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Por Carol Alvarenga, em 16 de julho de 2014, 8h30 • Esquemaria.com.

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Classificação das
Constituições: Entenda
seus Detalhes e Saiba o
Suficiente para Passar

Alguns assuntos relacionados a concursos públicos simplesmente pedem o resumo em mapas


mentais, e o assunto Classificação das Constituições certamente é um deles. Este material já foi
apresentado nas redes sociais do Esquemaria.com.br, mas é com exclusividade que te entrego
cada mapa mental organizado neste PDF, com as explicações para cada classificação.

As constituições possuem determinadas características, dependendo do local onde foram


feitas, da época em que foram feitas e, muitas vezes, da cultura em que surgiram. É destas
características que se pode separar os tipos de constituição de acordo com sua classificação.

As bancas de concursos gostam de cobrar as seguintes classificações:

→→ Quanto ao modo de elaboração; →→ Quanto ao conteúdo;


→→ Quanto à forma; →→ Quanto à extensão; e
→→ Quanto à alterabilidade; →→ Quanto à finalidade.
→→ Quanto à origem;


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Vamos destrinchar, então, estas classificações, e entender cada uma, com os mapas mentais
prometidos e explicados.

1.  QUANTO AO MODO DE


ELABORAÇÃO

Quanto ao modo de elaboração, as constituições podem ser dogmáticas ou podem ser


históricas. As dogmáticas são aquelas formadas por uma assembleia nacional constituinte.
Imagine a nossa atual constituição, por exemplo, a Constituição Federativa da República
Brasileira de 1988. Ela foi formada por deputados e senadores eleitos em 1986. Estes
parlamentares formaram a “Assembleia Nacional Constituinte” e, em 1988, promulgaram a nossa
atual Constituição.

Uma grande característica das constituições dogmáticas é que elas são o espelho de o que está
acontecendo no país em uma determinada época. Daí vem o nome “dogmáticas”, porque elas
respeitam os dogmas encontrados no Estado em um determinado momento.


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Já as constituições históricas não são feitas com tanta rapidez. Elas são elaboradas com o
passar do tempo, e são resultado de um lento processo de formação. Um exemplo deste tipo de
constituição é a constituição do Reino Unido. Sendo assim, no mapa mental, coloquei a bandeira
do Brasil representando as constituições dogmáticas e a bandeira do Reino Unido do lado
direito, representando as constituições históricas.

2.  QUANTO À FORMA

A constituição escrita (ou instrumental) é elaborada em um único texto. Atenção! Essa parte
de “um único texto” é muito importante. As bancas adoram isso. Então não se esqueça que a
constituição escrita é feita em um só texto.

O exemplo de constituição escrita clássico é a nossa CF de 1988. Por isso a bandeira do Brasil
está ali ao lado esquerdo do mapa mental.

A constituição do Reino Unido segue mais uma vez como exemplo oposto: é uma constituição
costumeira, ou seja, suas regras não são escritas, mas seguem os princípios e costumes


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da sociedade. Veja que no mapa mental eu digo que esta constituição não é TOTALMENTE
costumeira, pois há algumas regras dispersas por escrito.

3.  QUANTO À ALTERABILIDADE (OU


QUANTO À ESTABILIDADE)

Quanto à alterabilidade, existem quatro principais classificações. As constituições podem ser,


nessa classificação: 1. imutáveis, 2. rígidas, 3. flexíveis e 4. semi-rígidas ou semi-flexíveis.

As imutáveis são aquelas que não são alteradas de jeito nenhum. Não existe um exemplo
no mundo de uma constituição assim. Nem faz sentido existir, já que é impossível não haver
mudanças em uma sociedade. Afinal, nós estamos falando de uma ciência essencialmente
humana, e sempre alguma coisa muda, por mais “inflexível” que seja uma nação. Então, as
imutáveis vivem, basicamente, na teoria.

