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(Pré estrutura)

A SOCIALIZAÇÃO

E A EDUCAÇÃO PARA OS VALORES DAS CRIANÇAS E JOVENS:

o papel da família, da escola e dos grupos da paróquia

Orientadora: Maria da Conceição Alves-Pinto

Aluna: Maria Alice dos Santos Ramos de Castro

Indice (EM CONSTRUÇÃO)


Introdução (geral à tese)

Capitulo 1 (Nome do trabalho

Introdução (AO CAPITULO 1)


1 sub. titulos

Conclusão (do capitulo um)


Capitulo 2

Introdução (cap. 2)

1.1

1.2

1.3

Conclusão (capitulo) 2)

2.1

2.2

Capitulo da investigação
Introdução - Pergunta de partida - Caracterização breve do estudo onde foi realizado
fala da:

1 - A criança como actor social – As interacções com os outros actores


sociais (família, escola, grupos de amigos/associações culturais, religiosas,
etc.

1.1- A criança como ator social


Prof – recomenda ler: Manuel Sarmento

No âmbito da sociologia e das ciências sociais em geral, considera-se ator social, uma

pessoa ou um grupo organizado que desempenham um papel ativo na sociedade ou num

espaço social. Também acentuam que a enfase está mais no desempenho e não tanto no

papel atribuído à pessoa ou grupo, no contexto social em que está integrado.

A Sociologia da Infância dá especial enfase à ação social das crianças e à sua

participação no processo de socialização. O processo é agora considerado como “um

processo fluido, partilhado e implicado entre adultos e crianças”. FALTA AUTOR

CORSARO (1997, p.103) também tem esta perspetiva quando identifica o processo

como sendo de reprodução interpretativa, no qual as crianças não se limitam a

reproduzir os valores e as normas que os adultos lhe transmitem, mas os reinterpretam e

devolvem aos adultos com faces renovadas, tendo por isso mesmo, também implicações

na forma como estes mesmos adultos olham para os fenómenos sociais, ou seja, a forma

como a realidade social, se expõe.

Assim, a sociedade adulta criou uma imagem da criança como sujeito de direitos, com o

reconhecimento da criança como sujeito de direitos de participação.

Atrevemo-nos a considerar que elas resultam de um contexto histórico e social, para o

qual convergiram indicadores culturais, sociais, históricos e económicos que

acentuavam a imagem da criança como um cidadão.

Parece poder dizer-se, que os sociólogos da infância são os patronos dos direitos da

criança. As semelhanças que se podem estabelecer entre as perspetivas dos sociólogos

da infância e dos defensores dos direitos das crianças são significativas, uma vez que

tanto uns como outros consideram a criança como um ator social e a infância como um

grupo social, com singularidades próprias, das quais decorrem também direitos

específicos, e não meramente como sujeitos subordinados à ordem social dos adultos.
Uns e outros, privilegiam um enfoque na ação das crianças, considerando-as como

atores sociais na construção dos seus mundos sociais, privilegiando também uma

imagem renovada da infância ativa e com voz, em contraposição à imagem tradicional

da infância protegida e silenciosa.

VER Montandon Sociologia da infância e Dubet

A globalização é um processo que traz uma diversidade de influências externas para os

diferentes países, e estas influências interferem na vida dos cidadãos que aí vivem,

agindo de maneira intensiva. Afeta também o contexto quotidiano onde a criança cresce

e interage com a sociedade, pois a criança, por constituir-se como ser histórico,

compartilha e sente os efeitos da transformações operadas em todos os âmbitos da

sociedade contemporânea.

O processo de globalização age sobre as dinâmicas sociais e culturais em que a criança

está inserida, intensificando as diferenças entre as formas de vivenciar a infância nos

diferentes espaços mundiais, tornando presentes diferentes perceções sobre a

constituição da infância contemporânea.

A infância contemporânea está a modificar, apresentando-se como plural e recebendo o

investimento de novos papéis e estatutos sociais.

Sarmento afirma que: “Os tempos contemporâneos incluem, nas diferentes mudanças

sociais que os caracterizam, a reinstitucionalização da infância. As ideias e

representações sociais sobre as crianças, bem como as suas condições de existência,

estão a sofrer transformações significativas, em homologia com as mudanças que

ocorrem na estruturação do espaço-tempo das vidas quotidianas, na estrutura familiar,

na escola, nos mass-media, e no espaço público. Contrariamente à proclamada “morte

da infância”, o que a contemporaneidade tem aportado é a pluralização dos modos de


ser criança, a heterogeneização da infância enquanto categoria social geracional e o

investimento das crianças com novos papéis e estatutos sociais (SARMENTO 2003).

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(...) as culturas da infância, sendo socialmente produzidas, constituem-se historicamente e são alteradas pelo processo
histórico de recomposição das condições sociais em que vivem as crianças e que regem as possibilidades de
interacções das crianças, entre si e com os outros membros da sociedade. As culturas da infância transportam as
marcas dos tempos, exprimem a sociedade nas suas contradições, nos seus estratos e na sua complexidade
(SARMENTO, 2003).

Socialização

Ao fazermos uma revisão de leitura sobre “Socialização” constatamos que esta não é

algo que o ser humano tem assegurado à nascença. Todavia pela sua natureza social, o

ser humano, apenas pela socialização pode sobreviver, desenvolver-se e tornar-se

pessoa. Ao nível das estruturas estritamente genéticas, é dos animais pior preparados

para uma vida independente, dependendo de outros durante mais tempo e de forma mais

intensa.
ALVES-PINTO, (1995, p. 116) refere que “O ser humano não nasce membro de uma

sociedade. A criança, o adolescente, o jovem e o adulto vão-se tornando membros da

sociedade”. A socialização é o processo através do qual a pessoa torna-se membro

atuante numa comunidade, porque aprendeu e apreendeu os hábitos e a cultura dessa

mesma comunidade. É por meio da socialização que a espécie humana se integra no

grupo em que nasceu, assimilando o conjunto de hábitos, costumes, regras e valores

característicos do seu grupo. Ou seja, todas as experiências do individuo, ao longo da

sua vida, contribuem para o processo de socialização, isto é, para a construção de

disposições internas que permitem (e orientam) a participação na vida social. ROCHER

(1989, p. 126) sustenta esta ideia, quando define socialização “como processo pelo qual

ao longo da vida a pessoa humana aprende e interioriza os elementos socioculturais do

seu meio, e os integra na estrutura da sua personalidade sob a influência de experiências

de agentes sociais significativos e se adapta ao ambiente social em que deve viver”.

