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A INCLUSÃO DIGITAL NA ESCOLA PARA A ERRADICAÇÃO DO

ANALFABETISMO TECNOLÓGICO

MELO, Angela Fernandes1

RESUMO
O presente trabalho busca discorrer sobre a importância da Inclusão Digital dentro das esco-
las, criando oportunidades de uma interação entre alunos, professores e comunidade. E tem
como objetivo geral analisar a forma de inclusão digital empregada nas instituições de ensi-
no, envolvendo, como principal condição, o acesso ao exercício da cidadania dentro da soci-
edade moderna. O interesse pelo tema justifica-se pela preocupação de a exclusão digital ser
a causa maior do analfabetismo tecnológico, ampliando as desigualdades, o que é uma vio-
lência velada. Trata-se de um estudo teórico reflexivo bibliográfico de cunho qualitativo, cuja
escolha dos autores deve-se à natureza de suas experiências que falam sobre o uso da in-
ternet na educação como “interação humana”, a possível redução da massa de analfabetis-
mo tecnológico e inserção dos sujeitos em programas que visam a inclusão digital nas esco-
las. Sua finalidade é abordar a inclusão digital, tendo como princípio a conscientização de
que não se trata exclusivamente de disponibilizar computadores para o uso da comunidade,
mas depende da forma como essa tecnologia é empregada e vem a atender às necessidades
dessas pessoas ao acesso à informação e ao conhecimento dessa ferramenta. A inclusão
digital ganha significação ao ser introduzida num ambiente escolar com perspectivas de no-
vas oportunidades que visam melhorar a educação tornando-a de qualidade e para todos.
PALAVRAS-CHAVE: Inclusão Digital - Instituição Escolar - Analfabetismo Tecnológico.

ABSTRACT
This paper seeks to discuss the importance of Digital inclusion within the schools, creating
opportunities of an interaction between students, teachers and the community. And aims to
analyze the General form of digital inclusion employed in educational institutions, involving
main condition access to the exercise of citizenship in modern society. The interest in the
subject is justified by the concern of digital divide being the greater cause of technological
illiteracy widening inequalities, which is a veiled violence. It is a theoretical study of biblio-
graphic quality reflective, whose choice of authors is due to the nature of their experiences
to talk about using the internet in education as "human interaction", the possible reduction
in the mass of technological illiteracy and integration of subject in programs aimed at the
digital inclusion in schools. Its purpose is to address the digital inclusion, with the principle of
awareness that this is not solely to provide computers for use by the community, but de-

1
Professora do Instituto de Aplicação Fernando Rodrigues da Silveira (CAp-UERJ). Email: angelafernan-
des.melo@yahoo.com.br

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pends on how this technology is employed and will meet the needs of these people to access
to information and to knowledge of this tool. Digital inclusion WINS meaning to be intro-
duced in a school environment with prospects for new opportunities to improve education
quality and become for all.
KEYWORDS: Digital Inclusion - School Institution - Technological Illiteracy.

