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FACULDADE DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA

ENGENHARIA AMBIENTAL
BRUNA DE SOUZA SILVA MARINS

CONSEQUÊNCIAS SOCIOAMBIENTAIS DO
ROMPIMENTO DA BARRAGEM DO FUNDÃO EM
MARIANA - MG

Salvador
2017
BRUNA DE SOUZA SILVA MARINS

CONSEQUÊNCIAS SOCIOAMBIENTAIS DO
ROMPIMENTO DA BARRAGEM DO FUNDÃO EM
MARIANA - MG

Trabalho de conclusão de curso apresentado


ao colegiado do curso de Engenharia Ambi-
ental da Faculdade de Ciência e Tecnologia –
ÁREA1 como requisito parcial para obtenção
do título de Bacharel em Engenharia Ambi-
ental.

Orientador: Profo . Salomão José Cohim Pi-


nho, M.Sc.

Salvador
2017
M294c Marins, Bruna de Souza Silva
Consequências Socioambientais do Rompimento da Barragem do Fundão em
Mariana - MG / Bruna de Souza Silva Marins. Salvador: BSSMARINS, 2017

58 p. : il.(alguma color.).

Monografia (Graduação) – Faculdade de Ciência e Tecnologia – ÁREA1, 2017.

Orientador: Profo . Salomão José Cohim Pinho.

1. Impactos ambientais 2. Poluição 3. Crime contra o meio ambiente I.


Pinho, Profo . Salomão José Cohim II. Título

CDU 628
BRUNA DE SOUZA SILVA MARINS

CONSEQUÊNCIAS SOCIOAMBIENTAIS DO
ROMPIMENTO DA BARRAGEM DO FUNDÃO EM
MARIANA - MG

Trabalho de conclusão de curso apresentado


ao colegiado do curso de Engenharia Ambi-
ental da Faculdade de Ciência e Tecnologia –
ÁREA1 como requisito parcial para obtenção
do título de Bacharel em Engenharia Ambi-
ental.

Profo . Salomão José Cohim Pinho,


M.Sc.
Orientador(a)

Angela Cristina Andrade Costa, Dra.


Avaliador(a) 1

Marco Ântonio Freire Ramos, M.Sc.


Avaliador(a) 2

02 de dezembro de 2017
Nota de estilo

Esta monografia foi elaborada considerando as normas de estilo (i.e. estéticas e estruturais)
propostas aprovadas em reunião com o Coordenador Operacional Acadêmico (COA),
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Francisco, California 94105, USA.
AGRADECIMENTOS

A Deus por ter me dado saúde, força e sabedoria para concluir o trabalho.
Ao meu esposo Leandro Marins, por acreditar na minha capacidade em todo o período,
incentivando e colaborando diretamente nessa caminhada. Aos meu filhos Davi e Miguel,
por toda a alegria em poder proporcioná-los um caminho a seguir futuramente.
A minha família por toda dedicação e paciência, em especial minha mãe Luci Andrade,
meu exemplo.
Aos amigos que conquistei ao longo da graduação e se tornaram amigos para toda vida.
Agradeço aos meus professores, em especial ao meu orientador Salomão José Cohim Pinho.
Agradeço também a instituição Área 1- Faculdade de Ciências e Tecnologia, por fornecer
as ferramentas que permitiram chegar a concretização desse ciclo com satisfação.
RESUMO

O rompimento da barragem de Fundão, localizada no município de Mariana (MG), trouxe


ao conhecimento da população o que vem ocorrendo desde que a intensificação da extração
de minérios se iniciou. Com uma legislação específica recente e precária estrutura de
fiscalização, muitas barragens ainda não se adequaram ao modelo de segurança exigido,
e colocam em risco as comunidades que vivem e se sustentam do manancial utilizado
para conter os rejeitos da extração de minérios, causando grandes impactos negativos nas
regiões diretamente afetadas e nos seus entornos. Considerado pela Agência Brasil o maior
desastre socioambiental do país no setor de mineração, o objeto do presente estudo, o
caso do rompimento da barragem do Fundão, da mineradora Samarco, que ocorreu em 5
de novembro de 2015, em Mariana (MG), ocasionou um “tsunami” de lama que lançou
milhões de metros cúbicos de rejeitos no meio ambiente. E deixou um rastro de destruição
por onde passou com a lama de rejeitos que se uniu a rochas e galhadas aumentando sua
força de destruição, percorrendo o rio Gualaxo do Norte, o rio do Carmo e o rio Doce
até atingir o oceano atlântico, no litoral do estado do Espírito Santo. Outros casos de
ruptura de barragem com acidentes de menores proporções foram registrados no país
principalmente na área denominada “Quadrilátero Ferrífero”, localizada no estado de
Minas Gerais.
Palavras-chaves: Barragem de rejeitos. Segurança de barragens. Ruptura de barragem
de rejeitos. Cidade de Mariana – MG. Impactos socioambientais.
ABSTRACT

The disruption of the Fundão dam, located in the municipality of Mariana (MG), has
brought to the knowledge of the population what has been occurring since the intensification
of ore extraction began. With a recent specific legislation and precarious supervision
structure, many dams have not yet adapted to the required safety model, and put at risk
the communities living and sustained from the used springs to contain the rejects of ore
extraction, Causing large negative impacts in the regions directly affected and in their
surroundings. Considered by the Brazil agency the largest socio-environmental disaster
in the mining sector, the object of this study, the case of the rupture of the dam of the
Fund, of the mining company Samarco, which occurred on 5 November 2015, In Mariana
(MG), it caused a mud tsunami that launched millions of cubic meters of rejects in the
environment. And left a trail of destruction by which he went through with the mud of
rejects that joined rocks and antlers by increasing his destructive force, through the river
Gualaxo do Norte, Rio do Carmo and Rio Doce until reaching the Atlantic Ocean, on
the coastline of the state of Espírito Santo. Other cases of dam rupture with accidents of
minor proportions were recorded in the country primarily in the area called “Quad Iron
Quadrangle”, located in the state of Minas Gerais.
Key-words: Tailings dam. Dam safety. Tailings dam rupture. City of Mariana - MG.
Socioenvironmental impacts.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Barragens cadastradas no DNPM e as barragens inseridas e não inseridas


no PNSB. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
Figura 2 – Barragem de mineração no PNSB por categoria de risco. . . . . . . . . 22
Figura 3 – Barragem de mineração no PNSB por dano potencial associado. . . . . 22
Figura 4 – As etapas da produção da empresa Samarco. . . . . . . . . . . . . . . . 28
Figura 5 – Pelotas de minério ferro, produto principal da empresa Samarco. . . . . 29
Figura 6 – Complexo minerário da Samarco. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
Figura 7 – Imagem aérea da Barragem de Fundão, em Mariana - Minas Gerais. . . 30
Figura 8 – Igreja de São Bento, Padroeira de Bento Rodrigues, subdistrito de
Mariana - MG. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
Figura 9 – Mapa apresenta a localização de Mariana – MG. . . . . . . . . . . . . . 33
Figura 10 – Apresenta o gráfico do peso da atividade econômica pela arrecadação
em Mariana. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
Figura 11 – Localização da área de extração de minério, da barragem de rejeitos e
do vilarejo de Bento Rodrigues em Mariana MG. . . . . . . . . . . . . 35
Figura 12 – Fluxograma de possíveis causas do rompimento da Barragem do Fundão,
baseado em inquérito da Polícia Civil e dados da pesquisa realizada
pelo grupo PoEMAS - Grupo Política, Economia, Mineração, Ambiente
e Sociedade. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
Figura 13 – A imagem mostra a barragem de Fundão após seu rompimento. . . . . 37
Figura 14 – Bento Rodrigues antes e depois do rompimento da barragem. . . . . . 37
Figura 15 – Distrito de Bento Rodrigues antes de ser devastado pela lama da barragem. 38
Figura 16 – Distrito de Bento Rodrigues após de ser devastado pela lama da barragem. 38
Figura 17 – Ruas impactadas em Bento Rodrigues, Mariana. . . . . . . . . . . . . . 39
Figura 18 – Encontro do Rio Gualaxo do Norte contendo lama de rejeitos com Rio
do Carmo à esquerda. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
Figura 19 – Área da zona rural de Mariana após ser destruída pela lama (MG). . . 41
Figura 20 – Imagem do impacto à ictiofauna, com a mortandade das diversas espécies
de peixes existentes no rio poluído pela lama de rejeitos. . . . . . . . . 42
Figura 21 – Quadro com os efeitos do desastre em Bento Rodrigues – Mariana. . . 44
Figura 22 – Infestação de animais peçonhentos em Bento Rodrigues-Mariana, após
o desastre. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
Figura 23 – Propriedade atingida pela lama em zona rural de Bento Rodrigues,
Mariana. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46
Figura 24 – Acompanhamento das ações de recuperação vegetal de Bento Rodrigues,
Mariana. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48
Figura 25 – Alternativa de tratamento do Rio Gualaxo do Norte através de Diques
galgáveis e filtrantes. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
Figura 26 – Alternativa de tratamento do Rio Gualaxo do Norte por flotação. . . . 49
Figura 27 – Método sediment trap – armadilha de sedimentos, usado para conter os
rejeitos provenientes do rompimento da Barragem de Mount Polley no
Canadá. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Rompimento de barragens e danos no Estado de Minas Gerais. . . . . 23


Tabela 2 – Características Principais da Barragem do Fundão. . . . . . . . . . . . 31
Tabela 3 – Matriz de impacto ambiental da Barragem de Rejeitos da Samarco. . . 31
Tabela 4 – Dados Gerais de Mariana – MG. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
Tabela 5 – Ações da Fundação Renova. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

AGERH Agência Estadual de Recursos Hídricos

ANA Agência Nacional de Águas

CENAD Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e Desastres.

