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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM HISTÓRIA (PPGHIS/UFPR)


LINHA DE PESQUISA
INTERSUBJETIVIDADE E PLURALIDADE: REFLEXÃO E SENTIMENTO NA
HISTÓRIA

PROJETO DE PESQUISA DE DOUTORADO


O POLÍTICO NO CINEMA DE HORROR: a teoria nas representações políticas nas
produções de George Romero, John Carpenter, Jordan Peele, Rodrigo Aragão e José
Mojica Marins.

Gilson Moura Henrique Junior

Curitiba
2021
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O POLÍTICO NO CINEMA DE HORROR: a teoria nas representações políticas nas


produções de George Romero, John Carpenter, Jordan Peele, Rodrigo Aragão e José
Mojica Marins.

Resumo
Neste projeto de pesquisa buscamos pensar o político na cinematografia de Horror dos Estados Unidos e do Brasil
no período de 1964 a 2020, tendo como fonte primária as obras dos diretores George Romero, John Carpenter,
Jordan Peele, José Mojica Marins e Rodrigo Aragão. Procuramos identificar as interseções do cinema de Horror
com o debate político de cada contexto histórico, tendo como elemento fundamental a dinâmica da técnica e suas
transformações. As representações da política cotidiana no cinema de Horror são o objetivo desta pesquisa tendo
em vista as formas como o Horror aborda o político e se torna uma nova ferramenta de subversão da ordem a partir
do audiovisual. Nosso referencial teórico parte da perspectiva thompsoniana do entrelaçamento entre cultura,
política e economia, a expansão do capitalismo e seu desenvolvimento impactando o dia a dia das pessoas.
Partiremos também da perspectiva de Raymond Willians sobre a cultura produzir formas culturais que influenciam
a sociedade. Vamos trabalhar com o conceito de barômetro social, com o qual Ian Conrich aborda o cinema de
Horror. Lidaremos com a perspectiva do cinema de horror como parte do processo de representações de longa
duração de acordo com o pensamento de Fernand Braudel. Utilizaremos uma leitura de Robin R. Means Colema
sobre o impacto do cinema nas relações étnico-raciais e uma análise centrada na compreensão de Carlo Ginzburg
sobre a historicidade da técnica.

1.Definição do objeto e problemática


Na Idade Moderna, as transformações sociais e econômicas, ocorridas principalmente a
partir do século XVIII, desencadearam em mudanças culturais que impactaram a perspectiva
de tempo e a ideia de trabalho. Nesse processo histórico, o Horror, enquanto gênero ficcional
literário, acompanha essas mudanças e dialoga com os debates teórico-filosóficos que discutem
a natureza. Essas discussões produzem um cânone que reordena o pensamento e modifica o
olhar sobre o mundo, construindo a separação entre elementos culturais, divididos entre naturais
e sobrenaturais, selecionando o que deveria ser parte deste mundo e o que deixava ser. Em vista
disso, é no Horror que o sobrenatural passa a viver (BRAGA, 2020).
A identificação das fronteiras do reino do racional participou da exclusão das religiões
pré-cristãs do mundo do sagrado, inserindo-as no campo da ilusão ou da malignidade
(GINZBURG, 2012). Tudo o que não se encaixava nos parâmetros de classificação da natureza
era sobrenatural ou invalidado, por isso indignos de investigação, e isso pôs culturas e crenças
no mundo da imaginação. Estes parâmetros exerceram o controle da imaginação investigativa
(BRAGA, 2020), que torna toda a produção cultural da Modernidade uma nova consciência
que não pode ser separada da sociedade em que surgiu (GINZBURG, 1989).
O Horror participa destas transformações culturais da modernidade como gênero da
literatura ficcional produzida em larga escala. No entanto, o Horror trabalhava como um
expositor dos limites da defesa do progresso racional (CARROLL, 1999).
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Ao lado da produção teórico-filosófica que regulava o mundo a partir de novos


