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XAMANISMO - AS 4 DIREÇÕES E OS ANIMAIS DE

PODER

AS 4 DIREÇÕES E OS ANIMAIS DE PODER

Nas tradições xamânicas, assim como nas orientais, a religião, a filosofia, e toda a vida
gira em torno da idéia da Unidade. De que toda a Criação é um só organismo,
totalmente interligado, interagente e interdependente. E absolutamente consciente.
Uma grande teia inteligente.
E esta é outra idéia central do Xamanismo (e do Oriente): que toda a Criação é
consciente. Os minerais, animais, vegetais, seres humanos (e todos os outros que
provavelmente existem), todos os átomos do universo, todos expressam - cada um
segundo sua natureza - a mesma eterna Consciência.

Dentro desta perspectiva, podemos dizer que todo o Universo está dentro de nós, que
não há nada fora de nós que não tenhamos (ou que não saibamos) e de que realmente
necessitemos (até de comida tem gente que já prescinde…).
O que necessitamos é nos (re)lembrarmos de nossa Natureza Real, a Unidade. Nossa
coexistência consciente como co-criadores do Universo.
Quando a humanidade criou as Mitologias, seus deuses e símbolos, o que se estava
fazendo na verdade, era colocar fora do homem o que ele já tem dentro, mas não entra
em contato, não desenvolve. Poderes, talentos, qualidades, capacidades, virtudes. Aí
criamos personagens-símbolo arquetípicos que vão espelhar para nós o que
pensamos que não temos, e que pensamos que pode vir de fora, que pode nos ser
dado por alguém.
Quando eu adoro um Deus, ou peço uma qualidade de um Animal de Poder ou de uma
direção, estou na verdade, puxando de dentro de mim mesmo estas mesmas
qualidades.
E é claro, como tudo é Um, as mesmas virtudes e qualidades que estão dentro de cada
um, estão em todo o Universo e são gerenciadas por energias inteligentes, que na
perspectiva do Xamanismo, também são experienciadas como os Animais de Poder.
Na cultura Hindu, estudando-se os Chakras, podemos ver que cada Chakra está
relacionado a um animal. E no Hatha Yoga, temos inúmeras Asanas inspiradas em
plantas e em animais.
Considerando que toda a criação é Consciência e movimento (ou permanência e
impermanência, ou ainda, absoluto e relativo), todas as tradições se ocuparam em
compreender e codificar este complexo movimento universal criando diversos sistemas
dialéticos, e também em entender e instrumentalizar o uso da energia cósmica,
produzindo diversas leituras, métodos e técnicas.
O que vamos focar aqui é o sistema desenvolvido pelas tradições nativas norte-
americanas com a sabedoria das 4 Direções e dos Animais de Poder.
A Roda de Cura, fisicamente falando, é uma roda de pedra com os 4 Pontos Cardeais
demarcados. Esta formação geométrica tem a capacidade de funcionar - assim como
acontece com as pirâmides - captando, concentrando e distribuindo Energia.
Simbolicamente, a Roda de Cura representa a Roda da Vida com seu eterno
movimento, fases, significados e simbolismos característicos.

1. Leste: o índio começa contando do Leste (o Oriente), que é de onde vem o Sol, a
Luz. O Leste é o início. O início da vida na fase do nascimento e da primeira infância. É
a Primavera, o início do ciclo das estações. É o elemento Fogo. A cor amarela. O Leste
está relacionado ao nível espiritual, e ao princípio masculino. É a Direção da Águia.
A Águia é o ser vivo que voa mais alto e chega mais perto do Sol (da Luz). A Águia
decola de dentro do burburinho dos eventos da vida, e de cima, observa de forma
ampla e neutra a panorâmica destes eventos. Sem envolvimento emocional (mas sem
negar as emoções) e consciente da transitoriedade deles. E quando mira um objetivo,
mergulha nele, absolutamente concentrada, captura a presa e volta para a perspectiva
do alto.
A Meditação treina muito bem a mente para este tipo de funcionamento: aprender a
observar sem julgar. O Leste representa o arquétipo do Visionário.
2. Sul: é a Direção da juventude, da alegria, do jogo de cintura, da criança interior. É a
Direção do elemento Água, das emoções, dos sentimentos.
O Sul está relacionado ao nível emocional.
A cor vermelha e também ao Verão, a época da vida em que se está com mais
energia, mais calor, mais explosão.
O Sul tem como animais principais, o Coiote e o Golfinho.
O Coiote é o “divino trapaceiro” sempre pronto a nos dar uma rasteira quando nosso
ego infla, é a chamada “ironia do destino”.
O Golfinho fala do alegre fluir das emoções (da água), consciente da impermanência
da vida. Representa o arquétipo do Guerreiro.
3.Oeste: é a Direção que se relaciona com o inconsciente, com os processos
terapêuticos e a cura, com a Meditação, com os estados transpessoais, com o
mergulho interno. É a direção que expressa o princípio feminino. Fala do elemento
Terra e do Outono, a fase adulta da vida.
A cor é o negro. O Oeste está relacionado também ao nível físico da existência, a
saúde.
O Animal desta Direção é a Ursa, animal que parte do tempo está na superfície, no
mundo externo, e parte do tempo entra na caverna, no silêncio do mundo interno e no
contato com as outras dimensões. Representa o arquétipo do Curador.
4. Norte: é a Direção que tem a ver com os Mestres e com a ancestralidade. Tem a ver
com a Sabedoria e com o Conhecimento. É a direção da última fase da vida, onde já
se tem o que ensinar para as gerações seguintes. Relaciona-se com o elemento Ar,
com o Inverno e com a cor branca.
O Norte também está relacionado ao nível mental.
O Animal do Norte é o Búfalo, com suas quatro patas bem conectadas com a Terra e
os chifres conectados com o Céu. Representa o arquétipo do Mestre.

A Profecia da águia e do Condor

A profecia da águia e do Condor é contada por muitas nações nativas no hemisfério


ocidental. 
Nós somos como um corpo que foi quebrado em partes e este corpo quer voltar para
ser inteiro outra vez. Falam que estas partes estão no sul, centro e norte. Os anciãos
dizem-nos que nos uniremos e começaremos com força, lançando muitas setas que
não serão quebradas. 
Recordam a história de manter o fogo vivo. Nós temos que ser "um", para ter a
compreensão completa. A ferramenta principal usada era a seta porque nossos
antepassados sobre o continente eram caçadores. A tempo adicionaram esta seta a
uma curva sagrada. Esta curva é usada sobre o continente e é o que nós chamamos
de meia lua. Souberam que nós estaríamos ao redor e esta curva estaria outra vez no
centro, marcando o sentido de que nós devemos prestar atenção, examinar. Se nós
fizermos exame de uma etapa nós emitimos esta seta para frente. 
Todos nossos povos têm que fazer um projeto novo para nossas crianças e as
gerações futuras. Disseram que se escreve nas estrelas e nós temos que fazer este
trabalho para mover a energia espiritual. Isto começará numa época nova em que nós
pudermos fazer exame do espírito em nossas próprias mãos, quando a Águia e o
Condor se encontrarem. 
Nossos líderes disseram que nós não devemos de esquecer de passar esta
mensagem a nossas crianças. Nós reuniremos nossa família e nossos povos. Seu sol
será uma luz nova. Quando isto acontecer, os povos cumprirão seu destino. As partes
estarão no lugar. Há um espaço para todos e estarão cumprindo esta profecia. A
maioria de nossos líderes dizem: não se esqueçam de ensinar nossas crianças. Todos
os últimos líderes que estavam no comando disseram: manter unida a família. Nós
estaremos neste novo projeto.

O encontro do Condor de Urin e da águia de Hanan


No desdobramento da vida das nações indígenas, cada cinco séculos produzem
transformações de fundações e de conceitos. Com estas mudanças, a vida não perde
sua essência. Torna-se coberta com a pele nova. O velho é rejuvenescido. Nutrido com
energia pura. Esta energia é transmitida pelos espíritos grandes de Allpa Mama e
Pacha Mama, isto é, da natureza e do universo, no geral. 
Milhares de anos atrás, quando a vida iniciava seu ciclo vital, Pachacámac (deus do
tempo) Intl criado (o sol) e Quilla (a lua) uniram-se, deu-se assim o nascimento ao
Runas, aos povos, do continente Appla-Yala e neste nascimento emergiram o Condor
e a Águia, o Kuntur de Urin e de Anga de Hanan, seus espíritos que enriqueciam
continuamente as veias dos Runas. 
Sua força motivou o norte e sul unir-se. A união dos povos do norte com o sul significa
também a união do Condor e a Águia. O Condor e a águia juntam as partes de (o céu)
a Ucupacha (o subterrâneo.) Fora desta união saltou América central. Nesta parte da
terra foi concentrado a sabedoria Hana e Urin. As nações novas tiveram a capacidade
semear a terra no meio de um oceano grande e a converter o que é hoje América
central. 