INTRODUÇÃO
O analfabetismo tecnológico refere-
Os impactos da tecnologia tiveram se a uma não competência para “ler” o
um grande aumento nas últimas décadas. mundo digital e mexer com a tecnologia
A Internet e as redes sociais propiciaram o moderna, principalmente com relação ao
surgimento de uma nova sociedade, mais domínio dos conteúdos da informática,
aberta a informações e conhecimentos. O como planilhas, internet, editor de textos
uso da internet proporcionou uma grande etc. A causa desse analfabetismo é associ-
combustão digital e tecnológica. Entrou ada à “exclusão digital”, denunciada em
em vigor a era da inteligência em rede, na todo o mundo como a forma mais moder-
qual seres humanos combinam seu cogni- na de violência aos direitos de cidadão e
tivo, conhecimento e criatividade para modalidade sutil de manutenção e amplia-
revoluções na produção de riquezas e de- ção das desigualdades.
senvolvimento social.
A Lei de Diretrizes e Bases da Edu-
Diante da revolução da informáti- cação Nacional (1996) preconiza a neces-
ca e do constante uso dessas tecnologias, sidade da “alfabetização digital” em todos
que são vivenciadas no cotidiano das pes- os níveis de ensino, do fundamental ao
soas, inúmeras vertentes apontam que a superior, mas, de acordo com o Ministério
educação deve acompanhar e inserir, em da Educação (MEC), o analfabetismo é,
seu contexto, esses avanços tecnológicos sem dúvida, o maior desafio a ser enfren-
presentes na sociedade. No artigo 205 da tado pelo Estado para a consolidação de
Constituição Federal, está expresso “que a uma sociedade da informação no Brasil.
educação é direito de todos e a sua pro-
O interesse pelo tema justifica-se
moção é dever do Estado e da família, em
pela preocupação com o fato de haver
colaboração com a sociedade, dela depen-
escolas que possuem laboratórios de in-
de o pleno crescimento da pessoa, o seu
formática e ainda não utilizam este recur-
preparo para o exercício da cidadania e a
so, ausência de políticas de formação am-
consequente qualificação para o trabalho”
pla e uma falta de investimentos nas com-
(BRASIL, 1998).
petências dos professores. A exclusão digi-
A inclusão digital é a porta de a- tal é a causa maior do analfabetismo tec-
cesso que transmite a comunicação por nológico que, de forma sutil, amplia as
meio das Tecnologias de Informação e desigualdades sociais.
Comunicação. Designam-se por inclusão
Para Weiss (2009, p. 132), o uso
digital alguns projetos e ações que facili-
da informática tem se revelado como um
tam o acesso das pessoas a essas tecno-
precioso instrumento, não só nos diagnós-
logias. Dessa forma, essa camada da po-
ticos, mas também no tratamento das
pulação também pode ter acesso aos con-
dificuldades de aprendizagem escolar,
teúdos disponibilizados pela internet, além
auxiliando no desenvolvimento do proces-
de poder produzir conhecimento.
so cognitivo, com a concentração de aten-
ção, reforço da memória, desenvolvimento

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do pensamento lógico, rapidez de raciocí- Trata-se de uma pesquisa com
nio, percepção gestativa do problema, fundamentação teórica de natureza biblio-
buscando assim uma maior facilidade na gráfica. A metodologia utilizada é de cu-
tomada de consciência de seu próprio nho qualitativo e se constitui de um levan-
pensar e de seus processos e estratégias. tamento de dados bibliográficos, referente
ao tema, e, paralelo a isso, a verificação
A proposta do trabalho é pesquisar
das práxis de sala de aula.
e procurar entender como erradicar o a-
nalfabetismo tecnológico e incluir digital-
mente os cidadãos que se encontram à
1 - INCLUSÃO SOCIAL VERSUS EXCLUSÃO
margem da sociedade em rede, trazendo
DIGITAL
para dentro da escola a importância da
inclusão social, que tem como base propor A internet como mídia que mais
o acesso dos indivíduos às formas de pro- cresce nos últimos anos e tende a ser a
dução autônomas, possibilitadas pelas mídia mais popular em médio prazo, tem
novas tecnologias. uma característica ampla de possibilitar
diversos tipos de comunicações e intera-
Tendo em vista as questões abor-
ções entre culturas, de forma bastante
dadas acima, o tema de pesquisa escolhi-
enriquecedora. Por meio do computador,
do visa analisar a inclusão digital dentro
podem-se desenvolver simultaneamente
das instituições escolares e nas comunida-
várias habilidades, facilitando a formação
des ao redor, enfatizando a necessidade
de indivíduos polivalentes e multifuncio-
de se erradicar o analfabetismo tecnológi-
nais. Na visão de Tajra (2001, p. 20), com
co e incluir recursos tecnológicos, partindo
as novas tecnologias da informação e da
do princípio de que não se trata apenas de
comunicação (TICs), cabe à escola a res-
uma questão simplista que possa ser re-
ponsabilidade de prestar sua grande con-
solvida com a disponibilização de compu-
tribuição na formação de indivíduos proa-
tadores dentro das escolas ou em pontos
tivos para atuarem nas economias do futu-
estratégicos da cidade, não significando
ro.
somente uma questão de conexão física,
mas da observação de como esse acesso à No século XXI, temos o desenvol-
tecnologia poderá suplementar às indigên- vimento da computação móvel de lap-
cias da sociedade, quando se trata de a- tops, palms, celulares, smartphones, que
cesso à informação. se conecta à globalização através das re-
des 3G, Wi-Fi, onde têm como recursos
Dentre os objetivos do trabalho,
interativos de comunicação os blogs, fó-
destaca-se a importância de investigar a
runs, chats, software livres, entre outros.
aproximação dos professores e dos alunos
Nessa conexão entre computadores mó-
do universo da informática e a promoção
veis, a rede transforma-se em um ambien-
da inclusão digital nas instituições de ensi-
te generalizado de conexão, tendo uma
no. E como objetivos específicos, refletir
nova linguagem que dá o suporte dos ce-
sobre as formas propostas para a erradi-
lulares e demais aparelhos de computação
cação do analfabetismo no campo da tec-
portáteis, mergulhados nas redes wireless
nologia dentro da escola; ressaltar as pos-
que se expandem rapidamente, deixando
sibilidades e o direito à igualdade de opor-
de fora aqueles que não acompanham
tunidades, a fim de se colaborar para res-
esta revolução.
gatar os excluídos em plena era da infor-
mática digital; abordar de forma objetiva e É possível vislumbrar uma disse-
significativa o valor da inclusão digital den- minação bem grande com os benefícios
tro da escola, através dos programas e advindos dessa era tecnológica, onde mui-
políticas públicas. tas pessoas que entendem a linguagem

