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Universidade Católica de Moçambique

Instituto de educação à Distância

Tema
Exercícios físicos específicos para crianças e adolescentes com manifestações de asma
bronquial nas aulas de educação física nas EPCs-Ulónguè, distrito de Angónia.

Nome

Nilza Cristina Joaquim Gomes

Tete, Abril / 2022


Universidade Católica de Moçambique
Instituto de educação à Distância

Tema
Exercícios físicos específicos para crianças e adolescentes com manifestações de asma
bronquial nas aulas de educação física nas EPCs-Ulónguè, distrito de Angónia.

Nome

Nilza Cristina Joaquim Gomes

Monografia submetida ao Instituto de


educação à Distância - Universidade Católica
de Moçambique como requisito parcial para
obtenção do grau de licenciatura em Ensino
de Educação Física e Desporto

Orientado por:
Alberto Francisco Malaqueta

Tete, Abril / 2022


Índice
DECLARAÇÃO....................................................................................................................................5

AGRADECIMENTOS..........................................................................................................................6

DEDICATÓRIA....................................................................................................................................7

LISTA (ABREVIATURA, GRÁFICOS, MAPAS, TABELAS, ILUSTRAÇÕES)...............................8

RESUMO..............................................................................................................................................9

CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO...........................................................................................................10

1.1. Problematização.......................................................................................................................11

1.2. Relevância do estudo (Motivações e contributos)....................................................................12

1.2.1. Motivação............................................................................................................................12

1.2.2. Contributos..........................................................................................................................12

1.3. Objetivos.................................................................................................................................12

1.3.1. Geral....................................................................................................................................12

1.3.2. Específicos...........................................................................................................................12

1.4. Hipóteses.................................................................................................................................13

1.5. Limitações do estudo...............................................................................................................13

1.6. Considerações éticas................................................................................................................13

1.7. Estrutura do trabalho................................................................................................................13

CAPÍTULO II: MARCO TEÓRICO (REVISÃO DA LITERATURA)..............................................15

2.1. Conceitualização......................................................................................................................15

2.1.1. Educação física....................................................................................................................15

2.2. Exercícios físicos.....................................................................................................................15

2.3. Asma........................................................................................................................................15

2.4. Asma e Coronavírus................................................................................................................18

2.5. Tratamento Clinico da Asma...................................................................................................18

2.6. Tratamento terapêutico............................................................................................................19

2.7. Asma e o desporto...................................................................................................................19

2.8. O papel do professor de educação física..................................................................................21


2.9. Descrição de exercícios físicos e desportos aconselhados e não aconselhados para asmáticos
nas ulas de educação física..................................................................................................................22
2.9.1. Indicações para a prática de exercícios físicos e desportivos segundo Serra (1996):...........23

CAPÍTULO III: ASPECTOS METODOLÓGICOS............................................................................24

3.1. Tipo de Pesquisa......................................................................................................................24

3.2. Participantes (Universo e Amostra).........................................................................................24

3.3. Instrumentos de Recolha de Dados..........................................................................................24

3.4. Modelo de análise de dados.....................................................................................................24

CAPÍTULO IV: APRESENTAÇÃO E ANALISE DE DADOS.........................................................25

4.1. Revisão de documentos...........................................................................................................25

4.2. Questionário............................................................................................................................25

CAPÍTULO V: DISCUSSÃO DOS RESULTADOS..........................................................................28

CAPÍTULO VI: CONCLUSÕES E SUGESTÕES..............................................................................30

CONCLUSÕES...................................................................................................................................30

SUGESTÕES......................................................................................................................................31

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................................................................32

Apêndices e Anexos............................................................................................................................34
DECLARAÇÃO

Declaro que esta monografia é resultado da minha investigação pessoal e das orientações do
meu supervisor, o seu conteúdo é original e todas as fontes consultadas são actuais e estão
devidamente mencionadas no texto, e na bibliografia final.

Declaro ainda que este trabalho não foi apresentado em nenhuma instituição do ensino para
obtenção de qualquer grau académico.

Tete, ____ de Abril de 2022

____________________________________________________

Nilza Cristina Joaquim Gomes


AGRADECIMENTOS

Expresso sinceramente a minha gratidão a todos que me apoiaram e contribuíram de uma


forma ou outra na realização e culminação deste trabalho, em particular:

A Deus todo-poderoso, que com a sua misericórdia e fidelidade me concedeu a caca


dia mais da vida e que me guardo com muito amor.

Ao meu supervisor, o mestre Alberto Francisco Malaqueta por colocar a disposição


seus conhecimentos e dedicar seu precioso tempo para me apoiar na realização deste
trabalho.

A todos os docentes do curso de educação física e os trabalhadores da instituição que


me ensinaram, me cuidaram e me instruíram.

Aos meus familiares e amigos que estiveram comigo em todos os momentos durante
esta longa caminhada

A aqueles que não foi possível mencionar, mas seguramente estão presentes no fundo
do meu coração.
DEDICATÓRIA

Este trabalho é reflexo da forca de vontade e empenho empreendido durante a minha


formação, por isso, o mesmo vai dedicado:

Aos meus pais, minha mãe Maria Dulce Lindela que sem os ensinamentos da vida, os valores
morais e o amor incondicional que me transmitiram, eu não seria a pessoa que me tornei hoje
e prometo que continuarei a pautar por estes bons princípios.

A toda minha família que sem o apoio de todos, esta trajetória seria quase impossível.