Estes povos, orientados pelas leis de Allpa Mana e Pacha Mama, tiveram que passar
situações difíceis, uma delas era rachar suas nações em quatro porções. Após esta
tragédia, os Willak Umus (profetas) instruíram seus Amautas, Curacas, Arawikus ou
homens sábios a criar as profecias que orientariam e guiariam nossos povos. Estas
profecias ensinariam as nações indígenas a manter-se unidas e, sobretudo, à busca
para os trajetos mais apropriados para sua liberdade. 
O começo da liberação dos povos indígenas simbolizado pelas diferentes profecias, é
a união das partes do Condor de Urin e da Águia de Hanan.
A união destas partes cauterizará nossas feridas e fortificará nossos espíritos, corpos e
pensamentos. O Grande Espirito abrira fendas e em cada fenda molharia suas
sementes, e em cada etapa saltariam os batalhões dos homens que descobririam suas
defesas para afastar as facas do inimigo. Alcançariam poder para terminar com a
opressão, a exploração e a injustiça, e escreveriam na página enorme do céu a palavra
sagrada da liberdade.
A união do Condor e da águia, de acordo com o profecia, deve ocorrer nestes tempos.
O período de tempo seguindo será carregado com um espírito novo. Este espírito novo
unirá uma outra vez as nações vermelhas de norte, da central e de partes sul do
hemisfério.
Uma série de coincidências profundas começou oito anos há quando eu estava
vivendo em meu Brasil nativo. Muitos eventos ocorreram em minha vida e eu
compreendi conscientemente a mensagem que eu deveria estar em Machu Picchu,
Peru, onde minha vida mudaria completamente.
Eu viajei a Peru com um grupo espiritual conduzida por pelo meu amigo, psicólogo,
psicólogo e canal, Luiz A. Gasparetto, cujo centro espiritual da família eu tinha
estudado o metafisica por quatorze anos. (Shirley McClaine escreveu sobre sua
experiência com Luiz Gasparetto em seu livro) Lá, eu fui introduzida a ser clara, com
Gasparetto, nomeado Chuma, em minha primeira visita a Machu Picchu.
Esta experiência transformou completamente minha vida.
Chuma era um sacerdote elevado de Machu Picchu em vidas passadas.

Deu a nosso grupo de cinquenta povos muitas provas materiais de sua presença e da
presença de outras entidades espirituais que vivem em Machu Picchu. Chuma disse-
nos que a verdade sobre Machu Picchu é que era uma "universidade" em que
estudantes novos especiais cultivaram, melhoraram, e refinaram seu conhecimento de
uma ciência espiritual. Disse também que quando a humanidade estiver preparada, um
livro será encontrado para que revelasse todos os segredos do passado, atuais e
futuro.

Em 1990 eu encontrei-me com Joshua Shapiro no Brasil, fomos casados um ano mais
tarde e movi-me com ele para os Estados Unidos. Um mundo novo inteiro abriu-se
para mim e algo realmente interessante aconteceu.
Era quando eu visitava Santa Fé, Novo México, que um livro, aprendi com um
mensageiro espiritual peruano nomeado Willaru Huayta, que tinha visitado America do
Norte alguns meses antes de eu estar lá. A leitura de uma entrevista de Willaru ajuda-
me compreender completamente a orientação de Chuma.

Uma parte de sua entrevista segue abaixo:

Nós temos esperado quinhentos anos. As profecias Incas dizem que agora, neste
tempo, quando a águia do norte e do condor do sul estiverem juntos, a terra
despertará. As águias do norte não podem estar livres sem os condores do sul. Agora
está acontecendo. É agora o tempo.
Hoje eu sei que os povos do sul representam o condor, e que todos os povos do norte
carregam a águia. Eu sinto-me honrada para ser apenas um para abrir meu coração e
para quebrar a parede entre o norte e o sul, o leste e o oeste, entre terras e culturas,
entre fronteiras.
Quando nós viajamos juntos nestas terras sagradas, vivemos uma experiência tão
profunda, carregaremos dentro nossos corações para sempre o melhor de nossas
culturas e do que compartilhamos.

DIREÇÕES CARDEAIS

No xamanismo conheci uma camada vibratória, que, quando acessada permite a


entrada num campo onde podemos nos comunicar com todos os tipos de criaturas,
sejam elementais, pedras, plantas, animais de etc. Trata-se de uma comunicação não
verbal. Fazer magia natural é poder acessar esse campo, e a condição para isso é
estar em harmonia com as manifestações da natureza, saber honrar cada ser, cada
entidade, cada espírito elemental e principalmente clareza de intenções.

Viajar na Roda Medicinal, ou apenas numa parte dela que são as direções é uma
forma. Cada elemento tem suas dádivas específicas. Cada elemento representa uma
direção. As 4 direções e os 4 elementos simbolizam tudo o que contém no Universo.

A teoria dos 5 elementos chineses não foge à regra, eles consideram um elemento a
mais que corresponde ao final de verão (canícula). Eles consideram os elementos
fogo, terra, metal, água e madeira.
Na alquimia os elementos fogo, terra, água e ar são a base original de todas as coisas,
compondo corpos não por aglutinação, mas por transformação e união. Platão, Hermes
também falavam do poder dos 4 elementos.

Na astrologia os elementos simbolizam uma função psíquica e divide em quadrantes


os signos.

O mago Eliphas Levi dizia que as 4 formas elementais separam e especificam os


espíritos. Sem contar a forte simbologia do quatro: Os quarentas anos da peregrinação
de Moisés, os quarenta dias de Jesus no deserto, a quarentena, a quaresma, e lá
vai....

No Peru, os Incas também invocavam as forças dos Quatro Pontos Cardeais,


notadamente no ritual da Cocamama (com folhas de coca) : No Leste : Deus Inti ( Sol )
- No Sul : Pacha Mama ( Mãe Terra ) - No Oeste ( Huaira ) - No Norte : Uno

Várias culturas relatam os Quatro Grandes poderes, também conhecidos pelos nativos
de Os Quatro Ventos, os Quatro Espíritos Guardiões.

Na angelologia, estuda-se os Quatro Arcanjos, protetores das direções, ou dos quatro


cantos do Planeta. Protetor do Leste: São Uriel (há diferenças, alguns associam com
São Miguel), no Oeste: São Rafael - no Sul: São Gabriel - no Norte: São Miguel

Ezequiel em sua visão do trono do Senhor, dizia que era guardado por quatro Anjos,
com quatro faces: Leão, Touro, Homem, Águia (vejam como é forte a simbologia
animal)

Os maias também davam significado para as direções No Leste: Morada de Luz e da


Geração - No Norte :Morada da Sabedoria e da Purificação - No Oeste: Morada da
Morte e da Transformação - No Sul: morada da Vida e da Expansão.

Na Roda Medicinal ou Arco Sagrado os elementos são classificados por clãs, e


proporcionam blocos de construções por toda a vida na Terra, através de seus clãs,
são acessados poderes dados por espíritos elementais, obtendo-se mais habilidades e
opções de caminhos para caminhar na Roda da Vida.

Segundo os nativos norte-americanos, o Criador entregou tábuas de pedra às raças


vermelhas, amarela, preta e branca, que contém instruções para o Novo Tempo e a
paz na Terra só será alcançada, até que esses quatro guardiões das tábuas, cada uma
representando uma direção, estejam no mesmo círculo de paz. O Criador também
advertiu que, se as Tábuas de Pedra fossem para o chão (instruções ignoradas) isso
seria o fim dos tempos.

Na visão da Roda Medicinal dos nativos norte-americanos, cada direção cardeal tem
um Espírito Guardião. Esses espíritos são responsáveis pelos ensinamentos do tempo,
estações e dos poderes de cada direção. Ele nos mostra os verdadeiros talentos, e o
caminho para caminharmos em beleza na Mãe-Terra.

As quatro direções são cultuadas também em diversos sistemas mágico-religiosos. Na


magia das pirâmides, que são orientadas para o Norte. Muito meditam de frente para o
Leste.

Várias culturas xamânicas evocam os poderes das quatro estações, onde marcam os
solstícios e equinócios. Os rituais da primavera, do verão, do outono, e do inverno,
eram praticados também por camponeses para obterem uma boa colheita.

