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Vida e Obra de El Greco Original
Vida e Obra de El Greco Original
Índice
1. Introdução
1.1 Notas
2. A introdução à arte
2.1 As mudanças na sociedade do século XVI
2.2 O maneirismo como forma de expressão
2.3 Michelangelo – o pioneiro e outros
2.4 O maneirismo na sociedade
3. A introdução a El Greco
3.1 Os primeiros anos
3.2 A mudança para Veneza
3.3 O “estrangeiro tolo” em Roma
3.4 A ida definitiva para Espanha – a ascensão de um artista
6. Conclusão
1. Introdução
Este trabalho foi dado como proposta para a disciplina de História e Cultura
das Artes, sendo o projeto de final de ano, com o objetivo de aprender e analisar
um artista inserido em qualquer movimento ou tempo histórico.
Faço este trabalho com o propósito de estudar, compreender e dar a conhecer
um pouco do que foi a vida do artista escolhido, El Greco.
Neste seguimento, serão apresentados os precedentes do artista e do
movimento, factos sobre a arte maneirista e interesses, artistas do maneirismo e
respetivas obras, as circunstâncias da vida de El Greco e obras do mesmo.
No final do projeto será apresentado o estudo da obra escolhida, em conjunto
com imagens e curiosidades da mesma, com o objetivo de expor um trabalho
completo e de fácil compreensão.
1.1 Notas
Todas as imagens utilizadas têm como objetivo elucidar e tornar mais fácil o
entendimento do trabalho. Algumas também estão expostas para ser percetíveis as
diferenças entre as obras de artistas maneiristas, e destacar a arte de El Greco que, na
minha opinião, é a mais invulgar e desigual.
Qualquer artista, pessoa ou obra que não tenha uma obra em anexo, deve-se ao facto
de não haver informações suficientes sobre os mesmo e, portanto, são referidos
meramente como forma de referência, adicionando elementos esclarecedores para a
compreensão dos objetos em estudo.
2. A introdução à arte
2.1 As mudanças na sociedade do século XVI
O maneirismo foi um protesto contra o que era sentido como racional e as características
convencionais da Antiguidade Clássica. Surge aquando da Renascença, aproximadamente no início
no século XVI e termina ao mesmo tempo que esta, estima-se que um pouco depois do ano de
1600. Alguns historiadores consideram-no um movimento intermediário e transitório entre o
renascimento e o barroco, enquanto outros preferem vê-lo como um estilo, já que não era
influenciado por cânones ou qualquer tipo de regras. O certo, porém, é que o movimento
maneirista foi uma consequência de uma era em declínio, provocando uma profunda alteração na
sociedade e nos seus ideais. As ideias de que o Homem é a única medida do mundo, tudo tem der
ser perfeito e a positividade humanista, foram completamente erradicadas e substituídas por
negativismo, tensão e angústia. No campo da política, a invasão da Itália pelas tropas de Carlos V
levou a uma completa alteração no equilíbrio da Europa, culminando no Saque de Roma em 1527,
que causou uma enorme destruição e levou à emigração de intelectuais e nobres para outras
regiões, quer de Itália, quer do resto do continente, germinando a arte maneirista por toda a parte
(fig.1)
Na religião, o início da Reforma Protestante por Martinho Lutero pôs um fim à hegemonia
do Catolicismo e do Papado, que contra-atacando, criaram a Contrarreforma numa tentativa de
suster a saída de fiéis para o lado rival e a perda de influência política da Igreja, resultando numa
visível agitação e confusão do povo. Da contrarreforma aparecem várias ordens religiosas, sendo a
mais famosa a dos Jesuítas (Companhia de Jesus) que trouxe novas formas de praticar e interpretar
a religião, criando outras hipóteses de escolha entre os crentes, dividindo-os ainda mais. (fig.2)
"A torção em profundidade, a luta para escapar do aqui e agora do plano do quadro, que sempre
distinguiu Michelangelo desde os gregos, tornou-se o ritmo dominante de suas obras posteriores ao
Renascimento. Esse pesadelo colossal, o Juízo Final, é composta de tais lutas. É o acúmulo mais
avassalador em toda a arte de corpos em movimento violento".. – Kenneth Clark, historiador de arte –
traduzido do inglês
Estas características notam-se mais acentuadas em obras tardias do movimento, criadas por
artistas que nasceram quando este já estava implantado, tais como Tintoretto (fig.7), Parmigianino
(fig.8), Paolo Veronese (fig.9), etc. Apesar de se ter iniciado em Itália, foi também expandido pelo
resto da Europa e um pouco pelo resto do mundo, havendo vestígios desta forma de arte em algumas
colónias antigas da América e em alguns países do Oriente, sendo que de território para território
algumas das características acima apresentadas se alteram um pouco. Alguns exemplos de artistas
estrangeiros (fora de Itália) são o artista escolhido, El Greco – Grécia (fig.10), Cornelis Ketel - Países
Baixos (fig.10), Joseph Heintz - Suíça (fig.12), etc.
