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EMPREENDEDORISMO

LUIS PAULO SOARES MUNHOZ


EMPREENDEDORISMO 2

SUMÁRIO
Introdução 3 Revisando 41
Empreendedorismo e o Parcerias e Possibilidades 43
processo empreendedor 6
As incubadoras de empresa e o apoio ao
Empreendedorismo no Brasil e no mundo: a desenvolvimento de novos produtos 44
nova realidade dos negócios 7
Parcerias e alianças estratégicas 49
O processo empreendedor e o ciclo de vida
CENTRO UNIVERSITÁRIO UNIFTEC
das organizações 9 Revisando 50 Rua Gustavo Ramos Sehbe n.º 107.
Caxias do Sul/ RS
Reconhecimento de oportunidades: Buscando Crescimento 52
dos negócios tradicionais aos de base REITOR

tecnológica 10 Administrando um negócio em crescimento 53 Claudino José Meneguzzi Júnior


PRÓ-REITORA ACADÊMICA
Débora Frizzo
O processo de inovação empreendedora 16 Empreendedores e a internet 54 PRÓ-REITOR ADMINISTRATIVO
Altair Ruzzarin
DIRETORA DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA (NEAD)
O Novo Empreendedorismo 20 Intraempreendedorismo e Lígia Futterleib
Empreendedorismo social 58
Modelo mental do Empreendedor (Mindset) 30
Desenvolvido pelo Núcleo de Educação a
Revisando 63 Distância (NEAD)
Design Thinking e Mínimo Produto Viável 32 Designer Instrucional
Sabrina Maciel
Diagramação, Ilustração e Alteração de Imagem
Empreendedorismo de alto impacto Igor Zattera, Gabriel Olmiro Castilhos
(Startups) 35 Revisora
Ana Clara Garcia
EMPREENDEDORISMO 3

INTRODUÇÃO
Estudar o empreendedorismo e o
desenvolvimento do processo empreendedor,
esse é o objetivo deste Ebook. Então, para
realizarmos tal tarefa, dividimos a obra em
quatro capítulos
Estudar o empreendedorismo e o desenvolvimento do
processo empreendedor, esse é o objetivo deste Ebook. En-
tão, para realizarmos tal tarefa, dividimos a obra em quatro
capítulos.

O primeiro capítulo aborda os conceitos de empreende-


dorismo e busca descrever o processo empreendedor. Passando
por um estudo da importância do empreendedorismo e o
ciclo de vida das organizações, vamos também falar sobre o
desenvolvimento econômico e a nova realidade dos negócios
que geram novas oportunidades. Aliás, oportunidade é motor
do empreendedorismo. A capacidade de reconhecer oportu-
nidades tem permitido o surgimento de negócios inovadores,
tanto em modelos tradicionais de empreendimento, quanto
nos modelos de base tecnológica.
EMPREENDEDORISMO 4

Estudar o empreendedorismo e o dedorismo, mais tecnológico e que busca e as relações com os clientes. Onde novas
desenvolvimento do processo empreende- inovar constantemente. ferramentas são incorporadas ao conjunto
dor, esse é o objetivo deste Ebook. Então, de metodologias dos empreendedores.
para realizarmos tal tarefa, dividimos a No segundo capítulo, abordaremos
obra em quatro capítulos. o novo empreendedorismo que trabalha Entre as novas ferramentas, o Bu-
muito forte na modelagem de negócios siness Model Generation (BMG), utili-
O primeiro capítulo aborda os inovadores e que utiliza ferramentas que zando um canvas para permitir que os
conceitos de empreendedorismo e bus- o aproximam muito de seu futuro cliente. empreendedores e suas equipes consigam
ca descrever o processo empreendedor. Onde é possível vermos novas empresas desenhar seu modelo de negócios, e mais
Passando por um estudo da importância surgirem onde o cliente já está em contato, ainda, consigam pensar em possíveis ino-
do empreendedorismo e o ciclo de vida mesmo antes da empresa existir formal- vações.
das organizações, vamos também falar mente. Nesse sentido, vamos falar desse
sobre o desenvolvimento econômico e a tema e iniciaremos falando sobre o modelo Com nove quadrantes, o BMG
nova realidade dos negócios que geram de negócios das empresas. apresenta diversas possibilidades de cria-
novas oportunidades. Aliás, oportuni- ção de processos inovadores, todos liga-
dade é motor do empreendedorismo. A Nosso caminho passará pela iden- dos à construção da proposta de valor que
capacidade de reconhecer oportunidades tificação do negócio, para que possamos deve atender as necessidades dos clientes
tem permitido o surgimento de negócios definir o que vamos trabalhar e, posterior- selecionados.
inovadores, tanto em modelos tradicionais mente, à construção do modelo de negócio O Design Thinkign é outra opção
de empreendimento, quanto nos modelos da empresa usando a metodologia Business de metodologia que foi incorporada ao
de base tecnológica. Model Generation, com o uso do Canvas.
arsenal dos novos empreendedores, vi-
Certamente, que esse processo ino- sando aproximar clientes e negócios. O
Neste Ebook, falaremos sobre
vador exige novas visões e novas posturas produto mínimo viável (MVP), trouxe
processo de inovação empreendedora,
dos empreendedores, bem como o que para o mundo empreendedor a possibili-
abordando as diferenças entre invenção e
chamamos de modelo mental do empre- dade da prototipagem básica, e com isso,
inovação, demonstrando que empreende-
endedor ou mindset. Essa nova postura criou interações maiores com os clientes
dorismo e inovação andam de mãos dadas,
constrói novas formas de ver os negócios em fases mais iniciais do processo de de-
gerando um novo modelo de empreen-
senvolvimento do negócio.
EMPREENDEDORISMO 5

Certamente, todas essas opções Claro, que ao falarmos em parce- Desejamos uma ótima leitura a to-
do novo empreendedor, trouxeram como rias, não poderíamos deixar de abordar as dos, e que ao percorrer as páginas desta
resposta a criação de empresas com alta alianças estratégicas e suas modalidades. obra, o espírito empreendedor seja desper-
escalabilidade e alto impacto, chamadas tado, se ainda não o foi, apresentando o
startups e que também serão estudas no Finalizando nosso Ebook, o quarto mundo de oportunidades que se constroem
final deste capítulo. e último capítulo, chama-se: “Buscando a partir do processo empreendedor.
crescimento”, e apresenta, de forma sim-
Parcerias e possibilidades é o títu- ples, os principais processos que devem ser
lo do terceiro capítulo e embora curto, organizados para permitir o crescimento
apresenta as incubadoras de empresas da empresa. Falamos sobre a criação de
enquanto um modelo de apoio e parce- um sistema de gestão o qual permita que
ria, a qual permite o desenvolvimento de a empresa passe da fase inicial e continue
novos negócios, principalmente de base crescendo e inovando.
tecnológica. Muito embora tenhamos no
Brasil, segundo o Ministério de Ciência Impossível falar em crescimento e
e Tecnologia, incubadoras que também não incluir entre os temas a internet e suas
apoiam empresas que adotam o modelo possibilidades para o mundo empreen-
tradicional de empreendedorismo e in- dedor, desde a divulgação do negócio até
cubadoras mistas. a oportunidade de criação de negócios
inovadores e totalmente baseados na rede.
Além disso, veremos que as incu-
badoras, conforme a sua capacidade de Para fechar, falamos sobre o intra-
oferecer apoio, podem ser definidas em empreendedorismo, ou empreendedoris-
três gerações, iniciando pelo apoio básico mo corporativo, e também, a opção por
(espaço e algumas atividades), até o apoio utilizar o processo empreendedor em prol
à formação de um ecossistema empreen- da sociedade e das causas sociais, o em-
dedor. preendedorismo social.
EMPREENDEDORISMO 6

EMPREENDEDORIS-
MO E O PROCESSO
EMPREENDEDOR
A atividade empreendedora e a inovação
Nesta primeira seção de nosso Ebook, vamos falar sobre
os conceitos básicos envolvidos na atividade empreendedora,
logo estudaremos também o processo empreendedor. Para
iniciar nosso estudo, vamos explorar, primeiramente, o em-
preendedorismo em relação a nova realidade dos negócios.
EMPREENDEDORISMO 7

Empreendedorismo no Brasil e fruto de interesses humanos, influenciados endedorismo gera inovações que podem
no mundo: a nova realidade dos por diferentes entornos sociais, culturais e criar uma ruptura no fluxo econômico vi-
econômicos. Assim, o empreendedorismo
negócios gente, de forma a gerar uma transformação
deve ser visto de um modo abrangente,
sendo mais bem compreendido como uma radical em setores, ramos de atividade ou
O processo empreendedor compre- configuração de dimensões do indivíduo, até mesmo em territórios.
ende a busca por um novo empreendi- do empreendimento e do contexto onde
mento, que pode caracterizar-se pela a ação empreendedora se manifesta. O Por essa razão, Schumpeter é uma
introdução de novos produtos em mercados empreendedorismo deve ser visto de um referência na formação do conceito de
existentes, produtos existentes em novos modo abrangente, sendo mais bem com-
empreendedorismo. Suas contribuições
preendido como uma configuração de
mercados ou a criação de uma nova organi- foram muito relevantes para a criação de
dimensões do indivíduo, do empreendi-
zação (HISRICH, 2009). Vejam que neste mento e do contexto onde a ação empre- um ecossistema empreendedor que opor-
primeiro passo da conceituação encontra- endedora se manifesta.” tunizasse o crescimento de novas empresas
mos um forte vínculo com a estratégia, baseadas em ideia inovadoras.
pois podemos verificar a Matriz Produto Novamente percebemos, ao analisar
x Mercado de Ansoff, sendo utilizada para o conceito apresentado anteriormente, que Vivemos a era do empreendedoris-
definir parte do processo empreendedor. o ambiente determina o tipo de atividade mo, pois a atuação dos empreendedores
empreendedora que existirá em determi- tem eliminado barreiras culturais, comer-
Continuando, podemos encontrar nado local, por isso mesmo, a importân- ciais e territoriais, encurtando distâncias
outra interessante definição apresentada cia do conhecimento deste contexto e das e promovendo o desenvolvimento (DOR-
por Gimenez, Ferreira e Ramos (2008), variáveis macroambientais o influenciam. NELAS, 2008). Assim, empreendedo-
quando dizem que: rismo apresenta um viés inovador e de
Ainda, podemos dizer que a palavra, desenvolvimento social.
“O empreendedorismo, sendo uma ação empreendedorismo, vem sendo utilizada As alterações que estão ocorrendo na educação e na
humana, é um fenômeno complexo que política de nações desenvolvidas e em desenvolvimento
depende de interações entre pessoas e
com várias conotações, sempre ligadas ao
onde podemos ver o surgimento de incubadoras,
envolve a viabilização e articulação de ato de liderar uma nova organização ou aceleradoras, programas de educação e de
recursos de diferentes tipos. Não é possível desenvolver ações diferenciadas, com foco investimento, com foco na formação empreendedora,
encontrar soluções universais quando esta- no desenvolvimento, em organizações já demonstram a importância do empreendedorismo para
mos buscando compreender ações que são estabelecidas. Para Schumpeter o empre- o desenvolvimento econômico das nações. (Dornelas, 2008)
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As facilidades de comunicação, tra- detalhadamente. O Brasil, neste contex- emprego. Ou seja, o aumento da oferta de
zidas pela constante evolução das mídias to, tem evoluído, porém, ainda temos um emprego, através do aumento da ativida-
e softwares, permitiu que o mundo am- longo caminho a percorrer, principalmen- de econômica, gera a redução do índice
pliasse o processo de globalização e de te, quando envolve buscar a ampliação de empreendedorismo por necessidade.
oportunidades. A partir disso, tivemos do empreendedorismo de oportunidade, Logicamente, o empreendedorismo por
no empreendedorismo um impulso para pois no país ainda temos um alto grau de oportunidade apresenta chances maiores
a criação de novos modelos de empresas e empreendedorismo por necessidade. de sucesso, visto que surge de uma aná-
produtos, surgindo uma nova realidade de lise mais apurada do ambiente, buscando
Empreendedorismo por necessidade: os
negócios. Essa realidade está atrelada ao identificar oportunidades.
empreendedores por necessidade são aqueles
poder econômico das nações, que buscam,
que iniciaram um empreendimento autônomo
através do incentivo ao empreendedoris- A pesquisa do GEM, realizada em
por não possuírem melhores opções para o
mo, manter seu status ou alcançar novos 2016, apresenta o Brasil com um índice
trabalho e precisam abrir um negócio a fim
patamares de desenvolvimento. de 42,4% de novos empreendimentos que
de gerar renda para si e suas famílias.
surgem por necessidade e, 57,4% que sur-
Empreendedorismo por oportunidade: os
Organizações como o Fórum Eco- gem por oportunidade. Isso nos coloca,
empreendedores por oportunidade optam
nômico Mundial e o Global Entrepre- enquanto país, na terceira colocação entre
por iniciar um novo negócio, mesmo quando
neurship Monitor (GEM), acompanham os 65 países participantes da pesquisa no
possuem alternativas de emprego. Eles têm
os números e processos do empreende- empreendedorismo por necessidade. No
níveis de capacitação e escolaridade mais
dorismo em todo o mundo, apresentando entanto, estamos na sexagésima posição,
altos e empreendem para aumentar sua
relatórios que demonstram a capacidade entre os mesmos 65 países, no empreen-
renda ou pelo desejo de independência no
empreendedora e também a competitivi- dedorismo por oportunidade. Esses dados
dade dos países participantes dos estudos trabalho.
Quadro: Empreendedorismo por necessidade e por oportunidade deixam clara a necessidade de ampliarmos
Fonte: Portal Brasil (2014)
realizados. o empreendedorismo por oportunidade,
Conforme o quadro, podemos consi- visto ser este, o que normalmente amplia a
O desenvolvimento tecnológico tem derar que o empreendedorismo por neces- competitividade da nação e gera inovações
propiciado o surgimento de novos negó- sidade está mais inclinado a acompanhar em todos os setores.
cios de alto impacto, os quais, no decorrer a conjuntura econômica em cada país e,
de nosso estudo, iremos conhecer mais consequentemente, está sujeito a oferta de
EMPREENDEDORISMO 9

O processo empreendedor e o sobrevivência, sucesso ou decolagem, expansão e, no final, a maturidade. Esse autor
ciclo de vida das organizações também estudou as possíveis crises que as empresas passam ao transitarem pelos
respectivos estágios, ainda sugeriu as possibilidades que os proprietários teriam para
enfrentar estas crises e continuar o crescimento da empresa. Vejamos a representação
Ao estudarmos o ciclo de vida das
desta teoria na figura a seguir.
organizações, deparamo-nos com várias
Fase 1 Fase 2 Fase 3 Fase 4 Fase 5
teorias que representam diversos está- 5. Crise de
gios que as organizações assumem du- ?
rante seu desenvolvimento. No entanto, Grande
Evolução
Revolução
podemos perceber que grande parte das 4. Crise de