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empregada por ela aprenderam a confiar último a inclusão voltada à educa-
no acesso virtual para acessar contas ban- ção, na perspectiva da importância
cárias e realizar compras, fazendo com da formação sociocultural dos jo-
que o mercado virtual obtivesse um cres- vens, na sua formação e orientação
diante do dilúvio informacional.
cimento maior que as lojas físicas. Porém,
Sendo assim, a definição da inclu-
nesse contexto, só se incluem aqueles que são digital se dá com a universali-
dominam a linguagem da informática, e zação do acesso ao computador
têm acesso a esta tecnologia. conectado à internet, bem como,
Mudanças de paradigmas tornam- ao domínio da linguagem básica
para manuseá-lo com autonomia
se uma constante em nossas vidas. O que
(2005, p. 434).
prevalecia como verdadeiro é considerado
obsoleto em pouco tempo. Formar indiví-
duos é uma tarefa que não se esgotará Para Tajra (2001), várias são as
mais. O conhecimento é resultado de uma escolas bem conceituadas pela formação
construção e, quanto mais se conhece, de indivíduos proativos, conscientes de
maior é a necessidade de continuar cons- seus direitos e deveres, tecnicamente bem
truindo. O conhecimento não é uma des- preparados para a entrada no mercado de
coberta que está escondida dentro de um trabalho, que se opõem à utilização da
tesouro, que alguns intelectuais após mui- informática educativa. Preferem manter a
tas tentativas descobrem onde ele está utilização da informática como fim, sem
(TAJRA, 2001). interferências nos conteúdos disciplinares.
A inclusão digital é, atualmente, A inserção das novas aprendiza-
uma questão de cidadania no contexto da gens e as interferências tecnológicas no
sociedade do conhecimento, pois ela traz currículo escolar devem ser algo indispen-
avanços importantes para a inserção do sável, mediante a velocidade com a qual o
cidadão no mercado de trabalho, além de mundo moderno se movimenta ante as
abranger a área da educação, auxiliar na inovações tecnológicas. Essa é uma reali-
produção cultural, melhorar as condições dade que deve estar inserida no contexto
de vida, lazer e trabalho da população. O escolar.
difundir do uso das tecnologias da infor-
mação e da comunicação (TICs) é forte
aliado para composição do desenvolvimen- 1.1 - A INFORMÁTICA NA EDUCAÇÃO PARA
to social, econômico, político, cultural, O SÉCULO XXI
ambiental e tecnológico.
As reflexões e concepções que
Silveira (2005) enfatiza que essa contribuem para a Educação enfocam que
discussão em torno da inclusão digital vem a escolarização, no seu sentido mais am-
a acarretar uma definição de seu foco, e plo, pode, em qualquer nível de ensino,
aponta para três pontos distintos nessa ser traduzida como a educação do corpo e
discussão: da mente, ser instrumento sensível de
A inclusão voltada para a cidadania, compreensão do mundo, de construção de
no sentido da busca do direito de vínculos com outros corpos sensíveis e
interagir e do direito de se comuni- simbólicos.
car por meio das redes; a inclusão
voltada para inserir as camadas Assim, a construção do conheci-
mais pauperizadas ao mercado de mento ocorre por meio da interação medi-
trabalho - neste caso seria uma in- ada pelas várias relações e pela mediação
clusão com um foco mais tecnicista, feita por outros sujeitos, onde a brincadei-
de ações que estão voltadas a me- ra é essencial para o aprendizado, mas
ros “cursos de informática”; e por

