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MINISTÉRIO DA JUSTIÇA E SEGURANÇA PÚBLICA

SECRETARIA NACIONAL DE SEGURANÇA PÚBLICA

IMPACTOS CONTRA SUPERFÍCIES


E VESTÍGIOS
Introdução
•Tipos de vidro
•Importância de conhecer sobre disparo em vidro
•Linhas de fratura
•Cronologia dos disparos
•Falsa tatuagem
•Falso esfumaçamento
•Alvenaria
• Veículos
• Ricochete
• Vestígios – Coleta e Exames
Tipos de vidro
• Existem diversos tipos de vidro
Plano (float, recozido); laminado; temperado; aramado; acústico; laboratório; cristal; balístico

• Cada tipo de vidro é mais adequado para um tipo de aplicação.

• Aqui vamos ver os vidros:


Plano
Temperado
Laminado
Balístico
Vidro plano
• O vidro plano é usualmente utilizado em janelas;
• Não é utilizado em automóveis;
• Mais barato;
• Tende a quebrar na forma de pontas/lâminas/facas.
Vidro temperado
• Considerado “vidro de segurança”;
• É utilizado nas janelas laterais e traseira de automóveis;
• Mais caro do que o vidro plano comum;
• Obtido através de tratamento térmico:
A peça é submetida a um resfriamento mais intenso em sua camada mais externa, criando
tensões de compressão
Torna-se mais resistente (alta resist. Compr/baixa resist. Tração)
• Ao quebrar deve formar fragmentos pequenos, menos pontiagudos e menos
cortantes:
Diminuir risco de lesões
• Não pode ser furado.
Vidro temperado
Vidro laminado
• Considerado “vidro de segurança”;
• É utilizado no parabrisa frontal dos automóveis;
• Formado por 2 placas de vidro plano mais uma manta de PVB
(polivinil-butiral);
• Processo: Auto-clave;
• Ao quebrar, os fragmentos de vidro ficam aderidos ao PVB;
• Parabrisa: evitar o lançamento dos passageiros;
Vidro laminado
• Mesmas características de ruptura do vidro plano;
• A lâmina interna (PVB), por ser constituída de material plástico,
apresentará no caso de uma transfixação, o orifício menor que
qualquer uma das placas de vidro;
• Requer uma observação detalhada na determinação do sentido da
força que produziu a transfixação.
Vidro laminado
Vidro balístico
• É utilizado no parabrisa frontal, janelas laterais e na traseira dos
automóveis blindados;
• Mais caro e mais pesado (impacto no consumo de combustível);
• Existem vários tipos de vidro balístico;
• Mais comum: formado por múltiplas placas de vidro plano
intercaladas por mantas de PVB (polivinil-butiral);
• Processo: Auto-clave;
• Alta resistência a impactos.
Vidro balístico
Importância
• Conhecer sobre os vidros ajuda a estabelecer a dinâmica do ocorrido.
- Determinar o sentido de aplicação da força.
- Determinar a ordem cronológica dos disparos, quando diversos
projéteis atingem uma mesma peça.

• Projétil provoca uma perfuração de bordos tendentes a regular;


• Formato irá variar conforme o ângulo de disparo;
• Apresenta linhas de fraturas radiais e concêntricas.
Cone de ruptura

Na superfície onde ocorreu o impacto o orifício é menor do que o


verificado na saída na mesma placa de vidro.
Direção, sentido e inclinação
• Disparo perpendicular:
Orifícios de entrada e saída tendentes ao formato circular.
• Disparo oblíquo:
Orifícios de entrada e saída tendentes ao formato elíptico.

• A direção e sentido da trajetória serão


deduzidos em função dos eixos da elipse.

• Inclinação do disparo: maior perda de


material se dará na superfície contrária
(saída), no vértice oposto à posição do
atirador.
Linhas de fratura
• Radiais
- Partem do ponto de aplicação da força em todas as direções;
- O formato dessas linhas se aproxima ao de um segmento de reta;
- Se originam na superfície oposta do vidro (saída).

• Concêntricas
•Formato tendente ao circular ou elíptico, conforme o ângulo de
incidência;
• Originam-se na parte frontal do vidro, ou seja a superfície que sofreu
o impacto.
Rupturas concêntricas e radiais
Cronologia dos disparos
• Independente do sentido dos disparos, ou seja, mesmo que em
sentidos opostos, é possível estabelecer a sua ordem cronológica.

