Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Unidade III
7 CARBOIDRATOS
7.1 Função
Pães, biscoitos, bolo, mel e leite comumente fazem parte do café da manhã e são fontes de
carboidratos, também conhecidos como hidratos de carbono ou sacarídeos, macronutrientes,
presentes também em frutas, tubérculos, farinhas, entre outros. O termo “sacarídeo” tem origem
no grego sakcharon, que significa açúcar, embora nem todos os carboidratos apresentem sabor
adocicado. A oxidação dessas moléculas é a principal via de abastecimento energético da maioria
das células não fotossintéticas. Além da função energética, os carboidratos desempenham
importante papel estrutural celular, participam da composição dos ácidos nucleicos e ainda
podem participar da sinalização para determinação da localização intracelular ou destino
metabólico de compostos.
7.2 Estrutura
Os aldeídos são compostos em que o grupo CHO se encontra ligado a um átomo de carbono ou a
um hidrogênio.
O
R=alquil, alquenil, alquinil, aril ou H
R H
Figura 55 – Aldeído
As cetonas são compostos em que o grupo carbonila C=O se encontra ligado a dois átomos
de carbono.
O
R=alquil ou aril
R R
Figura 56 – Cetona
71
Unidade III
7.3 Classificação
Monossacarídeos Polissacarídeos
Oligossacarídeos
Os monossacarídeos são os carboidratos mais simples e podem ser classificados quanto à função
orgânica presente em cetose (função orgânica cetona) e aldose (função orgânica aldeído). Quanto
ao número de átomos de carbono na cadeia, possuem de três a sete átomos de carbono. Assim,
podem ser classificados em: triose (3 átomos de carbono), tetrose (4 átomos de carbono), pentose
(5 átomos de carbono), hexose (6 átomos de carbono), e assim sucessivamente. Existem inúmeros
monossacarídeos, entre esses a glicose (açúcar produzido pelas plantas na fotossíntese), a frutose
(presente no mel) e a galactose (presente no leite). O quadro a seguir apresenta alguns exemplos
de monossacarídeos.
Quadro 2
Monossacarídeo Função
72
BIOQUÍMICA ESTRUTURAL
7.4 Monossacarídeos
7.4.1.1 Trioses
O H
Grupamento CH2OH
C aldeído
Grupamento
C O cetona
CHOH
CH2OH
CH2OH
Di-hidroxicetona
Gliceraldeído
Figura 58 – Gliceraldeído e di‑hidroxicetona
7.4.1.2 Tetroses
H
H C OH
O H
C C O
H C OH H C OH
H C OH H C OH
H H
Eritrose Eritrulose
7.4.1.3 Pentoses
O H
CH2OH C
C O H C OH
H C OH H C OH
H C OH H C OH
CH2OH CH2OH
Ribulose Ribose
73
Unidade III
7.4.1.4 Hexoses
H O H O
C CH2OH C
H C OH C O H C OH
HO C H HO C H HO C H
H C OH H C OH HO C H
H C OH H C OH H C OH
Quiralidade é uma propriedade geométrica, dessa forma, quando um objeto não pode ser sobreposto
à sua imagem especular, é dito quiral. Por exemplo, as mãos guardam a relação de imagem especular
entre si (esquerda e direita), mas não podem ser sobrepostas. Assim, a mão é um objeto quiral, conforme
mostra a figura a seguir.
3 1 2
74
BIOQUÍMICA ESTRUTURAL
Figura 63 – A mão direita não é igual à esquerda. Não ocorre pareamento colocando‑se uma
em cima da outra, mas elas são similares (parecidas), ou seja, uma é a imagem da outra
Observação
As moléculas quirais são aquelas que não podem ser sobrepostas, são tipos de estereoisômeros,
também conhecidos como enantiômeros (do grego, enantio, opostos). Os enantiômeros diferem apenas
na propriedade de desviar o plano da luz polarizada quando uma solução contendo cada um deles é
analisada em um equipamento denominado polarímetro. Os enantiômeros não podem se converter
espontaneamente um no outro. Para que ocorra tal conversão, é necessário haver a quebra e formação
de ligações químicas.
A luz viaja no espaço vibrando em vários planos, mas, quando um feixe de luz atinge um cristal
presente no polarímetro, essa luz passa a vibrar em um único plano.