(1562-1566)
(1526-1527)
Fig.9- Paolo Caliari Veronese
(Paolo Veronese)
(1575-1578)
Fig.10- Domecicos
Theotocopoulos (El Greco)
A purificação do templo
(pintura a óleo sobre tela)
(1595-1605)
A companhia de Captain
Dirck Jacobsz Rosecrans e
Lieutenant Pauw (pintura
a óleo sobre tela)
(1588-1588)
(1590-1595)
2.4 O maneirismo na sociedade
Apesar de ser, na minha opinião, uma das artes mais estimulantes ao intelecto, como se
viviam tempos de divisão religiosa e na época a igreja detinha maior poder, numa tentativa de
controlar a população, aplicou regras à arte. Por isso, Alessandro Farnese, também conhecido como
Papa Paulo III, convocou o Concílio de Trento, o mais longo da história da Igreja Católica (1545-1563),
que levou ao fim da liberdade nas relações entre a Igreja e a arte. Os conhecimentos teológicos
assumiram o controle e estabeleceram limitações às extravagâncias maneiristas, em busca de uma
recuperação do decoro (adequação ou não de um estilo a um tema), de uma maior
compreensibilidade da arte pelo povo e de uma uniformização do estilo. Desde então, tudo devia
ser submetido de antemão ao crivo dos censores, começando no tema, até à forma de tratamento e
ainda à escolha das cores e dos gestos dos personagens. Por isto, algumas das obras acima
apresentadas foram bastante criticadas pela igreja, principalmente o Juízo Final de Michelangelo.
Ele foi acusado de ser insensível ao decoro em relação à nudez e a outros aspetos do trabalho, tanto
como de ser apoiante e praticante do maneirismo, desobedecendo à descrição bíblica dos eventos
retratados nos afrescos. No seguimento disto, o Conselho disse:
Toda a superstição deve ser removida... todas as lascívias devem ser evitadas; de tal modo que os
números não devem ser pintados ou decorados com uma beleza e emocionante luxúria... nada visto que
seja desordenado, impróprio ou confusamente organizado, nada do que é profano nem nada indecoroso,
vendo que a santidade convém a casa de Deus. E que estas coisas possam ser o mais fielmente observadas,
o Santo Sínodo ordena, para que a ninguém seja permitido colocar, ou fazer com que sejam colocadas,
quaisquer imagens incomuns, em qualquer lugar ou igreja, da forma como forem isentos, exceto que a
imagem tenha sido aprovada de pelo bispo. - Traduzido do italiano
O Juízo Final teve, portanto, de ser alterado. Daniele de Volterra, discípulo de Michelangelo
(fig.13) foi então quem restaurou uma das suas obras primas, defendendo sempre o seu mentor mas,
em obrigação, alterando todas as obscenidades que a Igreja mandava. (fig.14)
Foi então que, neste contexto, nasceu Domecicos Theotocopoulos (fig.15) em Creta, na Grécia
(fig.16) a 1 de outubro de 1541. É conhecido como El Greco ou El Grego em tributo ao seu país de
origem e é tido como um dos maiores nomes do movimento maneirista, tenho obras no campo da
pintura, da escultura e da arquitetura. Sabe-se muito pouco sobre sua vida. Apesar disso, conhecem-
se algumas das suas características, devido aos poucos documentos que restaram. Também
analisando as suas obras pode-se lhe atribuir uma personalidade perturbadora e impulsiva, de
atitude distinta perante o mundo. Pertencia a uma família católica respeitada em Creta e, embora
não se saiba nada sobre a sua mãe, descobriu-se que o seu pai, Geórgios Theotocopoulos, trabalhava
como cobrador de impostos e era também comerciante. Em conjunto com o pai trabalhou o seu
irmão mais velho, Manoússos Theotocopoulos, como negociante. Pensa-se que tenha sempre tido
uma boa relação com a família sendo que sempre a ajudou e, nos anos finais de vida do irmão, o
acolheu e tratou em sua casa.