Tamanho da Organização
teorias utilizam metáforas que comparam burocracia
o crescimento das organizações ao cresci- 5. Crescimento através
3. Crise de
mento dos organismos vivos, inclusive ao da colaboração
controle
ser humano. O número de estágios varia
conforme o autor. 4. Crescimento através
2. Crise de da coordenação
autonomia
Para Adizes, um dos autores mais
conhecidos neste tema, o ciclo de vida das 3. Crescimento através
1. Crise de da delegação
organizações tem dez estágios, iniciando Liderança
na infância, passando pelo namoro, toca-
-toca, adolescência, plenitude e estabilida- 2. Crescimento através
da direção
de. Após esses estágios, a empresa entra
na fase de envelhecimento com os estágios 1. Crescimento através
Pequena
de aristocracia, burocracia incipiente, bu- da criatividade

rocracia e por fim, a morte. Jovem Madura


Idade da Organização
Figura: Ciclo de vida das organizações Fonte: Geiner (1997)
Greiner, por sua vez, propôs um ci-
clo de vida de cinco fases, que são: início,
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Observando a figura do ciclo de vida Na segunda fase proposta por Daft, oportunidades? O que são oportunidades?
das organizações, conseguimos perceber as temos a coletividade, onde o número de Tenho várias ideias de negócio, isso quer
fases que o empreendedor deve acompa- funcionários aumenta e surgem metas e dizer que tenho várias oportunidades?
nhar. No início, deve prover criatividade divisões de atividades e processos. Assim,
para garantir o crescimento da empresa. começam a surgir outros líderes e a di- Tudo começa com uma ideia, ou
Na fase seguinte, é necessário organizar reção precisa destes para comunicar seus com uma tecnologia, ou até mesmo com
os processos e dar direção às atividades da objetivos a todos. O crescimento gera a uma inspiração. Quem já teve uma grande
empresa, logo, com a organização, manter necessidade de formalização e regulari- ideia? Já aconteceu com vocês o surgimento
o crescimento da empresa. Esse crescimen- zação dos processos. Nesse seguimento, a de uma ideia, do tipo que não te deixa dor-
to exige do empreendedor mais atenção, e terceira fase traz o início de várias camadas mir, que te faz planejar como transformar
com o tempo fica difícil coordenar todas as de gerenciamento e a separação por seto- esta ideia em um negócio? Como mudar o
ações sozinho, então passa a ser necessário res. Dando sequência ao ciclo, a empresa mundo com esta ideia, com este negócio?
delegar para que o crescimento continue. entra no que Daft chamou de estágio de Já aconteceu com vocês?
As duas últimas fases, coordenação e cola- elaboração, onde é necessário mudar e
boração, também necessitam de atenção e inovar para sobreviver. Então, deparamo-nos com o primei-
ainda mais capacidade do empreendedor. ro obstáculo, que Belsky (2011) denominou
Reconhecimento de “platô de projetos”. Segundo o autor, es-
Por fim, vamos ver a proposta de oportunidades: dos negócios tas ideias incríveis que temos geram uma
Richard Daft, que apresenta um ciclo de tradicionais aos de base alta dose de dopamina para nosso cérebro
quatro fases (empreendedorismo, coletivi- tecnológica criativo, ou seja, quando temos ideias cria-
dade, formalização e elaboração), sendo a tivas que nos deixam extasiados durante
primeira o empreendedorismo, que é uma a noite, passamos para a segunda fase,
fase de início, com a organização pequena Se existe um aspecto que define o que está relacionada à execução, ao ato
e focada no produto ou serviço que for- empreendedor, em uma startup ou em uma de colocar em prática a ideia. Talvez essa
nece. Além disso, existe muita liberdade empresa já estabelecida, é a capacidade de não seja tão agradável para a maioria das
e muito compartilhamento entre os que identificar novas oportunidades de negócio pessoas e, assim, preferimos voltar a fase
estão na empresa. e mais ainda, conseguir aproveitar estas da dopamina, criando novas ideias. Por
oportunidades. Mas, como identificar isso, a maioria das ideias morrem no platô
EMPREENDEDORISMO 11

e perdem sua força. Por isso a execução é que faz a diferença. Logo, as ideias que Vejam que estes autores não estão
conseguem sobreviver ao platô é que, certamente, são adotadas por empreendedores. sozinhos nesta caminhada, para Degen
Na figura a seguir, veja o modelo: (2009), a primeira etapa do processo em-
preendedor está relacionada a ação de
O Platô de Projetos procurar e conhecer a oportunidade de
negócio. Esta etapa, segundo o autor, pode
ser a mais penosa e com certeza é a mais
Nova Ideia Nova Ideia Nova Ideia crítica para o empreendedor. Penosa por
envolver a execução, que está relacionada
a trabalhar a ideia e buscar identificar se
Energia e Excitação

podemos caracteriza -lá como uma opor-


tunidade, para então continuarmos o pro-
cesso empreendedor. Cabe aqui, salientar
que este processo de geração de ideias e de
busca de oportunidades se aplica de forma
semelhante ao empreendedor corporativo,
que passa por fases idênticas, apenas di-
ferenciando no foco, que neste caso, é de
Tempo durante a execução
criação de novas propostas para a empresa
Figura: Platô de projetos Fonte: Adaptado de Beslky(2011)
onde trabalha.
Então, a ideia sobrevivente é o ponto de partida do processo empreendedor e,
de acordo com o que Dornelas (2011), confirma: As novas tecnologias surgem de
“A ideia é algo livre, sem comprometimento com nada e geralmente surge de momentos de oportunidades que foram aproveitadas
criatividade do empreendedor ou de pessoas com as quais convive. No entanto, nem sempre a por empresas e empreendedores atentos
ideia mais criativa torna-se uma oportunidade de negócio. Isso ocorre, porque a oportunidade a novas capacidades da indústria e neces-
é uma ideia com potencial de retorno econômico, a partir da qual o empreendedor poderá criar sidades da sociedade. Mas estas mudanças
produtos e serviços que serão de interesse dos consumidores. Ideias que não proporcionem o podem tornar-se também oportunidades.
retorno econômico serão apenas ideias... (DORNELAS,2011, pg 18)”.
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ção de um plano de análise de oportunidade. Este plano não é um plano de negócios,


“Mudanças tecnológicas são uma fonte de pois apresenta um foco direcionado a ideia e ao mercado dessa ideia. O objetivo do
oportunidades de empreendedorismo, plano de análise de oportunidade é fornecer ao empreendedor uma base para decisão
porque possibilitam que as pessoas de agir ou esperar outra oportunidade. Para o autor, o plano deve conter quatro eta-
façam as coisas de forma nova e mais pas: a descrição da ideia e a concorrência identificada; uma análise do mercado para
produtiva” (BARON e SHANE, 2011). a ideia; uma avaliação do empreendedor e sua equipe (com relação a sua capacidade
de execução); e uma elaboração das etapas necessárias para transformar a ideia em
Muitas vezes as oportunidades são um empreendimento viável.
identificadas pelos empreendedores, de
forma não convencional, baseadas no fee- Ainda, falando de métodos formais, Dornelas nos sugere que o empreendedor
ling. Por isso, Degen nos fala que o empre- utilize, para análise da oportunidade de sua ideia, a metodologia 3M (demanda do
endedor tem de compreender as tendências Mercado desejado; estrutura e tamanho deste Mercado e análise das margens possíveis
que influenciam o dia a dia das pessoas e neste Mercado). Veja a seguir, um quadro com as questões consideradas na análise de
buscar prever quais mudanças podem ocor- oportunidades usando a metodologia 3M. Percebemos uma grande afinidade com
rer, assim como, também quando e como a análise das forças competitivas de Michael Porter.
vão nos afetar. Dessa maneira, as mudan-
1º M = Demanda de Mercado 2º M = Tamanho e Estrutura de Mercado 3º M = Análise da Margem
ças acabam gerando novas tendências, que
podem trazer novas oportunidades. Qual é a audiência-alvo? Qual a O mercado é emergente? É fragmentado?
Determine as forças do negócio.
durabilidade do produto/serviço no Existem barreira proprietárias de entrada?
Ou excessivos custos de saída? Você tem Identifique as possibilidades de
mercado? (Ciclo de Vida)
Em relação a avaliação das oportu- Os clientes estão acessíveis? estratégias para transpor estas barreiras? lucros (ex.: margem bruta maior
nidades, podemos perceber que existem Quantos competidores/empresas- chave estão do que 20%, 30%, 40%). Analise
(Canais) Como os clientes veem no mercado? Eles controlam a propriedade os custos (necessidades de capital),
métodos mais formalizados de proceder a o relacionamento com a minha intelectual? Em que estágio do ciclo de vida
breakeven (ponto de equilíbrio),
análise e métodos menos formais. Hisrich empresa? (Valor Agregado) O potencial está o produto?
retornos.
de crescimento deste mercado é alto Qual o tamanho do mercado em R$ e
é um autor que aborda o empreendedoris- o potencial para se conseguir uma boa Mapeie a cadeia de valor do
(ex.: maior do que
mo e que considera que cada ideia inova- participação de mercado? E o setor, como negócio.
10%, 15%, 20% anuais)? O custo de está estruturado? (Análise das Forças
dora e oportunidade devem ser avaliadas captação do cliente é recuperável no Competitivas – Porter) Como a indústria está
Para isso, procure saber como seu
cuidadosamente pelo empreendedor. Uma produto/serviço chega até o cliente
curto prazo (ex.: menor do que um segmentada, quais são as tendências, que
final.
boa maneira de realizar esta tarefa é a cria- ano? eventos influenciam os cenários?
Quadro 2.1: Questões da metodologia 3M Fonte: Adaptado de Dornelas (2011).
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Os novos empreendedores, na cons- às necessidades do cliente, que já está en- aos clientes, o que causa “dor” aos mesmos.
trução de suas startups, costumam utili- gajado neste processo e, por isso mesmo, Nesse caso, a expressão dor é utilizada no
zar métodos menos formalizados para a conhecendo o produto e participando de linguajar dos novos empreendedores, a fim
análise de oportunidades. Vejam que ao sua elaboração. Para Ries (2012), todos os de destacar a importância da solução que
falarmos em métodos menos formaliza- fluxos das startups devem estar focados em devem desenvolver.
dos, não estamos falando de ausência de acelerar este processo. O autor salienta que
métodos ou mesmo de métodos não valida- as startups falham bastante por estarem Infelizmente, como podemos perce-
dos. Apenas observamos que existe, entre muitas vezes ainda atreladas a elaboração ber até aqui, ter uma ideia não é garantia
os novos empreendedores, um processo de um bom plano, ou a uma pesquisa de de ter uma oportunidade, para que isso
de proximidade maior com o cliente, no mercado sólida. Como podemos verificar, aconteça, é necessário identificar a via-
processo de validação da ideia enquanto trata-se de um processo diferenciado em bilidade da ideia, se existe mercado para
oportunidade de negócio. relação ao que está proposto na fase mais esta, ou seja, se existem consumidores
formalizada que falamos antes. suficientes para garantir o retorno sobre
Seguindo um processo “Lean”, as o investimento. Seguem algumas orienta-
novas empresas, segundo Ries (2012), Então, aqui vale a máxima de ções importantes para a identificação de
buscam validações contínuas, que po- Maurya (2012), que resume o que traba- oportunidades, classificadas pelo Instituto
dem ser realizadas em etapas, sempre de lhamos com a frase “a vida é muito curta Tecnológico de Monterrey, no México
forma iterativa, constituindo-se critériospara construirmos algo que ninguém quer (veja o infográfico e após as orientações
que definem a continuidade ou não para (MAURYA, 2012). Para garantir que a no quadro na página seguinte):
a próxima etapa. Esse processo é definido ideia seja válida, buscamos trabalhar com
pelo autor como “aprendizagem validada”, hipóteses que serão elaboradas na cons-
que compreende um novo conceito com trução do modelo de negócios da empresa.
ênfase em uma interação rápida e na per- As hipóteses devem estar relacionadas aos
cepção do cliente. problemas que o empreendedor imagina
que são mais importantes para os clientes.
Baseadas no ciclo construir-medir- Assim será possível, através de entrevistas,
-aprender, as ideias são transformadas em validar as hipóteses e ampliar o conheci-
produtos que são imediatamente adaptados mento a respeito do que realmente importa
EMPREENDEDORISMO 14

1. Encontrar clientes insatisfeitos ou decisão, também pode fazer com que seja
56

40,5

35

35 exageradamente atendidos: a base para a mais fácil obter determinados produtos ou


criação e aproveitamento de um nicho de serviços, melhorando o acesso, otimizando
24,8 24

19
17

clientes é a identificação de um grupo de processos para que a relação seja facili-


12 12

1. Encontrar
clientes
insatisfeitos clientes cujas necessidades se encontram tada e rápida. Assim, a ideia é encontrar
parcialmente atendidas e que não estão algo em um mercado que pensamos que
contentes com a forma como são atendidas não funciona de maneira adequada. Um
estas necessidades concretas. Normalmen- exemplo de ação nessa área é o surgimento
te, estes clientes formam um grupo ou das empresas de comparação de preços,
mesmo uma “tribo”, como por exemplo, os principalmente nos negócios do ramo de
4. Buscar
frustrações dos
clientes com alta consciência ecológica, os hotelaria (trivago), que oferecem a possibi-
clientes que não
foram resolvidas
fãs de pets, etc. Da mesma forma, existem lidade ao cliente de comparação de preços
clientes que consideram que a oferta atual de diárias de hotéis, algo que é complicado
6. Acompanhar as do mercado se encontra excessiva para o sem um serviço dessa natureza.
novas legislações
políticas que necessitam, sendo mais felizes com
7. Mudanças
estruturas de custos
nas uma oferta com melhores preços, como 3. Mais outra opção é a identifica-
originárias da produção
em grande escala
exemplo, podemos citar o que aconteceu ção de novos segmentos demográficos ou
com as companhias áreas ao lançarem as de mercado, pois, periodicamente, apare-
linhas de baixo custo. cem novos segmentos de clientes, seja em
função das mudanças de perfil demográfi-
8. Probabilidade de
2. Outra forma de identificação de co (aumento da população de idosos, no-
10. Coisas que
eliminar barreiras
tradicionais
oportunidades é buscar as ineficiências vas classes sociais, etc.) ou simplesmente,
funcionam em outros do mercado, pois através de espaços que porque um segmento que antes não era
locais
podem ser melhorados e que permitam que significativo se torna importante (classes
os clientes aproveitem melhor seus pro- sem acesso a determinados produtos
9. Variáveis dutos e serviços. Essa ação pode envolver que passam a ter acesso, devido a situação
competitivas
incorretas em incremento nas informações que são dis- econômica mais estável nos últimos anos),
mercados
saturados
ponibilizadas e auxiliam para uma melhor reconhecer sua existência e analisar suas
EMPREENDEDORISMO 15

necessidades pode ser um ótimo ponto de através do surgimento de aplicativos, que 7. As mudanças nas estruturas de
partida para novos negócios. podem ser utilizados pelas escolas para custos originárias da produção em grande
melhorar seu processo de ensino e apren- escala de um tipo de produto (vejam o que
4. Neste caminho das oportunidades dizagem, os pais que conseguem acompa- aconteceu com os celulares, que reduziram
de negócio, outra opção é buscar frustra- nhar a evolução dos filhos e os alunos que seu preço e aumentaram o acesso) e a con-
ções dos clientes que não são resolvidas, encontram forma diferentes e divertidas sequente redução dos preços dos recursos
que certamente é um dos segmentos que de aprendizado. Então, ao estudarmos as necessários ou a adoção de uma nova tec-
mais oferecem oportunidades, se anali- novas tecnologias disponíveis ou em fase nologia (aplicações na nuvem), produzem
sarmos não só as necessidades, mas os de implantação (betas), podemos identi- situações que tornam viáveis produtos e
aspectos da vida diária que fazem com ficar oportunidades diferentes de uso e serviços que eram impensáveis até pouco
que o cliente se sinta frustrado. Vejam que adequação, que não são percebidas pelos tempo, ou que só seriam acessíveis a seg-
podemos dizer que o que diferencia uma desenvolvedores. mentos mais altos do mercado. Este tipo
necessidade de uma frustração é o nível de de oportunidade permite transformar em
intensidade, quanto maior este nível, maior 6. Acompanhar as novas legislações clientes os não-clientes.
a probabilidade do cliente pagar mais para ou políticas: o aparecimento, ou mesmo
resolvê-la. Normalmente, os novos empre- o desaparecimento de normativas, leis ou 8. Possibilidade de eliminar bar-
endedores chamam este processo de dor políticas, pode ser o gérmen de uma gran- reiras tradicionais: normalmente temos
do cliente, ou seja, quanto maior a dor do de quantidade de produtos e serviços que muitas ideias, para as quais não dedicamos
cliente, maior o potencial de sucesso de facilitam a adaptação às novas situações tempo, pois nossa forma de entender o
conseguirmos resolver o problema. que são geradas e ajudam a evitar uma dor mundo e a forma como as coisas funcionam
futura. Para aproveitar estas oportunida- atualmente, tornam inviáveis nossas ideias
5. Estudar novas tecnologias ou des, o empreendedor deve estar bem atento (barreiras). Avaliar se estas barreiras são
produtos: o surgimento de uma nova tec- às tendências legais e políticas, acompa- reais e se existem maneiras de transpô-las
nologia é um dos elementos que mais ra- nhando os movimentos da sociedade e as e imaginar como seria se essa não existisse
pidamente transforma os mercados. Por pressões por mudanças. Um exemplo dis- ou o que removeria tal barreira, pode au-
exemplo, podemos citar o iPad que adqui- so, foi a adaptação que todas as empresas xiliar a gerar ideias novas e oportunidades
riu, inclusive, usos na área educacional e brasileiras tiveram de ter, recentemente, de negócio que facilitariam o surgimento
revolucionou o modelo de aprendizagem em relação ao E-Social. de outros negócios em sequência.
EMPREENDEDORISMO 16