Segundo Leo Rutherford em "Principles - Shamanism (Harper):

"As quatro direções são as competências fundamentais dos quatro pontos cardeais da
roda. Avô Sol nasce no Leste e assim é associado com o poder de iluminação, o fogo
da imaginação, a luz, o Espírito - o aspecto não-manifesto de nós mesmos. Como o
grande fogo que ilumina a nossa vida, o Avô Sol nos traz o elemento de fogo, de modo
que também é colocada no leste, juntamente com a cor amarelo-ouro, o reino dos
seres humanos, nós divina mortais cujo trabalho é determinar e zelar. A polaridade
aqui é masculina, o escudo humano é a criança livre ou mágicas o tempo é eterno. O
leste é o lugar da perspicácia e seu totem é a Águia.

A Mãe-Terra é colocada transversalmente no Oeste. Mãe Terra é escuro e física. A


partir dela tudo nasce e através dela tudo tem vida. Naturalmente, o elemento terra, o
reino dos minerais: o Povo da Pedra. O Oeste é o lugar do físico; para nós é o Corpo,
que a Grande Mãe nos dá a experiência de três dimensões da vida como escolha. O
tempo em que o corpo entende que é agora. Quando nos lembramos de uma alegria
ou tristeza, o órgão registra os sentimentos lembrado como se estivessem no presente.
O poder que precisamos para viver na Terra é a introspecção, a capacidade de ver no
fundo de nós mesmos e também na estrutura da própria vida. O Oeste é o "lugar de
olhar para dentro" e seu totem para a maioria dos nativos norte-americanos é o urso O
totem Inca é o Jaguar que "consome nosso espírito no momento da morte e retorna
para o" Grande Ciclo ", a menos que despertou no morrer, caso em que podemos
escapar da boca da onça-pintada e andar com o Caminho do Arco Iris as nossas
costas. O inimigo é a morte que nos leva a nossa Mãe Terra no final do nosso tempo.
O escudo humano do oeste é o adulto, o Espírito protetor, sacerdote ou sacerdotisa
interior, de polaridade oposta à nossa persona adulta cotidiana. No oeste a nossa luta
é entre, por um lado profunda introspecção, que nos traz conhecimento interior e
ligação com a Força Primal que cria e está em todas as coisas, e sobre a inércia dos
outros, uma sensação de estar preso, desconexão, vivendo a morte. Para ousar ser
verdadeiramente vivo e vibrante em cada momento de vida é uma tarefa difícil.
Significa ser fiel a si mesmo o tempo todo - não evitando as coisas, não mentir, não
tomar o caminho mais fácil de situações, não se comprometer com uma verdade que
não é sua. A cor é negra, e a polaridade é feminino, receptivo

No Sul (Norte no Hemisfério Sul) O reino Primogênito da Mãe Terra e Sol Pai é o reino
vegetal. Plantas prosperar no calor do verão e sua existência é dependente de água. O
aspecto de nós mesmos aqui representada é a emoção - o movimento de energia - e é
o escudo da Criança, às vezes chamado de "criança ferida". O tempo é o passado,
porque a emoção refere-se a eventos passados. A qualidade aliada é a confiança e a
inocência e o inimigo é o medo de sermos nós mesmos e nas nossas verdades, de
duvidar se somos bons o suficiente e assim por diante. Para ir mais além e na
confiança de que o universo, para ter, em termos bíblicos, "a fé em Deus", é o trabalho
do sul, o trabalho de "apagar a história pessoal". O sul é tem como totem o rato,
também pode ser Coyote. Para os Incas, é Serpente que troca sua pele e, portanto, um
totem para a libertação de condicionamentos passados

No Norte (Sul no Hemisfério Sul), é representado o elemento ar, e do reino dos


respiradores do ar em primeiro lugar, os animais, que desenvolvem a qualidade da
mente. A mente pensa em planos para o futuro, o tempo do norte. O escudo humano é
o adulto. A qualidade aliada é a sabedoria, equilíbrio, harmonia, alinhamento do
conhecimento - em outras palavras, a mente que está conectada à fonte. associado
com o Norte é branco, a neve do norte, a pureza da sabedoria e da mente clara, os
cabelos brancos do ancião. O norte é o 'local do Conhecimento e seu totem é o búfalo,
ou às vezes o Lobo. Para os Incas, é cavalo, o detentor da sabedoria e da filosofia dos
seres humanos."

K. Meadows em " Earth Medicine" relaciona os doze segmentos da Teia da Terra, o


zodíaco e a Roda da Astrologia Chinesa como extensões mais recentes de um sistema
ancestral das oito divisões ou direções ( Norte - Nordeste - Leste - Sudeste - Sul -
Sudoeste - Oeste - Noroeste).

A Roda das oito direções é um conceito usado por nossa história e todas as culturas, e
isso é evidente ao analisar os artefatos das civilizações passadas. As origens,
entretanto, remontam a pré-história, possivelmente na Atlântida ou outro "Continente
Perdido" como Mu, de quem deve ter descendido os peles-vermelhas.

A roda da Oito Direções, como todos símbolos sagrados, contém inúmeros sentidos e
ensinamentos. Um deles era a indicação de que existem oito fases durante o ano,
onde percebemos as mudanças no ritmo da Terra.

Na Inglaterra e Norte da Europa na era pré-cristã, essas oito ocasiões eram divididas
em festivais e o Círculo de Oito Direções torna-se a Roda do Ano.
O início é o Ciclo do Equinócio de Primavera em 21 de março na Direção Nordeste da
Teia da Terra (hemisfério Norte). Ele era reconhecido como Ostara e marca a entrada
do Sol no signo de Áries. (Ano Novo Zodiacal)

A Direção Leste anuncia a chegada do verão que é reconhecido como Beltane, onde
celebravam a Abundância da Terra, em 30 de abril.

A Direção Sudeste, marca o dia mais longo do ano, o Solstício de Verão em 21 de


junho. Celebra-se o poder máximo do Sol. É conhecido como Litha.

Dentro dos oito segmentos, nós construímos nossa Teia, compreendendo o


relacionamento fundamental entre as quatro estações do ciclo natural do ano, e como
eles afetam o modo que nós vivemos a vida na terra.

Os nativos poeticamente descrevem as Quatro Estações como o Pai Céu e a Mãe


Terra chegando juntos. Vamos discutir as Quatro Estações e as Direções com esse
conceito na mente.

Nós nascemos nesta vida durante uma das Quatro Estações do ano, e de acordo com
a cosmologia nativa, carregamos o poder dos ventos que predominavam nessa hora.

Vamos entender o significado disso, o vento é o ar em movimento, e o nativo liga o Ar


á Mente. A Mente, assim como o Ar, não pode ser vista. Somente sua presença pode
ser sentida e seu poder, experimentado. Num momento o poder do Ar pode ser
observado vendo-o passar pelas árvores, movimentando suas folhas, derrubando
frutas, espalhando sementes, movimentando as águas nos oceanos, nos tornados,
furacões, nas brisas que refrescam.

De acordo com ensinamentos ancestrais, a Terra é protegida por "Escudos de Ventos"


que envolvem e circulam o planeta. Eles vêm em movimentos espirais ascendentes e
descendentes que são afetados pela energia solar e lunar. O planeta é envolvido por
um campo de energias eletromagnéticas como uma casca de ovo, assim como o ser
humano.

Na Sabedoria Ancestral aprendemos que os Quatro Ventos são fortes poderes,


inerentes aos Quatro Pontos Cardeais. São poderes espirituais que afetam todas as
criaturas vivas na Terra, especialmente os humanos, assim como a atmosfera e o meio
ambiente.

O Sol e a Lua regulam as marés e fluxo dessa energia na " Aura da Terra" . Quando
estamos relacionados com a Direção, nos alinhamos ao movimento dessas poderosas
forças e suas expressões de energia Nós não podemos ver esses grandes poderes,
mas podemos compreendê-los através da contraparte física, e podemos experimentar
sua influência, pelos seus efeitos em nosso temperamento.
Na Direção Sul em 01 de agosto, o Festival de Lammas, onde celebra-se a Colheita.

Na Direção Sudoeste em 22 de setembro, Mabon, marca o Equinócio de Outono,


Festival de Ação de Graças, marca a diminuição da luz solar

A Direção Oeste marca o final de um ciclo e começo de outro, conhecido como


Samhain, em 31 de outubro, onde começa o inverno.

Na Direção Noroeste a chegado do Solstício de Inverno em 22 de dezembro, o Festival


do renascimento. um período de Regeneração da Terra, conhecido como Yule.