• As linhas de fraturas radiais do segundo disparo, ficarão limitadas


pelas linhas de fratura do primeiro disparo, no ponto de encontro
dessas linhas. O mesmo se pode verificar com as linhas do terceiro
em relação ao segundo e ao primeiro.
Cronologia dos disparos
Estudo de Caso 5
Curso BALC/SENASP/2011
Falsa tatuagem
• Depende da distância entre a vítima e a folha de vidro;
• Ao transfixar o vidro, pequenos fragmentos são projetados;
• Pode causar lesões (falsa tatuagem);
• Essa semelhança pode levar a interpretações equivocadas quanto à
distância do disparo e posição relativa da vítima no momento em que
foi atingida.
• Nesses casos, normalmente, verifica-se pequenos fragmentos de
vidro incrustados no projétil que transfixou uma superfície de vidro.
Falsa tatuagem
• Cuidado!
•Pode haver reação vital.

• Como determinar:
•Ausência de outros resíduos do tiro, esperado no disparo
próximo;
•Fragmentos de vidro incrustados no projétil.
Falso esfumaçamento
Em geral com projéteis de
alta energia;

Vidros com película


(insufilm);

Distância entre o vidro e a


vítima.
Importância da Perícia!

Falsa tatuagem e falso esfumaçamento:

Nenhum dos dois resiste ao exame pericial!


Impactos contra estruturas

• O impacto em estruturas de concreto tais como vigas, pilares, lajes ou outras,


geralmente:
- Provoca pequena deformação na superfície;
- Impregnação do material constituinte do projétil.
Impactos contra estruturas

• No caso de paredes ou
muros constituídos de tijolos
furados, a perfuração se
caracteriza pelo efeito da
quebradura, devido a impacto
pontual.
• Normalmente não é possível
determinar o calibre a partir
da dimensão.
Impacto contra superfície metálica

• Nos disparos efetuados contra superfícies metálicas, da mesma forma que no corpo
humano, o formato da perfuração varia de acordo com a inclinação do projétil;
• Quando a trajetória do projétil é perpendicular, o orifício de entrada é em geral
arredondado;
• Quando a trajetória do projétil é oblíqua, o orifício de entrada é em geral ovalado.
Impacto contra superfície metálica

• Saída: bordos evertidos ou deformação característica.


Veículos

Análise permite definir o trajeto


desenvolvido pelo projétil em seu
interior e inferir sobre a(s)
posição(ões) do atirador.

Dependendo da sequência de
disparos e de suas características,
permite ainda concluir se havia
movimento, portas abertas ou
fechadas e reconstruir, pelo menos
em parte, a dinâmica do evento.
Ricochetes

• Podem ocorrer nas superfícies metálicas, nos vidros ou em outros


tipos de superfície;
- Trajetória tendente à tangencial;

• Quando ocorrer rompimento da superfície suporte, pode induzir a


erros na análise:
- Interpretação equivocada de transfixação.
Impacto contra superfície metálica

• O impacto pode não romper a superfície suporte


- deformação característica.
• Largura do sulco pode ser próxima da largura do projétil;
• Bordo de ataque mais pronunciado.
Impacto contra superfície metálica

• Pode ocorrer uma adesão do projétil à superfície metálica, resultando no


arrastamento da superfície aderida, rompendo-a como se a rasgasse.
• Esta deformação pode resultar na impressão de transfixação, sendo que de
fato houve ricochete.
Projéteis de alta energia

Apresentam comportamento diferente dos demais.

¼” 1”
Ricochete

• Impacto contra uma superfície abaixo do ângulo crítico;


•Toda superfície possui ângulo crítico;
•O projétil tem a sua trajetória modificada;
•Após o impacto o projétil normalmente perde a estabilidade, velocidade e energia cinética, e
apresenta como consequência trajetória irregular e falta de direção;
•Exemplos comuns: solos rígidos, superfície d’água, chapa metálicas entre outros.
•Caso a superfície seja muito resistente, o projétil pode transferir toda a sua energia no choque:
–Se deformar acentuadamente, perdendo a sua forma construtiva;
–Terminar aderido ao suporte ou caído próximo a ele;
–Se fragmentar
Ricochetes

• O ângulo crítico varia entre os materiais;

• Na vida real as superfícies não são homogêneas


- pisos, paredes, madeiras, etc;

• Podem apresentar no ponto de impacto aditivo mineral ou vazio em


sua estrutura com resistência, elasticidade e módulo de flexão
totalmente diferentes.
Ricochetes

• Em alguns casos o ângulo de saída pode ser superior ao ângulo de


incidência.
•Durante o impacto o projétil produz sobre a superfície um sulco.
•Irregularidades na constituição da superfície também podem
favorecer que o ângulo de ricochete seja superior ao ângulo de
incidência.

