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15ª Antologia ACHE – Associação Chapecoense de Escritores - 2019 1

15ª Antologia ACHE – Associação Chapecoense de Escritores - 2019

Organizador e Editor: Sergio Paulo Ribeiro


Chapecó-SC
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2019
15ª Antologia ACHE – Associação Chapecoense de Escritores - 2019

34° aniversário da ACHE

Completar 34 anos é um privilégio e a ACHE – Associação Chapecoense de


Escritores vibra neste momento, comemorando-o com liberdade, poesia e prosa! Esta
15ª antologia soa como uma obra Balzaquiana, emocionalmente amadurecida, onde as
letras podem ser utilizadas com maior plenitude, sem as preocupações neófitas que,
por vezes, acompanham nossas experiências iniciais. Cada escritor prontamente nos
brinda com um pouco de si, respeitando a diversidade e ampliando nossa visão de
mundo.
Então, ótima leitura e ótima reflelxão!

Sergio Paulo Ribeiro - Organizador


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15ª Antologia ACHE – Associação Chapecoense de Escritores - 2019

Sumário

Palavra do Organizador...............................................................................................................
03
Sumário.......................................................................................................................................04
Anacir Zanon ...............................................................................................................................
05 Anair
Weirich............................................................................................................................... 17
Anilde Tereza Wobetto ...............................................................................................................
24 Laís Modena
Ribeiro.................................................................................................................... 27 Luiz
Gheno................................................................................................................................... 34
Maria Mercedes F. Colferai.........................................................................................................40
Marlene Peter.............................................................................................................................46
Orieta Schimidt
Espíndola...........................................................................................................51 Sergio Paulo
Ribeiro....................................................................................................................63 Yara Mara
de Castro....................................................................................................................69

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15ª Antologia ACHE – Associação Chapecoense de Escritores - 2019

ANACIR ZANON
Sou pedagoga e atuo na área de licenciatura. Vivo o mundo das letras desde a
adolescência, quando comecei a escrever mensagens comemorativas em escolas e na
comunidade do campo onde residia.
Sendo filha de agricultores, vivenciei a riqueza de vida no campo, onde senti e
apreciei muitas espécies de cores e aromas ao meu redor. O verde sempre foi uma
inspiração, a terra uma ligação entre o real e o imaginário. Nessa linha imaginária do
horizonte buscava algo por meio das letras, rabiscos, pensamentos e sentimentos. Fui
buscar na cidade o que não encontrava na minha realidade.
Trabalhei e morei em grandes cidades, mas não me adaptei, pois, não tinha o
verde, não tinha inocência. Mais tarde, por ironia do destino, vim parar na Capital do
Oeste de Santa Catarina e fiz de Chapecó a construção das minhas realizações pessoais,
uma delas, pertencer a um grupo de escritores.
Aqui estou e por meio do mundo das letras contribuo com outra visão em
contraponto aos olhares diferentes dos meus. Digo: A vida é uma sucessão, uma
evolução passageira, então passe... “Plante uma árvore, tenha um filho e escreva um
livro”.

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SEU OLHAR
Anacir Zanon

Resplandece sua alma


Me traz calma,
Seu olhar constrói a lembrança
De uma criança.
Sou pequena e em teu olhar
Sou tão forte quando me vejo
Com o brilho do olhar

Seu olhar
São estrelas do universo
E até o infinito eu contesto
De onde vem tanta luminosidade Que
me leva a toda forma de insanidade?
Coração resplandece felicidade
Talvez não mereça tanto brilho
Nos meus dias, nos meus trilhos...

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15ª Antologia ACHE – Associação Chapecoense de Escritores - 2019

RELIQUIAS DE UMA
CAMPONESA Anacir Zanon

Ainda sinto o perfume da terra molhada


Que no meio da chuva admirava
E no verão meu semblante refrescava.

Olhava a chuva que tudo regava


O verde das plantas ficando mais vivo E o
vento trazendo o frescor das matas E a doce
fragrância que nas narinas passavam

Semelhante à natureza, me purificava,


Com o néctar das flores me enfeitava,
Fazia um jardim dentro de mim.

Ao redor de tanta beleza


Não havia dor e nem tristeza,
Apenas leveza na alma
No tempo em que se vivia
No meio da calmaria!

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DE OUTRAS VIDAS
Anacir Zanon

Quando eu te vi
Logo percebi,
Que o amor estava perto
Era quase certo!
Sentia a sensação
Que o amor não estava só nas canções
Eu percebi, estava ali, o amor estava ali...
Me aproximei,
Não me enganei
Eu vi um amor nascer
Me faz crescer,
Me faz tão bem,
Coisas do além,
Inexplicável, coisas de outras vidas,
perdidas... Nos encontramos e novamente...
Inexplicável,
Nossas vidas de outras vidas
Tão imutável esse amor

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15ª Antologia ACHE – Associação Chapecoense de Escritores - 2019

EM SONHO TE
ENCONTREI Anacir Zanon

Estavas á minha frente,


Conversamos longamente
E te abracei intensamente.
Em teus braços encontrei
aconchego E no meu peito você se
alojou.

