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Tomo V Professor Jorge Miranda
Tomo V Professor Jorge Miranda
II. Procedimento legislativo governamental tem sido regulado pelo Regimento do Conselho de
Ministros
2º - Consultas – internas, aos Ministros das Finanças, da Administração Interna, dos Negócios
Estrangeiros e ao Ministro responsável pela modernização administrativa, e externas, aos
orgaos do governo próprio das regiões autónomas e de entidades públicas e privadas, nos
termos da Constituição e da lei – estas últimas são ainda reguladas pelo Decreto-Lei nº
274/2009 de 2 de Outubro;
As normas reguladores desta processo constam da Constituição, nos artigo 167 e segs., no
Regimento, artigos 118 e segs e ainda na intervenção de certos órgãos ou de algumas leus
ordinárias avulsas.
O regimento como lei interna com determinada eficácia, como acto a se, que não toma forma
de lei, nem a de resolução. É ele que dispõe sobre as suas alterações que tem de ser
aprovadas por maioria absoluta dos deputados presentes, artigo 288, numero 4. Além das
normas jurídicas escritas, existem também de base consuetudinária e ainda as praxes e
convenções.
Regra básica é a aplicação das regras do procedimento legislativo comum, salvo quando não
esteja estabelecido um processo especial. E essas regras valem a título subsidiário na revisão
constitucional, artigos 284 e segs da CRP e até nas alterações do regimento, artigo 288 e segs.
A preterição das normas regimentais, salvo das que produzam normas constitucionais,
equivale aos vícios interna corporis acta. A constituição não estende ao regimento a garantia
da constitucionalidade, nem cria nenhum regime específico.
Cada fase ou período é fracção de um tempo longo, uma parte do iter a percorrer pela
Assembleia e pelos outros sujeitos previstos na Constituição em interdependência com ela,
artigo 111. Por seu turno, cada fase tem de ser entendida também como um procedimento a
se , com as suas próprias subfases. Tanto a unidade de cada fase com a unidade global do
procedimento deriva das regras jurídicas a partir das quais se congregam as vontades,
concordantes ou discrepantes, dos vários interveniente e se alcança ou não a lei como norma
ou conjunto de normas.
O procedimento tende a esse acto final e complexivo, mas a validade dos actos
correspondentes a cada fase é condição de validade do acto final.
1º consiste no grau de eficiências das diversas fases perante a lei como acto final total,
enunciados uma fase de iniciativa ou de instauração do procedimento, uma fase constitutiva
ou perfectiva e uma fase integrativa de eficácia.
1. iniciativa;
2. Apreciação ou consulta;
3. Deliberação ou discussão e votação; - fase constitutiva ou perfectiva
4. Promulgação e controlo
Outra: publicação – diz respeito à norma em si, desprendida do acto legislativo
A promulgação faz parte do processo porque os processos e procedimentos jurídico-
constitucionais são quase sempre heterogéneos, porque há uma dialéctica entre
deliberação do Parlamento promulgação e veto e porque o princípio constitucional é
de separação e interdependência de órgãos de soberania – artigo 111. (No entanto na
sua falta não se considera inexistente, apenas no caso de falta de aprovação
parlamentar).
Processo legislativo parlamentar está sujeito às vicissitudes provocadas pelo desencadear de
um processo de referendo. Artigo 115, números 2, 4, 5 e 10 – pode acontecer que num
processo legislativo parlamentar já em marcha se enxerte, suspendendo-o, num processo
referendário – artigo 4 da Lei nº 15-A/98. Se a resposta submetida a pergunta a referendo por
positiva então o processo terá de ser retomado, caso contrário o processo será encerrado. –
artigos 241 e 243 da Lei nº 15-A/98.
Em órgãos colegiais, nos quais a competência tem de ser sempre dinamizada por algum ou
alguns dos seus titulares ou a partir do exterior, já não.
Sem a iniciativa não se desencadeia o procedimento, mas fazer a lei é obra do Parlamento
como um todo, como órgão do Estado.
II. Tal contrataste verifica-se no Direito Português entre as Constituições do século XIX e do
século XX, entre as Constituições da monarquia liberal e as republicanas. Nas primeiras a
iniciativa directa das leis somente pertencia aos Deputados. Os Secretários de Estado podiam
apresentar projectos, que depois de examinados por uma comissão das Cortes poderiam ser
convertidos em projectos de leis, artigo 105 da constituição de 1822, artigos 45 e 46 da Carta
Constitucional e artigo 64 Constituição de 1838.
