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A SOCIALIZAÇÃO
Introdução (cap. 2)
1.1
1.2
1.3
Conclusão (capitulo) 2)
2.1
2.2
Capitulo da investigação
Introdução - Pergunta de partida - Caracterização breve do estudo onde foi realizado
fala da:
No âmbito da sociologia e das ciências sociais em geral, considera-se ator social, uma
espaço social. Também acentuam que a enfase está mais no desempenho e não tanto no
CORSARO (1997, p.103) também tem esta perspetiva quando identifica o processo
devolvem aos adultos com faces renovadas, tendo por isso mesmo, também implicações
na forma como estes mesmos adultos olham para os fenómenos sociais, ou seja, a forma
Assim, a sociedade adulta criou uma imagem da criança como sujeito de direitos, com o
Parece poder dizer-se, que os sociólogos da infância são os patronos dos direitos da
da infância e dos defensores dos direitos das crianças são significativas, uma vez que
tanto uns como outros consideram a criança como um ator social e a infância como um
grupo social, com singularidades próprias, das quais decorrem também direitos
específicos, e não meramente como sujeitos subordinados à ordem social dos adultos.
Uns e outros, privilegiam um enfoque na ação das crianças, considerando-as como
atores sociais na construção dos seus mundos sociais, privilegiando também uma
diferentes países, e estas influências interferem na vida dos cidadãos que aí vivem,
agindo de maneira intensiva. Afeta também o contexto quotidiano onde a criança cresce
e interage com a sociedade, pois a criança, por constituir-se como ser histórico,
sociedade contemporânea.
Sarmento afirma que: “Os tempos contemporâneos incluem, nas diferentes mudanças
investimento das crianças com novos papéis e estatutos sociais (SARMENTO 2003).
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(...) as culturas da infância, sendo socialmente produzidas, constituem-se historicamente e são alteradas pelo processo
histórico de recomposição das condições sociais em que vivem as crianças e que regem as possibilidades de
interacções das crianças, entre si e com os outros membros da sociedade. As culturas da infância transportam as
marcas dos tempos, exprimem a sociedade nas suas contradições, nos seus estratos e na sua complexidade
(SARMENTO, 2003).
Socialização
Ao fazermos uma revisão de leitura sobre “Socialização” constatamos que esta não é
algo que o ser humano tem assegurado à nascença. Todavia pela sua natureza social, o
pessoa. Ao nível das estruturas estritamente genéticas, é dos animais pior preparados
para uma vida independente, dependendo de outros durante mais tempo e de forma mais
intensa.
ALVES-PINTO, (1995, p. 116) refere que “O ser humano não nasce membro de uma
(1989, p. 126) sustenta esta ideia, quando define socialização “como processo pelo qual
De fato, ao longo da vida, o ser humano vai interiorizando as normas culturais do grupo
Assim sendo, é através da socialização que o ser humano pode desenvolver a sua
adapta a eles. Isto acontece não só nas diferentes fases da vida do ser humano (da
infância à velhice), mas também nas pessoas que mudam de uma cultura para outra, de
socialização será, um processo essencial, não apenas para a integração das crianças ou
outros membros na sua sociedade, mas também, para a continuidade dos sistemas
sociais. ALVES-PINTO (1995 p 117) corrobora este pensamento afirmando que “…a
Este processo começa após o nascimento e produz-se pelo contributo de vários agentes
processo interativo e multidirecional que pressupõe uma ação recíproca entre a pessoa
personalidade da pessoa. Todavia a pessoa, por sua vez, como já referido, também passa
seja, nos mesmos atos e relações, tornamo-nos pessoas e fazemos sociedade. Pois pela
aprendizagem e pela ação de integração e adaptação à sociedade o próprio indivíduo é
é, neste contexto, considerada uma realidade complexa que assenta num conjunto de
dos parceiros em questão” Pelas trocas sociais a pessoa age e reage perante as
A interação social permite à pessoa criar e recriar a perceção da realidade e até mesmo
ser também autor da mudança e não mero produto da ação dos socializadores. (ibid, pp.
