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quinta-feira, 4 de junho de 2009

O Estatismo está Morto


por Stefan Molyneux

O Matrix é uma das melhores metáforas já feitas. As


máquinas que foram inventadas para facilitar a vida humana acabam escravizando a
humanidade - este é o tema mais comum da ficção científica anti-utópica.

Por que este medo é tão universal – tão convincente? Será que é porque nós
realmente acreditamos que a nossa torradeira ou o nosso laptop vai acabar se
tornando o nosso soberano mecânico?

É claro que não.

Este não é um futuro que tememos, mas um passado que já estamos vivendo.

Supostamente, os governos foram inventados para tornar as nossas vidas mais fáceis
e seguras, mas os governos sempre acabam por escravizar a humanidade.

Aquilo que nós criamos para nos “servir”, acaba nos governando.

O governo dos Estados Unidos “do povo e para o povo”, agora aprisiona
milhões, toma metade da renda nacional pela força, regula excessivamente, pune,
tortura, massacra estrangeiros, invade países, subverte governos, impõe 700 bases
imperiais ao redor do mundo, infla a oferta monetária e esmaga as futuras gerações
com dívidas em massa.

Aquilo que nós criamos para nos “servir”, acaba nos governando.

O problema com a tese do “Estado servidor” é que ela é completamente


falsa, tanto empiricamente quanto logicamente.

A idéia que os Estados foram criados voluntariamente pelos cidadãos para aprimorar a
sua própria segurança é absolutamente falsa.

Antes dos governos, nos tempos tribais, os seres humanos podiam apenas produzir
aquilo que eles consumiam – não havia nenhuma produção excedente de comida ou
outros recursos. Desta forma, não havia sentindo em possuir escravos, já que o
escravo não podia produzir nenhum excedente que pudesse ser roubado pelo seu
mestre.

Se um cavalo puxando um arado só puder produzir a comida adicional necessária para


alimentar o próprio cavalo, não haverá sentido em caçar, capturar e adestrar um
cavalo.

No entanto, quando os aprimoramentos agrícolas permitiram a criação de um


excedente de colheita, de repente se tornou extremamente vantajoso possuir seres
humanos.

Quando as vacas começaram a prover um excedente de leite e carne, possuir vacas


começou a valer a pena.

Os primeiros governos e impérios foram na verdade uma classe dominante de

caçadores de escravos, os quais entenderam que pelo fato de os


seres humanos conseguirem produzir mais do que aquilo que eles consumiam, valia a
pena caçá-los, capturá-los, adestrá-los – e possuí-los.

Os mais remotos impérios Egípcios e Chineses eram na


verdade criações de humanos, onde as pessoas eram caçadas, capturadas,
domesticadas e possuídas como quaisquer outras formas de gado. Devido aos
aprimoramentos tecnológicos e metodológicos, os escravos produziram tantos
excedentes que o trabalho envolvido em capturá-los e mantê-los representou apenas
uma parcela pequena na sua produção total. A classe dominante – os fazendeiros –
guardava boa parte deste excedente, enquanto distribuía presentes e pagamentos à
classe opressora – a polícia, os caçadores de escravo e sadistas em geral – e à classe
propagandista – os padres, intelectuais e artistas.

A situação continuou por milhares de anos, até os séculos 16


e 17, quando novamente os aprimoramentos na organização da agriculta e da
tecnologia criaram a segunda onda de produtividade. O movimento delimitado
reorganizou e consolidou a fazenda, resultando de 5 a 10 vezes mais colheitas, criando
uma nova classe de trabalhadores industriais distribuídos no país e aconchegados nas
novas cidades.

Este enorme excedente agrícola foi a base do capital que guiou a revolução industrial.

A revolução industrial não surgiu porque a classe dominante queria libertar os seus
servos, mas porque ela se deu conta de como as “liberdades” adicionais podiam fazer
seu gado aterradoramente mais produtivo.

Quando as vacas são colocadas em estábulos muito


confinados, elas batem suas cabeças contra as paredes, resultando em ferimentos e
infecções. Desta forma os fazendeiros dão a elas mais espaço – não porque eles
querem libertar suas vacas, mas porque eles querem maior produtividade e menores
custos.

A próxima parada depois da “pecuária extensiva” não é a “liberdade”.

A ascensão do capitalismo de Estado do século 19 foi na verdade a ascensão da


“servidão de pecuária extensiva”.

As liberdades adicionais foram garantidas ao gado humano não com o objetivo de


libertá-los, mas com o objetivo de aumentar a sua produtividade.

É claro que, intelectuais, artistas e padres eram – e são – bem pagos para esconder
esta realidade.

O grande problema com a posse do gado humano moderno é o desafio do


“entusiasmo”.

O capitalismo de Estado funciona apenas quando o espírito empreendedor guia a


criatividade e a produtividade na economia.

No entanto, o excesso de produtividade sempre cria um Estado maior e incha as


classes dominantes e seus dependentes, corroendo a motivação para produções
adicionais. Os impostos e as regulações crescem, as dívidas do Estado (explorações
agrícolas futuras) aumentam e os padrões de vida se tornam mais lentos e decaem.
A depressão e o desespero começam a se espalhar à medida que a realidade de ser
possuído se manifesta na população geral.