parâmetros, a produção cultural ajudava a definir os limites do que poderia participar dessa
ideia de mundo, cujo tempo e hierarquização dos fatos e das informações ganhavam uma faceta
perceptível em hábitos como o uso de relógios, a leitura e a estética dos periódicos e dos livros.
A literatura era influência participante deste processo histórico como uma forma cultural, uma
perspectiva tecnológica e ferramenta de interferência no cotidiano dos leitores e na sociedade
(WILLIAMS, 2016). Estes processos transformadores das tradicionais percepções da vida e do
tempo disciplinaram o trabalho, o viver e o comer (THOMPSON, 2013), mas também o
imaginar e criaram uma divisão entre o natural e o sobrenatural. Nisso o não natural transforma-
se em um perigo intelectual por possibilitar a deformação da percepção dos sentidos. Um
exemplo foram os relatos de ataques de mortos-vivos na França no final do século XVIII que
deram ao sobrenatural um lugar no cotidiano e provocaram nas autoridades e na intelectualidade
receio de desordem social por meio do pânico (BRAGA, 2020). A imprensa e a literatura gótica,
assim como a filosofia, foram fundamentais para que este momento de construção do Horror
como forma cultural da modernidade acontecesse. “Drácula” de Bram Stoker, publicado em
1897, por exemplo, foi essencial ao reunir, organizar e teorizar o saber vampirológico, criando
um ente que unia as diversas formas de representação de mortos-vivos sugadores de sangue em
uma só espécie representada em um personagem 1 (LECOUTEUX, 2005).
Da literatura como ressignificação dos muitos personagens das mitologias pré-cristãs
em um cânone ficcional, cabível nas definições da Modernidade, nasce o paradigma
cinematográfico de Horror, que transpõe no filme “Nosferatu” (1922) o que era imaginado em
“Drácula”. Nascido e tributário da literatura, a cinematografia de Horror é um dos gêneros mais
robustos do cinema contemporâneo. Impacta de forma transcultural o imaginário e ultrapassa
fronteiras (CONRICH, 2010).
O Horror explora as ansiedades culturais e as tensões sociais de cada época e projeta
alegoricamente os medos reais no espaço controlado do cinema. Os monstros da Universal
(Drácula, Frankenstein, Lobisomem) foram ressonâncias dos medos existentes na Grande
Depressão, assim como alienígenas e criaturas do espaço ou aranhas gigantes ressoavam os
medos do início da Guerra Fria (PHILLIPS, 2012). A cidade de Santa Mira de “Vampiros de
almas” (1956) ecoava os medos da América branca diante das ameaças que a guerra (atômica

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O Vampiro como conhecemos é uma entidade desenvolvida por Bram Stoker unindo em uma só espécie uma
diversidade de outros tipos de entes que sugam sangue e são mortos-vivos, como o Vurdalak da Bósnia, Ucrânia
e demais povos eslavos do sul, o Opyr da Turquia, o Nosferat da Romênia o Vampir, da Rússia, Lituânia e parte
da Alemanha em uma só entidade, o Drácula, que juntava as distintas características desses seres (LECOUTEUX,
2005).
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ou Fria), o comunismo e a integração racial traziam nas páginas dos jornais (COLEMAN,
2019).
Isso ganha um novo significado quando George Romero produz e dirige “A Noite dos
Mortos Vivos” (1968), que ecoa ansiedades e medos sociais e coletivos. Romero inaugura uma
nova era no gênero, discute abertamente o racismo e a violência contra negros e rompe com
modelos cinematográficos de Horror, onde a política habitava as entrelinhas dos enredos
(PHILLIPS. 2012).
A revolução de Romero causou um aumento da presença de negros nas exibições de “A
Noite dos Mortos Vivos”. Isso foi amplificado pela facilidade de acesso ao filme em
contraposição à dificuldade que os cinemas dos bairros negros tinham em conseguir filmes para
exibir. “A Noite dos Mortos-Vivos” foi, então, um sucesso de bilheteria, com exibições
periódicas e tempo de exibição (COLEMAN, 2019).
A obra de George Romero foi fundamental para inspirar outros cineastas como John
Carpenter, Joe Dante e Jordan Peele. Romero foi parte da geração impactada pela Guerra no
Vietnam e os assassinatos dos Kennedy e de Martin Luther King. A geração seguinte foi
responsável pelas produções que abalaram a cultura estadunidense como parte da “década de
terremotos sociais”. A cinematografia de Horror da década de 1970 pôs em prática o legado de
Romero, criticando e mexendo no cenário cultural que precedeu a conservadora década de 1980
dos Estados Unidos (FRIEDMAN, 2007).
O espírito da subversão inaugurado por Romero foi seguido por John Carpenter em suas
criativas abordagens do gênero slasher (“Halloween”, 1978). Sua releitura das ficções
científicas de horror dos anos 1950 (“O Enigma de Outro Mundo”, 1982) influenciou diversos
realizadores com sua abordagem claustrofóbica e paranoica. A representação das maldições de
fantasmas que cobravam os erros dos colonizadores (“A Bruma Assassina”, 1980) não permitia
o esquecimento dos danos da colonização ao final do filme.
A produção do Horror dos anos 1970 é fundamental para as do horror contemporâneo,
por abordar com complexidade os medos sociais de uma sociedade em transformação. As novas
formas de terror falavam de sexualidade, de raça, do Sonho Americano derrotado no Vietnam
e do conservadorismo crescente numa sociedade que descobriu tarde demais que o sonho havia
acabado. Como barômetros sociais, as obras da cinematografia de horror dos anos 1970
traduzem medos coletivos com originalidade, criatividade e muito sangue (CONRICH, 2010).
O Horror dos anos 1970 em diante atravessou as transformações sociais, políticas e
econômicas, com uma releitura de mitos do Zumbi ao Vampiro. Com lobisomens que
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caminhavam na fronteira com a comédia e fantasmas zombeteiros, o cinema de Horror