(1523–1526)
(1562-1563)
Fig.20- Domenico
Zampieri (Domenichino)
A ascensão de Maria
Madalena ao céu (pintura a
óleo sobre tela)
(1617-1621)
Numa das suas primeiras obras conhecidas em Veneza (fig.21) podem ver-se as influências
que Ticiano exerceu sobre ele:
(1566-1570)
(1571-1572) (1570-1572)
(1570-1572) (1571-1576)
Em 1572 abriu o seu próprio estúdio e contratou como assistente o pintor Lattanzio
Bonastri de Lucignano que nunca chegou a ser reconhecido para além de ser ajudante e aprendiz
de El Greco.
No tempo em que esteve em Roma, Michelangelo, Rafael e Da Vinci já tinham morrido, mas
os seus exemplos continuavam a inspirar os jovens aprendizes pintores, como continuam ainda
hoje e como, lá no fundo, inspiraram El Greco, mesmo antes de ter ido para a capital (fig.26);
(fig.27).
Apesar disso,paradoxalmente ,por querer imprimir a sua própria marca e defender sua
visão artística, estética e estilo, criticou fortemente os ex-libris do Renascimento, dizendo que não
tinham cabeça própria para pensar a arte e não eram verdadeiros aquando de passar os seus
sentimentos para a tela.
Fig.26- Comparação de detalhes entre uma Fig.27- Comparação de detalhes entre uma pintura
pintura de El Greco - A cura do cego (fig.21) (à de El Greco- A cura do cego (fig.21) (à esquerda) e
esquerda) e uma pintura de Rafael- A escola de um afresco do teto da capela Sistina (à direita)
Atenas (à direita)
“Deves estudar os Mestres, mas guarda o estilo original que bate dentro da tua alma”
- El Greco num dos seus diários escritos em Roma – traduzido do italiano
Ele considerava Michelangelo "um bom homem que não sabia pintar" e até se ofereceu para
repintar o 'Juízo Final' (fig.4) na Capela Sistina, de acordo com um novo e mais rigoroso pensamento
católico, mantendo sempre a sua originalidade maneirista. Após estes acontecimentos foi muito
criticado em Roma, onde ficou conhecido como o “estrangeiro tolo” e arranjou bastantes inimigos,
o que o forçou a emigrar, sendo que a sua arte deixou de ser bem aceite lá. Posto isto, mudou-se
para Veneza durante um ano (1575-1576) até emigrar para fora do país definitivamente.
3.4 A ida definitiva para Espanha – a ascensão de um artista
Em 1577, El Greco emigrou para Madrid (fig.28). Durante a década de 1570, o enorme
mosteiro-palácio de El Escorial (um município na província de Madrid) ainda estava a ser construído
e Filipe II de Espanha estava à procura de um pintor à altura do seu edificado, a fim de o decorar.
Porém, Ticiano tinha morrido, e Tintoretto (fig.7) e Veronese (fig.9), dos artistas com mais renome
na altura, recusaram a oferta.