Esse amor que ficou


Minhas lágrimas secou!

Perfeito nosso encontro


E não era um conto;
Era apenas a saudade
Que em sonho te buscou
E a verdade encontrou
Num amor realizado!

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15ª Antologia ACHE – Associação Chapecoense de Escritores - 2019

O TEMPO
Anacir Zanon

Há quem diga que


O tempo sempre está conjugado na escrita dos poetas.
Pois, são esses mesmos poetas, que tem seu amigo: o tempo.
O tempo viu momentos de infância de inocência e beleza, O
tempo viu o primeiro olhar mais profundo em seu olhar, Nas
entranhas do coração...
Esse mesmo tempo viu esse mesmo olhar desaparecer na multidão, E o
tempo foi levando no seu tempo, deixando suas marcas como o vento. E o
poeta, mais uma vez encontra no tempo, seu abrigo, seu amigo. O sol
presente vem nas manhãs secar um rosto do tempo, a esperança: Dias
melhores, onde esse mesmo tempo,
Levará o vendaval da vida que está no transcorrer tempo,
Fazendo parecer que a vida presente, já não é mais presente,
Porque o tempo se fez ausente!
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15ª Antologia ACHE – Associação Chapecoense de Escritores - 2019

QUANDO O SOL NASCER


Anacir Zanon

Quero estar mais perto de Deus


Quero contemplar a beleza do céu
Quero voar mais alto ao léu
Quero sentir o cheiro da natureza.

Vou respirar todas as pétalas de rosas


Que ansiosas esperam um cheiro E o
perfume que entra pelas narinas Vão
me deixar mais viçosa.

Vou abrir meus braços à felicidade Que


tanto espera os raios do sol Pra que
brilhe meu olhar na intensidade Da
minha alma que vive do sol.
Quando o sol nascer,
Quero mais uma vez cantar
E cada verso vai me alegrar
Porque um grande amor está por chegar!

Ao sol vamos passear


À natureza presenteando
O sentimento da ilusão
Quando o sol nascer!

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TRISTEZA É...
Anacir Zanon

Tristeza é como uma árvore de folhas secas


É como o vento frio nas manhãs de inverno
É o mesmo que estar no deserto,
É o mesmo que estar no inferno.

Tristeza é como não ver a luz


É como viver na escuridão,
É não perceber a natureza
É não ter nada por perto!

Tristeza é ter tudo longe,


É viver sem esperança, é quando se é esquecido
No tempo que foi ferido,
No coração a alma que se perdeu em seus sentidos.
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VENTANIA
Anacir Zanon

Quando é dia ventania


Já sei que é de agonia
Ou ele vem pra refrescar
Ou vem pra devastar.

Já não sei o que de mim o vento tem...


Se sopra em minha direção
De repente vai de contra mão
Desarrumando os cabelos
Desajeitando alma fria,
Pois é dia de ventania.
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15ª Antologia ACHE – Associação Chapecoense de Escritores - 2019

PARTIDA
Anacir Zanon

É triste sua partida


Machucastes minha vida
Que estava empobrecida
Pela ilusão do coração.

Assim como o vento se foi


Levando consigo o amor
Que tanto almejava ter
Mas que me faz padecer.

Já não tenho mais saída


Pois, fostes para sempre
Num lugar mais diferente
Onde possas repousar
Pra outras bocas beijar.

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15ª Antologia ACHE – Associação Chapecoense de Escritores - 2019

LÁGRIMAS DE CHUVA
Anacir Zanon

Deus está chorando


Lágrimas pingando
Sobre a terra!

Outra parte só tem guerra


Desabafa aqui sua tortura
Ser humano desumano
Da ganância se perdeu
Muitos se dizem Ateu
Eu pergunto: por quê ?
Tudo é cinza, a luz acabou Já
não sei mais pra onde vou,
Se me afogo nesses pingos
Ou se choro junto a Deus.

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15ª Antologia ACHE – Associação Chapecoense de Escritores - 2019

QUANDO EM SONHO
Anacir Zanon

Que quando em sonho,


Um anjo venha a me visitar!
Que algo possa me falar;
Pois nada é em vão,
Tudo é uma missão.

Mesmo em sonho
Preciso que me segure do chão,
Que me carregue nos momentos de aflição
E me livre de todas as dores
Do mundo da ilusão.

Quando em sonho esse anjo se apresentar,


Que ele saiba quem sou
Porque sei que ele existe
E de mim nunca desiste
De cuidar e livrar.

Quando em sonho,
Que esse anjo venha me olhar!

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15ª Antologia ACHE – Associação Chapecoense de Escritores - 2019
ANAIR WEIRICH
Anair Weirich é natural de Chapecó SC e vive de suas obras desde 1996,
palestrando sobre poesias em escolas e eventos e visitando livrarias e empresas.

Quem quiser conhecer mais sobre ela, é só chamar seu nome no Google,
Facebook ou Youtube, onde poderão vê-la recitar suas poesias.

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15ª Antologia ACHE – Associação Chapecoense de Escritores - 2019
DROGAS
Anair Weirich

Você está na janela do trem


Á toda velocidade,
Com o vento te jogando
Adrenalina no pensamento.
Mas sabe que lá na frente Ele
vai bater violentamente...
Você sabe essa história de cor!
De verdade...
Pula fora agora,
Que o tombo é bem menor!