representou uma revolução constante do gênero. Quando a discussão racial invadiu as grandes
telas em “Corra!” (2017), de Jordan Peele, fez com que até o debate explícito de Romero
parecesse tímido. A construção hábil de um horror onde o fantasma era o racismo que o discurso
branco sofisticado e bem educado fingia não existir, fazia este racismo sutil tão visível quanto
caipiras de Pittsburg matando negros a tiros.
A cinematografia de Horror chega aos anos 2010 e 2020 fundamentada nas distopias
sociais. Os atentados de 11 de Setembro em Nova York nos EUA fizeram do corpo personagem
principal de uma ficção onde o cinismo e a crítica se juntam à paranoia e a testes dos limites do
horror corporal. Enraizada nas desconfianças entre as pessoas e formas criativas de agressão ao
corpo, a produção cinematográfica de Horror também se estabeleceu como uma forma de crítica
social presente no debate antirracista e de um poder feminino crescente (CONRICH, 2010).
O Horror no Brasil tem como principal expoente o cineasta José Mojica Marins, também
conhecido pelo nome de seu principal personagem, o Zé do Caixão. Sua obra faz a ponte entre
a cinematografia estadunidense, o Grand Guignol e as referências culturais brasileiras e
estabelece um parâmetro crítico com a originalidade que trazia ao gênero. Contemporâneo a
Romero, Mojica inaugura no Brasil um cinema que rompe paradigmas do próprio gênero e faz
da ficção um manifesto filosófico que lida com as ansiedades sociais de forma violenta, erótica
e com uma imagética sui generis. “À meia-noite levarei sua alma” (1964) é uma produção,
direção e roteiro de Mojica, em que atua como o Josefel Zanatas, o Zé do Caixão, um sociopata
blasfemo que aterroriza uma cidade do interior do país. O filme é uma produção de baixo
orçamento, mas com um roteiro e direção que usa com extrema criatividade a simbologia
religiosa para um filme de horror em que o sobrenatural é secundário. O grande horror é a ação
de um homem, praticamente ateu, e que por vezes emana uma perspectiva nietzschiana de
superação da humanidade. Sua busca é por uma mulher que lhe dará o filho perfeito, para ele a
única eternidade possível (PIEDADE; CÁNEPA, 2014).
Assim como nos EUA, no Brasil as produções de horror de Mojica impactaram
profundamente novas gerações de cineastas como Rodrigo Aragão e Peter Baiestorf que
vinculam em suas produções tanto as referências a mestres como Romero, Carpenter e Sam
Raimi quanto são tributárias da obra de Zé do Caixão. Em comum com as produções
estadunidenses, a cinematografia contemporânea de Horror brasileira expõe preocupações
sócio-políticas. Elas ampliam o debate com o uso de roteiros e de linguagem para diluir as
fronteiras do político com a produção ficcional. A cinematografia discute questões sociais e
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permite que se entenda como se dá, tecnicamente e teoricamente, a construção do político nas
obras.
Como documentos, barômetros sociais ou caixas de ressonância das ansiedades
coletivas, estas obras dialogam com produções teórico-filosóficas e levam às telas, como
mensagem, um debate que vai mais longe que o apresentado no filme. Refletem um conjunto
de produções teóricas políticas que popularizam a percepção hobbesiana, marxista e até
nietzschiana. O uso da paranoia e do medo como fator de tensão em “O Enigma de Outro
Mundo” (1982) constrói um cenário em que Hobbes encontraria uma representação de seu
Leviatã. A tomada da cidadela, em “Terra dos Mortos” (2005), onde ricos humanos se isolavam
do apocalipse por zumbis liderados por um negro frentista, zumbi e consciente, não esconde
sua inspiração na definição de luta de classes por Marx. A colonização trazendo males e
maldições a um Brasil onde indígenas viviam longe das corrupções brancas em “O Cemitério
das Almas Perdidas” (2020), de Rodrigo Aragão, reflete um contemporâneo debate político
sobre a decolonialidade. O cinema de horror documenta ansiedades coletivas e pressões sociais
de cada período histórico, mas também o debate político que discute uma ordem onde o homem
não é apenas o lobo do homem.
Nesse sentido, buscamos pensar o político na cinematografia de Horror dos EUA e do
Brasil de 1964 até 2020, tendo como ponto de partida as obras de George Romero, John
Carpenter, Jordan Peele, José Mojica Marins e Rodrigo Aragão. Analisamos a relação entre
essas produções e o trânsito de influências que ultrapassam fronteiras e migram pelas estradas
dos signos para identificar como se organizam as ideias que leem as diferentes sociedades a
partir de seus medos.
Como problemática, buscamos identificar interseções entre teoria política e a produção
cinematográfica de horror estadunidense e brasileira de 1964 até 2020, a partir da análise das
produções dos diretores John Carpenter, George Romero, Jordan Peele, José Mojica Marins e
Rodrigo Aragão, compreendendo o processo técnico de suas produções que transitam entre
fronteiras culturais, geográficas e conceituais. Queremos analisar as formas como o cinema de
horror reproduz explicitamente um debate político ativo, rompe as fronteiras do gênero e
estabelece uma nova forma de olhar o medo como ferramenta de subversão de uma ordem
conservadora e mantenedora de opressões.
Como hipótese pensamos que a cinematografia de Horror representa de forma ficcional
debates políticos encontrados nas obras de Hobbes, Marx e Nietzsche. As representações
ficcionais do gênero misturaram elementos naturalistas das sociedades com figuras da fantasia
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de Horror, dando ressonância a medos sociais que ultrapassam as fronteiras entre gêneros
ficcionais e o contexto social e cultural de cada época.
As obras refletem debates presentes na teoria política, expondo distopias que
exemplificaria a anomia hobbesiana ou a luta de classes, segundo a perspectiva de Karl Marx,
levada ao absurdo e produzem representações de construções teóricas da teoria política, as
popularizando.
A produção cinematográfica de George Romero, John Carpenter, Jordan Peele, José
Mojica Marins e Rodrigo Aragão documentaria a ressonância de medos sociais, ultrapassaram
as fronteiras dos gêneros ficcionais e refletiram a respeito das transformações sociais nos EUA
e no Brasil, e poriam em tela um debate sobre paradigmas teóricos políticos hobbesianos,
marxistas e nietzschianos.
A linguagem cinematográfica no horror sofreu uma guinada na abordagem de temáticas
políticas na cinematografia pós-1964, manteria um diálogo permanente com as tradições
culturais de longa duração. No Brasil, as produções teriam significativa influência da
cinematografia estadunidense e contribuíram com inovações a partir de influências da cultura
local e tradições próprias.

