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ÍNDICE DO TEXTO
1. INTRODUÇÃO...............................................................................................................................................................1
4. ESCOAMENTO DE SUPERFÍCIE.................................................................................................................................5
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS.........................................................................................................................................30
1. INTRODUÇÃO
O elevado custo dos investimentos afectos aos sistemas de drenagem de águas pluviais,
relativamente ao das outras infra-estruturas urbanas, nomeadamente em aglomerados
populacionais com uma população inferior a 5 000 habitantes, torna especialmente relevante a
necessidade de se implementarem soluções tecnicamente adequadas, mas também economica-
mente viáveis.
Nos últimos anos, a concepção e as metodologias relativas à drenagem de águas pluviais têm
evoluído consideravelmente, ajustando-se, de um modo mais adequado, às formas diversificadas
de crescimento urbano e consequente ocupação do solo.
As regras urbanísticas mais adequadas a uma redução dos caudais de ponta pluviais são aquelas
que respeitam a integração de áreas permeáveis em áreas impermeáveis, através de soluções de
descontinuidade. Sempre que possível, deverá ser privilegiado o estabelecimento de linhas de
drenagem superficial através de espaços livres. Valetas e vales largos e pouco profundos são, de
um modo geral, adequados para esse efeito. O tipo de solução a escolher deve ter em conta o
cumprimento dos seguintes objectivos:
Dada a interdependência entre os caudais pluviais, a bacia drenante e o tipo de ocupação do solo,
torna-se aconselhável conceber as infra-estruturas de drenagem logo na fase inicial do
planeamento urbanístico, o que nem sempre tem acontecido. Este aspecto é particularmente
importante quando as condições naturais são desfavoráveis do ponto de vista de disponibilidade
de energia potencial para se processar o escoamento (caso de zonas planas), quando se
prevêem alterações profundas nas condições topográficas iniciais, ou quando o aglomerado
A rejeição de caudais pluviais em pequenas linhas de água pode ocasionar, pelo aumento
substancial dos caudais de ponta de cheia, prejuízos e inconvenientes aos utentes a jusante. Este
aspecto não pode ser desprezado e a solução pode ser encarada na perspectiva da criação de
dispositivos ou estruturas de armazenamento (bacias de retenção), para a eliminação ou redução
daqueles inconvenientes.
A rede de colectores é o conjunto das canalizações que assegura o transporte dos caudais
pluviais afluentes, desde os dispositivos de entrada até um ponto de lançamento ou destino final.
Ela é constituída, em geral, por colectores de betão de secção circular.
No que respeita aos órgãos especiais e instalações complementares, cuja utilização, implantação
e descrição se apresentam noutros documentos, há que realçar os seguintes:
arenosas, e o volume útil deve ser compatível com os caudais máximos afluentes, aspecto
que por vezes é difícil de garantir, dadas as elevadas dimensões exigidas.
4. ESCOAMENTO DE SUPERFÍCIE
Os dispositivos interceptores das águas pluviais que se escoam superficialmente, sejam sarjetas
de passeio, sumidouros ou sistemas conjuntos sarjeta-sumidouro, podem ser divididos em dois
grandes grupos. Os dispositivos de cabeceira, que, tal como o nome indica, são implantados no
extremo de montante dos troços das redes de drenagem de águas pluviais, e os dispositivos de
percurso, que são implantados em bacias interiores e que estão ligados a troços intermédios ou
finais da rede de drenagem subterrânea.
A este propósito, o Decreto Regulamentar nº 23/95, estipula, no seu artigo 165.º, que:
caudais superficiais a drenar, à capacidade de vazão dos colectores onde esses caudais
afluem e ainda a outros factores tais como os entupimentos, a segurança e a comodidade
do trânsito.
3 - No escoamento das águas pluviais nas valetas devem ser ponderados,
cumulativamente, para períodos de retorno de 2 a 10 anos, os critérios seguintes:
a) Critério de não transbordamento;
b) Critério de limitacão da velocidade;
c) Critério de limitação da largura máxima da lâmina de água na valeta junto ao lancil.
4 - No primeiro critério impõe-se que a altura máxima da lâmina de água junto ao passeio
seja a da altura do lancil deduzida de 2 cm para folga.