A Direção Norte é marcada por um tempo de Purificação e Limpeza e em 2 de


fevereiro é celebrado o Festival de renovação ou Imbolc, que prepara a Terra para a
chegada da primavera.

Então, nos movemos do Nordeste para completar a ronda, chegando na primavera e


começando novo ciclo.

Título: As Quatro Direções do Xamanismo Ancestral

No Xamanismo Ancestral, as Quatro Direções são compreendidas como sendo os


atributos de Brahma, a manifestação da criação como o ativo Criador do Universo.
Personificado como um dos três principais Deuses da Trindade Hindu (Trimurti). Os
outros dois são Vishnu, o qual representa o princípio de sustentação, e Shiva que
representa o princípio de renovação do Universo que alguns entendem como o
Destruidor. Shiva é responsável pela renovação e mudanças, por isso tem sua posição
no Cosmos. Na verdade Brahma, é a “manifestação da criação” do Senhor Shiva, o
Pai-Céu do Xamanismo Ancestral.

Desde Mahesha-Devi (a morada do Grande Espírito), a energia que emana do Grande


Espírito, chama-se Shiva-Shákti, ou seja, toda a energia contida nos Universos
manifestos e imanifestos é o próprio Shiva. Quando essa energia, que se expande de
Mahesha-Devi, atinge seu estado mais denso, manifesta-se então os Universos
materiais, e quando o Grande Espírito lança um Vishnu em cada Universo, Ele está
lançando nada menos que Sua própria animação (Atma). Estando Shiva já presente,
em forma de energia, Vishnu concebe Brahma, que nasce de seu umbigo e cresce
através do caule de uma Flor de Lótus. Sendo toda a energia existente, Shiva, através
dele, Brahma cria então todas as formas materiais.

Brahma foi concebido possuindo a forma original de quatro cabeças, cada qual voltada
para um dos pontos cardeais, Sul, Oeste, Norte e Leste.

Cada uma destas cabeças recita um dos quatro Vedas, respectivamente: Rg Veda,
Atharva Veda, Sama Veda e Yajur Veda, que são mantras sagrados (versos cantados)
cujo significado contêm toda a sabedoria do Universo.
As Quatro Direções é um dos principais arquétipos do Xamanismo. Sua simbologia é
muito profunda. Da representação das Quatro Cabeças de Brahma derivam as Quatro
Direções, os Quatro Espíritos Elementais, os Quatro Guardiães dos Portais, os Quatro
Clãs Elementais e os Quatro Caminhos.

É importante salientar que as Quatro Direções assumem significados opostos quando


estudadas e aplicadas nos dois Hemisférios, Norte e Sul, da nossa Sagrada Mãe-
Terra.

Aqui, a abordagem e significados aplicado às Quatro Direções dar-se-á pelo


Hemisfério Sul. 

Simbologia aplicada: 
No Sagrado Caminho do Xamanismo Ancestral o xamã percorre as Quatro Direções, e
após concluir sua caminhada em cada direção, o xamã recebe, como mérito, a energia
do Animal Guardião da respectiva direção alcançada, incorporando essa energia
animal em seu ser interior. Isso representa o nível de consciência adquirida pelo xamã,
o que possibilita, a formação do seu Totem de Poder. O Totem de Poder apenas é
formado quando da incorporação dos Quatro Animais Guardiães no interior do xamã,
ou seja, após o xamã ter passado pelas experiências de vida e ensinamentos de cada
Direção, iniciando pela Direção Sul, passando pelo Oeste, Norte e finalizando com os
ensinamentos da Direção Leste.

É de muita importância salientar que o caminhar das Quatro Direções não trata-se de
um percurso linear. Trata-se de uma “Roda Viva” que contêm diversas chaves para
adentrarmos e saímos, a todo e a qualquer momento. O caminhar das Quatro Direções
também não é como andar em círculos, dando voltas e mais voltas, e voltando sempre
para o mesmo ponto de partida. Na verdade, as Quatro Direções possuem uma
representação cíclica e dinâmica, para trilharmos precisaremos pensar dessa maneira.
O significado das “Rodas” para o Xamanismo nos remete a compreender o verdadeiro
tempo multidirecional, que está muito longe de ser linear.

O caminhar pelas Quatro Direções, no Xamanismo Ancestral, é o segredo do


desenvolvimento e crescimento espiritual do xamã. Nesse processo, o xamã assimilará
as qualidades e experiências adquiridas. Para só então, poder compreender a
“verdade” do Grande Espírito. Para compreender a Verdade Absoluta, o xamã precisa
estar envolvido neste processo, passando pelos quatro aspectos de sua própria
natureza. 
Ao mover-se através destes portais interdimensionais, as Quatro Direções, o xamã
precisará, então, ter um objetivo claro para avançar para o próximo portal, e o modo de
alcançar este objetivo é possuir aliados para isso. Dessa forma, os Animais Sagrados
ganham funções importantíssimas no Caminho do Xamã.

Os atributos das Quatro Direções, possuem a rigor, o mesmo significado em todas as


tradições xamânicas, tribos e clãs do mundo inteiro. Desde a Sibéria ao Norte das
Américas e desde a Austrália à América do Sul. 

Mesmo possuindo as Quatro Direções os mesmos atributos perante todas as tradições


xamânicas, algumas particularidades ainda se fazem presentes, significando que,
devido as diferenças geográficas, cultural, impacto religioso, crenças, costumes,
língua, fauna, flora, entre outros, ainda assim, encontraremos algumas divergências
entre as tradições xamânicas, porém, nada disso impede que o verdadeiro significado
das Quatro Direções seja alterada pelas tradições. Esta integração de consciência é
que permite que o Xamanismo seja uma filosofia de vida universal, que se mantêm
coesa e sem alteração em seu processo de desenvolvimento e crescimento espiritual
na vida de cada xamã. 

Direção Sul: 
O Sul, no Xamanismo Ancestral, é a Direção regida pela Serpente, associada ao
Caminho do Curador. O trabalho a ser desenvolvido nesta Direção é livrar-se do
passado. Livrando-se do passado do mesmo modo que a serpente livrou-se de sua
pele. Para o xamã este é um ato de poder. Livramo-nos não só da dor, mas também da
alegria que tivemos do passado. Ao livrarmo-nos do passado, reconheceremos e
perdoaremos aqueles que nos prejudicaram e a quem nós prejudicamos. A Psicologia
tenta nos livrar do passado dissecando as experiências traumáticas de nossa vida. No
Xamanismo Ancestral procuramos nos livrar de tudo que nos assombra do nosso
passado, encarando-o mano-a-mano. Estes fantasmas não são necessariamente as
pessoas que morreram. Eles podem ser as pessoas que estão vivas e que estão na
nossa psique, e que continuam assombrando nosso presente. 

Os rituais, vivências, jornadas, meditações e experiências adquiridas nesta Direção,


proporcionará o desenvolvimento da fé necessária para trazermos a alegria e a
brincadeira para o nosso dia a dia. Tais experiências adquiridas, despertará,
literalmente, nossa criança interior, e nos ensinará a superar todos os obstáculos,
inocência e insegurança. Nesta Direção aprendemos a reverenciar o Sagrado, de uma
maneira suave, sem desrespeito, temor, desconfiança, mas sim, com gratidão e amor.
A força desta Direção nos proporciona conectar-se com a energia da criança, que com
pureza e beleza nos permite enxergar o mundo de forma mais simples e encantadora.
Nesta Direção estão presentes ainda as energias de fé, purificação, entrega, serviço,
humildade, troca, intercâmbio, mudança, proteção, autoconfiança, veracidade e
renascimento.
Quando crescemos e chegamos na fase adulta, muitos acabam matando sua criança
interior, esquecendo de alimentá-la, e o que não alimentamos, definha, morre. E
quando essa criança interior morre, nasce em paralelo as energias negativas, como o
sofrimento, medo, inveja, temor, ressentimento, raiva, ódio, quebrando assim, nossa
conexão com o Todo, com o Grande Espírito. Todas essas energias negativas
impedem que avancemos na vida, eliminam nossa imaginação, criatividade, pureza de
caráter e simplicidade, desviando nossa atenção para objetos sem valor concreto,
inanimados, supérfluos e desejos mortos, e não para a verdadeira razão e alegria de
viver. 

Atributos da Direção Sul: 


O ensinamento da Direção Sul é prestarmos atenção ao que tem coração e significado.
Prestar atenção abre-nos para os recursos humanos do amor, gratidão, respeito e
valorização. 