Apesar de por fim ter contratado um jovem pintor, Juan Fernándes de Navarrete (fig.29), este
acabou por falecer em 1579. Obra do destino ou não, isto foi favorável a El Greco, que após ter sido
recomendado ao rei por um amigo humanista e agente do mesmo, foi aceite para o cargo. A
trabalhar para Filipe II conheceu vários intelectuais, sendo o mais importante Luís de Castela, filho
do deão (cardial importante) da capital de Toledo (fig.26), que lhe arranjou as primeiras
encomendas para esse território, onde mais tarde acabaria por ficar até à sua morte.
(1565-1568)
As suas únicas obras encomendadas pela realeza foram a Adoração do Santo Nome de Jesus
(fig.30) e o Martírio de São Maurício (fig.31).
Apesar de toda a dedicação e esforço que demonstrou ao pintar as obras, o rei não gostou
dos trabalhos efetuados. A primeira pintura referida foi descartada e a segunda foi pendurada numa
sala pouco visitada, em vez de ser disposta no altar da capela para o qual tinha sido encomendada.
Não se sabem as razões exatas para a sua insatisfação em relação aos resultados, porém, alguns
estudiosos dizem que El Greco violou uma regra da Inquisição da Contrarreforma - a supremacia do
conteúdo sobre o estilo. Esta situação fez com que qualquer hipótese de patrocínio real a El Greco
fosse, agora, anulada.
(1577-1579) (1580-1582)
Para além de obras parao rei, executou ao mesmo tempo as suas primeiras encomendas de
Toledo, destinadas, maioritariamente, à decoração de instituições religiosas do território. De entre
as 9 primeiras obras encomendadas, as que são consideradas mais importantes são El Expolio (fig.32),
A Santíssima Trindade (fig.33) e A Ascensão da Virgem (fig.34).
Fig.32- El Expolio (pintura a óleo sobre
lona) Fig.33- A Santíssima Trindade
(pintura a óleo sobre tela)
(1577–1579)
(1577-1579)
(1577-1577)
Sem os favores de Filipe II, El Greco foi obrigado a permanecer em Toledo, onde tinha sido
anteriormente recebido, em 1577, como um grande e reconhecido pintor. Naquela época a cidade
era considerada a capital religiosa de Espanha e tinha já um elevado número populacional.
Praticamente todos os registos que foram encontrados da cidade descrevem-na como um lugar
com "um passado ilustre, um próspero presente e um futuro incerto", pelo que o artista não
refutou a sua estadia, tanto que foi nesta cidade que ficou até falecer. Lá abriu um estúdio próprio
onde produziu, principalmente, quadros para altares e estátuas com a ajuda do seu novo
discípulo, Francisco Preboste. Foi nesta época (1586) que concebeu o seu ex-libris, O Enterro do
Conde de Orgaz que retrata o enterro de um dos nobres mais queridos e importantes de Toledo no
século XIV (fig.35), pelo qual é mundialmente famoso. Seguidamente, entre os anos de 1597 a 1607
teve o seu período mais movimentado, sendo que recebeu pedidos de muitas figuras e esculturas
para todo o tipo de instituições religiosas que, na altura, tiveram um crescimento exponencial de
construções e/ou restaurações. (fig.36); (fig.37); (fig.38).
(1594-1594) (1595-1595)
(1598-1598)
Alguns registos de amigos e vizinhos identificam-no como inquilino de um terreno com três
apartamentos e vinte e quatro quartos que tinham pertencido ao Marquês de Vilhena, na altura.
Descreviam-no como um estudioso que se sabia divertir, vivendo dos prazeres e, algumas vezes,
contratando músicos para tocarem enquanto comia ou organizando grandes ceias em sua casa,
para os seus amigos. Foi também nesta casa que viveu com Jerónima de Las Cuevas (fig.40), com
quem nunca casou ou assumiu uma relação séria mas, com quem teve um filho, Jorge Manuel
Theotocopoulos, em 1578. (fig.42)
Fig.42- Retrato de
Jorge Manuel
Theotocopoulos por
El Greco
Embora parecesse estar tudo a correr bem para o artista, entre 1607 e 1608 viu-se
envolvido num problema judicial com as autoridades do Hospital da Caridade de Illescas, sendo que
estes não tinham pago as suas obras pictóricas e escultóricas, nem o planeamento arquitetónico de
um projeto. Esta e outras disputas legais contribuíram para as dificuldades económicas que
surgiram no final da sua vida. Em 1608 recebeu a sua última grande encomenda para o Hospital de
São João Batista, em Toledo. (fig.43)
(1608-1614)
A meio da execução desta última obra, El Greco ficou gravemente doente, vindo a falecer a 3
de abril de 1614. Poucos dias antes, a 31 de março, tinha posto o filho como seu herdeiro.