2. Justificativa e Revisão Bibliográfica


Na contramão do impulso de um pensamento otimista em relação ao progresso infinito,
o Horror de Mary Shelley (1797-1851) discutia os limites da racionalidade e da ciência na
substituição do divino. A Europa assistia um avanço do capitalismo a todo vapor, movendo
tradições, religiosidades e compreensões do tempo para o abrigo de uma natureza ordenada
segundo preceitos definidos pelo paradigma da ciência. Enquanto isso, Shelley (1818) discutia
a produção da ciência como um Prometeu Moderno2, acorrentado na montanha de sua própria
inadequação diante do velho mundo que o criou.
Mesmo as produções mais conservadores do Horror possuem uma percepção crítica da
sociedade a seu redor, seja pela afirmação ou pela subversão da ordem. Noël Carroll (1999)
explica que o Horror, desde seu nascimento literário, experimentava as bordas da ordem,
expunha as fronteiras acerca da própria ideia que uma cultura ou sociedade tem sobre si,
lembrando o leitor dos esqueletos escondidos nos armários da civilização.
E. P. Thompson (2013) definiu que o novo mundo capitalista tinha um conveniente
casamento com o puritanismo e a perspectiva Iluminista, construía uma percepção de disciplina

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O título original da principal obra de Mary Shelley é “Frankenstein ou o Prometeu Moderno” (1818).
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do tempo, das relações pessoais, do regramento social e do afeto. A literatura, o teatro e o