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15ª Antologia ACHE – Associação Chapecoense de Escritores - 2019
MUITAS MULHERES
Anair Weirich

Sou um misto de muitas mulheres


Aquela que queres e aquela que não queres...
Sou aquela que adormecida por uma vida
Acordou de um sono profundo
Tomada de amores por seu país.
Sou aquela que vive de poesia
Para ter alegria e ser feliz!
Sou aquela que foi gata borralheira
E hoje é cinderela faceira.
Tenho meu lado doce
Como se assim o fosse!
Me confundo com as mulheres do
mundo... Tenho prazer, tenho dever e
tenho dó. Tenho tanto que fazer, mas...
Impotente constato o fato:
Sou uma mulher só!

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15ª Antologia ACHE – Associação Chapecoense de Escritores - 2019
CARNIFICINA
Anair Weirich

As palavras se indispuseram
E decidiram agredir-se.
Uma carnificina de letras
Geraram mortandade
De argumentos...
Ganhou quem menos falou
Ou demonstrou
sentimentos!

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15ª Antologia ACHE – Associação Chapecoense de Escritores - 2019

PRIMEIRO E ÚLTIMO
Anair Weirich

Colorido, bem colorido,


Foi meu primeiro
E meu último amor...
O que veio no meio
Ficou sem cor!

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15ª Antologia ACHE – Associação Chapecoense de Escritores - 2019
DISTANTES
Anair Weirich

Sol e lua...
Cada um na
sua! Alheias,
As nuvens
Pincelam o céu
Desenhando
Com maestria
Como será o
dia.

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15ª Antologia ACHE – Associação Chapecoense de Escritores - 2019

TRATO FEITO
Anair Weirich

Vamos fazer um trato? Nos


daremos só um abraço... ...
sem amasso!

Trato feito desse jeito, Mas


com abraço escondido
Para esconder também...
... a libido!

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15ª Antologia ACHE – Associação Chapecoense de Escritores - 2019

ANILDE TEREZA WOBETTO

Nasceu em Chapecó-SC, filha de um desbravador e fundador da cidade de


Quilombo-SC. Ainda jovem entrou para o magistério, fazendo cursos de
aperfeiçoamento em Xaxim-SC, tornando-se professora do ensino fundamental.

Trocou de profissão após um casamento mal sucedido, retornando a sua terra


natal. Morou em várias cidades e até em outro estado. A vida lhe ensinou outras
profissões: gerente comercial, empresaria artesã, artista plástica, criando e executando
vários projetos em defesa do Meio Ambiente em vários municípios.

Lançou o Primeiro Livro em 2015 na Bienal do Livro em Porto Alegre-RS


“Transpondo Barreiras”. No ano de 2017 Ingressou na ACHE - Associação Chapecoense
de Escritores, participando da “14ª Antologia” lançada pela ACHE em 2018.

Tem como hobby fotografar o por do sol e a natureza.


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15ª Antologia ACHE – Associação Chapecoense de Escritores - 2019

VIDA CORRIDA
Anilde T. Wobetto

"Ela já começou"

Bem antes de eu nascer

Mamãe sempre me disse

Que eu vim ao mundo

"Bem antes do tempo".

Eu não conseguia

entender Por que tanta

agitação

Não me davam muita atenção Com

medo sempre abria um bocão.

Ah! Quanta pressa eu tinha

Para o dia amanhecer

Era o primeiro dia de aula

Meus mestres conhecer!

Corro para ir ao trabalho

Corro para cumprir minhas tarefas


Para sobrar um tempinho

Para fazer um carinho

Para meu bem amado.

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15ª Antologia ACHE – Associação Chapecoense de Escritores - 2019

O tempo todo corri

Para todos os lugares

Moro acima

Moro abaixo

Até voei pelos ares.

A vida é o dia de hoje

A vida é o sopro suave!

A VIDA dura um momento

Que se desfaz como a neve.

Ah! Que Vida corrida...


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15ª Antologia ACHE – Associação Chapecoense de Escritores - 2019
LAIS MODENA RIBEIRO
Graduada em Artes Visuais e Pedagogia, Especialista em Psicopedagogia e
Docências para o Ensino Superior. É professora efetiva do Estado de Santa Catarina e
professora de Desenho e Pintura na Escola de Música Bela Bartok em Chapecó.
Natural do Paraná, residente em Chapecó desde 2012, dedica-se além das
atividades profissionais, ao desenho, pintura, leitura e escrita. É membro da ACHE –
Associação Chapecoense de Escritores, participando da 14ª Antologia.

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15ª Antologia ACHE – Associação Chapecoense de Escritores - 2019
LEMBRANÇAS DA INFÂNCIA
Lais Modena Ribeiro

Procuro os caminhos de outrora


O cheiro das geleias de amora,
Sinto a brisa revigorante
Andando por caminhos ainda verdejantes.

O sabor doce da maçã


E o brinquedo nunca esquecido,
Os cabelos rebeldes a esvoaçar
Nas brincadeiras que sempre deveriam ficar.

