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A criação artística e a obra de arte

Estilo Artístico:
 Influência da cultura e do clima da América
do Sul, originária do tempo em que viveu no Peru durante a infância.
 Uso de cores vivas e contornos marcantes e bem definidos.
 Retratação de imagens exóticas e místicas, com presença de visões idealizadas.
 Na fase final de sua carreira, recebeu influência das gravuras japonesas.
 Representação simbólica e alegórica da natureza.
O que é a criação artística?

 Experiência estética analisada na perspetiva do artista


 Fenómeno complexo que envolve o acaso, a imaginação, a inovação, a originalidade
mas também o esforço, o trabalho, a pesquisa…
 Vontade de expressão:“o enigma e a chave”
 O artista observa e julga – preparação e execução das obras
 Organiza de forma original as imagens, transfigurando e fazendo surgir um novo real.

Como descreve Paula Rego a sua criação artística?

 Estado criador
 Exprimir-se e revelar-se
 Representação: fixar o carácter fugaz das coisas num suporte material – fixar
acontecimentos, rostos, paisagens ….
 Expressão: dar-se a conhecer a outrem – projetar o seu mundo interior numa obra,
numa realidade visível destinada a ser contemplada pelas diversas sensibilidades dos
vários sujeitos
 Ultrapassar os limites a que a natureza a obriga
Objeto técnico e obra de arte
Obra de arte:
 Fim em si mesma
 Vive do fascínio, força e mistério
 Objeto que se destina a ser contemplado e fruído
 Objeto original, inconfundível, com a marca do artista

Mas esta concepção enfrenta críticas: a impressão, a produção em série, a banalização, o


mercado das obras de arte…. colocam a necessidade de repensar o que é a Arte.
Classificação das artes

Artes visuais (inclui as artes que dependem das nossas percepções visuais): pintura, escultura,
desenho, fotografia, tapeçaria, cerâmica.

Arte sonora: a música

Literatura: a poesia e o romance são as mais importantes

Artes mistas (artes que combinam diferentes meios): cinema, ópera, teatro, dança

Arquitetura: esta é uma arte à parte que combina o aspeto visual, a história, a economia e o
ambiente.

As artes também se podem dividir entre performativas (as que se destinam a ser executadas
em público) como a música, o cinema, o teatro, a dança, e as não performativas como a
pintura, a escultura, o romance e a arquitetura.
Evolução do conceito, critério e classificação da (s) obra (s) de arte

Existe uma grande variedade de obras de cada um dos domínios artísticos (pintura, música,
escultura, literatura, teatro, música …). Sentimos dificuldade em falar de arte porque o termo
“arte” pode ter vários significados. É necessário encontrar critérios que nos permitam
distinguir o que é arte daquilo que não o é. Alguns objetos levantam sérias dúvidas quanto ao
seu valor estético e artístico (exemplos: urinol de M. Duchamp, alguns quadros de Pollock –
entornava as tintas sobre a tela em vez de usar o pincel – uma pedra, um figo, umas tâmaras,
uma colher de sopa – basta alguém reconhecer como arte)

Antiguidade Clássica
Belo = Harmonia, equilíbrio e proporção
Arte como atividade fabricadora do Homem por oposição à obra da Natureza.
Arte como técnica especializada ou destreza, segundo procedimentos regulados, a exigir
também conhecimentos específicos. Poderia ser transmitida e aprendida. Apesar da existência
de teorias específicas sobre a arte como imitação e/ou representação das boas formas, os
escultores e os outros “artistas” confundiam-se com os artífices anónimos.
Não existia uma classificação das artes. A poesia e a música não apareciam na lista das artes –
poetas e músicos não se fazem, nascem já inspirados. Consideravam-se como artes: as técnicas
de produção (estátuas); as técnicas de construção (casas, barcos, templos); as técnicas de
fabricação (jarras, ânforas); as técnicas de condução de exércitos; a capacidade de produzir
discursos.
Idade Média