De fato, ao longo da vida, o ser humano vai interiorizando as normas culturais do grupo

a que pertence, e vai também apreendendo as necessidades e caraterísticas, que estão em

consonância com a cultura dominante em que está inserido.

Assim sendo, é através da socialização que o ser humano pode desenvolver a sua

personalidade e ser aceite na sociedade. Em particular, é o desenvolvimento da

linguagem, do pensamento e da racionalidade que nos torna pessoas, com capacidade de

interpretar e de atuar sobre o meio envolvente. É um processo de influência entre a

pessoa e os seus pares, um processo que aceita os padrões sociais comportamentais e se

adapta a eles. Isto acontece não só nas diferentes fases da vida do ser humano (da

infância à velhice), mas também nas pessoas que mudam de uma cultura para outra, de

uma classe social para outra ou de uma profissão para outra.

Neste correr de pensamento (GIDDENS, 2004, p. 27) outorga que a socialização é um

processo através do qual as crianças, ou outros membros da sociedade, aprendem o


modo de vida da sociedade em que vivem, sendo este processo o principal canal de

transmissão da cultura através do tempo, e das gerações.” Consequentemente a

socialização será, um processo essencial, não apenas para a integração das crianças ou

outros membros na sua sociedade, mas também, para a continuidade dos sistemas

sociais. ALVES-PINTO (1995 p 117) corrobora este pensamento afirmando que “…a

socialização é o processo através do qual o ser humano cresce no interior da cultura da


i

sua comunidade de origem”

Este processo começa após o nascimento e produz-se pelo contributo de vários agentes

de socialização. O primeiro e mais próximo agente de socialização da criança é a

família, a qual desempenha um papel considerado determinante nos primeiros anos de

vida dos filhos.

A socialização é o processo de aprendizagem através do qual nos integramos na

sociedade a que pertencemos. Actualmente, com a rapidez da evolução da sociedade o

indivíduo é coagido a viver muitos e constantes processos de socialização de forma a

adquirir competências para se adaptar à mudança. (Ibid. p. 116). Pois “ A socialização

não se caracteriza por uma transmissão unidireccional de valores e códigos daqueles a

quem se reconhece o estatuto de socializadores àqueles que estão sendo socializados;

ocorre pelo contrário numa dinâmica multi-direccional”, isto é, a socialização é um

processo interativo e multidirecional que pressupõe uma ação recíproca entre a pessoa

socializada e os socializadores, ou seja “…a pessoa integra-se na sociedade e a


Ver texto a familia e a
sociedade íntegra a pessoa” (ALVES PINTO, o.c. p. 120)
socialização dos filhos

Pelo atrás dito pode-se concluir que a socialização é o processo da formação da

personalidade da pessoa. Todavia a pessoa, por sua vez, como já referido, também passa

a ser agente da socialização, pois quem é o socializado é também um socializador, ou

seja, nos mesmos atos e relações, tornamo-nos pessoas e fazemos sociedade. Pois pela
aprendizagem e pela ação de integração e adaptação à sociedade o próprio indivíduo é

também ele próprio construtor da sociedade, como refere ALVES-PINTO, “a sociedade

é, neste contexto, considerada uma realidade complexa que assenta num conjunto de

trocas, de prestações e contraprestações, que envolvem na sua globalidade as pessoas

dos parceiros em questão” Pelas trocas sociais a pessoa age e reage perante as

disposições da cultura do contexto, que lhe é pré-estabelecida.

A interação social permite à pessoa criar e recriar a perceção da realidade e até mesmo

ser também autor da mudança e não mero produto da ação dos socializadores. (ibid, pp.

120, 121)

Desta forma a socialização infantil será uma série de processos, por meio dos quais as

crianças aprendem, compartilham, criam e reproduzem ação, pensamento e

comunicação, que possibilitam não apenas a sua introdução passiva no mundo, mas

também a constituição de um mundo no qual elas passam a habitar e simultaneamente

desenvolvem o seu self individual.

De acordo com Mead o “eu” nasce na conduta, quando o indivíduo se torna um objeto

social por sua própria experiência. A criança age para consigo como age para com os

outros. Para o indivíduo, o Eu é uma terceira pessoa e sua expressão na conduta para

com outros é um papel a ser representado. Age-se conforme se espera dessa ação ou

melhor, como se imagina que é a expectativa de nossa ação. O "Eu", o "Mim" (que

constituem o "self") e o "outro generalizado". Neste sistema, o outro generalizado

corresponde a reflexividade estabelecida entre o indivíduo e a sociedade à qual

pertence. (conf. FERREIRA (1995, pp. 297-299). Porém, em comunidades pequenas e

tradicionais, a socialização das crianças baseia-se na observação e participação

progressiva em conversas e práticas dos adultos, geralmente na família. (Ochs e

Schieffelin, 2010) citado por Pedro Abrantes (2011, p. 4)


Apesar de uma certa uniformização de atitudes e normas culturais transmitidas pela

sociedade e interiorizadas por cada ser humano, não há duas pessoas iguais. Embora

existam traços comuns entre indivíduos da mesma civilização, da mesma raça, da

mesma classe social ou da mesma família, cada ser humano é um indivíduo detentor de

um "eu" distinto e único. É pois permitido "um desvio individual em relação à

personalidade modal" (HORTON & HUNT 1981, p.77). Aqui a personalidade modal é

entendida por "uma série de traços de personalidade que são os mais comuns entre os

membros de um grupo" (Ibidem). Mas se a transmissão cultural é essencial para o

desenvolvimento e integração social dos jovens, é também necessária à própria

sociedade, para a sua "auto-perpetuação" (ALVES-PINTO, 1995, pp. 132-133), na

verdade, trata-se de um "jogo de trocas" complexo, que fazem os jovens participar

progressivamente na sociedade, e ao mesmo tempo, torna possível a existência da

sociedade (ibid, 1992, p. 3).