Da menina o pequeno abraço


E o laço que ficou para trás,
Lembranças de um mundo próximo
Dos brinquedos e afagos bons
demais.

Da infância queria o tempo


E o relógio poder regressar
E reviver os cheiros, os sabores, os amores
E mesmo algumas dores.

Na mão a textura do soldadinho


E os caminhos encantados da
floresta O vento que ainda sopra
E a saudade que já aperta.

As lembranças são doces e mansas,


Um sonho distante, um sonho real,
A mulher que hoje vive o mundo,
Do mundo a criança nunca ficou para trás.
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15ª Antologia ACHE – Associação Chapecoense de Escritores - 2019

AO TEU LADO
Lais Modena Ribeiro

O banho demorado
Foi deixado de lado,
Porque do outro lado
Havia alguém a me esperar.

Seu desejo é estar comigo,


Sentindo minhas mãos e meu coração,
E acalentado em meus braços O amor
maternal desfrutar
E confortável no colo,
Suspirar até o choro cessar.

Mas nesse sonho encantado


Nada foi deixado de lado
Porque o lado que importa
É sempre estar ao teu lado.
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15ª Antologia ACHE – Associação Chapecoense de Escritores - 2019

PROCURANDO
Lais Modena Ribeiro

De tanto cantar e contar


De sorrir e chorar
De sentir-se feliz
E por vezes se irar
De sofrer e se alegrar
De tanto ser magoada
E também magoar
De tanto estar onde não poderia estar E
viver aquilo que nunca haveria de sonhar,
Na estrada errante da vida
Muitas lições aprendi:
Que tudo que procurei
Não era o que desejado
Mas tudo que foi encontrado
É o que é amado!
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15ª Antologia ACHE – Associação Chapecoense de Escritores - 2019

QUE DOCE
LEMBRANÇA Lais Modena
Ribeiro

Naquele dia
A chuva caía mansinho
E a tarde se estendia,
Enquanto sentia
O cheirinho de bolo da mamãe,
Tomando o mate quentinho na varanda.

Lá bem longe observava


O arco que ornamentava
O céu ainda cinza
E as gotas que insistiam
Como cristais brilhavam.
Quantas cores conseguia ver!
Que milagre a resplandecer!
O arco persistente no céu
E eu feliz na varanda
Com um leve sorriso nos
lábios Feliz por ter ao meu
lado
O amor maternal,
Que completa à tarde serena
Com conversas da minha infância.

O bolo que logo chega


Faz-me lembrar da criança
Que um dia eu fui.
Que doce lembrança!
Que amor delicioso!
Que tarde colorida!
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15ª Antologia ACHE – Associação Chapecoense de Escritores - 2019

NADA PRA
SONHAR Laís Modena
Ribeiro

Há meninos em todo
lugar: Vagando pelas ruas,
Em frente às escolas,
Nos pátios das casas
E no meio das praças.

Meninos sem destino


Com sonhos perdidos,
Pra sempre esquecidos.
Meninos com olhares
tristes Que em busca de
nada
Continuam vagando
Por todo lugar.

Meninos sem colo,


Sem eira nem beira
Sem amor e sem dor.
Com os sentimentos esquecidos,
Andam como que a procurar,
Mas sem nada pra sonhar,
Nunca haverão de encontrar.

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15ª Antologia ACHE – Associação Chapecoense de Escritores - 2019

REFLEXO
Lais Modena Ribeiro

Porque procurar quando não se pode achar?


Nas ruas, nas praças, nas avenidas,
Nas escolas, edifícios, nos casebres e em todo lugar,
Procuravam sem saber o que queriam encontrar.

Na ansiedade de encontrar,
Apressados olhavam para todo lugar.
Outros lentamente caminhavam
Como se nada quisessem encontrar.
Alguns seguiam tristes
Pensando que se alegrariam ao encontrar
Outros, alegres, pareciam nem se preocupar
Nessa louca procura por nada.

Sem saber o que achar


Alguém sem pretensão conseguiu encontrar,
Quando andando sem destino,
Seu reflexo num espelho pode avistar.

Viu o seu eu e tudo que externamente poderia encontrar


E na procura de algo mais
Até sua alma começou a enxergar.
Num misto de tristeza e felicidade,
Conseguiu sentir,
Que tudo que procurava
Estava bem ali,
Dentro de si.

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15ª Antologia ACHE – Associação Chapecoense de Escritores - 2019
LUIZ GHENO
A descoberta tardia aos 68 anos para a literatura, poesia e música, não o impediu
de escrever e editar uma diversidade de livros.

O Primeiro dele, o romance Rio Caju, uma viagem no tempo, foi lançado na Bienal
de São Paulo em 2014. Na sequência Dorinha e os seus sapatos, Confissões de Heleno,
Sequestro na rua das flores, A raposa e fazendeiro, A formiga voadora e a ilha do mel,
Apólogo e Um êxodo para a paz, que representa as atribuições do ser humano na
atualidade, ás voltas com o ódio e a intolerância a diversidade. É membro da ACHE -
Associação Chapecoense de Escritores e participou da 14ª Antologia lançada em 2018.