As constituições rígidas são aquelas cujo processo para serem alteradas é extremamente difícil
de acontecer. É o caso da nossa atual Constituição, a CF/1988. A nossa Constituição só pode


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ser alterada por emendas constitucionais, e aprovar uma emenda constitucional no Congresso
Nacional é muito mais complicado do que aprovar uma simples lei. Veja só o que diz o art. 60, §
2º da CF/1988, sobre a proposta de emenda constitucional:

§ 2º - A proposta será discutida e votada em cada Casa do Congresso Nacional, em


dois turnos, considerando-se aprovada se obtiver, em ambos, três quintos dos votos dos
respectivos membros.

Viu só? A emenda só será aprovada se for votada em DOIS TURNOS em CADA CASA do
Congresso Nacional. Ou seja, é como se perguntasse para a Câmara dos Deputados o seguinte:
“você quer aprovar essa proposta de emenda?”. Depois da resposta, se ela for positiva, então se
pergunta novamente: “você TEM CERTEZA que quer mesmo aprovar esta proposta de emenda”.
Se for aprovada, aí as duas perguntas se repetem também no Senado Federal. Além disso, para
ser aprovada, a emenda tem de ser aceita por 3/5 da Câmara e 3/5 do Senado. Isso significa
que tem de ser aceita por 60% ou mais dos membros de cada Casa.

E isso é só o começo. Existem outras regras ainda mais complexas, sobre as emendas
constitucionais, mas aí já é outro assunto. O importante, aqui, é você saber que a nossa CF é
classificada como rígida porque ela é mais difícil de ser alterada. Tá certo?


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Um outro detalhe que você deve levar para a prova: o Alexandre de Moraes classificava
nossa constituição como “super-rígida”, porque em alguns pontos ela seria “imutável”. Este
constitucionalista dizia isso porque existem as cláusulas pétreas, no art. 60, § 4º:

§ 4º - Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir:

I - a forma federativa de Estado;

II - o voto direto, secreto, universal e periódico;

III - a separação dos Poderes;

IV - os direitos e garantias individuais.

O negócio que é existe ali no § 4º a expressão “a abolir”, o que significa que se pode propor
emenda sobre os quatro incisos ali citados, desde que eles não sejam abolidos. Então, a
rigor, essa parte não seria imutável.

De qualquer maneira, fica aí a doutrina do Alexandre de Moraes, segundo o qual a


Constituição de 1988 é super-rígida.

A constituição flexível pode ser alterada da mesma forma que se altera uma lei. Ou seja,
o processo para alteração desta constituição é tão simples como a aprovação de uma lei
ordinária. O Brasil nunca teve uma constituição assim.

Por fim, na classificação quanto à alterabilidade há as constituições semi-rígidas ou semi-


flexíveis. Dá para imaginar qual é o conceito delas, só de saber seus nomes, né? As semi-
rígidas ou semi-flexíveis são aquelas constituições cujas regras podem ser alteradas, em
algumas partes, por um processo mais simples, iguais aos das leis ordinárias, e, em outras
partes, por um processo mais difícil, como é o caso da constituição rígida. Ou seja, essa
classificação “semi-flexível” ou “semi-rígida” é uma mistura da constituição flexível e da
constituição rígida.

Não é o caso da brasileira de 1988, mas o Brasil já teve uma constituição assim. Foi a de
1824, que veio com regras flexíveis, mais fáceis de serem alteradas, e regras rígidas, sendo
estas mais difíceis de serem alteradas.


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4.  QUANTO À ORIGEM


Quanto à origem, as constituições podem ser outorgadas ou promulgadas.

A constituição outorgada é aquela imposta por algum líder ou grupo autoritário. No Brasil, nós
tivemos três constituições outorgadas, conforme o mapa mental abaixo.

A Constituição promulgada é aquela feita pelo próprio povo ou por uma Assembleia Nacional
Constituinte escolhida pelo povo. No caso, a constituição de 1988 foi uma constituição
promulgada por uma Assembleia Nacional Constituinte. Nós também tivemos quatro
constituições promulgadas, no Brasil.

