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DISCIPLINA:

FILOSOFIA E EDUCAÇÃO

AUTORIA: José Raimundo Rodrigues

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Vitória, 2014
1

Diretor Executivo: Tadeu Antonio de Oliveira Penina


Diretora Acadêmica: Eliene Maria Gava Ferrão
Diretor Administrativo Financeiro: Fernando Bom Costalonga

NEAD – Núcleo de Educação à Distância

GESTÃO ACADÊMICA - Coord. Didático Pedagógico – Emanuella Fontam

GESTÃO ACADÊMICA - Coord. Didático Semipresencial – Kessya Pinitente Fabiano Costalonga

GESTÃO DE MATERIAIS PEDAGÓGICOS E METODOLOGIA – Denise Bernini

Coord. Geral de EAD – Géssica Germana Fonseca

(Dados de publicação na fonte)

R696 Rodrigues, José Raimundo.


Filosofia e educação / José Raimundo Rodrigues. – Vitória :
Multivix , 2014.

32 f. : il. ; 30 cm

Inclui referências.

1. Educação - Filosofia. 2. Filosofia. 3. Educação. II. Faculdade


Multivix. III.Título.

CDD: 370.1

Filosofia e Educação
2

Disciplina: FILOSOFIA E EDUCAÇÃO


Autoria:

Primeira edição: 2014

Todos os direitos desta edição reservados à


FACULDADE BRASILEIRA – MULTIVIX VITÓRIA
FACULDADE CAPIXABA DE NOVA VENÉCIA – MULTIVIX NOVA VENÉCIA
FACULDADE NORTE CAPIXABA DE SÃO MATEUS – MULTIVIX SÃO MATEUS
FACULDADE CAPIXABA DA SERRA – MULTIVIX SERRA
http://www.multivix.edu.br

Filosofia e Educação
3

SUMÁRIO

1º BIMESTRE.................................................................................................... 4
1 APRESENTAÇÃO.................................................................................. 5
1.1 DIMENSÃO E CONCEPÇÕES FILOSÓFICAS........................................... 6
1.2 CONCEPÇÕES FILOSÓFICAS DA EDUCAÇÃO NO BRASIL................... 6
1.3 A EDUCAÇÃO E A FILOSOFIA: DA OPINIÃO À IDEIA.............................. 7

2 DESENVOLVIMENTO........................................................................... 8
2.1 A FILOSOFIA COMO ATIVIDADE ULTURAL CRIATIVA NA
EDUCAÇÃO................................................................................................ 8
2.2 CONCEPÇÕES FILOSÓFICAS DA EDUCAÇÃO NO BRASIL.................. 14

2º BIMESTRE.................................................................................................... 21
2.3 O DESENVOLVIMENTO DA CONCEPÇÃO ÉTICA E A RELAÇÃO
HOMEM MUNDO........................................................................................ 22
2.4 A EDUCAÇÃO COMO FATOR HISTÓRICO, POLÍTICO, SOCIAL E
CULTURAL............................................................................................................ 25
2.5 A EDUCAÇÃO COMO PASSAGEM DO SENSO COMUM À
CONSCIÊNCIA FILOSÓFICA..................................................................... 29

3 REFERÊNCIAS....................................................................................... 31

Filosofia e Educação
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1º Bimestre

Filosofia e Educação
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1 APRESENTAÇÃO

O que é o mundo? O que é o ser humano? O que é a


vida? Perguntas como estas permeiam a pós-
modernidade, período de incertezas e de crises
pessoais, econômicas, políticas, sociais, religiosas,
enfim, para o filósofo francês Lyotar, período em que a
consciência e a razão perdem a credibilidade.

“Os seres humanos são


No início do século XX, os estudos científicos rojetavam desiguais ou diferentes em
que á luz da pós-modernidade o homem seria tão auto- muitas coisas que os
hierarquizam entre si. Isso
suficiente que se afastaria cada vez mais do seu é indiferente em certos
transcendente (Deus), entretanto as pesquisas casos, positivo em alguns e
inaceitável sob o ponto de
apontam que o contrário tem acorrido. O homem tem se vista ético, em outros” .
debruçado em um caminho de tantas verdades, nas
GIMENO SACRISTÁN, 2002
pesquisas, internet, livros, que tem se visto perdido em
suas pesquisas e até, em si mesmo.

Como explicita Gilberto Cotrim é plenamente relevante apoiar-se nas concepções


filosóficas, para melhor compreensão desta sociedade das transformações e
conseqüente do advento da Cibercultura.

Nas palavras de Manuel Castells (1993, p.19):

Nos últimos vinte e cinco anos deste século que se encerra, uma revolução
tecnológica, com base na informação, transformou nosso modo de pensar,
de produzir, de consumir, de negociar, de administrar, de comunicar, de
viver, de morrer, de fazer a guerra e de fazer amor. Constituiu-se uma
economia global dinâmica no planeta, ligando pessoas e atividades
importantes de todo o mundo e, ao mesmo tempo, desconectando das redes
de poder e riqueza as pessoas e os territórios considerados não pertinentes
sob a perspectiva dos interesses dominantes.

Filosofia e Educação
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É neste cenário que se encontra a escola, muitas vezes como resultados dos
agravantes da pós modernidade e neste sentido percebe-se que a Filosofia é um
caminho de reflexão e sobretudo de direção para que o decente atinja um processo
de ensino-aprendizagem significativo e de sucesso na sua ação educativa e
conseqüentemente no processo que envolve todos os agentes diretos e indiretos na
educação.

Nesta perspectiva Filosofia e Educação se entrelaçam e constroem um caminho de


estratégias norteadas sempre pelo exercício do devir e rompem as fronteiras do
conhecimento.

1.1 DIMENSÃO E CONCEPÇÕES FILOSÓFICAS

Todo filósofo é amigo do saber, neste sentido a


Filosofia ao longo do período sócio-histórico
esteve intimamente relacionada ao perfil
docente, que é sobretudo um agente de reflexão e
norteador no contexto escolar das concepções “Ninguém escapa da educação Em
casa, na rua, na igreja, ou na
filosóficas e conseqüentemente educacionais. escola. De um modo ou de muitos,
Atrelar a Filosofia á educação é uma premissa todos nós envolvemos pedaços da
vida com ela”.
relevante para que estratégias significativas
(BRANDÃO. 1986 .p. 07)
surjam, rumo a uma educação de qualidade.