CETEM Centro de Tecnologia Mineral.

CNB Cadastro Nacional de Barragens

CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente

CTF Cadastro Técnico Federal

DNPM Departamento Nacional de Produção Mineral

EMBRAPA Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária

IBAMA Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renová-


veis

IDAF Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal do Espírito Santo

IEF Instituto Estadual de Florestas

MPF Ministério Público Federal

MPMG Ministério Público do Estado de Minas Gerais

ODS Objetivos do Desenvolvimento Sustentável

ONU Organização das Nações Unidas

PAE Plano de Ação de Emergência

PNRH Política Nacional de Recursos Hídricos

PNSB Plano Nacional de Segurança de Barragens

RRAPP Relatório Anual de Atividades Potencialmente Poluidoras e Utilizadoras


de Recursos Ambientais

SEDEC Secretaria Nacional de Defesa Civil


SINDEC Sistema Nacional de Defesa Civil

TTAC Termo de Transação de Ajustamento de Conduta


SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
1.1 Problema . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
1.2 Justificativa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
1.3 Objetivos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
1.3.1 Geral . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
1.3.2 Específicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
1.4 Metodologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
1.5 Estrutura da monografia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17

2 PRESSUPOSTOS TEÓRICOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
2.1 Utilização de Barragens para fins de Mineração . . . . . . . . . . . . 18
2.1.1 Barragem de Rejeitos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
2.1.2 Segurança em Barragem de Rejeitos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
2.2 Impacto Ambiental Negativo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
2.2.1 Crime Ambiental . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
2.2.2 Dano Ambiental . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
2.2.3 Impacto Socioambiental . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
2.2.4 Impacto Econômico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26

3 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS . . . . . . . . . . . . 28


3.1 A Samarco S/A . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
3.2 Barragem do Fundão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
3.3 Breve Histórico de Mariana (MG) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
3.4 O Rompimento da Barragem de Fundão . . . . . . . . . . . . . . . . 35
3.4.1 Danos aos Compartimentos Ambientais na Cidade de Mariana - MG . . . . 39
3.4.2 Impactos Socioeconômicos na Cidade de Mariana – MG . . . . . . . . . . 43
3.4.3 Impactos Socioambientais na Cidade de Mariana – MG . . . . . . . . . . . 43
3.5 Medidas de Minimização do Impacto Socioambiental . . . . . . . . . 46

4 CONCLUSÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
4.1 Sugestões de Futuros Trabalhos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52

REFERÊNCIAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
15

1 INTRODUÇÃO

De acordo com o Ministério de Minas e Energia, a história da mineração brasileira mostra


vários fatos marcantes, com destaque para mudanças na regulação e planejamento do setor
e alterações nas instituições de governo, sempre repercutindo o momento econômico do
País, com impactos significativos no desenvolvimento das atividades do setor mineral.
Farias (2002), descrevendo a história do Brasil, relata a sua relação com a busca e o
aproveitamento dos seus recursos minerais, que sempre contribuíram com importantes
insumos para a economia nacional, fazendo parte da ocupação territorial e da história
nacional.
A mineração é um dos setores básicos da economia do país, contribuindo de forma decisiva
para o bem estar e a melhoria da qualidade de vida das presentes e futuras gerações, sendo
fundamental para o desenvolvimento de uma sociedade equânime, desde que seja operada
com responsabilidade social, estando sempre presentes os preceitos do desenvolvimento
sustentável (FARIAS, 2002).
A demanda pela commoditie de mineração e a disponibilidade do recurso no estado de
Minas Gerais atraíram diversas empresas mineradoras, e diante desse quadro de crescimento,
a atividade mineradora se tornou a base econômica do estado. Em paralelo ao crescimento
econômico, ocorre também o crescimento dos registros de acidentes envolvendo barragens
de rejeitos de minério, com graves repercussões sociais e ambientais dos acidentes de grande
magnitude. O presente trabalho discute a gestão da barragem de rejeito de mineração com
o objetivo de apresentar as consequência da maior tragédia ambiental, bem como, relatar
as ações realizadas para mitigar os impactos socioambientais causados pelo rompimento
da barragem do Fundão – MG e propor medidas para minimizar as consequências sociais.

1.1 PROBLEMA
Quais os possíveis impactos socioambientais, identificados no distrito de Mariana (MG),
podem ser atribuídos rompimento da barragem de Fundão?

1.2 JUSTIFICATIVA
Os impactos causados pelo rompimento da barragem de Fundão (MG), afetaram direta-
mente as comunidades ribeirinhas pertencentes ao distrito de Mariana, deixando um legado
de destruição com modificações importantes e consequências significativas, principalmente
na questão dos impactos socioambientais de curto, médio e longo prazo, resultando na
Capítulo 1. Introdução 16

devastação de toda a infraestrutura da comunidade e ainda perda de vidas humanas, fauna


e áreas naturais, água dos rios, áreas de solos férteis e flora.
Com grande repercussão nacional e internacional, logo após a tragédia ocorrida em Mariana
(MG), os diversos órgãos como Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos
Naturais Renováveis - IBAMA, Ministério Público Federal - MPF, Ministério Público de
Minas Gerais – MPMG, entre outros, iniciaram as investigações em busca de respostas
sobre os motivos, as circunstâncias e os efeitos da tragédia, com ênfase na busca dos
culpados pelo acidente. Diante do impasse na busca pelos culpados, após 2 anos do
acidente, a população atingida continua em sua maioria sofrendo com os impactos sociais
resultantes da tragédia.

1.3 OBJETIVOS
1.3.1 GERAL
Analisar as consequências socioambientais causadas pelo rompimento da barragem Fundão,
que pertencia a mineradora Samarco S/A, localizada no subdistrito Bento Rodrigues, em
Mariana (MG).

1.3.2 ESPECÍFICOS

∙ Levantar informações referentes às condições socioambientais anterior e posterior ao


acidente;

∙ Relatar as consequências sociais das pessoas diretamente afetadas pelo rompimento


da barragem Fundão;

∙ Sugerir medidas para melhoria da qualidade de vida da comunidade afetada com


o rompimento da barragem, para minimizar as consequências sociais da população
diretamente afetada;

∙ Identificar os possíveis impactos relacionados ao desastre.

1.4 METODOLOGIA
Este estudo teve como base de dados a revisão bibliográfica, com auxílio de sites de
pesquisas como Scielo, google acadêmico e acervo bibliográfico da Faculdade Área 1,
através de informações de livros, artigos científicos, reportagens, entrevistas e laudos
técnicos de órgãos públicos e privados, para a mobilização de conceitos teóricos necessários
a construção da metodologia e as interpretações com a finalidade de reflexão sobre as
condições socioambientais do distrito de Mariana.
Capítulo 1. Introdução 17

De acordo com o conceito proposto por Trentini e Paim (1999 apud ECHER, 2001), “a
seleção criteriosa de uma revisão de literatura pertinente ao problema significa familiarizar-
se com textos e, por eles, reconhecer os autores e o que eles estudaram anteriormente sobre
o problema a ser estudado”.

1.5 ESTRUTURA DA MONOGRAFIA


No capítulo 1 foi apresentada a introdução do tema, o problema relacionado ao assunto,
justificativa, objetivos e a metodologia aplicada no desenvolvimento do trabalho.
O capítulo 2 aborda informações relevantes de conceitos teóricos da utilização de Barragem
de Rejeitos, e os fatores que estão envolvidos nessa prática.
No capítulo 3 foram apresentadas as características da área de estudo, indicando a
localização, descrevendo os fatos relacionados ao tema, mediante a apresentação de dados
de causas e efeitos.
O capítulo 4 é destinado às considerações finais e às conclusões tiradas pela observação de
dados obtidos, bem como a sugestões práticas que visam melhorias da qualidade de vida.
18

2 PRESSUPOSTOS TEÓRICOS

2.1 UTILIZAÇÃO DE BARRAGENS PARA FINS DE MINERA-


ÇÃO
2.1.1 BARRAGEM DE REJEITOS
Rejeitos são resíduos sólidos resultantes das operações de beneficiamento e metalurgia
extrativa. Uma vez que estas implicam em fragmentação e classificação do minério, os
rejeitos apresentam distribuição granulométrica pouco dispersa e usualmente mais fina
que os estéreis. São frequentemente depositados em áreas confinadas (barragens ou bacias)
dotadas de estruturas de contenção (CETEM, 2014).
De acordo com a NBR 13028 (ABNT, 2006), que trata sobre Elaboração e apresentação
de projeto de disposição de rejeitos de beneficiamento, em barramento de mineração, as
seguintes definições são adotadas:

3.5 Barragem Barramento que intercepta cursos d’água perenes.

3.6 Barramento Estrutura de formação de um reservatório para disposi-


ção de rejeitos.

3.7 Desativação do sistema de disposição de rejeitos: Fase na qual o


barramento não é utilizado para novas disposições, seja por esgotamento
de sua capacidade ou por motivos outros, permanecendo os compromissos
de manutenção e controle sobre o sistema.

3.9 Efluente do sistema de disposição de rejeitos: Fração líquida que re-


torna ao meio ambiente por via superficial e/ou subterrânea, após passar
pelo sistema.

3.11 Mineral-minério: Espécie de mineral do qual podem-se extrair eco-


nomicamente metais ou substâncias minerais.