O individual concretiza-se nas interações e nas relações com o outro, e sendo assim, não

é possível desligar indivíduo de sociedade. Quando nos referimos ao “indivíduo”

falamos de pessoas interdependentes, pois não há identidade-eu sem identidade-nós. O

“nós” só surge quando há reciprocidade, quando eu sou para o outro, quando o outro é

para mim. O outro generalizado – antecipação das expectativas recíprocas. A

socialização é um processo de identificação, de construção de identidade, ou seja, de

pertença e de relação. (ALVES-PINTO,oc. pp. 122-123)

Ainda neste contexto, Mead, citado por FERREIRA (1995, p. 297-299) o conceito

socialização está ligado ao desenvolvimento do self, de um self individual que é

resultado de uma construção do indivíduo provido de certo grau de autonomia desde a

infância.

É através de experiências vividas de uma forma gradual e extremamente complexa, que

a criança vai formando a imagem do "eu". Numa perspetiva Freudiana, a conduta


humana é comandada por "forças invisíveis e inconscientes" (Horton & Hunt, 1981.,

p.81).

Todavia, BERGER E LUCKMANN defendem, que as crianças são socializadas por

outros que lhes são impostos, filtrando o mundo social para elas e encarregando-se da

sua socialização. (2004, p. 139). É claro que neste cenário quer as crianças aceitem da

forma positiva ou negativa, os adultos com quem elas interagem são sempre os seus

referenciais. Alguns dos aspectos do mundo social serão “filtrados” por, e para elas, e

contribuirão para a formação das suas identidades. Porém, visto que os processos de

socialização infantil constituem-se de interações, no interagir com adultos, as crianças

não são socializadas, mas socializam-se, assim como os adultos que, ao interagir entre

si ou com crianças, também se socializam; pois mesmo uma criança pequena é alguém

que trabalha as realidades internas e externas e dessa forma, modela seu próprio self, já

que, nessa perspetiva, a infância é concebida como uma fase que possui o mesmo peso

que a idade adulta (ibid). Nesta mesma ótica também HORTON e HUNT (1981, p. 77)

interpretam a socialização como o “processo pelo qual uma pessoa internaliza as normas

dos grupos em que vive, de modo a que surja um “eu” distinto, único para um dado

individuo.

Por tudo o atrás descrito se poderá concluir que o mundo social é um conjunto de

relações. O mundo é relacional, ou seja, constantes relações em processo. E assim sendo

a socialização é interação, e as formas de interação são as formas de socialização. Ela

abrange os processos que permeiam toda a vida de um indivíduo, nos quais este toma

parte ativa por meio da participação em comunicações sociais, ações sociais, língua,

costumes sociais, regras, normas e saberes. O que nos leva a defender que cada relação,

por mais trivial que pareça ser, contribui para a organização da vida em sociedade.

AGENTES DE SOCIALIZAÇÃO
Os diversos grupos e instituições aos quais a pessoa pertence são agentes de

socialização, e é nestes contextos que ocorrem processos de socialização relevantes.

Todos os grupos a que pertencemos são agentes de socialização, já que nos obrigam a

interiorizar um determinado papel social. Os mais importantes tendem a ser a família, a

escola, os meios de comunicação social, o trabalho, a comunidade onde vivemos, etc.

(cfr. ROCHER, 1989, pp 141-142)

Dentro do âmbito e do contexto do presente trabalho os agentes de socialização que

iremos considerar são: a família, a escola, e os grupos da paróquia.

A FAMILIA

A família representa um grupo social primário que influência e é influenciado por outras

pessoas e instituições.

Dentro de uma família existe sempre, referimo-nos a famílias tradicionalmente

estruturadas, um grau de parentesco. Os membros de uma família partilham do mesmo

sobrenome, herdado dos seus ascendentes diretos. Ela é unida por múltiplos laços

capazes de manter os seus membros unidos e vinculados à mesma com sentimentos

recíprocos em termos afetivos, morais, e materiais, não só durante uma vida, mas

durante várias gerações.

Segundo vários autores, até há um século atrás a família era dona da socialização

primária e até em parte da socialização secundária, uma vez que, a criança aprendia não

só as atitudes, modelos comportamentais, valores, características da posição social a que

a família pertencia mas também o "ofício da família". Pode-se concluir que a família

tinha um papel importante nesta época, tomando o domínio da formação fundamental,

básica e afetiva, como também da formação cognitiva. Pois “A família é o primeiro

grupo primário da criança e é onde começa o desenvolvimento da sua personalidade”


BERGER & LUCKMANN p. 171)

Todavia, como já referido as famílias têm vindo a sofrer constantes transformações.

Como refere DOLTO (1999, p 10), “os pais já não têm prestigio e a sua autoridade é

sentida como autoritarismo” para além de que “pertencer a uma família já não traz como

outrora sentimento de segurança” (…) pois “está em constante mobilidade – não cria

raízes – “instala-se em qualquer lado” não tem raízes telúricas, (…) a família não é

valorizada em si própria pelas outras famílias (pelo resto do grupo). Segundo DOLTO,

na consciência dos contemporâneos esta mobilidade é vista como prova de vitalidade,

mas a autora considera que foi super valorizada – afirmando que sofremos de uma

espécie de “dromania” de instabilidade. “Outrora havia estabilidade na maneira de

viver e de pensar”

Neste contexto de mudanças, as transformações que as famílias vêm sofrendo, tem

repercussões muito significativas na socialização familiar. (cfr. AlVES-PINTO, (2003,

p. 30)

De facto as famílias passaram por transformações que seriam inconcebíveis para as

gerações anteriores. Segundo GIDDENS, (2010, p. 176), a grande diversidade de

famílias e formas de agregados familiares tornou-se um traço distintivo da época atual.