Apesar de, enquanto vivo a sua arte não ter sido homogeneamente admirada, o seu estilo
dramático encontrou grande estima no século XX, tendo sido considerado um precedente do
expressionismo e do cubismo (fig.44). Ao mesmo tempo, a sua personalidade e trabalhos foram fonte
de inspiração a poetas e escritores como Rainer Maria Rilke e Nikos Kazantzakis.
El Greco é agora apreciado como um artista tão extraordinário e peculiar que não parece
pertencer a nenhuma das escolas convencionais.
Sobre El Greco, Christiansen (famoso inventor) disse: "El Greco era espanhol por
excelência e um proto-moderno - um pintor do espírito", que rejeitava uma cultura materialista
e perseguia as construções "místicas internas" – traduzido do Dinamarquês
Com a comparação acima apresentada conseguimos ver parecenças entre uma obra de El
Greco e uma obra de Picasso, separadas por quase 400 anos. Assim se comprova a influência deste
artista nos movimentos artísticos futuros da arte nova, sendo que nessa altura a mentalidade dos
pintores e dos recetores de arte era muito mais aberta ao inusitado e a uma estética fora do
normal.
4. A arte de El Greco- Estilo e estética
Sobre o seu portefólio de obras, o número de composições conhecidas variou muito ao
longo dos anos, tendo havido registo de 787, 285 e, por fim, 135 pinturas. Quanto às esculturas,
estas foram meramente decorativas e, portanto, não conhecidas a solo (exceto uma encontrada e
identificada há pouco tempo (fig.45)). No campo da arquitetura há registo de vários projetos
arquitetónicos de pequenas instituições em Toledo, não havendo também um número certo.
(fig.46)
4.1 A pintura
"Acredito que a reprodução da cor é a maior dificuldade da arte." - escrito por El Greco
num dos seus manuscritos.
O artista acreditava que a cor era o componente mais importante e irrefreável da pintura e
declarou que a cor se impunha sobre a forma, um conceito da Escola Veneziana que ele utilizou em
todas as suas obras. Também a predileção de El Greco por figuras incrivelmente altas, esbeltas e
serpenteadas é considerada uma característica inegável da sua Obra. Ele acreditava que as formas
assim seriam muito mais expressivas e esteticamente mais agradáveis ao olhar, o que o levou a
desrespeitar as leis da natureza e a alongar as suas composições em grandes dimensões,
principalmente quando eram aplicadas em retábulos para altares. A anatomia do corpo humano
tornou-se assim, para ele, mais sublime até mesmo nos seus trabalhos mais antigos.
"Eu não ficaria feliz em ver uma mulher bem proporcional e bonita, não importa sob
qual ponto de vista, ainda que extravagante. Não apenas perderia sua beleza e ordem, eu
diria, quando aumentada em tamanho de acordo com as leis da visão, já não mais pareceria
bonita, mas, na verdade, seria monstruosa" - nota de rodapé escrita pelo artista no livro De
Architectura, de Vitrúvio
Já nos retratos, El Greco não pôde pôr em prática algumas das suas características prediletas, mas
manteve o seu registo de originalidade, não pintando as características exatas do modelo, mas sim
expressando caráter do retratado. Apesar de ter um número de retratos significativamente menor
do que de pinturas religiosas, estes têm a mesma qualidade que todas as restantes obras . A seguir,
apresentam-se mais algumas obras e retratos do artista, para que as suas características sejam mais
percetíveis (fig.48); (fig.49); (fig.50); (fig.51); (fig.52); (fig.53).
