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EXAME DE ÉPOCA RECURSO

DE TRANSMISSÃO DE CALOR@UC
28 DE JUNHO DE 2021
Problema teórico de condução
Uma parede plana de espessura L recebe radiação micro-ondas que induz uma geração
interna de energia de acordo com
⎛ x⎞
q''' ((x)) = q'''0 ⎜1 - ―⎟
⎝ L⎠

em que q'''0 é constante e pressupõem-se condições de regime permanente, que a


superfície exposta em x = 0 é mantida a T0 , e que está isolada em x = L .

(a) Escrever a Equação Geral da Condução

d 2 T q'''0 ⎛ x⎞
―― + ―― ⎜ 1 - ―⎟= 0
dx 2 k ⎝ L⎠

(b) Escrever as condições fronteira

em x = 0, T ((L)) = T0
dT
e em x = L, ―― =0
dx

(c) Determinar T ((x))

d 2 T q'''0 ⎛ x ⎞
―― 2
= ―― ⎜―- 1⎟ que integrando de ambos os lados fica
dx k ⎝L ⎠
dT q'''0 x ⎛ 2 ⎞
―― = ―― ⋅ ⎜― - 2 x⎟ + C1 que integrando de novo em ambos os lados fica
dx 2 k ⎝ L ⎠
q'''0 ⎛ x 3 ⎞
T ((x)) = ―― ⋅ ⎜― - 3 x 2 ⎟ + C1 ⋅ x + C2
6k ⎝ L ⎠
Aplicando as condições fronteira em:

q'''0 ⋅ L
Ÿ x = L, C1 = ―――
2k
Ÿ x = L, C2 = T0

Logo,
q'''0 ⋅ L 2 ⎛ 1 ⎛ x ⎞ 3 1 ⎛ x ⎞ 2 1 ⎛ x ⎞⎞
T ((x)) = ――― ⋅ ⎜―⎜― ⎟ - ―⎜― ⎟ + ―⎜― ⎟⎟ + T 0
k ⎝6 ⎝L⎠ 2 ⎝L⎠ 2 ⎝ L ⎠⎠

Problema prático de condução


Uma esfera de aço aquecida a uma temperatura Ti é sujeita a um processo de têmpera
quando mergulhada em óleo. Pretende-se saber,

Non-Commercial
(a) o tempo imersa em óleo até que Use
a sua temperatura Only
atinja os 100ºC
Problema prático de condução
Uma esfera de aço aquecida a uma temperatura Ti é sujeita a um processo de têmpera
quando mergulhada em óleo. Pretende-se saber,

(a) o tempo imersa em óleo até que a sua temperatura atinja os 100ºC

DADOS

Propriedades e geometria da esfera

ρ ≔ 7865 kg ⋅ m -3 cp ≔ 400 J ⋅ kg -1 K -1 k ≔ 61 W ⋅ m -1 K -1 d ≔ 2 cm

Condições do processo de têmpera

Ti ≔ 800 °C temperatura inicial da esfera Tf ≔ 100 °C temperatura final

T∞ ≔ 50 °C temperatura do banho de óleo

h ≔ 300 W ⋅ m -2 K -1 coeficiente de convecção envolvido no processo

PRESSUPOSTOS

Ÿ Temperatura uniformemente distribuída na esfera


Ÿ Trocas de calor uniformemente distribuídas pela esfera
Ÿ Propriedades constantes durante todo o processo

ANÁLISE

1) Análise escalar ao Biot

10 2 ⋅ 10 -2
Bi ~ ―――― 1
= 10 -1 , pelo que se está no limiar da aplicação do M.C.G.
10
podendo-se fazer a experiência de calcular o Biot com a dimensão característica de
d
Lc = ―
6
d h ⋅ Lc
Lc ≔ ― Lc = 0.003 m Bi ≔ ―― Bi = 0.016 inferior a 0.1, logo aplica-se o
6 k Método da Capacitância Global