5 - No segundo critério deve limitar-se a velocidade de escoamento superficial a 3 m/s para
evitar o desgaste do pavimento.
6 - No terceiro critério deve reduzir-se a 1 m a largura máxima de lâmina de água nas
valetas junto dos lancis dos passeios.
7 - Para colectores calculados para períodos de retorno superiores a 10 anos, deve prever-
se a implantação de sumidouros de reforço.”
Os dois critérios apresentados são válidos, para o escoamento tanto em bacias de cabeceira,
como em bacias interiores. A aplicação destes critérios permite de superfície definir a localização
dos dispositivos interceptores, nada adiantando, no entanto, quanto à caracterização dos
mesmos.
A escolha do tipo e das dimensões do dispositivo interceptar deve ser efectuada de modo a que
seja eficiente, em termos de recolha das águas pluviais. Em {9} é proposto que tais dispositivos
sejam dimensionados de modo a que a razão, entre os caudais captados e afluentes (denominada
eficiência hidráulica), seja superior a um valor mínimo, compreendido entre 0,75 e 0,85.
Entende-se por sarjeta de passeio, o dispositivo cuja caixa de recolha está situada sob o passeio,
processando-se a entrada de água por uma abertura lateral, localizada na face vertical do lancil,
tal como se ilustra na Figura 1.
O volume de água que um dispositivo deste tipo pode interceptar varia com as características
geométricas da valeta a montante. Por outro lado, o facto do declive transversal da valeta na zona
adjacente à sarjeta de passeio ser constante ou variável (caso haja depressão localizada) tem
influência importante no seu comportamento hidráulico.
Segundo {8}, a capacidade de sarjetas de passeio sem depressão pode ser calculada pela
seguinte expressão:
[1]
sendo
Caso haja depressão, tal como se ilustra na Figura 2, a expressão [1] deve ser corrigida, de modo
a que se possa ter em linha de conta o efeito do incremento da carga hidráulica na capacidade de
vazão do dispositivo.
Neste caso, admitindo que os comprimentos dos troços a montante e a jusante da depressão,
respectivamente L1 e L2, se relacionam com o valor da depressão a pelas seguintes expressões
L1 10 a e L2 = 4 a , obtém-se a expressão de cálculo:
[2]
sendo
[3]
[4]
[5]
- ângulo que o plano do pavimento forma, na depressão, com o plano vertical do lancil do
passeio (graus);
y - altura do escoamento na extremidade de montante da sarjeta de passeio, junto ao lancil
(m);
V - velocidade média do escoamento na secção correspondente à altura de escoamento,
y (m/s);
L, y0, g e K - são parâmetros com o significado anteriormente definido.
[6]
sendo
[7]
Considerando:
a expressão de Manning-Strickier - Q = (1/n) A R2/3 J1/2;
a área molhada - y02 tg 0/2;
o raio hidráulico - A/P ~ ( y02 tg 0) / (2 y0 tg 0) = y0/2, admitindo que o perímetro molhado
pode ser aproximado à largura superficial do escoamento;
EXEMPLO DE CÁLCULO
Enunciado
10 L/s. A depressão desenvolve-se numa largura B1 de 0,60 m. O arruamento onde está instalada
a sarjeta de passeio tem um declive longitudinal de 1% e uma tg 0 igual a 48 (declive transversal
aproximadamente igual a 2%). Admite-se um coeficiente de rugosidade de Manning-Strickler do
pavimento do arruamento de 0,015 m-1/3 s.
Cálculos
a) Cálculo de y0 e V0
b) Cálculo de y, V e Q
A tangente do ângulo (ângulo que o plano do pavimento forma, na depressão, com o plano
vertical do lancil do passeio – Figura 2) foi calculada por intermédio da seguinte expressão:
Designa-se por sumidouro um dispositivo cuja caixa de recolha de águas pluviais está situada sob
uma ou mais grades, por onde se processa a entrada de água captada, tal como se ilustra na
Figura 4.