Ao meu esposo, meus filhos por me fazerem acreditar nos meus sonhos e me apoiarem para
jamais desistir.
LISTA (ABREVIATURA, GRÁFICOS, MAPAS, TABELAS, ILUSTRAÇÕES)
EPC- Escola Primaria Completa

IFP- Instituto de Formação de Professores

UCM- Universidade Católica de Moçambique

EF- Educação Física

PEF- Profissionais de Educação física

SNE- Sistema Nacional de Educação

BIE- Broncospasmos Induzido pelo Exercício


RESUMO
O presente estudo tem como tema exercícios físicos específicos para crianças e adolescentes
com manifestações de asma bronquial nas aulas de educação física nas EPCs-Ulónguè,
distrito de Angónia. A prática de exercícios físicos desenvolve nos alunos em idade escolar
valores, habilidades motoras e capacidades físicas tornando-se um articulador da saúde e do
bem-estar. Este estudo teve como objetivo: Seleccionar exercícios físicos específicos para
crianças e adolescentes com manifestações de asma bronquial nas aulas de educação física
nas EPCs-Ulónguè, distrito de Angónia. Com efeito, para a concretização do mesmo foi
utilizada a pesquisa de campo com cunho qualitativo. Foi igualmente realizada a revisão de
documentos com ênfase nos autores que abordaram sobre a temática do referido objeto de
pesquisa. Com base nas análises e resultados obtidos, constatou-se que não há inclusão dos
alunos nas aulas de educação física com certa condição de saúde e que os professores não
conhecem os sintomas da asma nem sabem proceder em caso de ataque de asma durante a
aula de educação física. Contudo, ficou claro que há necessidade se supervisões regulares nas
aulas de educação física e capacitações dos professores em matérias de género.

Palavras-chaves: exercícios físicos, asma, educação física.


CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO
Na sociedade actual cada dia escutamos mais sobre a relação entre a asma e a prática de
exercícios físicos. Diariamente, o número de asmáticos cresce devido entre outros factores, a
crescente contaminação atmosférica do nosso planeta. Assim, cada vez mais, vai se
conhecendo mais a esta enfermidade e as possibilidades de enfrentar a mesma com uma
medicação adequada para além de que se vai descobrindo a grande influencia positiva que
exerce a prática de exercício físico para o seu tratamento.

A asma é uma doença reconhecida empiricamente desde os tempos antigos, sendo que seu
registo histórico ocorreu pela primeira vez na civilização egípcia, cujos seus conhecimentos
foram repassados por meio da linguagem para as gerações subsequentes. Posteriormente, na
Grécia Antiga, Hipócrates formulou uma das primeiras definições de asma, considerando-a
uma dificuldade de respirar.

Actualmente, esta doença é vista como um problema mundial de saúde pública, devido à sua
gravidade e o crescimento no número de ocorrências de crises asmáticas. Estas crises são
caracterizadas por alguns sintomas como tosse, chiado, aperto no peito e falta de ar. O
exercício físico quando praticado em circunstâncias peculiares acima do recomendado pode
desencadear em crise asmática. Este evento é conhecido como Broncospasmo Induzido pelo
Exercício (BIE). Teixeira (2008).

Por causa deste factor negativo, as crianças e adolescentes em alguns casos sentem receios
em relação à prática de exercícios físicos e desportos nas aulas de educação física (EF). Isso
induz a esses alunos a não participarem nas aulas de Educação Física, principalmente por
conta das atitudes de pais súper protetores, que acreditam que o exercício deve ser afastado
do seu filho por conta da doença (Pinho; Nascimento; Silva, 2016).

Em virtude dessa situação, é importante destacar que, o desporto como conteúdo nas aulas de
EF é um instrumento de convívio social, em que os alunos interagem com seus colegas. Além
disso, a sua prática pode prevenir o aparecimento de outras doenças e contribuir com a
melhora da mecânica respiratória e do condicionamento físico geral (Tubino, 2010; Arruda,
2015).

Esta situação acima relatada, para além de ser um dilema geral se manifesta igualmente em
Angónia distrito da província de Tete, concretamente nas escolas primárias completas (EPC)
com maior incidência nas EPCs a nível da sede distrital Ulónguè. Os professores de educação
física (PEF) só se dão conta que tem alunos asmáticos quando estes se limitam no
desenvolvimento de certas actividades motrizes ou apresentam ataques de asmas porque os
seus encarregados de educação não apresentam nenhum certificado médico nem comunicam
o estado dos alunos no acto da sua inscrição o que de certa maneira o PEF chega a confundir
os sintomas ou manifestações com fadiga.

Portanto, os PEF precisam conhecer a fundo os seus alunos, a asma e a sua relação com as
actividades físico-desportivas dentro das aulas de EF para assim, incluir os alunos que
padeçam ou manifestam sinais desta enfermidade de maneira adequada e segura. Desse
modo, alguns dos conhecimentos indispensáveis para tais professores, que forem a trabalhar
com alunos asmáticos, são: características da doença, exercícios recomendados, BIE,
orientações, cuidados, procedimentos em caso de crises de asma, entre outros (Fiks, 2008;
Teixeira, 2008).

1.1. Problematização
O exercício físico pode desencadear a asma, assim como o contacto com a poeira, mofo,
cheiros fortes e outros. A diferença é que, enquanto os médicos tentam afastar os asmáticos
dos gatilhos mais comuns da asma, a actividade física é um factor desencadeante que não
deve ser afastada do asmático. Ninguém deve ser proibido de realizar exercícios físicos e
desportos por ser asmático! (Fiks, 2008, p. 33).

Com o aumento de numero de asmáticos a nível mundial e particularmente a nível local, isto
é, nas EPCs-Ulónguè, notou se claramente a ausência e fraca participação deste grupo alvo de
alunos as aulas de educação física aliado a inexistência de infraestruturas desportivas e meios
para a pratica de exercícios físicos.

Entretanto, na maioria das vezes a total ausência deste grupo alvo as aulas de Educação Física
é consequência do medo, por partes dos alunos, pais e/ou encarregados de educação da
ocorrência do BIE durante a prática dos exercícios físicos e desportos, o que de certa maneira
cria hábitos não saudáveis da prática de exercício físico e consequentemente o sedentarismo.
Assim, crianças e adolescentes se afastam de qualquer actividade que exige desempenho
físico, pois preferem actividades intelectuais (Fiks, 2008; Arruda, 2015).