Divindade: Varuna (Deus do Oceano)

Escritura: Atharva Veda

Elemento: Água

Cor: Vermelha

Simbolismo: Emoções e afeto

Recurso humano: Amor para todas as criaturas vivas e inanimadas

Tipo de meditação: Posição deitada

Estilo de vida: Correta comunicação

Caminho quádruplo: Estar atento

Bálsamo de cura: Contar histórias

Erva: Alfazema

Instrumento: Tambor

Pedra/Mineral: Esmeralda

Estação: Verão

Aspecto: Líquido

Estado: Húmido 
Direção: Oeste: 

O Oeste, no Xamanismo Ancestral, é a Direção regida pelo Tigre, associado ao


caminho do Guerreiro. Simboliza a cautela e a habilidade para golpear
instantaneamente nossos próprios sentimentos e medos mais profundos. Depois que
percorremos toda a Direção Sul, e nos conectamos com nossa criança interior,
resgatando a força para superar todo e qualquer obstáculo, é no Oeste que
encontramos a coragem para ir ao encontro da morte, dando um passo além do medo. 

Ao nos defrontarmos com a morte e experimentarmos o vôo do espírito, identificamo-


nos com o Eu imortal e transcendente, libertamo-nos das garras do medo e
requisitamos uma vida de plenitude, porque a morte já não nos pode requisitar. Este é
o ponto de morte e transformação. Aqui, exercitaremos a entrega e o desapego. O
xamã que trilha esta Direção não apenas se liberta para viver integralmente o presente,
mas sabe também que caminho tomar, quando a morte vier, e ela também o
reconhecerá. É no Oeste que o corpo e o espírito, se separam. Isso significa morrer
com consciência, de olhos abertos. Quando morremos com consciência, deixamos
para trás o invólucro e nos identificamos com seu conteúdo. Esta Direção é a “Morada
dos Sonhos e do Silêncio”. É neste território, que aprendemos a estar abertos e a não
nos prendermos aos resultados. Isso é, desapego, e desapego é sabedoria. É neste
caminho que colocamos em prática o aprendizado da confiança, adquirida ao trilhar a
Direção Sul. 
Enfrentamos o desconhecido, que tememos acima de tudo. Medo. Assim, os xamãs
nascem duas vezes, uma da mulher, outra do sagrado útero da Mãe-Terra.
Transcendemos o jogo das sombras, ao qual denominamos de realidade biológica, e
nos identificamos com a força divina, descobrimos que somos “seres de luz”, de que
poderemos morrer com consciência, morrer para carne e renascer no espírito, no
espírito que reivindicamos e com o qual já tivemos contato. É na experiência da vida
através da morte que nos tornamos guerreiros espirituais e nos identificamos com a
força da vida. 

A Direção Oeste nos proporciona sabedoria, e esta será apenas alcançada quando o
xamã aprender a sentir-se à vontade diante de situações desconhecidas.

A introspecção e a interiorização são os processos de aprendizado utilizados ao trilhar


esta Direção.

O elemento vivenciado aqui é a água, que representa nossas emoções mais latentes.
O Outono é a Estação que nos prepara para o Inverno, para as noites frias que hão de
vir. Aqui o instrumento são as varetas e os ossos, para que possamos desenhar no
chão da caverna escura nossos reais sentimentos. Com paciência, calma e solidão. A
cor preta simboliza a escuridão vivenciada pelo nosso ser interior. Pois só olhando
para dentro, o lugar onde estão todas as respostas, encontraremos a energia de poder
que sustenta todas as nossas forças de manutenção, de vida e de morte.

Ao percorrer esta direção o xamã desenvolverá o dom da visão, compreenderá seus


sonhos e emoções. Assim como a autocompaixão, renovação espiritual interior e
imaginação serão também desenvolvidas. Trilhar a Direção Oeste é sentar-se para
compreender o conhecimento das suas “verdades” pessoais e para acessar as
respostas internas apresentadas pelas questões do mundo exterior, às quais, somente
através do silêncio poderemos ouvir.

É apenas aqui, na Direção Oeste, que permitiremos abrir mão do controle imposto pelo
nosso falso ego. Aqui nos entregamos confiantemente às mudanças que advêm dos
ciclos naturais da vida e da morte.

A Direção Oeste do Sagrado Caminho do Xamanismo Ancestral nos oferece


desenvolver o dom da coragem como o melhor meio para superar o medo, que é na
verdade, o maior impedimento para se viver uma vida plena de amor e gratidão pela
Eternidade. 
Atributos da Direção Oeste: 

O ensinamento da Direção Oeste é mostrar-se ou optar pela simples razão de estar


presente. O estar presente nos permite ter acesso aos recursos humanos do poder,
presença e comunicação. 

Divindade: Pritivi (Deusa da Natureza)

Escritura: Rg Veda

Elemento: Terra

Cor: Preta

Simbolismo: Morte, transformação e germinação

Recurso humano: Sabedoria

Tipo de meditação: Sentada

Estilo de vida: Ritmo adequado

Caminho quádruplo: Aberto aos resultados

Bálsamo de cura: Silêncio

Erva: Artemísia
Instrumento: Varetas e ossos

Pedra/Mineral: Hematita

Estação: Outono

Aspecto: Sólido

Estado: Seco 

Direção Norte: 
O Norte, no Xamanismo Ancestral, é a Direção regida pelo Elefante Branco, associado
ao caminho do Mestre. No Norte o xamã entende o funcionamento do Céu e da Terra.
Depois que vencemos a morte percorrendo a Direção Oeste, alcançamos a Direção
Norte, o lugar do Mestre, onde reside toda a sabedoria dos nossos ancestrais. Aqui
aprenderemos o conhecimento do Sagrado, como meditar e como reconhecer o poder
do pensamento, através da oração. Assim, revelaremos nossa gratidão ao Cosmos.
Esta Direção nos ensina a abundância de espírito, e nos mostra a necessidade de
praticarmos sempre a ação correta. Para alcançar a abundância de espírito,
precisaremos estar atentos à revelação do conhecimento divino, pois tal conhecimento
nos remeterá às experiências do equilíbrio, da alta intuição e da cordialidade.

Trilhando esta direção o xamã aprenderá a dar valor demasiado às palavras, sabendo
o momento correto de pronunciá-las, pois agora ele aprendeu seu verdadeiro poder e
compreende então que todo remédio é adquirido pelo simples fato de ouvir.
Reverenciar este conhecimento adquirido é adentrar na alquimia interna inerente a
cada um de nós, e encontrar o equilíbrio para manter relações com todos os nossões
irmãos e com a Divina Natureza da Mãe-Terra. Neste ponto das Quatro Direções o
elemento vivenciado é o Ar, que movimenta o corpo mental de todo homem e que
protege os Animais Alados.

O chocalho é o instrumento desta Direção, o mais antigo instrumento ancestral,


utilizado pelos curadores para ampliação da consciência e utilizado como um
instrumento de limpeza e purificação espiritual.

A cor trabalhada nesta Direção é a cor branca, que cobre com nuvens o céu do
Hemisfério Norte e com chuvas e frio no Hemisfério Sul quando o Inverno aponta. A
Direção Norte está relacionada com o Inverno, Estação esta onde a Mãe-Terra se
purifica e restaura suas energias para a beleza da Primavera.

Os ensinamentos do Elefante Branco são aqui postos em prática. Com seus


ensinamentos adquirimos paciência, o poder da clareza de pensamento, persistência,
serenidade e coragem para enfrentar o frio do Inverno. Aliado à Direção Norte os
ensinamentos do Elefante Branco nos ensinam a trilhar o caminho das mudanças, dos
fins e dos recomeços.

A sálvia é a Sagrada Erva utilizada nesta Direção, ela não apenas representa como
também possui o poder para nos trazer a verdade, força interior, cura, honestidade,
lealdade, e purificação do corpo físico, limpando-o e harmonizando-o com todas as
energias presente na Mãe-Terra. 

Todos os animais brancos, assim como o Elefante Branco, Búfalo Branco, o Leopardo
da Neve, o Urso e o Lobo Branco, também trazem implícitas qualidades da Direção
Norte.

Os ensinamentos que recebemos dos nossos ancestrais nos dão o poder para interagir
com as forças da natureza e a habilidade para influenciar o curso de nossos destinos
coletivos. O aprendizado adquirido aqui é o ouvir. Pois é ouvindo que nos conectamos
com a Sabedoria dos Ancestrais. 

Atributos da Direção Norte: 

O ensinamento da Direção Norte é estarmos abertos aos resultados, não preso aos
resultados. A abertura e o desapego nos ajudam a recobrar os recursos humanos da
sabedoria e da objetividade. 