9. Variáveis competitivas incorretas 10. Coisas que funcionam em outros tificadas podem criar processos, produtos
em mercados saturados: quando as em- locais: se você acha que nunca tem ideias e serviços inovadores.
presas estão competindo em um mercado sobre negócios possíveis, aconselho que fa-
saturado (caracterizado pelo cliente que çam viagens, pois certamente este contato
só é sensível a preço e não valoriza novas com outras culturas, mercados e pessoas, “A mente que se abre a uma nova
características e diferenciais), a melhor poderá mostrar algo que funciona bem em ideia jamais voltará ao seu tamanho
ideia é pensarmos se vale a pena conti- um local e que não existe em outro e pode original”. ALBERT EINSTEIN
nuarmos competindo neste modelo. Para funcionar no seu mercado. Também ao
mudar essa situação é preciso deslocar o contrário, algo que funciona no mercado
valor para outro ponto, criando, nova- onde você está localizado atualmente e que Muitas vezes, alguns termos são
mente, valor para o cliente, identificando pode funcionar muito bem em outro país. considerados, erroneamente, sinônimos
sua dor real e auxiliando na solução. Um de inovação e precisamos entender clara-
exemplo é o mercado de medicamentos O processo de inovação mente seus conceitos para que possamos
para diabéticos, há muito tempo os la- empreendedora falar mais sobre a inovação e o processo
boratórios de insulina estão competindo empreendedor, veja a seguir um quadro
com base na pureza de seu produto, o que onde apresentamos os conceitos distintos
não tem grande influência para o cliente, Criatividade e inovação são dois te- de descoberta, invenção e inovação:
visto que não existe muita diferença entre mas que andam juntos e o empreendedo-
os produtos e a pureza mínima é aceitável. rismo pode ser o elo de ligação entre am- • Descoberta: surge normalmente
Consequentemente, estes clientes buscam bos. Entretanto, para falarmos do processo como resultado de uma atividade de
o menor preço. Então, para mudar isso de inovação empreendedora, é necessário
pesquisa científica e gera alterações
e criar uma oportunidade, o laboratório antes deixarmos claro o que é inovação.
Precisamos entender, claramente, o que no conhecimento que existia até o
Lilly identificou que a dor do cliente es-
tava relacionada a forma de aplicação da é uma inovação, e ao mesmo tempo, ao momento, podemos apresentar como
insulina e então criou as canetas auto in- fazermos este caminho, vamos verificar exemplo a descoberta da eletricidade.
jetáveis, que facilitaram enormemente a que oportunidades e inovação estão muito • Invenção: quando buscamos a
vida das pessoas. relacionadas, ou seja, as inovações criam resolução de um problema prático
oportunidades e as oportunidades iden- através de uma atividade tecnológica
EMPREENDEDORISMO 17

Agora que entendemos o conceito CONCEITOS DE INOVAÇÃO


e obtemos sucesso, o resultado algo de inovação, podemos conhecer um pou-
novo, que resolve o problema proposto. co mais sobre o processo de inovação e
Normalmente, passa pelo processo de seus tipos. Veremos, que inovar pode ter Uma inovação é a implementação de um produto
(bem ou serviço) novo ou significantemente

registro de patentes ou de proteção variações interessantes, que muitas vezes melhorado ou e um processo, ou um novo método
de marketing, ou um novo método organizacional

intelectual. Podemos citar como passam totalmente despercebidas. Ao en- nas práticas de negócios, na organização do local
de trabalho ou nas relações externas.
tendermos os tipos de inovação, podemos
exemplo o Post it (quando foi criado não
ver que produtos e serviços são apenas
tinha mercado e foi resultado de uma uma parte das possibilidades de inova-
TIPOS DE INOVAÇÃO
falha da 3M, na criação de uma cola). ção, abrindo-se outras oportunidades nos Diferenciam-se de produto
quatro tipos de
• Inovação: a inovação acontece quando processos, no marketing e na organização inovação:
de processo
de marketing
conseguimos explorar comercialmente como um todo, principalmente através de organizacional

uma invenção, um produto, um seu modelo de negócios. O infográfico


processo ou uma tecnologia, ou seja, ao lado apresenta os principais conceitos Uma inovação de produto é a introdução de um
de inovação que utilizaremos em nossa bem ou serviço novo ou , significativamente
a inovação acontece quando vamos ao melhorado, no que concerne às suas características
disciplina. ou usos previstos. Incluem-se melhoramentos
mercado e temos motivação econômica. técnicos, componentes e materiais, softwares
incorporados, facilidade de uso, etc.

Diferente de invenção, a inovação tem


por objetivo a exploração comercial de
uma invenção, tecnologia, produto ou Uma inovação de processo de implementação de
processo. A motivação é econômica. um método de produção ou distribuição novo ou,
significantemente melhorado, incluem-se

Nosso exemplo pode ser o próprio Post


mudanças em técnicas, equipamentos ou
softwares.

it (após a identificação de um mercado


para adesivos e notas). Uma inovação de marketing é a
Quadro: descoberta, invenção e inovação implementação de um novo método de
Fonte: adaptado de IBMEC marketing com mudanças significativas na
concepção do produto ou em sua
embalagem, posicionamento do produto,
em sua promoção ou na fixação de preços.

Uma inovação organizacional é a


implementação de um novo método de
organização das práticas de negócio da
empresa, no seu local de trabalho ou em
Uma inovação de marketing é a
implementação de um novo método de

18
marketing com mudanças significativas na
concepção do produto ou em sua EMPREENDEDORISMO
embalagem, posicionamento do produto,
em sua promoção ou na fixação de preços.

bém, verificamos que as novas empresas


Uma inovação organizacional é a o empreendedor acompanha e, mais
implementação de um novo método de de crescimento rápido e escalável, chama-
organização das práticas de negócio da
empresa, no seu local de trabalho ou em das startups, aproveitam de forma muito
ainda, assume papéis importantes em
relações externas.
interessante os conceitos de inovação que cada fase deste ciclo.
GRAU DE NOVIDADE DAS INOVAÇÕES apresentamos, inclusive o de inovação dis- Oportunidades e a capacidade de
Inovação para: a empresa ruptiva, visto que muitas dessas inovações reconhecê-las é outro tema que
o mercado Grau de Novidade surgiram de empresas caracterizadas como abordamos neste capítulo, ao falar das
o mundo
startups. No próximo capítulo vamos re- ideias, do platô de ideias e de métodos
tomar a este tema.
OUTRA CLASSIFICAÇÃO DO GRAU DE NOVIDADE de análise de oportunidades, entre elas
Incremental a metodologia 3M.
Grau de Inovação Radical Revisando Criatividade, inovação e a ligação entre
Disruptiva

Neste primeiro capítulo, iniciamos estes temas caracterizaram o processo


Uma inovação incremental é aquela
que acontece a partir de produtos ou
serviços existentes, os quais sofrem conceituando empreendedorismo e o de inovação empreendedora e neste
mudanças afim de atender o novo
mercado. processo empreendedor. item destacamos a diferença entre
Uma inovação radical é aquela Também definimos o empreendedorismo descoberta, invenção e inovação.
que representa uma mudança
drástica na maneira como o
produto é consumido e traz um
por necessidade e por oportunidade, bem
Uma inovação disruptiva é
novo paradigma ao mercado.
como suas principais características,
aquela que representa uma
ruptura com o antigo modelo
destacando que o empreendedorismo
de negócios que o torna mais
simples, barato e prático. por oportunidade apresenta maiores
Fonte: Adaptado do Manual de Oslo (2015) e Radical
Inovation Group. Editado por Gabriel Olmiro chances de sucesso, justamente
por trabalhar a identificação das
Empreendedorismo e inovação an-
oportunidades.
dam de mãos dadas e podemos verificar
que, atualmente, existe um novo modelo O ciclo de vida das organizações é o que,
de empreendedorismo, mais tecnológico normalmente, é comparado ao ciclo
e que busca inovar constantemente. Tam- de vida dos organismos vivos, e que
Refletindo

Caros alunos, ao final deste primeiro capítulo, gostaria de


convidá-los a algumas reflexões que visam auxiliar nossa
aprendizagem sobre os temas propostos até o momento.
Então solicito que reflitam sobre as seguintes questões:

Qual a importância do empreendedorismo para o


desenvolvimento local?

Existe diferença entre os conceitos de ideia e de oportunidade?

O que caracteriza cada um destes conceitos?

Qual a importância da identificação e oportunidades para o


processo empreendedor?

Qual a diferença entre invenção e inovação?


EMPREENDEDORISMO 20

O NOVO EMPRE-
ENDEDORISMO
Diferentes propostas e novos modelos de negócio

Embora a atividade empreendedora seja antiga, todos


os dias temos novidades, novos empreendedores utilizando
novos processos e testando novas ferramentas. Dentro desta
evolução, temos percebido um novo empreendedorismo que
trabalha muito forte na modelagem de negócios inovadores e
que utiliza ferramentas que o aproximam muito de seu futuro
cliente. Vemos novas empresas surgirem onde o cliente já está
em contato, mesmo antes da empresa existir formalmente.
Neste capítulo, vamos falar deste tema e iniciaremos falando
sobre o modelo de negócios das empresas.
Nosso caminho passará pela identificação do negócio,
para que possamos definir o que vamos trabalhar e, posterior-
mente, para a construção do modelo de negócio da empresa
usando a metodologia Business Model Generation, com o uso
do Canvas. Essa metodologia visa facilitar a identificação dos
pontos principais da proposta de negócio e, assim, permitir
o desenho, em um formato simplificado, das premissas que
embasam a criação da futura empresa, ou mesmo de empresas
já atuantes.
EMPREENDEDORISMO 21

Criada por Alexander Osterwalder e Embora muito usado atualmente, o (OSTERWALDER; PIGNEUR, 2011,
Yves Pigneur, publicada no livro “Business conceito de modelo de negócios começou pg 14).” O autor considera a relação da
Model Generation: Inovação em Modelos a ser aplicado com maior regularidade na estratégia com o modelo de negócios, ao
de Negócios”, esta metodologia ganhou o literatura de gestão e empreendedorismo, afirmar que o modelo é um esquema que
mundo e passou a ser adotada por todos no final da década de 90. Nessa época, o facilita a implementação da estratégia,
os novos empreendedores para a geração conceito fazia referência a uma estrutura de considerando a estrutura da empresa com
e modelagem de suas startups. suporte para que a empresa desenvolvesse seus processos e sistemas. Logo, pode-
formas de valor para um negócio. mos verificar que existem vários concei-
Como falamos anteriormente, todo tos, principalmente, quando pensamos
novo negócio parte de uma ideia. Então, O modelo de negócios descreve os na literatura de estratégia para modelo de
para identificarmos a possibilidade de principais componentes de um determina- negócios, não existindo uma definição que
transformarmos uma ou várias ideias em do negócio. Nesse sentido, Michael Porter, seja mais correta que as demais.
negócios, passamos antes pela identifica- ao falar sobre as estratégias de baixo custo
ção das oportunidades, que nos encaminha e as vantagens da diferenciação que as Dessa forma, iremos utilizar como
a uma análise de mercado. Atualmente, empresas podem atingir, discorre sobre o referência o conceito de modelo de negó-
existem diversos processos possíveis para a modelo estratégico e induz, ao incluirmos cios de Osterwalder e Pigneur, por ser o
elaboração de uma análise de oportunida- o modelo da cadeia de valor, a existência mais utilizado e, principalmente, por estar
des de negócio. Algumas mais tradicionais de um modelo de negócios. Na verdade, no planejamento da maioria das novas
e outras mais inovadoras. Vamos abordar toda a literatura de estratégia aponta para empresas que estão surgindo. Com isso,
as metodologias que os empreendedores modelos de negócios, embora não use o mantemos a atualidade de nossa discipli-
atuais estão utilizando com sucesso. Va- termo de forma especificada. na e abordamos temas que estão sendo
mos a estes passos para desenvolvermos estudados e colocados em prática, neste
melhor esta etapa, então, vamos ao Modelo Mais recentemente, o termo modelo momento do mundo dos negócios.
de Negócios, que facilitará nosso enten- de negócios ganhou notoriedade com o
dimento a respeito da ideia e do negócio trabalho de Osterwalder e Pigneur (2011), Para desenvolver o modelo de ne-
que criaremos ao redor desta. relatando que: “um modelo de negócio des- gócios foi criado, o Canvas (tela), um
creve a lógica de criação, entrega e captura verdadeiro Business Model Generation
de valor por parte de uma organização (Osterwalder; Pigneur, 2011), ou seja, um
EMPREENDEDORISMO 22

gerador de modelos de negócios. O Canvas é uma ferramenta muito interessante, vas são: Segmentos de Clientes, Proposta
que pode ser adaptada de várias formas. Podemos utilizá-lo para analisar o modelo de Valor, Canais, Relacionamento com
de negócios de empresas já existentes (mesmo empresas com existência centenária) e Clientes, Fluxo de Receita, Recursos-Cha-
também para criar uma nova empresa. ve, Atividades- Chave, Parcerias-Chave
Atividades - Propostas de Relacionamento e Estrutura de Custos.
chave valor com clientes
Osterwalter (2011), inicia sua aná-
lise do Canvas pelo item Segmento de
Clientes. Segundo o autor, “o componente
Parcerias Segmento de Segmento de Clientes define os diferentes
chave clientes
grupos de pessoas ou organizações que
uma empresa busca alcançar e servir” (OS-
TERWALDER, 2011, pg 20). A partir
disso, torna-se mais claro que estamos
pensando nos clientes, mas também em
segmentos, ou seja, grupos de clientes que
podem caracterizar segmentos específicos
a serem atendidos por nossa proposta de
valor. A figura da página a seguir, apre-
Estrutura Fluxo de senta as condições para caracterização de
de custos Recursos- receita grupos de clientes como segmentos.
chave Canais
Figura: Canvas visão geral
Fonte: Osterwalder e Pigneur (2011), pg 18-19.

No Canvas encontramos os nove elementos que integram o Modelo de Negócio,


dispostos em quadrantes. A figura a seguir, apresenta uma visão geral do Canvas,
como uma quebra-cabeças, vejam que as peças devem se encaixar perfeitamente para
que tudo funcione de forma adequada. Podemos observar que os quadrantes do Can-
EMPREENDEDORISMO 23

Suas necessidades exigem e justificam O próximo quadrante a analisar-


uma oferta diferente; mos é a Proposta de Valor. “Uma proposta
Os grupos de clientes São alcançadas por canais de de valor cria valor para um segmento de
representam segmentos distintos distribuiçaõ diferentes; clientes com uma combinação de elemen-
se: tos direcionados, especificamente, para as
Exigem diferentes tipos de
relacionamento; necessidades daquele segmento” (OSTE-
RWALDER; PIGNEUR, 2011, pg 23).
Têm lucratividades substancial- Através de produtos e serviços, a empresa
mente diferentes; busca criar valor para o cliente (segmento).
O valor pode ser quantitativo (preço, velo-
Estão dispostos a pagar por aspectos
diferentes da oferta; cidade do serviço) ou qualitativo (design,
Figura: Caracterização de grupos de clientes como segmentos Fonte: Adaptado de Osterwalter e Pigneur (2011). experiência do cliente). O autor cita alguns
O autor também indica a existência de variados tipos de segmentos de clientes, elementos da proposta de valor que são
mas destaca alguns modelos de atendimento a segmentos específicos, conforme o importantes considerar, são eles: novidade,
quadro a seguir: desempenho, personalização, fazendo o
que deve ser feito, design, marca/status,
Mercado de Massa – cujo modelo é concentrado em um grupo de clientes com necessidades preço, redução de custo, redução de risco,
e problemas similares. Ex.: setor de eletrônicos de consumo. acessibilidade e conveniência/usabilidade.
Nicho de Mercado – atendem segmentos de clientes específicos e especializados, os
quadrantes são adequados para este nível de especialização. Ex.: fabricantes de peças de
veículos especiais.
Segmentado – clientes com necessidades e problemas sutilmente diferentes. Ex.: clientes
de um banco (contas com até R$ 100.000,00 e contas com mais de R$ 500.000,00).
Diversificado – modelos diversificados incluem clientes com necessidades e problemas muito
diferentes. Ex.: A Amazon passou a oferecer serviços na nuvem (espaço e armazenamento).
Plataforma Multilateral (ou Mercados Multilaterais) – modelos que atendem dois ou mais
clientes interdependentes. Ex.: Empresas de cartão de crédito – precisam de uma boa base
de usuários do cartão e de lojas que aceitem o cartão.
Quadro: Segmentos específicos Fonte: Osterwalter e Pigneur (2011).
EMPREENDEDORISMO 24

O quadrante Canais, “descreve como uma empresa se comunica e alcança seus Seguindo nosso estudo, vamos fa-
segmentos de clientes para entregar uma Proposta de Valor” (OSTERWALDER; lar do quadrante Fontes de Receita, que
PIGNEUR, 2011, pg 26). O seguinte quadro apresenta os tipos e as fases dos canais segundo Osterwalder e Pigneur (2011),
utilizados para a elaboração do modelo de negócios da empresa. representa a possibilidade de faturamento
(dinheiro) que a empresa gera ao atender o
Tipos de Canais Fases dos Canais segmento de clientes, utilizando venda de
Equipes recursos, taxa de uso, taxa de assinatura,
Particulares

empréstimos/aluguéis/leasing, licencia-
Direto

de venda
2.Avaliação 3. Compra mentos, taxas de corretagem, anúncios,
Vendas
1.Conhecimento Como Como 5. Pós-Venda
na Web etc. Enquadrando estas fontes em dois
Como ajudamos permitimos 4. Entrega Como
Lojas aumentamos o os clientes a aos clientes Como entregamos fornecemos tipos diferentes, as transações de paga-
Próprias conhecimento avaliarem a comprar uma Proposta de apoio pós- mento único e as transações de pagamen-
Lojas sobre nossos Proposta de produtos Valor aos clientes? venda aos to recorrente (resultantes de pagamentos
Indireto

produtos e Valor de nossa e serviços clientes? constantes). Também é possível trabalhar