75
Unidade III
Luz natural
Luz polarizada
Observador
Prisma de Nicol
móvel (analisador)
Prisma de Nicol Tubo contendo
polarizador (fixo) a solução
Luz de
sódio Lente de nônio
(microscópio de
Vernier)
Escala
graduada
Polarizador
Analisador
Amostra da
solução
76
BIOQUÍMICA ESTRUTURAL
Portanto, quando uma solução contendo um enantiômero é analisada em um polarímetro, ela pode
desviar o plano para a direita ou para a esquerda (figura a seguir). Se o plano for desviado para a direita,
a substância é conhecida como dextrorrotatória (do latim, dextro, direita). Se o plano é desviado para a
esquerda, a substância é conhecida como levorrotatória (do latim, laevu, esquerda).
α
Substância opticamente
ativa dextrogira (d)
Luz Luz
polarizada polarizada
Substância opticamente
ativa levogira (l)
Luz Luz
polarizada polarizada
Por exemplo, o L‑gliceraldeído e o D‑gliceraldeído são moléculas quirais, podem girar luz
polarizada para a direita (D) ou para a esquerda (L). Os D‑carboidratos são mais abundantes na
natureza do que os L‑carboidratos. Nem todos os açúcares ocorrem naturalmente na forma L, mas
há exceções, como o L‑arabinose.
Os carboidratos mais simples e menores que existem na natureza são um aldeído: o gliceraldeído,
que é quiral, e uma cetona di‑hidroxiacetona, que é aquiral.
Exemplo de aplicação
*CHOH C O
CH2OH CH2OH
Gliceraldeído Di-hidroxiacetona
77
Unidade III
Resolução
Os dois isômeros estruturais têm a mesma forma molecular C3H6O3 e diferente fórmula estrutural,
uma vez que um tem função aldeído e outro função cetona. Apenas o gliceraldeído apresenta carbono
quiral (quatro ligantes diferentes em um mesmo carbono), assinalado com um asterisco na figura anterior.
Assim, o gliceraldeído pode existir na forma D e L. O gliceraldeído existe como dois enantiômeros,
conforme mostra a figura a seguir.
O H O H
C C
D H C OH HO C H L
CH2OH CH2OH
(+) - Gliceraldeído (-) - Gliceraldeído
Lembrete
Foi no início do século XX que Fischer introduziu o uso das fórmulas de projeção e sua orientação
padrão com a carbonila na ponta e a cadeia de carbonos na vertical para estabelecer a designação
esterioquímica (D) para o (+)‑gliceraldeído e ao (‑)‑gliceraldeído a designação (L). Na projeção de Fischer,
as linhas horizontais são utilizadas para projetar para fora do plano no sentido de quem está observando
a fórmula (para frente), e as linhas verticais projetam para trás do plano.
Saiba mais
A ciclização da molécula ocorre como resultado de uma reação entre o grupo carbonila e um grupo
OH da própria molécula, formando compostos de hemiacetais quando tem a função aldeído e hemicetais
78
BIOQUÍMICA ESTRUTURAL
quando tem a função cetona. A figura a seguir mostra como ocorre a formação de um hemiacetal e de
um hemicetal.
O OH
R C + H C R’ R C O R’
álcool
H H
aldeído hemiacetal
O OH
R C + H C R’ R C O R’
álcool
R” R”
cetona hemicetal
Na década de 1920, o químico britânico Walter Norman Haworth propôs os termos furanose e
piranose para as formas cíclicas dos açúcares (quando a molécula tem mais de cinco carbonos)
e estabeleceu as fórmulas estruturais denominadas fórmulas de Haworth. Assim, na estrutura de anel
os monossacarídeos se apresentam com os grupos orgânicos furano (C4H4O) e pirano (C5H6O) e são
denominados de furanoses e piranoses (figura a seguir). Por exemplo, em solução aquosa, a glicose
encontra‑se 65% na forma β‑D‑glicofuranose e 35% como β‑D‑glicopiranose.
H O
1
C
2 6 6
H C OH H CH2OH CH2OH
5
6
5
H 5
HO
3
C H H CH2OH O H H O OH
O H O+
4
OH OH 1 + H+
H C OH = 4 C1 4 C 4
OH H H OH H 1 H OH H
5 OH OH H
H C OH 3 2 3 2
OH 3 2
6
CH2OH H OH H OH H OH
glicose glicopiranose
(hemiacetal)
1
CH2OH H
2
C O O 6
O
6
3 HOCH2
HO C H HO CH2 O H 2 OH
5
4 5 2
C C
H C OH = HO
5 H H HO CH2OH
1
H H CH2OH
1
4 3
H C OH 4 3
6 OH H OH H
CH2OH
frutofuranose
frutose (hemicetal)
79
Unidade III
A glicose existe em duas formas cíclicas hemiacetal. As formas cíclicas hemiacetal se interconvertem
por meio da forma de cadeia aberta e diferem apenas na configuração do C1, quando são chamadas
de anômeros. O carbono no qual suas configurações diferem é chamado de carbono anomérico. Nessas
fórmulas a hidroxila (‑OH) ligada ao carbono número 1 pode ficar para cima ou abaixo do plano, e o que
determina sua posição relativa é a reação de ciclização (figura a seguir).