Natural de Ipumirim-SC, antes do desmembramento de Concórdia em 1944, reside


atualmente em Seara.

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15ª Antologia ACHE – Associação Chapecoense de Escritores - 2019
DISSIMULADO
Luiz Gheno

O meu corpo e todos os meus movimentos são


dissimulados. A minha alma tem falsas janelas, embora
coloridas A minha voz aveludada pode sair das trevas
As minhas dores, as coloco em atraentes embalagens.
Posso cantar, enquanto a minha alma dilacera Te
olhar com ternura, enquanto te odeio.
O meu sorriso, pode ter múltiplas intenções
A minha pele é de lobo, embora cheire a cordeiro.
Se sou público, sou rasteiro
Muito quieto, embora arteiro.
Sou militante, mas não cultuo nada que tenha... ismo
Em um cofre forte, eu guardo o meu cinismo
Posso te abraçar, mas não de corpo inteiro
Nunca diga que me conhece e ou que sou fuleiro Eu
brinco com o tempo, apesar do seu esnobismo Mas
ele é tão dissimulado, que me leva para o abismo.

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15ª Antologia ACHE – Associação Chapecoense de Escritores - 2019
SÍNDROME
Luiz Gheno

Síndrome do trenó que passa sem dó,


Dos sonhos desfeitos com suas chagas nos peitos,
O amor que mente que me deixa demente.
Do medo de não ser feliz, uma herança maldita que vem da raiz.
Da mentira, que da verdade desvaíra,
Com seus ramos ocultos e seus males incultos.
Da guerra e seus guerreiros inocentes,
Os comandantes resguardados acovardados e indecentes. Do
amor, com ou sem pudor, que rasga no peito pelo desamor. Do
querer e não ter e, que é bom nem saber.
Das páginas amarelas que nem tiveram trela.
Do comunismo, o cinismo do elitismo, e todos os seus
abismos. Da solidão dos desvalidos, jogados e esquecidos.
Do ser feliz pelos caminhos, guiado pela luz refletida como a da Flor De lis.

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15ª Antologia ACHE – Associação Chapecoense de Escritores - 2019
SAUDADE
Luiz Gheno

Quanto tempo pode levar


Um beijo pra chegar
E quanto tempo pode
levar A saudade pra acabar

Mas estou no
caminho Ando sozinho
Me espera no ninho
Vamos beijar

Eu sigo no vento
Que me abre o
caminho Me deixa
tristeza
Que eu quero sonhar

As lembranças me
moem Me deixam caído
Estou sem saída
Eu preciso te amar.
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15ª Antologia ACHE – Associação Chapecoense de Escritores - 2019

À LUZ DAS ESTRELAS


Luiz Gheno

Eu sonho tocar sua boca


Mas não quero você de touca,
Eu quero uma troca louca,
Uma noite desvairada,
Numa entrega desregrada,
Do anoitecer, à madrugada.

Estarei feliz à luz das estrelas,


Elas brilharão no teu rosto,
Me causarão prazer, muito gosto,
Do mel da tua língua, um sabor bem
posto, Não importa se logo depois,
Ao teu querer, do teu reinado eu for deposto.

Não me deixe na angústia da


solidão, No breu terrível da
escuridão,
Serei seu fiel amado,
Do prazer que eu vou te dar,
Os teus gemidos irei escutar,
O teu corpo estremecer...
Amor... Desculpe já é dia,
Perdoe a minha fantasia.

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15ª Antologia ACHE – Associação Chapecoense de Escritores - 2019

