1- Quais detalhes devem ser valorizados na perícia das lesões
provocadas por frio?
A pericia dá importante valor ao estudo do ambiente e aos fatores individuais da vítima, como: fadiga, depressão orgânica, idade, alcoolismo, e certas perturbações mentais. A ação geral do frio leva à alteração do sistema nervoso, sonolência, convulsões, delírios, perturbações dos movimentos, anestesias, congestão ou isquemia das vísceras, podendo sobrevir a morte quando estas alterações ganham maior gravidade. O diagnóstico de morte pela ação do frio é considerado difícil, porem alguns elementos são analisados, tais como: hipóstase vermelho-clara, rigidez cadavérica precoce, intensa e extremamente demorada, sangue de tonalidade menos escura, sinais de anemia cerebral, congestão polivisceral, às vezes disjunção das suturas cranianas, sangue de pouca coagulabilidade, repleção das cavidades cardíacas, espuma sanguinolenta nas vias respiratórias, erosões e infiltrados hemorrágicos na mucosa gástrica (sinal de Wischnewski), e, na pele, poderão ser observadas flictenas semelhantes às das queimaduras. A perícia deve nortear-se pelo diagnóstico das lesões vitais durante a permanência do corpo no ambiente refrigerado ou se o óbito desperta outra causa de morte, questões essas a que se pode responder com a prática da necropsia, pelo histórico e pelo exame do local de óbito.
2- Como é denominada a ação local do frio?
A ação local do frio é denominada geladura, a qual produz lesões semelhantes às queimaduras causadas pela ação do calor e é classificada em: primeiro grau, segundo grau e terceiro grau.
3- Explique como são classificadas as lesões provocadas pelo frio.
As lesões provocadas pela geladura são classificadas em: primeiro grau, lesão caracterizada pela palidez ou rubefação local e aspecto anserino da pele; segundo grau, eritema e formação de bolhas ou flictenas de conteúdo claro e hemorrágico; terceiro grau, necrose dos tecidos moles com formação de crostas enegrecidas, aderentes e espessas; quarto grau, pela gangrena ou desarticulação.
4- Explique o conceito de envenenamento.
Conceitua-se veneno como qualquer substância que, introduzida pelas mais diversas vias no organismo, mesmo homeopaticamente, danifica a vida ou a saúde. Envenenamento, portanto, entende-se como o conjunto de elementos caracterizadores da morte violenta ou do dano à saúde ocorridos pela ação de determinadas substâncias de forma acidental, criminosa ou voluntária.
5- Explique as diferenças entre envenenamento e intoxicação.
Entende-se como intoxicação, um quadro caracterizado por reações do metabolismo interno, de origem acidental e estudado juntamente com as energias de ordem bioquímica. Envenenamento, por sua vez, caracteriza-se como de caráter acidental, criminoso, ou intencional, de origem externa e produzido por uma energia de ordem química. 6- De acordo com a quantidade, a velocidade da absorção e a sensibilidade individual ao veneno, como são classificados os envenenamentos? De acordo com a quantidade, a velocidade da absorção e a sensibilidade individual ao veneno, o envenenamento é classificado em: agudo ou crônico, apresentando manifestações e importância bem diferentes. Por outro lado, evidenciam-se no envenenamento, tanto agudo como crônico, manifestações inespecíficas, as quais são próprias da síndrome geral de adaptação; e manifestações específicas, estas são identificadas por fenômenos da patologia orgânica para cada grupo de venenos. Esses fenômenos próprios têm sua intensidade ainda dependente da via de penetração, da localização e da afinidade do veneno por certos órgãos ou tecidos, além da idade, do estado nutricional e da sensibilidade do indivíduo envenenado. No entanto, sob o ponto de vista pericial é necessário que se chame a atenção para o fato da existência de envenenamento sem a identificação do veneno e de casos de identificação do veneno sem que se evidenciem manifestações de envenenamento. No primeiro caso, porque há situações em que o veneno agiu, mas não pôde ser percebido por suas doses infinitesimais, por modificação de sua composição em face da oxidação ou redução, por ter sido totalmente eliminado pela desintegração da substância devido aos fenômenos putrefativos, por sua rápida volatização, ou, finalmente, por escapar à pesquisa em virtude da precariedade dos métodos vigentes ou dos padrões comparativos. No segundo caso, pode ocorrer que alguém, por exemplo, venha a ingerir uma dose não mortal de veneno, apelando depois para outra forma de suicídio, ou naqueles episódios em que a ação do veneno, mesmo em dose mortal, não chegou a ser a causa da morte.
7- Quais os critérios diagnósticos do envenenamento?
Os critérios do envenenamento são: critério clínico, circunstancial, anatomopatológico, físico-químico ou toxicológico, experimental e médico-legal. O critério clinico é fundamentado na análise dos sintomas e sinais apresentados pela vítima e na marcha progressiva do envenenamento em relação aos antídotos ministrados. O critério circunstancial é feito a partir de circunstâncias ligadas ao evento; baseia-se no estudo do local de morte, no depoimento de testemunhas, na presença de determinadas substâncias do suposto envenenamento e cartas ou bilhetes deixados pela vítima. O critério anatomopatológico é baseado na informação de natureza anatomopatológica ou histopatológica, através de processos degenerativos da ação de certas substâncias, que o exame microscópico pode patentear. Geralmente, esse critério é utilizado nas lesões produzidas por substâncias cáusticas, cuja ação corrosiva é muito mais grave do que os efeitos do envenenamento. O critério físico-químico ou toxicológico tem por como finalidade isolar, identificar e dosar, no material examinado, as substâncias tóxicas suspeitas, por meio de métodos qualitativos e quantitativos específicos ou de métodos cujos indicadores apontam um grupo de substâncias sujeitas a um tipo de biotransformação. O critério experimental é comum quando os meios químico-analíticos se mostram ineficazes, como na suspeita de envenenamento ofídico. Tem por embasamento usar o material suspeito em animais de laboratório e no acompanhamento da sintomatologia que vem à tona. O critério médico-legal é considerado como mais importante entre os critérios, pois trata-se da síntese de todos os outros e um raciocínio lógico, tomando como subsídios de sua dedução dos demais dados disponíveis e a ausência de outras lesões que possam justificar o envenenamento.