6 OH
5
H O H
H
4 1
6 OH A OH H
OH OH
5 A 3 2
H OH
H H OH
4 1 O
OH B H OH
OH 6
3 2 B 5
H O OH
H OH H
4 1
OH H
OH H
3 2
H OH
7.5 Oligossacarídeos
Nos oligossacarídeos as unidades de monossacarídeos estão unidas por meio de ligações glicosídicas.
A literatura diverge quanto ao número de unidades que constituem os oligossacarídeos. Alguns autores
consideram que os oligossacarídeos apresentam entre 2 e 6 unidades; outros consideram que esses
devem apresentar entre 3 e 10 monossacarídeos. Entre os oligossacarídeos, os mais abundantes são os
dissacarídeos. No quadro a seguir verifica‑se a composição de alguns dissacarídeos.
80
BIOQUÍMICA ESTRUTURAL
Saiba mais
Para proporcionar gosto doce em alimentos, mas sem agregar valor energético substancial e
aumentar a glicemia, foram propostos os adoçantes ou edulcorantes para os diabéticos, ou seja,
pessoas que têm altas taxas de glicose no sangue, pois liberam pouca ou nenhuma insulina. Pode‑se
citar adoçantes artificiais à base de ciclamato, sucralose, acessulfame‑k, sacarina e aspartame,
sucralose, sorbitol, xilitol, l ou naturais como frutose (natural) – mas que contêm grande quantidade
de calorias – e esteviosídeo, que não possui calorias e não altera os níveis de açúcar no sangue.
Os edulcorantes mais comuns usados para substituir o açúcar de mesa são sacarina, ciclamato e
aspartame, descobertos por acaso.
• Sacarina: em 1879, Constantin Fahlberg estava fazendo uma substância no laboratório que caiu
em sua mão sem querer. O químico então a experimentou e percebeu que tinha sabor adocicado.
No entanto, deve‑se fazer uma análise criteriosa antes do uso de qualquer uma dessas substâncias,
pois adoçantes dietéticos podem promover alterações na composição e nas funções corporais, inclusive
ganho de peso e, em excesso, até alguns tipos de câncer.
Saiba mais
81
Unidade III
O dissacarídeo é constituído por dois monossacarídeos que se unem por meio de uma ligação
covalente denominada glicosídica. Essa ligação ocorre entre o carbono anomérico de um monossacarídeo
e o grupo hidroxila do outro monossacarídeo.
6
CH2OH CH2OH
5 O H O H
H H
H H
4 1
OH OH H
OH OH OH
3 2
H OH H OH ligação 1,2
a-D-glicosepiranose + H2O
6 O
CH2OH CH2OH
O OH O
5 2
H OH H HO
H CH2OH H CH2OH
4 3 1
OH H OH H
b-D-frutosefuranose sacarose
Lembrete
H OH H OH
Figura 75 – Lactose
82
BIOQUÍMICA ESTRUTURAL
A lactose, embora seja de origem natural, pode ocasionar sérios problemas de saúde caso a pessoa seja
intolerante a esse carboidrato. A intolerância à lactose ocorre quando a pessoa tem deficiência ou pela redução
da enzima lactase, produzida no intestino delgado, que é responsável por quebrar ou clivar o dissacarídeo
lactose em galactose e glicose, e assim ser absorvida. Essa doença pode ser congênita (genética) ou surgir na
adolescência ou na fase adulta, sendo classificada em três graus: leve, moderado e severo.
Quando se acumula no intestino grosso, a lactose é fermentada por bactérias que lá vivem e que
fazem a fermentação lática produzindo ácido lático e gases, o que faz distender o abdome e causar
diarreias, cólicas, flatulência (excesso de gases) e náuseas.