3.12 Minério: Agregado de mineral-minério e ganga que, no estado atual


da técnica, pode ser normalmente utilizado para extração econômica de
um ou mais metais.

3.13 Rejeito de beneficiamento de minério: Fração gerada no processo


de tratamento de minérios, que contém maior proporção de ganga ou
minerais de valor secundário em relação aos demais produtos obtidos
numa dada operação. (ABNT, 2006).

Ainda de acordo com a Resolução no 23/96, que classifica rejeitos perigosos, são considerados
rejeitos de classe III - os resíduos inertes (são aqueles que, quando submetidos a teste de
Capítulo 2. Pressupostos teóricos 19

solubilização, conforme NBR 10.006, não tiverem nenhum de seus constituintes solubilizados
em concentrações superiores aos padrões especificados no Anexo 3).
Para Galo (2017), barragens de rejeitos são caracterizadas como estruturas projetadas e
construídas para disposição e armazenamento adequados dos rejeitos oriundos do processo
de beneficiamento de minérios.
Segundo Lozano (2006), barragens de rejeitos são estruturas que têm a finalidade de reter
os resíduos sólidos e água dos processos de beneficiamento de minério. Seu planejamento
inicia com a procura do local para implantação, etapa na qual se deve vincular todo tipo
de variáveis que direta ou indiretamente influenciam a obra: características geológicas,
hidrológicas, topográficas, geotécnicas, ambientais, sociais, avaliação de riscos, entre outras.
Uma barragem de rejeito é uma estrutura de terra construída para armazenar resíduos de
mineração, os quais são definidos como a fração estéril produzida pelo beneficiamento de
minérios, em um processo mecânico e/ou químico que divide o mineral bruto em concentrado
e rejeito. O rejeito é um material que não possui maior valor econômico, mas para
salvaguardas ambientais deve ser devidamente armazenado. As características dos rejeitos
variam de acordo com tipo de mineral e de seu tratamento em planta (beneficiamento)
(MATURANO, 2012).
Duarte (2008), mineração é um complexo de atividades necessárias à extração econômica de
bens minerais da crosta terrestre, provocando transformações no meio ambiente, através de
atividades de lavra e processo. A lavra constitui-se no conjunto de atividades coordenadas
que extraem um bem mineral, objetivando o seu aproveitamento industrial ou uso direto.
Os processos de mineração (tratamentos) envolvem separações físicas e químicas para
obtenção da substância mineral de interesse.
Para Vianna (2015), as barragens exercem um importante papel social econômico, mas
também têm potencial para causar diversos impactos negativos, principalmente quando
não são devidamente planejadas, projetadas, construídas, operadas ou mantidas. Além dos
impactos inerentes à construção destes empreendimentos, deve - se considerar também o
risco que estas estruturas impõem, principalmente para o vale de jusante, em decorrência
da possibilidade de ruptura da barragem.
Ainda de acordo com o Instituto Brasileiro de Mineração – IBRAM (2016), nos últimos
anos, houve um grande crescimento nas atividades de mineração em razão do aumento
na demanda por insumos minerais, refletindo por consequência na geração de resíduos
da mineração. E sabendo-se que a geração de resíduos faz parte de qualquer processo de
produção, é de fundamental importância gerenciar e fornecer uma destinação correta a
esses resíduos (IBRAM, 2016).
Na Figura 1, o gráfico apresenta o total de barragens do país cadastradas no DNPM e as
barragens isneridas e não inseridas no PNSB – Plano Nacional de Segurança de Barragens.
Capítulo 2. Pressupostos teóricos 20

Figura 1 – Barragens cadastradas no DNPM e as barragens inseridas e não inseridas no


PNSB.

Fonte: DNPM, 2016.

2.1.2 SEGURANÇA EM BARRAGEM DE REJEITOS


Para Vianna (2015), as barragens exercem um importante papel social e econômico, mas
também têm potencial para causar diversos impactos negativos, principalmente quando
não são devidamente planejadas, projetadas, construídas, operadas ou mantidas. Além dos
impactos inerentes à construção destes empreendimentos, deve-se considerar também o
risco que estas estruturas impõem, principalmente para o vale de jusante, em decorrência
da possibilidade de ruptura da barragem.
A Política Nacional de Segurança de Barragens é estabelecida pela Lei no 12.334/2010
(BRASIL, 2010). A segurança de barragens é a condição que visa manter a sua integridade
estrutural e operacional da barragem e a preservação da vida, da saúde, da propriedade e
do meio ambiente.
De acordo com a 12.334/2010, a segurança da barragem é responsabilidade do empreen-
dedor, e a responsabilidade pela fiscalização da segurança das barragens é dividida, de
acordo com a finalidade da barragem. A saber:

ii) Barragens para contenção de rejeitos minerais: Departamento Nacio-


nal de Produção Mineral – DNPM;

De acordo com a Lei 10.165 de 2000 (BRASIL,2010), é de responsabilidade do IBAMA


cobrar o cadastramento daqueles que possuem barragens em seus empreendimentos, e que
são obrigados a se registrarem no Cadastro Técnico Federal (CTF). Os empreendimentos
que possuem barragens, sejam de água, sejam para retenção de resíduos/rejeitos, devem
Capítulo 2. Pressupostos teóricos 21

obrigatoriamente preencher o Relatório Anual para Barragens, em específico as pessoas


físicas e/ou jurídicas que exercerem atividade Relatório Anual de Atividades Potencialmente
Poluidoras e Utilizadoras de Recursos Ambientais - RAPP sujeita à Taxa de Controle de
Fiscalização Ambiental (TCFA) e que possuam barragens.
São informações fornecidas no relatório RAPP: volume do barramento, tipo do produ-
to/resíduo poluente nela armazenado, existência de Plano de Ação de Emergência - PAE
no âmbito do seu respectivo licenciamento ambiental, bem como se houve algum tipo de
monitoramento de sua segurança naquele período.
Segundo Oliveira (2010), a ANA – Agência Nacional de Águas é o órgão federal responsável
pela implementação da PNRH – Política Nacional de Recursos Hídricos. O Ministério da
Integração Nacional possui a competência de estabelecer diretrizes sobre a Defesa Civil e,
desde 2004, vem trabalhando na questão do CNB – Cadastro Nacional de Barragens, por
meio da Secretaria de Infra-Estrutura Hídrica, onde um grupo foi formado com o objetivo
de identificar riscos e minimizar acidentes envolvendo as barragens brasileiras. A SEDEC
– Secretaria Nacional de Defesa Civil é responsável pela coordenação das ações da Defesa
Civil. O SINDEC – Sistema Nacional de Defesa Civil, criado em 1997, articula os três
níveis do Governo (Legislativo, Executivo e Judiciário) com o fim de planejar e promover
a defesa permanente contra os desastres naturais, antropogênicos e mistos no País, e é
um órgão acima das coordenadorias estaduais e municipais da Defesa Civil (ALMEIDA
FRANCO, 2008).
Para Vianna (2015), um dos pilares da gestão voltada para o risco é o Plano de Ação de
Emergência - PAE. Partindo do princípio que a segurança absoluta não pode ser garantida
e existe o risco de ruptura da barragem, o PAE visa estabelecer um conjunto de ações de
resposta para atuação em situações críticas, a fim de evitar a ocorrência de acidentes ou
minimizar suas consequências.
A Figura 2 apresenta o gráfico com a relação das Barragens de mineração inseridas no
PNSB – Plano Nacional de Segurança de Barragens por categoria de risco.
Capítulo 2. Pressupostos teóricos 22

Figura 2 – Barragem de mineração no PNSB por categoria de risco.

Fonte: DNPM, 2016.

A Figura 3 apresenta o gráfico com a relação das Barragens de mineração inseridas no


PNSB – Plano Nacional de Segurança de Barragens por dano potencial associado.

Figura 3 – Barragem de mineração no PNSB por dano potencial associado.

Fonte: DNPM, 2016.

A Tabela 1 apresenta o registro de rompimentos de barragens e danos no Estado de


Minas Gerais.
Capítulo 2. Pressupostos teóricos 23

Tabela 1 – Rompimento de barragens e danos no Estado de Minas Gerais.


1986 Mina de Fernandinho - Grupo Itaminas. Itabirito (MG).
2001 Barragem da Mineração Rio Verde – Nova Lima (MG).
2002 Barragem Forquinha II – Grupo Vale. Ouro Preto (MG).
2003 Reservatórios da Indústria cataguases de Papel Ltda. Cataguases (MG).
2007 Barragem de São Francisco - Mineradora Rio Pomba. Cataguases (MG).
2014 Barragem da mineradora Herculano - Itabirito (MG).
2015 Barragem de Fundão - Mineradora SAMARCO. Mariana (MG).
Fonte: ANA, 2016.

2.2 IMPACTO AMBIENTAL NEGATIVO


Segundo a resolução CONAMA 001/86, Artigo 1o , considera – se impacto ambiental
negativo qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente,
causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas que,
direta ou indiretamente, afetam:

I – a saúde, a segurança e o bem-estar da população;

II – as atividades sociais e econômicas;

III – a biota;

IV – as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente;

V – a qualidade dos recursos ambientais.