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também o conhecimento tecnológico, pois, lar. Neste contexto, o computador pode
estamos na era da informática e surge ser utilizado como um auxiliar na reformu-
uma nova forma de comunicação e sociali- lação de aprendizagem, diferenciando o
zação capaz de interagir e estimular a es- brincar com joguinhos e outras práticas
crita, a leitura, a curiosidade e desenvolver educacionais.
a autonomia, além de proporcionar trocas
Campbell (2009) apresenta a i-
de experiências entre professor/professor,
deia de que a política educacional deve ser
aluno/aluno e professor/aluno.
formulada na busca de priorizar os recur-
A informática e a internet são im- sos para se absorver e utilizar as tecnolo-
portantíssimas para a educação, visto que gias que ampliaram a visão e inteligência
facilitam as pesquisas e apóiam o desen- humana. Não se pode aceitar um ensino
volvimento de trabalhos pedagógicos inse- que desconsidere esta conjuntura, pois é
ridos no cotidiano escolar. Em grande par- necessário que haja uma pedagogia que
te das escolas, são criados laboratórios de incentive a aprendizagem personalizada a
informática com o intuito de mostrar aos partir do interesse de cada um e, ao mes-
alunos como as tecnologias podem ajudá- mo tempo, viabilize a aprendizagem cole-
las no seu dia a dia, contribuindo para o tiva em que o professor será cada vez
desenvolvimento do capital intelectual e mais um orientador indispensável, um
facilitando a realização de suas atividades coordenador de expedições em busca do
(TAJRA, 2001). saber coletivo.
Segundo Campbell (2009), para No Brasil existem vários progra-
que haja a inclusão digital na educação mas voltados à inclusão digital, aplicados
não basta instalar computadores em esco- dentro da educação, e, dentre eles, foi
las públicas, pois, em muitas delas, o uso instituído um programa de alfabetização
dos computadores ainda não foi incorpo- digital chamado MOVA digital, criado pela
rado ao projeto pedagógico, permanecen- Secretaria Municipal de Educação de São
do fechados em salas que só se abrem Paulo em 2001, baseado na pedagogia do
para aulas de informática. O computador educador Paulo Freire (MENEZES, 2002).
deveria ser ferramenta para o trabalho
docente, não somente para lançar notas e
preparar material para aulas, mas sua 1.2 HISTÓRIA DA POLÍTICA DA INFORMÁ-
utilização deveria ser mais explorada, pois TICA EDUCATIVA NO BRASIL
muitos sabem até utilizar certos softwares, A informática voltada para o sé-
porém não sabem empregá-los em sua culo XXI traz impactos causados princi-
prática em sala de aula, utilizando o com- palmente dentro da sociedade brasileira,
putador e a internet como meio para bus- com suas diversidades econômica, social e
car informações e recebimento e envio de cultural, que contemplam elementos ricos
mensagens e documentos. para buscar novos caminhos que estimu-
Segundo Weiss (2009, p. 133), lem o Brasil a ser um país melhor.
existe uma forte necessidade de se enten- Segundo Tajra (2001), o Brasil
der as possibilidades e os limites desses avançou nas políticas da informática, e o
suportes da informática, incluindo as ques- seu maior desafio foi fazer com que, atra-
tões éticas de sua utilização, para garantir vés dos canais governamentais, os cida-
uma boa mediação, pois o uso da informá- dãos pudessem se agregar e promover
tica tem de ser relevado com um precioso atuações para disseminar o uso das TICs,
instrumental, não só nos diagnósticos psi- e, desta forma, pudessem contribuir para
copedagógicos, mas também no tratamen- a inclusão social de todos os brasileiros,
to das dificuldades de aprendizagem esco- acabando com o analfabetismo digital.