Outro problema inerente a realização do presente estudo prende-se com a falta de


conhecimento dos PEF sobre os sinais da doença e como proceder em caso de que um aluno
manifeste se durante a aula, daí a exclusão deste. Entre estas e outras questões, remetemo-nos
a formular a seguinte pergunta de partida: Que relação existe entre as manifestações da
asma e a prática de exercícios físicos nas aulas de educação física?

1.2. Relevância do estudo (Motivações e contributos)

1.2.1. Motivação
A educação física no sistema nacional de educação (SNE) é inclusiva e desta resulta do
convívio social de todos os alunos, independentemente do seu talento, deficiência, origem
socioeconómica, etnia ou cultural, cujo objetivo é trabalhar o corpo e o movimento.

De entre vários, um dos motivos para se adoptar a educação física inclusiva radica na
prevenção de doenças do coração e respiratórias. Dai que, a autora da pesquisa sentiu a
necessidade de desenvolver este estudo por forma a incluir alunos com certas deficiências
inclusive os de asma nas actividades físicas e desportivas que se vê excluídas em ditas
actividades nas aulas de educação física a causa da sua condição.

1.2.2. Contributos
O presente estudo poderá ajudar em primeira instância identificar se os professores de
educação física sabem como incluir de maneira adequada os alunos com asma nas aulas de
educação física, ademais sendo umas das primeiras pesquisas de género a nível local, servirá
como referência bibliográfica para consultas e enriquecimento de conhecimentos sobre a
matéria por parte dos profissionais além de servir de base para estudos posteriores.

1.3. Objetivos

1.3.1. Geral
Seleccionar exercícios físicos específicos para crianças e adolescentes com manifestações de
asma bronquial nas aulas de educação física nas EPCs-Ulónguè, distrito de Angónia.

1.3.2. Específicos
 Caracterizar os aspectos teóricos e metodológicos que sustentam a manifestação da
asma bronquial em crianças e adolescentes.

 Fundamentar a relação entre exercícios físicos, desportos e a asma bronquial nas aulas
de educação física.
 Descrever exercícios físicos específicos para crianças e adolescentes com
manifestações de asma bronquial para as aulas de educação física.

1.4. Hipóteses
 A segurança e confiança dos alunos e pais para com os profissionais de educação
física no exercício e desempenho das suas actividades.

 Planificação metodológica adequada ao grupo alvo.

1.5. Limitações do estudo


O estudo científico ora em desenvolvimento, foi realizado num período em que as aulas de
educação física não estão sendo ministradas em todas as escolas a nível nacional como
mundial devido a pandemia da COVID-19. Entretanto, teve que se envidar esforços de tal
forma a conseguir localizar o grupo alvo em todas as escolas primarias completas a nível da
sede distrital Ulónguè através dos professores de educação física das ditas escolas já que as
direções destas mesmas instituições não têm tido informações desta natureza nem o registo
destes casos.

1.6. Considerações éticas


O tema em estudo é muito importante facto que leva autora a seguir a risca as recomendações
éticas exigidas e recomendadas. Tratando-se de uma condição física ou de saúde, as
informações colhidas nas escolas foram tratadas de forma sigilosa por forma a proteger o
grupo alvo. Portanto, com ajuda dos professores de educação física e pais ou encarregados de
educação foi possível de forma discreta e através de um instrumento metodológico aferir a
condição de cada aluno que padece de asma.

Enfim, todos os dados coletados foram manipulados com a maior descrição possível de forma
a não haver situações de discriminação por parte dos alunos nas actividades físicas ou
desportivas.

1.7. Estrutura do trabalho


O presente estudo está estruturado em 6 capítulos. No capítulo I, referente a introdução
apresenta se a problematização, relevância do estudo, objetivos, limitação do estudo, e
considerações éticas. No capítulo II, faz-se a fundamentação teórica da pesquisa com enfoque
para os conceitos básicos, algumas abordagens envolvendo marcos internacionais e nacionais.
Os passos metodológicos usados são descritos no capítulo III, onde é apresentado de forma
breve a dimensão da amostra e universo do estudo e se identificam os procedimentos para a
análise de dados. Já no capítulo IV é feita a apresentação e análise dos resultados obtidos no
estudo de campo. No capítulo V está a análise e discussão dos resultados e por último no
capítulo VI estão descritas as conclusões e recomendações da investigação e para encerrar as
referências bibliográficas, apêndices e anexos.
CAPÍTULO II: MARCO TEÓRICO (REVISÃO DA LITERATURA)

2.1. Conceitualização

2.1.1. Educação física


A educação física visa promover a saúde escolar e o estilo de vida activo, de forma que suas
aptidões sejam para vida toda, e não somente para a educação básica. Uma das bases para
isso é superar a ideia de que educação física é somente prática desportiva, pois por suas
características competitivas acaba por excluir alguns alunos. Esta por sua vez deve envolver
todos os exercícios físicos atribuídos pela escola, desenvolvendo comportamento activo e
permanente no aluno em idade escolar. Zunino (2008).

Quando se fala em educação física escolar predomina-se as actividades lúdicas e os jogos que
trabalham as diversas capacidades motoras, enfatizando resistência muscular, explosão,
resistência cardiorrespiratória, força física, etc., as quais devem estar associadas ao tipo de
exercício realizado e ao tempo de envolvimento dos escolares, para assim apresentar
adaptações físicas e fisiológicas saudáveis. Gallardo (2010).

2.2. Exercícios físicos


Para o Ogden, (2004) o exercício físico pode ser classificado como “movimento corporal
planeado, estruturado e repetitivo executado para melhorar ou manter um ou mais
componentes de boa forma física”.

Caracciolo, (2012) classifica os exercícios físicos em dois grandes blocos: exercícios


aeróbios e exercícios anaeróbicos.

Os exercícios do grupo do aeróbio são aqueles que estão relacionados com um esforço
moderado e fazem uso do oxigénio a fim de fornecer a energia exigida as contracções
musculares, ou seja, todos exercícios com intensidade ligeira ou moderada.