Para Silva (2007), as atividades provenientes da mineração exercem grande impacto


ambiental, pois altera intensamente a área minerada e todas as áreas vizinhas, onde são
feitos os depósitos de estéril e de rejeito. Outro ponto, ainda mencionado por Silva (2007),
é referente as substâncias químicas nocivas presentes na fase de beneficiamento do minério,
o que passa a significar um problema sério do ponto de vista ambiental.
Ainda de acordo com o Centro de Tecnologia Mineral - CETEM (2014), os impactos
ambientais negativos resultantes da extração mineral estão relacionados a várias fases
de exploração dos bens minerais, que vai desde a lavra, transporte e beneficiamento do
minério, até o fechamento da mina ou o encerramento das atividades. Os efeitos negativos
da mineração ainda se estendem na alteração que a extração causa ao meio físico, o que
resulta no desmatamento, erosão, contaminação dos corpos hídricos, aumento da dispersão
de metais pesados, alterações da paisagem, do solo, e o comprometimento na fauna e a flora.
O que resulta no comprometimento da qualidade de vida das populações estabelecidas no
entorno da área de mineração.
Capítulo 2. Pressupostos teóricos 24

Segundo Duarte (2008) os impactos ambientais resultantes das barragens de contenção de


rejeitos são significativos. E considerando esse fato, os cuidados e a aplicação de uma boa
gestão dos rejeitos está se tornando um dos critérios pelos quais o desempenho ambiental
das empresas é julgado. Duarte (2008) ainda afirma que mesmo com a existência de
uma legislação, conhecimento e tecnologia disponíveis para a prevenção de acidentes nas
barragens de contenção de rejeitos, muitas ainda continuam se rompendo e causando
prejuízos econômicos, sociais e ambientais. Esses impactos são resultantes da desobediência
no processo operacional das barragens.
Um dos impactos ambientais relacionados a barragem de rejeito está associado aos acidentes
graves. Tais acidentes resultam em grandes volumes de rejeitos descarregados no meio
ambiente. E mesmo na ausência de acidentes, a simples existência desses reservatórios
de rejeitos, que são cada vez maiores, envolvendo muitas vezes efluentes tóxicos e outros
materiais potencialmente perigosos apresenta um risco aos recursos naturais (DUARTE,
2008).

2.2.1 CRIME AMBIENTAL


A Lei 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, dispõe sobre as sanções penais e administrativas
derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e para tal, sobre as disposições
gerais diz que:

Art. 2o Quem, de qualquer forma, concorre para a prática dos crimes


previstos nesta Lei, incide nas penas a estes cominadas, na medida da
sua culpabilidade, bem como o diretor, o administrador, o membro de
conselho e de órgão técnico, o auditor, o gerente, o preposto ou manda-
tário de pessoa jurídica, que, sabendo da conduta criminosa de outrem,
deixar de impedir a sua prática, quando podia agir para evitá-la.

Art. 3o As pessoas jurídicas serão responsabilizadas administrativa, civil


e penalmente conforme o disposto nesta Lei, nos casos em que a infração
seja cometida por decisão de seu representante legal ou contratual, ou de
seu órgão colegiado, no interesse ou benefício da sua entidade.

Parágrafo único. A responsabilidade das pessoas jurídicas não exclui a


das pessoas físicas, autoras, co-autoras ou partícipes do mesmo fato.

Art. 4o Poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica sempre que sua


personalidade for obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados à
qualidade do meio ambiente (BRASIL, 1998).

Segundo Araújo (2011), a Lei citada apresenta condições para que uma ação que resulte
em um dano ambiental seja classificada como crime. Onde são estabelecidas penalidade de
natureza indenizatória ou de reclusão para os envolvidos na ação.
Capítulo 2. Pressupostos teóricos 25

2.2.2 DANO AMBIENTAL


Para Leite (2000 apud CERVI, 2004), dano ambiental se caracteriza como alterações
nocivas sofridas ao meio ambiente e nas consequências que tais alterações podem gerar na
qualidade de vida das pessoas. O dano ambiental passa a ser descrito como uma ação que
gera efeitos indesejável ao conjunto de elementos presentes no meio ambiente, tornando-se
em uma lesão ao direito fundamental que todos os indivíduos têm de desfrutar de um meio
ambiente apropriado.
Segundo Cervi (2004), o dano ambiental pode ser patrimonial, e isso ocorre quando o
bem ambiental é lesado, ou extrapatrimonial ou moral, que engloba o conjunto de valores
psíquicos, gerando sensação de perda e de desconforto que um grupo de indivíduos ou uma
sociedade sofra, em razão da lesão ao meio ambiente.
Ainda de acordo com Cervi (2004), não houve uma preocupação por parte do ordenamento
jurídico brasileiro definir de forma clara o que abrange um dano ambiental. A legislação
brasileira apenas apresenta algumas características básicas do meio ambiente e no princípio
da responsabilização pela degradação do recurso natural.
E com base na Política Nacional do Meio Ambiente, Lei 6.938/81, em seu Art. 3.o entende-se
que:

I – meio ambiente: o conjunto de condições, leis, influências e interações


de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida
em todas as suas formas;

II – degradação da qualidade ambiental: a alteração adversa das caracte-


rísticas do meio ambiente;

III – poluição: a degradação da qualidade ambiental resultante de ativida-


des que direta ou indiretamente:

a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população;

b) criem condições adversas ás atividades sociais e econômicas;

c) afetem desfavoravelmente a biota;

d) afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente;

e) lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais


estabelecidos.

IV – poluidor: a pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado,


responsável, direta ou indiretamente, por atividade causadora de degrada-
ção ambiental;
Capítulo 2. Pressupostos teóricos 26

V – recursos ambientais: a atmosfera, as águas interiores, superficiais


e subterrâneas, os estuários, o mar territorial, o solo, o subsolo e os
elementos da biosfera (BRASIL,1981).

Por meio da Lei, entende-se que o dano ambiental está interligado a degradação e poluição
do meio ambiente, pois ocorre um prejuízo aos recursos naturais disponíveis e a população
diretamente afetadas por tais impactos negativos.
Já no Art. 14, da mesma Lei, dispõe que:

§ 1.o - Sem obstar a aplicação das penalidades previstas neste artigo, é o


poluidor obrigado, independentemente da existência de culpa, a indenizar
ou reparar os danos causados ao meio ambiente e a terceiros, efetuados
por sua atividade (BRASIL,1981).

Com base no parágrafo acima, fica claro que é de inteira obrigação do poluidor/degradador
a responsabilidade de recuperar ou indenizar os prejuízos ambientais causados por uma
ação, visando medidas de mitigação no ambiente afetado. Salientando que o cumprimento
de tal obrigação independe da existência de culpa, mas sim pelos danos evidenciados com
atividades realizadas.

2.2.3 IMPACTO SOCIOAMBIENTAL


Segundo Araújo (2011), os impactos provenientes da atividade de mineração, associados
ao uso e ocupação do solo, resultam em conflitos socioambientais em resultado da falta de
metodologia de intervenção, que reconheça a diversidade dos interesses envolvidos. Para
Farias (2002), outro fator relacionado a causa desses conflitos socioambientais, se dar em
resultado da expansão desordenada e sem controle dos loteamentos nas áreas próximas a
mineração o que evidencia a necessidade de uma constante evolução na condução dessa
atividade para evitar situações difíceis.
A CETEM (2014) ainda esclarece que referente à dimensão social, os vínculos criados
entre o empreendimento extrativo mineral e a sociedade, tendo como principal foco as
comunidades locais, são rodeados de diversos problemas. E entre esses são destacados
os aspectos culturais, que sofrem com ações realizadas pelas atividades de mineiro que
afetam os valores, as tradições locais e todo um modo de vida das comunidades. E outro
aspecto referencie ao viés institucional, que tem por finalidade garantir que as organizações
públicas e privadas viabilizem o empreendimento, preservando interesses sociais e normas
ambientais, mas infelizmente é nítida a negligencia no cumprimento de tais funções.

2.2.4 IMPACTO ECONÔMICO


A História do Brasil revela o empenho realizado pelo país na busca e no aproveitamento
dos seus recursos minerais, que ao longo do tempo tem contribuído como importantes
Capítulo 2. Pressupostos teóricos 27

insumos para a economia nacional (FARIAS, 2002).


O Brasil possui uma grande riqueza em patrimônio mineral, e se tornou um dos maiores
produtores e exportadores de minérios do mundo (CETEM, 2014). Ainda de acordo com
a CETEM (2014) o Brasil é responsável em produzir 72 substâncias minerais, das quais
23 são metálicas, 45 não-metálicas e 4 são energéticas. E liderando a produção mineral
brasileira, o minério de ferro lidera com 60% do valor total, e em segundo lugar o ouro,
com apenas 5% (CETEM, 2014).
Apesar de gerar um grande movimento na economia brasileira, a atividade de mineração
também é responsável por causar impactos socioeconômicos negativos nas áreas vizinhas
a extração de minério. Dentre esses impactos negativos podem ser mencionados a proli-
feração de doenças, a problemas relacionados a leis trabalhistas envolvendo a empresa
mineradora, questões fundiárias, a um crescimento desordenado do município, e a ausência
de infraestrutura para atender à população em relação a saúde e educação. A indústria
extrativa mineral, apesar de apresentar crescimento econômico, está entre as atividades
antrópicas que mais causam impactos socioeconômicos e ambientais negativos (CETEM,
2014).
28

3 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

3.1 A SAMARCO S/A


A mineradora Samarco Mineração S.A, fundada em 1977, tem como acionistas igualitárias
a empresa Vale S.A. e a BHP Billiton LTDA, a maior empresa de mineração do mundo. A
empresa se dedica, desde a extração mineral, passando por seu processamento secundário,
até o transporte transoceânico de pellet feed e, principalmente, pelotas de ferro (Milanez,
et. al, 2015).
Segundo informações do DNPM, a Samarco utiliza de três estruturas para deposição de
rejeitos em Minas Gerais, estes: a Cava do Germano, Barragem do Germano e Barragem
do Fundão, além da Barragem de Santarém, utilizada para circulação de água do processo
de beneficiamento.
A Figura 4 apresenta as etapas do processo produtivo da empresa, desde a extração em
minas Gerais até o pátio de estocagem no estado do Espírito Santo.