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Para isso a autora faz um apanhado dos de uma determinada população. Estas
principais momentos vividos pela Política políticas podem estar colaborando com o
da Informática no Brasil: desenvolvimento cultural, educacional,
Em 1965, o Ministério da Marinha
voltadas à qualidade de vida dos indiví-
brasileira tinha interesse em desen- duos e, também, com a inclusão digital
volver um computador com know- que proporciona aos beneficiários a opor-
how próprio; Em 1971, o Ministério tunidade de estarem imersos neste novo
da Marinha, por intermédio do Gru- universo que se configura como a era digi-
po de Trabalho Especial – GTE – e tal.
o Ministério do Planejamento toma-
ram a decisão de construir um Em 1998 foi criado o documento
computador para as necessidades Parâmetros Curriculares Nacionais – PCN,
navais no Brasil; Em 1972, as ques- que se refere ao terceiro e quarto ciclos do
tões importantes e exportações da ensino fundamental e trata da necessidade
Informática eram transferidas para do uso das TICs na Educação, onde expli-
a CAPRE – Coordenação de Ativida- cita que “a tecnologia deve ser utilizada
des de Processamento Eletrônico, para gerar situações de aprendizagem
ligada ao Ministério do Planejamen- com maior qualidade – criar ambientes de
to; Em 1977, houve o primeiro con-
aprendizagem em que a problematização,
fronto entre o Brasil e interesses
estrangeiros, pela falta de uma de-
a atividade reflexiva, atitude crítica, capa-
finição explícita da reserva de mer- cidade decisória e autonomia sejam privi-
cado em relação aos mini e micro- legiadas” (BRASIL, 1998, p.140).
computadores – IBM e Burroughs; Através da Portaria Interministe-
Em 1979, as ações da CAPRE foram
rial (MC e MEC) nº 122, de 15 de maio de
transferidas para a SEI (Secretaria
Especial de Informática) ligada ao
2003: vigora a possibilidade de se alocar
CSN (Conselho de Segurança Na- recurso adicional ao Programa Governo
cional). Esta decisão acarretou i- Eletrônico – Serviço de Atendimento ao
númeras discussões pelo fato de a Cidadão (Gesac), para prover as escolas
CSN estar ligada às opressões da públicas com conexão à internet.
ditadura militar; Em 1984 é apro-
vada a Lei de Informática, a qual
O Decreto nº 4.769, de 27 de ju-
impôs restrições ao capital estran- nho de 2003: revoga a alínea b do inciso
geiro, tornou legal a aliança do Es- II do art. 7º do Plano Geral de Metas para
tado com o capital privado nacio- a Universalização do Serviço Telefônico
nal. Essa lei tinha uma previsão pa- Fixo Comutado Prestado no Regime Públi-
ra 8 anos, tempo estimado para co (PGMU). E o Decreto nº 6.094, de 24
que a indústria nacional alcançasse de abril de 2007: cria o Plano de Metas
maturidade visando à competitivi- Compromisso Todos pela Educação, pela
dade internacional; Em 1985, fal- União Federal, em regime de colaboração
tam recursos humanos capacitados
com municípios, Distrito Federal e os esta-
para o sistema de ciência e tecno-
logia. A partir daí, o governo pas-
dos, contando também com a participação
sou a intensificar os investimentos das famílias e da comunidade, mediante
na área de educação de 1° e 2° programas e ações de assistência técnica
graus (p. 28). e financeira, visando à mobilização social
pela melhoria da qualidade da educação
básica.
O desígnio das políticas públicas é
O Decreto nº 6.300, de 12 de de-
beneficiar a comunidade, tendo assim uma
zembro de 2007: amplia e especifica ainda
dimensão de suma relevância, pois estão
mais as ações e objetivos do Programa
intrinsecamente interligadas ao bem estar
Nacional de Informática na Educação (Pro-