IV. Verifica-se um maior volume de iniciativas provenientes do executivo do que dos membros
do parlamento, visto também que a lei se reveste de conteúdo ou de implicações de ordem
política e porque Presidente ou Governo para cumprir os seus objectivos de programa carecem
de leis que lhes sejam adequadas, o trabalho legislativo parlamentar propende a sofrer, em
todos os seus países, o seu influxo constante e predominante. Em Portugal, desde 1976, a
iniciativa legislativa tem acompanhado as variações do sistema político. Em épocas de Governo
minoritário ou sem base parlamentar observa-se o aumento das leis de iniciativa dos
Deputados, ao passo que em Governos maioritários, sobretudo de um só partido, se regista o
seu declínio em favor do papel dirigente das propostas governamentais. Para além destas
razões, existem deficiências nos trabalhos dos Deputados, o Parlamento não tem aproveitado
a contratação de especialistas ou a celebração de convénios com instituições científicas e
universitárias para a preparação de anteprojectos e estudos legislativos.
73. Iniciativa legislativa e impulso legiferante ou legislativo
Este impulso legislativo pode ser considerado uma faceta da occasio legis – artigo 9, numero 1.
Este determina ou é acompanhado de trabalhos preparatórios, de estudos legislativos de
carácter estritamente jurídico ou técnico, feitos nas instâncias parlamentares ou
governamentais ou encomendados a outras entidades públicas ou privadas. O acesso a estes
documentos podem levantar problemas de direitos fundamentais, por exemplo documentos
administrativos, artigo 268, n2.
Iniciativa da lei cabe: aos Deputados, aos grupos parlamentares – revisão de 1982, ao Governo,
às Assembleias Legislativas regionais – a partir de 1976 e a grupos de cidadãos eleitores ou
iniciativa popular – a partir de 1997, regulamentada na Lei 17/2003 de 4 de Junho, necessita
de um mínimo de 35000 cidadãos, art. 6 desta lei, podendo incluir os cidadãos recenseados no
estrangeiro desde que a iniciativa tenha por objecto matérias que lhes digam respeito, artigo
2. - artigo 167.
Diogo Freitas do Amaral: iniciativa legislativa deve considerar-se um dos actos relativamente
proibidos a esses Governos e que eles só podem praticar em caso de necessidade, urgência e
com fundamentação expressa de uma e outra. Mas parece que tal só importa quando a
matéria dela objecto recaia na reserva de iniciativa do Governo.
O que os distingue é o carácter primárias dos projectos e das propostas de lei, definidores do
objecto do processo legislativo e o carácter secundário das propostas de alteração e dos textos
de substituição. Até a votação na especialidade podem ser apresentadas propostas na
alteração.
V. A iniciativa de lei dos Deputados, dos grupos parlamentares e do Governo, assim como a
dos cidadãos é uma iniciativa genérica, ou seja, pode versar sobre quaisquer matérias, salvo as
reservas e os limites que a Constituição estabeleça. Contrariamente a esta a das Assembleias
Legislativas Regionais, originária ou superveniente, é específica – pode versar apenas sobre as
matérias concernentes às respectivas regiões autónomas: artigos 167, n1; 226, n1 e 4; 227, n1
alínea e) e f), sobre finanças regionais, artigo 164, alínea t) e 229, n3 e porventura ainda sobre
as águas territoriais, ZEE e fundos marinhos contíguos, (estas 3 últimas não é reservada) tendo
em conta o direito de participação das regiões na definição da correspondente política, artigo
227, n1 s), mas NUNCA sobre lei de âmbito nacional.
VII. Em geral, a iniciativa legislativa é livre, só excepcionalmente pode não o ser. Por exemplo é
obrigatória, tenha ou não o país norma constitucional expressa, é apresentada e aprovada nos
prazos fixados na lei – artigo 106, n2 CRP e Lei nº 91/2001, bem como a iniciativa do plano de
desenvolvimento económico e social artigo 105, n2. Ainda são também obrigatórias os
impulsos legiferantes jurídicos, assim as leis destinadas a conferir exequibilidade a normas
constitucionais, mormente depois de o Tribunal Constitucional ter verificado a omissão, artigo
283º; as das leis destinadas a dar cumprimento a decisões referendárias, artigo 115, e as de
transposição de actos jurídicos da União Europeia, artigo 112, n8.