2.3. Asma
O termo asma (do grego “asthma”) foi utilizado pela primeira vez na civilização grega, onde
foi atribuído o significado de “respiração difícil”. Porém, tem-se relatos desta patologia desde
a civilização egípcia, por volta de 1.400 a. C., e a descrição dos conhecimentos sobre esta
doença foram sendo repassados entre as gerações por meio da linguagem.
A asma é uma doença crónica que afeta as vias aéreas inferiores, sendo caracterizada por
provocar uma obstrução reversível dessas regiões, desencadeando falta de ar e os famosos
sibilos, que são ruídos que lembram um assobio.

O filósofo grego Hipócrates (460-370 a.C.) foi o primeiro a considerar a asma como um mau
que comprometia a respiração (Teixeira, 2008; Silva; López, 2013). Posteriormente, o
cientista Willis (1621-1674 d. C.) através de seus estudos afirmou que esta doença ocorria
nos brônquios, que se contraiam com advento das crises. (Filho, 2017).

Segundo a Global Initiative for Asthma-GINA1 (2017) e a Associação Brasileira de


Asmáticos-ABRA (2017), a asma é uma doença inflamatória crónica que acomete o sistema
respiratório, em que ocorre um estreitamento das vias aéreas, limitando, assim, a entrada e
saída de ar nos pulmões.

A ABRA (2017) afirma ainda que, a asma é uma doença inflamatória crónica que afecta as
vias aéreas inferiores e é resultado da interação entre factores ambientais e genéticos. O
processo inflamatório envolve uma serie de células e mediadores e, como resultado da
inflamação, observa-se a hipersensibilidade das vias aéreas, que faz com que estas se
contraiam mais facilmente diante de uma serie de estímulos. Esta contração leva a uma
obstrução do fluxo aéreo, a qual, geralmente, é reversível.

Segundo ABRA (2017) os sintomas característicos dessa patologia ocorrem geralmente no


início da manhã ou pela noite, sendo:

 Tosse
 Chiado
 Aperto no peito
 Falta de ar
 Cansaço
 Opressão torácica
Para Freithg & Miller (1983), a asma é um termo de significado variado, caracterizado por
uma hipersensibilidade da traqueia e dos brônquios de médio e pequeno calibre, ao contacto
repetido de alguma forma de algógeno, se manifesta por uma estenose das vias aéreas
superiores acompanhada de hipersecreção contratura muscular e edema da mucosa.
No entender de Pineiro-Perez Leyva (1996), asma é uma enfermidade respiratória
caracterizada pela aparição de ataques de disnea respiratória de duração variável devido a
contracção espasmódica dos brônquios.

Então, segundo Serra Grima (1996) é processo inflamatório das vias aéreas, cujas células
primordialmente implicadas são os mastócitos e os eosinófilos. Sua acção produz uma
obstrução na passagem do ar que é do tipo reversível quer seja de forma espontânea ou pela
acção de certos fármacos broncodilatadores.

A asma é uma enfermidade que se caracteriza pela diminuição do diâmetro dos brônquios
durante curtos período de tempo que se manifesta por ataques repetitivos de tosse ou disnea.
Merk’s (1982).

Para Merk’s, as crises de asma podem ser desencadeadas por diferentes factores, tais como:

 Poeira
 Pelos de animais
 Fezes de barata
 Mofo
 Infecções virais
 Poluição
 Mudanças de tempo
 Problemas emocionais
 Cheiros fortes
Segundo o coletivo de autores (1982) a asma pode se classificar dependendo das
características clinicas dos seus sintomas, valores da função pulmonar e a medicação
requerida para o seu controlo como:

 Leve
 Moderada
 Severa
Para Merk’s (1982) a asma classifica se como:

 Extrínseca
 Intrínseca.
A primeira é produzida por algógenos bem caracterizados ou são externas como: químicos,
pó, humidade enquanto a segunda é aquela na qual não se pode demostrar as possíveis
causas.

O processo pelo qual permite avaliar a medição das variações em relação a obstrução
bronquial denomina-se espirometria. Com a espirometria se podem obter volumes como a
capacidade vital que é o volume pico de ar que pode ser inalado ou exalado (expulso) pelo
pulmão e seus valores podem afectar, entre outras causas por enfermidades das vias aéreas
tanto restritivas como obstrutivas.

Neste contexto, o tratamento da asma é de suma importância, consistindo:

 Na educação do paciente,
 Controle ambiental e
 Terapia farmacológica.
Faz-se necessário que o asmático realize cada uma dessas etapas, para que mantenha a
doença controlada e possa ter uma melhor qualidade de vida. Na primeira etapa, o paciente e
a família devem ser orientados sobre os principais conhecimentos relacionados à doença.
Depois disso, deve ser afastado dos factores desencadeantes, através do controle ambiental,
principalmente no lugar onde reside, fazendo sempre a limpeza adequada. Por fim, fazer uso
das medicações receitadas de forma correta (Smith & Macknight, 2002; SBPT, 2012).

2.4. Asma e Coronavírus


O diagnóstico de asma também faz com que o individuo integre o grupo de risco de Covid-
19, doença provocada pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2). Isso ocorre porque o vírus se
aloja no pulmão. Logo, pessoas com doenças respiratórias crónicas precisam ser cuidadosos
com as medidas preventivas contra a doença. Só para recordar que as principais medidas para
evitar a contaminação do novo coronavírus são: o distanciamento físico e social, uso correcto
e obrigatório da mascara principalmente em aglomerados e a lavagem frequente das mãos.

2.5. Tratamento Clinico da Asma


Sabemos que antes de um tratamento para resolver qualquer situação devemos conhecer os
dados ou antecedentes patológicos familiares e pessoais do paciente, hábitos de vida,
trabalho, estudos e preparação intelectual se é atleta, vida desportiva. Podemos lograr esta
história através de uma anamnese.
Pelo exposto anteriormente, a asma é uma afecção multifactorial pelo que exige para seu
controlo de um tratamento multidisciplinar sobre a base fundamental de controlo ambiental,
medicação continua, reeducação da função respiratória e cultura física terapêutica.

