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Antologia Digital Ache 2019
Antologia Digital Ache 2019
Sumário
Palavra do Organizador...............................................................................................................
03
Sumário.......................................................................................................................................04
Anacir Zanon ...............................................................................................................................
05 Anair
Weirich............................................................................................................................... 17
Anilde Tereza Wobetto ...............................................................................................................
24 Laís Modena
Ribeiro.................................................................................................................... 27 Luiz
Gheno................................................................................................................................... 34
Maria Mercedes F. Colferai.........................................................................................................40
Marlene Peter.............................................................................................................................46
Orieta Schimidt
Espíndola...........................................................................................................51 Sergio Paulo
Ribeiro....................................................................................................................63 Yara Mara
de Castro....................................................................................................................69
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15ª Antologia ACHE – Associação Chapecoense de Escritores - 2019
ANACIR ZANON
Sou pedagoga e atuo na área de licenciatura. Vivo o mundo das letras desde a
adolescência, quando comecei a escrever mensagens comemorativas em escolas e na
comunidade do campo onde residia.
Sendo filha de agricultores, vivenciei a riqueza de vida no campo, onde senti e
apreciei muitas espécies de cores e aromas ao meu redor. O verde sempre foi uma
inspiração, a terra uma ligação entre o real e o imaginário. Nessa linha imaginária do
horizonte buscava algo por meio das letras, rabiscos, pensamentos e sentimentos. Fui
buscar na cidade o que não encontrava na minha realidade.
Trabalhei e morei em grandes cidades, mas não me adaptei, pois, não tinha o
verde, não tinha inocência. Mais tarde, por ironia do destino, vim parar na Capital do
Oeste de Santa Catarina e fiz de Chapecó a construção das minhas realizações pessoais,
uma delas, pertencer a um grupo de escritores.
Aqui estou e por meio do mundo das letras contribuo com outra visão em
contraponto aos olhares diferentes dos meus. Digo: A vida é uma sucessão, uma
evolução passageira, então passe... “Plante uma árvore, tenha um filho e escreva um
livro”.
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15ª Antologia ACHE – Associação Chapecoense de Escritores - 2019
SEU OLHAR
Anacir Zanon
Seu olhar
São estrelas do universo
E até o infinito eu contesto
De onde vem tanta luminosidade Que
me leva a toda forma de insanidade?
Coração resplandece felicidade
Talvez não mereça tanto brilho
Nos meus dias, nos meus trilhos...
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15ª Antologia ACHE – Associação Chapecoense de Escritores - 2019
RELIQUIAS DE UMA
CAMPONESA Anacir Zanon
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15ª Antologia ACHE – Associação Chapecoense de Escritores - 2019
DE OUTRAS VIDAS
Anacir Zanon
Quando eu te vi
Logo percebi,
Que o amor estava perto
Era quase certo!
Sentia a sensação
Que o amor não estava só nas canções
Eu percebi, estava ali, o amor estava ali...
Me aproximei,
Não me enganei
Eu vi um amor nascer
Me faz crescer,
Me faz tão bem,
Coisas do além,
Inexplicável, coisas de outras vidas,
perdidas... Nos encontramos e novamente...
Inexplicável,
Nossas vidas de outras vidas
Tão imutável esse amor
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15ª Antologia ACHE – Associação Chapecoense de Escritores - 2019
EM SONHO TE
ENCONTREI Anacir Zanon
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15ª Antologia ACHE – Associação Chapecoense de Escritores - 2019
O TEMPO
Anacir Zanon
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15ª Antologia ACHE – Associação Chapecoense de Escritores - 2019
TRISTEZA É...
Anacir Zanon
VENTANIA
Anacir Zanon
PARTIDA
Anacir Zanon
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15ª Antologia ACHE – Associação Chapecoense de Escritores - 2019
LÁGRIMAS DE CHUVA
Anacir Zanon
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15ª Antologia ACHE – Associação Chapecoense de Escritores - 2019
QUANDO EM SONHO
Anacir Zanon
Mesmo em sonho
Preciso que me segure do chão,
Que me carregue nos momentos de aflição
E me livre de todas as dores
Do mundo da ilusão.
Quando em sonho,
Que esse anjo venha me olhar!
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15ª Antologia ACHE – Associação Chapecoense de Escritores - 2019
ANAIR WEIRICH
Anair Weirich é natural de Chapecó SC e vive de suas obras desde 1996,
palestrando sobre poesias em escolas e eventos e visitando livrarias e empresas.