Eu já falei, em um post no Esquemaria.com.br no qual eu mostro 4 mitos sobre estudos, mais


especificamente no mito número 2, que conhecimento não é construído com fatos isolados,
mas sim com correlação. Então vamos correlacionar estas datas com fatos históricos, para você
entender por que cada constituição está em cada uma daquelas datas.

Dá para inferir que as constituições outorgadas surgiram em momentos nos quais o nosso país
teve líderes ou governantes que impuseram seu poder de uma forma autocrática, correto?


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Da mesma forma, as constituições promulgadas são uma espécie de início ou retorno do poder
para as mãos do povo, concorda? Então vamos correlacionar as datas com os momentos
políticos de cada época. Em cada período, você perceberá quando o poder está em mão de
algum líder autocrático ou na mão dos brasileiros.

1824 (outorgada): veio dois anos depois do grito de “independência ou morte”, por Dom Pedro I.
Foi a primeira constituição brasileira, instituída no Brasil Império. Faz todo o sentido ter sido
outorgada, visto que foi feita por um imperador, em um período tão próximo ao Brasil colônia. Certo?

1891 (promulgada): esta foi a primeira constituição depois da promulgação da República, em


1889. Na primeira vez que o poder público se tornou “coisa pública” (que é o significado de
República), a constituição tinha mesmo de ser promulgada.

1934 (promulgada): o “pai dos pobres”, vulgo presidente Getúlio Vargas, toma o poder, em
1930, e convoca, em 1934, uma assembleia constituinte.

1937 (outorgada): o mesmo Getúlio acaba de instituir o Estado Novo, e impõe uma ditadura civil
no país. O óbvio acontece: constituição outorgada.

OBSERVAÇÃO: gostou dos desenhos que fiz de um dos nossos mais importantes presidentes?
Ao lado esquerdo é o nosso Getúlio sério, depois do Estado Novo, em 1937. Ao lado direito é o
nosso Getúlio sorridente, pai dos pobres, líder que tirou nosso país da política paulista e mineira
(da política do café com leite, como é conhecida), em 1930.

Fiz isso só para você poder diferenciar melhor :)

1946 (promulgada): conseguimos sair do período da ditadura de Vargas (em 1945), e é eleito
Eurico Gaspar Dutra para tocar o Brasil. Por isso coloquei o desenho de uma estrada, no mapa
mental: a Nova Dutra (antiga Via Dutra) é uma das mais conhecidas rodovias brasileiras, que liga
São Paulo ao Rio de Janeiro.

Como consequência do novo governo escolhido por voto popular, vem uma assembleia
nacional constituinte para promulgar uma nova constituição.

Tá acompanhando o raciocínio? Pois bem.

O Brasil, então, vive um longo período de democracia, até o golpe militar, em 1964. O país vai
sendo levado pelos Atos Institucionais (AIs), começando pelo Ato Institucional 1, ainda em 1964.
Ainda no início da ditadura, em 1967, veio uma nova constituição (outorgada), consituição esta
imposta pelo governo militar.


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1969 (outorgada): a bem da verdade, foi mais uma emenda à Constituição de 1967 do que uma
nova constituição. Surge o Ato Institucional 5, tirando de tal forma os poderes do legislativo
brasileiro que é considerado uma mudança com características fortes de constituição outorgada.

1988 (promulgada): é a nossa atual constituição, denominada “constituição cidadã”, aprovada


por uma assembleia nacional constituinte em 1988, três anos após a queda do regime militar.

Viu como agora aqueles números de anos fazem sentido? Massa.

5.  QUANTO AO CONTEÚDO


São duas as classificações quanto ao conteúdo: material e formal.

Já digo de cara que a nossa CF/1988 é formal.

Segundo a classificação material, só é regra constitucional se a regra for materialmente


constitucional. “Tá, Carol, mas e daí?”. Daí que assuntos que não têm nada a ver com direitos
e garantias fundamentais ou organização e funcionamento do Estado não são conteúdo de
constituição, portanto, não são regras materialmente constitucionais.