•Pode ocorrer o rompimento da superfície suporte deixando a


impressão de transfixação.
Estudo de Caso 6
Estudo de Caso 6

Como determinar?
Estudo de Caso 6
Estudo de Caso 7
Estudo de Caso 7
Ricochete – Lesão

• As entradas de projéteis oriundos de ricochete geralmente são irregulares, com


dimensões bem maiores que as de um disparo direto, com os bordos escoriados,
lacerados;
• Muito mais avidente a ação contundente do projétil que a ação perfurante;
• É de se esperar uma maior aréola equimótica;
• Ausência de Orla de Enxugo;
• Pode-se verificar a deposição de material da superfície junto ao orifício de
entrada para ricochetes próximos do alvo.
•Ausência dos efeitos secundários do disparo
–As zona de chama, esfumaçamento e tatuagem, podem ficar retidas no
suporte do primeiro impacto.
Ricochete – Lesão

A esquerda laceração produzida por projétil CHOG de calibre .38 após ricochetear
em piso de concreto. A direita disparo direto com o mesmo tipo de munição.
Coleta e exames

• Arma
• Cartuchos íntegros ou percutidos
• Estojos
• Projeteis
• Fragmentos - chumbo ou jaqueta/camisa
• Suportes atingidos
Registros

• Anotações;
• Amarrações;
• Fotografias;
• Recolhimento em invólucros adequados;
• Encaminhamento ao laboratório de balística.
Estudo de Caso 8
Estudo de Caso 8
Estudo de Caso 8
Coleta e acondicionamento
• Mínimo manuseio;
• Não introduzir objetos dentro do cano das armas;
• Revólver – registrar qual a câmara alinhada com o cano e posições
dos cartuchos;
• Pistola – retirar carregador e munição da câmara;
• Cartuchos, estojos, projeteis e fragmentos – invólucros individuais e
identificados;
• Vestes – secas, embalagem de papel, cuidado com contaminação.
Identificação das armas
•Direta – através dos exames das características aparentes ou
reveladas na arma;
o Número de série.

• Indireta – através do exame comparativo das características deixadas


em outros objetos.
o Microcomparação balística.
Identificação da numeração - Metalografia
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Santino Bonny@slideplayer.com
Comparação balística
• Estudo comparativo entre os elementos macro e microscópicos
deixados pelas armas nos elementos de munição;

• Não existem duas armas que produzam marcas absolutamente


idênticas.
Características analisadas no exame de comparação
• Ordem genérica
o Número de raias, largura das raia, orientação;
• Ordem específica ou individual Hernandez, G.A./MDPD
o Microestriamentos (nível microscópico).

Hernandez, G.A./MDPD
O exame
• Coleta de padrões
o Local: tanque de água; caixa com algodão, etc;
o Escolha do padrão: semelhante ao incriminado;
o Quantidade: variável.

• Microscópio comparador.

Hernandez, G.A./MDPD
Tipos de exame

• Entre projéteis incriminados;


• Entre estojos incriminados;
• Entre projétil incriminado e arma (projétil padrão);
• Entre estojo incriminado e arma (estojo padrão).
Projéteis e estojos
Impressões no estojo

1- Pino percutor; 2- Culatra; 3- Extrator; 4- Ejetor;


5- Carregador; 6- câmara; 7- câmara (recuo e rotação do ferrolho);
8- câmara (dilatação).
Possibilidades de resultados
• POSITIVO – devido à concordância das características genéricas e especificas;

• NEGATIVO – devido à não concordância das características genéricas e/ou especificas;

• INCONCLUSIVO – devido à insuficiência das características especificas;

• INCONCLUSIVO – devido à alteração das características, deformações ou avarias.

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