O mesmo autor define a família como sendo um grupo de pessoas unidas diretamente

por laços de parentesco, no qual os adultos assumem a responsabilidade de cuidar das

crianças. Nesta linha de pensamento de responsabilidade de cuidar e educar as crianças

João Paulo II no ponto 15º da Familiaris Consortio, reforça a ideia afirmando que “…

na família constitui-se um complexo de relações interpessoais - vida conjugal,

paternidade-maternidade, filiação, fraternidade - mediante as quais cada pessoa humana

é introduzida na «família humana» …”


Como já mencionado em referência a Alves Pinto, também para MONTANDON

(1997), a família é sem dúvida a primeira instituição socializadora da criança. Considera

que é aí, no contexto familiar, que se tecem os princípios do grande interesse em

“investir” na escola. A família “funciona” também e ao mesmo tempo como um

mediador entre esta e a escola. A partir dos diversos estilos educativos a autora

consegue encontrar o “perfil” de cada família em termos de educação. Considera ainda

que as famílias utilizam, a partir de cada estilo educativo, recursos e estratégias que

levam a uma melhor (ou não) mediação entre a criança e a escola.

A família tem vindo a sofrer transformações através dos tempos, tem acompanhado as

mudanças económicas, socioculturais e religiosas, dentro do meio e do contexto em que

se encontram inseridas. Trata-se de um espaço sociocultural que está continuamente a

ser renovado e reconstruído. A estrutura nuclear da família tem uma grande capacidade

de adaptação, reformulando a sua constituição, quando necessário. (cfr. HORTON E

HUNT, 1981, pp166,167)

Segundo os mesmos autores (1981, p.166). a família é «um grupamento de parentesco

que se incumbe da criação dos filhos e do atendimento de certas outras necessidades

humanas» Não obstante, verificou-se que nas últimas décadas do século XIX, aquando

do desenvolvimento da indústria e das instituições mais organizadas, remodelou-se o

caráter e o arquétipo das relações diárias. Surge então a consciência de que o modelo de

família da época não é uma realidade que se adquiriu de uma só vez, ou seja, não é

genuíno da condição humana. Nesta época compreendeu-se que a família é uma

instituição que revela grande suscetibilidade de mudar segundo a estrutura, a cultura e o

grau de desenvolvimento tecnológico da sociedade de referência. Isto é claro na forma

como nas últimas décadas, «(…) as estruturas familiares sofreram alterações

substanciais, algumas das quais foram assumidas com toda a naturalidade pela própria
sociedade, enquanto outras mudanças foram ativamente combatidas, fruto da

intolerância dos nossos contemporâneos mais conservadores» GIMENO, A. (2001, p.

19).

De acordo com os autores (HORTON e HUNT, o. c., p.166). «As funções da família

variam muito de uma sociedade para outra, e no que concerne às formas de família para

o cumprimento dessas funções variam mais ainda» Seguindo a ideia dos autores, a

estrutura familiar pode assumir moldes diversos, pois, o agregado dos contactos

efetuados rejeita a homogeneidade de cultura para cultura.

A cultura de acordo com as consultas de leitura a vários autores, leva-nos a entender que

“cultura social” será um conjunto complexo, articulado de normas, crenças e valores,

que condicionam o horizonte espiritual do grupo, bem como as realizações técnicas,

conferindo a cada sociedade o seu aspeto original. Cada grupo social possui padrões de

cultura que os permitem distinguir-se ente si..

Se analisarmos a cultura, segundo o sentido comum, somos reportados para um

individuo com conhecimentos em vários domínios do saber, já se refletirmos à luz do

sentido sociológico, a cultura estará mais afeta para quando a pessoa é portadora de uma

cultura, que varia segundo o grupo social. Cada grupo social integra-se na sua cultura

com maneiras específicas de pensar, sentir e agir.

Existem várias circunstâncias que fazem a instituição família ir-se alterando e moldando

ao contexto em que está inserida. Ela transforma-se e atualiza-se ao tempo que está a

presenciar, à classe social onde está inserida, e ao grupo étnico ou sociocultural a que a

mesma pertence dentro da mesma sociedade.

É com os membros da família que a criança inicia o seu processo de socialização e é

igualmente nela que encontra os primeiros objetos de apego, (comportamento de apego em

adultos em relação à criança inclui responder com sensibilidade e de forma adequada às necessidades da criança.

Tal comportamento parece universal em todas as culturas. A teoria do apego fornece uma explicação de como a
relação pai-filho surge e influencia o desenvolvimento subsequente). Vários estudos defendem que o

adulto desempenha, nesta fase, um papel fulcral nos afetos como fonte de estimulação.

Schaffer e Emerson (1964) consideraram que as características mais significativas

consistem nas respostas dadas pelo adulto aos sinais emitidos pela criança assim como à

quantidade de interação que aciona espontaneamente com ele. Há que ter em conta que

desde tenra idade a criança compreende que a resposta imediata dos pais aos seus apelos

significa que os seus atos podem exercer um efeito nas pessoas e no meio ambiente.

(Yarrow et alii, 1975- VER LIVRO NET).,Importa salientar que as famílias têm

características diferentes. Os pais de uma classe social carenciada sofrem numerosas

situações de stress (problemas económicos, excesso de trabalho/ desemprego, um

número mais elevado de filhos, etc), o que lhes diminui, significativamente, não só o

tempo disponível para interagirem com os filhos como a sua própria disponibilidade

mental.

Todavia, os pais não são os únicos elementos da família a ter em conta relativamente

aquele que consideramos ser o primeiro processo de socialização da criança. A relação

com os irmãos não deve ser remetida para segundo plano uma vez que a família nuclear

não é constituída apenas pelos pais da criança. As relações existentes entre os irmãos

assumem também um importante papel no que respeita ao seu desenvolvimento.