cinema de Horror, mais explicitamente a partir do Grand Guignol, estabeleceram um parâmetro
de choque contra as fronteiras desse novo mundo. À crítica ao Prometeu Moderno presente na
literatura segue, segundo Lucio de Franciscis dos Reis Piedade e Laura Loguercio Cánepa
(2014), um desfile macabro de corpos que sofrem no palco torturas e exibições fantasmagóricas
cuja construção estética expunha a sociedade a um terror profundo. Ian Conrich (2010) trata
esse processo de exposição promovido pelo Horror, cuja tradição é seguida pelo cinema, como
o exercício de um papel de barômetro social, que expõe não apenas os limites da ordem social
e da cultura, mas estabelece discussões políticas.
E “se o racionalismo moderno é semelhante ao mecanismo de um relógio” (SOMBART,
apud THOMPSON, 2013, p.303), o Horror oscila entre o relojoeiro e a destruição do
mecanismo, expondo ou explodindo suas engrenagens, afirmando ou subvertendo a ordem que
o compõe. Carrol (1999) afirma que há uma dualidade na produção de Horror, não há um
aprisionamento ideológico. O Horror, ao mesmo tempo em que produz representações sexistas
de mulheres ativas sexualmente como alvos prioritários dos assassinos sanguinários, também
produz obras como as do ciclo de Mortos-vivos de Romero explicitamente antirracistas.
Kendall R. Philips (2012) é um estudioso da cinematografia de Horror e afirma que George
Romero é quem inaugura a crítica explícita ao racismo e ao consumismo, representando a
humanidade como uma dualidade entre mortos-vivos, que em tese não possuem consciência, e
homens e mulheres, cuja consciência é posta em dúvida diante da sua fome fratricida,
consumista, sexista e racista.
O debate político explicitado pela cinematografia de horror põe na tela o processo de
fragmentação das identidades definido por Stuart Hall (2006). Quando o cinema de horror
representa o machismo, o racismo e as opressões de classe como fatores de divisão do gênero
humano e de suas identidades, ele corrobora com o conceito de Hall de que a “identidade
plenamente unificada, completa, segura e coerente é uma fantasia'' (HALL, 2006, p.6).
A própria permanência das representações da mulher, mesmo nos anos 1970, como
agente perigoso nas figuras de bruxas vingativas, definidas por Gabriela Larocca (2019) como
uma durabilidade das concepções de ordem e a vitalidade de conceitos sobre o mal feminino
no cinema, sofre uma ruptura explícita pelas representações na produção “A Bruxa” (2016).
Aqui o mal feminino tem outra característica, uma ambiguidade entre o assumir-se como o mal
e libertar-se de uma ordem opressora ao feminino. Nesta perspectiva justifica-se a pesquisa que
pretende identificar os mecanismos teóricos que participam desse debate cinematográfico a
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partir das ideias políticas. Também é importante entender como a cinematografia de Horror
pós-1964 abraça a turbulência dos anos 1960 e 1970 e vinculam a seus roteiros a teoria política
de Hobbes, Marx e Nietzsche.
Ginzburg (2014) defende que Hobbes nos ajuda a imaginar não só o presente, mas
também o futuro, nesse caminho podemos entender porque as telas do cinema e das televisões
expõem distopias hobbesianas. Também é possível ler uma representação da luta de classes no
esforço de John Nada pela libertação da humanidade do jugo de alienígenas ocultos e aliados à
elite política terrena em “Eles Vivem” (1988). Impossível não enxergar a distopia de “Terra dos
Mortos” (2005) como uma dupla mensagem, tanto hobbesiana como marxiana, de um zumbi
negro da classe trabalhadora liderar a tomada da cidadela onde ricos se protegem de vivos
pobres e mortos-vivos espoliados.
Em um mundo onde mulheres podem ser mais que vítimas preferenciais de psicopatas
invisíveis (“O homem Invisível”, 2020) e pessoas negras podem ser protagonistas e saírem
vivos no fim do filme (“Corra!”, 2017), um debate sobre como a política abraça teoricamente
os filmes nos permite ir no cerne do documento cinematográfico.
Nesse sentido, discutir a teoria política nas telas do Horror pós-1964 em Romero,
Carpenter, Peele, Aragão e Mojica Marins permite identificar as formas como seus roteiros e
técnicas de direção abraçam teorias para associar a arte ao discurso político. Nesse ínterim,
documentam discussões contemporâneas e mantêm vivos debates da longa duração do
pensamento político. Em vista disso, é relevante identificar como essa abordagem
cinematográfica dialoga com a teoria política. Como ela expõe visões que desafiam um status
quo simbólico e lidam com a longa duração de signos que se transformam nas representações
do horror. E como essas obras cinematográficas remontam ao mal estar de uma civilização em
que a própria ideia de ocidente e identidades, nacionais ou não, são postas em xeque.

5. Objetivos

5.1. Objetivo Geral

Discutir a presença da teoria política hobbesiana, Marxista e Nietzschiana na produção


cinematográfica de George Romero, John Carpenter, Jordan Peele, José Mojica Marins e
Rodrigo Aragão e seu efeito no debate político explícito em suas produções.
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5.2. Objetivos específicos


 Identificar as transformações na linguagem cinematográfica, roteiro e direção nas
produções de Horror pós-1964 a partir dos debates políticos expostos por elas tendo
como parâmetro as obras de George Romero, John Carpenter, Jordan Peele, José Mojica
Marins e Rodrigo Aragão.
 Pesquisar o efeito do Horror como tributário de uma longa tradição de narrativas
ficcionais que remete às transformações culturais da Idade Moderna e que deságua numa
cinematografia que mesmo diante de transformações no contexto e nas técnicas ainda
mantém elementos de uma linguagem que faz parte de uma forma cultural própria.
 Analisar as mudanças que o cânone cinematográfico de horror sofre nas produções
brasileiras pelas influências da cultura local e tradições próprias em relação com
elementos de outras culturas que ultrapassam fronteiras.