Divindade: Vayu (Deus do Vento)

Escritura: Sama Veda

Elemento: Ar

Cor: Branca

Simbolismo: Recolhimento e espera

Recurso humano: Poder

Tipo de meditação: Em pé

Estilo de vida: Ação correta

Caminho quádruplo: Mostrar-se

Bálsamo de cura: Dança

Erva: Sálvia
Instrumento: Chocalho

Pedra/Mineral: Ametista

Estação: Inverno

Aspecto: Gasoso

Estado: Frio 

Direção Leste: 

O Leste, no Xamanismo Ancestral, é a Direção regida pela Águia, associada ao


Caminho do Visionário. Após o xamã percorrer todas as três primeiras Direções ele
finalmente chega ao Leste. Seu animal é a Águia, e ensina para o xamã o uso da visão
e do desapego. Nos ensina a colocarmos o carro na frente dos bois e ver o que
estamos tentando realizar antes de olhar as limitações. É um ato de criação, do tipo de
futuro que queremos para nossa alma. É a preparação para a morte. Morrer para a
matéria e renascer para o espírito. Nesta última direção, o andante identifica sua
verdadeira origem, reconhece Quem Realmente É, e compreende que agora precisa
retornar ao Sol, sua morada eterna. Pois aqui, onde o Sol aponta no horizonte para
trazer a poderosa força da vida, é a linha imaginária que a Águia abre suas asas para
alçar vôo rumo ao Grande Espírito, para trazer-lhe a energia da iluminação, da
espiritualidade, nascimento, cura, poder, criatividade, iniciativa, impulso e força de
vontade.

O elemento desta Direção é a Sagrada Substância do Deus Agni, o Fogo, que guarda
o Caminho do Visionário. Reverenciar a Direção Leste é conectar-se com a energia
que nos impulsiona para a grandeza de espírito e para a Transcendência.

A Estação do ano é a Primavera, a estação do desabrochar da vida, a Estação que


simboliza o despertar. O despertar da Consciência Cósmica. O instrumento é o sino,
pois com ele o xamã aprende a sintonizar seu espírito ao Sagrado Som do despertar.
AUM.

A cerimônia presente nesta Direção é a Consagração do Cachimbo, que representa o


Poder da Paz, assim como, a conexão com os nossos ancestrais. No término do
percurso da Direção Leste, uma chave estará à nossa espera. A chave que abrirá o
Portal Interdimensional da Transcendência Cósmica, que sela nossa passagem para
outros níveis de consciência e percepção. Atravessando este Portal conosco estarão
todos os nossos guias e mentores espirituais. Pois todos eles, assim como nós,
querem tocar os pés de lótus do Grande Espírito.
Muitos são os caminhos que nos levam à Transcendência, ao Nirvana ou à Iluminação.
Porém, todos exigem do Buscador dedicação e o desejo sincero de adentrar
Krishnaloka, a Morada Eterna Transcendental do Grande Espírito. Muitos serão os
eleitos, mas poucos serão os convidados à adentrar esta Morada Eterna
Transcendental. Para adentrá-la o andante precisará percorrer todas as Quatro
Direções do Sagrado Caminho do Xamanismo Ancestral, primeiramente, desligar-se do
passado e do falso ego, abster-se do alto grau de importância, do apego material
ilusório e se entregar ao servir. Servindo, aprenderemos o dom da gratidão. E sendo
gratos, compreenderemos que Todos Somos Um com o Todo. Reconhecendo que
Somos Apenas Um, compreenderemos “a verdade” do Grande Espírito, e uma vez
compreendida esta “verdade” e posta em prática, nada mas nos resta nesta existência
material a não ser retornarmos para a Morada Eterna Transcendental.

Esta é a Sagrada Direção que o Xamanismo Ancestral vem explorando durante toda a
existência, concentrando todos os seus esforços, ensinamentos e devoção ao Grande
Espírito, para iluminar os corações dos Buscadores sinceros e para o bem estar de
toda a Humanidade. 

Atributos da Direção Leste: 

O ensinamento da Direção Leste é dizer a verdade, sem culpar nem julgar. A verdade
que não julga mantém nossa autenticidade e desenvolve nossa visão e intuição
interiores. 

Divindade: Surya (Deus Sol)

Escritura: Yajur Veda

Elemento: Fogo

Cor: Amarela

Simbolismo: Vida, nascimento, fertilidade e energia

Recurso humano: Visões e certeza

Tipo de meditação: Caminhando

Estilo de vida: Correto posicionamento

Caminho quádruplo: Dizer a verdade

Bálsamo de cura: Canto

Erva: Alecrim
Instrumento: Sino

Pedra/Mineral: Rubi 

Estação: Primavera

Aspecto: Radiante (Plasma)

Estado: Quente 

As Quatro Direções Sagradas


   
Na visão da Roda Medicinal dos nativos norte-americanos, cada direção cardeal tem
um Espírito Guardião. Esses espíritos são responsáveis pelos ensinamentos do tempo,
estações e dos poderes de cada direção. Ele nos mostra os verdadeiros talentos,
e o caminho para caminharmos em beleza na Mãe-Terra.

As quatro direções são cultuadas também em diversos sistemas mágico-religiosos.

Na magia das pirâmides, que são orientadas para o Norte. Muitos meditam de frente

para o Leste.

Várias culturas xamânicas evocam os poderes das quatro estações, onde marcam
os solstícios e equinócios.
 
O movimento que o sol faz é a primeira lição para nosso estar no mundo. Primeiro,
ele nasce a LESTE e se põe a OESTE. É como se a energia masculina fosse ao encontro
da feminina e vice/versa. Como se situa a natureza
com as qualidades do espírito, coração, mente e corpo, identificando seus elementos e
como vamos usufruir, interagir com esses movimentos?
 

Direção Leste

O primeiro é o LESTE que é o Sol, a energia do dia, a energia masculina, cujo elemento


é o fogo que força ao espírito. O animal é a águia, condor, gavião, falcão, a coruja branca.
A águia é a clareza, a visão, o objetivo e o foco.
Ela voa e, antes de se envolver em qualquer situação, temos que olhar bem,
ter certeza absoluta de que é aquilo que queremos.
A águia escolhe sua presa e faz um mergulho seguro.
Ela nos ensina uma lição: primeiro se afaste da situação para visualizá-la.
 Elemento: Fogo
Cor: Amarelo
Corpo: Espiritual
Sol
Masculino
Dia
Visão/ Observação à distância
Observar antes de investir energia
Águia/ Condor/ Serpente/ Gavião/ Falcão

Direção Oeste
O segundo movimento é o OESTE, onde está a Lua, a energia da noite, a energia feminina.
 O elemento é o ar que dá força à mente. Uma qualidade do ar é que ele fica preso ao peito,
cujo centro é ocupado pelo coração. O animal é a ursa negra, a coruja,o morcego,
o tatu e a pantera. E a introspecção e a ursa negra é a professora dessa direção.
Os ursos, quando entram em período de hibernação, eles ingerem tudo que gera gordura
para que, nesse período, tenham os nutrientes necessários para, quando acordarem,
tenham a capacidade de ainda buscar alimento. Sua lição: mostrar a necessidade d
e se preparar para seguir um caminho, enfrentar os medos traumas, limitações, tudo
que o está impedindo no seu processo. Enfrentamos nossos demônios, nossas sombras,
nossos padrões e aprendemos a enxergar isso.
Há animais que circulam de LESTE a OESTE, como o lagarto.
 Elemento: Ar
Cor: Preto
Corpo: Mental
Lua
Feminino
Noite
Introspecção/ Análise/ Avaliação
Preparação interior/ Confrontar os limites
Perceber as barreiras e os sabotadores mentais
Ursa Negra/Lagarto/Tatu/Morcego

Direção Sul

O terceiro movimento encontra-se no SUL,


onde se localiza a energia da criança.
O elemento é a água que dá força ao coração, ao plano emocional.
Os animais são o lobo, o coiote, a lontra, o golfinho - animais brincalhões.
É onde  se vai descobrir o nosso potencial, o que se precisa fazer para assumir sem medo.
É o momento de quebrar rótulos, romper paradigmas. O que se quer ser?  
Se é resultado do pensamento dos amigos,  dos pais,  da sociedade, dos outros,
ou se quer ser  resultado do seu próprio mental?
O Sul é o lugar onde se joga uma pedra no espelho e se vê as várias fases que de
somos feitos para, no meio delas, descobrir  a nossa face essencial.
Qual delas é o EU SOU?  Temos acesso, portanto,  à autenticidade, ao nosso potencial.
Assume-se, no Sul, aquilo de que se gosta, aquilo que se quer
pra si mesmo: nossos verdadeiros talentos.
 