120, 121)
Desta forma a socialização infantil será uma série de processos, por meio dos quais as
comunicação, que possibilitam não apenas a sua introdução passiva no mundo, mas
De acordo com Mead o “eu” nasce na conduta, quando o indivíduo se torna um objeto
social por sua própria experiência. A criança age para consigo como age para com os
outros. Para o indivíduo, o Eu é uma terceira pessoa e sua expressão na conduta para
com outros é um papel a ser representado. Age-se conforme se espera dessa ação ou
melhor, como se imagina que é a expectativa de nossa ação. O "Eu", o "Mim" (que
sociedade e interiorizadas por cada ser humano, não há duas pessoas iguais. Embora
mesma classe social ou da mesma família, cada ser humano é um indivíduo detentor de
personalidade modal" (HORTON & HUNT 1981, p.77). Aqui a personalidade modal é
entendida por "uma série de traços de personalidade que são os mais comuns entre os
O individual concretiza-se nas interações e nas relações com o outro, e sendo assim, não
“nós” só surge quando há reciprocidade, quando eu sou para o outro, quando o outro é
Ainda neste contexto, Mead, citado por FERREIRA (1995, p. 297-299) o conceito
infância.
p.81).
outros que lhes são impostos, filtrando o mundo social para elas e encarregando-se da
sua socialização. (2004, p. 139). É claro que neste cenário quer as crianças aceitem da
forma positiva ou negativa, os adultos com quem elas interagem são sempre os seus
referenciais. Alguns dos aspectos do mundo social serão “filtrados” por, e para elas, e
contribuirão para a formação das suas identidades. Porém, visto que os processos de
não são socializadas, mas socializam-se, assim como os adultos que, ao interagir entre
si ou com crianças, também se socializam; pois mesmo uma criança pequena é alguém
que trabalha as realidades internas e externas e dessa forma, modela seu próprio self, já
que, nessa perspetiva, a infância é concebida como uma fase que possui o mesmo peso
que a idade adulta (ibid). Nesta mesma ótica também HORTON e HUNT (1981, p. 77)
interpretam a socialização como o “processo pelo qual uma pessoa internaliza as normas
dos grupos em que vive, de modo a que surja um “eu” distinto, único para um dado
individuo.
Por tudo o atrás descrito se poderá concluir que o mundo social é um conjunto de
abrange os processos que permeiam toda a vida de um indivíduo, nos quais este toma
parte ativa por meio da participação em comunicações sociais, ações sociais, língua,
costumes sociais, regras, normas e saberes. O que nos leva a defender que cada relação,
por mais trivial que pareça ser, contribui para a organização da vida em sociedade.
AGENTES DE SOCIALIZAÇÃO
Os diversos grupos e instituições aos quais a pessoa pertence são agentes de
Todos os grupos a que pertencemos são agentes de socialização, já que nos obrigam a
A FAMILIA
A família representa um grupo social primário que influência e é influenciado por outras
pessoas e instituições.
sobrenome, herdado dos seus ascendentes diretos. Ela é unida por múltiplos laços
recíprocos em termos afetivos, morais, e materiais, não só durante uma vida, mas
Segundo vários autores, até há um século atrás a família era dona da socialização
primária e até em parte da socialização secundária, uma vez que, a criança aprendia não
a família pertencia mas também o "ofício da família". Pode-se concluir que a família
Como refere DOLTO (1999, p 10), “os pais já não têm prestigio e a sua autoridade é
sentida como autoritarismo” para além de que “pertencer a uma família já não traz como
outrora sentimento de segurança” (…) pois “está em constante mobilidade – não cria
raízes – “instala-se em qualquer lado” não tem raízes telúricas, (…) a família não é
valorizada em si própria pelas outras famílias (pelo resto do grupo). Segundo DOLTO,
mas a autora considera que foi super valorizada – afirmando que sofremos de uma
viver e de pensar”
p. 30)
O mesmo autor define a família como sendo um grupo de pessoas unidas diretamente
João Paulo II no ponto 15º da Familiaris Consortio, reforça a ideia afirmando que “…
mediador entre esta e a escola. A partir dos diversos estilos educativos a autora
que as famílias utilizam, a partir de cada estilo educativo, recursos e estratégias que
A família tem vindo a sofrer transformações através dos tempos, tem acompanhado as
ser renovado e reconstruído. A estrutura nuclear da família tem uma grande capacidade
humanas» Não obstante, verificou-se que nas últimas décadas do século XIX, aquando
caráter e o arquétipo das relações diárias. Surge então a consciência de que o modelo de
família da época não é uma realidade que se adquiriu de uma só vez, ou seja, não é
substanciais, algumas das quais foram assumidas com toda a naturalidade pela própria
sociedade, enquanto outras mudanças foram ativamente combatidas, fruto da
19).