6. Referencial teórico
A base teórica para essa investigação nasce da perspectiva thompsoniana da produção
que entrelaça cultura com a política e os processos e contextos de expansão do capitalismo.
Thompson (2013) explica como o desenvolvimento dos processos culturais se relaciona com o
avanço sistêmico e seus impactos econômicos e sociais. Essa definição se junta à perspectiva
de Raymond Williams (2016) de como as formas culturais produzidas nas diferentes
conjunturas de desenvolvimento capitalista estabelecem parâmetros de relação entre a
sociedade e suas mídias.
Segundo Remedi (2011), o desenvolvimento econômico do século XVIII produziu
aumento no consumo de arte e literatura e neste contexto foi possível que o romance se tornasse
mímesis e instrumento cognitivo do mundo. Este caminho lógico nos permite entender o
impacto da arte nas perspectivas culturais das sociedades e também compreender como o
cinema se tornou, na concepção de Conrich (2010), uma robusta forma de arte e, segundo
Phillips (2012), uma alegoria que reflete as ansiedades sociais.
A identificação do cinema e da literatura como formas culturais e do horror como um
gênero destas duas artes exige um debate a partir da historicidade da técnica, das relações entre
o momento em que a obra se realiza e a capacidade de realização, entre a relação da
possibilidade de produção artística e seu contexto histórico. Essa perspectiva parte da noção de
Ginzburg (1989) que põe a técnica como parte de um período histórico e cuja elaboração
mobiliza nossas memórias e experiências no mundo visível.
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Para observar este processo é fundamental entender o conceito de Chartier (2014) de


autoria, em que a produção atua na circulação e no funcionamento de determinados discursos
em uma sociedade com uma singularidade perceptível no senso de estilo e linguagem. A
produção autoral cria um tipo de obra que é assistida e reverbera em interações sociais que
compõem uma experiência social, dialogando com o conceito de forma cultural de Williams
(2016).
O conceito de barômetro social, com o qual Conrich (2010) identifica o papel da
cinematografia de horror, dialoga com a definição Gilles Deleuze (1983) a respeito da
ambiguidade da arte cinematográfica como “arte industrial”. Enquanto isso, coloca o cinema
como uma experiência social que articula meio e mensagem, “vivendo” entre a ciência e a arte
e explicitando um debate político em linguagem popular. Nesse sentido, abre espaço para uma
discussão a respeito da recepção de autores como Hobbes ou Marx. Essa ambiguidade e a
característica do cinema de horror como arte e indústria, torna as obras cinematográficas fontes
importantes sobre o contexto histórico e sobre a própria cinematografia como um tipo de
fenômeno único. A identificação de um fenômeno como tal faz parte da reflexão de Giovanni
Levi (2015) sobre a necessidade de elaborar uma análise que amplie a percepção historiográfica
para responder às perguntas da fonte, nesse caso, o cinema de Horror. Definir quando o Horror
atua como parte de uma forma cultural e apresenta um debate político mais explícito, que antes
eram feitos de forma subjetiva, é metodologicamente a categorização deste processo como
fenômeno único.
A significativa ruptura que o Horror no cinema sofreu a partir da obra de Romero é
possível de identificar no texto do roteiro ou na exposição da fotografia, da cenografia, da
escolha dos protagonistas e do figurino uma nova forma de entender como o Horror pode ser
um palco para uma discussão de fôlego, esse processo inaugura, na concepção de Phillips
(2012), uma perspectiva política que expõe o cinismo e a percepção sombria a respeito da
sociedade estadunidense dos anos 1970.
Essa perspectiva é analisada a partir da compreensão de Carlo Ginzburg (1989) sobre a
historicidade da técnica e o impacto circular entre o desenvolvimento técnico, as mudanças
culturais e os processos históricos.
Esse impacto se organiza a partir da perspectiva da luta pelos direitos civis ter tomado
a tela na pele negra do personagem Ben de “A Noite dos mortos vivos” (1968), em que o
personagem negro é ativo, responde à altura a um homem branco racista, fraco e cujas reações
expõem toda a micro sociedade abrigada na sede de uma fazenda sob ataque de mortos-vivos.
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O rosto negro do protagonista abre mais do que uma estrada para o debate político, ele ecoa
toda uma discussão política imediata, presente nas falas de Martin Luther King e Malcom X. E
como lembra Robin R. Means Coleman (2019) o filme é lançado no mesmo ano em que King
foi assassinado.
Ben não apenas sobrevive de forma heroica a uma implacável horda de monstros
canibais, ele ordena a micro sociedade que habita o teto em que se abrigam, resiste até ser
sobrepujado não pelos monstros, mas peltado nas mãos de homens que não diferenciam um
negro vivo de um negro morto.
As portas que Ben abre chegam na sobrevivência de Chris Washington (personagem de
Daniel Kaluuya em “Corra!” de 2017), mas também abrem espaço para todo um debate sobre
como uma situação tão hobbesiana como a presente nos cenários de filmes de zumbis ecoam
um debate que rompe com o homem sendo lobo do homem quando um frentista negro, zumbi,
lidera a tomada da cidadela onde ricos se protegem do domínio da Terra pelos mortos-vivos.
Esse debate, alegoricamente produzido em cinema de horror, permite uma percepção
dos filmes como documento não apenas de suas épocas, mas da longa duração da influência da
teoria política nas obras populares. É essa ponte entre a teoria e a cultura popular produzida a
partir do Horror que buscamos trabalhar.

