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FAVELA

CHEGOU

ANTROPO
LOGIA

UFF
LARRY ANTROPOLOGIA II 119 103 007
SUMÁRIO
1. Relativização.

2. Argonauta.

3. Epistemologia.

RELATIVIZAÇÃO

RESUMO

Everardo Guimarães Rocha em “Voando alto” propõe que para o entendimento das possíveis alternativas
existenciais nas performances sociais é necessário ultrapassar o liame historicista evolutivo e difusionista.
A demarcação etnocêntrica deve ser suprimida na elaboração de parâmetros que permitam compreensão
mais apurada da concretude relacional que independe da natureza e do indivíduo.

A vertente diacrônica dos eventos humanos é substituída pela análise sincrônica do que o autor denomina
de uma face da realidade. Então, a observação do fluxo permanente de encadeamento das relações, e a
percepção da constância significativa de alguns modelos, segundo ele, apontam para dimensão que
incorpora a estrutura social. O encadeamento dos processos relacionais apresenta ações e interações
recorrentes que determinam o nível de complexidade do sistema social.

A complexidade do encadeamento e o fluxo constante das ações e interações que habitam o corpo social
requerem elemento essencial na coordenação dos fatores que sobrepujam as consciências individuais. As
instituições determinam a função dessa conjunção que prepondera autonomia deliberativa, e que não se
vincula a soma de suas partes.

A pergunta que não quer calar. O que é instituição nesse contexto.

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Interessante, que Guimarães Rocha sublinha que para Radcliffe-Brown o elemento histórico é conjetural
e especulativo, portanto não atende aos requisitos analíticos para se identificar a coerção geral e autônoma
que impele a sociedade.

Reconhecer o processo de encadeamento das relações, a assunção dos papéis sociais, perceber ações e
interações recorrentes que edificam estruturas, as quais se dissipam num fluxo constante, e conseguir
identificar as determinações que correlacionam esses elementos as suas funções, isso é relativizar.

E vai ser este adjetivo funcional que vai deixar uma marca profunda na opção da
Antropologia em direção a relativizar. O funcionalismo, que genericamente pode
ser visto como um movimento que recobre uma parte muito significativa da
produção antropológica, caminha inexoravelmente no sentido de empurrar o
estudo do “outro”, da “diferença”, para fora do etnocentrismo. Pag. 24

ARGONAUTA
RESUMO

Em diversos momentos do nosso cotidiano, a percepção mais aguçada parece indicar que o encadeamento
das nossas relações triviais ocorre entre trobriandeses e poloneses dadas as diferenças de interpretação
dos mesmos signos e costumes.

Portanto, considerando a diversidade de hábitos, costumes e interpretações dentro do próprio ambiente


não existe oposição entre Bronislaw, o pensador disperso em suas considerações fúteis, e o investigador
teórico Malinovski, como o próprio autor afirma são funções diferentes, e considerando o contraste
weberiano, pode até ajudar na elevação de partes de um todo para mais acurada observação e
compreensão.
O investigador de terreno orienta-se fundamentalmente segundo a
inspiração da teoria. É claro que ele pode ser ao mesmo tempo um
pensador e investigador teórico... Mas estas duas funções são diferentes
e, por isso, na pesquisa efetiva têm de ser separadas, tanto no tempo como
nas condições de trabalho. (Pag. 24)

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A Antropologia pode até apresentar argumentos que se incorporam aos modos de sobrevivência,
entretanto o texto indica campo da ciência com objeto e metodologias bem específicos. A função é
investigar agrupamentos humanos e identificar processos, estruturas, instituições e funções.

Existem equívocos evidentes nos significados e na função do campo teórico. O indivíduo é obrigado
pelas circunstâncias a conviver com os mais diversos hábitos e costumes, a relativização permitirá
compreensão que existe agressividade e violência tanto em um soco que fere quanto em uma dissimulação
que debilita a resistência e ilude a consciência.

Contudo, a observação participante não significa se travestir do outro, ou incorporar suas crenças e
preferências, pois, como bem frisado pelo autor, as pessoas comuns não conseguem compreender suas
ações, nem tampouco correlacioná-las as suas necessidades, na maioria das vezes, apenas, reflexos da
tradição e do ambiente.