Quem quiser conhecer mais sobre ela, é só chamar seu nome no Google,
Facebook ou Youtube, onde poderão vê-la recitar suas poesias.
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15ª Antologia ACHE – Associação Chapecoense de Escritores - 2019
DROGAS
Anair Weirich
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15ª Antologia ACHE – Associação Chapecoense de Escritores - 2019
MUITAS MULHERES
Anair Weirich
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15ª Antologia ACHE – Associação Chapecoense de Escritores - 2019
CARNIFICINA
Anair Weirich
As palavras se indispuseram
E decidiram agredir-se.
Uma carnificina de letras
Geraram mortandade
De argumentos...
Ganhou quem menos falou
Ou demonstrou
sentimentos!
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15ª Antologia ACHE – Associação Chapecoense de Escritores - 2019
PRIMEIRO E ÚLTIMO
Anair Weirich
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15ª Antologia ACHE – Associação Chapecoense de Escritores - 2019
DISTANTES
Anair Weirich
Sol e lua...
Cada um na
sua! Alheias,
As nuvens
Pincelam o céu
Desenhando
Com maestria
Como será o
dia.
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15ª Antologia ACHE – Associação Chapecoense de Escritores - 2019
TRATO FEITO
Anair Weirich
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15ª Antologia ACHE – Associação Chapecoense de Escritores - 2019
VIDA CORRIDA
Anilde T. Wobetto
"Ela já começou"
Eu não conseguia
agitação
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15ª Antologia ACHE – Associação Chapecoense de Escritores - 2019
Moro acima
Moro abaixo
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15ª Antologia ACHE – Associação Chapecoense de Escritores - 2019
LEMBRANÇAS DA INFÂNCIA
Lais Modena Ribeiro
AO TEU LADO
Lais Modena Ribeiro
O banho demorado
Foi deixado de lado,
Porque do outro lado
Havia alguém a me esperar.
PROCURANDO
Lais Modena Ribeiro
QUE DOCE
LEMBRANÇA Lais Modena
Ribeiro
Naquele dia
A chuva caía mansinho
E a tarde se estendia,
Enquanto sentia
O cheirinho de bolo da mamãe,
Tomando o mate quentinho na varanda.
NADA PRA
SONHAR Laís Modena
Ribeiro
Há meninos em todo
lugar: Vagando pelas ruas,
Em frente às escolas,
Nos pátios das casas
E no meio das praças.
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15ª Antologia ACHE – Associação Chapecoense de Escritores - 2019
REFLEXO
Lais Modena Ribeiro
Na ansiedade de encontrar,
Apressados olhavam para todo lugar.
Outros lentamente caminhavam
Como se nada quisessem encontrar.
Alguns seguiam tristes
Pensando que se alegrariam ao encontrar
Outros, alegres, pareciam nem se preocupar
Nessa louca procura por nada.
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15ª Antologia ACHE – Associação Chapecoense de Escritores - 2019
LUIZ GHENO
A descoberta tardia aos 68 anos para a literatura, poesia e música, não o impediu
de escrever e editar uma diversidade de livros.
O Primeiro dele, o romance Rio Caju, uma viagem no tempo, foi lançado na Bienal
de São Paulo em 2014. Na sequência Dorinha e os seus sapatos, Confissões de Heleno,
Sequestro na rua das flores, A raposa e fazendeiro, A formiga voadora e a ilha do mel,
Apólogo e Um êxodo para a paz, que representa as atribuições do ser humano na
atualidade, ás voltas com o ódio e a intolerância a diversidade. É membro da ACHE -
Associação Chapecoense de Escritores e participou da 14ª Antologia lançada em 2018.
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15ª Antologia ACHE – Associação Chapecoense de Escritores - 2019
DISSIMULADO
Luiz Gheno
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15ª Antologia ACHE – Associação Chapecoense de Escritores - 2019
SÍNDROME
Luiz Gheno
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15ª Antologia ACHE – Associação Chapecoense de Escritores - 2019
SAUDADE
Luiz Gheno
Mas estou no
caminho Ando sozinho
Me espera no ninho
Vamos beijar
Eu sigo no vento
Que me abre o
caminho Me deixa
tristeza
Que eu quero sonhar
As lembranças me
moem Me deixam caído
Estou sem saída
Eu preciso te amar.