Parceiros

Parceiras
serviços? organização? específicos? com sistemas de precificação que são apre-
Atacados sentados no quadro (da próxima página)
de mecanismos de precificação.
Quadro: Tipos e fases dos canais. Fonte: Osterwalder e Pigneur (2011)

Próxima parada, de acordo com o quadrante Relacionamento com Clientes,


segundo Osterwalder e Pigneur (2011), apresentamos a descrição dos tipos de relação
que uma empresa estabelece com os segmentos de clientes específicos. O autor cita
que as motivações que orientam o relacionamento podem ser: conquista do cliente,
retenção do cliente e ampliação das vendas, objetivando influenciar profundamente a
experiência de cada cliente. A possibilidade de atuar em diferentes tipos de estratégia
de relacionamento, de forma conjunta ou simultânea, permite que se adote modelos
como: assistência pessoal, assistência pessoal dedicada, self-service, serviços-auto-
matizados, comunicação e cocriação.
EMPREENDEDORISMO 25

Precificação Fixa Precificação dinâmica mais importantes, que mais contribuem,


(Preços predefinidos baseados em variáveis estáticas) (Os preços mudam com base nas condições do mercado) para fazer o modelo de negócios funcionar
Preço negociado entre dois de forma adequada. O autor categoriza as
Preços fixos para produtos, atividades principais em relação ao tipo
ou mais parceiros, depende
Preço de lista serviços ou outras propostas de Negociação (barganha)
do poder e/ou das habilidades de situação que as mesmas produzem, da
valores individuais
de negociação. seguinte forma: produção, resolução de
O preço depende do inventário problemas e plataforma/rede.
e do momento de compra
Dependente da O preço depende do número ou
(normalmente utilizado para As Parcerias Principais ou Parce-
característica do da qualidade das características Gerenciamento de Produção
recursos esgotáveis, como
produto da proposta de valor rias-Chave, representam o próximo qua-
quartos de hotel e assentos
de linhas áreas). drante de estudo. Aqui devemos descrever
a rede de fornecedores e os parceiros que
Dependente dos O preço depende do tipo e de todas O preço é estabelecido
s e g m e n t o s d e as características dos segmentos Mercado em tempo real dinamicamente, com base
põem o modelo de negócios a funcionar.
clientes de clientes na oferta e na demanda. O autor cita quatro tipos de parcerias, que
Preço determinado pelo
são: alianças estratégicas entre não com-
Dependente do O preço fica em função da petidores, coopetição (parcerias estraté-
Leilões resultado de um leilão
volume quantidade comprada. gicas entre concorrentes), joint ventures
competitivo.
Quadro: Mecanismos de precificação. Fonte: Osterwalter e Pigneur (2011) para desenvolver novos negócios e relação
O próximo quadrante que analisaremos será o de Recursos Principais ou Re- comprador-fornecedor para garantir supri-
cursos- Chave e aqui listamos os recursos mais importantes, necessários para fazer mentos confiáveis. A motivação princi-
funcionar, da forma desejada, o modelo de negócios proposto (Osterwalder; Pigneur, pal das parcerias também é estudada e as
2011). Aqui, trabalhamos com alguns dos recursos organizacionais que vimos em principais identificadas são a otimização
estratégias empresariais. Os recursos que utilizaremos serão: recursos físicos, recursos e economia de escala, a redução de ris-
intelectuais, recursos financeiros e recursos humanos. Estes recursos podem ser da cos e incertezas e a aquisição de recursos
empresa (que a empresa possui), ou alugados ou ainda adquiridos das parcerias-chave. e atividades particulares (Osterwalder;
Pigneur, 2011).
Na sequência, vamos estudar as Atividades Principais ou Atividades-Chave,
que segundo Osterwalder e Pigneur (2011), devem descrever claramente as ações
EMPREENDEDORISMO 26

Finalizando, temos o nono quadran- pois esse modelo “trata de vender menos de mais: concentra-se em oferecer um grande
te que trata da Estrutura de Custo, onde número de produtos de nicho, cada um deles com vendas relativamente infrequen-
os custos mais importantes estão envolvi- tes”(OSTERWALDER; PIGNEUR, 2011, pg 67). A ideia por trás desse modelo
dos na operação do modelo de negócios, é disponibilizar muitas opções, que mesmo sendo adquiridas em baixa quantidade,
visto que todas as atividades dos demais proporcionam altas receitas, visto que o custo de estoque praticamente inexiste, e com
quadrantes, geram custos. Osterwalder e uma plataforma robusta de distribuição online, permite ganhos muitas vezes maiores
Pigneur (2011), dizem que normalmente do que os modelos tradicionais. Veja a figura abaixo.
os custos devem ser minimizados, também
Oferta de
fazem uma relação com a estratégia, ao Parcerias-
chave
Atividades
-chave Valor
Relacionamento Segmentos
de Clientes
dizer que alguns modelos de negócio são
mais direcionados pelo custo e outros pelo Desenvolviment
Recomendações
o e manutenção
valor. Veja a relação direta com as estra-
Amplo
tégias genéricas de Porter (1990). Além Logística
catálogo de Leitores
livros de Perfil online
disso, o autor cita que os modelos dire- nicho
cionados pelo custo, normalmente desen- Fabricante de
impressoras Recursos-
volvem estruturas de custo com foco em: chave
CANAIS

Autores de
custos fixos, custos variáveis, economias Qualquer
um pode ser lulu.com
nicho e
Plataforma
de escala e economias de escopo. um autor amadores

Osterwalder e Pigneur (2011) tam- Biblioteca


bém identificaram alguns modelos de de Livros Correios

negócios que podem ser agrupados em


Estrutura de Custos
padrões característicos. Vamos apresentar Fontes de Receita

aqui alguns destes modelos e seus agrupa- Desenvolviment Impressão e Comissão Valor por
mentos. O primeiro modelo que apresen- o e Manutenção
da Plataforma
logística dos autores livro (digital
ou impresso
tamos é da Lulu.com, um site que permite
a publicação de livros, este modelo está Figura: Modelo cauda longa Fonte: Adaptado de Osterwalder e Pigneur (2011).
incluso no agrupamento Cauda Longa,
EMPREENDEDORISMO 27

Outro modelo encontrado na obra é o modelo de plataformas multilaterais, “representado por modelos que unem dois ou
mais grupos distintos, porém interdependentes, de clientes” (OSTERWALDER; PIGNEUR, 2011, pag. 77). A ideia básica é
que a plataforma crie valor, vindo facilitar a interação entre os diferentes grupos. Neste caso, a presença de um grupo de clientes
cria valor para outro grupo de clientes. No exemplo da figura seguinte, vemos o modelo da Google. A existência de usuários
atrai os anunciantes.

Parcerias- Atividades- Oferta de Relacionamento Segmentos


chave chave Valor de Clientes

Adwords
Desenvolvimento plataform
e manutenção

Anúncios
Desenvolvimento direcionados Anuciantes
de novo iGoogle
algoritmos
Blogs e outros
sites Recursos- CANAIS
chave
Busca Usurios de
Plataforma de gratuita internet
busca de
anúncios
google.com
Algoritmos
de Busca

Estrutura de Custos
Fontes de Receita
Comissão
Desenvolviment dos Leilão de
o e Manutenção blogueiros e palavras-chave Gratuito
da Plataforma sites

Figura: Modelo de negócios do Google Fonte: Adaptado de Osterwalder e Pigneur (2011). Editado por Gabriel Olmiro
EMPREENDEDORISMO 28

Parcerias- Atividades Oferta de Relacionamento Segmentos


chave -chave Valor de Clientes

Gateway de Desenvolvimento perfil/login Usuários de


Pagamento e manutenção Sincronização de internet em
arquivos entre todo mundo
dispositivos

Recursos- CANAIS
chave Pessoas que
Sincronização de
mais arquivos (50 buscam mais
Amazon S3 loop viral
Desenvolvedores a 350 GB) espaço de
armazenamento
Plataforma dropbox.com

Armazenamento dropbox app

Estrutura de Custos
Fontes de Receita

Equipe de Armazenamento
Desenvolvimento Gratuito Mensalidades

Figura: Modelo de negócios da Dropbox Fonte: Adaptado de Osterwalder e Pigneur (2011). Editado por Gabriel Olmiro
EMPREENDEDORISMO 29

Mais um modelo a ser estudado é Parcerias- Atividades Oferta de Relacionamento Segmentos


baseado no conceito do Grátis ou Free- chave -chave Valor de Clientes

mium (Free+Premium) como modelo de


negócios. Segundo Osterwalder e Pigneur Atendimento
(2011), neste modelo, pelo menos um dos Desenvolviment
o e manutenção Ampla base de
dedicado
Buscadores
segmentos de clientes consegue se bene- criativos

ficiar continuamente de uma oferta livre


Escritório de
de custos, mas claro que os clientes não Marcas e Patentes Recursos- CANAIS
chave
pagantes são financiados por outra parte Acesso a desafios
de inovação com
do modelo ou outro segmento de clien- Plataforma recompensa Solucionadores

tes. Veja na figura modelo de negócios da ideaken.com


Dropbox.
Cadastro de
solucionadores
Por fim, na próxima página, um
exemplo de modelos de negócios Aber- Estrutura de Custos
Fontes de Receita
tos, é utilizado para criar e capturar valor,
Taxa de publicação
sistematicamente, através da colaboração Administração
da Plataforma
Busca por do desafio + Gratuito
solucionadores percentual sobre o
com parceiros, podendo acontecer de fora premio
para dentro (quando a empresa explora
Figura: Modelo de negócios da Ideaken Fonte: Adaptado de Osterwalder (2011). Editado por Gabriel Olmiro
ideias externas dentro da empresa, ou de
dentro para fora quando a empresa for- Para construir um modelo de negócios, primeiro temos de realizar a análise
nece a grupos externos recursos e ideias da ideia de negócio que irá dar o início do projeto. Nessa fase, busque identificar a
geradas internamente. Nesse contexto, a “dor” do cliente que a ideia vai resolver. Procure colocar-se no lugar do cliente, ima-
figura a seguir nos apresenta o modelo da gine todas as questões que ele analisa, o que sente e pensa, o que vê, o que diz e faz,
Ideaken, site de colaboração para geração o que escuta, identifique a dor e os ganhos possíveis ao usar seu produto ou serviço.
de inovações.
Partindo das informações coletadas, busque criar a proposta de valor e definir
claramente o segmento ou segmentos de clientes que serão atendidos. As próximas
EMPREENDEDORISMO 30

etapas estão relacionadas a continuida- missoras, especialmente no que diz respeito à percepção e ao processamento destas
de da elaboração do modelo de negócios, percepções, ou seja, o que chamamos de modelo mental do empreendedor, que ca-
percorrendo os quadrantes, buscando racteriza as suas decisões estratégicas para o seu empreendimento e as relações com
respostas viáveis e inovadoras para todos as escolhas realizadas.
os quadrantes. Assim, ao final, teremos
o quadro completo e uma boa visão do Os empreendimentos de pequeno porte apresentam um processo de escolha
funcionamento da empresa e seu modelo estratégica com características diferentes, pois, geralmente, ele é desenvolvido pesso-
de negócios. Agora, é necessário levantar almente pelo próprio empreendedor. Nessas condições, o processo tende a ser mais
hipóteses e validá-las junto a um grupo versátil, com elevada concentração de poder no empreendedor e tende a refletir a
de clientes que possa representar o clien- visão de mundo de quem avalia as alternativas e toma as decisões (MINTZBERG e
te-alvo. QUINN, 2007). O comportamento humano, segundo Goleman, é condicionado por
modelos mentais e estes, por sua vez, são definidos com base em quatro pressupostos
Modelo mental do Empreendedor (MENDES, 2017):
(Mindset) Biologia: rotula a capacidade de realização do ser humano com base nas suas
limitações fisiológicas.
Para Meira (2013), empresas são Linguagem: é o meio no qual se estrutura a consciência do ser humano
abstrações, e o que realmente importa são Cultura: dentro de qualquer grupo – famílias, tribos, indústrias, organizações e
as pessoas. As que estão dentro das em- nações -, os modelos mentais coletivos são desenvolvidos com base em experiências
presas e as que estão fora das empresas, ou compartilhadas, razão pela qual a cultura pode ser considerada um modelo mental
seja, as que produzem e as que consomem.
coletivo.
Desse modo, o modelo mental do empre-
endedor, ou mindset, é o que direciona a
Experiência pessoal: diz respeito ao sexo, à nacionalidade, à origem étnica, à condição
atividade empreendedora. social digna e econômica, às influencias familiares, ao nível de educação de à maneira
como as pessoas são tratadas por seus pais, irmãos, professores e companheiros
Assim, o estudo das característi- de infância.
cas pessoais e escolhas do empreendedor,
tem se revelado uma das áreas mais pro-
Figura: Pressupostos que definem os modelos mentais
Fonte: Adaptado de Mendes (2017).
EMPREENDEDORISMO 31

Keirsey considera, primeiramente, Ainda, segundo os respectivos auto-


“Um modelo mental é uma explicação do as diferenças na forma de percepção – con- res, “se um empreendedor apresenta pre-
processo mental de uma pessoa, ou seja, creta ou global – visto que a percepção ferência pelo modelo de percepção global,
diz respeito a como ele compreende o define o modo como as pessoas buscam sua percepção irá se caracterizar pela coleta
funcionamento das coisas no mundo. Modelos informações sobre o mundo, sendo assim, de dados abstratos e conceituais, já a sua
mentais influenciam comportamentos e o que é percebido gera influência nas ou- segunda preferência será por organizar
definem como as pessoas abordam problemas tras funções. estas informações para a tomada de deci-
e realizam tarefas”. (Pinheiro, 2015) são, que poderá ser realizada com base na
Os estudos sobre modelos mentais Sem alguma compreensão sobre lógica, ou de modo racional, ou de modo
demonstram que existem diferenças indi- como as pessoas percebem, a considerar os valores, ideias e interesses
viduais que geram múltiplas abordagens, seria difícil compreender o estilo das pessoas”. O quadro da página a se-
no entanto Bressan e Toledo (2014), citam guir apresenta esta proposição de forma
cognitivo e o processo de tomada de
que Hambrick e Mason, em seus estudos, sintética:
decisão do empreendedor, pois as
identificaram padrões que demonstram pessoas acreditam sempre em seus
que alguns empreendedores estão mais
dados e informações e com isso, um
interessados em “o que é”, enquanto outros
demonstram predisposição a aceitar ideias empreendedor que tem preferência
inéditas sobre “o que pode ser”. Os auto- pelo modelo de percepção concreta,
res acrescentam, ainda, as observações de caracteriza-se pela coleta de
Keirsey, que verificou padrões consistentes informações fatuais e concretas, e
em indivíduos em diferentes culturas e sua segunda preferência irá referir-
períodos de vida, no que diz respeito a se ao que fará com as informações
padrões de comportamentos manifestos
coletadas: se vai organizá-las ou se
ou grupos de comportamentos e que des-
crevem diferenças entre as pessoas. vai continuar a buscar informações.
Quadro: Modelo mental Fonte: BRESSAN; TOLEDO (2014)
EMPREENDEDORISMO 32

Modo de Percepção Em seguida Info. na vida e no trabalho Estilo cognitivo / modelo mental derivado Design Thinking e Mínimo
Concreta: Pessoas que Planejado: Estas pessoas preferem Implementador: Tradicionalista, Produto Viável
preferem a percepção pelos ter as coisas decididas, ordenadas e estabilizador, consolidador; trabalha com
órgãos dos sentidos, tendem a Usar as bem planejadas; gostam de planejar senso de responsabilidade, lealdade e
ser mais interessadas no que informações com antecedência e realizar o plano assiduidade; aprende passo a passo com a
seus sentidos mostram para feito, pois a vida deve ser vivida de preparação para benefícios atuais e futuros Design thinking (DT) não é consi-

OPERACIONAL
eles – o que existe no presente. forma planejada e ordenada. e sua contribuição: produção oportuna. derado uma metodologia por não ter um
Improvisado: Estas pessoas tendem
Realizador: Solucionador de problemas, passo a passo, visto que a cada momento
a continuar a buscar e aplicar
bombeiro, negociante. Trabalha através de nos deparamos com situação diferentes e
ações com sabedoria, mas sem oportunismo.
as informações na solução de
Aprende através do envolvimento ativo para que exigem uma ação diferenciada. Ten-
problemas que se apresentam. Eles
desejam aproveitar tudo e para eles
atingir necessidades atuais. Contribuição: nyson Ribeiro diz que o design thinking
lida de maneira efetiva e rápida com o
a vida deve ser espontânea e flexível.
incomum e o inesperado.
é sobre pessoas, sobre compreender e tra-
Modo como toma decisão: Estilo cognitivo / modelo mental
zer à tona o que as coisas significam para
Global: Pessoas que preferem
elas e projetar melhores ofertas com esse
este modo de percepção Modo lógico ou relacional: Estrategista: Visionário, arquiteto de significado em mente.
tendem a usar sua imaginação Estas pessoas tendem a tomar sistema, construtor; trabalha as ideias com
para identificar novas decisões com base em análises criatividade e lógica; aprende através de um
possibilidades e relações objetivas e lógicas, e de modo Para atuar neste processo, é neces-
processo impessoal e analítico para domínio
entre as coisas e ter um foco impessoal. sário desenvolver um olhar que permita
pessoal; Contribuição: estratégias e análises.