RIO CAÇADOR
Luiz Gheno

O Rio Caçador não teve sorte: nasceu no lugar errado. No entanto viveu alguns
milhões de anos, uma vida pacata, harmoniosa, com tudo o que o cercava, tudo estava no
seu devido lugar, até a chegada dos humanos, e então, tudo mudou. Logo se viu cercado
por seres estranhos, que insistiam em mudar tudo o que estava perfeito. Odiavam as
árvores, pareciam ávidos em retirar das suas águas tudo o que se movesse, então ele viu
os seus amigos e coloridos nadadores desaparecerem. As suas águas se modificaram. Eles,
os humanos, ergueram paredões ao seu redor, parecendo caixas enormes, dessas caixas
iniciou a sair um liquido de cor estranha, não era água, mas logo notou que os seus
hospedeiros a evitavam.
Construíram uma muralha, justamente no seu leito, essa contensão de detritos
no seu organismo, o deixa doente, mas, ele não consegue evitar, assim, ao invés de ser um
transportador de resíduos normais que a natureza produz, ele se tornou um acumulador
de sobras. O Rio Caçador, não tem uma função digestiva, assim, periodicamente sofre uma
cirurgia incisivamente dolorosa, para a retirada da massa em decomposição, que está no
seu ventre. Esse procedimento provoca nele infecções generalizadas, causadas pelos
microrganismos que proliferam, se multiplicam, em função da muralha. Como não existe
uma possibilidade de medicação, ele acaba sofrendo uma espécie de golpe nas suas
entranhas e, toda a sua estrutura é penalizada, toda a existência de vida rica no seu leito
fica comprometida; sofre.
Mas ele continua persistente, afinal, comparando o seu tempo de vida no
pequeno vale, ele teve mais paz, tranquilidade do que dissabores, ele acredita que a
maldição que o acomete nestes tempos, deve ser passageira. Ele espera que, da forma que
chegaram, os humanos também devem partir, e, ele o Rio Caçador deverá voltar a ter a
monotonia, a paz, durante o dia, curtindo a luz do sol, o verde das árvores fartamente
vestidas com suas folhas e flores perfumadas, saudando-o todas as manhãs. Os peixes e
moluscos de tão variadas espécies, que, com muita melancolia recorda, como aos poucos
foram embora do seu leito, haverão de retornar. À noite haverá de ouvir novamente a
sinfonia das suas cachoeiras, como era antes dos humanos chegarem. Assim o Rio espera
que através do tempo infinito, possa esquecer a tragédia que o acomete agora, com a paz
voltando, espera esquecer que um dia teve o nome de caçador.
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15ª Antologia ACHE – Associação Chapecoense de Escritores - 2019
MARIA MERCEDES F. COLFERAI
Nasceu em 15 de agosto de 1948 no interior do Rio Grande do Sul. Sendo filha
de agricultores, viveu grande parte da sua vida em contato com as coisas do campo. Em
sua vida profissional atuou em várias atividades, entre elas a indústria, sem jamais
perder o gosto de escrever.
Tem vários livros publicados, entre eles: O Segredo do Universo e Sabedoria das
Formigas. É membro da ACHE – Associação Chapecoense de Escritores.

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15ª Antologia ACHE – Associação Chapecoense de Escritores - 2019
MATEMÁTICA DO AMOR
Maria Mercedes

Ouço uma voz que canta


Palavras bonitas fazem os olhos brilharem
E o coração sorrindo nas traz felicidade.
Cavalguei pelas alturas
Troteando em noites escuras
Guiada por raios do arco-íris
Somente as estrelas me alegravam
Eu galopei rumo à felicidade
Mais não a encontrei.
Quase sem forças
Uma voz ouvi que dizia:
Faça as contas!
Esta é uma matemática simples fácil de resolver
O ser humano tudo complica.
Em silencio fiquei sem resposta,
Mas queria aprender essa matéria tão complicada.
A matemática do amor é simples,
Vamos lá fazer essa soma:
O amor menos o orgulho
A paz menos o egoísmo,
A compreensão mais a tolerância.
A paciência mais a vida longa...
Fechou o pacote!

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15ª Antologia ACHE – Associação Chapecoense de Escritores - 2019
BOM DIA COM ASAS
Maria Mercedes

Bom dia todo dia.


Hoje resolvi aventurar o meu bom dia!
Asas nele coloquei e fiz..voar.
Cabeça baixa, as asas começaram a bater.
Assim falei - Você vai de porta em porta
Cumprimentar com um lindo bom dia,
Vê se tem alguém feliz!
Assim foi à porta da igreja.
Nem um bom dia, todos de cabeça baixa.. muito triste saiu.
Foi à praça, todos passavam infelizes
Aí, já cansado resolveu perguntar - Ei você é feliz?
- Isso é uma piada, respondeu, falta-me tudo!
O bom dia continuou: acho que você tá errado
Você tem casa? - Sim
Você tem família? - Sim.
Você tem saúde? - Mais ou menos.
Sinto muito! Você tem tudo mas não vê. - Um bom dia pra você.
O bom dia volta para casa cansado e triste, cabeça baixa dizendo:
O mundo está perdido, não encontrei ninguém feliz .
Então descansa disse ao meu bom dia, amanhã cedo você vai à
floresta. Assim, ao chegar à floresta,
O bom dia viu muitas abelhas cantando felizes e alegres, pensou:
Olha que legal! Feliz bom dia, e seguiu seu destino.
Foi aí que viu um leão sorrindo e pergunta-lhe: Bom dia senhor, você é feliz?
- Sim sou muito feliz, tenho tudo que preciso, não me falta nada. Só temo
que um dia o nosso amigo homem acabe com nossa alegria. Isto sim será
tristeza de verdade!

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15ª Antologia ACHE – Associação Chapecoense de Escritores - 2019
CORAÇÃO SEM CHAVE
Maria Mercedes

Coração flutuante misterioso


Livre e sonhador sem ódio nem rancor.
Este coração tem asas
Como um beija-flor..
Nunca se fecha para o amor
Somente para o ódio e rancor.
Coração livre
Sempre bate as asas a procurar do amor
Não importa onde for.
Nunca devemos dizer
Meu coração está fechado.
Se já pronunciou esta frase,
Clame e peça perdão
Assim você terá um coração aberto para colher
Compartilhando a simpatia e amor com todos!