1.2 CONCEPÇÕES FILOSÓFICAS DA EDUCAÇÃO NO BRASIL

O contexto sócio-histórico norteia alguns paradigmas educacionais como define


Maria Lúcia de Arruda Aranha ( 2006 p.200 ), pois assim como o homem, a escola é
de fato um agente social. Sendo assim, esta traz consigo preceitos ideológicos e
pedagógicos. Nesta visão, a educação contemporânea como conseqüência de um
caminhar histórico, arraigou consigo a necessidade de uma atenção maior à práxis
docente.

Filosofia e Educação
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Neste prisma, percebe-se que há uma plena necessidade de alavancar a qualidade


do processo ensino-aprendizagem, pois o cenário escolar tem se tornado um
receptor de condições históricas e conseqüentemente sócio-econômicas, tornando o
universo escolar, sobretudo o papel educativo, um desafio docente, como já
exclamava Louis Althusser e a consequênte necessidade de um processo ensino-
aprendizagem significativo, transformador e de qualidade.

1.3 A EDUCAÇÃO E A FILOSOFIA: DA OPINIÃO À IDEIA

Frente à educação básica no Brasil, muitos são os meandros que necessitam de


análise, para que de fato se consolide um retrospecto sócio-educacional, capaz de
identificar os agravantes da educação contemporânea.

Assim, partindo do pressuposto, de que a realidade atual sofre conseqüências do


tempo histórico, permeado por interferências políticas, econômicas e sociais é
necessário levantar na educação uma abordagem filosófica pedagógica e
conseqüentemente sócio-histórica.

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2 DESENVOLVIMENTO

2.1 A FILOSOFIA COMO ATIVIDADE


CULTURAL CRIATIVA NA EDUCAÇÃO

Sob perspectiva de Roberto Gomes, a Filosofia


já no seu começo preocupava-se com os
princípios primeiros de nossa existência e da
realidade total. Partindo desta vertente,
percebe-se que o pensamento filosófico é
aquele modo de pensar que vai sempre a raiz A educação também é um
da questão. mecanismo poderoso de articulação
das relações entre poder,
conhecimento e tecnologias. Desde
pequena, a criança é educada em
Assim, o refletir do homem o torna um filósofo, um determinado meio cultural
familiar, onde adquire
ou seja, um amigo do saber. Ao homem pós- conhecimentos, hábitos, atitudes,
habilidades e valores que definem a
moderno, sobretudo á sua educação é valida a sua identidade social. A forma como
premissa de que a Filosofia é uma estratégia se expressa oralmente, como se
alimenta e se veste, como se
que norteia o ser humano a viver mais e comporta dentro e fora de casa são
resultado de poder educacional da
melhor. família e do meio em que.
Kenski (2007 p. 18-19)

Portanto, a priori é possível delimitar que a Filosofia é uma reflexão, um pensamento


de volta a si mesmo, portanto um devir. No qual criar, brincar, infantilizar e sonhar
são pontos de partida, ou até mesmo é possível falar de recomeço, falar em um
universo gigantesco e encantador, nesta visão, a sala de aula.

Paulo Freire encanta ao afirmar que apenas o homem é capaz de tomar distância
frente ao mundo, ou seja, somente o homem pode afastar-se do objeto e admirá-lo,
e mais, só o homem é passível do filosofar, neste sentido de refletir sobre sua
criação, a cultura.

Filosofia e Educação
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Para Edaward Tylor , Cultura é um todo complexo que abrange conhecimentos,


crenças, artes, moral, leis, costumes e quaisquer outras capacidades adquiridas
pelo homem como membro da sociedade. ( COTRIM 1987 p.22)

No que tange á cultura é possível delimitar que existem diferentes tipos de cultura.
A cultura erudita, a cultura de massa e a cultura popular. A cultura erudita é aquela
produzida para público seletivo, ou seja uma minoria de intelectuais, como
escritores, artistas, tecnólogos e cientistas e se encontra centrada na concepção
acadêmica do sistema educacional.

Este tipo de cultura se denomina erudita devido o rigor que se requer na sua
produção, portanto torna-se direcionada a um público mínimo, o que infelizmente
gera um processo de exclusão no que tange ao conhecimento da massa
populacional como define Maria Lúcia de Arruda Aranha em sua obra Filosofia da
Educação.

O que se pode criticar nas sociedades divididas é que existe um tipo de


exclusão externa, que seleciona de antemão os privilegiados que terão
acesso a essa produção cultural, quando na verdade a possibilidade de
escolha deveria estar garantida a qualquer um, independente de suas
posses e status social. (ARANHA 2006p.61)

Já o conceito de cultura popular se difere pois é


complexo sedo o resultados dos pessoas dos
variados lugares. A cultura popular se relaciona
intimamente ao conceito de folclore, ou seja, são os
hábitos e costumes de um povo, caracterizadas
pelo conjunto de costumes lendas, contos
provérbios e todo um universo real e imaginário
Para Roberto DaMatta :a
que compõem dada cultura. cultura é um mapa, um
receituario, um codigo através
do qual as pessoas de um dado
Existe uma grande tentativa de preservação em grupo pensam, classificam e
modificam o mundo e a si
relação á cultura popular, entretanto esta não é mesmas.

Filosofia e Educação
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uma tarefa fácil, como define Aranha, “O modo


estático de ver o folclore é também perigoso por
gerar comportamentos inadequados á apreciação
dessa cultura”, neste sentido percebe-se que a
cultura é como uma lente no qual cada indivíduo
aprecia de maneira diferente.

Entretanto Antônio Gramsci 1891-1937, filósofo italiano concorda em dizer que a


classe trabalhadora e o modo no qual é obrigada a viver, nem sempre possui
condições de elaborar sua própria visão de mundo, estando alijada da visão erudita
da produção intelectual. Esta concepção não se define na afirmativa de que não
possuem um sistema de opiniões, entretanto manifestam um modo de pensar
fragmentado e pautado apenas no senso comum.