2) Determinar a constante de tempo τ


ρ ⋅ cp ⋅ Lc
τ ≔ ――― τ = 34.956 s
h

3) Determinar o tempo de têmpera de cada esfera


⎛θ⎞
θ ≔ Tf - T∞ θ 0 ≔ Ti - T∞ t ≔ -τ ⋅ ln ⎜―⎟ t = 94.661 s
⎝ θ0 ⎠

(b) Para temperar 100 esfera por minuto, a taxa de transferência de energia que é
necessário remover ao óleo para manter o banho em 50ºC é

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(b) Para temperar 100 esfera por minuto, a taxa de transferência de energia que é
necessário remover ao óleo para manter o banho em 50ºC é
kJ ≔ 10 3 J
N ≔ 100 número de esferas
π
V ≔ N ⋅ ―⋅ d 3 V = ⎛⎝4.189 ⋅ 10 -4⎞⎠ m 3 volume das esferas
6
Energia total que é necessário remover:
⎛ ⎛ t ⎞⎞
Q ≔ ρ ⋅ V ⋅ cp ⋅ θ0 ⋅ ⎜1 - exp ⎜-― ⎟⎟ Q = ⎛⎝9.225 ⋅ 10 5 ⎞⎠ J
⎝ ⎝ τ ⎠⎠
Taxa de transferência de energia a remover ao óleo para temperar as 100 esferas:
Q
q≔― q = 9.745 kW
t

Problema teórico-prático de radiação


Considere um colector solar com secção em triângulo equilátero com uma superfície
colectora (1) e duas superfícies absorsoras (2, 3).

DADOS

ε1 ≔ 0.9 ε2 ≔ 1 ε3 ≔ ε2 W≔1 m Medida de cada lado do triângulo

T1 ≔ 25 °C T2 ≔ 60 °C T3 ≔ 70 °C

(a) Desenhar a rede radiativa

Parte prática
(a) Calcular as resistências radiativas em função do comprimento da conduta.

Note-se que A1 = A2 = A3 = A , pelo que, em termos de factores de forma:


A2
F12 = ― F21 = F21 , o que aplicado às restantes superfícies resulta como Fij = Fji
A1
Assim, F12 = 1 - F13 , F13 = F31 = 1 - F32 = 1 - F23 = F21 = F12
Logo, F12 = 1 - F12

F12 ≔ 0.5 F13 ≔ F12 F23 ≔ F13

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F12 ≔ 0.5 F13 ≔ F12 F23 ≔ F13

1 - ε1 1 1 1
R'rad1 ≔ ―― R'rad1 = 0.111 ― R'13 ≔ ――― R'13 = 2 ―
W ⋅ ε1 m W ⋅ F13 m

1 1 1 1
R'12 ≔ ――― R'12 = 2 ― R'23 ≔ ――― R'23 = 2 ―
W ⋅ F12 m W ⋅ F23 m

(b) Calcular J1

J1 = E1 + ρG1
G1 = F12J2 + F13J3 , com J2 = Eb2 = σT2 4 e J3 = Eb3 = σT3 4

Radiosidades das superfícies absorsoras:

Eb2 ≔ σ ⋅ T2 4 Eb2 = 698.511 W ⋅ m -2 J2 ≔ Eb2

Eb3 ≔ σ ⋅ T3 4 Eb3 = 786.23 W ⋅ m -2 J3 ≔ Eb3

Radiosidade em (1) a partir da definição deste fluxo radiativo:

G1 ≔ F12 ⋅ J2 + F13 ⋅ J3 G1 = 742.4 W ⋅ m -2

Eb1 ≔ σ ⋅ T1 4 Eb1 = 448.1 W ⋅ m -2

E1 ≔ ε1 ⋅ Eb1 E1 = 403.3 W ⋅ m -2

J1 ≔ E1 + ⎛⎝1 - ε1⎞⎠ ⋅ G1 J1 = 477.5 W ⋅ m -2

(c) Calcular q'1

Eb1 - J1
q'1 ≔ ――― q'1 = -264.9 W ⋅ m -1
R'rad1

Nota: o sentido indicado para q'1 na rede radiativa é contrário ao sentido do fluxo.