O tratamento pode ser iniciado na sala de urgências caso se assegura uma observação
suficiente do paciente. A resposta estará indicada pelo alívio da disnea, a diminuição da
frequência respiratória e a retracção do esternocleidomastóideo.

2.6. Tratamento terapêutico


O paciente asmático tem dificuldade na respiração pelo atroamento do ar que se produz
durante a crise da asma. O exercício físico aumenta a necessidade de absorver o oxigénio e
eliminar o anidrido carbónico. Para isso é necessário o aumento da profundidade da
espiração, com o exercício há um incremento da necessidade de intercâmbio gasoso, aumento
da frequência respiratória. Ao aumentar a ventilação se eleva o gasto cardíaco, pelo que se
incrementa a circulação nos capilares dos pulmões.

As actividades de preparação física são a chave principal de um programa de reabilitação


pulmonar. Estas actividades podem melhorar o funcionamento do coração, pulmões e
reforçar os músculos que se usam para respirar. É bastante normal que as pessoas com
enfermidades respiratórias se limitem com actividades físicas devido ao temor de não puder
respirar bem.

Estas actividades podem incluir: caminhadas, bicicleta de exercícios, exercícios na água,


aeróbicos, aprender técnicas de respiração e relaxamento e conservar a energia para as
actividades diárias. A maioria das pessoas que fazem exercícios também sente um aumento
no seu bem-estar geral.

2.7. Asma e o desporto


O desporto é definido como uma actividade física que na maioria das vezes visa a competição
entre os praticantes, possuindo regulamentos instituídos por alguma federação, confederação
ou associação. Sua prática envolve a realização de movimentos específicos, no qual em cada
modalidade as habilidades e capacidades motoras necessárias se diferenciam (Barbante,
2006; Delgado, 2014).

Segundo Tubino (2010), esta prática pode assumir diferentes finalidades, dependendo do
espaço em que ocorre, sendo dividido em três manifestações diferentes: desporto-educação,
desporto-lazer e desporto-performance. Na escola, o desporto-educação deve ser priorizado,
pois sua prática tem o intuito de agregar valores educacionais aos alunos, como lealdade,
espirito de cooperação, responsabilidade, entre outros.

Nas aulas de Educação Física no ambiente escolar o desporto é um conteúdo fundamental,


devido as suas possibilidades para ser abordado. Sua prática traz inúmeros benefícios,
evitando o sedentarismo e prevenindo algumas doenças em crianças e adolescentes, como:
obesidade; doenças cardiovasculares; acidente vascular cerebral; entre outras (Arruda, 2015).
Além disso, este conteúdo contribui para o crescimento e desenvolvimento dos alunos, uma
vez que, melhora o desempenho escolar, estimula o apetite, promove a socialização, etc.

De acordo com Teixeira (2008) e ABRA (2017), com relação aos portadores de asma, a
prática de actividades físicas ou desportivas devem ser sempre incentivadas como factor de
auxílio no seu tratamento. No entanto, para que essas práticas ocorram, primeiramente a
doença deve estar controlada. Dessa forma, o asmático estará livre para participar da
modalidade desportiva que preferir.

De acordo com Couto (2013) e Arruda (2015), os exercícios moderados são capazes de
melhorar a função imunológica, já os exercícios de alta intensidade podem prejudicar esta
função temporariamente.

Para Teixeira (2008), Martins e Gonçalves (2016), não há justificativas plausíveis,


principalmente nas escolas, para submeter os portadores de asma aos esforços acima de 80 a
85% da Frequência Cardíaca Máxima. Desta forma, os desportos praticados pelos asmáticos
devem ir de intensidade leve à moderada, pois os de alta intensidade são mais propícios para
desencadear o BIE.

Segundo Lucas (2015), a natação é considerada o desporto mais indicado para os asmáticos,
pelo motivo de ser praticado em ambiente aquático. No entanto, a maioria das escolas não
possui condições para desenvolver a natação nas aulas de Educação Física. Nesse sentido, os
desportos que seriam mais indicados no âmbito escolar são o voleibol e a ginástica rítmica,
pois a ventilação pulmonar por minuto é menor e permitem intervalos regulares durante o seu
decorrer, possibilitando o descanso e fazendo com que o asmático tenha maior tolerância a
sua prática, diminuindo o risco de obstrução dos brônquios (Júnior et al 2009; Filho, 2017).
2.8. O papel do professor de educação física
Nesta perspectiva, haja em vista que o exercício físico e o desporto quando praticado de
maneira inadequada pode ocasionar o BIE, sua prática deve ser orientada por professores de
Educação Física (PEF) no ambiente escolar, pois os mesmos são, pelo menos em tese, aptos a
orientar e incentivar os alunos portadores de asma (Teixeira, 2008). Porém, em algumas
situações, os alunos são privados da prática desportiva nas aulas de Educação Física, por
causa da falta de conhecimento dos PEF e pais sobre a doença.

Para Soler (2009), os PEF devem possuir um olhar atencioso durante suas aulas, para, assim,
ter consciência acerca das necessidades e capacidades de cada aluno. Somente após esta
observação a planificação deve ser realizada em busca de incluir todas as diferenças. Essa
premissa é válida para todos os tipos de deficiências ou doenças, por isso, o professor deve
conhecê-las, tendo o compromisso ético-profissional, para possibilitar a participação de
todos.

O surgimento de sintomas da asma durante a prática de desportos que exigem esforços


elevados são sinais indicadores do BIE (Fiks, 2008). Porém, em algumas ocasiões tais
sintomas são associados erroneamente à baixa condição física durante as aulas. Portanto,
Pimentel, Costa e Brito (2013), afirmam que os PEF devem conhecer estes sintomas, como
(tosse, dispnéia, aperto no peito e chiado) mencionados anteriormente, para identificar
quando os alunos desencadearem o BIE. Além disso, Teixeira (2008) atenta para a
importância de se conhecer os alérgenos mais comuns e a gravidade das crises, para assim
orientar a prática exercícios físicos e desportivos de seus alunos.