De acordo com os autores (HORTON e HUNT, o. c., p.166). «As funções da família
variam muito de uma sociedade para outra, e no que concerne às formas de família para
o cumprimento dessas funções variam mais ainda» Seguindo a ideia dos autores, a
estrutura familiar pode assumir moldes diversos, pois, o agregado dos contactos
A cultura de acordo com as consultas de leitura a vários autores, leva-nos a entender que
conferindo a cada sociedade o seu aspeto original. Cada grupo social possui padrões de
sentido sociológico, a cultura estará mais afeta para quando a pessoa é portadora de uma
cultura, que varia segundo o grupo social. Cada grupo social integra-se na sua cultura
Existem várias circunstâncias que fazem a instituição família ir-se alterando e moldando
ao contexto em que está inserida. Ela transforma-se e atualiza-se ao tempo que está a
presenciar, à classe social onde está inserida, e ao grupo étnico ou sociocultural a que a
adultos em relação à criança inclui responder com sensibilidade e de forma adequada às necessidades da criança.
Tal comportamento parece universal em todas as culturas. A teoria do apego fornece uma explicação de como a
relação pai-filho surge e influencia o desenvolvimento subsequente). Vários estudos defendem que o
adulto desempenha, nesta fase, um papel fulcral nos afetos como fonte de estimulação.
consistem nas respostas dadas pelo adulto aos sinais emitidos pela criança assim como à
quantidade de interação que aciona espontaneamente com ele. Há que ter em conta que
desde tenra idade a criança compreende que a resposta imediata dos pais aos seus apelos
significa que os seus atos podem exercer um efeito nas pessoas e no meio ambiente.
(Yarrow et alii, 1975- VER LIVRO NET).,Importa salientar que as famílias têm
número mais elevado de filhos, etc), o que lhes diminui, significativamente, não só o
tempo disponível para interagirem com os filhos como a sua própria disponibilidade
mental.
Todavia, os pais não são os únicos elementos da família a ter em conta relativamente
com os irmãos não deve ser remetida para segundo plano uma vez que a família nuclear
não é constituída apenas pelos pais da criança. As relações existentes entre os irmãos
mesmo tempo que se abranda o laço comunitário. Com o trabalho da mulher a extensão
dia, reconstitui-se apenas por breves momentos no final do dia. Para o pai e para a mãe
torna-se difícil exercerem as suas funções que exigem tempo material, paciência e
fora do centro familiar. Isto leva a uma célere conceção de ideias onde a ideologia da
favorecem um vazio relacional entre pais e filhos. Este vazio pode levar no limite, a que
Nestes casos a família parece tornar-se um simples local de reunião de pessoas. Talvez
este seja o principal motivo porque a função educadora da família está tão a dizimada.
modelos para a sua educação e evolução como seres humanos. No entanto, a família,
familiares: os pais têm uma função mais ativa na criação dos filhos, as mães estão mais
ausentes do lar devido á sua ingressão no mundo do trabalho e por consequência aos
compromissos profissionais, o número dos filhos é menor e o papel dos avós, que vivem
geralmente fora do domicílio familiar, adquire outra dimensão. Fruto de todas estas
onde as relações são muito intensas a nível emocional. Atualmente a instituição família
conjuntas «cada vez mais são os pais desempregados que se encarregam das tarefas
domésticas; esposas com mais idade e títulos académicos que os seus maridos, casais que
vivem em casas separadas…Trata-se apenas de meros referenciais mas por trás deles
vislumbra-se como necessária uma mudança de atitudes por parte da nossa sociedade, uma
rutura real com uma vasta série de preconceitos, uma abertura mental que resulte
diretamente num apoio aos novos padrões e estruturas familiares» (HORTON e HUNT, o.
c., p.20).