Figura 4 – As etapas da produção da empresa Samarco.

Fonte: Samarco Mineração S/A.

De acordo com dados disponibilizados pela empresa, a companhia é a 10a maior exportadora
do país e comercializa seu produto com indústria siderúrgica de 19 países das Américas,
do Oriente Médio, da Ásia e Europa (Samarco Mineração, 2016).
Capítulo 3. Análise e Discussão dos Resultados 29

A Figura 5 mostra as Pelotas de minério de ferro, principal produto da Samarco, no


Pátio de Estocagem de Ubu - ES.

Figura 5 – Pelotas de minério ferro, produto principal da empresa Samarco.

Fonte: Samarco Mineração S/A, 2014.

Ainda segundo informações da Samarco, a empresa possui representações em Minas Gerais


(Unidade de Germano, em Mariana) e no Espírito Santo (Unidade de Ubu, em Anchieta),
além de escritórios de vendas em Vitória (ES), Amsterdam (Holanda) e Hong Kong
(China). Emprega cerca de três mil trabalhadores e mantém uma cadeia de de 3,5 mil
fornecedores. E mantinha, até 5 de novembro de 2015, duas barragens para estocagem
dos rejeitos resultantes do processo de extração e beneficiamento do minério de ferro em
sua unidade de Germano (MG). A mais nova delas era a de Fundão, inaugurada em 2008,
com estocagem de 55 milhões de metros cúbicos.

Figura 6 – Complexo minerário da Samarco.

Fonte: DNPM, 2016.


Capítulo 3. Análise e Discussão dos Resultados 30

A Figura 6 mostra a disposição das barragens no complexo minerário da Samarco antes


do rompimento.

3.2 BARRAGEM DO FUNDÃO


A Barragem do Fundão pertence a empresa de mineração Samarco Mineração S.A, está
localizada em Bento Rodrigues, no rio Gualaxo do Norte, em território do município
mineiro de Mariana (ANA, 2016). Em laudo técnico preliminar o IBAMA aponta que,
somente na barragem de Fundão, havia aproximadamente 50 milhões de m3 de resíduos,
classificados, segundo a NBR 10.004, como sólidos, não perigosos e não inertes, como o
ferro e o manganês, ou seja, sua composição era formada basicamente por areia e metais.
Segundo Gonçalves (et. al, 2015), o sistema utilizado era o de aterro hidráulico, tradicional
que é empregado em todo o mundo. Método à montante que conta com a ação da gravidade
para fazer com que os resíduos separados do ferro escoem até bacias. A parte frontal dessas
bacias é feita de areia, para filtrar a água. A Barragem do Fundão era utilizada para
deposição de rejeitos e situa-se no vale do córrego de Fundão, situado em vale adjacente
ao reservatório do Germano. Ela é composta pelos Diques 1 e 2 e foi projetada de modo
que o reservatório do primeiro fosse preenchido seguindo uma taxa de elevação superior ao
segundo (DNPM, 2016).

Figura 7 – Imagem aérea da Barragem de Fundão, em Mariana - Minas Gerais.

Fonte: epoca.globo.com, 2016.


Capítulo 3. Análise e Discussão dos Resultados 31

Tabela 2 – Características Principais da Barragem do Fundão.


Tipo de Concentração Rejeitos
Altura (m) 100,0
Comprimento da Crista 791,0
Área do Reservatório (m3 ) 1.003.000,00
Volume do Reservatório (m3 ) 41.000.000,00
Categoria de Risco Baixo
Dano Potencial Associado (DPA) Alto
Classe C
Fonte: DNPM, 2016.

A Tabela 3 apresenta uma matriz de impacto ambiental, relacionando a instalação e


operação da barragem de rejeitos da atividade mineradora da empresa Samarco.

Tabela 3 – Matriz de impacto ambiental da Barragem de Rejeitos da Samarco.


MATRIZ DE IMPACTO AMBIENTAL - BARRAGEM DE REJEITOS
Fase de Implantação Fase de Operação
Positivo Negativo Positivo Negativo
- Geração de emprego. - Supressão vegetal. - Geração de emprego. - Supressão vegetal.
- Fortalecimento da eco- - Modificação do escoa- - Fortalecimento da eco- - Modificação do escoa-
nomia. mento superficial. nomia. mento superficial.
- Diversificação de ati- - Visual. - Crescimento de infra- - Visual.
vidades comerciais. estrutura local.
- Crescimento de infra- - Sonoro. - Assoreamento do
estrutura. corpo hídrico.
- Assoreamento do - Poluição do corpo hí-
corpo hídrico. drico.
- Poluição do corpo hí- - Erosão.
drico.
- Erosão. - Poluição do solo.
- Poluição do solo. - Crescimento populaci-
onal desordenado.
- Crescimento populaci- - Desigualdade social.
onal desordenado.
- Aumento da violência
urbana
Fonte: elaborado pelo autor

3.3 BREVE HISTÓRICO DE MARIANA (MG)


A cidade de Mariana foi a primeira capital do estado de Minas Gerais, e está integrada
no circuito histórico em virtude de seus belos conjuntos arquitetônicos e urbanísticos
(MIRANDA, et. al, 2017), como demonstra a Figura 8, a igreja de São Bento, padroeira
de Bento Rodrigues, erguida no século XVIII. O município faz parte do “quadrilátero
Capítulo 3. Análise e Discussão dos Resultados 32

ferrífero”, e como as cidades da região central de Minas Gerais, cresceu tendo como sua
base econômica da mineração.

Figura 8 – Igreja de São Bento, Padroeira de Bento Rodrigues, subdistrito de Mariana -


MG.

Fonte: G1.com, 2015.

A chegada das mineradoras e seus operários, demandou o planejamento e a construção de


bairros (chamadas Vilas) exclusivos a esses, que dispusessem de serviços básicos, que o
resto da cidade carecia, tais como: escolas, serviço médico, clubes sociais, supermercados,
serviço de água etc (JÚNIOR, 2007). O vilarejo de Bento Rodrigues é um subdistrito da
cidade onde está localizada a barragem de rejeitos de mineração da empresa Samarco
Mineração S.A.
Capítulo 3. Análise e Discussão dos Resultados 33

Figura 9 – Mapa apresenta a localização de Mariana – MG.

Fonte: elaborado pelo autor

Figura 9 mostra o mapa do Brasil, com a localização do município de Mariana no estado


de Minas Gerais.

Tabela 4 – Dados Gerais de Mariana – MG.


Mariana – MG (2010)
IDH – M 0,742
População 54.219
Área (km2 ) 1194,21
Bioma Mata Atlântica
Fonte: IBGE, 2010.

A Tabela 4 demonstra dados gerais do município de Mariana em 2010, como IDH – M, a


população, sua área em km2 e Bioma.
Entre os impactos positivos e negativos em decorrência do crescimento do município de
Mariana nos últimos anos, de um lado está o aquecimento da economia e do outro lado
os importantes problemas decorrentes da má utilização e apropriação do meio físico e do
uso dos recursos ambientais. Poucos foram os estudos voltados ao seu planejamento e
ordenamento territorial diante das consequências que a cidade sofre (SOUZA, et. al, 2005).
De acordo com Motta, et. al, 2016, que relata em sua caracterização socioeconômica
Capítulo 3. Análise e Discussão dos Resultados 34

da população atingida pelo rompimento da barragem, que ao mesmo tempo em que


esses investimentos trouxeram benefícios para a economia mineira, geraram também
impactos negativos no que tange ao uso do solo, ao meio ambiente de forma ampla, e
direta ou indiretamente à vida cotidiana das comunidades próximas aos empreendimento,
especialmente devido aos grandes territórios que abrangem.
Como mostra a Figura 10, a base econômica de Mariana é a atividade mineradora com
peso de 95,06% de arrecadação no território ano de 2015 segundo dados da Agência Minas.

Figura 10 – Apresenta o gráfico do peso da atividade econômica pela arrecadação em


Mariana.

Fonte: Agência Minas, 2015.

A Figura 11 mostra a localização da área de extração de minério, a barragem de rejeitos


de mineração da Samarco e a distância vilarejo de Bento Rodrigues em Mariana MG.
Capítulo 3. Análise e Discussão dos Resultados 35

Figura 11 – Localização da área de extração de minério, da barragem de rejeitos e do


vilarejo de Bento Rodrigues em Mariana MG.

Fonte: Folha de S. Paulo, 2016.