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15ª Antologia ACHE – Associação Chapecoense de Escritores - 2019
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15ª Antologia ACHE – Associação Chapecoense de Escritores - 2019
RIO CAÇADOR
Luiz Gheno
O Rio Caçador não teve sorte: nasceu no lugar errado. No entanto viveu alguns
milhões de anos, uma vida pacata, harmoniosa, com tudo o que o cercava, tudo estava no
seu devido lugar, até a chegada dos humanos, e então, tudo mudou. Logo se viu cercado
por seres estranhos, que insistiam em mudar tudo o que estava perfeito. Odiavam as
árvores, pareciam ávidos em retirar das suas águas tudo o que se movesse, então ele viu
os seus amigos e coloridos nadadores desaparecerem. As suas águas se modificaram. Eles,
os humanos, ergueram paredões ao seu redor, parecendo caixas enormes, dessas caixas
iniciou a sair um liquido de cor estranha, não era água, mas logo notou que os seus
hospedeiros a evitavam.
Construíram uma muralha, justamente no seu leito, essa contensão de detritos
no seu organismo, o deixa doente, mas, ele não consegue evitar, assim, ao invés de ser um
transportador de resíduos normais que a natureza produz, ele se tornou um acumulador
de sobras. O Rio Caçador, não tem uma função digestiva, assim, periodicamente sofre uma
cirurgia incisivamente dolorosa, para a retirada da massa em decomposição, que está no
seu ventre. Esse procedimento provoca nele infecções generalizadas, causadas pelos
microrganismos que proliferam, se multiplicam, em função da muralha. Como não existe
uma possibilidade de medicação, ele acaba sofrendo uma espécie de golpe nas suas
entranhas e, toda a sua estrutura é penalizada, toda a existência de vida rica no seu leito
fica comprometida; sofre.
Mas ele continua persistente, afinal, comparando o seu tempo de vida no
pequeno vale, ele teve mais paz, tranquilidade do que dissabores, ele acredita que a
maldição que o acomete nestes tempos, deve ser passageira. Ele espera que, da forma que
chegaram, os humanos também devem partir, e, ele o Rio Caçador deverá voltar a ter a
monotonia, a paz, durante o dia, curtindo a luz do sol, o verde das árvores fartamente
vestidas com suas folhas e flores perfumadas, saudando-o todas as manhãs. Os peixes e
moluscos de tão variadas espécies, que, com muita melancolia recorda, como aos poucos
foram embora do seu leito, haverão de retornar. À noite haverá de ouvir novamente a
sinfonia das suas cachoeiras, como era antes dos humanos chegarem. Assim o Rio espera
que através do tempo infinito, possa esquecer a tragédia que o acomete agora, com a paz
voltando, espera esquecer que um dia teve o nome de caçador.
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15ª Antologia ACHE – Associação Chapecoense de Escritores - 2019
MARIA MERCEDES F. COLFERAI
Nasceu em 15 de agosto de 1948 no interior do Rio Grande do Sul. Sendo filha
de agricultores, viveu grande parte da sua vida em contato com as coisas do campo. Em
sua vida profissional atuou em várias atividades, entre elas a indústria, sem jamais
perder o gosto de escrever.
Tem vários livros publicados, entre eles: O Segredo do Universo e Sabedoria das
Formigas. É membro da ACHE – Associação Chapecoense de Escritores.
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15ª Antologia ACHE – Associação Chapecoense de Escritores - 2019
MATEMÁTICA DO AMOR
Maria Mercedes
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15ª Antologia ACHE – Associação Chapecoense de Escritores - 2019
BOM DIA COM ASAS
Maria Mercedes
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15ª Antologia ACHE – Associação Chapecoense de Escritores - 2019
CORAÇÃO SEM CHAVE
Maria Mercedes
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15ª Antologia ACHE – Associação Chapecoense de Escritores - 2019
OLHO MÁGICO
Maria Mercedes
Olho inteligente.
Quem é esse olho?
Onde está?
Sim, ele se esconde nos corredores
Em qualquer lugar está listado
Tirando nossa privacidade.
Olho Mágico
Não sabemos do que é capaz
Mais todos o temem.
Este mundo moderno nos traz muitas surpresas e dúvidas,
Estamos rodeados de fantasias criadas.
Estes olhos são criados pelo homem,
Que também os teme.
São criaturas manipuladas e poderosas
Registrando tudo a sua volta, nossos erros.