Com o desenvolvimento urbano e industrial, a evolução familiar, célula da sociedade,

avança em várias direções. Em primeiro lugar, as funções familiares diminuem, ao

mesmo tempo que se abranda o laço comunitário. Com o trabalho da mulher a extensão

da escolarização e sua evolução, o lar em numerosos casos fica despovoado durante o

dia, reconstitui-se apenas por breves momentos no final do dia. Para o pai e para a mãe

torna-se difícil exercerem as suas funções que exigem tempo material, paciência e

liberdade de espírito (cfr. ALVES-PINTO, 2003, p.35).


Neste contexto os filhos, rapidamente, adquirem o hábito de viverem a sua própria vida

fora do centro familiar. Isto leva a uma célere conceção de ideias onde a ideologia da

liberdade, a recusa de qualquer contrariedade, e a fugaz evolução dos acontecimentos,

favorecem um vazio relacional entre pais e filhos. Este vazio pode levar no limite, a que

a relação acabe, ou até mesmo, na família já não se comunicar a mesma linguagem.

Nestes casos a família parece tornar-se um simples local de reunião de pessoas. Talvez

este seja o principal motivo porque a função educadora da família está tão a dizimada.

A família é o pilar e o paradigma para o desenvolvimento da criança. Os pais são os

modelos para a sua educação e evolução como seres humanos. No entanto, a família,

sofreu grandes modificações ao longo das últimas décadas, variando os papéis

familiares: os pais têm uma função mais ativa na criação dos filhos, as mães estão mais

ausentes do lar devido á sua ingressão no mundo do trabalho e por consequência aos

compromissos profissionais, o número dos filhos é menor e o papel dos avós, que vivem

geralmente fora do domicílio familiar, adquire outra dimensão. Fruto de todas estas

modificações, as relações entre pais e filhos também se modificaram e são colocadas

muitas interrogações na tarefa diária da educação dos filhos.

Os primeiros anos de vida de uma criança decorrem normalmente no seio da família,

onde as relações são muito intensas a nível emocional. Atualmente a instituição família

é constituída por poucas pessoas.

Reforçando o atrás descrito, a estrutura da autoridade familiar evolui rapidamente. A

tendência das sociedades modernas relativamente à subversão do tradicional estatuto da

mulher, é favorável a uma partilha igualitária dessa autoridade e das responsabilidades

conjuntas «cada vez mais são os pais desempregados que se encarregam das tarefas

domésticas; esposas com mais idade e títulos académicos que os seus maridos, casais que

vivem em casas separadas…Trata-se apenas de meros referenciais mas por trás deles
vislumbra-se como necessária uma mudança de atitudes por parte da nossa sociedade, uma

rutura real com uma vasta série de preconceitos, uma abertura mental que resulte

diretamente num apoio aos novos padrões e estruturas familiares» (HORTON e HUNT, o.

c., p.20).

Se analisarmos este fator a nível emocional e afetivo, ele poderá proporcionar uma

relação afetiva mais intensa entre um bebé e as pessoas que cuidam dele. Neste contexto

de relação afetiva e ambiente familiar os pais tornam-se para a criança modelos desde os

primeiros meses de vida. Se assim for, é nos pilares desta relação que se vão construir as

bases para o desenvolvimento afetivo e social, as quais contribuem para a construção da

personalidade da criança, que se tornará pessoa.

Assim, se poderá explicar a preocupação constante dos pais em se esforçarem tanto por

conhecer bem os filhos de forma a conseguir que se estabeleça uma confiança mútua e

um clima familiar que favoreça o diálogo. Não obstante, este clima de confiança só

será possível se existir uma comunicação familiar onde se possa dialogar, discutir e

opinar abertamente, dentro das normas do respeito, sobre qualquer assunto. Todavia, é

do senso comum que este clima nem sempre acontece, e a realidade fica aquém deste

propósito. Por vezes os pais limitam as conversas com os filhos aos aspetos que mais os

preocupam, como sejam os resultados, atitudes e comportamentos na escola, o

comprometimento dos mesmos com as responsabilidades da casa, qual o grupo de

amigos com quem se relacionam, entre outras preocupações que irão surgindo com o

evoluir da idade e do crescimento do filhos

(As praticas familiares e as práticas educativas parentais)

ANTILLA, Lourdes; RENAU, Maria; MONTSERRAT, Moix; BAS, Joan – Como ser melhores pais. Circulo dos Leitores, S.A. 2002.

p. 14-26.
As especificidades dos processos de socialização da criança (criança vai até aos 18

anos)

Do ponto de vista sociológico a especificidade dos processos de socialização na

infância, assenta no fato que as crianças participam numa série de modalidades de

interações sociais, que variam segundo o contexto sociocultural e histórico que estão

inseridas. Destas interações podemos referir as interações no interior da vida familiar

(pais, irmãos, avós, tios, primos, etc.), no interior da instituição escolar (interações entre

pares, entre crianças e professores, entre crianças e funcionários); nas quais a criança

possui um status de alguém que depende no aspeto emocional e financeiramente dos

adultos responsáveis por ela; e as interações entre pares, onde atividades como brincar,

divertir-se, fazer jogos, etc. se torna basilar na interação entre pares.

Não obstante, é do conhecimento geral que há crianças que não frequentam a escola.

Muitas destas crianças trabalham, outras não vão à escola por falta de infraestruturas da

comunidade onde estão inscritas, ou, não têm família/adultos responsáveis e conscientes

que cuidem delas. Na sociedade atual estas crianças são consideradas, crianças que

vivem em condições adversas, ou seja, vivem uma infância privada de infância. Isto

leva-nos a poder dizer que as modalidades atrás referidas são formas de interação

infantil, características da sociedade contemporânea ocidental. Quando estas crianças se

tornam pessoas adultas, deixam de interagir na condição de crianças, e passam a

privilegiar outras formas de interação nas suas experiências quotidianas. Neste aspeto,

as divergências entre os processos de socialização infantil e os processos de socialização

na vida adulta ocorrem apenas no que concerne às formas de interagir, mas não no

próprio ato de interagir. Isto faz com que por um lado, os processos de socialização

infantil tenham uma especificidade, mas, por outro lado, define os seus limites, pois,

vistos numa perspetiva mais ampla, pode-se considerar que tanto adultos como crianças

participam de interações; e o interagir é o que define o “socializar-se”.