Neste dispositivo, os motivos de se não captar todo o caudal podem ser os seguintes:
O comprimento de grade necessário para captar todo o caudal que sobre ela se escoa, e assim
anular a parcela q3, é função da velocidade, V0, da altura de escoamento uniforme, y 0, da largura
das barras, C1, da distância entre barras, C2, e da aceleração da gravidade, g.
Segundo {7}, esse valor pode ser calculado pela seguinte expressão:
[8]
sendo
No caso de sumidouros instalados em arruamentos onde o declive transversal não é constante, tal
como se ilustra na Figura 5, a secção de escoamento pode não ser triangular. Nessas
circunstâncias, a altura e a velocidade média do escoamento correspondentes ao regime
uniforme, a montante do dispositivo, podem ser calculadas iterativamente, sendo, ainda, aplicável
a expressão (8) anterior.
O caudal, q1 (m3/s), que se escoa entre a primeira abertura da grade e o lancil do passeio, é
função da altura da água, y0 (m); da velocidade média, V0 (m/s); do comprimento, L (m), do
sumidouro; da distância, d (m), entre o lancil e a primeira abertura da grade e da aceleração da
gravidade, g (m/s2).
[9]
Nas condições usuais de escoamento, o caudal, q1, é desprezável, tomando valores inferiores a
1 L/s.
Para que o caudal, q2, proveniente de escoamento exterior à grade sobre o arruamento, se anule,
é necessário que o sumidouro tenha um comprimento superior a um valor crítico. Este
comprimento crítico, L' (m), pode ser dado em função dos valores de y 0 (m), V0 (m/s), 0 (graus),
g (m/s2) e da largura da grade B (m), de acordo com a seguinte expressão:
[10]
[11]
Se o comprimento do sumidouro for inferior ao valor crítico, L', o caudal, q 2 (m3/s), não é nulo,
podendo ser dado pela seguinte expressão:
[12]
EXEMPLO DE CALCULO 1
Enunciado
Calcular a capacidade de vazão de um sumidouro, constituído apenas por uma grade com barra
transversal, com as dimensões de 0,28 m x 0,56 m, instalado sem depressão, quando se escoa
um caudal de 30 L/s, num arruamento com um declive longitudinal de 1% e uma tg 0 de 48
(declive transversal ~ 2%). Admitir que o coeficiente de rugosidade de Manning-Strickler da
superfície do arruamento é de 0,015 m -1/3s e que a distância entre o lancil do passeio e a primeira
abertura da grade é de 0,03 m.
Cálculos
a) Cálculo de y0, V0 e L0
No cálculo de L0 considerou-se um valor de constante empírica igual a 5, por o sumidouro ter uma
barra transversal. Por outro lado, como L0 < L, então q3 = 0.
Nestas condições, o caudal captado, Q, é cerca de 2/3 do caudal afluente, podendo considerar-se
a capacidade de escoamento do sumidouro bastante insatisfatória.
EXEMPLO DE CÁLCULO 2
Enunciado
Cálculos
Neste caso, a secção de escoamento não é triangular; no entanto, a altura e a velocidade média
do escoamento uniforme, junto do sumidouro, podem ser obtidas, por um processo iterativo, com
base na seguinte expressão, tendo em conta a geometria da secção em estudo.
em que (Figura 5)
O caudal captado, Q, representa cerca de 95% do caudal afluente, podendo considerar-se que o
sumidouro é bastante eficiente.
Ensaios realizados pelo Arms Corps of Engineers of the United States of America indicam que a
capacidade hidráulica de grades (sumidouros) localizadas, em zonas baixas, depende da carga
hidráulica sobre as grades, apresentando-se, em {14}, as seguintes expressões:
sendo
Nas expressões [13] e [14] anteriores, considera-se um factor de segurança igual a dois, uma vez
que têm grande probabilidade de ocorrer obstruções parciais das grades.
Quando a carga hidráulica sobre a grade está compreendida entre 0,12 e 0,42 m, o
comportamento hidráulico desta é indefinido. Nestas condições, deve admitir-se que o valor do
caudal captado está entre os valores limites obtidos por aplicação das expressões [13]e [14].