 
 
 
 
 
Elemento: Água
Cor: Vermelho
Corpo: Emocional
Criança
Brincar/ Autenticidade/ Pureza
Deixar máscaras e rótulos/ Conectar com a verdadeira essência
Livre arbítrio/ Reconhecer Deus dentro de mim
Coiote/Lobo/ Onça/ Lontra/ Esdquilo/ Golfinho

Direção Norte

O quarto movimento é o do NORTE, a energia do sábio/velho.


O elemento é a terra que dá força ao físico/corpo.
Os animais são o alce, o búfalo, o cavalo, o gamo “animais que caminham
fixo nas quatro patas”. É onde se aprende a ser seguro, andar em segurança.
É o momento onde se sabe o que se quer, sabe-se quem se é, se está pronto para dar o
mergulho da águia, atingir o nosso objetivo. Aí, circula-se e aprende-se com
os professores - com várias características sutis: um gesto, um amigo, um erro, um acerto,
uma planta, um pássaro,um mestre.
Sabe-se o que se quer e aprende-se a se preparar para o mergulho da águia - ir
para o leste e depois circular. Estar sempre aprendendo com essas direções. 
 Elemento: Terra
Cor: Branco
Corpo: Físico
Segurança/ Determinação/ Firmeza/ Respiração/ Concretização
Acreditando no potencial/ Tornando lei meu direito de ser feliz
Búfalo Branco/ Alce/ Touro /Cavalo

Aprendendo a Verdade nas Quatro Direções 


Algumas tradições chamam o processo de desenvolvimento e crescimento espiritual
dos seres humanos e o aprendizado e assimilação de novas qualidades pelas pessoas
como o estágio da vida no qual se está "aprendendo a verdade". Para "aprender a
verdade", a pessoa precisa estar envolvida neste processo em todos os quatro
aspectos da sua natureza e que estão refletidos nas energias das Quatro Direções da
Roda de Medicina, esta ancestral e poderosa representação do Universo, presente em
tantas tradições que já faz parte do inconsciente coletivo da humanidade. 

Sul   
Diz a tradição ser por esta porta, que simboliza a vida física, o ponto do nascimento,
que entramos na Roda de Medicina. Aí está sentado o Avô Lobo (mais pode ser
também o Coiote, o Rato, o Porco Espinho ou a Tartaruga). Terra é o elemento desta
Direção que abriga as criaturas de quatro pernas. O instrumento ligado a este ponto é
o tambor (o coração da Mãe Terra), e a estação, a Primavera. As cores que
representam mais comumente esta Direção são o branco ou vermelho. No entanto, na
visão de Alce Negro, um dos maiores xamãs Sioux Oglala e guardião do Cachimbo
Sagrado, o Sul é amarelo. 

No Sul, encontramos a fé necessária para trazermos a alegria e a brincadeira à nossa


vida. Este é o ponto da criança interior, da força para a superação dos obstáculos, a
inocência e a confiança. Aqui aprendemos a lidar com o Sagrado, mas de uma forma
irreverente e leve, que não significa desrespeito, mas sim falta de temor. O Sul nos
conecta com a nossa criança e com a pureza da infância que pode ver beleza em cada
uma das coisas mais simples deste mundo — como o nascer ou o pôr-do-sol a cada
dia. Um ato que se repete, mas que nem por isto perde a sua beleza, o seu encanto e
força inspiradora. 

Nesta Direção ainda estão as energias da purificação, entrega, troca e mudança,


proteção, auto-suficiência, verdade e ressurreição. Ir a este ponto da Roda de Medicina
é procurar a proteção da criança interior e ajuda para manter a humildade, a confiança,
a fé e a inocência em equilíbrio na personalidade. 
Os adultos invariavelmente se esquecem de dar acesso à maravilha e beleza da vida
aos seus corações e com isso deixam que energias negativas, como o medo e os
temores, sentimentos que quebram a consciência da nossa união com o Todo, os
penetrem. Assim, perdem a auto-estima e eliminam a criatividade, desviando o seu
foco para coisas pequeninas e não para a verdadeira razão de ser da Vida. 

Na Sagrada Visão de Alce Negro, o Sul foi o Quarto Poder que lhe apareceu (na forma
de um Cavalo amarelo) e lhe disse que uma árvore nasceria no centro da tribo. Então,
um círculo amarelo lhe apareceu, simbolizando, nesta cor, crescimento e cura física, e
neste círculo, a unidade de todas as coisas. O Sul traz, ainda, força, vigor, poder,
abrigo e proteção. 
Esta Visão do Sagrado Homem Sioux Oglala foi interpretada como a necessidade de o
povo indígena retomar suas velhas cerimônias e rituais, como a Dança do Sol. Neste
ritual, uma árvore é plantada no centro da aldeia — onde é feito um grande círculo — e
dela saem as cordas às quais são presos os espetos fincados nos peitos dos
guerreiros. Por quatro dias eles dançam e cantam, honrando as Quatro Direções e a
Sagrada Árvore da Vida, enquanto os espectadores oram juntos para que as intenções
e propósitos dos dançarinos sejam abençoados pelo Grande Espírito.
A Árvore centraliza as orações e as canaliza para o Criador, neste ritual de ação de
graças e também de agradecimento à Mulher Novilha de Búfalo Branco — a Mulher
Sagrada que simboliza a pureza e a renovação e foi quem trouxe para os Lakota os
dons (os sete rituais) e ensinamentos do Cachimbo Sagrado. 
O ritual da Dança do Sol estava sendo esquecido (fora proibido pelo governo em 1890)
e o povo se enfraquecia. Com o retorno à sua prática, nos últimos anos, começou a se
devolver, novamente, o espírito do povo indígena. O seu objetivo é permitir que os
guerreiros possam partilhar o seu sangue com a Mãe Terra.

Oeste 

Depois de brincarmos com a nossa criança interior e (re)descobrirmos a força para a


superação dos obstáculos no Sul, é no Oeste que encontramos a coragem, nos
renovamos interiormente e buscamos nossas metas. É no Oeste que se cumpre o ciclo
vida-morte-vida e onde exercitamos a entrega e o desapego. 
Este é o ponto da morte e transformação. No Oeste é onde se reúnem os anciões ao
redor da Fogueira do Conselho. São eles que estão sempre prontos a nos indicar o
caminho para atingirmos os objetivos da nossa jornada. Esta Direção é o lugar da
Morada dos Sonhos e do Silêncio. Aqui entramos na caverna de nós mesmos para
procurar o Grande Mistério e encontrar as respostas para a nossa vida. E o local onde
vivemos o Tempo do Urso — o hibernar — para nutrir a alma, encontrar o
conhecimento e poder novamente sair para experienciar a Primavera. 
É no doce território do silêncio, como alguns nativos chamam o Oeste, que
aprendemos a estar abertos e a não nos prendermos aos resultados. Isso é desapego
e desapego é sabedoria. E neste caminho que exercitamos a confiança que
aprendemos no Sul, não nos deixando abalar pela incerteza. 
Dizem as tradições xamânicas que a sabedoria, inclusive, só é alcançada quando os
homens aprendem a confiar e sentir-se à vontade diante de situações desconhecidas. 

Estas qualidades podem ser acessadas pela introspecção e interiorização e aí se diz