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15ª Antologia ACHE – Associação Chapecoense de Escritores - 2019
OLHO MÁGICO
Maria Mercedes

Olho inteligente.
Quem é esse olho?
Onde está?
Sim, ele se esconde nos corredores
Em qualquer lugar está listado
Tirando nossa privacidade.
Olho Mágico
Não sabemos do que é capaz
Mais todos o temem.
Este mundo moderno nos traz muitas surpresas e dúvidas,
Estamos rodeados de fantasias criadas.
Estes olhos são criados pelo homem,
Que também os teme.
São criaturas manipuladas e poderosas
Registrando tudo a sua volta, nossos erros.
Tudo isso sem falar, ferindo em silêncio
Como feras terríveis, fazem suas vítimas sem dó
São cobras sem cabeça e sem cauda,
São pequenos mais perigosos.
A tecnologia do mundo moderno é essa:
Olhos mágicos escondidos por todos os lados.

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15ª Antologia ACHE – Associação Chapecoense de Escritores - 2019
PAIXÃO INSEPARÁVEL
Maria Mercedes

Feijão e arroz
Amor preto e branco
Admirados e apreciados por muitos.
Dois personagens estimados pela humanidade e
simplicidade, Sua graça e simpatia.
Está em todas às mesas, não importa o lugar.
Sua origem vem da terra.
Seu sabor da panela de barro .
Pendurado em corrente num fogo de chão
Rodeados de lindas meninas
Com tranças feitas de pé descalço.
Porém neste mundo moderno
Teve a honra de ser carregado por homens de finas vestes
Servido em finas tigelas
Talvez de ouro ou prata
Dependendo do trono que vai servir.
Teve a honra dos tronos mais altos
Subiu, sentiu-se orgulhoso
Perdeu seu valor
Sua simplicidade não existe mais
Até sua origem ele esqueceu!

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15ª Antologia ACHE – Associação Chapecoense de Escritores - 2019

MARLENE PETER
Comentar dessa vida, é demais! Perfeito encanto... Dizer que tudo é perfeito, é
“ocultar verdades” como o eclipse que vem e vai. Quem deseja ver o arco íris, precisa
gostar da chuva!
Ah! O sol? Ele vai raiar. Assim é a nossa vida! Difícil com certeza, mas linda e pra
lá de verdadeira.
Marlene Peter nascida em Erechim é chapecoense de coração com muito
orgulho. Na ACHE – Associação Chapecoense de Escritores desde 1996 responde hoje
como Vice-presidente e participa de todos os projetos realizados pela associação. Com
curso superior em letras e Especialização em Língua Portuguesa, atual como professora
e gestora em escolas.

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15ª Antologia ACHE – Associação Chapecoense de Escritores - 2019

NOITE
Marlene Peter

No silêncio da noite,
Conversei com as estrelas.
Pedi a elas por que a humanidade é tão cruel?
Elas responderam:
Porque as pessoas não fazem a sua parte.
Perguntei: Por que fico triste, com uma dor que rasga meu peito?
Responderam: Porque és humilde,
Tem amor e compaixão...
Também perguntei por que em alguns momentos sou feliz?
Responderam: Porque na maioria das vezes vive dignamente,
Como uma criança inocente.
Então ainda perguntei: Por que de alguns mistérios da
vida? Responderam: Viva tudo que podes,
Da forma mais intensa,
Terás a resposta uma a uma!
Calei me por instantes,
Vi a lua cheia, linda...
Entendi que o universo,
Estava simetricamente completo, perfeito.
E o que eu fiz?
Lembrei-me da gratidão a Deus e a ela.
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15ª Antologia ACHE – Associação Chapecoense de Escritores - 2019

CAMINHO DO ACASO
Marlene Peter

Caminho do Acaso
No campo longínquo da vida
Trago meias palavras e desalentos
De um fino tempo.
Não ando no descampado
No tempo brado, hoje largado
O bem maior, o tempo.
Não meço esse tempo nem rego a flor
O perfume se perdeu entre os ventos.
Intrigas de pensamentos
Foi ao longe carregado
Pelo enigma desaprovado,
Nada sabes contar.
A triste andorinha paira pelo ar
Quer contar ao dono do mundo
Os caminhos do acaso.
És o gigante fugaz que traz dores e lamentos
Tu só não vês tamanho sofrimento.
Planeja nas partituras de uma letra musical. Um
longínquo dom balança as minúsculas folhas
Embrenhadas no coração.
Desperta no vasto campo...
Ruge o bravo leão
Que estava adormecido no peito
No correr do suave riacho
Que sacoleja a alma.
Tudo volta no caminho do acaso.
Ele é o átrio
O começo e o fim.

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15ª Antologia ACHE – Associação Chapecoense de Escritores - 2019

ARROGÂNCIA
Marlene Peter

O arrogante é insensível,
Ele se acha,
Não faz diferença,
Tem o arrogante rico e o pobre!
Arrogante é arrogante... O
arrogante é vazio,
Eu diria que é um réprobo!
Sem nada,
"Uma alma penada".
Completamente algoz,
Cheio de rancor,
Amargurado no tempo,
Acha que está abafando!
Nada...
Vive na sombra do vazio,
É a sombra da sua alma.
O nada...
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15ª Antologia ACHE – Associação Chapecoense de Escritores - 2019

NOS BRAÇOS DO VENTO


Marlene Peter

Felicidade
Vai sem tempo,
A magia do luar,
Não peça nada a ela,
Com certeza não responderá,
Majestosa e meiga,
Não quer falar!

