorável, ou ainda, para fa- sarial e chegando a criação e operação de
cilitar a entrada ou a saída de novos mer- redes de acesso a recursos e conhecimento.
cados ou setores.
Aprendemos que empresas incuba-
Revisando das são as empresas que estão em pleno
processo de incubação e empresas gradu-
adas são as empresas que passaram pelo
Ao abordarmos as parcerias e pos- processo de incubação e já estão atuando
sibilidades da ação empreendedora, apre- no mercado.
sentamos a possibilidade das incubadoras
de empresa, que oferecem um ambiente Percebemos que negócios escalá-
planejado e seguro para o desenvolvimento veis são caracterizados pela capacidade
de novos negócios. de reproduzir em grandes quantidades,
repetidamente, aquilo que gera ganho de
Citamos os tipos de incubadoras escala e produtividade, sem demandar um
conforme o tipo de empreendimento, que aumento de recursos na mesma proporção.
são: incubadoras de empresas de base tec-
nológica, incubadoras de empresas dos Ao falarmos sobre as alianças es-
setores tradicionais e incubadoras de em- tratégicas, descobrimos que podem ser
presas mistas. classificadas em alianças sem participa-
ção acionária, com participação acioná-
Também vimos que as incubadoras, ria e join-ventures. E que são utilizadas
conforme o tipo de apoio que oferecem, para facilitar o crescimento das empresas,
Refletindo
BUSCANDO
CRESCIMENTO
Impacto social e o crescimento da
comunidade onde estamos inseridos
EMPREENDEDORISMO 53
desenvolvimento, é fundamental para ga- modelos de negócio que somente uma tec- Inicialmente, a internet possibilitou
rantir a continuidade do processo. nologia integradora conseguiria promover. novas formas de apresentação das empresas
e contatos com os clientes, a medida que
O crescimento não acontecerá por a aderência a esta nova forma de comuni-
acidente e sim por capacidade e trabalho cação foi crescendo, novas oportunidades
organizado. Então, temos que buscar a surgiram. As mudanças de comportamento
efetividade em nossas ações diárias e o dos consumidores geraram respostas por
empreendedor é o líder, aquele que todos parte dos empreendedores e o surgimento
observam. Para criar uma cultura de en- de aplicativos novos, que criaram as redes
gajamento, é necessário estar engajado e sociais, causaram uma nova revolução no
comprometido com o sucesso da empresa. modelo de negócios.
Isso exige dedicação em tempo integral,
mas o crescimento toma tempo do em- A partir de 2004, a evolução da Web
preendedor e cria novas situações cada 2.0, criando o conceito de plataforma, onde
vez mais difíceis de gerenciar. Por isso, é temos uma segunda geração de serviços e
importante delegar e preparar sua equipe tecnologia, utilizados para gerar experi-
para assumir responsabilidades. O e-commerce ou comércio ele- ência de conteúdo para os usuários. Este
trônico é a realização de comunicações modelo gera trocas de informações, que
Empreendedores e a internet e transações de negócios através de rede permitiram o surgimento de negócios das
e computadores, mais especificamente, a mais variadas formas, visando atender as
compra e a venda de produtos e serviços, necessidades de clientes que se tornaram
Desde o crescimento da internet, na e a transferência de fundos através de co- mais participativos.
