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Sandro Braga
RESUMO
Apresentamos uma discussão acerca da leitura em sala
de aula. Entendemos a leitura como uma prática para
além da materialidade da escrita. A partir do escopo da
Análise do Discurso de inspiração francesa, investimos
na perspectiva de que ler é interagir. Para isso, é necessá-
rio saber ler o mundo, interpretá-lo e, por fim, reescre-
vê-lo. Assim, propomos a leitura de filmes da Turma da
Mônica como instrumentalização para outros processos
de leitura do mundo atual, que é permeado de imagem
e som. Nosso foco está na formação de leitores críticos,
capazes de percorrer as tramas discursivas que levam um
texto a produzir sentido.
A
presentamos, neste artigo, parte de uma pesquisa em andamento
sobre gestos de leitura em sala de aula. Entendemos a leitura, de
forma ampla, como uma prática para além da decodificação das
palavras. Assim, é necessário pensarmos também nos processos de leitura
que envolvam a linguagem não verbal. Particularmente, neste trabalho, fo-
caremos o cruzamento do verbal com o não verbal na produção de narrativas
de texto cinético.
braga, Sandro. Leitura fílmica: uma análise discursiva dos efeitos
270 de sentido de temas abordados em desenho animado da turma da mônica
[...] como seu próprio nome indica, não trata da língua, não
trata da gramática, embora todas essas coisas lhe interessem.
Ela trata do discurso. E a palavra discurso, etimologicamente,
tem em si a ideia de curso, de percurso, de correr por, de
movimento. O discurso é assim a palavra em movimento,
1
BARTHES, R. O rumor da língua. Tradução Mario Laranjeira. São Paulo: Brasiliense,
1988. p. 70.
Cadernos de Letras da UFF - Dossiê: Dossiê: Língua em uso no 47, p. 269-283 271
2
ORLANDI, E. Análise de discurso: princípios e procedimentos. 3.ed. Campinas: Pontes,
2001. p. 15.
braga, Sandro. Leitura fílmica: uma análise discursiva dos efeitos
272 de sentido de temas abordados em desenho animado da turma da mônica
3
Um próximo passo da pesquisa prevê a aplicação dessa primeira etapa em uma pesquisa-
-ação e etnográfica, sendo o corpus constituído por gravações de entrevistas semiestruturadas
realizadas com os sujeitos (professores e alunos do ensino fundamental) em uma turma de
4º ano de uma escola, pertencente à rede pública, antes e após a assistência fílmica.
4
PÊCHEUX. M. Semântica e discurso: uma crítica à afirmação do óbvio. Tradução
Eni Orlandi. Campina: Unicamp, 1995 [1975]. p. 173.
Cadernos de Letras da UFF - Dossiê: Dossiê: Língua em uso no 47, p. 269-283 273
5
ORLANDI, E. Discurso e leitura. 3 ed. Campinas-SP: Editora da Unicamp, 1996. p. 41.
6
ORLANDI, E. Discurso e leitura. 3 ed. Campinas-SP: Editora da Unicamp, 1996. p. 38.
7
ORLANDI, E. Discurso e leitura. 3 ed. Campinas-SP: Editora da Unicamp, 1996. p. 38.
braga, Sandro. Leitura fílmica: uma análise discursiva dos efeitos
274 de sentido de temas abordados em desenho animado da turma da mônica
8
ORLANDI, E. Discurso e leitura. 3 ed. Campinas-SP: Editora da Unicamp, 1996. p. 87
9
ORLANDI, E. A linguagem e seu funcionamento: as formas de discurso. 4. ed. Campinas:
Pontes, 1996. p. 29.
Cadernos de Letras da UFF - Dossiê: Dossiê: Língua em uso no 47, p. 269-283 275
10
FOUCAULT, M. Vigiar e punir. Tradução Lígia M. Pondé Vassalto. Petrópolis: Vozes,
1977. p. 141.
11
Idem nota 10.
Cadernos de Letras da UFF - Dossiê: Dossiê: Língua em uso no 47, p. 269-283 279
Final (feliz?)
RESUMEN
Presentamos una discusión de la lectura en el aula.
Entendemos la lectura como una práctica más allá de
la materialidad de la escritura. A partir del ámbito
de análisis del discurso de inspiración francesa,
entendimos que leer es interactuar. Para eso, es necesario
leer el mundo, interpretarlo y, finalmente, volver a
escribirlo. Por lo tanto, proponemos leer películas
de la Turma da Mônica como instrumentalización para
otros procesos de lectura en el mundo actual que está
impregnado de imagen y sonido. Nuestra atención se
centra en la formación de lectores críticos, capaces de
pasar a través de los intercambios verbales que tienen un
texto para producir significado.