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Abstract. The aim of this article is to demonstrate that the theory of Social
Networks can be used to model the transmission of infectious diseases in a
population. The research intends to show that there is relationship among
transport and the spread of infectious diseases, more specifically, dengue. The
results can help in the understanding and combat of these diseases, allowing
authorities to have more efficiency and effectiveness in her actions.
Resumo. Este artigo visa demonstrar que a aplicação das teorias de Redes
Sociais pode ser utilizada para modelar a transmissão de doenças infecciosas
em uma população. A pesquisa pretende mostrar que existe relação entre os
transportes e a disseminação de doenças infecciosas, mais especificamente da
dengue. Os resultados desta pesquisa podem auxiliar no combate destas
doenças, permitindo que as autoridades possam ter mais eficiência e eficácia
em suas ações.
1. Introdução
As epidemias fazem parte do cotidiano do homem desde a Antiguidade. Devido
a condições sanitárias inadequadas e ao desconhecimento das formas de contágio de
doenças infecciosas, grandes epidemias alastraram-se pelas Nações no passado. No
entanto a maioria das antigas epidemias quer seja devido à lentidão das locomoções
humanas ou a dificuldade nos transportes, manifestavam-se localmente sem propagar-se
por grandes extensões e dificilmente alcançando outros territórios.
Juntamente com o advento da expansão marítima, o crescimento das transações
econômicas e as guerras religiosas, ocorreu a globalização das epidemias, como a Peste
Negra, a maior e mais trágica epidemia que a História registra e a lepra que
provavelmente foi trazida do oriente à Europa no fim do século XI, na época das
Cruzadas [Ujvari 2003].
Na atualidade devido às redes de transporte, uma epidemia tem propagação
muito mais fácil e rápida podendo alcançar dimensão continental, como a SARS
(Síndrome Respiratória Aguda Grave), conhecida também como pneumonia
asiática[Martins 2008]. Os primeiros casos ocorreram em novembro de 2002 na
província chinesa de Guangdong. Em fevereiro de 2003 outro caso foi notificado, dessa
vez em Hanói(Vietnã), em um paciente que havia visitado Hong Kong(China). A OMS
recebeu 8436 notificações de casos prováveis de “Síndrome Respiratória Aguda”,
havendo dentre estes 812 óbitos (dados referentes ao período compreendido entre o mês
de novembro de 2002 e 8 de julho de 2003) .
Doenças epidêmicas chamam a atenção dos órgãos Públicos, e dentre elas a
dengue vem assumindo uma posição de destaque no cenário global, uma vez que o vírus
da dengue e seu ressurgimento atingem vários continentes. As quatro formas em que se
apresenta essa virose, e as dúvidas no conhecimento científico em relação ao seu
comportamento, levam a estudos prioritários, com o objetivo de prevenir tais infecções
[Kuno 1995].
Um dos fatores que permite a propagação de uma epidemia são as interações que
ocorrem entre os indivíduos de uma sociedade. Doenças que são transmitidas através de
contágio direto (que não dependem de um vetor, como um mosquito) se propagam com
mais dificuldade caso haja pouca interação entre as pessoas. Portanto, a vida em
sociedade e o deslocamento de indivíduos para diferentes locais, permitem que as
epidemias se disseminem com mais facilidade.
Pesquisadores já demonstraram que era possível construir modelos discretos
capazes de apresentar o comportamento de sistemas naturais e sociais, considerando-se
redes irregulares [Newman 2003]. Técnicas da Física Estatística vem sendo agrupadas a
essas novas apresentações [Albert e Barabási 2002]. A Teoria dos Grafos e a base
matemática do estudo das redes, usada desde o século XVIII; um grafo é definido por
um par dos conjuntos de vértices (nós) e arestas (conexão entre os nós). Contudo
algumas redes demonstram comportamentos distintos daquelas cujas conexões são
aleatórias ou regulares, sendo estas redes denominadas de redes complexas [Bocaletti et
al 2006], destacando-se as redes de mundo pequeno [Watts e Strogattz 1998] e as redes
invariantes por escala [Albert e Barabási 2002]. As redes complexas possuem diversas
aplicações, dentre as quais temos as redes sociais.
As Redes Sociais informais, como as que se formam espontaneamente nas
relações cotidianas, são mais flexíveis e não-deterministas do que redes organizacionais
e interorganizacionais, sujeitas a diferentes graus de formalização, conforme o perfil dos
participantes e dos seus objetivos estratégicos e táticos.
Desta forma a aplicação de Redes Sociais para modelar a transmissão de doenças
em uma população, possibilitará uma melhor compreensão sobre as formas de
propagação de uma epidemia.
O presente artigo traz alguns conceitos sobre redes complexas, descreve a forma
como estes conceitos estão sendo aplicados em nosso estudo e por fim descreve o
modelo computacional e faz algumas considerações à respeito da pesquisa.
5. Considerações Finais
Epidemias ocorrem desde os primórdios da civilização humana, assolando e dizimando
populações espalhadas por todo o globo terrestre. O caso do vírus da SARS, ocorrido há
poucos anos atrás, é um exemplo de quão perigosa pode ser uma epidemia devido ao
constante fluxo de pessoas transitando entre cidades, estados e nações. No entanto nem
sempre medidas de combate são tomadas de forma eficaz, causando maior dificuldade
no controle devido à disseminação da epidemia a partir de casos índice.
Como se procurou demonstrar, utilizar-se a base de conhecimento sobre Redes
Sociais para auxiliar no estudo de formas de combate de doenças transmissíveis mais
especificamente a dengue, objeto de estudo. Com a rede TransBahia montada e com as
redes epidemiológicas montadas com base nos dados dos registros de casos de dengue
fornecidos pela Secretária de Saúde da Bahia, a análise cruzada desses dados podendo
então levar a conclusões que irão nortear a pesquisa, e auxiliar no combate de
epidemias.
A pesquisa é uma maneira de prover subsídios na busca de programas de
combate de forma mais eficiente e eficaz para os surtos de dengue ocorridos no estado
da Bahia e expandir isso em âmbito nacional.
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