A originalidade do pensamento de Gramsci está em reconhecer a


necessidade que tem o povo de formar seus próprios intelectuais, a
fim de elaborar a consciência de classe. Para o filósofo italiano, a
classe trabalhadora necessita de intelectuais orgânicos, ou seja,
aqueles que, oriundos do próprio povo, sejam capazes de elaborar
de forma erudita o saber difuso do indivíduo comum. ( ARANHA 2006
p. 62)

Ressaltando as informações dos meios de comunicação em massa, está a Cultura


de Massa, sendo difundida pelos meios de comunicação em massa, como o cinema,
a imprensa, as revistas de grande circulação o rádio, a televisão e o vídeo, que
atingem o maior número de pessoas de maneira muito rápida.

A cultura de massa é um resultado da Revolução Industrial, quando a burguesia se


tornou a classe em ascensão, a vida na cidade se tornou mais complexa e apareceu
uma produção cultural que não se direcionava para a preservação dos valores da
cultura de erudita e sim uma cultura produzida para os trabalhadores das fábricas.
Entre os séculos XIX e XX, as artes como circo, teatro popular e periódicos se
intensificaram com o aparecimento do jornal.

Filosofia e Educação
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Ao contrário da cultura erudita a cultura popular é produzida de cima para baixo, pois
impõe padrões, homogeneíza, modos de ser e de pensar. Neste sentido Gilberto
Cotrim delimita:

A cultura não só varia com as sociedades, mas também com as


classes sociais. De modo geral, as idéias, as normas, os valores das
classes dominantes tendem a ser impostos, mediante os
mecanismos de poder, com a cultura dominante da sociedade. (
COTRIM. 1987. P.23)

A cultura de massa se assemelha à cultura de “pão e circo”, pois se debruça em


mecanismos de mera animação, ocultando a verdade. Entretanto é possível afirmar
que é impossível que a maneira de pensar do ser humano não se altere ao perceber
as variadas expressões criativas, ou seja, verdadeiramente os mecanismos de poder
utilizados geralmente pelos governos, influenciam a massa.

Neste prisma destaca-se uma missão importante da Filosofia da Educação, que é


promover o senso crítico, superando o desigual pensamento e desenvolver o senso
crítico, podendo superar as concepções ingênuas, superficiais, pautadas na mera
opinião e contraditórias do senso comum.

Segundo Maria Lúcia de Arruda Aranha os filósofos frankfurtianos são críticos


severos da cultura de massa e definem:

“Os meios de comunicação de massa são o


oposto da obra de pensamento, que é a obra
cultural , ela leva a pensar a vê a refletir. As
imagens publicitárias, televisivas e outras, em
seu acúmulo acrítico, nos impedem de
imaginar. Elas tudo convertem em
A educação é um processo
entretenimento: guerras, genocídios, greves
social, é desenvolvimento. Não
cerimônias religiosas,catástrofes naturais e das é a preparação para a vida, é a
cidades, obra de arte, obras de pensamento. própria vida.

(...) Cultura é pensamento e reflexão. Pensar é John Dewey

o contrário de obedecer.

Filosofia e Educação
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Ao longo da história humana é possível delimitar que a produção cultural sempre


esteve arraigada de maneira errônea às normas, condutas e concepções morais
das classes dominantes, mediante mecanismos de poder, impondo seu autoritarismo
á toda classe. Presente desde o advento capitalista como define Karl Marx e que ora
se evidencia pelo neoliberalismo, mas que mantêm as raízes da exclusão e divisão
de classes.

Neste contexto a escola precisa se posicionar


alçada na raiz filosófica em um universo de
transformação, rumo á mudança econômica,
política, social, moral e, sobretudo educacional.

Para tanto se espera que o docente seja um


sujeito crítico, reflexivo e transformador, capaz Em Roma a partir do crescimento
urbano vieram também os
de analisar, fomentar e modificar a realidade, problemas sociais para Roma.
Assim a escravidão gerou muito
sobretudo conhecer a realidade sócio-cultural desemprego na no meio rural e
no qual está inserido, não se fechando apenas conseqüentemente, pois muitos
camponeses perderam seus
aos saberes de sua disciplina. empregos. Essa grande quantidade
de desempregados migrou para as
cidades romanas em busca de
empregos e melhores condições de
Portanto o educador não deve se presumir á vida. Com medo de que pudesse
acontecer alguma revolta de
um mero especialista mas um transformador e desempregados, o imperador
filósofo. Entretanto é necessário responder a elaborou uma política denominada
de Pão e Circo. Consistia em
seguinte pergunta: O que é preciso para que os oferecer aos romanos alimentação e
diversão. Quase todos os dias
docentes sejam transformadores e não apenas ocorriam lutas de gladiadores nos
estádios ( o mais famoso foi o
especialistas? Coliseu de Roma) , onde eram
distribuídos alimentos. Assim, a
população carente acabava
Maria Lúcia de Arruda Aranha define: esquecendo os problemas da vida,

A resposta a essa questão é decisiva para definirmos a identidade do educador e do


pedagogo. Apesar das dificuldades da formação de professores e das imposições
das instituições escolares vigentes que muitas vezes cerceiam essa atividade

Filosofia e Educação
13

crítica, apostamos na primeira hipótese. São muitos os pedagogos que têm se


debruçado sobre a questão do professor como profissional reflexivo, como também
não lhes têm faltado críticas, algumas delas devido ao eventual descuido pelo saber
escolar, pela assimilação dos conhecimentos, em decorrência da maior ênfase dada
a construção do conhecimento. ( ARANHA. 2006. p. 49)

Portanto presume-se que a formação continuada, sobretudo pautada na reflexão


filosofia advinda dos conhecimentos que o docente pode debruçar-se na Filosofia e
na Filosofia da educação são em leque de possibilidades de um processo ensino
aprendizagem significativo

Na música Comida, de Titãs, existe um convite a ao povo brasileiro, para que este
não assista ao processo de construção e consolidação de identidades, valores,
pensamento e ações simplesmente bestializado. E que não seja um agente passivo
e almeje mais, almeje o conhecimento, pois só o conhecimento transforma discentes
e docente e todos os envolvidos na educação.

Para refletir... Bebida é água!