VIII. A reserva iniciativa se confina à iniciativa originária, porque o essencial se encontra nesta,
porque a colaboração de vários órgãos e sujeitos de acção parlamentar no aperfeiçoamento
do texto originário pode relevar-se muito útil, porque a própria ideia de racionalidade ligado
ao debate parlamentar o impõe. Podendo os restantes órgãos susceptíveis de apresentar uma
alteração a esta, iniciativa superveniente. A única restrição à iniciativa superveniente
corresponde às propostas de lei de alteração do orçamento, pois neste caso, os Deputados, os
grupos parlamentares e as Assembleias Legislativas Regionais não podem apresentar
propostas de alteração, pelo menos propostas que envolvam aumento de despesas ou
diminuição de receitas, tem de ser o Governo a determinar as possíveis alterações. – artigo
167, n2, mas para o ano decorrente nada obsta que seja apresentada para o ano subsequente,
desde que contemplados no próximo orçamento e sobretudo a que apresentam propostas de
alteração à proposta de lei orçamental sem limite. A mesma regra vale para as propostas de
alteração de decretos-leis submetidos a processo de apreciação parlamentar, artigo 169, e
para os projectos de proposta a referendo, artigo 167, n3.
X. a iniciativa dos cidadãos não pode versar sobre amnistias e os perdões genéricos , nem
sobre matérias de reserva do artigo 164, salvo sobre bases do sistema do ensino, artigo 3 da lei
nº 17/2003 e outras matérias vedadas artigo 115, n4 CRP. Pode-se entender a limitação
quanto às duas primeiras, mas não quanto ao artigo 164.
A iniciativa está sujeita a requisitos materiais e formais. Não são admitidos os projectos e as
propostas de lei e de alteração que infrinjam a Constituição, as normas de Direito
Internacional, de Direito da união europeia e as leis reforçadas, ou também aqueles que
também não definam concretamente o sentido das modificações, artigo 120, n1 do Regimento
Os projectos e propostas de lei devem ser apresentados por escrito, redigidos de forma
articulada, traduzindo sinteticamente o seu objecto principal e são precedidos de uma breve
justificação ou exposição de motivos, artigo 124, n1.
III. O momento preparatório, de formulação da iniciativa legislativa, não tem relevo quando se
trata de projecto de lei de Deputado ou de Deputados. Quando a iniciativa é de grupos
parlamentares, embora não haja norma constitucional ou regimental directa há normas
internas do grupo ou dos partidos políticos que lhe correspondem a regular o modo de
formação dos projectos, bem como do princípio constitucional da democraticidade, artigos 10,
n2, 51 n1 e 5. Quando é da Assembleia Legislativas regionais, a formação é disciplinado pelos
estatutos das regiões autónomas e pelos regimentos das Assembleias.
Havendo uma rejeição de qualquer projecto ou proposta de lei, não pode o Governo
transformá-lo em decreto-lei durante a mesma sessão legislativa. Mas e, depois de aprovada
uma lei, poderá vir a ser apresentado, na mesma sessão legislativa, um projecto ou proposta
de lei de sentido revogatório? Só por cortesia constitucional não deverá o Governo revogar a
lei de origem parlamentar, sobre matéria concorrencional, votada na sessão legislativa em
curso.
VII. O regimento prevê o cancelamento da iniciativa e, nesse caso, mudança de autoria por
adopção. Admitido qualquer projecto ou proposta de lei ou de alteração, pode os seus autores
retirá-las até á votação na generalidade, artigo 122, n1 e pode ainda ser adoptada por outro ,
artigo 122, n2.
VIII. Última vicissitude vem a ser a caducidade – caducam com o termo da legislatura, artigo
167, n5, em geral. Mas em especial, as propostas de lei do Governo caducam com a demissão
destes, artigo 167, n6 e as das Assembleias Legislativas Regionais caducam com o termo das
respectivas legislaturas, mas se já tiverem sido objecto de aprovação na generalidade caducam
apenas com o termo da legislatura da Assembleia da República, artigo 167, n7. Nada se prevê
quanto à caducidade dos projectos de lei de Deputados e de grupos parlamentares.
IX. O termo da legislatura não acarreta a caducidade do projecto ou proposta de lei aprovada,
inclusive quando o respectivo decreto seja enviado depois desse termo ao Presidente da
República para promulgação. Mas, se o Presidente exercer o seu poder de iniciativa de
fiscalização preventiva, artigo 278, e se o Tribunal Constitucional se pronunciar pela
inconstitucionalidade, artigo 279, ou se o Presidente emitir veto político, será já a nova Câmara
a competente para deliberar sobre diploma e para vir ou não a reformá-lo ou a confirmá-lo.
77. A fase de apreciação, consulta, exame ou instrutória
Admitido um projecto ou proposta de lei, o seu autor ou um dos seus autores podem o
apresentar perante a comissão parlamentar, artigo 132, n1 Reg. Artigo 136, n1, 2 e 3 Reg.:
aprovação ou não pela comissão; apreciação conjunta se forem enviados outros: artigo 138,
n1. A comissão pode apresentar textos de substituição na especialidade ou na generalidade:
artigo 167, n8 CRP e 139, n1 do Regimento.