Problema prático de convecção Propriedade


Pretende-se arrefecer uma casa usando um sistema de recirculação do ar da casa,
arrefecendo-o no exterior usando um tubo de PVC submerso num lago próximo da casa.

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Problema prático de convecção Propriedade
Pretende-se arrefecer uma casa usando um sistema de recirculação do ar da casa, ArData ≔ REA
arrefecendo-o no exterior usando um tubo de PVC submerso num lago próximo da casa. cpf ≔ ArDa
μf ≔ ArDat
DADOS

Sobre o tubo de PCV


kt ≔ 0.15 W ⋅ m -1 K -1 Di ≔ 15 cm De ≔ 17 cm

Sobre a água do lago


T∞e ≔ 17 °C he ≔ 1500 W ⋅ m -2 K -1

Sobre o ar no interior da casa injectado no tubo e depois de arrefecido


Tme ≔ 29 °C Vf ≔ 90 m 3 ⋅ hr -1 Tms ≔ 21 °C

ANÁLISE

(a) Desenhar esquema do tubo dentro do lago e evolução da temperatura T(x) de ambos os
fluidos (ar dentro do tubo, água do lago)

(a.1)

(a.2)

(b) Esquema de 1/4 da secção do tubo e análogo eléctrico entre o interior ( T∞i ou Tmi ) e o
exterior a T∞e

(c) Determinar a potência térmica de arrefecimento

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(c) Determinar a potência térmica de arrefecimento

Propriedades do ar à temperatura média entre a entrada e a saída


Tme + Tms
Tm ≔ ―――― Tm = 25 °C Logo, pela tabela das μa ≔ polyin
2 propriedades obtém-se Pra ≔ polyi

μa = ⎛⎝1.849 ⋅ 10 -5⎞⎠ kg ⋅ m -1 ⋅ s -1 cpa = ⎛⎝1.007 ⋅ 10 3 ⎞⎠ J ⋅ kg -1 K -1

ka = 0.026 W ⋅ m -1 K -1 Pra = 0.73

Como é o caudal mássico que se conserva e o valor dado corresponde ao caudal


volúmico à entrada do canal, obtém-se o caudal mássico considerando a massa volúmica ρa ≔ polyin
a Tme , ou seja ρ = 1.168 kg ⋅ m -3 Logo,
a

m3
Vf = 0.025 ―― mf ≔ Vf ⋅ ρa mf = 29.2 gm ⋅ s -1
s
e a potência de arrefecimento necessária seria q ≔ mf ⋅ cpa ⋅ ⎛⎝Tme - Tms⎞⎠

q = 235.23 W

(d) Calcular o coeficiente de convecção médio no lado interior hi


Análise de Reynolds
4 ⋅ mf
ReD ≔ ――― ReD = 1.34 ⋅ 10 4 Regime "totalmente" turbulento
μa ⋅ π ⋅ Di

Como Pr > 0.7 pode usar-se a correlação Dittus-Boelter com o fluido em


arrefecimento (n = 0.3) para determinar o valor de Nusselt
4

5
NuD ≔ 0.023 ⋅ ReD Pra 0.3 NuD = 41.923

E, por fim, o coeficiente de convecção médio no interior do tubo PVC, hi

ka
hi ≔ NuD ⋅ ― hi = 7.13 W ⋅ m -2 K -1
Di
(e) Calcular o coeficiente global de transferência de calor Ui como

1 1 1
Ui = ――― = ――――――――――――― = ―――――――――
RtEqAi ⎛ 1 ⎛ -1⎞
ln ⎝De ⋅ Di ⎠ 1 ⎞ 1 ln ⎝De ⋅ Di -1⎞⎠ Di
⎛ Di
⎜――― + ――――― + ――― πDiL⎟ ―+ ――――― + ――
⎜⎝ πDiLhi 2 πLkt πDeLhe ⎟⎠ hi 2 kt Dehe