Outra patologia possível relacionada com o carboidrato lactose é a galactosemia. Nela, a criança até
cliva a lactose do leite (por conta da lactase que é produzida no intestino) e os dois monossacarídeos que
a constituem: glicose e galactose. Esses, em situações normais, são usados pelas células como fonte de
energia, mas na galactosemia só a galactose não será utilizada pelas células. A enzima que metaboliza
a galactose e transforma em intermediários que serão usados para gerar energia não é produzida ou é
produzida com erro, por conta de a pessoa ser portadora do gene defeituoso (DNA com mutação), que
gera um RNA mensageiro com defeito e depois uma proteína com defeito.
transcrição tradução
DNA RNA PROTEÍNA
replicação
DNA
Observação
CH2OH
H O
OH H O
OH
H OH
CH2
O
H O HOCH2
OH H O H HO
CH2OH
HO
H OH OH H
Figura 77 – Rafinose
Exemplo de aplicação
Em relação aos tetrassacarídeos, ressalta‑se a estaquiose, presente em diversos vegetais, por exemplo,
feijão verde, soja, entre outros. Quais os monossacarídeos presentes nesse oligossacarídeo? A estaquiose
é fácil de ser digerida?
7.6 Polissacarídeos
Os polissacarídeos diferem entre si quanto à natureza das unidades monossacarídicas, aos tipos
de ligações glicosídicas, ao comprimento das cadeias e ao grau de ramificação dessas. Dessa forma,
quando o polissacarídeo é constituído por apenas um único tipo de unidade monomérica, ele é
denominado homopolissacarídeo; e quando apresenta mais de um tipo, heteropolissacarídeo.
Os homopolissacarídeos mais importantes são o amido (em célula vegetal) e o glicogênio (em
célula animal), que têm função de reserva energética, a celulose (presente nas paredes vegetais) e a
quitina (exoesqueleto dos artrópodes, como os insetos e crustáceos). Entre os heteropolissacarídeos,
estão os glicosaminoglicanos, compostos por monossacarídeos ligados ao ácido urônico ou sulfato, e
os peptideoglicanos, monossacarídeos ligados a peptídeos. Os primeiros fazem parte da lubrificação nas
articulações e como matriz extracelular no tecido conjuntivo; já os segundos atuam estruturalmente no
envoltório celular de bactérias.
O amido e a celulose são polímeros da glicose, a diferença está na estrutura química apresentada
por esses polissacarídeos. O amido é o carboidrato de reserva das plantas, formado por dois polímeros:
amilose e amilopectina. A amilose é linear e a amilopectina é um polímero ramificado, com ligações
α 1‑4 e α 1‑6. No amido existem apenas moléculas de alfa‑glicose. Porém, na celulose, que também é
formada exclusivamente por moléculas de glicose, a ligação entre as várias unidades é diferente da do
amido porque a glicose está na forma beta, dessa forma a ligação glicosídica se chama β 1‑4. Os seres
humanos apresentam alfa‑amilase e digerem o amido, mas não possuem celulase, e por esse motivo
não é possível digerir a celulose. Já algumas bactérias e fungos apresentam celulases e podem hidrolisar
a celulose.
84
BIOQUÍMICA ESTRUTURAL
CH2OH
O O
CH2OH OH
O O
CH2OH OH OH
O O (C6H10O5)n = celulose
OH OH
O
unidade monomérica
OH (C6H10O5)
8 ÁCIDOS NUCLEICOS
8.1 Introdução
A descoberta da molécula do ácido desoxirribonucleico (DNA) por James Watson e Francis Crick,
em 1953, foi um marco na biologia. Antes disso, sabia‑se que os genes eram constituídos de DNA, o
que não era conhecida era a estrutura do DNA, se era constituída de um único polinucleotídeo ou de
dois ou mais polinucleotídeos. A partir de tal descoberta, o processo de replicação deixou de ser um
mistério. Hoje, sabe‑se que os genes são feitos de DNA e que a expressão fenotípica ocorre na forma
de moléculas de peptídeos. Sendo assim, esse tópico de estudo tem por função mostrar a estrutura e
a importância dos ácidos nucleicos. Os cientistas publicaram o artigo em 1953 e receberam o Prêmio
Nobel de Medicina ou Fisiologia em 1962.
85
Unidade III
8.2 Função
Os ácidos nucleicos são biomoléculas que podem ser de dois tipos: ácido desoxirribonucleico (DNA)
e ácido ribonucleico (RNA), ambos com a função de controle metabólico celular e transmissão das
características hereditárias. O DNA está presente em todas as formas celulares de vida e em muitos vírus.