EXEMPLO DE CALCULO
Enunciado
Cálculo
A eficiência hidráulica dos dispositivos interceptores depende de vários factores, entre os quais se
incluem as características do pavimento onde o dispositivo está implantado (declives longitudinal e
transversal, rugosidade, existência, ou não, de depressão, etc.), a magnitude do caudal afluente e
a configuração geométrica do dispositivo.
As sarjetas de passeio têm reduzida capacidade de vazão, o que não torna a sua utilização
recomendável, a não ser que sejam implantadas em zonas rebaixadas (com depressões
acentuadas), onde afluam caudais pluviais pouco significativos (inferiores a 20 L/s).
A capacidade de escoamento dos sumidouros simples (isto é, constituídos apenas por uma
grade) é, em regra, superior à das sarjetas de passeio. Considera-se, no entanto, de grande
conveniência que esses dispositivos sejam implantados em valetas pelo menos levemente
rebaixadas (a > 1 cm). O comportamento destes dispositivos, desde que tenham dimensões
superiores a 0,56 x 0,28 m2, é bastante eficiente, até caudais afluentes da ordem de 50 L/s,
mesmo quando implantados em valetas de elevado declive. No caso de se acentuar a
profundidade da valeta (a > 1 cm), o que pode trazer inconvenientes sérios, nomeadamente
para a segurança da circulação do tráfego, aumenta, em regra, a eficiência do sumidouro.
Os sumidouros duplos são constituídos por dois sumidouros simples dispostos em série, um
imediatamente a seguir ao outro, sendo, também, altamente recomendável a sua
implantação em valetas levemente rebaixadas (a = 1 cm). O comportamento destes
dispositivos é eficiente até caudais da ordem de 100 L/s, mesmo quando implantados em
valetas com elevado declive, desde que cada grade tenha dimensões superiores a
0,28 x 0,56 m2.
Esta e outras fórmulas empíricas que se lhe seguiram constituíam uma abordagem global
simplificada da realidade dos fenómenos. O seu principal objectivo visava a determinação de
caudais de ponta, com a finalidade de dimensionar obras de drenagem. Caracterizavam-se pela
lógica dos conceitos, simplicidade e facilidade de compreensão. Posteriormente, em todo o
mundo, muitos trabalhos científicos tomaram como ponto de partida a fórmula racional americana,
Estas etapas são abordadas nas secções 5.2. a 5.4. deste Documento.
definição correcta dos limites da bacia hidrográfica e das sub-bacias afectas a cada troço da
rede (decomposição da bacia total em sub-bacias elementares, mais ou menos
homogéneas, em termos de ocupação).
De entre os métodos de cálculo de caudais de ponta de cheia de pequenas bacias, o mais antigo
e de maior divulgação é, sem dúvida, o método racional. Este método pode ser traduzido
matematicamente pela seguinte expressão:
Qp = C I A [15]
sendo
máxima para uma duração igual ao tempo de concentração. Como este valor está sempre
associado a uma frequência de ocorrência (ou período de retorno T), ao valor do caudal máximo
está implicitamente associada a mesma frequência.
Embora não haja unanimidade referente ao campo de aplicação do método racional, pode citar-
-se, como referência, que a sua utilização se deve restringir a bacias com áreas inferiores a
1 300 ha. Em {4} e {5} apresenta-se uma generalização do método racional, admitindo-se a sua
aplicação para bacias até 4 000 ha, com ocupação muito diversificada.
Na expressão [15], o coeficiente C engloba vários factores, não só a relação entre o volume de
água escoada e a precipitação (ou seja, o coeficiente de escoamento propriamente dito), mas
também efeitos, mais ou menos importantes, de retenção, regolfo e atraso do escoamento
superficial ao longo do terreno, linhas de água naturais e colectores.
Todos estes efeitos dependem, não só das características físicas e de ocupação da bacia, mas,
também, da precipitação, ou seja, do estado de humidade do solo e da duração e distribuição da
precipitação. No Quadro 5, apresentam-se os valores médios do coeficiente C, para utilização do
método racional.
A intensidade média de precipitação, l, deve ser avaliada para condições críticas, ou seja, deve
admitir-se que toda a área da bacia contribui para o caudal avaliado na secção de interesse, o
que, por definição, acontece a partir do momento em que a duração da chuvada iguala o tempo de
concentração na bacia.