A premissa maior da Antropologia é reconhecer as instituições por trás das ideias, ambições, desejos e
vaidades, quais as simbologias que exercem papéis importantes nesses contextos sociais. E a metodologia
científica evidenciará que as generalizações dos discursos do senso comum apontam para referências que
não possuem correlação processual, nem nos dados utilizados para sua aquisição. Conclusões desprovidas
de qualquer penetração psicológica.

Outra importante distinção que deve ser observada é o conceito de valorização da cultura do outro, ou
das preferências de quem quer que seja. Reconhecer peculiaridades e autonomia mentais e culturais, é
também compreender que essas populações forma dominadas e Malinovski abre sua apresentação
declarando a extinção de várias delas. Assumir curso natural em harmonia progressiva não significa a
idiotização ou anulação da individualidade.

Tanto na Antropologia quanto em Políticas Públicas existe um profissional que precisa desenvolver mapa
mental a partir de diversas teorias científicas, importante frisar que paradigmas são conclusões testadas e
aprovadas que, mesmo assim, em algum momento poderão ser substituídas, para a elucidação dos fatos
sociais, sua constituição, encadeamento, estruturas, instituições e funções. E, mais importante, reconhecer
quem está manipulando esse conjunto todo. O profissional não tem que fazer julgamentos éticos ou
morais, gostar ou não dessas pessoas, ele precisa apreender a reconhecer indícios que podem se
transformar em argumentos que possibilitem a compreensão. Interessante que, considerando diversas
leituras do curso e o contexto das experiências, essa compreensão poderá determinar intervenção.

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Estar treinado e atualizado teoricamente não significa estar carregado de
ideias preconcebidas. Se alguém empreende uma missão, determinado a
comprovar certas hipóteses, e se é incapaz de a qualquer momento alterar
as suas perspectivas e de as abandonar de livre vontade perante as
evidências, escusado é dizer que o seu trabalho será inútil. (pag. 23)

Parece que é apenas decorar o mantra do externo, coercitivo e geral que, facilmente, se reconhecerá o
que é um fato social. Não é necessário o profissional que se dirige as favelas apreciar a confusão mental
dos viciados, ou partilhar dos seus costumes para atingir compreensão satisfatória.

Malinovski acentua que essa compreensão se estabelece a partir de metodologia sistemática e descritiva.
É a manipulação dos dados coletados com rigor técnico, seus contrastes e o preenchimento das lacunas
que permitirão estabelecer que compreender não é aceitar de bom grado o que vier.

EPISTEMOLOGIA

RESUMO

A leitura do texto de Malinovski (Argonautas do Pacífico) parece indicar uma obra de arte em estado
puro. O autor insinua que seu objeto de pesquisa são os processos mentais que definem as estruturas das
relações pessoais e econômicas e suas preferências. As preferências que se originam no encadeamento
reverso, no embate e contrassenso.

Obra de arte em estado puro, exatamente, porque é necessário ultrapassar diversas barreiras conceituais
e os preconceitos para compreender que os processos mentais constroem significações diferentes até para
os mesmos signos, importante frisar que o atendimento das necessidades humanas poderá divergir na
superfície, mas serão muito próximas no seu conteúdo normativo. A necessidade de alimentação é
comum a espécie humana, as maneiras de conceber essas necessidades, e o que a fome provoca podem
divergir, mas, independentemente, de quaisquer considerações o organismo precisará receber nutrientes.
Então, se as separações são permanentes, as necessidades também são permanentes. O importante é serem
mantidas em uma ordem apropriada segundo Geertz. A premissa é sistematizar estruturas que provocam
a diferença nas interpretações, mas é necessário compreender os contrastes das significações.

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Em todo o transcorrer de Argonautas do Pacífico, de uma forma ou de outra, seja explicitamente, ou de
forma sutil Malinovski propõem observar, participar, perceber e entender as significações a partir do
contraste das interpretações subjetivas. Estas subjetividades são divergentes em todos os sentidos.