Fig.49- O cavaleiro com a Mão
Fig.48- Tríptico da Modena (pintura a têmpera sobre
no Peito (pintura a óleo sobre
painel)
tela)
(1567-1568)
(1580-1580)
(1570-1576) (1597-1600)
(1607-1613)
4.2 A arquitetura e a escultura
Na arquitetura e na escultura, apesar de não ser reconhecido como tal, foi um grande
arquiteto de Toledo. Realizou o projeto completo de vários altares e salas, funcionando ao mesmo
tempo como arquiteto, escultor e pintor, pois projetava e decorava os espaços. Manteve os seus
ideais extravagantes, defendendo a liberdade da criação, a inovação, a diversidade e a
complexidade. O seu projeto arquitetónico mais famosamente conhecido é o Mosteiro de São
Domingo o Velho (fig.54).
(1610-1614)
6. Conclusão
El Greco viveu uma vida praticamente inteira como um estrangeiro e ainda assim conseguiu
ser, eventualmente, bem-sucedido, vivendo uma vida prazerosa e despreocupada, sempre a fazer o
que gostava. Apesar de ter tido alguns inimigos, de não ter sido sempre afortunado no seu trabalho
e de ter sido fortemente criticado pela maneira ousada como via a vida e o mundo, foi um exemplo
enorme de perseverança e persistência, que nunca desistiu do que mais gostava, inspirando, em
pleno século XXI, milhares de pessoas e artistas. O seu estilo maneirista e intenso atravessa todas as
pessoas que observam a sua Obra, quer a compreendam ou não. Tornou a arte numa coisa tão
simples, e ao mesmo tempo fê-la complexa, de forma original e inusitada, mesmo que só tenha sido
reconhecido pelo seu talento mais tarde.
Eu escolhi este artista, não só por ser um dos meus favoritos e representar um dos
movimentos artísticos mais incrível e único que já houve, mas também por achar que se apresenta
como um verdadeiro exemplo de perspicácia e convivência com o mundo. Embora seja descrito como
uma pessoa traumatizada, individualista e paradoxal, é, para mim, uma inspiração a continuar no
mundo da arte e a manter-me verdadeira à minha essência e estilo, porque não importa o que os
outros acham, desde que para nós faça sentido.
Agrupamento de Escolas de Mangualde - Escola secundária Felismina de
Alcântara
Para a disciplina de: História da cultura e das artes
Professor/a da disciplina: Ana Cristina Garcia Cabral
Trabalho realizado por: Eva Santos, nº3, 10ºC, Artes Visuais
Bibliografia:
https://www.historiadasartes.com/nomundo/arte-renascentista/maneirismo/
https://pt.wikipedia.org/wiki/Maneirismo
https://pt.wikipedia.org/wiki/El_Greco
http://www.arqnet.pt/portal/biografias/greco.html
https://www.infoescola.com/biografias/el-greco/
https://www.infopedia.pt/$el-greco
https://pt.wikipedia.org/wiki/O_Enterro_do_Conde_de_Orgaz
https://prezi.com/elejqexaqi5z/a-inquisicao-e-a-contra-reforma/
https://pt.qwe.wiki/wiki/Laoco%C3%B6n_(El_Greco)
https://es.wikipedia.org/wiki/Laocoonte_(el_Greco)
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Foi um momento grandioso. Uma consciência pura e virtuosa que ficou sobre
uma das bandejas da balança, um império sobre a outra, e foste tu,
consciência do homem, que depositaste as escalas. Esta consciência será capaz
de comparecer perante o Senhor no Juízo Final e não ser julgada. Ela julgará,
porque a dignidade humana, a pureza e o valor encherão o próprio Deus com
terror… Arte não é submissão, nem regras, mas sim um demónio que esmaga
os moldes… O peito do arcanjo interior de Greco lançou-o sobre uma singular
esperança de liberdade selvagem, o excelentíssimo sótão deste mundo. - Nikos
Kazantzakis, filósofo – traduzido de grego