3.4 O ROMPIMENTO DA BARRAGEM DE FUNDÃO


A tragédia ocorrida com o rompimento da Barragem do Fundão, pertencente ao complexo
minerário de Germano, em Mariana, no dia 05 de novembro de 2015, há dois anos atrás,
ganhou grande repercussão na mídia nacional e internacional e foi considerado um “desastre
de muito grande porte”, conforme classificação da Defesa Civil (IBAMA, 2015). A barragem,
de propriedade da Empresa Samarco Mineração S.A, continha aproximadamente 50 milhões
de m3 de rejeitos de mineração de ferro, sendo que 34 milhões de m3 desses rejeitos foram
lançados ao meio ambiente com o rompimento e os 16 milhões de m3 restantes estão sendo
carreados, aos poucos, em direção ao mar, no Estado do Espírito Santo, razão pela qual o
desastre ambiental continua em curso (Advocacia Geral da União, 2015).
Logo após o acidente, as agências e órgãos competentes iniciaram investigações e força-
tarefa para analisar as possíveis causas da ruptura da barragem e a amplitude dos danos
causados. Uma das possíveis causas levantada pelos técnicos, é que tenha ocorrido o
processo de liquefação, que se dá quando essa camada arenosa externa, em vez de expelir,
retém a água. Causando uma variação brusca na pressão interna do depósito de rejeito
pode então transformar areia em lama, que não consegue mais conter os resíduos que estão
atrás (GONÇALVES, 2015).
A Figura 12 apresenta o fluxograma de possíveis causas do rompimento da Barragem do
Capítulo 3. Análise e Discussão dos Resultados 36

Fundão, com detalhamento dos fatos que antecederam à tragédia de acordo com inquérito
da Polícia Civil e dados da pesquisa realizada pelo grupo PoEMAS - Grupo Política,
Economia, Mineração, Ambiente e Sociedade, que indicam os possíveis fatores que levaram
ao rompimento da barragem. Como a escolha da empresa por um modelo de barragem
mais propício à rompimento e utilização de materiais diferentes ao descrito em seu projeto.
Em outra linha de possível causa está o estudo de liquefação que não foi realizado, mesmo
diante de um fluxo anormal (aumentado) devido a variação econômica. Já a empresa apoia
sua defesa em 11 abalos sísmicos, comprovadamente existentes na região, sendo 3 desses
nas proximidades da barragem.

Figura 12 – Fluxograma de possíveis causas do rompimento da Barragem do Fundão,


baseado em inquérito da Polícia Civil e dados da pesquisa realizada pelo grupo
PoEMAS - Grupo Política, Economia, Mineração, Ambiente e Sociedade.

Fonte: elaborado pelo autor

O resultado da tragédia impactou os diversos compartimentos do ambiente natural, artificial,


cultural e de trabalho, como descreve o IBAMA em seu Laudo Técnico Preliminar, concluído
em 26 de novembro de 2015, apontando que “o nível de impacto foi tão profundo e perverso
ao longo de diversos estratos ecológicos que é impossível estimar um prazo de retorno da
fauna ao local”.
Capítulo 3. Análise e Discussão dos Resultados 37

Na Figura 13, é possível observar a força da onda de rejeitos, que modificou toda a
paisagem local e deixou uma imagem de destruição de grande faixa de mata ciliar.

Figura 13 – A imagem mostra a barragem de Fundão após seu rompimento.

Fonte: IBAMA, 2015.

A onda de rejeitos, composta principalmente por óxido de ferro e sílica, soterrou o


subdistrito de Bento Rodrigues e deixou um rastro de destruição (IBAMA, 2015), como
mostram as Figuras 14 e 15 de antes e depois do rompimento da barragem.

Figura 14 – Bento Rodrigues antes e depois do rompimento da barragem.

Fonte: G1 - globo.com, 2015.


Capítulo 3. Análise e Discussão dos Resultados 38

Figura 15 – Distrito de Bento Rodrigues antes de ser devastado pela lama da barragem.

Fonte: G1 - globo.com, 2015.

Figura 16 – Distrito de Bento Rodrigues após de ser devastado pela lama da barragem.

Fonte: G1 - globo.com, 2015.


Capítulo 3. Análise e Discussão dos Resultados 39

Figura 17 – Ruas impactadas em Bento Rodrigues, Mariana.

Fonte: Semad, 2016.

A Figura 17 mostra através do mapa a extensão do impacto nas ruas de Bento Rodrigues,
subdistrito mineiro de Mariana, foi diretamente afetado e destruído quase que totalmente
pela lama de rejeitos.
Dos municípios atingidos pelo rompimento da barragem até o estado do Espírito Santo
ao longo do Rio Doce, apenas o município de Mariana em Minas Gerais possui atividade
relacionada com a extração de Minério de Ferro. Portanto, à exceção de Mariana, todos os
municípios que sofreram algum tipo de impacto relacionado ao rompimento da barragem
de Fundão não possuem atividade relacionada com a mineração (MOTTA, et. al, 2016).
A empresa acumula penalidades aplicadas pelo órgão federal totalizada em 344,85 milhões
de reais, por situações que incluem, por exemplo, a entrega em desconformidade do que
foi fixado pelo Ibama em um programa de busca e resgate de fauna afetada pela lama. A
última delas é de 2017 (EL PAÍS BRASIL, 2017).

3.4.1 DANOS AOS COMPARTIMENTOS AMBIENTAIS NA CIDADE DE


MARIANA - MG
a) Danos ao compartimento hídrico.
Para avaliar o grau de interferência da poluição e da degradação dos corpos hídricos
afetados, o Igam intensificou o monitoramento já executado, com a elaboração de um
plano de monitoramento emergencial da qualidade das águas dos principais corpos de água
Capítulo 3. Análise e Discussão dos Resultados 40

afetados pelo Desastre. Entre estes o Rio Gualaxo do Norte, rio de classe 2 e corpo de
água diretamente afetado pelo rompimento da barragem. De acordo com Igam, os valores
obtidos para a turbidez e os sólidos (totais, dissolvidos e em suspensão) ainda indicam
forte interferência da presença de sólidos em função do material proveniente dos rejeitos
da barragem. E ainda todos os resultados para Ferro (Fe) dissolvido, Manganês (Mn),
Chumbo (Pb), Cromo (Cr), Níquel (Ni) Total, estão acima do limite estabelecido para rios
de classe 2 e acima do valor máximo obtido na série histórica de monitoramento do Igam.
Em seu último encarte, até a data de publicação deste trabalho, no mês 11/2017, que
contem os resultados do estudo da evolução da qualidade das águas do rio Doce, ressalta
que os parâmetros arsênio (As) total, cádmio (Cd) total, cromo (Cr) total, níquel (Ni) total
e mercúrio (Hg) total, as violações aos limites estabelecidos foram reduzindo e atualmente,
encontram-se em conformidade com os limites estabelecidos para a classe e abaixo do
máximo registrado na série histórica do Igam. O estudo identificou que principalmente
para os parâmetros ferro dissolvido, manganês (Mn) total, alumínio (Al) dissolvido, as
violações continuaram no segundo ano. Os parâmetros turbidez, sólidos em suspensão
total, ferro (Fe) dissolvido, manganês (Mn) total e alumínio (Al) dissolvido, apresentam
violações dos limites de Classe 2, o que reforça a necessidade de tratamento convencional
para abastecimento para o consumo humano. e avaliações das Secretarias Municipais de
Saúde para os usos de recreação de contato primário (natação, esqui aquático e mergulho),
irrigação de hortaliças, plantas frutíferas e parques, jardins, campos de esporte e lazer,
com os quais o público possa vir a ter contato direto. (AGÊNCIA BRASIL, 2017).

Figura 18 – Encontro do Rio Gualaxo do Norte contendo lama de rejeitos com Rio do
Carmo à esquerda.

Fonte: Estadão, 2016.


Capítulo 3. Análise e Discussão dos Resultados 41

Na Figura 18, a imagem mostra a diferença visível da qualidade da água no encontro do


Rio Gualaxo do Norte, corpo de água diretamente afetado pelo rompimento da barragem,
com Rio do Carmo à esquerda.
Ainda de acordo com a EMBRAPA, além dos padrões alterados na qualidade da água,
o Rio Gualaxo do Norte sofre um processo de assoreamento drástico, com contínuo
carreamento e deposição de sedimentos ao londo de sua margem decorrente da erosão do
solo, potencializado pelo depósito da lama de rejeitos.
b) Danos ao solo
De acordo com a avaliação disponibilizada pela Agência Minas, da Empresa Brasileira
de Pesquisa Agropecuária – Embrapa, o solo mostra que as áreas atingidas pela lama da
barragem da mineradora, na calha do rio, na vegetação ciliar e nas comunidades ribeirinhas
não apresentam condições para o desenvolvimento de atividades agropecuárias devido a
deficiência de fertilidade do solo com camada de rejeitos que ocasionaram a alteração do
pH e redução dos níveis de potássio (K), magnésio (Mg) e cálcio (Ca) que são, que são
necessários para o desenvolvimento de atividades agrícolas, deixando o solo com tendência
a compactação, remodelamento do relevo, e processos erosivos em períodos chuvosos. A
pesquisa também mostra que não foi detectada a presença de metais pesados em níveis
tóxicos nas amostras coletadas (AGÊNCIA MINAS, 2016).
A Figura 19 apresenta uma das áreas afetadas pelo rompimento de barragem no distrito
de Bento Rodrigues, zona rural de Mariana (MG), com extensa área coberta pela lama de
rejeitos.

Figura 19 – Área da zona rural de Mariana após ser destruída pela lama (MG).

Fonte: UOL Notícias, 2016.