Arte como técnica especializada ou destreza, segundo procedimentos regulados, a exigir


também conhecimentos específicos. Arte como conhecimento e disciplina intelectual.
Santo Agostinho, Belo = Medida, forma e ordem – mudança de perspectiva: o belo como
criação divina – Deus é a beleza que se manifesta no mundo sensível e que impele o crente a ir
mais além da beleza sensível. Distinção entre beleza física (sensível, material, enganadora,
passageira) e beleza espiritual ou interior (superior, durável e sinónimo de bondade e virtude
S. Tomás de Aquino, Belo = integridade (unidade e completude), consonância (harmonia,
proporção) e clareza
É introduzida a distinção entre:
 Artes liberais (aquelas que requeriam esforço mental: gramática/retórica/dialética-
constituíam o trivium e aritmética/geometria/astronomia/música (teoria) -
constituíam o quadrivium) – elitização das artes liberais (escolarizadas)
 Artes mecânicas – aquelas que também exigiam esforço físico –
arquitetura/medicina/arte militar/teatro
 Artes menores – pintura/escultura/cerâmica/ourivesaria. Poderiam ser transmitidas e
aprendidas.
As várias artes deixam de ter estatuto idêntico.

Renascimento

Retorno aos valores da Antiguidade Clássica. A beleza é uma propriedade do objeto, é um equilíbrio e
harmonia do objeto que satisfazem os sentidos; concepção mais naturalista da beleza e da arte. A
natureza é um verdadeiro modelo para o artista.
Arte como criação, genial e desinteressada, de beleza, realizada por aquele que possui o génio. O
artista não persegue nenhuma utilidade.

Idade Moderna (especialmente Kant – propôs a distinção entre artes agradáveis e belas-artes).

A beleza não depende tanto do objecto mas da forma como o sujeito a percepciona e sente. Nos
últimos três séculos, a arte passa a ser concebida como manifestação da liberdade e da criatividade
do génio artístico e não como espelho da realidade natural. A arte liberta-se da natureza e adquire
valor próprio – já não é uma imitação da natureza.
Só os génios criam obras únicas, irrepetíveis, inigualáveis, ditas obras-mestras ou obras- primas.
Só pode ser considerada obra de arte aquela que é criada por pura preocupação estética e não de
utilidade. Acentua-se a elitização das artes já iniciada na Idade Média. Artes como a pintura, a
escultura e a arquitetura adquirem novo estatuto, diferenciando-se das outras artes técnicas.

Atualidade

F. Bacon - «só o feio é formoso» - fascinado pelas distorções e deformidades da figura


humana para provocar repugnância e repulsa. O feio passa a ser um fim em si mesmo (mais do
que um recurso). A arte deixa de ser uma atividade unicamente produtora de beleza ou de
procura de forma bela. Radicalização do gosto pelo feio. Tradicionalmente, o feio era a
negação da beleza, o disforme, a desigualdade, o desfigurado ou um meio de exprimir o que se
reprovava moralmente (o vício, a criminalidade
Na atualidade vive-se uma situação de crise no que diz respeito ao conceito de arte e à sua
classificação.
 Registam-se movimentos vanguardistas diversos com carácter de pesquisa
experimental (Dadaísmo, Surrealismo, Impressionismo, Informalismo,
Expressionismo…)
 Verifica-se um abandono mais ou menos generalizado da arte figurativa em favor da
arte abstrata, conceptual.
 Mais do que dar-se a ver, a arte dá-se a pensar.
 Artes, no passado consideradas menores, reivindicam estatuto pleno de artes:
desenho de joias, moda, design…
 Rejeição generalizada dos valores e dos critérios estéticos anteriores. Surgem novas
artes por via da intervenção dos meios de reprodução.
 Dessacralização e perda de aura das artes devido: reprodução técnica em série,
redução da obra de arte a mercadoria e espetáculo.
 Em reação à democratização da arte, surge uma cisão entre uma arte de consumo
massivo e uma arte para minorias elitistas.

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