Comida é pasto!
Comida Você tem sede de
Titãs que?
Você tem fome de
Bebida é água! que?...
Comida é pasto!
Você tem sede de
A gente não quer
que?
só comer
Você tem fome de
A gente quer comer
que?...
E quer fazer amor
A gente não quer
A gente não quer só
só comer
comida
A gente quer prazer
A gente quer comida
Prá aliviar a dor...
Diversão e arte
A gente não quer só
A gente não quer
comida
Só dinheiro
A gente quer saída
Para qualquer parte... A gente quer
dinheiro
E felicidade
A gente quer bebida
A gente não quer
Diversão, balé
Só dinheiro
A gente não quer só
A gente quer inteiro
comida
E não pela
A gente quer a vida Filosofia e Educação
metade...
Como a vida quer...
14

2.2 CONCEPÇÕES FILOSÓFICAS DA


EDUCAÇÃO NO BRASIL

O Brasil possui um ranço sócio-histórico de que


a educação sempre favoreceu a elite e os
homens . Este fato se presume desde a
antiguidade, para entender o pensamento
educacional filosófico no Brasil é importante
voltar ao Brasil colônia. "Parecem-me gente de tal
inocência que, se nós os
entendêssemos, e eles a nós,
seriam logo cristãos, porque
Os jesuítas foram responsáveis pelo parecem não ter nenhuma
pensamento educacional no Brasil colônia e crença. E portanto, se os
degradados que aqui hão de
fundaram inúmeras escolas chamadas de ficar aprenderem bem sua fala e
os entenderem, não duvido que
escolas de aprender a “ler e escrever”, dando eles (...) hão de se tornar
cristãos em nossa santa fé.
ênfase no processo de ensino para os filhos Portanto, Vossa Alteza, que
tanto deseja fazer crescer a
dos colonos. Outro aspecto relevante é o de santa fé católica, deve cuidar da
que a mentalidade intelectual esteve salvação deles . (...) Eles não
lavram, nem criam. Nem há aqui
infelizmente pautada na escravidão e no boi, vaca, cabra, ovelha, galinha,
ou qualquer outro animal que
trabalho informal, ou seja, a desqualificação do esteja acostumado a conviver
com o homem. (...) Nesse dia,
homem, pois este se encontrava alijado do enquanto ali andavam, dançaram
e bailaram sempre com os
processo educacional, sendo obrigado a focar
seu pensamento apenas nas concepções
morais religiosas.

Na primeira metade do século XVIII, a Companhia de Jesus, dispunha de oficinas


em que mestres jesuítas ensinavam os ofícios mais necessários. Essa atividade
também foi intensa nas missões, que se tornavam auto-suficientes, porque os
indígenas não aprendiam apenas os rudimentos de ler e escrever, mas diversas
artes e ofícios mecânicos. ( ARANHA 2006 p. 126)

Filosofia e Educação
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Entretanto a vinda da família real trouxe ao Brasil uma mudança de foco, centrado
agora na criação das escolas de nível superior. Este novo foco dava valor à
educação da elite.
Desfavorecendo mais uma vez a maioria da população. Por mais que a república
tenha sido proclamada permanece no Brasil o pensamento escravocrata, além do
mais este processo ocorreu no Brasil deixando a população bestializada, ou seja
acreditava que ao movimento republicano fosse um parada militar. Já Seu modelo
econômico continuou agrário exportador. José Murilo de Carvalho define:

Em frase que se tornou famosa, Aristides Lobo, o protagonista da


República, manifestou seu desapontamento com a maneira pela
qual foi proclamado o novo regime. Segundo ele, o povo, que pelo
ideário republicano deveria ter sido protagonista dos acontecimentos,
assistira a tudo bestializado, sem compreender o que se passava,
julgando ver talvez uma parada militar.

O índice de analfabetismo no século XX continuou com um índice alarmante, com a


maioria da população no meio rural havia um descaso pelo ensino elementar.

Para Cotrim, essa situação só começou a se modificar após a primeira Guerra


Mundial devido a intensidade do processo de industrialização e urbanização do país,
acentuado ainda mais depois de 1930, o que aumentou a demanda da
industrialização. (COTRIM 1987.)

As charges a seguir (ortaabertaouimprensal. Blogs.com e blogs.odiario.com) ,


demonstram o impacto da exclusão educacional no Brasil no século XX.
Para refletir...

Filosofia e Educação
16

E ainda...

Junto á Escola Nova ou o Manifesto dos pioneiros da educação, tiveram destaque


no pensamento da filosofia da educação no Brasil. Sendo responsável pelo
desenvolvimento cientificista, racionalista e naturalista no Brasil. Assim no que se
refere á Filosofia da Educação, foi no século XX que se destacou a modalidade e
expansão científica na educação, embasada á priori pela roupagem positivista e a
sustentação técnica das práticas pedagógicas.

Filosofia e Educação
17

Segundo Gilberto Cotrim em sua obra Filosofia e História da educação, é importante


frisar:

O Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova: em


1932, foi lançado o manifesto dos intelectuais
plenamente ligados as primeiras manifestações da
Filosofia da Educação onde estão pautados em O devir é uma mudança
pressupostos essencialistas. constante, é uma mudança em
si mesmo.
Friedrich Wilhelm Nietzsche
define que o devir é o
Conforme delimita o site de pesquisa http:// www. momento de tornar-se quem tú
és.
essencialismo.org.br:

O essencialismo versa sobre o essencial: a sua raiz profunda é a unidade


indiferenciada; acolhe o que é, partindo da inefabilidade, do marco zero, cerne
silencioso do estado-de-ser, comungando uma apreensão metafísica a partir de
onde se trama e constrói a perspectiva filosófica cosmo-existencial; autêntico, sem
adjetivações, pondera o que é, sem ruptura ontológica.

A essencialidade não gravita, como um jogo obsessivo de antagonismos, em torno


de um eixo organizador e condicionante onde sujeitos, imaginando-se neutros,
investidos de objetividade soberba, matemática, sentados nas arquibancadas da
academia, há vinte e cinco séculos, debatem a substancialidade das “essências”,
platônicas e aristotélicas, ou as relações entre “essencialidade transcendente”
versus “atributos existenciais contingentes”, ou, ainda, pensabundos, reativam uma
forma de misticismo intelectual pitagórico, transferindo as “cogitaciones” para o plano
da linguagem, pensando os vocábulos como condutores de essências puras e
originais, geradores inatos.