O RNA é um intermediário entre o DNA e a síntese de proteínas em todos os organismos e também está
presente em alguns vírus.
A duplicação do DNA permite a transmissão das características hereditárias, e, a partir dos processos
de transcrição e tradução, as proteínas responsáveis por tais características são produzidas conforme
ilustra a figura a seguir.
Replicação
Transcrição Tradução
DNA RNA PROTEÍNA
Transcrição
reversa
Figura 80 – Esquema do dogma central biologia molecular. DNA gerando outro DNA é o processo chamado
de replicação ou duplicação; DNA gerando RNAm se chama transcrição; RNA gerando DNA se chama
transcrição reversa; RNAm gerando proteína se chama tradução ou síntese proteica
RNA
RNAm
DNA
86
BIOQUÍMICA ESTRUTURAL
DNA
Nucleotídeo
Fosfato Base
nitrogenada
Pentose
Nucleosídeo
87
Unidade III
H HO H HO
H H H H
OH H OH OH
Desoxirribose Ribose
As bases nitrogenadas podem ser do tipo pirimidinas ou purinas. As pirimidinas são compostos
heterocíclicos aromáticos de 6 membros com átomos de nitrogênio nas posições 1 e 3. As pirimidinas
são: citosina (C), timina (T) e uracila (U). Já as purinas são compostos heterocíclicos de dois anéis; um
anel de 5 membros com um anel de 6 membros. As purinas são: adenina (A) e guanina (G).
Adenina
Guanina
OH Citosina
Uracila
5’ O
OH P O CH2 Base
1’
4’
O H H
3’ 2’
OH OH
Adenina
Guanina
OH Citosina
Timina
5’ O
HO P O CH2 Base
1’
4’
O H H
3’ 2’
OH H
88
BIOQUÍMICA ESTRUTURAL
O
P
O
C O G
O
P
O
C O U
O
P
O
C O C
O
P
O
G = guanina C O A
C = citosina
A = adenina
U = uracila
OH
H PURINAS PIRIMIDINAS H
C N H C H
8 7 H
N9 C N H C O
H 5 5
C4 6C H C4 6 C
3 1
N3 2
1
N N 2 N
C H C H
H Adenina O Timina
H
C N H
8 7 H
N9 C O H C N
H 5 5
C4 6C C4 6 C H
3 1
N3 2
1
N N 2 N
C H H C
N Guanina O Citosina
H H
89
Unidade III
Observação
O DNA é constituído por duas fileiras de polinucleotídeos. Em cada fita de DNA, os nucleotídeos
estão unidos por ligações de hidrogênio. As ligações fosfodiéster ocorrem entre moléculas de açúcar e
radicais‑fosfato, que se ligam ao carbono 3’ de um açúcar e ao carbono 5’ do seguinte.
Pirimidina
Pentose
Fosfato Purina
Pentose
Fosfato Pirimidina
Pentose
Fosfato Purina
Pentose
Fosfato
Na dupla fita de DNA, o grupo fosfato fica situado no lado externo da hélice, e a base nitrogenada
na parte interna, o que possibilita a ligação com a base nitrogenada da fita complementar. As bases
estão dispostas em um formato que lembra uma escada em caracol. As duas fitas de polinucleotídeos
são antiparalelas, ou seja, uma delas tem orientação 3’→ 5’ e a outra fita está na direção 5’→ 3’.
Essa disposição permite que a hélice seja estável. A dupla hélice tem sentido horário e apresenta duas
cavidades, uma denominada cavidade maior e a outra cavidade menor.
90
BIOQUÍMICA ESTRUTURAL
P
A T
P
D
D
P T A
P
D
D
P
G C
P
D
D
P C G
P
D
D
P P
A dupla hélice
do DNA
Um
nucleotídeo
DNA
91
Unidade III
Vale lembrar que muitas moléculas de DNA naturais têm mais de 1 Mb de comprimento.
DNA
2 nm
Nucleossomo
11 nm
Filamento de
cromatina
compactado
30 nm
Filamento de
cromatina
distendido
Região
condensada do
cromossomo
centrômero
Cromossomo
mitótico
92
BIOQUÍMICA ESTRUTURAL
Mesmo que todas as células tenham o mesmo DNA e genes, suas atividades são diferentes, pois
certos genes podem estar ligados ou desligados. Gêmeos idênticos com as mesmas sequências de DNA,
por exemplo, apresentam diferenças entre si, pois fatores externos (os chamados fatores epigenéticos),
como poluentes ambientais, radiação, alimentação, fumo, algumas doenças e envelhecimento, podem
mudar a resposta celular, ou seja, a produção de uma proteína. Quando as citosinas do DNA recebem um
grupamento metil (gene metilado), a enzima responsável por gerar o RNA mensageiro (RNA polimerase)
não consegue se ligar à fita do DNA, de forma que aquele gene continuará desligado, sem transcrição
e tradução, silenciando o gene.