A solução para isto é mais propaganda, medicamentos antidepressivos, superstição,


guerras, campanhas morais de todos os tipos, a criação de “inimigos”, a pregação do
patriotismo, dos medos coletivos, da paranóia sobre os “intrusos” e imigrantes, e
assim por diante.

É essencial entender a realidade do mundo.

Quando você olha para um mapa do mundo, você não está olhando para países, mas
para fazendas.

A você são permitidas certas liberdades – propriedade


privada limitada, direitos de movimento, liberdade de associação e ocupação – não
porque o seu governo aprova estes direitos em princípio – visto que ele os viola – mas
porque o “gado de pecuária extensiva” é muito mais barato de possuir e muito mais
produtivo.

É importante entender a realidade das ideologias.

Capitalismo de Estado, socialismo, comunismo, fascismo, democracia – estas são todas


abordagens do gerenciamento de gado.

Algumas funcionam por longos períodos – capitalismo de Estado – e algumas


funcionam muito mal – comunismo.

Todas elas fracassam eventualmente, porque é imoral e irracional tratar seres


humanos como gado.

O recente crescimento da “liberdade” na China, Índia e Ásia está ocorrendo porque os


fazendeiros do Estado atualizaram suas práticas de gerenciamento de gado. Eles
reconheceram que colocar as vacas em estábulos maiores dá aos governantes mais
leite e carne.

Os governantes também reconheceram que se eles te impedirem de fugir da fazenda,


você ficará deprimido, inapto e improdutivo. Um servo é mais produtivo quando ele
imagina que é livre. Desta forma, os governantes devem te fornecer a ilusão de
liberdade para te ordenhar com maior eficiência.
Então eles te “permitem” partir – mas nunca para a liberdade real, apenas
para outra fazenda, porque o mundo inteiro é uma fazenda. Eles vão te impedir de
levar muito dinheiro, eles vão te enterrar em uma papelada inacabável, eles vão
restringir seu direito de trabalhar – mas você é “livre” para partir. Por causa destas
dificuldades, pouquíssimas pessoas partem, mas a ilusão da mobilidade é mantida. Se
somente 1 a cada 1000 vacas escapam, mas a ilusão da fuga aumenta
significativamente a produtividade das 999 restantes, sobra um ganho líquido para o
fazendeiro.

Você também é mantido na fazendo através do licenciamento. O gado mais produtivo


são os profissionais, então os governantes os fornecem uma coleira eletrônica
chamada “licença”, a qual só permite a eles praticarem o seu comércio na sua própria
fazenda.

Para criar uma ilusão de liberdade adicional, em certas fazendas o gado é permitido de
escolher dentre alguns fazendeiros que os investidores apresentam. Na melhor das
hipóteses, a eles são dadas escolhas pequenas sobre como eles são gerenciados. A
eles nunca é dada a escolha de fechar a fazenda e ser realmente livre.

As escolas dos governos são cercamentos para a lavagem cerebral do gado. Eles
treinam as crianças a “amarem” a fazenda e temerem a verdadeira liberdade e
independência, eles atacam qualquer um que questione a realidade brutal da posse de
humanos. Além do mais, eles criam trabalhos para os intelectuais, com os quais a
propaganda do Estado conta tanto.

As ridículas contradições do Estatismo – assim como a religião – pode apenas ser


sustentada através de uma infinidade de propaganda infiltrada na mente de crianças
indefesas.

A idéia de que a democracia e algum tipo de “contrato social” justificam o exercício


bruto da força violenta sob bilhões é evidentemente ridícula.

Se você disser a um escravo que seus ancestrais “escolheram” a escravidão, e desta


forma ele está amarrado às suas decisões, ele irá simplesmente dizer:

“Se a escravidão é uma escolha, então eu escolho não ser um escravo”.

Esta é a declaração mais amedrontadora para a classe dominante, por isso eles
treinam seus escravos para atacar qualquer um que ouse falar isto.

O estatismo não é uma filosofia.

O estatismo não se originou da evidência histórica e de princípios racionais.

O estatismo é uma justificação ex post facto para a posse de humanos.

O estatismo é uma desculpa para a violência.

O estatismo é uma ideologia, e todas as ideologias são variações de práticas de


gerenciamento de gado.

A religião é uma superstição intermediada, projetada para drogar crianças com medos
que elas irão pagar eternamente para serem “suavizados”.

O nacionalismo é uma inveja cega intermediada, projetada para provocar uma


Síndrome de Estocolmo no gado.

O oposto de superstição não é outra superstição, mas a verdade.

O oposto de ideologia não é outra ideologia, mas evidência clara e princípios racionais.

O oposto de superstição e ideologia – do estatismo – é a filosofia.

A razão e a coragem irá nos libertar.

Você não precisa ser um gado.

Tome a pílula vermelha.

Acorde.
Postado por Eric P. Duarte às 18:11
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Marcadores: economia, escravidão, estatismo, filosofia, liberdade, libertarismo, política, tirania

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