7. Tipologia das fontes


A pesquisa tem foco na produção cinematográfica de George Romero, John Carpenter,
Rodrigo Aragão, José Mojica Marins e Jordan Peele.
John Carpenter tem dezenove filmes como diretor e destes já coletamos quinze obras.
Essas obras estão disponíveis em plataformas de streaming, como DarkFlix, Netflix e Amazon
Prime, estamos em processo de pesquisa e possível coleta das últimas quatro que faltam. Estas
produções já coletadas foram alvo de análise e serão retomadas com nova perspectiva. As obras
que analisaremos são: “The Ward” (2011); “Ghosts of Mars” (2001); “Vampiros de John
Carpenter” (1998); “In the Mouth of Madness” (1995); “Village of The Damned” (1995);
“Body Bags” (1993), antologia em que Carpenter produz e dirige um dos segmentos; “They
Live” (1988); “Prince of Darkness” (1987); “Christine” (1983); “The Thing” (1982);
“Halloween II” (1981) (Roteirista, Compositor e Produtor, ao lado de Debra Hill e Alan
Howarth); “The Fog” (1980); “Someone's Watching Me!” (1978); “Halloween” (1978); “Os
Olhos de Laura Mars” (1978) (como roteirista). Excluímos da análise filmográfica os filmes
que não são do gênero Horror, e incluímos dois filmes em que Carpenter participa como
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roteirista, estes não coletamos, mas estão disponíveis em streaming. Todos os filmes foram
assistidos e pré-analisados. Está em processo de pesquisa a busca dos roteiros originais e sua
disponibilidade para análise.
Possuímos onze das dezenove obras de George Romero coletadas, há duas das obras
que coletamos da tetralogia de zumbis também na Darkflix, um dos filmes que possuímos
também está na Amazon Prime. Há necessidade de pesquisar para coletar os filmes restantes e
buscar armazenamento. As obras que serão analisadas são: “Survival of the Dead” (2009);
“Diary of the Dead” (2007); “Land of the Dead” (2005); “Bruiser” (2000); “The Dark Half”
(1993); “Two Evil Eyes” (1990), Romero aqui dirige um dos dois segmentos, dividindo o filme
com Dario Argento; “Monkey Shines” (1988); “Day of the Dead” (1985); “Creepshow” (1982);
“Dawn of the Dead” (1978); “Martin” (1978); “The Crazies” (1973); “Hungry Wives” (1972);
“Night of the Living Dead” (1968). Excluímos da análise as obras que não são do gênero
Horror. Das catorze obras listadas faltam coletar três (“Martin”, “Hungry Wives” e “Bruiser”).
Da obra de Rodrigo Aragão temos coletadas quatro das seis obras que ele produziu,
faltando “As Fábulas Negras”, coletânea da qual participa, e sua última produção de 2020, “O
Cemitério das Almas Perdidas". Estas mesmas obras estão disponíveis para aquisição no site
de sua produtora a Fábulas Negras. Uma destas produções está disponível na Amazon Prime.
As obras listadas para análise são: “Mangue Negro” (2008); “A Noite do Chupacabras” (2011);
“Mar Negro” (2013); “As Fábulas Negras - segmento Casa de Iara” (2015); “A Mata Negra”
(2018); “O Cemitério das Almas Perdidas” (2020). Faltam para a coleção de fontes duas das
seis obras. Todas já receberam um primeiro tratamento analítico e foram assistidas duas vezes.
Do total da produção de José Mojica Marins temos um total de dezesseis filmes do
gênero Horror. As obras listadas para análise são: “À Meia-Noite Levarei Sua Alma” (1964);
“Esta Noite Encarnarei no Teu Cadáver” (1967); “O Estranho Mundo de Zé do Caixão” (1968);
“Trilogia do Terror” (1968); “O Despertar da Besta” (1969); “Exorcismo Negro” (1974);
“Inferno Carnal” (1976); “Delírios de um Anormal” (1977); “A Estranha Hospedaria dos
Prazeres” (1977); “A Praga” (1980); “A Encarnação do Demônio” (1981); “Demônios e
Maravilhas” (1994); “Adolescência em Transe” (1996); “Fim” (2004) (curta metragem);
“Encarnação do Demônio” (2008); “As Fábulas Negras - segmento O Saci” (2015). O principal
desafio da pesquisa é analisar o total das obras de Horror de Marins, dada a dispersão de acesso