Em bactérias, o DNA metilado é uma forma de proteção para que as enzimas de restrição da bactéria
clivem somente o DNA do invasor e não o seu próprio.
Saiba mais
O RNA possui apenas uma cadeia de polinucleotídeos e é formado a partir de uma das fitas
de DNA, por meio de um processo estudado em bioquímica metabólica, denominado transcrição
gênica. O nucleotídeo do RNA contém um grupo fosfato, uma pentose (ribose) e uma base
nitrogenada (adenina, uracila, guanina e citosina). Classicamente são conhecidos três tipos de
RNA: RNA mensageiro (RNAm), RNA ribossômico (RNAr) e RNA transportador (RNAt). Os RNAm são
moléculas de RNA traduzidas dos ribossomos, ou seja, contêm a informação genética para a síntese
das proteínas.
93
Unidade III
Região de
fixação do
aminoácido
Anticódon
Essa descoberta pode ter várias implicações, pois silenciando certos genes em células pode‑se
combater algumas doenças, como em terapias oftalmológicas (doenças maculares), infecções respiratórias
por vírus, terapia contra aids, hepatite B e diferentes tipos de tumores (incluindo melanoma). Muitos
investimentos estão sendo gastos para protocolos terapêuticos que visam comprovar a eficiência do
RNAi, inclusive em outras áreas, como no combate a pragas do campo.
94
BIOQUÍMICA ESTRUTURAL
Saiba mais
Resumo
Exercícios
Questão 1. (UFRS 2006, adaptada) Os carboidratos, moléculas constituídas, em geral, por átomos de
carbono, hidrogênio e oxigênio, podem ser divididos em três grupos: monossacarídeos, oligossacarídeos
e polissacarídeos.
A coluna I a seguir apresenta três grupos de carboidratos, e a II alguns exemplos desses carboidratos.
Associe adequadamente a segunda coluna à primeira.
95
Unidade III
Quadro 5
Coluna I Coluna II
1. Monossacarídeo ( ) sacarose
2. Oligossacarídeo ( ) desoxirribose
3. Polissacarídeo ( ) amido
( ) quitina
( ) galactose
( ) maltose
A) 2 ‑ 3 ‑ 1 ‑ 1 ‑ 3 ‑ 2.
B) 2 ‑ 1 ‑ 2 ‑ 2 ‑ 3 ‑ 1.
C) 3 ‑ 1 ‑ 3 ‑ 2 ‑ 2 ‑ 1.
D) 2 ‑ 1 ‑ 3 ‑ 3 ‑ 1 ‑ 2.
E) 1 ‑ 2 ‑ 2 ‑ 3 ‑ 1 ‑ 3.
Análise da questão
Os monossacarídeos são carboidratos simples porque não sofrem hidrólise. Os oligossacarídeos são
carboidratos hidrolisáveis que resultam da ligação glicosídica entre dois e dez monossacarídeos.
A) Uma cadeia simples de DNA é constituída de nucleotídeos, compostos por uma desoxirribose
ligada a um fosfato e a um aminoácido.
B) A polimerização de uma fita simples de DNA é dita semiconservativa, pois independe da existência
de uma fita molde.
C) Os nucleotídeos são polimerizados por meio de ligações fosfodiéster entre o fosfato e a base nitrogenada.
D) Duas cadeias simples de DNA formam uma dupla‑hélice por meio da formação de pontes de
hidrogênio entre as bases nitrogenadas.
E) As duas cadeias de uma dupla‑hélice possuem a mesma orientação, e suas sequências de bases
são complementares.
A) Alternativa incorreta.
Justificativa: os nucleotídeos do DNA são compostos por uma desoxirribose ligada a um fosfato e a
uma base nitrogenada.
B) Alternativa incorreta.
Justificativa: a polimerização de uma fita simples de DNA é dita semiconservativa, pois depende da
existência de uma fita molde.
C) Alternativa incorreta.
Justificativa: fosfodiéster é uma ligação produzida entre dois grupos hidroxila (–OH) de um grupo
fosfato e duas hidroxilas de outras duas moléculas por meio de uma dupla ligação éster.