que a pessoa está vivenciando o tempo do Urso. No Oeste, está sentado o Avô Urso.
Ele nos traz o conhecimento das ervas e das plantas, a maneira como preservar e
defender o nosso habitat natural — a Mãe Terra. Animal-guia para o conhecimento da
verdade pessoal e as respostas internas, o Urso é também quem nos revela o caminho
a seguir para atingir nossos objetivos. 
O seu elemento é a Água (representando o nível emocional), e abriga as criaturas
deste reino. A estação é o Outono — o preparativo para a grande noite, o Inverno —, e
o instrumento, varetas/ossos. A cor que simboliza este ponto do Elo Sagrado é sempre
o negro — a escuridão do tempo interior, onde o Avô Sol declina e o dia acaba. O pôr-
do-sol é o tempo das cerimônias espirituais, quando podemos nos comunicar com o
Espírito do Mundo. 
Na tradição Lakota, o Oeste foi o primeiro Ponto Cardeal a ser criado e ali também é a
residência dos Seres Trovões, símbolos da Criação do Mundo. E por esta porta que a
maioria dos rituais do povo sioux começa invocando-se a energia feminina da cura. É
no Oeste que sentam os nossos Guias e Mestres espirituais. 
Este ponto cardeal traz as energias da visão, sonhos, busca e jornada, emoções,
imaginação nas artes criativas, o feminino, a autocompaixão, renovação espiritual
interior, metas e coragem. Sentar-se no Oeste é buscar o conhecimento da verdade
pessoal e acessar as respostas internas para as questões apresentadas pelo mundo
exterior que só podem ser sacadas dentro do silencio da nossa caverna pessoal. Estas
respostas revelam os caminhos a trilhar para se conseguir concretizar as metas e
objetivos perseguidos durante a jornada de cada um. 
O Oeste, o lugar de olhar para dentro, o local onde estão todas as respostas, foi o
primeiro poder que apareceu na Busca de Visão de Alce Negro e lhe ofereceu água,
dizendo que esta é a energia que sustenta e mantém a vida, mas também tem a força
para destruir. 
Esta Direção está relacionada com a energia feminina da Criação — o útero escuro
onde ocorrem as gestações — e a sexualidade (o impulso criativo). Por isso o interior
da alma onde gestamos nossas idéias e ações é comparado ao ventre fértil da mulher.
Nele está o nosso futuro, ele é o lugar dos nossos amanhãs. 
E porque necessitamos de fluidez para abrir mão do controle e nos entregarmos
confiantemente às mudanças que advêm dos ciclos de vida e morte é que nos
conectamos no Oeste com a água e suas qualidades de adaptabilidade ao meio,
limpando, alimentando, curando e purificando todos nós. 
O Oeste oferece o dom da coragem como o melhor caminho para superar o medo, o
maior impedimento para se vivera plenitude do amor e, conseqüentemente, da Vida. 

Norte 

Este é o lugar do ancião, onde residem a sabedoria ancestral e o conhecimento


sagrado. Neste ponto da Roda de Cura aprendemos como orar, e sobre o poder da
oração, como revelar gratidão. O Norte traz a qualidade da abundância e fala da
necessidade de o homem praticar sempre a ação correta. Para se obter a abundância,
é preciso estar atento à revelação do conhecimento divino, estar em equilíbrio, ouvir a
intuição e ser gentil. 

O povo do Norte traz o ensinamento sobre como identificar os momentos certos para
se falar ou o tempo apenas de ouvir. Honrar este ensinamento é acessar a alquimia
interna inerente a cada um e encontrar o equilíbrio para manter relações corretas com
todos os nossos parentes. 
Este ponto da Roda de Medicina, onde senta o Avô Búfalo, abriga o elemento Ar, que
representa o corpo mental do ser humano, e guarda as criaturas aladas. O instrumento
é o chocalho, o mais antigo instrumento musical usado pelos curadores para ampliação
da consciência e resgatar pedaços de alma. Por isso o chocalho é considerado um
instrumento de limpeza e purificação. 
Quando o Inverno chega, cobre a Mãe Terra com o seu manto branco (no Hemisfério
Norte) e com abundância de chuvas e frio (no Hemisfério Sul). O Inverno purifica a
Mãe Terra, fazendo-a repousar enquanto as suas energias são restauradas para
ressurgir na beleza e nas bênçãos da Primavera. O Norte é o Inverno, o caminho das
mudanças, de fins e começos. 

Este ponto é representado tradicionalmente pela cor vermelha. No entanto, também


pode ser o branco, como surgiu na Visão de Alce Negro. Este Avô deu a ele uma asa
branca e a Sálvia. A asa simboliza o poder da clareza, paciência, persistência e
coragem. A Sagrada Erva representa e traz a verdade, honestidade, força, cura para o
corpo físico, limpeza e harmonia entre todos os filhos da Terra. Todos os animais
brancos, revela a tradição, trazem implícitas as qualidades do Norte. 

Neste ponto do Elo Sagrado, o homem precisa aprender a parar para ouvir a Mãe
Terra, as criaturas e seus semelhantes, enfim, toda a Criação. É ouvindo que se pode
acessar a Sabedoria. Aqui também reside o Pacificador — aquele que sabe perceber o
momento oportuno para perdoar e o tempo de lutar pela verdade. Esta é outra forma
de alcançar a Sabedoria. 

Leste 

É aqui, onde o Avô Sol desperta para trazer ao Mundo a sua força, sua energia criativa
e suas bênçãos e onde está o Grande Espírito, que celebramos a magia de um novo
nascimento a cada dia. Neste ponto do Círculo Sagrado o Avô Águia abre suas asas
para alçar vôo, trazendo as energias da iluminação, espiritualidade, novo nascimento,
cura, força, comunicação, criatividade e força de vontade. 

O elemento desta Direção é o Fogo que guarda o caminho do corpo espiritual. Honrar
o povo do Leste é sintonizar-se com os guias que conduzem para a grandeza espiritual
e a iluminação. Ali estão as criaturas do deserto e as sem pernas. A estação do ano é
o Verão. O instrumento, o sino. A cor tradicional do Leste é o amarelo, mas na visão de
Alce Negro, este lhe apareceu na cor vermelha (o Cachimbo Cerimonial, que
representa o Poder da Paz, é tradicionalmente feito de pedra vermelha). 

No Leste está a Porta Dourada, a passagem para os demais níveis de percepção,


imaginação e compreensão. Esta é a última casa da Roda de Cura, por onde os
espíritos e guias convidados para o trabalho acessam o círculo. Passar por este portal
significa poder tocar o Pai Céu. Cruzando-o, pode-se voar nas costas da Águia até o
Verdadeiro Conhecimento. 

Existem muitos caminhos que levam à iluminação. Todos, porém, exigem do buscador
dedicação e atenção. O primeiro deles é.o da criatividade, ou seja, o uso dos talentos
que possuímos no nosso interior. O segundo, é o libertar-se dos velhos hábitos,
desapegar-se daquilo que impede o seu crescimento, o que está velho e já não serve
mais para nada, mas que se insiste em manter atrelado ao dia-a-dia, e transmutar os
sentimentos — o medo e o veneno que inibe o amor, por exemplo —, visando a cura.
O terceiro caminho e o da troca de energia. Trocar energia é não temer ficar
enfraquecido, mas sim ter a confiança de que no plano universal ela é constantemente
reciclada e que funcionamos apenas como filtros ou canais por onde esta energia flui. 
No Leste, venera-se o Cachimbo Sagrado, assim como a Estrela da Manhã, a luz que
brilha na escuridão do fim da noite, iluminando os caminhos e dando suporte aos
buscadores, além de guiança e amor para aqueles que procuram andar em confiança e
em verdade. Representa a luz que clareia a consciência. 
No Arco Sagrado, é para esta Direção que se dirigem os que partem para a Busca da
Visão (um dos sete rituais sagrados), procurando o poder dos sonhos e a orientação
espiritual. É no Leste que encontramos o auxílio necessário para fazer a conexão com
o mistério de quem somos e a expressar o nosso ideal de vida. 
Prece para a Grande Família Honrando as nossas relações 
(uma antiga oração Mohawk) 
A nossa gratidão para a Mãe Terra que navega segara no dia e na noite e para o seu
rico, raro e doce solo. 
Que seja assim nos nossos pensamentos. 
A nossa gratidão para as Plantas, para as folhas de colorido mutante e para as raízes
sinuosas que permanecem quietas no vento e na chuva ou dançam na ondulação
espiralada tias sementes. 
Que seja assim nos nossos pensamentos. 
Gratidão para o Ar que sustenta a suave andorinha e a silenciosa coruja ao amanhecer
de um novo dia, como o sopro das canções e a brisa do claro espírito. 
Que seja assim nos nossos pensamentos. 
A nossa gratidão para os seres selvagens que são também nossos irmãos, que nos
ensinam os mistérios e os caminhos da liberdade e compartilham conosco das suas
vidas, com coragem e beleza. Que seja assim nos nossos pensamentos. 

A nossa gratidão para a Água das nuvens, dos lagos, dos rios e das geleiras,
cristalizada ou liquefeita, fluindo alegre através de nossos corpos as suas marés
salgadas. 
Que seja assim nos nossos pensamentos. 
A nossa gratidão para o Sol que nos acorda ao amanhecer, luz que pode cegar, brilho
que pulsa através dos troncos das árvores, clareia as neblinas e tremeluz nas grutas
quentes onde dormem os ursos e as serpentes. 
Que seja assim nos nossos pensamentos. 
A nossa gratidão ao Grande Céu que guarda em si bilhões de estrelas e que vai além
de todos os pensamentos e poderes e, no entanto, faz parte de nós. Avó Espaço, a
Mente é a sua companheira. 
Que seja assim nos nossos pensamento.

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