Tudo isso sem falar, ferindo em silêncio
Como feras terríveis, fazem suas vítimas sem dó
São cobras sem cabeça e sem cauda,
São pequenos mais perigosos.
A tecnologia do mundo moderno é essa:
Olhos mágicos escondidos por todos os lados.
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15ª Antologia ACHE – Associação Chapecoense de Escritores - 2019
PAIXÃO INSEPARÁVEL
Maria Mercedes
Feijão e arroz
Amor preto e branco
Admirados e apreciados por muitos.
Dois personagens estimados pela humanidade e
simplicidade, Sua graça e simpatia.
Está em todas às mesas, não importa o lugar.
Sua origem vem da terra.
Seu sabor da panela de barro .
Pendurado em corrente num fogo de chão
Rodeados de lindas meninas
Com tranças feitas de pé descalço.
Porém neste mundo moderno
Teve a honra de ser carregado por homens de finas vestes
Servido em finas tigelas
Talvez de ouro ou prata
Dependendo do trono que vai servir.
Teve a honra dos tronos mais altos
Subiu, sentiu-se orgulhoso
Perdeu seu valor
Sua simplicidade não existe mais
Até sua origem ele esqueceu!
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15ª Antologia ACHE – Associação Chapecoense de Escritores - 2019
MARLENE PETER
Comentar dessa vida, é demais! Perfeito encanto... Dizer que tudo é perfeito, é
“ocultar verdades” como o eclipse que vem e vai. Quem deseja ver o arco íris, precisa
gostar da chuva!
Ah! O sol? Ele vai raiar. Assim é a nossa vida! Difícil com certeza, mas linda e pra
lá de verdadeira.
Marlene Peter nascida em Erechim é chapecoense de coração com muito
orgulho. Na ACHE – Associação Chapecoense de Escritores desde 1996 responde hoje
como Vice-presidente e participa de todos os projetos realizados pela associação. Com
curso superior em letras e Especialização em Língua Portuguesa, atual como professora
e gestora em escolas.
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15ª Antologia ACHE – Associação Chapecoense de Escritores - 2019
NOITE
Marlene Peter
No silêncio da noite,
Conversei com as estrelas.
Pedi a elas por que a humanidade é tão cruel?
Elas responderam:
Porque as pessoas não fazem a sua parte.
Perguntei: Por que fico triste, com uma dor que rasga meu peito?
Responderam: Porque és humilde,
Tem amor e compaixão...
Também perguntei por que em alguns momentos sou feliz?
Responderam: Porque na maioria das vezes vive dignamente,
Como uma criança inocente.
Então ainda perguntei: Por que de alguns mistérios da
vida? Responderam: Viva tudo que podes,
Da forma mais intensa,
Terás a resposta uma a uma!
Calei me por instantes,
Vi a lua cheia, linda...
Entendi que o universo,
Estava simetricamente completo, perfeito.
E o que eu fiz?
Lembrei-me da gratidão a Deus e a ela.
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15ª Antologia ACHE – Associação Chapecoense de Escritores - 2019
CAMINHO DO ACASO
Marlene Peter
Caminho do Acaso
No campo longínquo da vida
Trago meias palavras e desalentos
De um fino tempo.
Não ando no descampado
No tempo brado, hoje largado
O bem maior, o tempo.
Não meço esse tempo nem rego a flor
O perfume se perdeu entre os ventos.
Intrigas de pensamentos
Foi ao longe carregado
Pelo enigma desaprovado,
Nada sabes contar.
A triste andorinha paira pelo ar
Quer contar ao dono do mundo
Os caminhos do acaso.
És o gigante fugaz que traz dores e lamentos
Tu só não vês tamanho sofrimento.
Planeja nas partituras de uma letra musical. Um
longínquo dom balança as minúsculas folhas
Embrenhadas no coração.
Desperta no vasto campo...
Ruge o bravo leão
Que estava adormecido no peito
No correr do suave riacho
Que sacoleja a alma.
Tudo volta no caminho do acaso.
Ele é o átrio
O começo e o fim.
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15ª Antologia ACHE – Associação Chapecoense de Escritores - 2019
ARROGÂNCIA
Marlene Peter
O arrogante é insensível,
Ele se acha,
Não faz diferença,
Tem o arrogante rico e o pobre!
Arrogante é arrogante... O
arrogante é vazio,
Eu diria que é um réprobo!