Neste contexto, os processos de socialização da criança podem ser definidos da mesma

forma pela qual se define o conceito de processos de socialização nas suas

características mais amplas. Assim, se compreende a socialização infantil como uma

série incontável de processos, por meio dos quais a criança aprende, compartilha, cria e

reproduz a ação, pensamento e comunicação, que possibilitam não apenas a sua

introdução passiva no mundo, mas também a constituição de um mundo no qual passa a

habitar e simultaneamente desenvolve o seu “eu” individual. Ao mesmo tempo em que a

criança se apropria subjetivamente do mundo social, apropria-se subjetivamente da

própria identidade, que se constrói em relação a esse mundo (conf. Berger e Luckmann,

(2004 pp.137-141)

1967 ver o meu livro). São processos que perpassam toda a infância de diversas

maneiras, e não um marco temporal, no qual as crianças são repentinamente inseridas

no mundo.

BERGER e LUCKMANN, avalizam que as crianças são socializadas por outros que

lhes são impostos, defendem que a criança vai filtrando o mundo social de forma a fazer

a sua própria socialização. É claro, que quer elas aceitem de forma positiva ou negativa,

os adultos que estão ao seu redor, estes são para elas referências de socialização

continua; alguns dos aspetos do mundo social serão “filtrados” por e para elas e

contribuirão para a formação das suas identidades. Porém, visto que os processos de

socialização infantil constituem-se de interações, no interagir com adultos as crianças

não são socializadas, mas socializam-se, assim como os adultos que, ao interagir entre si

ou com crianças, também se socializam; pois mesmo uma criança pequena é alguém que

trabalha as realidades interna e externa e, dessa forma, modela o seu próprio self, já que,
nessa perspetiva, a infância é concebida como uma fase que possui o mesmo peso que a

idade adulta ou a velhice.

Entretanto, o interagir social com “o outro” é algo que carece ser desenvolvido. Mead

demonstra que as crianças pequenas não possuem o mesmo grau de perceção nas suas

interações com “o outro” como as crianças já mais crescidas. Isto é, a perceção que a

criança tem do “estar no mundo social” e de que para estar nele, é necessário participar

em interações sociais constituintes de um conjunto incontável de processos, é algo que

não foi dado antecipadamente. A forma pela qual essa perceção se desenvolve será o

próprio interagir, e uma das modalidades de interação infantil que contribui para esse

desenvolvimento passa pelo brincar e jogar. Neste correr de pensamento, somos

intuídos a dizer que as crianças interagem umas com as outras não necessariamente

porque pertencem a uma mesma geração, mas, porque são contemporâneas umas das

outras nas formas de interação em que participam. Quando lemos sobre conceito de

pares este não diz respeito necessariamente a crianças da mesma idade, mas a crianças

que compartilham as mesmas expectativas, interesses e condições sociais. (conf,


TAMARA GRIGOROWITSCHS,2008, pp.10-12)

Construção da identidade ver pedro Abrantes p. 13 e Dubar

2005

Montandon defende que as condutas dos pais afetam a personalidade e outras

características dos filhos. (ibid. p 492) Não obstante, a autora alerta para o fato que a

criança é ativa no seu processo de socialização, pois tem a capacidade de interiorizar o

que lhe é proposto ou imposto pelos agentes da sua educação.

Assim, a construção social da sua identidade é resultado das representações e emoções

nela suscitadas pela educação recebida. (ibidem)


iiiii

Socialização primária ver 27

BERGER e LUCKMANN, (no livro “A construção social da realidade” (1966)

acrescentam conceitualmente algo novo ao processo de socialização), fazem uma

distinção entre socialização primária e socialização secundária. A primeira, é o

processo através do qual a criança aprende a estabelecer relações com os outros

elementos da sociedade, constituindo-se progressivamente membro participante, nas

interações com os “outros significativos”, por isso “A socialização primária é a

primeira socialização que o indivíduo experimenta na infância e em virtude da qual se

torna membro da sociedade”

Trata-se de um processo fundamental, pois é “aquela em que se têm de enraizar todas

as socializações subsequentes para poderem ser bem sucedidas” (ALVES PINTO, o.c.

p.121)

Ainda reforçando esta ideia BERGER e LUCKMANN, afirmam que “A socialização

primária implica mais do que a pura aprendizagem cognitiva. Ocorre em

circunstâncias carregadas de alto grau de emoção” (o.c. p. 139).

É neste mundo de relação de afetos que a criança vai aprender e apreender dos outros

significativos, “o outro que a alimenta, o outro que lhe pega ao colo, o outro que a

repreende”, (pais, avós, irmãos mais velhos) as formas de ser de estar e de fazer, que

estes definiram do mundo. Nesta etapa, a criança “brinca” a copiar os papéis dos

adultos e assim vai apreendendo as normas e valores das expectativas de agrado ou

desagrado que ela percebe nos “outros significativos” com o decorrer do processo de

socialização, a criança vai-se dando conta que as interações entre as pessoas do seu

universo se regem por regras que definem o que é certo/ errado, permitido/proibido.

Assim, constrói o conceito do “outro generalizado”. O outro generalizado traduz-se


numa abstração de papeis, segundo os mesmos autores, acontece quando a criança deixa

de ter contacto com o outro concreto e passa a contactar o “outro” em geral, ou seja,

passa do sujeito concreto “ele não quer” para o sujeito generalizado “eles não querem”,

- uma generalidade de outros – uma sociedade.