ESTRATÉGICO
no futuro.
entender e vivenciar a perspectiva de quem
Energizador: Catalizador, comunicativo, enfrenta os problemas, os quais estamos
Baseado em valores: motivador. Trabalha interagindo com
Estas pessoas tendem a tomar outras pessoas com base em valores e buscando resolver com a utilização do de-
decisões com base em valores e inspirações; aprende para conhecimento sign thinking. O equilíbrio entre o que as
considerando interesses e desejos próprio, de maneira personalizada e criativa.
das pessoas. Contribuição: algo pessoal ou uma visão pessoas desejam, a capacidade financeira
especial sobre possibilidades. do negócio e a capacidade de implemen-
Quadro: Modelos mentais de acordo com as proposições/abordagens dos temperamentos Fonte: BRESSAN; TOLEDO (2014)
tação é um dos pontos que torna esse pro-
Assim, podemos entender que o modelo mental do empreendedor define a cesso tão importante para as empresas.
forma como irá agir, buscar informações, atuar nos momentos críticos e, principal-
mente, conduzir seu negócio. Entendendo que mais do que nunca, empreender é um Tim Brown, presidente e Ceo da
ato coletivo, que necessita soma de competências, o estudo do modelo mental facilita IDEO, empresa de consultoria e um dos
a seleção dos possíveis futuros sócios.
EMPREENDEDORISMO 33

nomes que é referência na área, diz que pessoas envolvidas na criação e entrega de
o Design Thinking baseia-se em nossa valor para o cliente.
capacidade de ser intuitivos, de reconhecer
“A resignação não é uma atitude do
padrões, desenvolver ideias que tenham Ao aprimorar a experiência do clien- design”. (Gui Bonsiepe)
um significado emocional além do fun- te, após adotarmos ações que visem iden-
cional, além disso, expressar em mídias tificar o que está faltando, para entregar Para Tim Brown, o Design Thinking
mais do palavras ou símbolos. mais valor ao mesmo e criando situações de está divido em três grandes etapas, que são:
imersão na realidade do cliente, bem como
Design Thinking é um processo de um entendimento de suas necessidades de
forma mais apurada, o Design Thinking Inspiração: destaca-se por ser um
pensamento crítico e criativo que
acaba envolvendo os colaboradores nesse momento que motiva pesquisas por
permite organizar informações e
processo de forma a criar empatia com o soluções;
ideias, tomar decisões, aprimorar cliente e, consequentemente, à entrega de Ideação: momento onde vamos gerar,
situações e adquirir conhecimento. valor real. fazer e testar as ideias e soluções
(Charles Burnelle, ano?)
produzidas na fase de inspiração;
A velocidade de implementação de
Implementação: fase de implementação
Oferecer uma melhor experiência ideias inovadoras torna-se maior através
para seus clientes, construída de forma do processo colaborativo, gerando dife- comercial e industrial, se tudo correr de
colaborativa e holística, é algo que todas as renciais competitivos para a empresa. A forma adequada, ou, pode ser também
empresas buscam, principalmente os novos prototipação torna-se uma importante um retorno ao início para melhorar a
negócios, que necessitam atrair e conquis- fonte de inovações e criatividade, além percepção de mercado.
tar clientes para garantir sua existência. de aproximar o cliente através da cocria-
No entanto, sabemos que esta é uma tarefa ção. Dessa maneira, este envolvimento do Outra vertente interessante do tema,
difícil e que necessitamos de processos cliente com o desenvolvimento do produto, surgiu com a D.School (Escola de Design
diferenciados para a geração deste tipo de supera a resignação em satisfazer-se com Thinking de Stanford), que apresenta eta-
experiência. Pois bem, o Design Thinking o que existe e permite superar obstáculos, pas conforme a seguir:
é a ferramenta de gestão que podemos criando novas realidades.
utilizar para mudar o comportamento das
EMPREENDEDORISMO 34

definição e depois são expandidas nova- Com tal função de identificar pro-
Empatia: fase do processo centrado no mente na fase de ideação e focada na fase blemas e criar soluções, a fase da prototi-
usuário, que busca imergir na realidade de prototipação. pagem é muito importante no DT, então
do mesmo, engajando-se e observando Expansão surge a possibilidade de uso do Produto
o problema bem de perto; de ideias
Foco Mínimo Viável ou MPV. Mas o que é o
Definição: fase onde se apresenta uma MVP?
síntese focada no problema, apresenta empatia definição ideação Prototipação
Jon Kolko diz que “os protótipos são
um ponto de vista sobre o problema;
mais valiosos como meio de colaboração e
Ideação: neste momento se busca a interação entre pessoas do que como um
geração de ideias que permitam a Expansão
de ideias meio de validação ou prova de conceito.
exploração de soluções viáveis; Figura: Duplo diamante Fonte: D.School Esta fase de prototipagem é um espaço de
Prototipação: etapa do fazer, que Temos muitas abordagens do De- divergências que possibilita a geração de
engloba a produção de ideias em um sign Thinking, entretanto, independen- mais ideias e, principalmente, facilitar o
contexto mais próximo da realidade; te de qual abordagem adotemos, o certo entendimento do problema.
é que todas partem da noção de grupos
Teste: nesta fase o protótipo é colocado
multidisciplinares para a solução de pro- A Endeavor considera que o MVP
em contato com os clientes para definir blemas complexos. O pessoal da Escola de é “um conjunto de testes primários feitos
ou redefinir as soluções. Design Thinking considera que o DT é para validar a viabilidade do negócio. São
um modelo mental de natureza iterativa diversas experimentações práticas que se-
A D.School considera que as etapas
e flexível, sendo um processo que aceita rão desenvolvidas levando o produto a um
do Design Thinking acontecem em fases
o erro como parte integrante e valiosa da seleto grupo de clientes”. Porém, esse não
de foco e de expansão de ideias, caracteri-
jornada. é o produto finalizado, e sim, uma versão
zando o que chamamos de duplo diamante
com o mínimo de recursos necessários para
e como podemos observar na figura du-
“O design thinking não é um experimento, manter a função de solução ao problema
plo diamante. Assim, a fase da empatia
ele nos empodera e encoraja a proposto. Desse modo, é possível conhecer
é uma fase que produz uma expansão de
experimentar.” (Idris Mootee, ano.??) a reação do mercado e termos uma visão
ideias, que não recebem o foco na fase de
da solução, isto é, sabermos se realmente
EMPREENDEDORISMO 35

o produto pode atender o propósito para comportamento do cliente, que pode ser dutos e/ou processo de fabricação inova-
o qual foi criado. realizado através do uso do MVP, para dores, através da aplicação sistemática de
isso, temos de estabelecer hipóteses a res- conhecimento técnicos e científicos. Ou
Certamente, a adoção de um mo- peito do que acreditamos ser a necessidade seja, estamos falando de empresas de uso
delo de MVP permite que a empresa te- do cliente. Esse processo é desenvolvido intensivo, de conhecimento científico e
nha uma boa ideia do comportamento do nas etapas anteriores do Design Thinking, tecnológico, para sustentar sua capacidade
cliente ao usar o produto, ou serviço, o ainda, junto das hipóteses formatadas e competitiva.
qual está lançando e, mais ainda, permite alinhadas à proposta de valor, a qual é
identificar ajustes necessários para melhor elaborada ao desenvolvermos o modelo As empresas de base tecnológica
atender o cliente, além de poder testar de negócios da empresa. (EBT´s) que são conhecidas também pela
sensibilidade a preço, processo logístico e denominação “startups” na literatura de
outras informações importantíssimas para O MVP prova a visão inicial da gestão e empreendedorismo, são um tópico
o empreendedor. startup, revelando se aquela boa ideia bastante pesquisado atualmente, embora
corresponde mesmo a um produto seu conceito ainda necessite de um maior
Também é muito importante des- interessante (na vida real) ou se era assentamento teórico, visto que o próprio
tacarmos que o MVP é um produto em apenas uma expectativa utópica, sem conceito ainda gera controvérsias na lite-
fase de prototipação, mas isso não significa ratura existente. Contudo, podemos dizer
lastro com as demandas práticas do
um produto de baixa qualidade, mal feito, que existe consenso em relação ao fato
com falhas. A ideia principal por trás de mercado. (Endeavor) de que estas empresas são diretamente
um MVP é a validação da proposta de Empreendedorismo de alto ligadas ao conceito de empreendedoris-
valor da empresa e o modelo de capta- impacto (Startups) mo (DAHLSTRAND, 2007) e por isso
ção de receitas. Certamente, o sucesso do mesmo, são importantes vetores do de-
lançamento de um MVP é o fechamento senvolvimento regional.
de vendas ou pedidos do produto em sua Segundo o Office of Technology
versão final. Assessment, empresas de base tecnológi- Souza (2017) cita que as empresas
ca são organizações produtoras de bens e de base tecnológica se colocam em setores
Outro ponto importante a consi- serviços, comprometidas com o desenho, onde sua forma de atuação cria uma nova
derarmos é a possibilidade de estudo do desenvolvimento e produção de novos pro- indústria, que apresenta ao mercado uma
EMPREENDEDORISMO 36

inovação. Consequentemente, estas empresas sofrem com a inexistência de uma base Para melhorar sua posição no
de conhecimento sólida relativa ao tipo de produto ou ação que estão propondo, no ranking e conquistar capacidade de ino-
mercado. vação, o Brasil necessita investir em em-
presas de base tecnológica. Fato que já é
Além disso, a inovação é fator preponderante nas EBT’s e, especificamente no observado ao acompanharmos os vários
caso do Brasil, um importante fator a contribuir com a evolução do país, que atual- editais de inovação de órgãos e entidades
mente não tem apresentado um bom rendimento na área de inovação, conforme pode governamentais, como a Finep, Fapergs,
ser observado na figura ranking mundial de inovação, que apresenta o ranking de Fapesp, Sebrae e o Ministério de Ciência
inovação dos países, segundo o Global Innovation Index. No gráfico apresentado, e Tecnologia, através dos editais de ino-
selecionamos alguns países da América Latina e outros grandes players mundiais. vação.

As empresas denominadas startups,


são exemplos de empreendedorismo de alto
impacto. Inicialmente, vejamos um concei-
to bem aceito no Brasil, que é desenvolvido
pela FINEP (Financiadora de Estudos e
Projetos, empresa pública vinculada ao
Ministério da Ciência e Tecnologia):

Startup é uma empresa cuja estratégia


empresarial e de negócios é sustentada
pela inovação, cuja base técnica de
produção está sujeita a mudanças
frequentes, advindas da concorrência
centrada em esforços continuados
de pesquisa e desenvolvimento
Figura: Ranking mundial de inovação Fonte: Global Innovation Index disponível em: http://www.globalinnovationindex.org tecnológico. Principais características
EMPREENDEDORISMO 37

se perguntando: qual a diferença entre


das empresas nascentes de base uma empresa tradicional e uma startup? digitais e virtuais, é que podem ser
tecnológica: em estruturação A grande diferença é que as startups são vendidos inúmeras vezes sem que
empresarial (“quase-empresa”); sem geralmente empreendimentos de baixo seja necessário repetir o trabalho ou
posição definida no mercado; inseridas custo inicial, que apresentam um modelo a produção de novos produtos, gerando
de negócio inovador e está em um ambien-
ou não em incubadoras; que buscam um modelo de negócio repetível e
te de extrema incerteza. Outra diferença
oportunidades em nichos de mercado é a escalabilidade, ou seja, a capacidade escalável”. (Associação Brasileira de
com produtos/serviços inovadores e de apresentarem um grande crescimento. Startups)
de alto valor agregado. (FINEP, 2000)
Outro ponto a destacar é que as Outro tema importante quando fa-
Já, para a Associação Brasileira de startups iniciam de uma forma diferen- lamos de startup, e que está diretamente
Startups, “Startups são empresas em fase te, desenvolvendo o que se chama MPV ligado ao seu conceito, é a escalabilidade.
inicial que desenvolvem produtos ou ser- (mínimo produto viável) ou protótipo, que Para Anderson (2006), a escalabilidade de
viços inovadores, com potencial de rápido já vai para o mercado rapidamente para um negócio está relacionada a capacidade
crescimento”. Claro que estas empresas, validar o modelo de negócio da empresa da empresa de crescer com escala, ou seja,
depois de um tempo, passam desta fase e buscar investidores. mesmo que a busca por produtos e serviços
inicial e tornam-se grandes empresas, onde da empresa aumente (com o aumento do
podemos citar: Google, Facebook, Yahoo, “As startups geralmente atuam na número de consumidores e de operações
Apple, Ebay, etc. Segundo a associação, área de tecnologia ou serviços digitais, de venda/receitas), a empresa escalável
o Brasil conta atualmente com mais de porém não necessariamente. Elas consegue absorver este impacto positivo,
2.800 mil startups e já apresenta negócios mantendo um crescimento da estrutura
só são mais frequentes na Internet,
representativos nesta área, como podemos e dos recursos utilizados, bem menor do
porque é bem mais barato criar uma que uma empresa não escalável, o que gera
exemplificar através de empresas como:
Easy Taxi, Buscapé e Samba Tech. empresa de software (app) e a web aumento dos lucros.
torna a expansão do negócio bem mais
Então, depois de que apresentamos fácil, rápida e barata. Outra grande Dessa forma, podemos dizer que
os respectivos conceitos, você deve estar vantagem de produtos ou serviços as startups, normalmente, são empresas
EMPREENDEDORISMO 38

desenvolvidas em torno de uma ideia inovadora, que se traduz em algo totalmente novo para o mercado ou melhorado signifi-
cativamente, seja ao nível de produto, de processos, da organização ou mesmo de marketing.

No entanto, muitas startups não sobrevivem, conforme podemos verificar em uma pesquisa que a Fundação Dom Cabral
(FDC) realizou com startups, incluindo empresas que fecharam, ainda apresentou um relatório sobre as situações que geram o
desaparecimento de startups no Brasil. Veja um resumo do relatório nas figuras a seguir:

Aspectos que mais influenciam o encerramento

A cada NOVO SÓCIO que trabalha em tempo


integral, a chance da startup ser descontinuada

Se o capital investido cobre os custos operacionais pelo período


$ de 2 MESES A 1 ANO, a chance de descontinuidade aumenta:

320% em relação às startups E 200% a 250% em relação


que possuem capital para custos às startucs que possuem capital
operacionais de apenas 1 MÊS para custos operacionais dpa
Figura 4: Aspectos que
mais influenciam o
mais de 1 ANO.
encerramento Fonte: FDC
EMPREENDEDORISMO 39

5 prováveis razões para a descontinuidade de


startups com mais de um sócio

Não alinhamento dos interesses pessoais e/ou profissionais


dos sócios
Desentendimento entre os fundadores
Falta de identificação pessoal dos sócios com o negócio
Incapacidade de adaptação às necessidades e mudanças
do mercado
Mau relacionamento e desentendimento entre os sócios e
investidores
Figura 5: prováveis razões para a descontinuidade de startups com mais de um sócio Fonte: FDC
EMPREENDEDORISMO 40

RAIO X DAS STARTUPS BRASILEIRAS

ENCERRAM SUAS ATIVIDADES COM


1 ANO OU MENOS DE ATUAÇÃO

ENCERRAM SUAS ATIVIDADES COM 4


ANOS OU MENOS DE ATUAÇÃO

ENCERRAM SUAS ATIVIDADES COM 13


ANOS OU MENOS DE ATUAÇÃO

Figura 6: Raio x das startups brasileiras Fonte: FDC


EMPREENDEDORISMO 41

Revisando

Esse foi o segundo capítulo do nosso identificadas por Osterwalder. Encerramos o capítulo falando das
Ebook, aqui falamos sobre os novos Na sequência, o assunto foi o modelo startups e do empreendedorismo
modelos de negócio e a utilização do mental do empreendedor ou Mindset, de alto impacto, afirmando que as
Business Model Generation(BMG) como que visa identificar as principais startups são empresas desenvolvidas
ferramenta facilitadora do desenho de características que influenciam o normalmente em torno de uma ideia
novos negócios. modelo de escolhas do empreendedor e inovadora.
Através do Canvas do BMG e passando verificamos os modelos, de acordo com
pelas nove etapas do processo, as abordagens dos temperamentos.
explicamos a proposição de valor do O Design Thinking (DT) surge neste
negócio, a segmentação de clientes, a capítulo como um tema totalmente
seleção de canais e escolha da forma relacionado aos novos negócios e a
de relacionamento com os clientes. forma como construímos a relação com
Também falamos sobre o fluxo o cliente, principalmente na elaboração
de receitas, os recursos chave, as da proposta de valor de nosso negócio.
atividades chave e parcerias, fechando Ainda, falamos sobre as fases do DT e
com a estrutura de custos. Lembramos duplo diamante da expansão de ideias
que a utilização deste modelo permite e foco. Neste contexto, abordamos
que possamos pensar em inovação em também o Mínimo Produto Viável ou
cada um destes quadrantes. Produto Mínimo Viável (MVP) e as
Apresentamos alguns modelos suas características de protótipo que
preenchidos do BMG para facilitar o auxilia o desenvolvimento do produto
entendimento e também para destacar ou serviço de forma diferenciada, com
as categorias de modelos de negócios a participação do cliente.
Refletindo

Finalizando nosso segundo capítulo, gostaria de convidá-los


a algumas reflexões que visam auxiliar a aprendizagem sobre
os temas propostos até o momento. Então, solicito que reflitam
sobre as seguintes questões:

Na sua opinião, o Business Model Generation (BMG) é um


modelo que facilita o processo de criação de empresas?