Capítulo 3. Análise e Discussão dos Resultados 42

c) Danos a biodiversidade
De acordo com Nota Técnica do ICMBIO – Intituto Chico Mendes de Conservação da
Biodiversidade, os impactos à biodiversidade no município de Mariana se concentram ao
longo da calha do Rio Gualaxo do Norte em direção ao Rio do Carmo, incluindo leito e a
vegetação ripária, pela lama acompanhada de todos os tipos de dejetos procedentes das
margens até a sua foz no Rio Doce. Causando modificação drástica da paisagem da área
diretamente afetada do Rio Gualaxo do Norte ao Rio do Carmo, estimada em 560,35 ha,
onde 384,71 seriam de Mata Atlântica (AGÊNCIA MINAS, 2016).
Ainda de acordo com ICMBIO, é consenso que toda biota desse trecho tenha sido dizimada,
inclusive peixes e crustáceos que estavam em períodos reprodutivos, devido a grande
magnitude do impacto em toda cadeia trófica. Esses impactos se estenderão por anos,
considerando que ocorreu a destruição de habitat, de local de reprodução e área de
alimentação, comprometendo a resiliência do local.
Como mostra a Figura 20, o Rio Gualaxo do Norte se transformou em uma avalanche de
lama oriundo do rompimento da barragem e deixou rastro de peixes mortos pelo caminho.

Figura 20 – Imagem do impacto à ictiofauna, com a mortandade das diversas espécies de


peixes existentes no rio poluído pela lama de rejeitos.

Fonte: UOL Notícias, 2016.


Capítulo 3. Análise e Discussão dos Resultados 43

3.4.2 IMPACTOS SOCIOECONÔMICOS NA CIDADE DE MARIANA – MG


Em seu relatório de avaliação dos efeitos e desdobramentos do rompimento da Barragem
do Fundão, a Agência Minas sinalizou danos à economia regional e danos à infraestrutura.
Diante de uma economia pouco diversificada, a cidade de Mariana foi atingida em diversos
aspectos, desde a interrupção da produção de minérios, que representa 95% de sua atividade
econômica, passando por encadeamentos que essa atividade possui na região, e os impactos
em atividades que a orbitam. Por outro lado, os pequenos comércios e as atividades
agropecuárias principalmente do vilarejo de Bento Rodrigues sofreram importante impacto,
tendo sido interrompidas devido aos estragos da onda de lama (AGÊNCIA MINAS, 2016).
Segundo Milanez et. al, (2015), a Samarco, de forma direta ou indireta, é uma das
principais empregadoras privadas do município de Mariana. E exerce uma força centrípeta
que faz girar em torno de si os investimentos econômicos locais. Porém segundo o portal
G1, os trabalhos da Samarco foram paralisados pela Secretaria de Meio Ambiente e
Desenvolvimento Sustentável de Minas Gerais no dia 6 de novembro de 2015, um dia
depois do rompimento da barragem de Fundão (ALBUQUERQUE, 2016).
Segundo Junior e Ribeiro (2016), o rompimento da barragem provocou danos às cadeias
de produção econômica dos municípios pelos quais a onda de rejeitos passou: agrícola,
pecuária, pesqueira e turística, além dos serviços públicos.
Dados da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais -
Emater-MG, estima que só no município de Mariana, houve um prejuízo de 52 propriedades
rurais e perdas de R$ 7,1 milhões, entre máquinas e equipamentos estragados e animais
perdidos (DINIZ, 2016). Ainda de acordo com relatório da Agência Minas, houve perda de
1000 cabeças de animais entre bovinos, equinos e animais de consumo familiar, assim como
perda de lavouras de pastagem, capineiras, hortaliças, frutíferas e eucalipto em grande
extensão. Onde muitas dessas lavouras se destinavam para consumo próprio (AGÊNCIA
MINAS, 2016).

3.4.3 IMPACTOS SOCIOAMBIENTAIS NA CIDADE DE MARIANA – MG


De acordo a Organização das Nações Unidades o desastre foi um evento violador dos
direitos humanos (ONU, 2015). A tragédia resultou em 19 mortes. Foram identificados ao
longo do trecho atingido diversos danos socioambientais: isolamento de áreas habitadas;
desalojamento de comunidades pela destruição de moradias e estruturas urbanas; frag-
mentação de habitats; destruição de áreas de preservação permanente e vegetação nativa;
mortandade de animais domésticos, silvestres e de produção; restrições à pesca; dizimação
de fauna aquática silvestre em período de reprodução; dificuldade de geração de energia
elétrica pelas usinas atingidas; alteração na qualidade e quantidade de água; e sensação de
perigo e desamparo da população em diversos níveis (IBAMA, 2015).
Capítulo 3. Análise e Discussão dos Resultados 44

Os moradores de Bento Rodrigues no município de Mariana se expuseram ao desastre


de forma extrema e trágica – perderam parentes, amigos, animais de estimação e suas
memórias e histórias de vida. Deixaram de estar expostos à lama tóxica logo no primeiro
dia ou alguns dias após o evento, saindo de suas casas e se alojando em moradias distantes
e isoladas do que poderia ser um perigo eminente (GREEN PEACE, 2017). Além de terem
perdido quase tudo (seu lugar, casas, escola, comunidade, pertences, lembranças, bens,
fonte de renda, de alimentação, sonhos e, em alguns casos, parentes e/ou amigos) gerando
tristeza e depressão, ainda convivem com o medo e a pressão constante da mídia, dos
governos e da empresa (WANDERLEY, et. al, 2016).
A Figura 21 apresenta a descrição dos acontecimentos após rompimento da barragem,
segundo questionário do Green Peace aplicado aos moradores de Bento Rodrigues –
Mariana. O vilarejo que mais sofreu com a enxurrada de lama.

Figura 21 – Quadro com os efeitos do desastre em Bento Rodrigues – Mariana.

Fonte: Green Peace, 2017.


Capítulo 3. Análise e Discussão dos Resultados 45

O grupo de pesquisa Política, Economia, Mineração, Ambiente e Sociedade – PoEMAS,


(2015), em seu relatório preliminar faz uma avaliação dos aspectos econômicos, institucionais
e sociais do desastre, e aponta que os impactos tem relação com as propriedades químicas e
físicas do rejeito da barragem que atingiram o solo e as atividades econômica desenvolvidas,
além dos impactos imediatos do rompimento da barragem, é necessário considerar uma
série de impactos de médio e longo prazos para o meio ambiente e para a saúde das pessoas
impactadas pelo rompimento da barragem do Fundão (MILANEZ, et.al, 2015).
Bento Rodrigues, o primeiro povoado a receber a onda de lama hoje se resume a amontoado
de esqueletos de moradias e abriga apenas ameaças a visitantes como mostra a Figura
22.
Figura 22 – Infestação de animais peçonhentos em Bento Rodrigues-Mariana, após o
desastre.

Fonte: em.com, 2017.

Segundo o Relatório Preliminar do IBAMA (2015), houve a interrupção de serviços de


vigilância em saúde, epidemiológica, sanitária, ambiental e saúde do trabalhador e serviço
de abastecimento de água, bem como os serviços de segurança pública. Os danos à saúde
da população são os mais variados, inclusive à saúde psicológica e segurança da população
afetada e em áreas adjacentes que vivem o temor e a angústia de um novo rompimento.
Houve a ameaça de transmissão de doenças, como a cinomose e leishmaniose por animais
gravemente doentes, e a interrupção de serviços de desinfecção de habitat e o controle
de pragas e vetores – uma preocupação latente sobre as condições de limpeza dos locais
atingidos, principalmente, os distritos de Bento Rodrigues e Paracatu de Baixo, em
Mariana. Estas localidades poderiam se tornar pontos de reprodução de vetores e animais
peçonhentos (IBAMA, 2015).
Capítulo 3. Análise e Discussão dos Resultados 46

A Figura 23 representa a destruição de heranças, memórias e tradições, de um histórico


de acúmulo de lutas, esforços coletivos para subsistência digna, produzindo auto sustento.

Figura 23 – Propriedade atingida pela lama em zona rural de Bento Rodrigues, Mariana.

Fonte: G1 – globo.com, 2016.

3.5 MEDIDAS DE MINIMIZAÇÃO DO IMPACTO SOCIOAMBI-


ENTAL
A Fundação Renova – Ações de reparação.
De acordo com a página virtual da Fundação Renova, a mesma nasceu após a assinatura do
Termo de Transação de Ajustamento de Conduta (TTAC) entre Samarco, com o apoio de
suas acionistas, Vale e BHP Billiton, e o Governo Federal, os Estados de Minas Gerais e do
Espírito Santo, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
(Ibama), o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), a Agência
Nacional de Águas (ANA), o Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), a
Fundação Nacional do Índio (Funai), o Instituto Estadual de Florestas (IEF), o Instituto
Mineiro de Gestão das Águas (IGAM), a Fundação Estadual de Meio Ambiente (FEAM),
o Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (IEMA), o Instituto de Defesa
Agropecuária e Florestal do Espírito Santo (IDAF) e a Agência Estadual de Recursos
Hídricos (AGERH).
Para compreender as inter-relações entre as ações previstas no TTAC, a Renova atua
com três eixos temáticos para reparação e compensação, que agrupam os principais focos
Capítulo 3. Análise e Discussão dos Resultados 47

de atuação no processo de recuperação dos impactos, são estes: Pessoas e comunidades


(Identificação e indenização, educação e cultura, saúde e bem-estar, comunidades tradicio-
nais e indígenas, fomento à economia, engajamento e diálogo), terra e água (uso do solo,
gestão hídrica, manejo de rejeito, biodiversidade, assistência aos animais e inovação) e
reconstrução e infraestrutura (reassentamento, contenção de rejeito, tratamento de água e
efluentes, infraestrutura urbana e acessos).
A Tabela 5 apresenta as ações de reparo da Fundação Renova à população atingida pelo
desastre.

Tabela 5 – Ações da Fundação Renova.