Após um longo período de colônia á império, se difunde no Brasil um pensamento


filosófico educacional pautado na escola para todos, ou seja, de maneira gratuita
para todos os brasileiros, não apenas todos no sentido de envolver todos da elite,
focando para a educação um pensamento cientificista, dando continuidade as
aspirações iluministas, já consolidadas no século XVII.

Filosofia e Educação
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Neste cenário tiveram destaque Anísio Teixeira, Fernando de Azevedo, Lourenço


Filho, Cecília Meireles, Darcy Ribeiro e Florestan Fernandes. O escolanovismo
resultou da tentativa de superar o tradicionalismo excessivo, rígido e
magistrocêntrico, voltado apenas para a memorização dos conteúdos. Neste sentido
desde a Revolução Industrial a burguesia já almejava uma escola mais realista e
que se adequasse as aspirações do novo mundo.

O renomado Anísio Teixeira nasceu em Caetité, em 12 de julho de 1900 e faleceu


no Rio de Janeiro, 11 de março de1971, foi um jurista, educador intelectual
e escritor brasileiro. Possui um papel de destaque frente as aspirações do
movimento escolanovista no Brasil, pautando seu pensamento na premissa de que a
educação escolar é um direito que deveria ser estendido a massa populacional, para
tanto era necessário que o governo assumisse a responsabilidade de todos os níveis
de ensino.
“a função do pensamento é
produzir hábitos de ação” e “o
E mais além, expunha que a educação é a única que dá sentido a uma
determinada coisa é apenas o
responsável por acabar com as diferenças sociais ainda conjunto dos hábitos que a
envolvem”, Peirce desenvolveu
muito presentes na sociedade brasileira. Anísio a máxima pragmática: “Para
averiguar o
Teixeira foi o pioneiro da implantação das escolas significado de um conceito
intelectual, é preciso
públicas no Brasil em todos os níveis. Como importante
considerar que conseqüências
pensador do escolanovismo no Brasil, preocupava-se práticas podem ser inferidas
como resultantes,
sempre em defender não apenas suas ideias, mas, necessariamente, da verdade
desse conceito. A soma
todas aquelas que eram interessantes para a educação dessas conseqüências
constituiria o significado do
de qualidade a todos. conceito”.

Muitas de suas idéias vieram das aspirações da filosofia e pensamento educacional


de John Dewey (1852-1952), importante educador que volta seu pensamento
filosófico e educacional para uma escolarização pautada na igualdade de direitos e
de quem foi aluno no curso de pós-graduação nos Estados Unidos.

Maria Lúcia de Arruda Aranha, e sua obra História da Educação, retrata o


pensamento de John Dewey:

Filosofia e Educação
19

Influenciado pelo pragmatismo de Willian James, preferia usar as expressões


instrumentalismo ou funcionalismo para identificar sua teoria. Escreveu Meu credo
pedagógico, A escola e a criança e, entre outras, sua melhor obra, Democracia e
educação. Tornou-se um dos maiores pedagogos americanos, contribuindo de
forma marcante para da divulgação dos princípios da Escola Nova. ( ARANHA
2006. P. 261)

Neste sentido é importante explicitar que para Dewey, o conhecimento não deve ser
uma atividade que deve findar em si mesmo, entretanto deve pautar-se na
experiência. Afirmando que as idéias são informações categóricas da razão, e neste
sentido são verdadeiras se funcionarem como norteadoras da ação.
Portanto expõe o valor que a experiência precisa ter sobre a ação humana e por
conseguinte na ação pedagógica.

Para refletir...
Democracia e educação

“[...] a maioria dos seres humanos ainda não goza de


liberdade econômica. Suas ocupações são
escolhidas pelo acaso e pela premência das
circunstâncias; não são a expressão normal de suas
aptidões em atuação recíproca com as necessidades
e recursos do ambiente. As nossas condições
econômicas ainda reduzem muitos homens a uma
condição servil. A consequência é não ser liberal a
inteligência daqueles que são os senhores da
situação, na vida prática. Em vez de pugnarem
resolutamente pela submissão do mundo aos fins "Em 1834 o sistema
educativo e cultural,
humanos eles dedicam-se a utilizar-se dos outros em formação desde Dom
homens para fins tanto mais anti-humanos, quanto João VI,
e que se vinha
mais egoístas. Semelhante estado de coisas explica reorganizando lentamente
muitos fatos de nossas tradições históricas de cima para baixo,
foi atingido, no seu
desenvolvimento,
Filosofia e Educação
por um ato da política
imperial
que o comprometeu em
suas próprias bases".
20

educacionais; projeta luz sobre a contradição de


objetivos entre as diferentes partes do sistema
escolar, sobre a natureza estreitamente utilitarista da
educação elementar e sobre o caráter estreitamente
disciplinar ou cultural da educação superior. [...]

Mas, por outro lado, esse estado de coisas contribui para definir o problema
particular da educação hodierna. A escola não pode refugir diretamente aos ideais
implantados pelas anteriores condições sociais. Mas a escola pode contribuir para
a melhoria dessas condições, por meio do tipo de mentalidade intelectual e
sentimental que formar”.
DEWEY, John. Democracia e educação: introdução à filosofia da educação. 4.ed.
O pensamento de Fernando de Azevedo

Assim como Anísio Teixeira, Fernando de Azevedo, ocupa lugar de destaque no


pensamento educacional e conseqüentemente filosófico no Brasil. Neste sentido
evidenciam-se também suas reflexões sobre a educação e sobre mudança social da
população brasileira.

Apesar de inúmeros olhares de críticas, Fernando de Azevedo esteve mediante os


maiores educadores de seu tempo, debatendo ideais plenamente filosóficas e
históricas da burguesia progressista e liberal.

De cunho extremamente intelectual, levantava reflexões e indagações sobre o Brasil


e seu processo de inserção no mundo e nos moldes capitalistas, apesar do passar
dos tempos ainda como nação onde a pobreza se faz presente numa parcela
significativa da população brasileira.

Como retrata a Revista Educação (nº 37), percebe-se de maneira relevante as


aspirações de Fernando de Azevedo.