A proposta de valor deve ser o ponto de partida do BMG


ou segmento de clientes?

Como o Design Thinking (DT) pode auxiliar o processo de


criação de novos negócios?

Você utilizaria o MPV durante a criação de um negócio?


Como?

Entre as características de uma startup, qual a mais im-


portante em sua opinião?
EMPREENDEDORISMO 43

PARCERIAS E
POSSIBILIDADES
Desenvolvimento de novos produtos e novos
modelos empresariais suportados por
incubadoras e alianças estratégicas
Buscar e desenvolver parcerias é uma característica dos
empreendedores de sucesso. Neste contexto as incubadoras
tornaram-se um importante ponto de apoio ao desenvolvimento
de novos negócios com foco nas necessidades locais e globais,
com suporte inicial que facilita o processo empreendedor.
EMPREENDEDORISMO 44

As incubadoras de empresa e o No Brasil, o Ministério da Ciência O SEBRAE, em suas pesquisas,


apoio ao desenvolvimento de e Tecnologia (MCT), definiu que exis- identificou que as empresas iniciantes têm
novos produtos tem três tipos de incubadoras, conforme muita dificuldade em conseguir recur-
o tipo de empreendimento e a que oferece sos financeiros de bancos ou entidades
suporte. Vejamos quais são os tipos: de financiamento de projetos. Com isso,
As incubadoras de empresa carac-
é alto o índice de empresas que acabam
terizam-se por serem ambientes planeja- Incubadora de Empresas de Base fechando as portas prematuramente. As
dos e seguros para o desenvolvimento de Tecnológica: é a incubadora que abriga incubadoras acabam desempenhando um
empresas e de novos produtos inovadores, empresas cujos produtos, processos papel importante neste cenário, que é o
são agentes facilitadores para o desenvol-
ou serviços são gerados a partir de auxílio na formação de seus gestores e
vimento destas empresas. Dornelas defini
resultados de pesquisas aplicadas, nos na disponibilidade de uma infraestrutura
as incubadoras como entidades sem fins
quais a tecnologia representa alto valor básica inicial.
lucrativos, destinadas a amparar empresas
nascentes que estão ligadas a determinadas agregado.
Incubadora de Empresas dos Setores Outro papel importante, desempe-
áreas de negócio, oferecendo um ambiente
nhado pelas incubadoras, é a oferta de
encorajador e flexível. Tradicionais: é a incubadora que abriga
um ambiente de interação, transferência
empresas ligadas aos setores tradicionais de tecnologia e possibilidades de aperfei-
A ideia de acompanhar um negócio
da economia, as quais detém tecnologia çoamento gerencial e técnico, conforme a
desde o seu estágio inicial e de ajudar o
largamente difundida e queiram agregar necessidade da empresa. Neste ambiente,
desenvolvimento de empreendimentos,
valor aos seus produtos, processos ou a troca de informações e também de ser-
desde antes de seu nascimento formal e
serviços por meio de um incremento viços entre as empresas incubadas, faci-
sua abertura para atuação no mercado, é a
em seu nível tecnológico. Devem estar lita o acesso a fontes de ideias, clientes e
base do conceito de incubação de empresas. investidores.
Nesse sentido, as incubadoras são o comprometidas com a absorção ou o
mecanismo mais tradicional de geração desenvolvimento de novas tecnologias.
A Associação Nacional de Enti-
de empreendimentos inovadores, tendo Incubadoras de Empresas Mistas: é a
dades Promotoras de Empreendimentos
suas origens na experiência de Nova Iorque, incubadora que abriga empresas dos Inovadores (Anprotec), em seu relatório
Estados Unidos, em 1959. (Anprotec, 2016) dois tipos já descritos. (Fonte: MCT) sobre o impacto econômico do segmento
EMPREENDEDORISMO 45

de incubadoras no Brasil, destaca a exis- O foco principal é a oferta de espaço físico de boa qualidade a baixo custo, além da oferta de
tência de 369 incubadoras de empresas em recursos compartilhados, como auditórios, salas de reunião, equipamentos de uso comum,
todo o país. Essas incubadoras conseguem dentre outros. Uma definição característica dessa geração define uma incubadora de empresas
reunir um grande número de empresas Primeira Geração
como sendo uma estrutura física que oferece a novas e pequenas empresas, aluguéis acessíveis,
incubadas (cerca de 2.310 empresas) e em- escritórios compartilhados, serviços de logística e organiza gestão de negócios e assistência
financeira. Outra característica importante dessa geração é a atuação da incubadora como um
presas graduadas (cerca de 2815 empresas).
ambiente para transformar as tecnologias geradas em universidades e centros de pesquisa
em negócios, numa estratégia que pode ser entendida como “technology push2”.
A associação considera empresas in-
O foco dessa geração deixa de ser somente no espaço físico e nos recursos compartilhados
cubadas aquelas que estão no processo de para enfatizar serviços de apoio ao desenvolvimento empresarial, como treinamentos,
incubação, ou seja, utilizam o espaço da mentorias, coaching, dentre outros. Uma incubadora de empresas pode ser definida como
incubadora e os serviços por ela oferecidos. uma organização que oferece uma variedade de serviços de desenvolvimento empresarial e
Segunda Geração
As empresas graduadas são aquelas que acesso a pequenos espaços em termos flexíveis, de forma a atender as necessidades de novas
já passaram pelo processo de incubação. empresas. O pacote de serviços oferecidos é projetado para melhorar as taxas de crescimento
e de sucesso das novas empresas, com consequente aumento do impacto sobre a economia
Também fica claro nas pesquisas da enti-
da região. Assim, essa geração possui um viés claramente expresso como “market-pull ”.
dade, a importância do alinhamento das
Além dos elementos disponibilizados pelas incubadoras das duas gerações anteriores, as
incubadoras no Brasil com as boas práticas
incubadoras dessa terceira geração focam na criação e na operação de redes para acesso a
de gestão existentes no país e no exterior, recursos e conhecimentos, sintonizando a incubadora ao ecossistema de inovação no qual ela
buscando alinhar-se com o conceito de está inserida. Um conceito típico dessa geração é o apresentado em estudo feito pelo infoDev:4
Terceira Geração
incubadoras de terceira geração, conforme “uma incubadora de empresas é uma organização que acelera e sistematiza o processo de
o quadro ao lado demonstra: criação de empreendimentos bem-sucedidos, por meio do fornecimento de um conjunto de
apoios abrangentes e integrados, incluindo espaço físico, serviços de suporte e oportunidades
de networking e integração com clusters”.
Quadro: Gerações das incubadoras Fonte: Anprotec (2016).

² Abordagem de análise da inovação que considera o conhecimento científico como propulsor do processo de inovação.
³ Abordagem de análise da inovação que considera a demanda de mercado como propulsora do processo de inovação. (Também é conhecido como
demand-pull).
4
infoDEV. Global Good Practice in Incubation Policy Development and Implementation. Disponível em http://www.infodev.org/infodev-files/resource/
InfodevDocuments_834.pdf
EMPREENDEDORISMO 46

O modelo das incubadoras, no Brasil, com foco no apoio a atividade empreen- b) A importância da presença de empresas
dedora e inovadora, está buscando atingir este terceiro nível (3ª Geração), com apoio incubadas e graduadas é vital para os
do Sebrae e da Anprotec, 108 incubadoras estão implantando o modelo Cerne, que mercados dos locais onde estão inseridas.
foi concebido, visando propor processos genéricos e práticas que permitam a incu- A Organização para a Cooperação e
badora assumir seu papel no ecossistema de inovação local. O modelo Cerne possui Desenvolvimento Econômico (OCDE) considera
três camadas, conforme podemos observar na figura Modelo Cerne: que aproximadamente 60% dos empregos
Nessa camada, o foco dos processos está na gestão da incubadora criados em todo o mundo são gerados por
como um empreendimento e na ampliação de seus limites, ou seja,
são os processos da incubadora referentes a finanças, pessoas e ao empresas com menos de 20 empregados.
relacionamento desta com o entorno Paralelamente, a organização identificou que
Incubadora a capacidade de geração de novos empregos
O foco dessa camada são os processos que viabilizam a transfor- em uma empresa decresce a partir de seu
mação de ideias em negócios.
quarto ano de existência, visto que começa
Processo
a atingir sua maturidade.
Essa camada inclui os processos diretamente relacionados com a
geração e o desenvolvimento dos empreendimentos
c) Os programas das incubadoras buscam
Empreendimento trabalhar, sistematicamente, a inovação
Figura: Modelo Cerne Fonte: Anprotec, 2016 de modelos de negócios, tecnologias
empregadas e conceitos, os quais tornam
A importância da estruturação de um modelo como o Cerne, está na possibi- as pequenas empresas mais propensas à
lidade de reprodução do sucesso de programas de incubação e, consequentemente, inovação, buscando diferenciar-se para
das empresas incubadas. Essa possibilidade permite encurtar etapas e contribuir para sobreviverem. Esta diferenciação gera
a competitividade dos negócios, também para o desenvolvimento local sustentável, crescimento econômico e impacta na criação
visto que estudos realizados no Brasil e no exterior demonstram que existe uma es- e redistribuição da riqueza.
treita relação entre negócios graduados e o desenvolvimento local, gerando impactos d) Dados do Banco Mundial indicam que
positivos. Podemos destacar entre estes impactos, os seguintes: quatro em cada cinco novos empregos são
gerados atualmente por micro e pequenas
a) O custo de criação de um emprego nas empresas incubadas/graduadas e de sua atuação na empresas. Isso significa que, nos últimos
economia local é compatível com os custos de criação de empregos, oriundos de uma política anos, globalmente, cerca de 2/3 do saldo
de atração de investimento empregada pelo governo. dos empregos foi gerado por pequenas
EMPREENDEDORISMO 47

empresas de rápido crescimento. Esses Confirmando os impactos citados


anteriormente, podemos verificar que o Classificação Incubadas (%) Graduadas (%)
números sugerem que tais empresas
receberam aporte de conhecimento ou capital Brasil segue a tendência mundial. Estudos
(ou ambos), seja através dos capitalistas de da FGV com incubadoras em nosso país, Até 4 empregos 82,3 64,6

risco que financiaram muitas startups e demonstram que as empresas incubadas e 5-9 11,3 15,5

incorporaram a essas empresas tecnologias graduadas se classificam, em sua grande 10 - 19 3,7 9,8

de outras empresas existentes - acelerando maioria, entre micro e pequenas empresas 20 - 49 2,3 7,0

seu desenvolvimento e encurtando o (96% entre as empresas incubadas e 85,9% 50 - 99 0,2 1,4

desenvolvimento de tecnologias inovadoras entre as empresas graduadas), conforme 100 - 249 0,0 1,0

-, seja através de programas de incubação demonstra a tabela distribuição das em- 250 - 499 0,2 0,4
e/ou aceleração de empresas. presas incubadas e graduadas por porte. Acima de 499 0,0 0,3
e) Estudos da International Business Total 100,0 100,0
Classificação Incubadas (%) Graduadas (%) Tabela: Geração de emprego em empresas incubadas e graduadas
Innovation Association - INBIA e da OCDE Fonte: FGV, 2016
sugerem que cerca de 80% dos graduados
16,4 Ao analisarmos as duas tabelas do
permanecem atuando no mesmo local Microempresa 31,3
estudo da FGV, podemos observar a con-
onde foram incubados, ajudando no Pequena 64,7 69,5
firmação do que foi apresentado anterior-
desenvolvimento e na dinâmica econômica Média 3,1 8,9
mente, visto que em relação ao número
local. Dado o contexto e a natureza dos Grande 0,9 5,2
de empresas que empregam mais de 10
empreendedores incubados no Brasil, TOTAL 100,0 100,0
pessoas, registra-se um aumento de 6,4%
pode-se imaginar que a realidade não seja Tabela: Distribuição das empresas incubadas e graduadas por porte
Fonte: FGV, 2016 (empresa incubadas) para 19,9% (empresas
diferente dos números apresentados pelos
estudos internacionais. Esse conjunto de O mesmo estudo da FGV, com base graduadas).
dados comprovaria a contribuição direta em dados da RAIS, demonstra os percen-
tuais de empresas incubadas e graduadas Em um estudo realizado no Reino
das empresas incubadas/graduadas no
desenvolvimento local. conforme a sua capacidade de geração de Unido, buscando identificar o impacto na
Quadro: Impactos dos empreendimentos incubados/graduados empregos. Estes números podem ser veri- incubação de empresas, nas empresas com
Fonte: Anprotec, 2016.
ficados na tabela geração de emprego, em alto potencial de crescimento, demonstrou
empresas incubadas e graduadas. que as incubadoras geram influências nas
EMPREENDEDORISMO 48

empresas apoiadas, gerando um maior crescimento para estas empresas. O estudo Outra opção de apoio a novos em-
também apontou que o desenvolvimento da credibilidade, a possibilidade de encur- preendimentos, principalmente startups,
tamento da curva de aprendizagem de seus empreendedores, as condições de acesso são as aceleradoras. Este tipo de mecanis-
a uma rede de relacionamento de empreendedores e a capacidade de resolução de mo de apoio difere das incubadoras por
problemas de forma mais ágil, são fatores que contribuíram para este crescimento não ter vínculos com centros acadêmicos
mais acelerado das empresas incubadas em relação às empresas que não passaram e possuir grande foco em negócios esca-
por períodos de incubação. Essa relação fica mais evidente na figura de crescimento láveis. As aceleradoras são normalmente
com incubação, versus crescimento sem incubação. lideradas por empresários e empreendedo-
res de renome, que garantem capacidade
de investimento, quer utilizando capital
próprio ou através de financiamento via

Período de Incubação
capital de risco.