D) Alternativa correta.
E) Alternativa incorreta.
97
FIGURAS E ILUSTRAÇÕES
Figura 1
Figura 3
Figura 4
Figura 5
Figura 6
Figura 13
Figura 14
Figura 15
98
Figura 16
Figura 17
Figura 18
Figura 19
Figura 20
Figura 21
Figura 22
Figura 25
Figura 26
Figura 28
Figura 29
Figura 30
Figura 31
Figura 32
Figura 33
Figura 34
Figura 35
Figura 37
Figura 38
Figura 39
Figura 42
Figura 43
Figura 44
Figura 45
Figura 46
Figura 48
Figura 49
Figura 50
Figura 51
Figura 52
Figura 53
Figura 62
Figura 63
Figura 66
Figura 67
Figura 68
Figura 74
Figura 76
Figura 78
Figura 79
Figura 81
Figura 83
Figura 86
Figura 87
Figura 88
Figura 91
Figura 92
Figura 93
104
REFERÊNCIAS
Textuais
BARBOSA, K. B. F. et al. Omega-3 and 6 fatty acids and implications on human health. Revista da
Sociedade Brasileira de Alimentação e Nutrição, São Paulo, v. 32, n. 2, p. 129-145, ago. 2007.
BERLINER, D. et al. The omega‑3 index in patients with heart failure: a prospective cohort study.
Prostaglandins Leukot Essent Fatty Acids, v. 140, p. 34‑41, jan. 2019.
BORGES, M. et al. Ácidos graxos ômega‑3, estado inflamatório e marcadores bioquímicos de pacientes
com lúpus eritematoso sistêmico: estudo piloto. Revista Brasileira de Reumatologia, São Paulo, v. 57,
n. 6, p. 526‑534, dez. 2017. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0
482‑50042017000600526&lng=en&nrm=iso. Acesso em: 1 out. 2019.
BRACHT, F.; ALENCASTRO, R. B. Sobre a nomenclatura dos carboidratos. Revista Virtual de Química, v. 3, n. 4,
2011. Disponível em: http://rvq‑sub.sbq.org.br/index.php/rvq/article/view/184. Acesso em: 18 maio 2019.
CALDER, P. C. Omega‑3 fatty acids and processes: from molecules to man. Biochemistry Society
Transactions, v. 45, n. 5, p. 1105‑1115, 2017.
CAMPBELL, M.; FARREL, S. Bioquímica. 2. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2015.
CHAMPE, P. C.; HARVEY, R. A.; FERRIER, D. R. Bioquímica. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2011.
105
COSTA, A. L. P.; JUNIOR, A. C. S. S. Príons: uma revisão de suas propriedades bioquímicas e das
características patológicas das encefalopatias espongiformes transmissíveis. Revista Arquivos
Científicos (IMMES), v. 1, n. 1, p. 4‑13, 2018.
DEVLIN, T. M. Manual de bioquímica com correlações clínicas. 7. ed. São Paulo: Edgard Blucher, 2011.
FAO. The state of world fisheries and aquaculture: opportunities and challenges. Roma: FAO, 2014.
FERREIRA, C. P.; JARROUGE, M. G.; MARTIN, N. F. Bioquímica básica. 10. ed. São Paulo: MNP, 2018.
FIRE, A. et al. Potent and specific genetic interference by double‑stranded RNA in Caenorhabditis
elegans. Nature, v. 391, n. 6669, p. 806‑11, fev. 1998.
HARVEY, R. A.; FERRIER, D. R. Bioquímica ilustrada. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2012.
IBGE. Atlas geográfico das zonas costeiras e oceânicas do Brasil. Rio de Janeiro: IBGE, 2011.
INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER. Adoçantes artificiais. Inca, abr. 2019. Disponível em: https://
www.inca.gov.br/alimentacao/adocantes‑artificiais. Acesso em: 27 jul. 2019.
INSTITUTO ONCOGUIA. Alterações nos genes. Instituto Oncoguia, set. 2015. Disponível em: http://
www.oncoguia.org.br/conteudo/alteracoes‑nos‑genes/8160/73/. Acesso em: 12 nov. 2019.
LAIDLAW, S. A. et al. Newer concepts of indispensable amino acids. American Journal of Clinical Nutrition,
v. 46, n. 4, p. 593‑605, 1987.
LEHNINGER, A. L.; NELSON, D. L.; COX, M. M. Princípios de bioquímica de Lehninger. 7. ed. Porto Alegre:
Artmed, 2018.