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É por isso que a Constituição Federal de 1988 é formal. Tudo bem, ela contém regras
materialmente constitucionais, mas ela também contém regras que não têm nada a ver com
conteúdo constitucional. O exemplo que o pessoal adora é o art. 242, § 2º da CF/1988: “O
Colégio Pedro II, localizado na cidade do Rio de Janeiro, será mantido na órbita federal”. Viu
como este parágrafo não tem importância materialmente constitucional alguma?
Ok, está na constituição, mas apenas formalmente, porque esse conteúdo definitivamente
não é constitucional.

É isso aí, essa é uma parte da Constituição totalmente formal: esta norma só é constitucional porque
está na constituição, mas, a rigor, caso nossa Constituição fosse material, esta regra não estaria lá.

Resumindo, guarde o seguinte: a CF/1988 é formal, ponto. Entretanto, algumas normas são
materialmente constitucionais, porque, além de estarem na CF, são assuntos que realmente
DEVEM estar na CF. Mas não se engane, não deixe a banca te dizer que nossa CF é “mista”, ou
algo assim. Repetindo: a nossa Constituição é formal. Ponto.

O Brasil já teve uma constituição material. Foi a primeira constituição do país, a de 1824, cujo art.
178 dizia ser constitucional apenas aquilo que fosse ligado ao Estado. Vamos ver este artigo?

Art. 178. É só constitucional o que diz respeito aos limites e atribuições respectivas dos
poderes políticos e aos direitos políticos e individuais dos cidadãos. Tudo o que não
é constitucional pode ser alterado sem as formalidades referidas, pelas legislaturas
ordinárias.

Então, o que não tinha ligação com os poderes e direitos políticos individuais dos cidadãos
poderia ser alterado sem as mesmas regras rígidas que eram aplicadas apenas às normas
materialmente constitucionais.

Ficou clara a distinção destas duas classificações? Vambora para as próximas.

6.  QUANTO À EXTENSÃO


Esta é uma das classificações mais simples. Quanto à extensão, as constituições podem ser
sintéticas (concisas) ou analíticas (extensas).

As sintéticas vão tratar apenas das regras básicas de organização do Estado (princípios). Já as
analíticas vão tratar de tudo o que o poder constituinte achar relevante, sendo ou não regra básica.


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A Constituição de 1988 (brasileira) é um exemplo da classificação analítica. Veja bem, nós


temos as regras básicas de organização do Estado, em nossa constituição, mas também temos
regras que poderiam muito bem ter sido tratadas em simples leis. O exemplo mais comum de
constituição sintética é a dos Estados Unidos.

É até interessante citar esse exemplo dos Estados Unidos neste momento de Copa do Mundo
sendo sediada no Brasil. Há alguns dias, eu fui ler sobre as impressões que os estrangeiros
tiveram em relação ao nosso país (reportagem do G1) e achei muito legal um deles comparar as
constituições, olha só:

“Fiquei impressionado de saber que foram criadas tantas Constituições no país e que a
versão atual recebeu tantas emendas. É muito diferente da Constituição americana, que é
muito antiga e foi modificada poucas vezes.” (Joe Bauman, turista americano).

Legal, né? O nosso colega estadunidense fez uma ótima colocação para nós, concurseiros ;)

Então, o mapa mental que fica para esta classificação é:

OBSERVAÇÃO IMPORTANTE: as bancas gostam de confundir o candidato ao misturar o


conceito de constituição analítica com o de constituição rígida. Então não se esqueça: a
constituição rígida é aquela que traz dificuldades de alteração da constituição; a constituição


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analítica é aquela que traz não só as regras básicas de um Estado, mas também regras que
defendem várias partes deste Estado.

7.  QUANTO À FINALIDADE


Qual é o objetivo de uma constituição?