Sem nada,
"Uma alma penada".
Completamente algoz,
Cheio de rancor,
Amargurado no tempo,
Acha que está abafando!
Nada...
Vive na sombra do vazio,
É a sombra da sua alma.
O nada...
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15ª Antologia ACHE – Associação Chapecoense de Escritores - 2019
Felicidade
Vai sem tempo,
A magia do luar,
Não peça nada a ela,
Com certeza não responderá,
Majestosa e meiga,
Não quer falar!
Numa procura
desesperada, Compreendi
que "eu",
É palavra desconhecida,
Corro nos braços do vento,
Ele me pega com alento,
Sussurra palavras,
Repletas de "motivos",
Em versos, estrofes... Ou sei lá.
Procuro a verdadeira
felicidade, Ela está lá,
Leve, solta e alegre.
Lá?
Dentro de MIM.
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15ª Antologia ACHE – Associação Chapecoense de Escritores - 2019
ORIETA SCHMIDT ESPÍNDOLA
Nasceu em Florianópolis –SC. Formada na faculdade de Enfermagem e
Educação Física com especialização em obesidade, tendo atuado nestas duas áreas do
conhecimento. Atualmente é proprietária da OSE Colchoes e Acessórios LTDA,
distribuidora da EKO’7.
Apaixonada pela escrita considera que a arte de escrever possibilita que o
mundo fantástico da imaginação, ao ser transferido para o papel, torne-se concreto e
eterno. Publicou em 2017 o livro A Estranha Casa da Tia Naná e em 2018 o livro LILI, a
Florzinha Sonhadora. Membro da ACHE - Associação Chapecoense de Escritores
participou da 14ª Antologia lançada em 2018.
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15ª Antologia ACHE – Associação Chapecoense de Escritores - 2019
EU, O VELHO SOFÁ
Orieta Espíndola
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15ª Antologia ACHE – Associação Chapecoense de Escritores - 2019
Ufa! Quando finalmente fui colocado na frente de um imenso vidro, entre
aliviado e curioso, me deleitei com o movimento que se operava no outro lado do
mesmo. Pessoas andavam em várias direções, muitas rapidamente, outras nem tanto,
mas com relativa frequência algumas paravam me contemplavam e até mesmo
apontavam em minha direção enquanto pareciam conversar a meu respeito. Por
diversas vezes sentavam em mim, um garotinho derrubou algumas gotas de sorvete no
meu tecido, logo ocultadas pela cor escura do mesmo. Algum tempo depois, um jovem
casal me levou e colocou entre os moveis da sala de sua casa. A partir daquele
momento comecei a trilhar uma longa estrada.
- Sandro, meu amor, chegaram as fotos do nosso casamento. Venha aqui no
sofá ver comigo.
- Patrícia, ficaram lindas mesmo.
Interessado nas fotos, senti certa frustação quando estes, mesmo sem terem
visto todas, passaram a se beijar e acariciar. Entre constrangido e feliz pelo amor que
pareciam sentir entre si, quis lhes alertar.
“Cuidem um do outro, é preciso irrigar para que seu jardim continue a
florescer”
- Mãe, eu sei, como você me alertou, já falei para ele, mas não tem jeito. Não
era possível! Ela já tinha se deixado contaminar e estava permitido e reforçando o
joguinho maldoso daquela madame.
“Patrícia, não permita que qualquer pessoa, mesmo que seja sua mãe, se
intrometa na sua vida a dois. Procure dar valor ao que realmente é importante. Quanto
a omissão de seu parceiro, pequenos deslizes, de ambas as partes, devem ser
renegados a insignificância que lhes é de competência. Não desgaste e não arruíne
uma relação por causa de picuinhas”.
Cultive a generosidade
Dela, todos precisamos
Seja através de uma simples mensagem
Ou por algo de maior grandiosidade
Pela primeira vez senti um descaso pelo tecido que me recobria. Tanto a
criança como o cão, agora já relativamente crescidos, pulavam e se jogavam
descuidadamente sobre mim.
“Garoto, isto é um desrespeito! Você tem idade suficiente para entender que
deve cuidar e valorizar o que seus pais adquiriram e também ensinar bons modos a seu
cão, pois este, incapaz de discernir entre o certo e errado, segue suas diretrizes”.
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15ª Antologia ACHE – Associação Chapecoense de Escritores - 2019
Foi nesta época que também começaram as discussões entre o casal, o que
me entristeceu demais.