Na família as crianças adquirem a linguagem, os comportamentos e os hábitos do seu

grupo social. Estes primeiros anos de formação são muito importantes na vida da

criança

Pese embora, a relevância dada ao papel dos pais na socialização do filhos, há a

considerar que na sociedade atual, se verifica frequentemente serem também os filhos a

socializarem os pais no que concerne a fatores culturais e tecnológicos, com especial

realce para as famílias migrantes, desempenhando os jovens um papel fundamental na

socialização dos pais, pois são eles que facilitam a integração dos pais num novo

contexto de acolhimento. Através da socialização dos filhos estes pais adquirem

conhecimentos de novos fatores culturais e sociais do país em que se encontram.

É no interior da família que se começa a elaborar o comportamento social da criança

resultado de uma aprendizagem que se inicia quando esta é capaz, não só de distinguir

entre o eu e o outro, mas, mais propriamente, de interiorizar a imagem do outro (a mãe)

e a imagem que esse outro tem dela. (cfr SANTOS, 1969, p. 68).

Nos tempos atuais a família partilha cada vez mais a sua função como agente de

socialização primária, com as creches, os infantários e as escolas, onde as crianças,

devido às conjunturas sociais, culturais e económicas da sociedade atual passam grande

parte do seu tempo. (ALVES-PINTO, 2003, p. 25).

Nesta altura, a criança percebe que o seu mundo de interação não se reduz ao núcleo

familiar, mas se expande. O seu mundo de significados transpõe as fronteiras do núcleo

familiar.
Aos poucos ela vai percebendo que o processo de interiorização de conceitos, valores e

símbolos é contínuo e se estende por toda a vida. Sempre que se deparar com um novo

contexto social com regras e valores diferentes terá que se adaptar, e de se socializar de

acordo com as normas simbólicas daquele grupo pois, “a socialização nunca é total

nem nunca está completa” (BERGER E LUCKMANN, o.c.p.145) A necessidade de

novas aprendizagens para a integração na sociedade evidencia que “as famílias por si só

não reúnem condições suficientes para garantirem a socialização da criança”. A

socialização primária por mais completa e abrangente que tenha sido será sempre muito

limitada no que concerne à integração do indivíduo na sociedade, pois sendo o ser

humano um ser de relação, tem e sente necessidades de interagir e estabelecer relações

com “os mundos exteriores”. Assim sendo, a interação de relações que a pessoa realiza

com o mundo exterior, traduz-se de suma importância não só para o seu

desenvolvimento cognitivo, como também para o desenvolvimento enquanto Ser

Pessoa.

Socialização secundária

Enquanto a socialização primária é quase sempre tarefa da família, a socialização

secundária é tarefa da escola e demais instituições relacionadas com o mundo

profissional e vivencial, como escolas, associações, empresas, religiões, partidos

políticos, sindicatos, universidades, etc.. Por esta razão, esta socialização é vista como

institucional em oposição à socialização primária. Podemos dizer que para a criança das

sociedades ocidentais a, socialização secundária inicia-se quando se entra na escola.

(ALVES PINTO, 1995, p. 123)

Pela socialização secundária a pessoa aprende novos papéis, contribuindo para a

formação complexa da sua personalidade. (ibid). Este processo pode ser superficial no

sentido de não exigir profundas mudanças, mas, por outro lado, também pode comportar
grandes alterações na personalidade. A socialização secundária refere-se às dimensões

de assimilação e adaptação permanentes dos membros da sociedade ao longo da sua

vida, bem como a transmissão e assimilação da cultura entre as sucessivas gerações. Ao

mesmo tempo em que o indivíduo se socializa com o novo, interioriza novos conceitos,

significados e valores, também transmite ao que é socializado os conceitos, valores e

significados que acumula consigo. Esta troca enriquece e fortalece as relações entre

pessoas e grupos, pois ao mesmo tempo a mesma pessoa ensina e aprende.

Podemos concluir que a socialização secundária pressupõe sempre um processo prévio

de socialização primária, isto é, deve sustentar-se numa personalidade já formada e num

mundo já interiorizado. Ela introduz a pessoa, já socializada, em novos sectores do

mundo objectivo da sua sociedade (ibidem). Ou seja, possibilita a aquisição de novas

competências, comportamentos e atitudes que permitem a pessoa continuar a viver

integrada e em consonância com e na comunidade/sociedade em que está inserida.

Escola – ver pag. 20 dina santos

(escrever sobre clima de escola

- Grupo de pares (falta tudo)

- Religião

VALORES
Evolução da criança objecto de estudo e como sujeito activo – os pais adaptam-se às
exigências da criança

As crianças são o alicerce de uma sociedade saudável e sólida. (CARVALHO, 2011, p.

23), por isso, a sociedade tem uma tarefa exigente e responsável no cuidado, trata, e

educa as crianças, pois disso depende a forma como estas irão desenvolver-se nos

domínios emocionais, afectivos, cognitivos e sociais

Ao longo da história a criança não teve sempre o mesmo reconhecimento por parte da
sociedade. A criança tal como a vemos e a entendemos hoje, é algo historicamente
construído, ou seja é uma “criação” sócio cultural recente. (ver FONTE DE APOIO)

O conceito de infância dos dias actuais é totalmente diferente comparando com alguns

séculos atrás. De facto houve uma grande evolução de pensamento e comportamento

por parte dos adultos em relação à criança. Todavia esta evolução só são é percebida

tendo em conta a concepção e os sentimentos de relação que temos hoje do que é ser

criança. Até ao inicio do século XX as crianças eram consideradas adultos menores,

mais frágeis e menos inteligentes. Até aí a importância atribuída à criança era de vir a

ser um contributo para o futuro. Esperava-se dela, os serviços que deveria prestar com o

seu trabalho, e mais tarde, a protecção que seria para os seus pais para além de ser o

garante da descendência familiar. Neste contexto a importância da identidade da criança

era ser “filho de”, “neto de”, “pai de”, (ibid) FALTA PAGINA

. Ao bebé p restavam-se os cuidados básicos á sua sobrevivência, aliás este passava a

maior parte do tempo no berço. A mortalidade infantil nesta época era elevada e

considerada normal, pois se tal acontecesse outra criança a substituiria. De salientar o

facto histórico da Declaração Universal dos Direitos do Homem não incluir referência