O convite a Fernando de Azevedo para redigir o Manifesto deveu-se à


notoriedade que adquirira não só pela intensa atividade desenvolvida nos
meios educacionais, mas também pelo papel relevante que vinha exercendo

Filosofia e Educação
21

como um dos dirigentes da Companhia Editora Nacional, à época uma das


principais casas editoriais do país. Na Nacional, como era conhecida,
Fernando de Azevedo criou e dirigiu a Biblioteca Pedagógica Brasileira
(BPB), selo editorial do qual faziam parte a série Iniciação científica, que
publicava textos inéditos na área científica, e a Brasiliana, a primeira
coleção de estudos brasileiros do país, de alto nível.Anísio Teixeira, também
signatário do Manifesto e já educador respeitado, afirmou que a Brasiliana
era destinada a "descobrir o Brasil aos brasileiros".

Neste sentido o educador enfrentou no período uma crítica extremamente ideológica


pautada no capitalismo industrial. Que de fato incomodava-se com os ideais de
igualdade frente ao pensamento educacional. Pois verdadeiramente Fernando de
Azevedo sustentou o ideário de transformações educacionais atreladas ao meio
educacional.

2º Bimestre

Filosofia e Educação
22

2.3 O DESENVOLVIMENTO DA CONCEPÇÃO


ÉTICA E A RELAÇÃO HOMEM MUNDO

A ética é a ciência da moral, esta área do


conhecimento se relaciona intimamente ás
concepções do senso comum e dos valores
morais. Esses valores se manifestam devido o
senso moral , ou seja, o modo no qual cada ser
humano avalia e enxerga o mundo.
Riqueza e Pobreza
Certo ou errado?
O juízo de valor avalia as coisas, as pessoas,
experiências sentimentos, momentos de espírito,
positivo ou negativamente. Os juízos morais de
valor delimitam o que são o bem e o mal. É neste
cenário que nasce a cultura pois ela se consolida
pela maneira no qual as pessoas interpretam a si
mesmas e suas relações com o mundo e a
natureza. A própria palavra moral vem de uma
palavra latina, moris, que tem por significado
costume, como delimita de maneira relevante a

Filosofia e Educação
23

autora Marilena Chauí, em sua obra Convite a


Filosofia.

Neste sentido é possível refletir que para que haja conduta ética é preciso que exista
o agente consciente, isto é aquele que conhece a diferença entre o bem e o mal,
certo e errado, permitido e proibido, virtude e vício. A consciência moral não só
conhece tais diferenças mas também se reconhece como capaz de julgar o valor
dos atos e das condutas e de agir em conformidade com os valores morais, sendo
por isso responsável por suas ações e seus sentimentos e pelas conseqüências do
que faz e sente. (CHAUÍ. 2003)

As características do agente moral são: Possuir consciência de si e dos outros,


reconhecendo os outros como agentes éticos; entender-se como ser livre,
entretanto, passível de oferecer sentimentos, e poder submeter-se também a
sentimentos e ações; ser dotado de desejos, momentos de impulso, capacidades e
que precisam respeitar ou simplesmente aceitar as normas e virtudes identificadas
por outro agente moral.

A eticidade formativa, característica marcante na contemporaneidade como sendo a


premissa da educação como formação do sujeito e presente no pensamento
filosófico do Brasil, debruça-se no conhecimento hermenêutico, área da filosofia que
se constrói pela interpretação, ou teoria do treino á interpretação, frente à educação
objetivando a compreensão da formação do homem pelo homem e a sua construção
cultural.

Assim pressupõe-se que a reflexão filosófica permite o


homem articular sua interioridade, a exterioridade e
todo sua compreensão existencial.

Ética ou Filosofia Moral

A Filosofia moral ou a área do conhecimento


Historicamente, a idéia de
denominada ética surge a partir do momento em que o
Ética surgiu na antiga Grécia,
por Filosofia
volta de 500 a 300 a.C,
e Educação
através das observações de
Sócrates e seus Discípulos.
24

homem questiona de onde vem os costumes. É


possível afirmar que no mundo ocidental o legado da
responsabilidade ética surge com as indagações de
Sócrates, filósofo da antiguidade que também leva o
legado de pai da Filosofia.

Segundo Chaúí, 2003. P. 311, “Sócrates perguntava os atenienses, fossem jovens


ou velhos, o que eram os valores nos quais acreditavam e que respeitavam ao agir”.

Sócrates fazia perguntas do tipo: O que é a verdade? O que é a misericórdia? O que


é a justiça ? É interessante ressaltar que os atenienses sempre respondiam dizendo
que eram virtudes, e assemelhavam o tão esperado conceito de Sócrates a
situações do cotidiano. Mas Sócrates, devolvia a pergunta: O que são virtudes? Na
realidade, Sócrates sempre devolvia as perguntas, pois Sócrates se demonstrava
sempre insatisfeito com as respostas, pois estas, erma vagas e embasavam-se
apenas na exemplificação e não se completava como um conceito.

Neste sentido, surgia a indagação acerca do que era o comportamento correto e


qual sua relação com as virtudes, e os atenienses, porque se sentiam confundidos
com as perguntas de Sócrates, acabavam percebendo que estavam confundindo
preceitos morais com procedimentos atitudinais da vida cotidiana e pelo fato de
chegarem a conclusão de que a indagação socrática seria um ponto de partida para
questionar todos os princípios que julgavam como verdades absolutas, surgiu o
dilema ético.

Para Marilena Chauí , Sócrates abarcava os atenienses porque os forçava a indagar


qual a origem da essência ( ou a significação verdadeira necessária) das virtudes
( valores e obrigações) que julgavam praticar ao seguirem os costumes de Atenas. (
CHAUÌ 2003)

Além de levar o legado de pai da Filosofia, Sócrates também é o pai da Ética, pois
por volta do século V a.C., foi o responsável pela concepção ética. Portanto as
questões socráticas são as precursoras no campo ético e nas obrigações morais.