- Patrícia, se este menino não me obedece, a culpa é sua. Você está sempre
contra mim, reclama na frente dele...
- Eu? Contra você? Por que será? Não lava a louca, não me responde quando
reclamo, não tem autoridade de pai, deixa nosso filho solto, fazendo tudo o que quer...
- Não acredito no que estou escutando! Logo você que grita demais, promete
demais, deixa o Vinícios ir a tudo o que deseja, ameaça aplicar um grande castigo, mas
logo se arrepende e volta atrás...
A criança, a um canto, observava a discussão, um misto de preocupação e
regozijo. Isto estava indo muito mal e me preocupei imensamente com o
comportamento dos três, querendo que entendessem, seguiam uma direção muito
errada. Entretanto, ainda havia tempo para reverter a situação.
“Os dois, tenham cuidado! Pais jamais devem discutir na frente do filho. Isto
lhe trará insegurança, mostrará formas incorretas de conduzir situações de conflitos,
ensinará que a agressividade traz resolutividade”.
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15ª Antologia ACHE – Associação Chapecoense de Escritores - 2019
“Ao castigar, pense bem antes de anunciar a punição. Esta deve ser adequada
a idade da criança e a infração cometida. É muito importante que ela tenha plena
consciência de que é merecedora e o porquê de o receber. Observados os requisitos
necessário a aplicação, jamais volte atrás. Restrição anunciada, é castigo a ser
cumprido”.
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15ª Antologia ACHE – Associação Chapecoense de Escritores - 2019
tivessem sido escutados, e seguidos, talvez tudo fosse diferente e agora eu ainda
poderia estar junto deles.
Estando os idosos recostados sobre meu novo pano, torci para que desta vez
tudo corresse bem. Pouco depois, escutei vozes e pelo que percebi eram os dois filhos
do casal. De imediato constatei a falta de paciência dos mesmos e o modo ríspido de se
dirigirem aos pais.
- Pai, já lhe falei várias vezes, a cuidadora vai chegar amanhã.
- Não queremos! Não gosto de estranhos morando na minha casa. - Não tem
mais idade para resolver isto. Terão uma cuidadora e pronto. Não podemos continuar a
supervisionar vocês. Nossa firma aumentou e o trabalho também. Quero passear com
minha família sem ter que me preocupar. Aquele homem parecia ter mais de 50 anos,
entretanto esquecera que brevemente estaria na mesma situação de seus pais.
Portanto, já era mais do que tempo de mudar sua forma de agir.
“Senhor, a velhice chega rapidinho, lembre-se disso! Todos os idosos,
principalmente os pais, merecem respeito. Fale com brandura e paciência. Combine
com eles formas de uma assistência maior, mesmo que através de um cuidador. Se já
não estão lúcidos, vá com calma, introduzindo aos poucos um profissional para lhes
assessorar”.
Quer filhos?
Programe
Quer que sejam bem cuidados?
Cuide
Meus donos idosos estavam sobre meu corpo e não pude livra-los de minhas
avaliações.
‘’Vocês deveriam ter se posicionado, mesmo antes de seus netos nascerem,
definido o seu papel que é o de ajudar esporadicamente e principalmente aproveitar
os momentos sagrados de convivência com os netos. Podiam até extrapolar um pouco
como, por exemplo, dar um docinho antes do almoço, mas sem exagerar. Afinal avós
podem estragar um pouquinho os netos, porém só um pouquinho”.
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15ª Antologia ACHE – Associação Chapecoense de Escritores - 2019
Enquanto o tempo passava, cuidadores foram contratados, muitos eficientes,
outros amorosos, alguns enérgicos, poucos agressivos... Diante das várias
personalidades e comportamentos, acabei estabelecendo o perfil ideal para estes
profissionais: eficiente, simpático, paciente, ter empatia, autocontrole, gostar do que
faz e principalmente ser ético e humano. Havia uma movimentação intensa a minha
volta e só depois de algum tempo, compreendi, meus donos idosos tinham morrido,
um e logo após o outro. Sentimentos confusos se apoderaram de mim. Primeiro a
saudade, pois foram oito anos, depois a expectativa do futuro que me reservava.