Os PEF também devem conhecer o BIE, ou seja, sua incidência, mecanismo de ação e as
estratégias farmacológicas e não farmacológicas para sua prevenção. Isso sem dúvidas
possibilitará maior segurança tanto para o professor como para o aluno. Além disso, tal
conhecimento auxiliará o mesmo no momento da prescrição dos exercícios físicos e
desportivos, assim como nas possíveis adaptações que poderão ser necessárias para inclusão
dos alunos asmáticos.

Desse modo, os professores devem saber orientações quanto aos espaços adequados para a
prática desportiva, sem índices elevados de poeira, ácaros, fumaça, temperaturas muito
quentes ou frias, etc. De acordo com Pimentel, Costa e Brito (2013), se o aluno entrar em
uma crise de asma o PEF deve possuir conhecimentos sobre os procedimentos adequados
para agir neste caso.
2.9. Descrição de exercícios físicos e desportos aconselhados e não
aconselhados para asmáticos nas ulas de educação física.
Neste item, vamos nos centrar na proposta e aspectos relacionados com a prática de
exercícios, actividades físicas e desportivas aconselhadas e não aconselhadas por forma a
potenciar e melhorar o estado dos alunos que a padecem.

Como ponto de partida, é necessário que se realize de antemão uma anamnese para
determinar o grau de intensidade da asma assim como o estado físico dos alunos, o grau de
motivação a práctica desportiva entre outros aspectos segundo Serra (1996), de maneira que
se possa prescrever os exercícios mais aconselhados tendo em conta a realidade das nossas
infraestruturas desportivas.

Devemos igualmente, ter em conta antes da práctica dos exercícios a observância de um


trabalho de fisioterapia para poder potenciar a capacidade respiratória durante a prática
trabalhando no entanto a musculatura recomendada. Canales (1988) e Serra (1996).

Despois de ter o certificado médico que recomenda a práctica de actividades físicas e


desportivas recomenda-se:

 Exercícios aeróbicos (de curta a media duração)


 Exercícios rítmicos (de intensidade baixa a moderada).

Dentre as várias modalidades desportivas, tendo em conta as condições que as escolas


apresentam recomendamos aos PEF que incluam nos seus planos diários e que observem a
atenção diferencia as seguintes:

 Caminhadas (determinado por um tempo especifico não menos de 10 minutos)


 Corridas (determinado por tempo ou distancia)
 Futebol (aspectos técnicos e jogos pré-desportivos)
 Basquete (aspectos técnicos)
 Voleibol (aspectos técnicos e jogos pequenos)
 Natação
Das modalidades acima mencionas a mais recomendada é a natação, porém as nossas escolas
não possuem condições para a práctica desta modalidade desportiva completa. Esta
modalidade é classificada como aeróbica e abrange a ¾ da musculatura geral do corpo
humano condição necessária para fortalecimento cardiovascular.
2.9.1. Indicações para a prática de exercícios físicos e desportivos segundo Serra
(1996):
1. Utilizar inaladores antes da realização dos exercícios físicos (prescrição médica)

2. Realizar um aquecimento prévio destinando mais tempo a este assim como o


estiramento. Canales (1998)

3. Realizar exercícios aeróbicos de forma pautada e a ser possível diariamente


procurando sempre a respiração nasal (caminhar, subir escadas) de maneira que haja
uma melhoria cardiovascular e respiratória. Baker (1998)

4. Usar 2/3 do VO2 Max ou frequência cardíaca máxima

5. A duração recomendada e de 20 a 40 minutos.

6. Realizar treinamento muscular geral com participação de grandes grupos musculares e


em especial os da musculatura torácica e músculos de ventilação de maneira que se
incremente a força, flexibilidade e resistência destas capacidades evitando erros ou
falhas da bomba de ventilação: manobras repetidas de pressão inspiratória máxima e
pressão expiratória máxima- manter a ventilação máxima. Keane (1996)

7. Administração de bastante líquidos para repor as perdas produzidas pela tosse e


dificuldade respiratória.

Como se referiu anteriormente a natação é o desporto mas aconselhado para a sua práctica
por suas características e ambiente em que desenvolve algo que não é possível a sua prática
nas nossas escolas devido a inexistência de infraestruturas desportivas.

Quanto aos exercícios não recomendados podemos realçar os seguintes:

1. Exercícios anaeróbicos (sem consumo de oxigénio)

2. Exercícios competitivos que ponham em causa o elevado nível de estresse e ansiedade

3. Exercícios em ambientes secos e frios


CAPÍTULO III: ASPECTOS METODOLÓGICOS

3.1. Tipo de Pesquisa


A pesquisa solidificou-se tendo como base uma pesquisa de campo com caráter exploratório
e com abordagem qualitativa. Para Mattos, Júnior e Blecher (2008, p. 34-35), a pesquisa de
campo se caracteriza pela execução da coleta de dados, na qual as variáveis se modificam
devido às influências do ambiente em que esta pesquisa é realizada.

3.2. Participantes (Universo e Amostra)


Por conseguinte, a pesquisa decorreu em quatro (4) escolas primárias completas da sede
distrital Ulónguè no distrito de Angónia, província de Tete, são elas: a 25 de Junho com 1
professor, a de Maphiri com 2 professores, a de Chindeque com 2 professores e por fim da se
sede Ulónguè com 2 professores representando o nosso universo. Portanto, a nossa amostra
está constituída por 7 professores de educação física seleccionados intencionalmente que
trabalham com alunos da sexta (6ª) e sétima (7ª) classe considerado do ensino primário do
segundo grau.

3.3. Instrumentos de Recolha de Dados


Empregou-se para a coleta de dados instrumentos de caracter empírico sendo este um
questionário misto enfocado nos eixos seguintes: asma, sua relação na práctica desportiva e
formação académica dos professores contendo, no entanto, sete (7) perguntas das quais cinco
(5) fechadas e duas (2) com abertura em caso de respostas afirmativas.