Filosofia e Educação
25

Partindo deste pressuposto é possível afirmar que a


concepção do conceito de ética é, sobretudo um ato
político, pois surge muito próxima á concepção de
política, ou seja, arte de viver na cidade, pois se
relaciona intimamente á práxi. Identifica-se também
que moral e ética, andam de mãos dadas mas, se
“Redes são estruturas abertas
diferem. O conhecimento ético está intimamente capazes de expandir de forma
ilimitada, integrando novos nós
relacionado ao processo histórico. Logo sofreu dede que consigam comunicar-se
dentro da rede,ou seja, desde que
alterações ao longo da Antiguidade, da Idade Média, compartilhem os mesmos códigos
de comunicação (por exemplo,
da Idade Moderna e da Idade Contemporânea. valores ou objetivos de
desempenho).”
CASTELLS Manuel, p.499 – 1999

Na antiguidade, mais precisamente direcionado ás reflexões de Sócrates, Platão e


Aristóteles a concepção da ética, pautava-se na prática das virtudes e na vontade do
homem em ser feliz.

Já na Idade Média, a concepção de ética esteve por quase mil anos entrelaçada á
filosofia da igreja, portanto, pregava-se uma ética cristã, subjugada aos
ensinamentos de Deus, e o dualismo entre o bem e o mal.

Nos ares da modernidade a idéia de razão advinda dos valores clássicos de Grécia
e Roma, expunham a nova preocupação do homem, a razão e sua liberdade,
pautando-se na premissa de que ele, o homem, é o centro do universo e não mais
Deus, como delimitava o Teocentrismo.

À luz da pós-modernidade a concepção ética embasa-


se na liberdade de expressão e na valorização dos
preceitos individuais, bem como na complexidade do
período das crises, que norteiam conseqüentemente
as ações do homem
Para o site http://www.scielo.br,
A conceituação de pobreza é
algo extremamente complexo.
Pode ser feita levando em
conta algum
“juízo deFilosofia
valor”, eem
Educação
termos
relativos ou absolutos. Pode ser
estudada apenas do ponto de
vista econômico ou
incorporando aspectos não-
26

2.4 A EDUCAÇÃO COMO FATOR HISTÓRICO,


POLÍTICO, SOCIAL E CULTURAL

Para caracterizar como a educação é situada na pós-


modernidade e como a mesma se constituiu ao longo
dos períodos sócio históricos é necessário delinear
uma visão sociológica, antropológica e, sobretudo
filosófica.

Neste contexto é plenamente relevante citar a visão


pedagógica de Paulo Freire, onde seu foco se volta
para fenômenos educacionais de escala mundial, em
especial expõe a situação do Brasil.
Pela conceituação de Fernandes (1960) no estudo das relações entre mudança,
evolução e desenvolvimento social no Brasil, entende-se a mudança social como
uma noção genérica, abrangendo quaisquer espécies de alterações do sistema
social, independente de condições particulares de tempo e de espaço. A evolução
social seria uma noção mais complexa, aplicável aos processos de mudança
progressiva. Já o desenvolvimento social teria o sentido de multiplicação de formas
de interação numa determinada sociedade, acompanhando o desenvolvimento
cultural, “abrangendo todos os aspectos dinâmicos de alterações da estrutura, da
organização e dos mecanismos de controle de dado sistema social em um
determinado período” (p. 12).

Nas mudanças sociais que atingem diretamente as sociedades, identifica-se como


conseqüência o impacto na educação destas nações, mudanças estas, que
priorizam na maioria das vezes a classe burguesa.

Neste universo heterogêneo se encontra o professor, que na maioria as vezes está


suscetível às influências de modificação social e intelectual. No que tange á
educação, e esta foi verdadeiramente, renegada a segundo plano em meio ás
mudanças da cidade, que favoreceu o setor industria a exclusão é nítida.

Filosofia e Educação
27

Frente ao Brasil, identifica-se a expansão do sistema educacional na década de


1950, pois manteve seu desenvolvimento relacionado crescimento, infelizmente da
maioria da população de baixa renda e de baixa escolarização.

Neste período infelizmente destaca-se a grande maioria da população nordestina


nos grandes centros urbanos e a conseqüente reprovação escolar nas primeiras
séries do ensino primário.

Muito saliente é a concentração de Cardoso (1969) em problemas da estrutura


social e política dos países subdesenvolvidos, analisados perante os centros
hegemônicos capitalistas (numa ótica econômica) em sua condição de dependência.
( CARDOSO 1960 p.28)

PARA DEBATER!
A POBREZA COMO PRIVAÇÃO DE CAPACIDADES

Segundo Amartya Sen (1999), a pobreza pode ser definida como uma privação das
capacidades básicas de um indivíduo e não apenas como uma renda inferior a um patamar
pré-estabelecido.

Por “capacidade” entendem-se as combinações alternativas de funcionamentos de possível


realização. Portanto, a capacidade é um tipo de liberdade: a liberdade substantiva de
realizar combinações alternativas de funcionamentos ou a liberdade para ter estilos de vida
diversos. Por exemplo, uma pessoa abastada que faz jejum por sua livre e espontânea
vontade pode ter a mesma realização de funcionamento que uma pessoa pobre forçada a
passar fome extrema. Porém a primeira pessoa possui um "conjunto capacitário” diferente
do da segunda. A primeira pode escolher comer bem e ser bem nutrida de um modo
impossível para a segunda. (SEN, 1999)

Os funcionamentos são definidos como o que uma pessoa pode considerar valioso fazer
ou ter. Os funcionamentos podem variar dos elementares, como ser adequadamente
nutrido e livre de doenças evitáveis, a atividades ou estados pessoais muito complexos,
como poder participar da vida da comunidade e ter respeito próprio.

Assim, a privação de capacidades elementares pode refletir-se em morte prematura,


subnutrição considerável (especialmente de crianças), Filosofia e Educação
morbidez persistente,
analfabetismo e outras deficiências. Essa definição não despreza o fato de a pobreza
também ser caracterizada como uma renda inferior a um patamar pré-estabelecido, pois
28

Infelizmente a grande influência dos “setores industriais, e sua ligação com a


maioria da população o mantinha com o conjunto da sociedade nacional e como
norteadores das economias e pensamentos dominantes e também delimitavam toda
a influência dos grupos industriais e financeiros sobre os grupos menos favorecidos
economicamente, deixando-os alijados do processo educacional.