II. Comissões podem proceder a estudos, requerer informações ou solicitar depoimentos, etc
artigo 102, n2 e 103 n3. Os membros do Governo podem participar nos trabalhos das
comissões, artigo 177, n3 CRP e 102, n1 Reg. A comissão competente pode propor ao
Presidente da Assembleia a discussão pública dos projectos ou propostas: artigo 140 Reg. Em
assuntos da sua competência pode o Provedor de Justiça tomar parte nos trabalhos da
comissão parlamentar competente, artigos 23, n2 da Lei n 9/91 de 9 de Abril. Ainda tratando-
se de projecto de lei de iniciativa de cidadão, é obrigatória a consulta da comissão dela
representativa, artigo 9, n 4 e art 7 da Lei n 17/2003.
II. A revisão constitucional de 1989 substituiu o Conselho Nacional do Plano vindo de 1976,
artigo 94, por um Conselho Económico e Social, órgão de consulta e concertação no domínio
das políticas económica e social, artigo 92, n1, 1º parte, compostos por artigo 92, n2. Tem de
ser ouvido aquando da aprovação das leis das grandes opções dos planos, artigo 161, g), 1º
parte e a outros diplomas de conteúdo económico e social, artigo 2 b), d) e f) da Lei nº 108/91
de 17 de Agosto.
III. O Conselho Superior da Defesa Nacional é o órgão especifico de consulta para os assuntos
relativos à defesa nacional e à organização, ao funcionamento e à disciplina das Forças
Armadas, artigo 274, n2 CRP. Compete-lhe emitir parecer sobre legislação atinente a estas
matérias, às condições de emprego das Forças Armadas em estado de sítio ou em estado de
emergência e à organização da protecção civil, artigo 17, n1 d), e), f), h, i), e j) Lei nº 31-
A/2009, de 7 de Julho.
IV. Diferente é a intervenção das assembleias municipais, antes de 1997, que se tratava de
consulta, mas de eficácia negativa. Diversa é a consulta prevista no Reg. Art 141.
III. fixação da ordem do dia pelo Presidente da Assembleia, artigo 176, n1 CRP e art. 16, n1 b)
do Reg., de acordo com os critérios materiais e formais, art. 59 e segs. Antes da ordem do dia,
o Presidente ouve a conferencia dos representantes dos grupos parlamentares, art. 59, n2 e
20, n3. Na falta de consenso, a conferencia prenuncia-se pela maioria, artigo 20, n4,
admitindo-se recurso ainda a plenário, art. 59, n 3 e 4.
IV. Domina a regra da maioria imposta pelo princípio democrática apesar de atenuada por
outras duas:
1) Pela definição regimental de prioridade de matérias, artigo 176, n1 CRP e art. 62 Reg.
2) Pela atribuição a cada grupo parlamentar do direito de determinação de certo número
de reuniões, segundo critérios a estabelecer no Regimento, ressalvando-se sempre a
posição dos partidos minoritário, artigo 176, n3 CRP, e a cada uam das reuniões
corresponde uma iniciativa legislativa, art. 64 do Reg.
Pode ainda ser solicitada prioridade para assuntos de interesse nacional e regional de
resolução urgente, artigo 176, n2 e 4 CRP e 63, n2 do Reg.
V. Projectos de iniciativa popular são agendados para uma das 10 reuniões plenárias seguintes
à recepção de parecer da comissão competente em razão da matéria ou do prazo assinado
para ela o emitir, art. 10º Lei nº 17/2003.
VI. Para a discussão de cada projecto ou proposta é estabelecido um tempo global, artigo 145,
n6 Reg,. Que é distribuído equitativamente, art. 145, n 2,3 e 4.
Os debates iniciam-se com intervenções dos autores dos projectos e propostas, art. 145, n1.
Texto de substituição da comissão é discutido na generalidade, art. 139, n2.
VII. até ao anúncio da votação no Plenário, podem 10 deputados requer a baixa do texto em
discussão a qualquer comissão para efeito de nova apreciação no prazo que for designado, art.
146.
III. O grupo parlamentar que exerça o seu direito de fixação da ordem do dia pode requer a
votação na generalidade, art. 64, n6 do Reg. E se for aprovada – art. 64, n7
IV. Votadas na especialidade pelo Plenário são também as disposições de certas leis,
autonomizadas por exigência de aprovação por maioria qualificada, artigo 160, n6 b) a f).