Entretanto, recorreu-se igualmente a uma revisão bibliográfica através da consulta do banco


de dados das escolas referente ao número de alunos asmáticos por escola, de livros,
monografias, teses, artigos e sites relacionados à temática. Os artigos, monografias e teses
foram submetidos a uma seleção sistemática, tendo como critério de inclusão.

3.4. Modelo de análise de dados


Para a tabulação dos resultados alcançados foi possível graças a utilização da planilha
eletrônica da Microsoft Excel, na qual foram calculadas as percentagens de cada variável.
Posteriormente, esse conteúdo foi analisado para formulação das tabelas. Com relação as
respostas em aberto, elas foram transcritas tal e qual apareciam no instrumento de cada
participante e analisadas para se comparar a existência de consenso entre os PEF com relação
à literatura sobre asma e exercício físico.
CAPÍTULO IV: APRESENTAÇÃO E ANALISE DE DADOS
Para a materialização da pesquisa foram empregues a revisão de documentos, e o
questionário referimos anteriormente.

4.1. Revisão de documentos


No entanto, realizou-se uma análise dos programas e planos analíticos nas instituições de
ensino a nível da sede distrital para aferir a inclusão deste grupo alvo nas actividades físicas e
desportivas onde constatou-se claramente que as aulas de educação física são inclusivas em
todos níveis de ensino porém nos planos analíticos não se observam indicações
metodológicas especificas e atenção diferenciada para este grupo dependendo desta feita na
flexibilidade do plano e capacidades intelectuais na gestão da aula dos professores.

Os documentos diziam ainda que, são vários os desafios que o ministério enfrenta porque
nota-se um défice enorme com relação ao rácio professor (de educação física) e número de
alunos, isto porque estes (professores de educação física) trabalham acima da capacidade de
lotação daí a dificuldade que enfrentam no controlo e dinâmica da aula preferindo no entanto
por trabalhar apenas com os habilidosos e aparentemente totalmente sanos.

Apurou-se igualmente que a nível da sede distrital há necessidade de reforço de profissionais


de educação física comprometidos, capacitados e com experiências desportivas porque
ultimamente já não me evidenciam movimentos desportivos e consequentemente o
sedentarismo.

4.2. Questionário
O questionário foi aplicado aos professores de educação física das EPCs da vila sede de
Ulónguè como fizemos menção anteriormente. Foram num total de 7 questões que tem como
objetivo conhecer a opinião dos intervenientes da pesquisa acerca do conhecimento,
intervenção e procedimentos da asma bronquial nas actividades físicas e desportivas. Logo no
cabeçalho os inquiridos apresentam o seu perfil deforma detalhada. Dos 7 participantes, 2 são
mulheres o que representa a 28,6% com idades que variam entre os 21 a 38 anos e uma
variação do tempo de serviço entre 2 a 23 anos de experiência como professor e sem histórico
na área desportiva. Destes professores, alguns cursaram o ensino básico nos IFP’s onde
apresentam alguma noção em teoria e metodologia em educação física e desporto e outros se
estão superando na Universidade Católica de Moçambique (UCM) em licenciatura no curso
de educação física e outros cursos.
Tabela 1: Representação da população e amostra

Escolas N° Homem % Mulher %


25 de Junho 1 1 14,3
Maphiri 2 1 14,3 1 14,3
Chindeque 2 2 28,6
Ulónguè 2 1 14,3 1 14,3
Total 7 5 71,4 2 28,6

Entretanto, das 7 questões fechadas apresentadas a primeira e a segunda apresentam 3 e 2


opções de resposta respectivamente com uma abertura para detalhar. A 3ª, 6ª e a 7ª
apresentam 2 opções de resposta e as restantes entre 3 a 4 opções.

Tabela 2: Representação das questões com 2 opções de resposta

Sim Não
Perguntas
N° % N° %
Sabe quais são os factores desencadeantes da asma? 2 28,6 5 74,4
Conhece os sintomas da asma? 4 57,1 3 42,9
Em caso de um ataque de asma de um aluno, sabe
1 14,3 6 85,3
como agir perante a situação?
Durante a sua formação académica teve algum
conhecimento que contribua a inclusão deste grupo de 7 100
alunos?

Como se pode observar na tabela número 2, os valores percentuais tendem mais para as
respostas negativas apesar dos professores de educação física serem formados e que não
cumprirem com o descrito e aprendido, 100% dos participantes reconhecem que tiveram
conhecimentos da inclusão de todos nas aulas de educação física sem distinção.

Destes, 85,3% e 74,4% respectivamente não conhecem os factores desencadeantes da asma


nem procedimentos a realizar em caso de um ataque de asma no decorrer de uma aula de
educação física, daí o receio destes na inclusão de actividade físicas e desportivas deste grupo
alvo.
Tabela 3: Número de alunos que padecem de asma

Sim Não Não sei


Pergunta
N° % N° % N° %
Já teve alunos padecendo de asma nas turmas por 1 14,3 1 14,3 5 74,6
onde passava?

Segundo os dados apresentados na tabela 3, 74,6% dos professores de educação física nunca
se deram conta da existência de alunos asmáticos nas suas aulas de educação física isto
porque, no acto de inscrição dos alunos os encarregados de educação não apresentam
certificado médico destes, indicado esta condição ou outra de modo a que o professor tenha
conhecimento e que planifique e trabalhe com cautela.

Tabela 4: Intensidade de trabalho para com os asmáticos

Leve LeM L, M e I Não sei


Pergunta
N° % N° % N° % N° %
Qual é a intensidade em que se
podem trabalhar com alunos 2 28,6 1 14,3 4 57,1
asmáticos nas aulas?

Legenda: L e M- Leve e Moderado; L, M e I- Leve, Moderado e Intenso

Tabela 5: Modalidade desportiva recomendado para asmáticos

Basquete Futsal Voleibol Natação


Pergunta
N° % N° % N° % N° %
Qual é a modalidade desportiva
mais indicada para este grupo de 1 14,3 1 14,3 4 57,1 1 14,3
alunos nas aulas?