Negócios escaláveis geram mais


empregos, renda e impacto, onde
Crescimento
estiverem. Significa também
reproduzir em grandes quantidades,
repetidamente, aquilo que te dá
ganho de escala e produtividade sem
demandar recursos (dinheiro e/ou
mão de obra) na mesma proporção.
(Fonte: Endeavor)

Normalmente, vemos nas acelerado-


Tempo
ras a criação de um ambiente que agrega
investidores, pesquisadores, empresários,
Crescimento sem incubação Crescimento com incubação mentores de negócios e fundos de investi-
Figura: Crescimento com incubação versus crescimento sem incubação Fonte: Incubation for growth (2011, pg 5)
EMPREENDEDORISMO 49

mento, que participam do processo de ace- Parcerias e alianças estratégicas na produção ou na venda de produtos ou
leração das empresas escolhidas. Também, serviços.
é comum a aceleração durar pouco tempo
Ao relembrarmos o Business Model
e buscar, principalmente, levar as empre- As alianças estratégicas podem ser
Canvas, verificamos que existe um qua-
sas que desenvolvem negócios escaláveis agrupadas em três categorias, que são:
drante que é chamado parcerias chave.
para o mercado, buscando investimento alianças sem participação acionária, alian-
Parcerias e alianças estratégicas fazem
por meio de capital de risco. As empresas ças com participação acionária e joint-
grande diferença ao fomentarem o cresci-
aceleradas podem ou não terem passado -ventures.
mento das empresas, com custos menores
por processos de incubação.
do que teriam, se estivessem agindo de
Para melhor entendermos os mo-
forma isolada. Na literatura da área de
No Brasil, existem aceleradoras que delos de alianças estratégicas propostos,
estratégias e de empreendedorismo, en-
desenvolvem atividade de aceleração sem a figura alianças estratégicas, apresenta os
contramos parcerias e alianças como um
fins lucrativos, com foco em negócios so- conceitos de cada uma das três categorias
termo semelhante. Assim, abordaremos as
ciais de alto impacto. É o caso da Artemi- citadas anteriormente, bem como o des-
alianças estratégicas neste Ebook.
sia, que tem foco em negócios escaláveis dobramento das alianças sem participação
de cunho social. acionária.
Com Empresas parceiras
suplementam os acordos
Estas possibilidades, incubadoras e ALIANÇAS participação
acionária
com participação acionária
ESTRATÉGICAS uma da outra
aceleradoras, tornam mais fácil o ato de
empreender e criam alianças que geram Sem participação
Joint-ventures As empresas parceiras criam uma
empresa legalmente

maiores oportunidades e competências. acionária independente na qual investem e


da qual compartilham quaisquer
lucros que sejam gerados
Os novos negócios podem encontrar am- As alianças sem participação
acionária são as mais comuns,
bientes que integram o que chamamos de Uma empresa permite que

Logo
neste caso as empresas não outras usem seu nome para
assumem participação
ecossistema empreendedor, cuja finalidade acionária uma da outra e nem
criam uma unidade
Acordos de licenciamento
vender produtos

é ampliar as opções de sobrevivência e organizacional independente


Uma aliança estratégica existe sem- para administrar as ações de Uma empresa concorda em
sucesso de empreendimentos. cooperação entre as empresas ser o fornecedor de outras
pre que duas ou mais organizações inde- Acordos de Fornecimento

pendentes cooperam no desenvolvimento, Uma empresa concorda em


distribuir os produtos de
outras
Acordo de Distribuição
EMPREENDEDORISMO 50

As alianças estratégias são impor- podem caracterizarem-se como incubado- através da cooperação em determinados
tantes na medida em que podem ser uti- ras e primeira geração, segunda geração e momentos.
lizadas pelas empresas para melhorar o terceira geração, iniciando com a oferta de
desempenho de suas operações, ou mesmo espaço e recursos compartilhados, passan-
para criar condições para um ambiente do pelo apoio ao desenvolvimento empre-
competitivo favorável, ou ainda, para fa- sarial e chegando a criação e operação de
cilitar a entrada ou a saída de novos mer- redes de acesso a recursos e conhecimento.
cados ou setores.
Aprendemos que empresas incuba-
Revisando das são as empresas que estão em pleno
processo de incubação e empresas gradu-
adas são as empresas que passaram pelo
Ao abordarmos as parcerias e pos- processo de incubação e já estão atuando
sibilidades da ação empreendedora, apre- no mercado.
sentamos a possibilidade das incubadoras
de empresa, que oferecem um ambiente Percebemos que negócios escalá-
planejado e seguro para o desenvolvimento veis são caracterizados pela capacidade
de novos negócios. de reproduzir em grandes quantidades,
repetidamente, aquilo que gera ganho de
Citamos os tipos de incubadoras escala e produtividade, sem demandar um
conforme o tipo de empreendimento, que aumento de recursos na mesma proporção.
são: incubadoras de empresas de base tec-
nológica, incubadoras de empresas dos Ao falarmos sobre as alianças es-
setores tradicionais e incubadoras de em- tratégicas, descobrimos que podem ser
presas mistas. classificadas em alianças sem participa-
ção acionária, com participação acioná-
Também vimos que as incubadoras, ria e join-ventures. E que são utilizadas
conforme o tipo de apoio que oferecem, para facilitar o crescimento das empresas,
Refletindo

Para nossa reflexão sobre os assuntos abordados neste


capítulo, convidamos que meditem sobre as seguintes questões:

O que é uma incubadora de empresas?

Como o processo de incubação pode auxiliar no desenvolvimento


de novos negócios?

Quais são os modelos de incubadoras existentes no Brasil?

Como uma empresa pode desenvolver alianças estratégicas


para facilitar seu processo de crescimento?
EMPREENDEDORISMO 52

BUSCANDO
CRESCIMENTO
Impacto social e o crescimento da
comunidade onde estamos inseridos
EMPREENDEDORISMO 53

Administrando um negócio em controlar os processos, certamente, con- É necessário estabelecer métricas de


crescimento trolamos o estoque (quando necessário, acompanhamento das ações de marketing.
ou seja, quando usamos estoque). Para Controlar fãs ou curtidas no Facebook,
empresas que necessitam desenvolver e no Instagram ou no Twitter, visitas ao
A gestão dos novos negócios, aque-
entregar produtos aos clientes, o prazo site da empresa, nada significam se não
les que estão em sua fase inicial, envolve
é fundamental para manter os clientes conseguimos convertê-las em compras.
situações que são consideradas pelos em-
satisfeitos. Então, o processo de compra
preendedores, em muitas vezes, como uma
de matéria-prima tem de ser bem acom- O mix de marketing (produto, pre-
gestão diferente daquela utilizada por uma
panhado para evitar atrasos na entrega ço, local e promoção) devem estar ali-
empresa já estabelecida. Certamente, o
por falta de produtos acabados. nhados com a estratégia da empresa e o
sonho de todo o empreendedor é ver sua
desenvolvimento (e entrega) da proposta
empresa crescer rapidamente, no entan-
Marketing é outro ponto importante de valor.
to, para que isso aconteça, é necessário
a ser monitorado e planejado. As ações
ter uma boa estratégia, além de um bom
devem tornar seu produto ou serviço co- Os processos de venda e pós-venda
produto ou serviço.
nhecido. Também precisamos conhecer também devem ser organizados e plane-
o cliente e suas necessidades ou dores e jados com foco na proposta de valor de-
Organizar o sistema de gestão da
preparar novos lançamentos que o tornem senvolvida para a empresa. Nesta hora, o
empresa, incluindo a sua estratégia, é
mais fidelizado. Business Model Generation é uma fer-
fundamental para que o empreendedor
ramenta que ajuda a enxergar a empresa
consiga administrar o crescimento. Um
como um todo.
crescimento orgânico (gradual e planejado)
permite preparar-se para sustentar as fases
A gestão de pessoas é outro ponto
seguintes de desenvolvimento do negócio,
importante e deve ser muito bem organi-
até sua consolidação.
zada, visto que o crescimento da empresa
demandará novas pessoas, novas funções,
Além disso, devemos organizar os
com atribuições mais específicas. Enten-
processos da empresa e o fluxo de caixa,
der as competências que necessitam ser
que é importantíssimo. Nesse sentido, ao
agregadas à empresa, em cada fase de seu
EMPREENDEDORISMO 54

desenvolvimento, é fundamental para ga- modelos de negócio que somente uma tec- Inicialmente, a internet possibilitou
rantir a continuidade do processo. nologia integradora conseguiria promover. novas formas de apresentação das empresas
e contatos com os clientes, a medida que
O crescimento não acontecerá por a aderência a esta nova forma de comuni-
acidente e sim por capacidade e trabalho cação foi crescendo, novas oportunidades
organizado. Então, temos que buscar a surgiram. As mudanças de comportamento
efetividade em nossas ações diárias e o dos consumidores geraram respostas por
empreendedor é o líder, aquele que todos parte dos empreendedores e o surgimento
observam. Para criar uma cultura de en- de aplicativos novos, que criaram as redes
gajamento, é necessário estar engajado e sociais, causaram uma nova revolução no
comprometido com o sucesso da empresa. modelo de negócios.
Isso exige dedicação em tempo integral,
mas o crescimento toma tempo do em- A partir de 2004, a evolução da Web
preendedor e cria novas situações cada 2.0, criando o conceito de plataforma, onde
vez mais difíceis de gerenciar. Por isso, é temos uma segunda geração de serviços e
importante delegar e preparar sua equipe tecnologia, utilizados para gerar experi-
para assumir responsabilidades. O e-commerce ou comércio ele- ência de conteúdo para os usuários. Este
trônico é a realização de comunicações modelo gera trocas de informações, que
Empreendedores e a internet e transações de negócios através de rede permitiram o surgimento de negócios das
e computadores, mais especificamente, a mais variadas formas, visando atender as
compra e a venda de produtos e serviços, necessidades de clientes que se tornaram
Desde o crescimento da internet, na e a transferência de fundos através de co- mais participativos.
década de 90, no século passado, obser- municações digitais. Também podemos
vamos um avanço constante de suas fun- incluir todas as funções entre empresas e As novas opções advindas do uso da
cionalidades e com o advento do comércio intraempresas (tais como marketing, fi- internet e do surgimento do e-commerce
eletrônico, posteriormente, denominado nanças, produção, vendas e negociação) influenciaram o comportamento do con-
e-commerce. Nele, vimos a aproximação que viabilizam o comércio eletrônico sumidor (atividades mentais e emocio-
entre empresas e clientes gerarem novos (Adaptado de E-commerce Brasil). nais realizadas na seleção, compra e uso
EMPREENDEDORISMO 55

de produtos/serviços para a satisfação de online, um blog com conteúdo e muitas


necessidade e desejos) e as pesquisas, que outras opções. tv, com faixa etária média de 26 anos;
têm demonstrado sua importância para o – Mais de 90% dos empreendedores
desenvolvimento do empreendedorismo Sandra Turchi, consultora em digitais possuem fan page, canal no
digital. marketing digital e e-commerce e coor- Youtube e Instagram e divulgam seus
denadora de cursos de marketing digital da produtos e serviços nas redes sociais;
Empreendedorismo digital está ESPM, disse em um artigo para a revista – O país já representa 59,1% de todas
relacionado à criação de um negócio que Pequenas Empresas Grandes Negócios, as transações em comércio eletrônico
funcione de forma digital, no ambiente que ser dono do próprio negócio é um da América Latina, de acordo com um
sonho antigo dos brasileiros, e hoje há
virtual, principalmente na internet, e mais chances de isso se tornar realidade, estudo realizado pela América Economia
que realize seus processos, ou a maioria graças às oportunidades oferecidas pela Intelligence e encomendado pela Visa.
deles, neste espaço virtual. (PEREIRA; internet e pelo crescimento das mídias
BERNARDO, 2016) sociais. Nos últimos anos, proliferaram Segundo dados do IBGE, apresen-
inúmeros casos de sucesso no ambiente tados no primeiro semestre de 2016, 54%
Assim como nos empreendimentos digital, que não se restringiram apenas ao dos brasileiros já têm acesso à internet e
tradicionais (off line), quando tratamos e-commerce. Também surgiram na web a tendência é que esse número continue
de empreendedorismo digital, o objeti- outros serviços, como foi o caso do Mi- subindo cada vez mais a medida que a in-
vo da maioria das pessoas é obter lucro gre.me, site que encurta a URL (recurso ternet se torna mais popular entre pessoas
e trabalhar com condições de trabalho muito usado no Twitter), só para citar um de diferentes faixas etárias, sendo acessível
mais f lexíveis e simples. Diferente dos exemplo. Mas há ainda um grande campo independente de condições financeiras.
empreendimentos offline, o empreende- a ser explorado. Além do mais, de acordo com uma pesqui-
dorismo digital normalmente pede um sa do E-bit, apenas nos primeiros 6 meses
investimento inicial menor e não exige Estudos da Ebit demonstram que: de 2016 houve um crescimento de 5,2%
uma estrutura física complexa para seu – 94% dos internautas pesquisam sobre no comércio eletrônico, e os consumidores
funcionamento. Um negócio digital pode produtos e serviços antes de comprar; virtuais ativos também cresceram em 31%,
ser um e-commerce (como já vimos), um – Os internautas brasileiros passam 3x atingindo a marca de 23,1 milhões. Os
portal de cursos, um serviço oferecido mais tempo na internet do que vendo vídeos também vêm como tendência, pois
5
Ebit: empresa pioneira em realizar pesquisas online que visam analisar e entender
o perfil e os hábitos do consumidor virtual. (Fonte: www.ebit.com.br)
EMPREENDEDORISMO 56

até 2019 eles serão responsáveis por 80%


de todo o tráfego de internet do mundo. Quatro motivos para se aventurar no
EMPREENDEDORISMO DIGITAL
As notícias correm muito rápido
na internet! Considerando que em um
negócio tradicional sua atuação seria bas-
2. Negociações dinâmicas
tante limitada, devido as dificuldades de
acesso ou mesmo barreiras geográficas,
1. Crescimento do
por exemplo, com o empreendedorismo ambiente virtual e
WI-FI

digital você consegue fazer que pessoas facilidade de acesso


No ambiente virtual é muito mais simples
de diferentes pontos do mundo conheçam a internet realizar negociações e manter um empreendi-
mento dinamico, uma vez que se elimina a
seu negócio e consigam comprar seus pro- Com a constante expansão da internet e a
crescente facilidade de acesso virtual a necessidade de encontros presenciais, todas as
dutos ou serviços. Vejamos, então, quatro partir de dispositivos como smartphones transações são feitas de forma instantânea e na
maioria das vezes não existem questões como
e tablets, esse ambiente se torna propício
motivos apresentados para incentivar o não só à divulgação de produtos e horário de funcionamento, de atendimento e
etc.
serviços, mas para a consolidação de
empreendedorismo digital. empreendimentos totalmente digitais

SUCCESS 4. INVESTIMENTO INICIAL E CUSTOS


DE OPERAÇÃO REDUZIDOS
3. FACILIDADE DE ATINGIR
MUITAS PESSOAS

Para começar a se aventurar no empreen-


dedorismo digital, algumas vezes você só
vai precisar de você mesmo e de um
Com cada vez mais gente conectada, é computador. E claro que isso varia de
muito mais fácil fazer com que seu acordo com o tipo de negócio que você
negócio consiga impactar diferentes pretende criar e com a verba inicial
pessoas e que ele ganhe visibilidade a disponível. Porém, em algumas situações
nível nacional e até mundial é totalmente possível e mais do que
Fonte: Adaptado de Sambatech. Editado suficiente.
por Gabriel Olmiro
EMPREENDEDORISMO 57

Então pessoal, é inegável o cresci- De acordo com o Secundados (2016), A terceira onda do Express, uma
mento de oportunidades oferecidas pela o faturamento do mercado online caiu de pesquisa nacional online do CONEC-
internet para o empreendedorismo digi- R$ 8,2 bilhões em 2008, para R$ 35 bi- TAí (iniciativa do IBOPE, referência no
tal, segundo a terceira edição da pesqui- lhões no ano de 2014. A pesquisa também Brasil e na América Latina em pesquisas
sa PayPal/Ipsos, que entrevistou mais de apontou que o número de consumidores na baseadas na voz do consumidor), revela
28 mil pessoas de 31 países, sendo 800 Internet cresceu de 13,2 milhões para 63 que 90% dos usuários de Internet do país
brasileiros, entre o final de setembro e milhões, no mesmo intervalo de seis anos. costumam fazer compras online, sendo que
começo de outubro 2016. Aqui, 67% dos os itens mais comprados são, em ordem,
brasileiros afirmaram ter feito compras Segundo o Estudo Geral de Meios, eletrodomésticos, roupas e eletrônicos,
online nos últimos 12 meses. E, apesar conduzido pela Ipsos Connect, enquanto conforme apresentado na Itens, que os
da crise, 44% dos entrevistados disseram os entrevistados declararam gastar, em internautas compram ou já compraram
que pretendem aumentar seus gastos no média, R$ 229,00 por mês em lojas físi- pela internet. A pesquisa foi realizada com
E-commerce durante o próximo ano. cas de shopping, os usuários de Internet 2.000 internautas, em junho de 2016.
declaram investir, em média, R$ 428,00
Uma pesquisa apresentada no site mensais em compras online. Esses valores,
E-commerce Brasil chama a atenção tam- de acordo com a Ipsos, variam de acordo
bém para o crescimento das compras dos com a classe social. A pesquisa ouviu um
brasileiros via smartphone, que subiu de total de 55.576 pessoas entre os meses de
13% para 17%, entre 2015 e 2016. Apesar julho de 2015 e junho de 2016, residentes
de uma leve queda, de 76% para 74%, o nas principais regiões metropolitanas do
PC (desktop e laptop) continua sendo o Brasil.
dispositivo mais usado para as compras Conforme informação da E-bit, o
online. Já os tablets, com vendas cada vez setor movimentou R$ 28,8 bilhões em
menores pelo mundo, também foram me- 2013 e R$ 35,8 bilhões em 2014, aumento
nos usados na hora de acessar plataformas de 24% em relação ao ano anterior. Em
de E-commerce, caindo de 7% para 4% 2015, chegou a R$ 41,3 bilhões, cresci-
no último ano. mento nominal de 15,3%, se comparado
a 2014.
Figura: Itens que os internautas compram ou já compraram pela
internet Fonte: Conectaí (2016)
EMPREENDEDORISMO 58