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Info), como a formação de professores, a pública, propendendo, através destas polí-
disponibilização de conteúdos educacio- ticas, à melhoria da qualidade de ensino
nais, o provimento de infraestrutura para das escolas, sendo possível garantir aos
os laboratórios de informática, e assegura alunos a ascensão do conhecimento atra-
o suporte técnico e a manutenção dos vés da informática, que é uma tecnologia
equipamentos do ambiente tecnológico do bastante utilizada na sociedade moderna
Programa, findo o prazo de garantia da (TAJRA, 2001, p.13).
empresa fornecedora contratada. E o De-
Assim é possível compreender
creto nº 6.424, de 4 de abril de 2008:
que o papel das políticas públicas voltadas
altera e acresce dispositivos ao Anexo do
à exclusão digital é criar e socializar novas
Decreto nº 4.769, instituindo como benefi-
formas de utilização das tecnologias digi-
ciários da banda larga escolas públicas e
tais nas escolas públicas brasileiras, para
núcleos de tecnologia educacional (NTEs)
ampliar o processo de inclusão digital es-
estaduais e municipais.
colar e promover através delas o uso das
O Decreto nº 6.948, de 25 de a- TICs em caráter pedagógico.
gosto de 2009: institui o Comitê Gestor do
Programa de Inclusão Digital (CGPID) e dá
outras providências. O Decreto nº 6.991, 1.3 PREPARAÇÃO DOS PROFESSORES PARA
de 27 de outubro de 2009: institui o Pro- A ERA DIGITAL
grama Nacional de Apoio à Inclusão Digital Sendo a escola um local rico em
nas Comunidades (Telecentros.BR), para diversidade, é possível afirmar que ela é o
desenvolver ações conjuntas entre órgãos principal agente da mudança de paradig-
do Governo Federal, estados, Distrito Fe- mas, pois proporcionam, aos profissionais
deral, municípios e sociedade civil que envolvidos neste processo, atividades que
possibilitem a oferta, a implantação e a despertam o respeito ao próximo e suas
manutenção, em larga escala, de telecen- limitações, ressaltando suas potencialida-
tros. E em 2010 o Decreto nº 7.175, de 12 des e contribuições oferecidas dentro de
de maio, institui o Programa Nacional de seus limites.
Banda Larga (PNBL); dispõe sobre rema-
nejamento de cargos em comissão; altera Abordar questões como cidadani-
o Anexo II do Decreto nº 6.188, de 17 de a, inclusão digital e democracia são para-
agosto de 2007; altera e acresce dispositi- digmas traçados pelas instituições escola-
vos ao Decreto nº 6.948, de 25 de agosto res, respaldadas pelas legislações, que
de 2009; e dá outras providências. visam a formação de uma sociedade com
oportunidades igualitárias.
A Lei nº 12.249, de 11 de junho
de 2010, institui o Regime Especial de A introdução dos microcomputa-
Incentivos para o Desenvolvimento de dores na sala de aula ou na escola, atra-
Infraestrutura da Indústria Petrolífera nas vés de laboratórios de informática, pode
Regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste representar uma possibilidade mais eficaz
(Repenec); cria o Programa um computa- de lidar com alguns tópicos do ensino.
dor por aluno (Prouca) e institui o Regime Porém, para o melhor proveito desse re-
Especial de Aquisição de Computadores curso tecnológico, é necessário voltar as
para Uso Educacional (Recompe). atenções à aprendizagem dos professores,
para que eles possam fazer modificações
Várias foram as ações políticas importantes e interessantes no processo
que alicerçaram a educação e disponibili- de aprendizagem de seus alunos.
zaram meios para a inserção de computa-
dores e internet dentro das escolas, favo- Nesta perspectiva, a formação do
recendo toda educação básica da rede processo é fundamental, e o Governo,