1
Ui ≔ ―――――――――― Ui = 4.92 W ⋅ m -2 K -1 (e.1)
1 ln ⎛⎝De ⋅ Di ⎞⎠ ⋅ Di
-1
Di
―+ ―――――― + ―――
hi 2 ⋅ kt De ⋅ he

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Dado que dispomos da potência térmica e se considera uma condição fronteira de
temperatura uniformemente distribuída ao longo do tubo, q = UAΔTlm em que ΔTlm
q
corresponde à diferença de temperatura média logarítmica. Logo, UA = ――
ΔTlm
⎛⎝Tme - T∞e⎞⎠ - ⎛⎝Tms - T∞e⎞⎠
ΔTlm ≔ ――――――――
⎛ Tme - T∞e ⎞
ln ⎜―――― ⎟
⎝ Tms - T∞e ⎠

ΔTlm = 7.282 K
q
UA ≔ ―― UA = 32.3 W ⋅ K -1 (e.2)
ΔTlm

1
Uma vez que temos a formulação e o valor de Ui , como UiAi = ―― , resolvendo
RtEq
para L presente em todas as resistências térmicas, fica

1 ⎛ 1 ln ⎛⎝De ⋅ Di -1⎞⎠ 1 ⎞

L ≔ ―⋅ UA ⋅ ――+ ――――+ ――― ⎟ L = 13.9 m (e.3)
π ⎜⎝ Di ⋅ hi 2 ⋅ kt De ⋅ he ⎟⎠

T∞e - Tms ⎛ πDiLUi ⎞


Um outro modo de resolver seria através de ―――― = exp ⎜-――― ⎟ resolvida
T∞e - Tme ⎝ mfcpa ⎠
para o comprimento do tubo
mf ⋅ cpa ⎛ T∞e - Tms ⎞
L ≔ -―――⋅ ln ⎜―――― ⎟ resultando em L = 13.9 m
π ⋅ Di ⋅ Ui ⎝ T∞e - Tme ⎠

(f) Estimar o peso percentual de cada resistência térmica e desenhar o perfil de temperatura
de T∞i a T∞e

1 ln ⎛⎝De ⋅ Di -1⎞⎠ 1
Rti ≔ ―――― Rtt ≔ ―――― Rte ≔ ――――
π ⋅ Di ⋅ L ⋅ hi 2 ⋅ π ⋅ L ⋅ kt π ⋅ De ⋅ L ⋅ he

RtEq ≔ Rti + Rtt + Rte Logo, os valores percentuais são:

Convecção interior Condução pelo tubo Convecção exterior


Rti Rtt Rte
―― = 68.9% ―― = 30.8% ―― = 0.3%
RtEq RtEq RtEq

A maior percentagem de resistência térmica está no lado interior, seguida da


resistência à transferência de calor pelo PVC e a resistência térmica associada à
convecção no exterior do tubo é, praticamente, desprezável, pelo que se espera que
Tse ~ T∞e , levando ao seguinte perfil de temperatura

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(g) Verificar se o escoamento no interior está totalmente desenvolvido

xtdH ≔ 10 ⋅ Di xtdH ⋅ L -1 ⋅ 100 = 10.8 (g.1)

ou seja, a região de entrada representa pouco mais de


10% do comprimento do tubo podendo ser desprezada.

O pressuposto de que bastaria considerar as trocas de calor convectivas no


interior do canal, desprezando as que ocorrem por condução no tubo e com o
exterior porque Tsi se aproximaria a T∞e . Como a potência térmica é a mesma,
para que essa diferença fosse marginal, bastaria que as resistências térmicas em
série (tubo + convecção exterior) resultassem num valor percentual desprezável
face à resistência térmica equivalente total.

Ora, essa percentagem é Rte + Rtt


―――= 31.1%
RtEq (g.2)

Logo, este pressuposto não seria válido.

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