década de 90, no século passado, obser- municações digitais. Também podemos
vamos um avanço constante de suas fun- incluir todas as funções entre empresas e As novas opções advindas do uso da
cionalidades e com o advento do comércio intraempresas (tais como marketing, fi- internet e do surgimento do e-commerce
eletrônico, posteriormente, denominado nanças, produção, vendas e negociação) influenciaram o comportamento do con-
e-commerce. Nele, vimos a aproximação que viabilizam o comércio eletrônico sumidor (atividades mentais e emocio-
entre empresas e clientes gerarem novos (Adaptado de E-commerce Brasil). nais realizadas na seleção, compra e uso
EMPREENDEDORISMO 55
Então pessoal, é inegável o cresci- De acordo com o Secundados (2016), A terceira onda do Express, uma
mento de oportunidades oferecidas pela o faturamento do mercado online caiu de pesquisa nacional online do CONEC-
internet para o empreendedorismo digi- R$ 8,2 bilhões em 2008, para R$ 35 bi- TAí (iniciativa do IBOPE, referência no
tal, segundo a terceira edição da pesqui- lhões no ano de 2014. A pesquisa também Brasil e na América Latina em pesquisas
sa PayPal/Ipsos, que entrevistou mais de apontou que o número de consumidores na baseadas na voz do consumidor), revela
28 mil pessoas de 31 países, sendo 800 Internet cresceu de 13,2 milhões para 63 que 90% dos usuários de Internet do país
brasileiros, entre o final de setembro e milhões, no mesmo intervalo de seis anos. costumam fazer compras online, sendo que
começo de outubro 2016. Aqui, 67% dos os itens mais comprados são, em ordem,
brasileiros afirmaram ter feito compras Segundo o Estudo Geral de Meios, eletrodomésticos, roupas e eletrônicos,
online nos últimos 12 meses. E, apesar conduzido pela Ipsos Connect, enquanto conforme apresentado na Itens, que os
da crise, 44% dos entrevistados disseram os entrevistados declararam gastar, em internautas compram ou já compraram
que pretendem aumentar seus gastos no média, R$ 229,00 por mês em lojas físi- pela internet. A pesquisa foi realizada com
E-commerce durante o próximo ano. cas de shopping, os usuários de Internet 2.000 internautas, em junho de 2016.
declaram investir, em média, R$ 428,00
Uma pesquisa apresentada no site mensais em compras online. Esses valores,
E-commerce Brasil chama a atenção tam- de acordo com a Ipsos, variam de acordo
bém para o crescimento das compras dos com a classe social. A pesquisa ouviu um
brasileiros via smartphone, que subiu de total de 55.576 pessoas entre os meses de
13% para 17%, entre 2015 e 2016. Apesar julho de 2015 e junho de 2016, residentes
de uma leve queda, de 76% para 74%, o nas principais regiões metropolitanas do
PC (desktop e laptop) continua sendo o Brasil.
dispositivo mais usado para as compras Conforme informação da E-bit, o
online. Já os tablets, com vendas cada vez setor movimentou R$ 28,8 bilhões em
menores pelo mundo, também foram me- 2013 e R$ 35,8 bilhões em 2014, aumento
nos usados na hora de acessar plataformas de 24% em relação ao ano anterior. Em
de E-commerce, caindo de 7% para 4% 2015, chegou a R$ 41,3 bilhões, cresci-
no último ano. mento nominal de 15,3%, se comparado
a 2014.
Figura: Itens que os internautas compram ou já compraram pela
internet Fonte: Conectaí (2016)
EMPREENDEDORISMO 58
Agora que conhecemos um pouco oportunidades inovadoras, através da cria- isso ele possui habilidades mais aplicá-
mais sobre as possibilidades do empreen- tividade e da integração de processos, de veis a uma determinada tarefa que é sua
dedorismo digital, vamos continuar nosso forma a eliminar barreiras de comunica- responsabilidade. Deixando mais claro,
estudo falando do intraempreendedorismo ção e promoverem a visão sistêmica do podemos dizer que o intraempreendedor é
e do empreendedorismo social. negócio. focado em determinados processos dentro
da empresa e não em toda a empresa.