Para durações inferiores ao tempo de concentração, nem toda a bacia contribui para o caudal de
ponta máximo. Para durações superiores, é menor a intensidade média de precipitação e,
portanto, menor o caudal correspondente.
A intensidade média da precipitação, para determinada duração e período de retorno, pode ser
obtida tendo em conta a curva apropriada de intensidade-duração-frequência (I-D-F). Na Figura 6,
em anexo, são apresentados elementos referentes aos parâmetros das curvas de I-D-F para
Portugal Continental.
Em bacias tipicamente urbanas, em que as áreas de drenagem dos colectores de cabeceira são
bastante impermeabilizadas, o tempo de entrada é , em geral, fixado entre certos limites que
podem, no entanto, variar significativamente em função do tipo de solo, da tipologia de ocupação
urbanística e do declive superficial.
O tempo de percurso, tp, na rede de colectores é calculado, em geral, a partir das expressões de
cálculo hidráulico do escoamento em regime permanente (por exemplo, expressão de Manning-
-Strickler).
Outros métodos simplificados de cálculo de caudais pluviais de ponta, como o método de Caquot
ou o método italiano, são apresentados em {11}. Em determinados casos especiais, e, mesmo no
âmbito dos pequenos aglomerados populacionais, pode justificar-se o refinamento dos processos
de cálculo, recorrendo, nomeadamente, a métodos de simulação compatíveis com a tomada de
decisões ao nível do planeamento e exploração dos sistemas {2}, {11} e {13}.
Relativamente a este quadro-tipo, podem considerar-se três grandes blocos: o primeiro relativo
aos caudais de projecto ou de dimensionamento [colunas (1) a (16)], o segundo corresponde ao
cálculo hidráulico propriamente dito [colunas (17) a (21)] e, finalmente, o terceiro bloco respeitante
aos elementos do perfil longitudinal [colunas (22) a (25)].
Para o preenchimento deste quadro-tipo, devem ser seguidos, nas suas linhas gerais, os
procedimentos descritos nas observações e no Capítulo 4 do Documento Projecto de Sistemas de
Drenagem de Águas Residuais Comunitárias, naquilo em que forem aplicáveis. Note-se que,
neste caso, os colectores são dimensionados para a secção cheia, aspecto que simplifica os
procedimentos dos cálculos hidráulicos a efectuar.
3º Escolha da curva de I-D-F aplicável à zona em estudo, para o período de retorno escolhido.
11º Adição do tempo de percurso, tp, calculado no passo anterior, ao tempo de concentração,
tc, calculado no passo 6º.
12º Repetição de todos os passos de cálculo, de montante para jusante, a partir do passo 5º,
para as sucessivas secções de cálculo.
Como se pode inferir da descrição sequencial dos passos de cálculo, no método racional cada
colector é dimensionado individual e independentemente (excepto no que respeita ao cálculo do
tempo de concentração) e o correspondente valor da intensidade de precipitação de projecto é
recalculado, em cada secção de cálculo, para a área total drenada.
Dado que o dimensionamento se processa de montante para jusante, as áreas drenantes são
crescentes nas sucessivas secções de cálculo, bem como os respectivos tempos de
concentração. As correspondentes intensidades de precipitação são decrescentes, sendo estes
valores aplicados às áreas drenantes acumuladas em cada secção de cálculo.
a troço mais a montante da rede (5-4) apresenta um traçado, em perfil, paralelo ao terreno,
enquanto que os dois troços mais a jusante (2-1; 3-2) têm uma inclinação igual à mínima
admissível (0,5%); o troço 4-3 tem uma inclinação inferior à do terreno, devido ao critério
hidráulico da velocidade máxima de 5 m/s;
assim, no primeiro caso os cálculos são feitos sempre para a secção cheia, enquanto que
no segundo o algoritmo pesquisa a inclinação necessária para que a velocidade máxima
não seja ultrapassada, para a real altura de escoamento correspondente ao caudal afluente;
refira-se que a velocidade máxima de escoamento, para uma dada inclinação do colector,
não corresponde à secção cheia (ver Figura 3 do Documento Projecto de Sistemas de
Drenagem de Águas Residuais Comunitárias).