Se analisarmos este fator a nível emocional e afetivo, ele poderá proporcionar uma
relação afetiva mais intensa entre um bebé e as pessoas que cuidam dele. Neste contexto
de relação afetiva e ambiente familiar os pais tornam-se para a criança modelos desde os
primeiros meses de vida. Se assim for, é nos pilares desta relação que se vão construir as
Assim, se poderá explicar a preocupação constante dos pais em se esforçarem tanto por
conhecer bem os filhos de forma a conseguir que se estabeleça uma confiança mútua e
um clima familiar que favoreça o diálogo. Não obstante, este clima de confiança só
será possível se existir uma comunicação familiar onde se possa dialogar, discutir e
opinar abertamente, dentro das normas do respeito, sobre qualquer assunto. Todavia, é
do senso comum que este clima nem sempre acontece, e a realidade fica aquém deste
propósito. Por vezes os pais limitam as conversas com os filhos aos aspetos que mais os
amigos com quem se relacionam, entre outras preocupações que irão surgindo com o
ANTILLA, Lourdes; RENAU, Maria; MONTSERRAT, Moix; BAS, Joan – Como ser melhores pais. Circulo dos Leitores, S.A. 2002.
p. 14-26.
As especificidades dos processos de socialização da criança (criança vai até aos 18
anos)
interações sociais, que variam segundo o contexto sociocultural e histórico que estão
(pais, irmãos, avós, tios, primos, etc.), no interior da instituição escolar (interações entre
pares, entre crianças e professores, entre crianças e funcionários); nas quais a criança
adultos responsáveis por ela; e as interações entre pares, onde atividades como brincar,
Não obstante, é do conhecimento geral que há crianças que não frequentam a escola.
Muitas destas crianças trabalham, outras não vão à escola por falta de infraestruturas da
comunidade onde estão inscritas, ou, não têm família/adultos responsáveis e conscientes
que cuidem delas. Na sociedade atual estas crianças são consideradas, crianças que
vivem em condições adversas, ou seja, vivem uma infância privada de infância. Isto
leva-nos a poder dizer que as modalidades atrás referidas são formas de interação
privilegiar outras formas de interação nas suas experiências quotidianas. Neste aspeto,
na vida adulta ocorrem apenas no que concerne às formas de interagir, mas não no
próprio ato de interagir. Isto faz com que por um lado, os processos de socialização
infantil tenham uma especificidade, mas, por outro lado, define os seus limites, pois,
vistos numa perspetiva mais ampla, pode-se considerar que tanto adultos como crianças
série incontável de processos, por meio dos quais a criança aprende, compartilha, cria e
própria identidade, que se constrói em relação a esse mundo (conf. Berger e Luckmann,
(2004 pp.137-141)
1967 ver o meu livro). São processos que perpassam toda a infância de diversas
no mundo.
BERGER e LUCKMANN, avalizam que as crianças são socializadas por outros que
lhes são impostos, defendem que a criança vai filtrando o mundo social de forma a fazer
a sua própria socialização. É claro, que quer elas aceitem de forma positiva ou negativa,
os adultos que estão ao seu redor, estes são para elas referências de socialização
continua; alguns dos aspetos do mundo social serão “filtrados” por e para elas e
contribuirão para a formação das suas identidades. Porém, visto que os processos de
não são socializadas, mas socializam-se, assim como os adultos que, ao interagir entre si
ou com crianças, também se socializam; pois mesmo uma criança pequena é alguém que
trabalha as realidades interna e externa e, dessa forma, modela o seu próprio self, já que,
nessa perspetiva, a infância é concebida como uma fase que possui o mesmo peso que a
Entretanto, o interagir social com “o outro” é algo que carece ser desenvolvido. Mead
demonstra que as crianças pequenas não possuem o mesmo grau de perceção nas suas
interações com “o outro” como as crianças já mais crescidas. Isto é, a perceção que a
criança tem do “estar no mundo social” e de que para estar nele, é necessário participar
não foi dado antecipadamente. A forma pela qual essa perceção se desenvolve será o
próprio interagir, e uma das modalidades de interação infantil que contribui para esse
intuídos a dizer que as crianças interagem umas com as outras não necessariamente
porque pertencem a uma mesma geração, mas, porque são contemporâneas umas das
outras nas formas de interação em que participam. Quando lemos sobre conceito de
pares este não diz respeito necessariamente a crianças da mesma idade, mas a crianças
2005
características dos filhos. (ibid. p 492) Não obstante, a autora alerta para o fato que a
as socializações subsequentes para poderem ser bem sucedidas” (ALVES PINTO, o.c.