Intraempreendedorismo e Intraempreendedorismo é um conceito
Empreendedorismo social relativamente recente que se concentra Verdadeiros motores da inovação
em funcionários de uma empresa dentro das empresas, os intraempreen-
dedores tornam-se habilidosos soluciona-
Vamos finalizar falando do intraem- que têm muitos dos atributos dos
dores de problemas, visto que encontram
preendedorismo e do empreendedorismo empresários. Um intraempreendedor as formas mais eficazes para realizar as
social, duas vertentes do empreendedoris- é alguém dentro de uma empresa, que tarefas e geram as principais contribuições
mo que despertam muito interesse. O in- assume riscos em um esforço para aos aumentos na produtividade dentro das
traempreendedorismo também é conheci- resolver um determinado problema. companhias. Eles estão sempre orientados
do como empreendedorismo corporativo e (NEWLANDS, 2017) para o mercado e buscam incessantemen-
empreendedorismo interno. As mudanças te políticas, tecnologias e aplicações que
que ocorrem no macroambiente das em- O nível de foco é o que diferencia resolvam uma barreira ao aumento da
presas, tornam necessária a identificação empreendedores e intraempreendedores. produtividade.
de perfis diferenciados entre os colabora- Enquanto o empreendedor pensa no ne-
dores e, consequentemente, o aproveita- gócio como um todo e assume o risco do Podemos verificar que existe uma
mento destes perfis de forma a conduzir empreendimento, o intraempreendedor grande ligação entre o empreendedorismo
a obtenção dos resultados almejados pelas atua em empresas já estabelecidas para e o intraempreendedorismo, ao conside-
empresas. resolver um problema específico. rarmos que é muitas vezes assumindo ta-
refas intraempreendedoras que permitem
Nesse contexto, a implantação de Certamente, o intraempreendedor a alguém construir as habilidades neces-
uma cultura empreendedora surge com assumirá riscos também, mas dentro do sárias para, eventualmente, tornar-se um
plano de fundo para a identificação de contexto de sua atividade na empresa, por empreendedor. Sendo assim, o intraem-
EMPREENDEDORISMO 59
preendedorismo.
$
Recompensar o comportamento proativo: Líderes e
gerentes não devem estar controlando cada detalhe
do que seus funcionários fazem. Eles devem ser
mais “mãos-off” e recompensar os que encontram
Fonte: Adaptado de MARTIN (2016) maneiras de melhorar a eficiência por conta própria.
Editado por Gabriel Olmiro
EMPREENDEDORISMO 61
A criação de uma cultura de intra- Sabemos todos que o empreende- Existe uma fronteira muito tênue
empreendedorismo apresenta grandes van- dorismo e a capacidade de inovação são que divide os conceitos de empreendedo-
tagens para as organizações. Apesar disso,dinamizadores das modernas economias, rismo social, voluntariado e caridade, ao
a Intrapreneurship Conference considera das quais tornam-se fatores muito impor- analisar os conceitos de empreendedorismo
que, devido à amplitude e profundidade de tantes. Ainda, é necessário, principalmente social, validados por instituições que são
seu alcance e impacto potencial, não é umaem tempos de crise, adotarmos ações que referência à área, encontramos a mesma
tarefa fácil implementar o intraempreen- gerem crescimento e desenvolvimento, dificuldade em identificar esta diferen-
dedorismo e obter resultados sustentáveis a
que reduzam o desemprego e gerem ren- ça, como podemos observar no quadro:
partir dele. Não há uma receita sobre comoda. Para isso, este crescimento tem de ser Conceitos de Empreendedorismo Social.
fazê-lo, pois em grande parte depende da inclusivo, tem de permitir acesso ao co-
cultura única e contexto da organização. nhecimento e capital. Novos modelos de O empreendedor social é alguém que
Outro tema importante que falamos negócio devem compatibilizar de forma trabalha de forma empreendedora para
no início desta seção é o empreendedo- clara o sucesso empresarial ao sucesso da um benefício público ou social, invés de
rismo social e vamos agora conhecer um sociedade como um todo. ter por objetivo a maximização do lucro.