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os sistemas de drenagem de águas pluviais são infra-estruturas destinadas a servir uma estrutura
principal (edificações, parques urbanos, vias de circulação), devendo adequar-se ao aglomerado
populacional que pretendem servir. Por outro lado, em novas urbanizações, as regras urbanísticas
devem ser delineadas no sentido de se adequarem a uma maior facilidade de construção e
economia das redes de drenagem.
No caso das bacias de drenagem que não são de cabeceira, o caudal afluente às respectivas
secções de jusante não é, em regra, igual ao caudal originado nas próprias bacias, dado o facto
dos dispositivos interceptores da águas pluviais, implantados a montante, não recolherem, em
geral, a totalidade dos caudais afluentes.
Pelo contrário, no caso dos dispositivos Interceptores de percurso, não se põe com tanta acuidade
a preocupação de maximizar o percurso da água escoada superficialmente, dado o facto da
extensão da rede de drenagem enterrada já estar definida. Interessa, sobretudo, e com especial
importância, minimizar os custos sociais e económicos associados à ocorrência de inundações e
condições de escoamento não compatíveis com os critérios apresentados no Capítulo 4 deste
Documento.
Estes critérios podem e devem ser complementados com disposições específicas. Por exemplo,
antes dos cruzamentos de arruamentos devem ser implantados, nas bermas dos pavimentos,
dispositivos interceptores de águas pluviais convenientemente dimensionados (que recolham 80 a
100% do caudal afluente).
Por sua vez, em zonas dos núcleos urbanos onde se preveja tráfego intenso, faz sentido ser mais
exigente na definição do período de retorno dos caudais de dimensionamento dos dispositivos
interceptores.
QUADRO 2 - QUADRO-TIPO PARA O DIMENSIONAMENTO HIDRÁULICO DE UMA REDE DE DRENAGEM DE ÁGUAS PLUVIAIS
Observações: Coluna (1) : de acordo com o traçado da rede em planta Colunas (10) e (11) : coeficiente C (método racional) do troço e ponderado das sub-bacias
Colunas (2) e (3) : idem da anterior drenantes [C = ∑- Ci Ai / ∑- Ai]
Coluna (4) : distância horizontal entre os centros das caixas de visita, a Colunas (12) e (13) : ver descrição no texto (secção 5.3.) e exemplo de cálculo
montante e a jusante do troço Coluna (1 4) : curvas I-D-F para o período de retorno escolhido, para uma duração igual
Colunas (5) e (6) : cotas, actuais ou futuras, do pavimento nas caixas de visita, a a (12)
montante e a jusante do troço Coluna (15) : [Q/A] [m3 / (ha.dia)] = 240 C I [l(mm/h)] ou [Q/A] [l/(s.ha)] =
Coluna (7) : [(5) - (6)] / (4) × 100% = 240 C I / 86,4 [l (mm/h)]
Colunas (8) e (9) : área drenada em cada troço e acumulada de montante, Coluna (16) : [(15) × (9)]
respectivamente Colunas (17) a (25) : ver descrição no texto do Documento Projecto de Sistemas de Drenagem
de Águas Residuais Comunitárias, no que for pertinente, e de cálculo deste
Documento
QUADRO 3 - QUADRO PARA CÁLCULO DO COLECTOR DE ÁGUAS PLUVIAIS DO EXEMPLO. CÁLCULO CONVENCIONAL
Observações:
Coluna (13) : (4) / [20 × 60]
Coluna (14) : l = a tb (a = 259,26; b = -0,562; para T = 5 anos, com l (mm/h) e t (min) (Figura 6), em anexo
Coluna (15) : 240 / 86,4 × (11) × (14)
Colunas (19) a (21) : expressões (2), (2a) e (6) do Documento - Projecto de Sistemas de Drenagem de Águas Residuais Comunitárias
QUADRO 4 - QUADRO PARA CÁLCULO DO COLECTOR DE ÁGUAS PLUVIAIS DO EXEMPLO. CÁLCULO AUTOMÁTICO