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através da Lei nº 12.249, de 11 de junho zagem (AVA); UAB- Universidade Aberta
de 2010, disponibilizou um Computador do Brasil; RIVED – Rede Interativa Virtual;
Portátil para Professores. Este projeto deu PAPED – Programa de Apoio à Pesquisa
continuidade ao Projeto Cidadão Conecta- em Educação a distância; Webeduc; Portal
do – Computador para Todos, o Governo Domínio Público; Educação Superior a Dis-
Federal desenvolveu uma ação dirigida tância, entre outros (TEIXEIRA, 2010).
principalmente aos professores do ensino
Alguns desses programas se ca-
continuado das instituições credenciadas
racterizam como um ambiente colaborati-
ao MEC, visando facilitar a aquisição de
vo baseado em tecnologia web, que per-
computadores portáteis, criando mecanis-
mite ao usuário administrar e desenvolver
mos para isso, com baixo custo e com
diversos tipos de ações, como cursos a
empréstimos em condições diferenciadas
distância, complemento a cursos presenci-
para professores das instituições públicas
ais, projetos de pesquisa, projetos colabo-
e privadas, credenciadas ao MEC, além de
rativos e outras formas de apoio ao pro-
providenciar recursos voltados à formação
cesso ensino-aprendizagem (TAJRA,
continuada, para contribuir com o aperfei-
2001).
çoamento da capacidade de produção e de
formação pedagógica pela interação com Pretto (2005) analisa que os pro-
as TICs. fessores que possuem uma formação con-
tinuada estabelecem um maior entrosa-
Tajra (2001) afirma que existe
mento com as TICs, e reconhecem a im-
uma grande necessidade de aprimorar os
portância da inclusão digital, visto que eles
conhecimentos do professor para com os
também se incluem nesta parcela da po-
recursos disponíveis de programas que
pulação que não tem acesso às facilidades
desenvolvam atividades de ensino, prepa-
e ao conhecimento tecnológico do mundo
rando-o para realizar uma aula dinâmica,
contemporâneo, não dispondo dos benefí-
criativa e segura.
cios proporcionados pela cultura digital.
Para Kenski (2007), a utilização
Os professores em formação con-
do computador na educação tem sentido e
tinuada podem desempenhar funções de
é totalmente benéfica, na medida em que
um forte articulador dos processos inova-
os professores o concebem como uma
dores, pedagógicos e tecnológicos, auxili-
ferramenta de auxílio às suas atividades
ando na elaboração de projetos, através
didático-pedagógicas, e passam a aceitá-lo
de boas sugestões, informando sobre as
como instrumento de planejamento e rea-
inovações, e sua utilização, e podem ofe-
lização de projetos interdisciplinares, que
recer a seus alunos, estímulo, dinamização
pode exercer a função de motivar e ao
e valorização dos trabalhos realizados,
mesmo tempo desafiar os alunos, tornan-
através de blogs ou em fóruns e redes
do-se uma nova prática pedagógica dentro
sociais, dando e tendo a conscientização
do processo ensino-aprendizagem, como
de que, através desses recursos, eles po-
uma forma inovadora, dinâmica, participa-
dem se sentir mais livres para ousar e
tiva e interativa de aplicar atividades con-
criar.
textualizadas na aquisição de conhecimen-
tos.
Através da política voltada à in- CONSIDERAÇÕES FINAIS
clusão dos professore neste contexto tec- O grande desafio da educação é
nológico, o Governo implementou alguns transformar os direitos idealizados de to-
programas como: Proinfo – Programa dos os cidadãos em realidade e o benefício
Nacional de Informática na Educação; e- da inclusão digital na educação como re-
PROINFO - Ambiente Virtual de Aprendi- quisito para exercício da cidadania. Pode-