pouco mais sobre esta opção. Um em- Os empreendedores sociais podem
presário é um empreendedor, ao consi- Quando o valor é compartilhado,
trabalhar em negócio éticos, organizações
derarmos que no início de sua atividade os modelos de geração de valor entendem
públicas ou privadas, em voluntariados ou
apresentou as características necessárias que a geração de valor econômico está
ao desenvolvimento de um negócio. Um diretamente ligada à geração de valor para no setor comunitário. (School for Social
empreendedor não é necessariamente um a sociedade, e neste contexto aparece com Entrepreneurship - Reino Unido)
empresário, visto que analisamos há pouco grande destaque a figura do empreendedor Um empreendedor social é inovador, e
a possibilidade do intraempreendedorismo, social. possui características dos empresários
mas também é empreendedor aquele que Os empreendedores sociais são indivíduos tradicionais como a visão, a criatividade e
deseja mudar o mundo, que deseja fazer que têm soluções de inovação para problemas a determinação, as quais aplicam e focam
algo que mude a realidade das pessoas, sociais. São ambiciosos e persistentes,
na inovação social. (Canadian Center for
que se empenhe em melhorar algo. Nessa enfrentam os maiores problemas sociais e
categoria encontram-se os empreendedores oferecem alterações a larga escala. Sakar Social Entrepreneurship)
sociais. (2010)
EMPREENDEDORISMO 62
receberam investimentos da ordem de R$ Segundo a reportagem, “trabalhar compras, marketing, vendas e gestão de
40 milhões. As ações empreendidas por simplesmente em troca de um salário no
pessoas, essas são algumas das áreas que
estes negócios impactaram a vida de 23 fim do mês não inspira essa nova geração”.
milhões de pessoas. Em 2011, quando Destaca-se ainda, que as principais áreas necessitam processos bem organizados e
iniciaram as atividades do programa de de atuação do empreendedorismo social focados no crescimento da empresa.
aceleração, surgiram 200 empresas buscan- são: saúde, educação, serviços financeiros A internet e suas possibilidades é outro
do as 10 vagas oferecidas pelo programa. e moradias. tema que tratamos neste capítulo. As
Atualmente, são 500 novos negócios por possibilidades são infinitas e não estão
semestre, buscando participar da acele- Dessa forma, falando sobre um tema restritas ao e-commerce.
ração. muito importante para o desenvolvimento
Vimos, também, que o e-commerce ou
de nosso país e totalmente voltado ao em-
Maure Pessanha, diretora-executiva preendedorismo moderno, colaborativo e comércio eletrônico adquiriu grandes
da organização, acredita que o fortaleci- engajado, vamos encerrando nosso Ebook. proporções ao permitir a comercialização
mento da cultura do empreendedorismo, Esperamos despertar em todos o desejo de produtos e serviços em larga escala e
bem como o elevado número de empre- de empreender, de arrojar-se em novos sem a limitação geográfica.
endedores que buscam uma carreira com caminhos e contribuir, significativamente, A Web 2.0 trouxe mais oportunidades
propósito, são os propulsores deste cres- para a evolução de nossa sociedade. ao permitir ampliar as formas de
cimento.
relacionamento entre as empresas e
Revisando seus clientes e o uso de aplicativos (e
Em uma reportagem publicada no
portal Globo News, em março de 2016, Ao finalizarmos nosso Ebook, falamos sua disseminação), que criaram novos
encontramos a referência a uma pesqui- sobre a gestão de novos negócios e a comportamentos dos consumidores, aos
sa da empresa Deloitte, que apresenta o necessidade de organização do processo quais as empresas precisam adaptar-se
percentual de 73% dos millennials, os hi- constantemente.
perconectados da geração Z, como pessoas
de gestão para permitir o desenvolvimento
e crescimento das empresas que estão Com isso, o empreendedorismo
preocupadas a desenvolver carreiras atre-
nascendo. digital tornou-se uma opção que tem
ladas a um propósito com impacto social.
Fluxo de caixa, controle de processos, apresentado grande crescimento e
6
Artemisia: Organização pioneira em negócios sociais no Brasil.
Site: artemisia.org.br
EMPREENDEDORISMO 64
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