e a dificuldade de coleta. Temos três delas já coletadas e oito disponíveis na plataforma
NetMovies, tendo dois dos três coletados entre eles. Os demais precisam ser alvo de pesquisa,
localização e coleta.
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A filmografia de Jordan Peele é a menos numerosa, tem no gênero de horror três filmes,
um a estrear, e temos dois destes três filmes já coletados: “Corra!” (2017) e “Nós” (2019).
Ambos foram analisados.
Levantamos uma base bibliográfica de cerca de quarenta e oito livros com debates a
respeito da cinematografia de horror e da história do cinema a partir da perspectiva
estadunidense e também obras que analisam a literatura disponível sobre a cinematografia
mundial. Também levantamos teses acerca da produção cinematográfica de José Mojica
Marins, bibliografia sobre o Teatro Grand Guignol e sobre elementos canônicos da literatura e
do cinema de horror que entendemos se tratarem do recorte temático.
Buscamos também analisar a história da produção cinematográfica de Horror, com
produtoras como a Universal e a Hammer como fundadoras de um cânone cinematográfico,
com o intuito de situar as produções elencadas para esta pesquisas no contexto geral do gênero.
Procuramos identificar e articular a linguagem técnico-estética das fontes, seus códigos
internos de funcionamento tais como a linguagem cinematográfica, a perspectiva técnica e a
obediência ao cânone do gênero Horror, e as representações ou alegorias da realidade histórica
ou social nela contidas (NAPOLITANO, 2008).
Paralelo a isso, é preciso identificar o cinema como uma forma cultural, sua relação com
a literatura e como isso organiza as informações contidas nas produções e estabelece uma
apresentação que impacta a visualização e a recepção pelo público das mensagens existentes
nos filmes. Por fim, o receptor das mensagens não é apenas expectador (WILLIAMS, 2016).
Esse processo deve ser analisado como resultado de transformações culturais que acontecem a
partir do desenvolvimento econômico e das mudanças sistêmicas (THOMPSON, 2013). É
fundamental estabelecer parâmetros de identificação da produção cinematográfica como parte
do controle da imaginação investigativa numa perspectiva da longa duração braudeliana
(BRAGA, 2020; BRAUDEL, 1965). Também é fundamental entender a contextualização das
obras para identificar quando elas se tornam exemplos da produção cinematográfica de horror
como barômetros sociais (CONRICH, 2010).
Para levar a cabo esta pesquisa, é fundamental alinhar uma observação da produção e
da historicidade da técnica (GINZBURG, 1989). Precisamos investigar as mudanças da
linguagem cinematográfica pela crítica das fontes em uma perspectiva contextual do
desenvolvimento histórico da técnica da produção de cinema e de como ela transforma e
mantém as representações, ao mesmo tempo em que atua para um processo de permanência de
elementos simbólicos. Para isso é fundamental agregar novas abordagens teóricas sobre a
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técnica de produzir cinema, incluindo como ferramenta a literatura específica da análise fílmica,
da história do cinema, a literatura que contextualiza as produções em cada período histórico e
suas particularidades, buscando perceber as diferentes formas de qualificação das
representações diante das possibilidades de análise ofertadas pela fonte (GINZBURG, 2012).
O caminho metodológico aqui é abordar e analisar a combinação das escolhas artísticas, os
modelos usados para as diferentes formas de enquadramento ou desenvolvimento da narrativa
filmográfica e a relação com o público, estúdio e com a própria comunidade cinematográfica.
Procuramos produzir aproximações sucessivas até entender de forma ampla o que a fonte nos
lega a respeito do investigado (GINZBURG, 1989).

8. Referências bibliográficas
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