8- Explique o conceito de toxicofilia ou toxicomania.
Toxicofilia ou toxicomania, segundo a Organização Mundial da Saúde, é definida como um estado de intoxicação periódica ou crônica, nociva ao indivíduo ou à sociedade, produzida pelo repetido consumo de uma droga natural ou sintética.
9- Explique os conceitos de tolerância, dependência e crise de
abstinência. Tolerância é definida como a necessidade de doses cada vez mais elevadas. Dependência, como uma interação que existente entre o metabolismo orgânico do viciado e o consumo de uma determinada droga. Crise de abstinência, por sua vez, trata- se de uma síndrome caracterizada por temores, inquietação, náuseas, vômitos, irritabilidade, anorexia e distúrbios do sono.
10- Mencione as formas em que pode ser consumida a maconha.
A maconha pode ser consumida através de xaropes, pastilhas, infusões, bolos de folhas para mascar e, comumente conhecida, em forma de cigarros, os quais recebem a denominação de baseados, dólar, fininho; ou em cachimbos especiais chamados “maricas”.
11- Cite as alterações oculares provocadas pela cocaína.
Dentre os diversos efeitos da cocaína no corpo humano, as alterações oculares provocadas pelo uso no indivíduo são: olhos fundos, brilhantes, e pupilas dilatadas (midríase).
12- Cite os efeitos do crack sobre o sistema nervoso.
O crack provoca efeitos semelhantes ao da cocaína, entretanto são percebidos mais rapidamente e com poder maior de viciar e produzir danos. Os efeitos tóxicos e os efeitos sobre o cérebro são: dilatação das pupilas, irritabilidade, agressividade, delírios e alucinações. Com o tempo, o usuário de crack começa a apresentar uma sensação de profundo cansaço e de grande ansiedade.
13- Explique as diferenças entre embriaguez alcoólica, alcoolismo e
alcoolemia. Embriaguez alcoólica trata-se de um conjunto de manifestações neuro psicossomáticas resultantes da intoxicação etílica aguda de caráter episódico e passageiro. O alcoolismo, por sua vez, trata-se de uma síndrome psico-orgânica, caracterizada por um elenco de perturbações resultantes do uso não moderado do álcool e de caráter crônico, independendo, no momento do exame, de um maior ou menor consumo ou concentração de bebida alcoólica. E alcoolemia é o resultado da dosagem do álcool etílico na circulação sanguínea e seus percentuais traduzidos em gramas ou decigramas por litro de sangue examinado. Dessa forma, a embriaguez é um estágio, o alcoolismo um estado e alcoolemia, uma taxa.
14- Explique o significado de embriaguez alcoólica aguda.
Embriaguez alcoólica aguda é caracterizada por um conjunto de manifestações somatoneuropsíquicas ou psiconeurossomáticas resultantes da intoxicação etílica imediata, de caráter episódico e de curso passageiro. 15- Mencione onde pode ser realizada a pesquisa e dosagem de álcool no homem. Para que seja feita a dosagem de álcool no organismo humano, podem ser utilizados saliva, urina, humor vítreo, bílis, ar expirado e sangue.
16- Cite onde é realizada a dosagem de álcool no cadáver.
A dosagem poderá ser realizada no sangue retirado da veia femoral, contanto que ainda não tenham surgido os fenômenos putrefativos do cadáver. A putrefação produz etanol e substâncias redutoras que se assemelham ao álcool etílico. Nos casos de morte violenta aconselha-se a prática da dosagem de álcool no sangue, de preferência no sangue venoso periférico, pois é a que responde melhor à concentração de álcool no momento do óbito. Há outros métodos indiretos para a determinação da alcoolemia, sendo através da dosagem do álcool no coágulo de sangue intracerebral, líquido cefalorraquidiano, e medula óssea. 17- Após realizada a perícia de um evento onde existe uma história de embriaguez alcoólica, quais as possíveis conclusões e afirmativas do perito? O perito ao realizar os estudos do evento, deverá responder à Justiça, afirmando: se há ou não embriaguez; se, em caso afirmativo, a embriaguez é ou não completa; se a embriaguez comprovada é um fenômeno episódico, ocasional, ou se se trata de um estado de embriaguez aguda manifestada em alcoolismo crônico; se se trata de uma embriaguez patológica; se, no estado em que se encontra o paciente, pode ele pôr em risco a segurança própria ou alheia; e se é necessário o tratamento compulsório. Essas indagações a que o perito está obrigado a responder em um exame de embriaguez vão além de uma simples determinação da taxa de álcool. Uma cifra isolada, um número apenas, não oferece exatamente dados às formulações questionadas, pois existem indivíduos que se embriagam com pequenas quantidades e outros que toleram excessivamente o álcool. Somente o estudo detalhado do comportamento do embriagado dará uma concepção exata do grau de embriaguez, através de um exame clínico.