Agora que conhecemos um pouco oportunidades inovadoras, através da cria- isso ele possui habilidades mais aplicá-
mais sobre as possibilidades do empreen- tividade e da integração de processos, de veis a uma determinada tarefa que é sua
dedorismo digital, vamos continuar nosso forma a eliminar barreiras de comunica- responsabilidade. Deixando mais claro,
estudo falando do intraempreendedorismo ção e promoverem a visão sistêmica do podemos dizer que o intraempreendedor é
e do empreendedorismo social. negócio. focado em determinados processos dentro
da empresa e não em toda a empresa.
Intraempreendedorismo e Intraempreendedorismo é um conceito
Empreendedorismo social relativamente recente que se concentra Verdadeiros motores da inovação
em funcionários de uma empresa dentro das empresas, os intraempreen-
dedores tornam-se habilidosos soluciona-
Vamos finalizar falando do intraem- que têm muitos dos atributos dos
dores de problemas, visto que encontram
preendedorismo e do empreendedorismo empresários. Um intraempreendedor as formas mais eficazes para realizar as
social, duas vertentes do empreendedoris- é alguém dentro de uma empresa, que tarefas e geram as principais contribuições
mo que despertam muito interesse. O in- assume riscos em um esforço para aos aumentos na produtividade dentro das
traempreendedorismo também é conheci- resolver um determinado problema. companhias. Eles estão sempre orientados
do como empreendedorismo corporativo e (NEWLANDS, 2017) para o mercado e buscam incessantemen-
empreendedorismo interno. As mudanças te políticas, tecnologias e aplicações que
que ocorrem no macroambiente das em- O nível de foco é o que diferencia resolvam uma barreira ao aumento da
presas, tornam necessária a identificação empreendedores e intraempreendedores. produtividade.
de perfis diferenciados entre os colabora- Enquanto o empreendedor pensa no ne-
dores e, consequentemente, o aproveita- gócio como um todo e assume o risco do Podemos verificar que existe uma
mento destes perfis de forma a conduzir empreendimento, o intraempreendedor grande ligação entre o empreendedorismo
a obtenção dos resultados almejados pelas atua em empresas já estabelecidas para e o intraempreendedorismo, ao conside-
empresas. resolver um problema específico. rarmos que é muitas vezes assumindo ta-
refas intraempreendedoras que permitem
Nesse contexto, a implantação de Certamente, o intraempreendedor a alguém construir as habilidades neces-
uma cultura empreendedora surge com assumirá riscos também, mas dentro do sárias para, eventualmente, tornar-se um
plano de fundo para a identificação de contexto de sua atividade na empresa, por empreendedor. Sendo assim, o intraem-
EMPREENDEDORISMO 59

preendedorismo pode tornar-se o primeiro onde inovadores talentosos identificam,


passo na escalada para o surgimento de ensinam e promovem outros inovadores suas ideias postas em prática, eleva
um empreendedor. talentosos, que seguem o ciclo até gerar o moral do quadro de funcionários e
uma empresa líder em inovação em seu seu comprometimento com a empresa.
Usualmente, após atuar como in- setor. Mas a promoção do engajamento O intraempreendedorismo tira-os da
traempreendedor e desenvolver as com- também é um resultado interessante da posição de simples funcionários e
petências para reconhecer e aproveitar cultura do intraempreendedorismo, veja coloca-os em evidência, gerando um
oportunidades, surge a vontade de ter mais o quadro engajamento e integração:
liberdade de ação e, o empreendedorismo,
sentimento de integração.
Quadro: Engajamento e integração Fonte: MJV (2017)
torna-se a via para a realização deste de-
sejo. Muitas vezes este processo é adiado, Em um ambiente de negócios, em
quando o intraempreendedor encontra rápida e constante mudança, as indústrias
na empresa onde trabalha a possibilidade estão sendo interrompidas um a um. Em
de autonomia e independência, aliadas resposta, intrapreneurship ajuda as grandes
à liberdade para experimentar e para a organizações a inovar mais rápido, melhor
possibilidade de crescimento. e continuamente, adaptando os métodos
de inovação utilizados com sucesso pelas
Os empresários que conseguem con- startups.
viver bem com pessoas dentro da empresa, Muito embora o intraempreendedorismo
que apresentam características empreende- tenha como resultado mais cobiçado O tema intraempreendedorismo é
doras, podem criar um ciclo virtuoso onde tão importante, que em 2011 foi criada a
a implementação de uma cultura Intrapreneurship Conference, uma orga-
a empresa cresce através da contratação
de mais intraempreendedores talentosos, de inovação, ele também é uma nização que busca criar um espaço para
que são promovidos ao longo do tempo ferramenta muito eficaz para combater o intraempreendedorismo, destacando as
por suas competências e que reconhe- um dos maiores obstáculos para que melhores histórias, ideias e pessoas de des-
cem outros intraempreendedores entre empresas atinjam o seu potencial: a taque neste campo. Através de eventos ao
seus colaboradores. Dessa forma, criamos falta de engajamento do seu pessoal. redor do mundo, a organização se propõe
uma cultura empreendedora e inovadora, A possibilidade de ser ouvidos e ter a oferecer insights práticos sobre o que
EMPREENDEDORISMO 60

está funcionando, em termos de inovações


Passos para a criação de
corporativas, além de acesso à verdadeira uma cultura de Uma cultura de empresa que promove o
tribo de líderes intraempreendedores. INTRAEMPREENDEDORISMO
pensamento empresarial interno começa
com um lider que exemplifica.

A organização considera que o in-


traempreendedorismo é um motor para Incentivar a concorrência saudável: como
empreendedores, os intraempreendedores
acelerar a mudança cultural e gerar trans- devem ter um sentido sadio da competição
formação organizacional, desenvolvendo a um com o outro, com finalidade para
fazerem o melhor trabalho e colherem
capacidade de capitalizar as oportunidades juntos os resultados
de crescimento. Dessa maneira, a incor-
poração de uma cultura de intraempreen- Corrigir os problemas à medida que surgem:
Istigar o sentimento de urgência em seus
dedorismo também ajuda a atrair, reter e funcionários, e ensiná-los a corrigir todos os
desenvolver os melhores e mais brilhantes problemas grandes ou pequenos, quando eles
surgirem.
talentos. Veja as dicas do Business News
Daily para a criação de uma cultura in-
traempreendedora, no infográfico passos Senso de Equipe: Faça as pessoas entenderem e
para a criação de uma cultura de intraem- sentirem que fazem parte de algo maior.

preendedorismo.

Seja transparente: Confiar informações


importantes da empresa e incluí-los nas
decisões pode torná-los mais envolvidos nos
processos de negócios.

$
Recompensar o comportamento proativo: Líderes e
gerentes não devem estar controlando cada detalhe
do que seus funcionários fazem. Eles devem ser
mais “mãos-off” e recompensar os que encontram
Fonte: Adaptado de MARTIN (2016) maneiras de melhorar a eficiência por conta própria.
Editado por Gabriel Olmiro
EMPREENDEDORISMO 61

A criação de uma cultura de intra- Sabemos todos que o empreende- Existe uma fronteira muito tênue
empreendedorismo apresenta grandes van- dorismo e a capacidade de inovação são que divide os conceitos de empreendedo-
tagens para as organizações. Apesar disso,dinamizadores das modernas economias, rismo social, voluntariado e caridade, ao
a Intrapreneurship Conference considera das quais tornam-se fatores muito impor- analisar os conceitos de empreendedorismo
que, devido à amplitude e profundidade de tantes. Ainda, é necessário, principalmente social, validados por instituições que são
seu alcance e impacto potencial, não é umaem tempos de crise, adotarmos ações que referência à área, encontramos a mesma
tarefa fácil implementar o intraempreen- gerem crescimento e desenvolvimento, dificuldade em identificar esta diferen-
dedorismo e obter resultados sustentáveis a
que reduzam o desemprego e gerem ren- ça, como podemos observar no quadro:
partir dele. Não há uma receita sobre comoda. Para isso, este crescimento tem de ser Conceitos de Empreendedorismo Social.
fazê-lo, pois em grande parte depende da inclusivo, tem de permitir acesso ao co-
cultura única e contexto da organização. nhecimento e capital. Novos modelos de O empreendedor social é alguém que
Outro tema importante que falamos negócio devem compatibilizar de forma trabalha de forma empreendedora para
no início desta seção é o empreendedo- clara o sucesso empresarial ao sucesso da um benefício público ou social, invés de
rismo social e vamos agora conhecer um sociedade como um todo. ter por objetivo a maximização do lucro.
pouco mais sobre esta opção. Um em- Os empreendedores sociais podem
presário é um empreendedor, ao consi- Quando o valor é compartilhado,
trabalhar em negócio éticos, organizações
derarmos que no início de sua atividade os modelos de geração de valor entendem
públicas ou privadas, em voluntariados ou
apresentou as características necessárias que a geração de valor econômico está
ao desenvolvimento de um negócio. Um diretamente ligada à geração de valor para no setor comunitário. (School for Social
empreendedor não é necessariamente um a sociedade, e neste contexto aparece com Entrepreneurship - Reino Unido)
empresário, visto que analisamos há pouco grande destaque a figura do empreendedor Um empreendedor social é inovador, e
a possibilidade do intraempreendedorismo, social. possui características dos empresários
mas também é empreendedor aquele que Os empreendedores sociais são indivíduos tradicionais como a visão, a criatividade e
deseja mudar o mundo, que deseja fazer que têm soluções de inovação para problemas a determinação, as quais aplicam e focam
algo que mude a realidade das pessoas, sociais. São ambiciosos e persistentes,
na inovação social. (Canadian Center for
que se empenhe em melhorar algo. Nessa enfrentam os maiores problemas sociais e
categoria encontram-se os empreendedores oferecem alterações a larga escala. Sakar Social Entrepreneurship)
sociais. (2010)
EMPREENDEDORISMO 62

Para a Fecomercio de São Paulo,


Os empreendedores sociais são pessoas as empresas que atuam como negócios
visionárias, criativas, pragmáticos e com sociais configuram o que se tem chamado
de “setor 2.5”, um setor intermediário entre
capacidade para promover mudanças
o setor privado (2) e o setor das organi-
sociais significativas e sistêmicas. São zações da sociedade civil (3). Logo, para
indivíduos que apontam tendências e fazer parte desse mundo, os especialistas
apresentam soluções inovadoras para recomendam: coloque a causa em primeiro
problemas sociais e ambientais. (ASHOKA lugar.
- EUA)
“Vocês (empreendedores) são os que “Iniciativas nesse campo podem ser
Quadro: Conceitos de empreendedorismo social Fonte: Fontes
citadas no quadro constroem pontes, são a cola que une lucrativas, mas o que deve motivar o
O empreendedorismo gera mudan- tudo, (...) que pode ajudar a liderar o empreendedor é resolver um problema.
ças e não apenas novos negócios, como de- caminho para um mundo mais próspero, Claro que precisa ser rentável, porque,
fendeu o ex-presidente americano Barack que gere oportunidades para todos”. diferentemente de uma ONG, não
Obama, durante o evento Entrepreneur- Barack Obama é mantida por doações e precisa de
ship Summit, no ano de 2016, enquanto retorno financeiro. Mas não é o lucro
ainda era presidente dos EUA. Claramen- Segundo o ICE (Inovação em Cida-
que motiva”. Cynthia Serva (Centro
te, os empreendimentos sociais geram mais dania Empresarial), o empreendedorismo
mudanças que afetam as sociedades de social ainda é um movimento novo, mas de Empreendedorismo e Inovação do
forma positiva. tem ocorrido no mundo inteiro. O ICE Insper).
aponta que, apesar de muitos negócios
que já nascem neste formato no Brasil, Em levantamento realizado em
ainda não há a possibilidade de medir 2016, pela organização Artemisia , é de-
seus resultados efetivos, pois não se tem monstrado que o crescimento desta moda-
o acompanhamento do ciclo e da história lidade de negócios tem crescido. Segundo
completa desses negócios. dados da organização, 79 dos negócios
que foram acelerados nos últimos 4 anos,
EMPREENDEDORISMO 63

receberam investimentos da ordem de R$ Segundo a reportagem, “trabalhar compras, marketing, vendas e gestão de
40 milhões. As ações empreendidas por simplesmente em troca de um salário no
pessoas, essas são algumas das áreas que
estes negócios impactaram a vida de 23 fim do mês não inspira essa nova geração”.
milhões de pessoas. Em 2011, quando Destaca-se ainda, que as principais áreas necessitam processos bem organizados e
iniciaram as atividades do programa de de atuação do empreendedorismo social focados no crescimento da empresa.
aceleração, surgiram 200 empresas buscan- são: saúde, educação, serviços financeiros A internet e suas possibilidades é outro
do as 10 vagas oferecidas pelo programa. e moradias. tema que tratamos neste capítulo. As
Atualmente, são 500 novos negócios por possibilidades são infinitas e não estão
semestre, buscando participar da acele- Dessa forma, falando sobre um tema restritas ao e-commerce.
ração. muito importante para o desenvolvimento
Vimos, também, que o e-commerce ou
de nosso país e totalmente voltado ao em-
Maure Pessanha, diretora-executiva preendedorismo moderno, colaborativo e comércio eletrônico adquiriu grandes
da organização, acredita que o fortaleci- engajado, vamos encerrando nosso Ebook. proporções ao permitir a comercialização
mento da cultura do empreendedorismo, Esperamos despertar em todos o desejo de produtos e serviços em larga escala e
bem como o elevado número de empre- de empreender, de arrojar-se em novos sem a limitação geográfica.
endedores que buscam uma carreira com caminhos e contribuir, significativamente, A Web 2.0 trouxe mais oportunidades
propósito, são os propulsores deste cres- para a evolução de nossa sociedade. ao permitir ampliar as formas de
cimento.
relacionamento entre as empresas e
Revisando seus clientes e o uso de aplicativos (e
Em uma reportagem publicada no
portal Globo News, em março de 2016, Ao finalizarmos nosso Ebook, falamos sua disseminação), que criaram novos
encontramos a referência a uma pesqui- sobre a gestão de novos negócios e a comportamentos dos consumidores, aos
sa da empresa Deloitte, que apresenta o necessidade de organização do processo quais as empresas precisam adaptar-se
percentual de 73% dos millennials, os hi- constantemente.
perconectados da geração Z, como pessoas
de gestão para permitir o desenvolvimento
e crescimento das empresas que estão Com isso, o empreendedorismo
preocupadas a desenvolver carreiras atre-
nascendo. digital tornou-se uma opção que tem
ladas a um propósito com impacto social.
Fluxo de caixa, controle de processos, apresentado grande crescimento e
6
Artemisia: Organização pioneira em negócios sociais no Brasil.
Site: artemisia.org.br
EMPREENDEDORISMO 64

infinitas possibilidades, acompanhando o desta cultura, que foram assim divididos:


desenvolvimento tecnológico. exemplo da liderança, incentivo à
Por fim, falamos do intraempreendedorismo concorrência saudável, corrigir os
e do empreendedorismo social, duas outras problemas à medida que surgem, senso
opções para a atividade empreendedora. de equipe, transparência, recompensas ao
O primeiro, intraempreendedorismo comportamento proativo.
ou empreendedorismo corporativo, Quando o empreendedor olha para os
apresenta a opção de desenvolvimento problemas da sociedade, onde está inserido
das características empreendedoras sem, e pensa em soluções inovadoras, surge a
no entanto, correr os riscos de abrir uma figura do empreendedor social.
empresa. Para a School for Social Entrepreneurship,
Assim, os intraempreendedores tornam- o empreendedor social é alguém que
se profissionais de destaque que podem trabalha de forma empreendedora para
agregar características empreendedoras o benefício social, sem ter como objetivo
a determinados setores de uma empresa. a maximização do lucro.
Um intraempreendedor é alguém dentro
de uma empresa que assume riscos em
um esforço para resolver um determinado
problema.
Assim, torna-se importante para as
empresas, que venham desenvolver
uma cultura empreendedora através
do intraempreendedorismo, também
apresentamos os passos para a criação
Refletindo

Como não poderíamos deixar de fazer, propomos algumas


reflexões sobre o que tratamos neste último capítulo do nosso
Ebook. Acompanhem as questões propostas:

Qual a importância de criarmos um sistema de gestão para o


sucesso de uma empresa nascente?

Como criar uma cultura intraempreendedora nas empresas?

Quais contribuições um empreendedor corporativo pode


oferecer a uma empresa em fase de desenvolvimento?

Você considera o empreendedorismo social um modelo válido?

Qual a diferença entre empreendedorismo social e caridade?


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