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mos ver que, em meio a tantas tecnologi- realidade, mostrando que ainda existem
as disseminadas nesta era tecnológica, pessoas que desconhecem as tecnologias,
temos a necessidade de nos adequar a pessoas que não têm celular, não possu-
esta realidade e aprender a usufruir de em computadores com acesso a internet
seus benefícios como ter acesso a jornais, e, desta forma sutil, vem havendo a am-
realizar visitas virtuais a museus e a ou- pliação das desigualdades, o que é uma
tros lugares fora de seu país, pesquisas violência velada, pois constitucionalmente
em bibliotecas, conversas com parentes e somos todos iguais e temos os mesmos
amigos através das redes sociais, compras direitos, porém, não temos igualdade de
diversas, entre outras atividades. Hoje a condições.
internet vem a ser a principal ferramenta
Percebe-se que a utilização das
de informação que conecta o mundo.
tecnologias e da informação, por ela me-
Assim, aqueles que não possuem diada, se torna importante para o desen-
acesso a ela ou não sabem trabalhar com volvimento econômico e social do país e a
esta ferramenta, interpretando suas codifi- escola pode se tornar mediadora desse
cações e usufruindo dessas tecnologias, recurso, partindo do princípio da inclusão
são considerados analfabetos digitais. digital. Sendo assim, abre-se novas opor-
tunidades de melhorar a educação tornan-
O Governo Federal brasileiro vem,
do-a de qualidade e para todos.
desde a década de 80, desenvolvendo e
investindo em programas que visam à
inclusão digital dos cidadãos, voltando
suas atenções àqueles de baixa renda. O
trabalho buscou refletir sobre as formas REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
propostas para a erradicação desse anal- BRASIL. Constituição da República Federa-
fabetismo, numa visão de dentro da esco- tiva do Brasil. Brasília: Senado, 1988.
la.
A implementação de laboratórios _______. Lei nº. 9.394 de 20 de dezembro
de informática, dentro dos contextos esco- de 1996. Lei de Diretrizes e Bases da Edu-
lares, vem a favorecer o direito à igualda- cação Nacional.
de de oportunidades, visando o exercício
da cidadania, além de resgatar os excluí- CAMPBELL, Selma Inês. Múltiplas faces da
dos em plena era da informática digital, Inclusão. Rio de Janeiro: Wak Ed., 2009.
através dos programas e políticas públicas.
JUNIOR, João de Pontes. Alfabetização
Apesar de existirem bons pro-
Digital: proposição de parâmetros metodo-
gramas e políticas públicas voltadas à in-
lógicos para capacitação em competência
clusão digital na educação, no meio do
informacional. Dissertação de Mestrado,
caminho, houve tropeços e houve esbar-
Pontifícia Universidade Católica de Campi-
rões com as políticas municipais que, a
nas, 2009.
cada vez que eram mudadas, desfavoreci-
am o que já havia sido feito, tornando o
KENSKI, Vani Moreira. Educação e Tecno-
acesso de muitas escolas desprivilegiadas
logias: O novo ritmo da informação. ISBN
por sua estrutura física e seu local ficarem
978 – 85 – 308 – 0828 – 0. Campinas, São
à margem desta inclusão.
Paulo: Papirus, 2007.
A exclusão digital é uma das cau-
sas do analfabetismo tecnológico e, em MENEZES, Ebenezer Takuno de; SANTOS,
concordância a ela, temos o agravante da Thais Helena dos. "Analfabetismo tecnoló-
exclusão social, que vem, de acordo com a gico" (verbete). Dicionário Interativo da

A INCLUSÃO DIGITAL NA ESCOLA PARA A ERRADICAÇÃO DO ANALFABETISMO TECNOLÓGICO 29


Educação Brasileira - EducaBrasil. São
Paulo: Midiamix Editora, 2002. Disponível
em: http://www.educabrasil.com.br/eb/
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gias e novas educações. Salvador: EDUF-
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de Luca Entrevista para o Programa Salto
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para o professor da atualidade. 3. Ed.
Rev., atual. e amp. – São Paulo: Érica,
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digital: novas perspectivas para a informá-
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WEISS, Maria Lúcia Lemme. Vencendo as


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A INCLUSÃO DIGITAL NA ESCOLA PARA A ERRADICAÇÃO DO ANALFABETISMO TECNOLÓGICO 30

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