Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
1
Em complemento, são igualmente juríodico-constitucionais os actos da garantia
jurisdicional da constitucionalidade das leis e da legalidade dos actos normativos dos
órgãos do Estado.
Com efeito, estes actos têm de comum as seguintes características:
a) São os únicos que a Constituição especifica e visa disciplinar em
articulação com as competências próprias dos órgãos e dos colégios
eleitorais que institui;
b) Estão directa e imediatamente subordinados à Constituição;
c) Através deles se projectam, desde logo, as opções político-constitucionais
ou a ideia de Direito apoiada na Constituição;
d) É a respeito deles que se suscitam fundamentalmente os problemas de
inconstitucionalidade.
Pode-se considerar grosso modo que o arrolamento feito pelo artigo 144 da
Constituição corresponde a este tipo de actos.
2
b) Objecto - pode ser (i) imediato (o conteúdo do acto): o efeito ou conjunto de
efeitos a que o acto se dirige, a realidade jurídica sobre a qual o acto incide, a
transformação da ordem jurídica objectiva ou a constituição, modificação ou
extinção de relações ou situações jurídicas que o acto determina; (ii) mediato:
a realidade de facto que lhe subjaz, o conjunto de situações que o acto
conforma ou sobre que faz recair os seus efeitos.
c) Fim – a finalidade que o órgão prossegue através do acto, sendo de distinguir
entre a causa ou função típica objectiva e o fim assumido especificamente em
relação a cada acto em concreto.
d) Forma – declaração ou exteriorização da vontade, de ordinário traduzida
numa forma típica consoante o tipo de acto de que se trate e que comporta ou
pode comportar as formalidades necessárias a prepará-la ou a completá-la.
3.3. Requisitos – são os pressupostos e os elementos tomados não tanto da
perspectiva da estrutura quanto dada a sua conformidade com a norma jurídica e da
apreciação que esta faz sobre eles.
Os requisitos respeitam tanto à garantia do interesse público como à protecção
dos direitos e interesses dos cidadãos que podem ser atingidos pelo acto.
São requisitos dos actos jurídico-constitucionais:
a) Requisitos orgânicos – os que respeitam à competência.
b) Requisitos materiais – os que se prendem com a vontade, o objecto e o fim.
c) Requisitos formais – os que se prendem com a forma.
4. Caso prático
Verifiquemos na prática os pressupostos, elementos e requisitos de um acto
jurídico-constitucional, por exemplo uma Lei do Ambiente.
a) Pressuposto – a competência da Assembleia da República (art. 169, n.º 2,
conjugado com o art. 179, n.º 1 da Constituição).
b) Vontade – deliberação da Assembleia da República nos termos dos números
1 e 2 do art. 187 da Constituição).
c) Objecto imediato ou conteúdo – a nova regulamentação da matéria ou o
novo regime jurídico que a lei cria (v.g. a obrigatoriedade de uma avaliação
3
do impacto ambiental antes de se autorizar empreendimentos turísticos nas
zonas costeiras).
d) Objecto mediato – as várias situações de facto que lei visa regular (v.g. o uso
sustentável dos recursos florestais e marinhos).
e) Fim (causa) – prossecução do interesse público por via normativa (v.g. a
prossecução do interesse público relativo à protecção do ambiente).
f) Fim (concreto ou subjectivo) – a realização de programa político (v.g.
Programa Quinquenal do Governo) ou a resolução de qualquer problema (v.g.
a poluição dos rios, a erosão costeira).
g) Forma – a forma de lei, observadas todas as formalidades constitucionais e
regimentais.
4
6. Valores jurídicos do acto jurídico-constitucional
5
c) Actos simples e actos complexos – os primeiros são os que se esgotam na
prática de um único acto (v.g. nomeação, exoneração e demissão do
Primeiro Ministro pelo PR – art. 160, n.o 1, al. b) e os segundo sãos
aqueles que são produto da soma de actos parcelares (de novo o
referendo);
d) Decisões e deliberações.