Mas, é produzir uma interpretação do modus vivendi de um povo que não fique limitada pelos horizontes
mentais daquele povo. (Saber Local pag. 88)

Esses contrastes nas interpretações pertinentes aos estamentos, associações e grupamentos desenvolvem
seus próprios mecanismos de conceituação, é importante esquematizar esses mecanismos. Por isso, o
Checklist poderá ser importante ferramenta de ajuda, pois obriga ao observador ultrapassar os limites de
sua própria percepção, não é possível contestar ou suprimir a existência de determinado item descrito,
essa peça, por menor que seja, exerce alguma influência sobre o todo. É aí que Clifford Geertz vai indicar
que é necessário identificar o grau. Mas, isso não significa se afogar em miudezas e preso a emaranhado
vernacular.

Existem igualdades nas diferenças, e diferenças em pressupostas igualdades. Entretanto, a importância


dessas denominações é limitada. Destarte, existem ciências que conceituam processos, estruturas,
instituições e funções para entender e delimitar seu funcionamento. Bronislaw Malinovski parece indicar
que entender é uma coisa, mas para compreender a mola propulsora de todo esse conjunto coercitivo,
externo e geral é preciso contrastar diferenças culturais.

A essência do elemento que delimita as consciências, somente, será conhecido através do emprego de
metodologias que reconheçam essas delimitações, a essência determina vínculos que perpassam todo o
conjunto social, sendo determinante e específico a cada grupo, e utilizando os termos empregados por
Geertz o que irá determinar maior ou menor proximidade é a experiência-próxima ou distante, mas essa
distância não pode ser medida pelos números, ela deverá ser conceituada pela conjunção psicológica.
Essa conjunção consiste segundo Clifford Geertz no fluxo impreciso e mutante dos sentimentos
subjetivos, percebido diretamente em toda sua proximidade fenomenológica, mas, pelo menos em suas
raízes (essência), considerado idêntico para todos os indivíduos. (Pag. 92)

Então, não há o que divergir de Malinovski, o objeto de pesquisa é a conjunção psicológica, e indica que
para a compreensão dessas delimitações vinculativas é precípuo definir metodologicamente o contraste.
É como definir que o Funk é produto de favelado, nunca foi. A motivação, a essência dos elementos
encontrados nessa arte, estão, intimamente, ligados a necessidade de castas do asfalto que impulsionam

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a vitalidade desse mercado, e observa-se comunidades distantes de polos econômicos e culturais em que
essa modalidade de arte chega a ser proibida. Importante frisar que reconhecer a conjunção psicológica
que imprime significados, não é estabelecer necessidade de constituição psíquica para o desenvolvimento
da compreensão. Pelo contrário, essa constituição já é existente e será necessário reestruturá-la.

Destarte, Malinovski indica a identificação dos contrastes culturais para compreensão da essência que
promulga significados, mas identificar e delimitar esses contrastes depende de metodologias assertivas.
Então, a questão, conforme indicado por Clifford Geertz, é epistemológica. Está na dilapidação das
metodologias compreensivas que são o locus temporário para esse confronto. Malinovski fez a parte dele,
então não adianta querer continuar procurar o vínculo essencial apenas nas instituições, a despeito de
serem perpassadas por essas interpretações, mas a motivação poderá estar em outro lugar.

A diferença não é normativa, ou seja, um dos conceitos não é necessariamente melhor do que o outro,
nem se trata de preferir um em vez do outro. (Pag. 88)

Então, o grande diferencial é a eficácia da conexão esclarecedora. Reconhecer esse contraste e edificar
metodologia interpretativa não significa encaixar a experiência das outras culturas dentro da moldura da
nossa concepção, mas entender as experiências de outros com relação à sua própria concepção. Isso que
é compreender a essência delimitadora das consciências. Algo quase possível, descobrir, a fundo, os
enigmas existenciais.

Entretanto, essa delimitação coercitiva se manifesta através de uma série de formas simbólicas facilmente
observáveis, um repertório elaborado de designações e títulos, e não através de um estado de espírito
geral que o antropólogo, em sua suposta versatilidade espiritual, consegue de alguma maneira captar.

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