às crianças, mas apenas ter em conta os adultos. Só em 1959 a UNICEF aprova por

unanimidade a Declaração dos Direitos da Criança em que pela primeira vez, a criança

aparece já não apenas como objeto mas como sujeito do Direito Internacional
(RIBEIRO DIAS, (2009, pp 138-139). A partir desta data a mentalidade das

consciências foi evoluindo declarando-se em 1979 o Ano Internacional da Criança que

estimula a participação activa da generalidade das delegações, instituições

especializadas e ONG’s do mundo inteiro. Este despertar de consciências foi uma

alavanca para desencadear o “progresso de civilização” pois adoptou uma nova ética

capaz de reconhecer “que é o modo como a sociedade protege e cuida das suas crianças

que se pode avaliar o seu grau de civilização e de humanidade. Porque é delas o futuro”

(ibid) PÁGINA

2 - Estratégias do actor/criança usadas nessas interacções

A criança e os seus pares


A especificidade dos processos de socialização na infância, assenta no fato das crianças

participarem numa série de modalidades de interações sociais, que variam cultural e

historicamente e geralmente, ocorrem “apenas” na infância.

Podemos referir como básicas as interações que se realizam no interior da instituição

escolar (interações entre crianças, entre crianças e professores, entre crianças e

funcionários); as interações no interior da vida familiar (com pais, irmãos, primos, avós

etc.), nas quais a criança possui a posição de alguém que depende financeira e

emocionalmente dos adultos responsáveis por ela; e as interações entre pares (onde o

jogar/brincar se revela fundamental).

A forma como a pessoa se relaciona com os seus pares irá acompanhá-la ao longo de

toda a vida e permitirá o desenvolvimento adequado das suas capacidades sociais.

Estabelecendo relações com o grupo social que a rodeia, a criança torna-se um ser

cultural. Assim, através do contacto com os outros, a criança adapta o seu


comportamento às regras e aos valores implícitos no respectivo contexto social. Assim,

a pessoa internaliza as normas dos grupos em que vive, de modo que surja um “eu”

Na compreensão dos autores supracitados, este novo paradigma, tem como base a
mudança de uma perspectiva que enfatizava a lógica da reprodução social2 que
colocava as crianças no papel de destinatários das políticas educativas e das práticas
pedagógicas centradas nos adultos, para uma outra perspectiva, que considera a
categoria social infância como susceptível de ser analisada em si mesma, que interpreta
as crianças nas suas múltiplas relações simbólicas estabelecidas entre si e com os
adultos. É neste sentido que questiono: - Quais implicações esta perspectiva vem
delineando que podem nos fornecer subsídios para consolidarmos uma pedagogia que
venha de encontro com as especificidades da(s) infância/crianças?
De acordo com Sarmento & Pinto (1997) , a consideração das crianças como atores
sociais, e não como sujeitos incompletos ou como componentes acessórios ou meios da
sociedade dos adultos, implica o reconhecimento da capacidade de produção simbólica
por parte das criança e a constituição das suas manifestações, representações e crenças
em sistemas organizados, isto é, em culturas.
Desta forma, Sarmento & Pinto (1997) chamam a atenção, explicitando, que a
autonomia
Cultural das crianças é um tema envolto em algumas controvérsias, o debate não se
centra no fato, reconhecido, das crianças produzirem significações autónomas, mas em
saber se essas significações se estruturam e consolidam em culturas da infância. Os
autores alertam que, as culturas da infância possuem, antes de mais, dimensões
relacionais, constituem-se nas interações de pares e das crianças com os adultos,
estruturando-se nessas relações formas e conteúdos representacionais distintos, elas
exprimem a cultura societal em que se inserem, mas fazem-no de modo distinto das
culturas adultas, ao mesmo tempo que veiculam formas especificamente infantis de
inteligibilidade, representação e simbolização do mundo. Isto sugere vários argumentos,
face às ações das crianças, e permitem pensar que elas, dependem dos atributos
partilhados com o meio social e cultural que estão convivendo, eles é que vão fornecer,
os elementos que irão estruturar suas vidas sociais, capacitando as crianças à
construírem significados próprios e, contudo, habilitando-as à tornarem-se atores sociais
e culturais Neste sentido, a instituição educacional passa a ser entendida como espaço
privilegiado das sociabilidades humanas, espaço fértil das culturas como produção e
produto, como equilíbrio e conflito, como trama e textura do social.(Gusmão, 1999:8).
Por essa linha de pensamento, a creche é entendida como um “mundo social”, e as
crianças como atores sociais consumidores e produtores de culturas. Assim, conhecer as
construções culturais e sociais das crianças que frequentam essa instituição,
consideramos ser uma aventura

2 Consultar Émile Durkheim (1858 – 1917).

IMPORTANTE - O objetivo é identificar as representações sociais de crianças face


è educação e o papel dos principais agentes de socialização, vendo como as suas
representações sociais de socialização estão relacionados com sua vida social,
geracional, étnica ou social, ou seu género ou sucesso escolar

Não tenho bibliografia PARA OS PONTOS 3, 4, E 5

2 - Estratégias do actor/criança usadas nessas interacções

3 - Os valores, as atitudes e os comportamentos como construção pessoal


e social PONTO 4 E 5 DA PARTE PRÁTICA –

PRECISO DE BIBLIOGRAFIA VÁLIDA PARA ESTA TEMÁTICA

3 - Lugar do aluno nas redes de relação

3.3 Confirmação do aluno pelos colegas (Perg 6)

4 ATITUDE FACE AOS COLEGAS


4.1 Interesse pelas opiniões dos outros (perg11)

4.2 Abertura à diversidade (9)

4.3 Apoio aos outros (perg 9 -92e93]

5 ATITUDE FACE A SI PRÓPRIO

5.1 Procura de Sentido

5.2 Ser de confiança

5.3 Honestidade
i

ii

iii

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