Desvantagens, como idade, incapacidade ou doença, reduzem o potencial do indivíduo


para auferir renda. Além disso, também tornam mais difícil converter renda em
capacidade, que uma pessoa mais velha, mais incapacitada ou mais gravemente
enferma pode necessitar de mais renda (para assistência, próteses, tratamentos) para
obter os mesmos funcionamentos. Isso implica que a pobreza real (no que se refere à
privação de capacidades) pode ser mais intensa do que possa parecer no espaço da
renda.
Ambas as perspectivas, a noção de pobreza como inadequação de capacidade e a noção
de pobreza como baixo nível de renda, estão vinculadas, uma vez que a renda é um meio
fundamental na obtenção de capacidade. E, quanto mais capacidades, maior o potencial
produtivo de uma pessoa e, conseqüentemente, maior a chance de se obter uma renda
mais elevada. Note que uma renda mais elevada não significa necessariamente
capacidades maiores.
Segundo Sen, é importante ter em mente que a redução da pobreza de renda não pode
ser o único objetivo de políticas de combate à pobreza. É perigoso ver a pobreza segundo
a perspectiva limitada da privação de renda e a partir daí justificar investimentos em
educação, serviços de saúde, etc., com o argumento de que são bons meios para a
redução da pobreza. Isso seria confundir os fins com os meios.
Filosofia e Educação
A pobreza deve ser entendida como a privação da vida que as pessoas realmente podem
levar e das liberdades que elas realmente têm. A expansão das capacidades humanas
enquadra-se justamente nesse ponto. Não se pode esquecer que o aumento das
29

2.5 A EDUCAÇÃO COMO PASSAGEM DO SENSO COMUM À CONSCIÊNCIA


FILOSÓFICA

O senso comum se presume aos saberes do cotidiano. E cada sociedade revela


estes saberes a partir de seus preceitos culturais, que são únicos.

O conhecimento do senso comum é subjetivo, exprime sentimentos e opiniões


individuais que perpassa de geração a geração, variando de uma pessoa para outra,
ou até mesmo de um grupo para outro.

Os conhecimentos do senso comum são quantitativos, isto é, são julgamentos de


pesado ou leve, feio ou bonito, ou seja, este tipo de conhecimento não vai á raiz da
questão para investigá-la.

Também é possível delimitar que o conhecimento do senso comum é heterogêneo e


se refere a julgamentos heterogêneos, pois são individualizadores.

Mas ainda são generalizadores, pois tendem a reunir numa só opinião, ou


numa só idéia, coisas e fatos julgados semelhante: falamos dos animais,
das plantas, dos seres humanos, dos astros, dos gatos, das mulheres, das
crianças, das esculturas, das pinturas, das bebidas, dos remédios; ( CHAUÍ,
1999. P.248)

Filosofia e Educação
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Somente a educação, transpõe o conhecimento do senso para o conhecimento


científico e filosófico que leva o homem á um caminho sistemático, investigativo e
transformador.

Reflita...
Trecho do Mito da Caverna de Platão:

“Imaginemos um muro bem alto separando o mundo externo e uma caverna. Na


caverna existe uma fresta por onde passa um feixe de luz exterior. No interior da
caverna permanecem seres humanos, que nasceram e cresceram ali.

Ficam de costas para a entrada, acorrentados, sem poder mover-se, forçados a


olhar somente a parede do fundo da caverna, onde são projetadas sombras de
outros homens que, além do muro, mantêm acesa uma fogueira. Pelas paredes da
caverna também ecoam os sons que vêm de fora, de modo que os prisioneiros,
associando-os, com certa razão, às sombras, pensam ser eles as falas das mesmas.
Desse modo, os prisioneiros julgam que essas sombras sejam a realidade.

Imagine que um dos prisioneiros consiga se libertar e, aos poucos, vá se movendo e


avance na direção do muro e o escale, enfrentando com dificuldade os obstáculos
que encontre e saia da caverna, descobrindo não apenas que as sombras eram
feitas por homens como eles, e mais além todo o mundo e a natureza.”

Neste prisma delimita-se verdadeiramente que o homem só é homem realmente


pela educação e ele é plenamente o que a educação faz dele.

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3 REFERÊNCIAS

1. ALONSO, Myrtes. Uma tentativa de redefinição do trabalho docente. São


Paulo: 1994 (Mimeo)

2. ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. História da Educação. 2.ed. ver. E atual. –


São Paulo: Moderna, 1996.

3. ________. Filosofando: introdução á filosofia/ Maria Lúcia de Arruda Aranha,


Maria Helena Pires Martins. – Ed. Revista – São Paulo: Moderna 2003.

4. CARDOSO, F. H. Mudanças sociais na América Latina. São Paulo: Difusão


Européia do Livro, 1969. 238 p.

5. CARVALHO, José Murilo de. Os bestializados: O Rio de Janeiro e a


República que não foi/ José Murilo de Carvalho. São Paulo: Companhia das
Letra, 1987.

6. SAVIANI, Demerval. 1994 – Política e Educação no Brasil. O papel do


Congresso Nacional na Legislação do ensino/ Demerval Saviani, - 6. Ed.
Reimpressão – Campinas, SP: Autores Associados, 2008.

7. FERNANDES, F. Mudanças sociais no Brasil: aspectos do


desenvolvimento da sociedade brasileira. São Paulo: Difusão Européia do
Livro, 1960. 401 p.

8. Fontes de Educação: Guia para Jornalistas. Fórum Mídia & Educação, 2001

9. KILPATRICK, W. H. Educação para uma civilização em mudança. 4. ed.


Tradução de Noemy S. Rudolfer. São Paulo: Melhoramentos, 1964. 92 p.

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10. SEABRA, Carlos. Uma educação para uma nova era.Belo Horizonte: Oficina
de Livros, 1994.

11. TOURAINE, A. Crítica da modernidade. Tradução de Elia Ferreira Edel. 3.


ed. Petrópolis: Vozes, 1994. 431 p.

12. SAVIANI, Dermeval. Escola e Democracia. 8a. ed. São Paulo,


Cortez/Autores Associados, 1985.

13. SAVIANI, Dermeval. Pedagogia histórico crítica: Primeiras aproximações.


2. ed. São Paulo: Cortez/Autores Associados, 1991.

14. VASCONCELLOS, Celso dos Santos. Para onde vai o Professor? Resgate
do Professor como Sujeito de Transformação. São Paulo: Libertad, 1995.
(Coleção Subsídios Pedagógicos do Libertad; v. l).

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