Entretanto, analisando as tabelas 4 e 5, 57,1% dos participaram responderam respectivamente


que realmente não sabem qual é a intensidade em que se deve trabalhar com estes nas aulas
de educação física e consideram o voleibol como a modalidade desportiva recomendada dada
a sua natureza e características praticas.

Apenas 28,6% é que tem experiência com este tipo de situação por isso optaram por
responder que deve se trabalhar a uma intensidade leve por forma a não excitar o BIE.
CAPÍTULO V: DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

De forma a poder ser válido o presente estudo, descreve-se analisar à luz do enquadramento
teórico, os resultados obtidos na metodologia. Assim, de seguida elencam-se os resultados
sumários atingidos e a respectiva análise bibliográfica, confrontando as opiniões emitidas
pelos participantes em estudo com a bibliografia consultada. Finalmente, parece que os
objectivos inicialmente propostos neste estudo foram atingidos, se não vejamos:

Na óptica de Soler (2009), os PEF devem possuir um olhar atencioso durante suas aulas para
assim, ter consciência acerca das necessidades e capacidades de cada aluno. Somente após
esta observação a planificação deve ser realizada em busca de incluir todas as diferenças.
Essa premissa é válida para todos os tipos de deficiências ou doenças. Contrariamente a esta
posição, a desatenção destes faz com que 76,4% não saibam dizer se já tiveram experiência
com alunos asmáticos nas suas aulas.

De acordo com Couto (2013) e Arruda (2015), os exercícios moderados são capazes de
melhorar a função imunológica, já os exercícios de alta intensidade podem prejudicar esta
função temporariamente.

Em contra partida, a questão relacionada a intensidade a que se pode trabalhar com os


asmáticos, 57,1% afirmam que são sabem qual a intensidade indicada, apenas 28,6% é que
estiveram de acordo com os autores do parágrafo anterior e 14,3% esteve de acordo com
Teixeira et al onde afirmam que “não há justificativas plausíveis, principalmente nas escolas,
para submeter os portadores de asma aos esforços acima de 80 a 85% da Frequência Cardíaca
Máxima”.

No entanto, dos participantes 57,1% corroboram com Júnior et al (2009) & Filho (2017)
considerando que o voleibol pode se adaptar para este grupo de alunos, pois a ventilação
pulmonar por minuto é menor e permitem intervalos regulares e apenas 14,3% sustenta-se na
afirmação de Lucas (2015) que diz que a natação é considerada o desporto mais indicado para
os asmáticos, pelo motivo de ser praticado em ambiente aquático.

Ora, Pimentel, Costa e Brito (2013) afirmam que, os PEF devem conhecer os sintomas da
asma (tosse, dispnéia, aperto no peito e chiado) mencionados anteriormente, para identificar
quando os alunos desencadearem o BIE. Entretanto, apesar de 57,1% dos participantes
assegurarem que conhecem os sintomas descritos, não conhecem os procedimentos de acção
e que o sintoma que mais reconhecem é a falta de ar que nalgum momento se podem
confundir com falta de condicionamento físico.

Ainda de acordo com Pimentel, Costa e Brito (2013), se o aluno entrar em uma crise de asma
o PEF deve possuir conhecimentos sobre os procedimentos adequados para agir neste caso.
Os professores devem saber orientações quanto aos espaços adequados para a prática
desportiva, sem índices elevados de poeira, ácaros, fumaça, temperaturas muito quentes ou
frias, etc.

Todavia, atendendo o pronunciamento do parágrafo anterior verifica-se que 85,3% diz não ter
conhecimento de como agir em caso de um ataque de asma durante a sua aula de educação
física colocando deste modo em risco a vida do aluno.

Logo, podemos claramente afirmar que ainda se verificam exclusões nas aulas principalmente
nas de educação física a causa da falta de conhecimento e experiência por parte do professor,
inexistência de infraestruturas e quiçá falta de motivação.
CAPÍTULO VI: CONCLUSÕES E SUGESTÕES

CONCLUSÕES
Portanto, chegamos a concluir que a asma como uma doença que afecta as vias respiratórias
necessita de acompanhamento porque se não é levada a sério pode levar a morte caso a
intervenção e tratamento correcto não sejam realizados de imediato. Os sintomas comuns são
caracterizados pela falta de ar, cansaço, opressão torácica e em casos graves pode ser
acompanhada por uma parada respiratória.

No entanto, através dos instrumentos utilizados na investigação ficou claro que os professores
de educação física não cumprem com o estabelecido critério de educação inclusiva porque
não estão devidamente capacitados para lidar com asmáticos assim como realizar manobras
em caso de algum ataque durante a aula. Ademais, as nossas escolas não oferecem condições
específicas para que este grupo participe nas aulas já que não podem estar expostos a poeira e
a temperaturas extremadamente baixas tal como se fazem sentir na sede distrital de Angónia.

É evidente ainda que, a cada ano que passa a situação tende a agudizar-se não só a exclusão
dos asmáticos mas também a outros com outras condições de saúde até as raparigas grávidas.
Contudo, verifica-se igualmente a falta de preocupação por parte do sector de educação em
termos de condicionamento de infraestruturas, alocação de meios e profissionais daí a fraca
participação de alunos a educação física e como consequência a falta da massificação
desportiva.
SUGESTÕES
1. Que se sigam as recomendações prescritas nos programas de ensino e planos
analíticos sobre a inclusão de todos nas aulas de educação física independentemente
da sua condição.

2. Pede-se a participação activa e supervisões regulares no processo de ensino


principalmente nas aulas de educação física por forma a se melhorar a metodologia, a
planificação e a aplicação dos professores.

3. Realizar estudos similares e profundos buscando integrar outros tipos de condições de


saúde já que o que se verifica é que, só os habilidosos é que participam até que as
raparigas no seu ciclo menstrual e grávidas são excluídas.

4. Capacitar regularmente os professores de educação física em teoria e metodologia de


educação física e desporto e ciências biológicas principalmente fisioterapia e
massagem.
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Apêndices e Anexos

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