MAGALHÃES, A. C.; OLIVEIRA, R. C.; BUZALAF, M. Bioquímica básica e bucal. Rio de Janeiro:
Guanabara‑Koogan, 2017.
MARTINS, C. R.; LOPES, W. A.; ANDRADE, J. B. Solubilidade das substâncias orgânicas. Química Nova,
v. 36, n. 8, p. 1248‑1255, 2013.
106
MARZZOCO, A.; TORRES, B. B. Bioquímica básica. 4. ed. Rio de Janeiro: Guanabara‑Koogan, 2015.
MOREIRA, N. X.; CURI, R.; MANCINI FILHO, J. Fatty acids: a review. Revista da Sociedade Brasileira de
Alimentação e Nutrição, São Paulo, v. 24, p. 105‑123, dez. 2002.
MOZAFFARIAN, D.; WU, J. H. Omega‑3 fatty acids and cardiovascular disease: effects on risk factors,
molecular pathways, and clinical events. Journal of the American College of Cardiology, v. 58, n. 20,
p. 2047‑2067, 2011.
NEJM, M. B. et al. Fish oil provides protection against the oxidative stress in pilocarpine model of
epilepsy. Metabolic Brain Disease, v. 30, n. 4, p. 903‑909, 2015.
NELSON, D. L.; COX, M. M. Princípios de bioquímica de Lehninger. 4. ed. São Paulo: Sarvier, 2006.
NUNES, T. F. et al. Insuficiência renal aguda. Medicina (Ribeirão Preto), v. 43, n. 3, 2010.
PREVIDELLO, B. A. F. et al. O pKa de indicadores ácido‑base e os efeitos coloidal. Química Nova, São
Paulo, v. 29, n. 3, maio/jun. 2006.
RICHARD, A. H.; DENISE, R. F. Bioquímica ilustrada. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2012.
RODWELL, V. W. et al. Bioquímica Ilustrada de Harper. 30. ed. São Paulo: AMGH, 2016.
SCHACKY, C. V. Associations of omega‑3 fatty acid supplement use with cardiovascular disease risks:
meta‑analysis of 10 trials involving 77 917 individuals. Alternative Therapies in Health Medicine, v. 24,
n. 2, p. 8‑9, 2018.
107
SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA (SBC). Diretrizes de dislipidemias e prevenção da
aterosclerose: atualização da diretriz brasileira de dislipidemias e prevenção da aterosclerose. Arquivos
Brasileiros de Cardiologia, v. 109, n. 2, supl. 1, ago. 2017.
STRYER, L.; TYMOCZKO, J. L.; BERG, J. M. Bioquímica. 7. ed. Rio de Janeiro: Guanabara‑Koogan, 2014.
TAVAZZI, L. et al. Effect of n‑3 polyunsaturated fatty acids in patients with chronic heart failure (the
GISSI‑HF trial): a randomised, double‑blind, placebo‑controlled trial. Lancet, v. 372, n. 9645,
p. 1223‑1230, 2008.
ZAIA, D. A. M.; ZAIA, C. T. B. V.; LICHTIG, J. Determinação de proteínas totais via espectrofotometria:
vantagens e desvantagens dos métodos existentes. Química Nova, v. 21, n. 6, 1998.
Exercícios
Unidade I – Questão 2: BRASIL ESCOLA. Exercícios sobre proteínas. Questão 2. Disponível em: https://
exercicios.brasilescola.uol.com.br/exercicios‑biologia/exercicios‑sobre‑proteinas.htm#resp‑2. Acesso
em: 4 out. 2019.
Unidade II – Questão 1: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE. Vestibular UFF. Biologia, 1ª Etapa. Questão
35. Disponível em: http://www.coseac.uff.br/vest97/provas/bio_f1.htm. Acesso em: 4 out. 2019.
108
Unidade III – Questão 1: QUESTÕES DE VESTIBULARES. Carboidratos. Questão 6. Disponível em: https://
www.questoesdosvestibulares.com.br/2016/01/carboidratos.html. Acesso em: 4 out. 2019.
Unidade III – Questão 2: QUESTÕES DE VESTIBULARES. Nucleotídeos, ácidos nucleicos e ATP. Questão 7.
Disponível em: https://www.questoesdosvestibulares.com.br/2016/01/nucleotideos‑acidos‑nucleicos
‑e‑atp.html. Acesso em: 4 out. 2019.
109
110
111
112
Informações:
www.sepi.unip.br ou 0800 010 9000