p.121)
É neste mundo de relação de afetos que a criança vai aprender e apreender dos outros
significativos, “o outro que a alimenta, o outro que lhe pega ao colo, o outro que a
repreende”, (pais, avós, irmãos mais velhos) as formas de ser de estar e de fazer, que
estes definiram do mundo. Nesta etapa, a criança “brinca” a copiar os papéis dos
desagrado que ela percebe nos “outros significativos” com o decorrer do processo de
socialização, a criança vai-se dando conta que as interações entre as pessoas do seu
universo se regem por regras que definem o que é certo/ errado, permitido/proibido.
de ter contacto com o outro concreto e passa a contactar o “outro” em geral, ou seja,
passa do sujeito concreto “ele não quer” para o sujeito generalizado “eles não querem”,
grupo social. Estes primeiros anos de formação são muito importantes na vida da
criança
socialização dos pais, pois são eles que facilitam a integração dos pais num novo
resultado de uma aprendizagem que se inicia quando esta é capaz, não só de distinguir
e a imagem que esse outro tem dela. (cfr SANTOS, 1969, p. 68).
Nos tempos atuais a família partilha cada vez mais a sua função como agente de
Nesta altura, a criança percebe que o seu mundo de interação não se reduz ao núcleo
familiar.
Aos poucos ela vai percebendo que o processo de interiorização de conceitos, valores e
símbolos é contínuo e se estende por toda a vida. Sempre que se deparar com um novo
contexto social com regras e valores diferentes terá que se adaptar, e de se socializar de
acordo com as normas simbólicas daquele grupo pois, “a socialização nunca é total
novas aprendizagens para a integração na sociedade evidencia que “as famílias por si só
socialização primária por mais completa e abrangente que tenha sido será sempre muito
com “os mundos exteriores”. Assim sendo, a interação de relações que a pessoa realiza
Pessoa.
Socialização secundária
políticos, sindicatos, universidades, etc.. Por esta razão, esta socialização é vista como
institucional em oposição à socialização primária. Podemos dizer que para a criança das
formação complexa da sua personalidade. (ibid). Este processo pode ser superficial no
sentido de não exigir profundas mudanças, mas, por outro lado, também pode comportar
grandes alterações na personalidade. A socialização secundária refere-se às dimensões
mesmo tempo em que o indivíduo se socializa com o novo, interioriza novos conceitos,
significados que acumula consigo. Esta troca enriquece e fortalece as relações entre
- Religião
VALORES
Evolução da criança objecto de estudo e como sujeito activo – os pais adaptam-se às
exigências da criança
23), por isso, a sociedade tem uma tarefa exigente e responsável no cuidado, trata, e
educa as crianças, pois disso depende a forma como estas irão desenvolver-se nos
Ao longo da história a criança não teve sempre o mesmo reconhecimento por parte da
sociedade. A criança tal como a vemos e a entendemos hoje, é algo historicamente
construído, ou seja é uma “criação” sócio cultural recente. (ver FONTE DE APOIO)
O conceito de infância dos dias actuais é totalmente diferente comparando com alguns
por parte dos adultos em relação à criança. Todavia esta evolução só são é percebida
tendo em conta a concepção e os sentimentos de relação que temos hoje do que é ser
mais frágeis e menos inteligentes. Até aí a importância atribuída à criança era de vir a
ser um contributo para o futuro. Esperava-se dela, os serviços que deveria prestar com o
seu trabalho, e mais tarde, a protecção que seria para os seus pais para além de ser o
era ser “filho de”, “neto de”, “pai de”, (ibid) FALTA PAGINA
maior parte do tempo no berço. A mortalidade infantil nesta época era elevada e
facto histórico da Declaração Universal dos Direitos do Homem não incluir referência
às crianças, mas apenas ter em conta os adultos. Só em 1959 a UNICEF aprova por