Esta é a pergunta que você deve fazer quando for classificar uma constituição quanto à
finalidade. Esta classificação separa as constituições em garantia, balanço e dirigente, e talvez
seja a classificação menos didática dentre todas as que vimos, até agora, porque seus nomes
não nos deixam inferir o conceito de cada uma.

Então vamos entender.

A constituição “garantia” tem um objetivo bem claro: garantir a liberdade como um princípio
maior. Quer entender direitinho? Para ficar mais fácil de decifrar esse conceito, é melhor que
você entenda o que é um Estado liberal.

O liberalismo faz parte da teoria da economia, e começou a tomar forma com Adam Smith.


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Você não precisa lembrar desse nome. Esse dado eu só coloquei para ilustrar o conceito de
constituição garantia, ok? Bem, continuando. O senhor Smith dizia que a riqueza de uma nação
deve livrar o sistema produtivo de determinadas cordas que o prendem, e a corda mais forte,
para Smith, era o Estado. Sendo assim, para este importante economista, o poder estatal não
deveria intervir na economia.

Eu quis trazer este exemplo lááá do ramo da economia para que você entenda o seguinte: o
liberalismo prega a redução do poder político. Prega que quanto menos Estado melhor. Então, um
Estado liberal dá mais valor à propriedade privada, a livre concorrência, ao não-fazer do Estado.

É aí que entra a constituição garantia. Ela garante o poder individual e restringe o poder estatal.
Este tipo de constituição tem como característica seu texto conciso, ou seja, geralmente são
constituições garantia as constituições sintéticas.

A constituição “balanço” é ainda mais simples de se entender. Ela surge conforme o que anda
acontecendo no lugar onde foi idealizada. Por exemplo: surgiu uma constituição na Rússia em
1924, outra em 1936 e mais uma em 1971. A diferença entre elas é que cada uma surgiu para dar
apoio ao período histórico pelo qual se passava o país, na época. Sendo assim, o objetivo desta
constituição é fazer um “balanço” do que estava rolando.

E, para finalizar este texto com chave de ouro, há a constituição “dirigente”. A dirigente é
aquela constituição que definirá objetivos a serem concretizados pelo Estado. Esta constituição
geralmente é também extensa (analítica).

E a nossa CF/1988? Ela cabe em qual destes conceitos?

A nossa Constituição é dirigente. Segundo Sebastião Botto de Barros Tojal, “a Constituição


de 1988 é uma Constituição dirigente que não se contenta em definir um estatuto de poder;
atuando como ‘instrumento de governo’, mas que, indo além, cuida de estipular programas e
metas que deverão ser realizados pelo Estado e pela sociedade”.

CONCLUSÃO – RECAPTULANDO AS
CLASSIFICAÇÕES QUE VIMOS
Em resumo, as constituições classificam-se em dogmáticas e históricas (quanto ao modo de
elaboração); escritas ou costumeiras (quanto à forma); imutáveis, rígidas, semi-rígidas (semi-


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flexíveis) ou flexíveis (quanto à alterabilidade); outorgadas ou promulgadas (quanto à origem);


materiais ou formais (quanto ao conteúdo); sintéticas ou analíticas (quanto à extensão); e
garantia, balanço ou dirigentes (quanto à finalidade).

A nossa atual Constituição (CF/1988) é:

→→ dogmática (porque foi feita por um processo rápido e seguiu os dogmas do país quando
foi redigida);
→→ rígida (porque é difícil de ser alterada);
→→ promulgada (porque foi idealizada pelo povo e aprovada por uma Assembleia Nacional
Constituinte);
→→ formal (porque suas normas são formalmente constitucionais);
→→ analítica (porque é extensa e abrange tudo o que o poder constituinte tenha acreditado
ser relevante); e
→→ dirigente (porque estipula programas e metas a serem realizados pelo Estado e pela
sociedade).

Bem, é isso aí. Espero que este texto tenha te ajudado a separar melhor estas classificações de
constituição.

E é isso aí :)

Um forte abraço. Bons estudos, boa sorte e boa vida.

Carol :)

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