Impacto Reparação
80% do subdistrito destruído. 92% das famílias escolheram o terreno de
Lavoura, já adquirido, para reconstrução
de Bento Rodrigues.
225 famílias atingidas. 100% dos cerca de 100 alunos alocados
temporariamente em nova escola de Ma-
riana.
01 escola municipal destruída. Famílias atingidas morando em casas
alugadas e mobiliadas e recebendo auxí-
lio emergencial e assistência da área de
saúde.
Localidade interditada e sob cuidado da Cerca de 300 casas alugadas como mora-
Defesa Civil Municipal. dias temporárias para comunidades de
Bento Rodrigues, Gesteira e Paracatu
de Baixo.
Uso futuro da área será decidido pela
própria comunidade.
Fonte: Fundação Renova, 2017.

A Emater-MG e a Fundação Renova assinaram em 19 de Dezembro de 2016, um contrato


de prestação de serviços para a recuperação das propriedades atingidas pelo rompimento da
barragem. O contrato, no valor de R$ 806 mil, prevê um diagnóstico feito pela Emater-MG
das cerca de 300 propriedades atingidas nos municípios de Mariana, Ponte Nova, Barra
Longa e Rio Doce. Também será elaborado um plano de adequação socieconômica e
ambiental dessas propriedades. A vigência do contrato é de oito meses (EMATER – MG,
2016).
Entre as medidas socioambientais está a reconstrução de vilas, como o projeto de reassenta-
mento da nova Bento Rodrigues, com a participação da população na escolha de um novo
local e orientação de arquitetos para o projeto da nova moradia, tendo como referência o
local original. A entrega está prevista para o primeiro semestre de 2019 (FUNDAÇÂO
RENOVA, 2017). Enquanto aguardam, segundo Green Peace, (2017), A empresa Samarco
tem ofertado assistência médica, psicológica e de outras especialidades em saúde vinculada
aos serviços públicos de saúde das cidades de Mariana através da participação da Fundação
Capítulo 3. Análise e Discussão dos Resultados 48

Renova.
A Fundação Renova em parceria com o poder público e a Defesa Civil, estruturou o
Plano para o Período Chuvoso que prevê Centrais de Monitoramento 24 horas e uma série
de ações, divididos por territórios ao longo da Bacia, para atuar preventivamente e em
situações de emergência, minimizando possíveis consequências mapeadas para o período
chuvoso na Bacia do Rio Doce. parceria entre a Fundação Renova, o poder público e a
Defesa Civil (RENOVA, 2017).
A Figura 24 apresenta o registro fotográfico da evolução do crescimento de vegetação
no subdistrito de Bento Rodrigues. À esquerda a imagem após 5 meses do acidente e à
direita a imagem após 1 ano e 9 meses.

Figura 24 – Acompanhamento das ações de recuperação vegetal de Bento Rodrigues,


Mariana.

Fonte: Fundação Renova, 2017.

A Figura 25 apresenta a proposta de construir três diques galgáveis e filtrantes entre as


cidades de Mariana e Barra Longa para impedir que a lama do Rio Gualaxo do Norte
chegue até o Rio do Carmo.
Capítulo 3. Análise e Discussão dos Resultados 49

Figura 25 – Alternativa de tratamento do Rio Gualaxo do Norte através de Diques galgáveis


e filtrantes.

Fonte: Estadao.com, 2016.

A Figura 26 apresenta a proposta para amenizar a disposição de rejeitos no Rio Gualaxo


do Norte através da técnica de flotação. A flotação é uma técnica de remoção de sujeira
que utiliza produtos químicos para agrupar os detritos em blocos e depois suspendê-los na
água por meio de injeção de bolhas de ar, formando um lodo que pode ser removido com
mais facilidade.

Figura 26 – Alternativa de tratamento do Rio Gualaxo do Norte por flotação.

Fonte: Estadao.com, 2016.

- Técnica Sediment trap.


Uma das medidas corretivas apresentada para o rompimento das barragens, que provocou
danos ambientais graves a rios, flora e à fauna, a barragem de Mount Polley, uma mina
de cobre, ouro e prata que pertence à empresa Imperial Metals e a barragem de resíduos
de carvão da Obed Mountain, no Canadá. Foi a técnica “sediment trap” – armadilha de
sedimentos, onde o material que fica acumulado na armadilha de sedimentos pode ser
Capítulo 3. Análise e Discussão dos Resultados 50

removido posteriormente, de acordo com com a pesquisadora e diretora da Sociedade


Latino Americana e Brasileira de Ecotoxicologia e diretora da Aplysia, Tatiana Hurley, em
entrevista ao portal de notícias G1-globo.com. As barragens possuíam uma Linha de base, o
que facilitou no reconhecimento do ecossistema local para a realização das primeiras ações,
que foram o estancamento do rejeitos, estabilização das áreas mais afetadas fisicamente e
monitoramento para entender os impactos imediatos. Em conjunto à outras técnicas, a
recuperação do rio Polley foi se comprovando com a volta de organismos vivos ao corpo
hídrico e áreas ciliares, inclusive com novas espécies detectadas.
Como mostra a Figura 27, uma das medidas utilizadas para minimização dos impactos
foi a “sediment trap” – armadilha de sedimentos. Com desvio do curso do rio para um
lago de acúmulo de sedimentos para posterior dragagem.

Figura 27 – Método sediment trap – armadilha de sedimentos, usado para conter os rejeitos
provenientes do rompimento da Barragem de Mount Polley no Canadá.

Fonte: G1 – globo.com, 2016.


51

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com as informações obtidas sobre a tragédia de Mariana – MG, foi possível observar o
surgimento de uma nova formação social em consequência do rompimento da barragem,
em Bento Rodrigues (MG) e arredores. A comunidade formada por ribeirinhos, pescadores,
comerciantes, agricultores e todos que ao longo da cidade de Mariana, foram direta ou
indiretamente prejudicados pela tragédia, e necessitam de medidas imediatas de reparação
ao dano causado. Os danos são dinâmicos, e dois anos após a tragédia, ainda se encontram
em expansão.
Por se tratar de um ambiente historicamente explorado pela mineração, seus comparti-
mentos já haviam sinais de degradação e contaminação dos corpos hídricos e solo. Com
o rompimento da barragem, a falta de uma linha de base de dados para parâmetros e a
comprovação do nexo de causalidade, a empresa Samarco foi responsabilizada pelo crime
ambiental e por todos os danos provocados, assim como os elementos químicos encontrados
acima dos parâmetros que não faziam parte da sua produção, mas estavam depositados nos
sedimentos que foram removidos do fundo dos corpos hídricos e voltando a ficar suspensos
na superfície.
Muito ainda há de ser feito e as medidas propostas pela empresa Samarco através da
Fundação Renova divide opiniões sobre a efetividade de suas ações. Onde o cenário
ideal, está bem distante das previsões mais otimistas. As técnicas experimentais de
recuperação de curto prazo propostas não obtiveram os resultados esperados ou não foram
utilizadas por falta de estudo prévio, como a técnica de diques galgáveis e filtrantes,
que foi descartada devido ao produto químico utilizado não ter registro no IBAMA e
seus efeitos ecotoxicológicos são desconhecidos. A técnica Sedment trap, é de simples
implantação e pode gerar bons resultados se instaladas em locais estratégicos para retirada
dos sedimentos, como no caso da barragem de mineração de Mount Polley no Canadá.
De acordo com o objetivo número 6 da agenda de desenvolvimento sustentável da ONU,
através das 17 ODS - Objetivo de Desenvolvimento Sustentável, deve ser assegurado
a disponibilidade e gestão sustentável da água e saneamento para todos. Melhorando
sua qualidade, reduzindo a poluição, eliminando despejo e minimizando a liberação de
produtos químicos e materiais perigosos. A população afetada pelo desastre foi privada
desse direito, e sendo a água um bem essencial à vida, o seu abastecimento com qualidade
deve ser reestabilizado, assim como a divulgação de informação assegurando seu consumo
e utilização de forma consciente, visando a minimização dos impactos socioambientais
negativos causados.
Especialistas chamam de “adubar o futuro”, já que a empresa dispõe de capital para
Capítulo 4. Conclusão 52

investir em pesquisa e técnicas que garantam uma estratégia correta de crescimento dos
organismos que propiciem uma capacidade autorrenovadora para as diversas áreas afetadas,
como a revegetação da mata ciliar, o tratamento do solo contendo a lama de rejeitos para
devolver os nutrientes e conter os rejeitos de minério nos sedimentos para melhor qualidade
da água, formando um ecossistema a longo prazo, mesmo que sem características idênticas
às originais.

4.1 SUGESTÕES DE FUTUROS TRABALHOS


Para continuidade das pesquisas visando minimizar as consequências socioambientais
proveniente do rompimento de barragens, sugiro as abordagens dos temas abaixo para
futuros trabalhos:
- Segurança de barragens de rejeito: estudo de liquefação em barragens de grande porte.
- Técnicas de recuperação de solo em áreas afetadas por lama de rejeitos de mineração.
- O desafio das 17 ODS da ONU na atividade mineradora.
- Uma pesquisa sobre as técnicas utilizadas no caso do rompimento da barragem de Mont
Polley no Canadá que podem ser aplicadas ao caso da Barragem da Samarco em Mariana
- MG.
53

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disposição final ou temporária de rejeitos e à acumulação de resíduos industriais,
cria o Sistema Nacional de Informações sobre Segurança de Barragens e altera
a redação do art. 35 da Lei no 9.433, de 8 de janeiro de 1997, e do art. 4o
da Lei no 9.984, de 17 de julho de 2000. Brasília, DF, 2010. Disponível em:
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