Apesar de já terem ido, eu queria que estivessem recostados em mim para que eu
pudesse lhes falar. “O tempo que passei ao lado de vocês me fez entender que a vida é
preciosa demais, e como tal, deve ser vivida plenamente. Somos como um cristal que a
qualquer momento pode ser destruído, por isto precisamos abençoar e viver da
melhor forma possível cada momento que a nós é concedido.”
Que lugar e este? Entendi pouco depois, fui doado para uns dos netos, André.
Dentre os dois lugares que já estivera este, indiscutivelmente, era o mais simples e
pobre. Senti-me imponente entre a pequena mesa de madeira rústica, duas cadeiras e
nada mais. Meu novo dono pouco aproveitava do conforto que eu lhe proporcionava.
Ao contrário, passava grande parte do dia fora da casa e a noite sentava-se a mesa,
tendo um computador como seu companheiro, e instrumento de trabalho. Tal
comportamento fez com que eu me sentisse enciumado e solitário. Porém, com o
tempo, tive que me conformar porque este era um procedimento recorrente. Até
então, meus atributos de conforto não tinham sido negligenciados, mas agora, era
como se não existissem.
Pouco a pouco, verifiquei que algumas aquisições foram feitas, tais como uma
grande televisão, móveis novos, entre outras coisas. Percebi que meu dono
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15ª Antologia ACHE – Associação Chapecoense de Escritores - 2019
estava progredindo, com trabalho e esforço próprio, e pela primeira vez, tive medo que
se desfizesse de mim, pois definitivamente eu o apreciava. Felizmente ele me manteve
por um bom tempo, porém em um dia frio de inverno, meu destino foi selado, fui
descartado.
Queria que aquele jovem, já não tão jovem agora, pudesse me escutar, pois
mesmo com todo o orgulho que eu sentia dele, precisava lhe alertar. “André, você é um
homem honrado e batalhador e eu o admiro por isto. Mas, tenha cuidado, a vida não
pode se resumir a trabalho. Há sempre mais a seu redor e isto deve ser considerado. O
trabalho precisa ser intercalado com momentos junto a amigos, atenção a família,
viagens, ajuda ao próximo, amores, entre várias outras atividades.”
Para crescer e progredir
É preciso trabalhar, investir e conquistar
Mas não se esqueça, para bem se sentir
Também é importante amar
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15ª Antologia ACHE – Associação Chapecoense de Escritores - 2019
A BOLA
Sergio Paulo Ribeiro
A bola...
Redonda, oval, rola!
A bola...
Quica, corre, rebola!
A bola...
Desgasta, fura,
descola! A bola...
Incomoda, atrapalha,
amola! A bola...
Alegra, entusiasma
cartola A bola...
No Brasil, Alemanha e
Angola A bola
Que tanto amo
Faz-me sentir criançola!
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15ª Antologia ACHE – Associação Chapecoense de Escritores - 2019
EU SOU PIÃO
Sergio Paulo Ribeiro
Rodo
Pra lá,
Rodo
Pra cá
Eu sou pião!
Na caixa,
Sou apenas um objeto
Nas mãos do menino,
Um brinquedo.
Eu sou pião!
Girando muito,
Longe vou
Escorrego pelo chão
Viajando nos pequenos sulcos
Sem tontear.
Eu sou pião!
Enquanto brinquedo
Sou todo sorriso
Enquanto objeto,
Tristeza!
Só o ruído do abrir da
caixa Devolve-me
A alegria de viver!
Eu sou pião!
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15ª Antologia ACHE – Associação Chapecoense de Escritores - 2019
Meu desejo é o ar
Minha vida o espaço
Meu desejo é voar!
SEMENTE
Sergio Paulo Ribeiro
Um pouco de
terra, Um pouco
de sol,
Um pouco de
chuva, Uma enxada
Uma semente!
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15ª Antologia ACHE – Associação Chapecoense de Escritores - 2019
AMORINHA
Sergio Paulo Ribeiro
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15ª Antologia ACHE – Associação Chapecoense de Escritores - 2019
YARA MARA DE CASTRO
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15ª Antologia ACHE – Associação Chapecoense de Escritores - 2019
CERQUE-SE DE BOAS ENERGIAS
Yara Mara De Castro
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15ª Antologia ACHE – Associação Chapecoense de Escritores - 2019
CULTIVE A AUTO ESTIMA
Yara Mara De Castro
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15ª Antologia ACHE – Associação Chapecoense de Escritores - 2019
FALE CONOSCO
CHAPECÓ-SC, 2019
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