unanimidade a Declaração dos Direitos da Criança em que pela primeira vez, a criança
aparece já não apenas como objeto mas como sujeito do Direito Internacional
(RIBEIRO DIAS, (2009, pp 138-139). A partir desta data a mentalidade das
alavanca para desencadear o “progresso de civilização” pois adoptou uma nova ética
capaz de reconhecer “que é o modo como a sociedade protege e cuida das suas crianças
que se pode avaliar o seu grau de civilização e de humanidade. Porque é delas o futuro”
(ibid) PÁGINA
funcionários); as interações no interior da vida familiar (com pais, irmãos, primos, avós
etc.), nas quais a criança possui a posição de alguém que depende financeira e
emocionalmente dos adultos responsáveis por ela; e as interações entre pares (onde o
A forma como a pessoa se relaciona com os seus pares irá acompanhá-la ao longo de
Estabelecendo relações com o grupo social que a rodeia, a criança torna-se um ser
a pessoa internaliza as normas dos grupos em que vive, de modo que surja um “eu”
Na compreensão dos autores supracitados, este novo paradigma, tem como base a
mudança de uma perspectiva que enfatizava a lógica da reprodução social2 que
colocava as crianças no papel de destinatários das políticas educativas e das práticas
pedagógicas centradas nos adultos, para uma outra perspectiva, que considera a
categoria social infância como susceptível de ser analisada em si mesma, que interpreta
as crianças nas suas múltiplas relações simbólicas estabelecidas entre si e com os
adultos. É neste sentido que questiono: - Quais implicações esta perspectiva vem
delineando que podem nos fornecer subsídios para consolidarmos uma pedagogia que
venha de encontro com as especificidades da(s) infância/crianças?
De acordo com Sarmento & Pinto (1997) , a consideração das crianças como atores
sociais, e não como sujeitos incompletos ou como componentes acessórios ou meios da
sociedade dos adultos, implica o reconhecimento da capacidade de produção simbólica
por parte das criança e a constituição das suas manifestações, representações e crenças
em sistemas organizados, isto é, em culturas.
Desta forma, Sarmento & Pinto (1997) chamam a atenção, explicitando, que a
autonomia
Cultural das crianças é um tema envolto em algumas controvérsias, o debate não se
centra no fato, reconhecido, das crianças produzirem significações autónomas, mas em
saber se essas significações se estruturam e consolidam em culturas da infância. Os
autores alertam que, as culturas da infância possuem, antes de mais, dimensões
relacionais, constituem-se nas interações de pares e das crianças com os adultos,
estruturando-se nessas relações formas e conteúdos representacionais distintos, elas
exprimem a cultura societal em que se inserem, mas fazem-no de modo distinto das
culturas adultas, ao mesmo tempo que veiculam formas especificamente infantis de
inteligibilidade, representação e simbolização do mundo. Isto sugere vários argumentos,
face às ações das crianças, e permitem pensar que elas, dependem dos atributos
partilhados com o meio social e cultural que estão convivendo, eles é que vão fornecer,
os elementos que irão estruturar suas vidas sociais, capacitando as crianças à
construírem significados próprios e, contudo, habilitando-as à tornarem-se atores sociais
e culturais Neste sentido, a instituição educacional passa a ser entendida como espaço
privilegiado das sociabilidades humanas, espaço fértil das culturas como produção e
produto, como equilíbrio e conflito, como trama e textura do social.(Gusmão, 1999:8).
Por essa linha de pensamento, a creche é entendida como um “mundo social”, e as
crianças como atores sociais consumidores e produtores de culturas. Assim, conhecer as
construções culturais e sociais das crianças que frequentam essa instituição,
consideramos ser uma aventura
5.3 Honestidade
i
ii
iii