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2011

UFPR – Faculdade de
Direito
Tales Cardeal

[MARX E ECONOMIA
POLÍTICA]
De modo algum a economia marxista pode ser vista meramente em si mesma se não
em seu contexto histórico e social para que seja completamente entendida ou ao menos
analisada.

O pensamento econômico em Marx tem suas origens na escola clássica da economia,


mas se difere substancialmente dessa ao propor um novo método, modo e plano de análise da
ciência econômica. Essa nova epistemologia econômica de Marx irá marcar profundamente o
discurso contido em uma de suas principais obras, O Capital, o qual Marx não hesitará em dar-
lhe o subtítulo de Crítica da Economia Política. Portanto, para que se tenha um entendimento
mais rico do ponto de vista desse pensador considero necessário que se entenda primeiro o
desenvolvimento do termo Economia política e em seguida do que vem a ser a escola clássica
da economia da qual Marx tirará bases para o desenvolvimento de suas teorias.

O termo Economia Política aceita hoje basicamente três acepções. A primeira é


utilizada para designar uma área do conhecimento envolvida com a produção, acumulação e
distribuição de riquezas na sociedade humana. A segunda consiste na aplicação da teoria dos
jogos, da ação coletiva ou da escolha pública a ações comportamentais em relações
econômicas. Por fim, a terceira possui um caráter acadêmico e trata Economia política como
sendo um estudo da “pré-história” econômica, estando aqui presentes a escola clássica e a
economia em Marx.

A primeira é a que melhor designa o que era feito até o século XIX e, portanto, até o
tempo de Marx.

Os pensadores da escola clássica estavam justamente interessados na aplicação


prática de suas ideias e se voltavam sobre os problemas concretos que lhes eram
apresentados. Assim, as teorias surgidas de seus estudos consistiam em consequências e não
objetivos em si, como será em Marx.

Portanto, está sanada a dúvida sobre o que é economia política e qual acepção deverá
ser utilizada para o entendimento de O Capital, sendo necessário que passemos para a análise
da Economia clássica.

A escola clássica da economia consiste em um período de mais ou menos 200 anos nos
quais o conhecimento econômico passa a ganhar força e autonomia como ciência e se
desenvolve buscando sempre aplicações práticas dentro do contexto em que é analisado.

Tal período tem início no século 18 com pensadores como David Hume e Adam Smith,
que não eram economistas e sequer utilizam o termo economia política em suas grandes obras
uma vez que o termo ainda não estava consolidado. Somente no século XIX tal termo estará
impregnado no pensamento econômico europeu sendo que todas as grandes obras da época
trarão em seus títulos a expressão: Malthus, Princípios da Economia Política, Stuart Mill,
Princípios da Economia Política e David Ricardo, Princípios da Economia Política e Taxação.

Ainda assim em ambos os séculos o método e a proposta dos economistas consistia


em partir do concreto caótico para então, por meio de abstrações, se atingir um concreto
simples e rico de detalhes possível de ser controlado para se aumentar a riqueza de um Estado
ou para enriquecer a população de uma nação.
Marx mudará completamente esse método ao propor a concretude do pensamento
através da abstração do concreto afastando-lhe toda influência que não lhe é característica e
então explicando a realidade concreta. Por conseguinte, o método marxista não parte
simplesmente do concreto para o abstrato e então para o concreto novamente, antes ele
parte da abstração do concreto em um modelo ideal sem perturbações e que então será
capaz de explicar a realidade.

Muda-se, portanto, o método da análise econômica. Falta-nos explicar a mudança no


objeto e no programa da economia política.

Se para os economistas clássicos o objeto de estudo era a realidade na qual viviam,


em Marx o objeto de estudo será as “sociedades onde rege a produção capitalista”, não a
sociedade capitalista da Inglaterra ou da Alemanha ou qualquer outra existente no momento
ou na história e sim uma sociedade capitalista abstraída na qual não se há perturbações nos
conceitos e há pureza nas atividades econômicas desenvolvidas e no comportamento de seus
agentes. Com isso Marx pode se livrar do engano de considerar a realidade tal como ela se
apresenta fugindo de erros que permearam o pensamento econômico clássico e possibilitando
o desenvolvimento de teorias em locais onde havia um vazio de explicação na escola clássica.

Por fim, o novo programa. A partir de Marx será característico da economia política o
estudo das leis de movimento da sociedade capitalista que se baseiam na concorrência e em
suas consequências que são os processos de acumulação, distribuição e inovação dentro dessa
sociedade. Assim só pode haver uma compreensão da realidade econômica a partir de uma
equação que envolva tanto a natureza das relações de produção como o caráter das forças
produtivas.

Esquema Básico

Bibliografia: Aloisio Teixeira, Marx: A crítica como Conceito e capítulo O sistema


Inexorável de Karl Marx História do Pensamento Econômico.

Os três conceitos de economia Política

-Área do conhecimento preocupada com a distribuição e prod. de riquezas

-Teoria dos jogos a ações comportamentais

-Conceito acadêmico

Economia Clássica

-Método; realidade prática, soluções imediatas, teorias como consequências.

-Século XVIII, David Hume, Adam Smith e carac. da economia política

-Século XIX, Ricardo, Malthus e Stuart Mill e carac. da economia política

Mudanças em Marx

-Objeto; Realidade perfeita capitalista


-Método; Abstração para um modelo ideal

-Programa; Teoria em primeiro plano, leis de mov. da sociedade, contraste


com a praticidade clássica

Modos de produção [...] relações, no estudo dessas leis.

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