Quero brincar de "fantasia"


No jogo, quero os
prêmios... Só sai para os
gênios.
Na ouvidoria:
Ouço, brigo com o
silêncio! Sei que vou
ganhar.

Numa procura
desesperada, Compreendi
que "eu",
É palavra desconhecida,
Corro nos braços do vento,
Ele me pega com alento,
Sussurra palavras,
Repletas de "motivos",
Em versos, estrofes... Ou sei lá.
Procuro a verdadeira
felicidade, Ela está lá,
Leve, solta e alegre.

Lá?
Dentro de MIM.

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15ª Antologia ACHE – Associação Chapecoense de Escritores - 2019
ORIETA SCHMIDT ESPÍNDOLA
Nasceu em Florianópolis –SC. Formada na faculdade de Enfermagem e
Educação Física com especialização em obesidade, tendo atuado nestas duas áreas do
conhecimento. Atualmente é proprietária da OSE Colchoes e Acessórios LTDA,
distribuidora da EKO’7.
Apaixonada pela escrita considera que a arte de escrever possibilita que o
mundo fantástico da imaginação, ao ser transferido para o papel, torne-se concreto e
eterno. Publicou em 2017 o livro A Estranha Casa da Tia Naná e em 2018 o livro LILI, a
Florzinha Sonhadora. Membro da ACHE - Associação Chapecoense de Escritores
participou da 14ª Antologia lançada em 2018.

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15ª Antologia ACHE – Associação Chapecoense de Escritores - 2019
EU, O VELHO SOFÁ
Orieta Espíndola

O cheiro estava insuportável e moscas teimavam em pintar meu corpo com


potinhos pretos. Senti a umidade impregnar e percebi que estava ensopado, mesmo
verificando que um tímido sol teimava em me acalentar com seu calor. O glamour de
outrora parecia definitivamente distante, tão longe que se transformara em uma
simples recordação. Que interpretação daria agora da situação? Eu que sempre tivera o
hábito de avaliar, estudar comportamentos, buscar soluções...

A vida sempre pode mudar


Seja para melhor
Ou para pior
O importante é investir para acrescentar

Quanto tempo fazia? Realmente, já não sabia. Entretanto, as imagens e


acontecimentos estavam bastante vívidos, como se ainda fossem recentes. Um
barulho intenso, como um martelar, foi o primeiro som que escutei. Haviam vozes
também e alguém acariciava o meu braço.
- Nossa! Ficou bem lindo. Este veludo florido com o fundo em bordô deu um
toque aristocrático ao sofá. Os pés, desta madeira natural, deixaram-no perfeito. Então
era isto! Descobri orgulhoso, que eu nascera um sofá lindo. Mas, porque me senti
assim? Se eu nada tinha feito para isto. Na verdade, este orgulho era justo aos que me
construíram, por disponibilizarem seu tempo e esforço para que eu estivesse ali. No
entanto, não tive tempo para continuar com as conjecturas, pois já estava sento
erguido por vários braços, e na sequência, um forte chacoalhar me fez perceber que
era transportado.
Que futuro terei?
Espero que seja bom
Não sei.
Que seja como um dom

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15ª Antologia ACHE – Associação Chapecoense de Escritores - 2019
Ufa! Quando finalmente fui colocado na frente de um imenso vidro, entre
aliviado e curioso, me deleitei com o movimento que se operava no outro lado do
mesmo. Pessoas andavam em várias direções, muitas rapidamente, outras nem tanto,
mas com relativa frequência algumas paravam me contemplavam e até mesmo
apontavam em minha direção enquanto pareciam conversar a meu respeito. Por
diversas vezes sentavam em mim, um garotinho derrubou algumas gotas de sorvete no
meu tecido, logo ocultadas pela cor escura do mesmo. Algum tempo depois, um jovem
casal me levou e colocou entre os moveis da sala de sua casa. A partir daquele
momento comecei a trilhar uma longa estrada.
- Sandro, meu amor, chegaram as fotos do nosso casamento. Venha aqui no
sofá ver comigo.
- Patrícia, ficaram lindas mesmo.
Interessado nas fotos, senti certa frustação quando estes, mesmo sem terem
visto todas, passaram a se beijar e acariciar. Entre constrangido e feliz pelo amor que
pareciam sentir entre si, quis lhes alertar.
“Cuidem um do outro, é preciso irrigar para que seu jardim continue a
florescer”

Trate bem do seu amor


Regue para que não morra
Assim como uma flor
Pode perecer se você não o cuida.

Eram dias alegres, repletos de risadas, afagos, palavras carinhosas, corpos


jogados distraidamente sobre minhas almofadas e por isto mesmo, acostumado com a
harmonia reinante, me assustei quando vi aquela senhora criticar com veemência o
meu dono.
- Filha, você tem que ser mais enérgica. Acabei de vê-lo olhar para a pia e não
se dignar a lavar a louca que estava ali.
- Sandro não gosta de lavar a louca, mas faz as outras tarefas da casa. -
Mora aqui, não mora? Não tem que escolher serviço.
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15ª Antologia ACHE – Associação Chapecoense de Escritores - 2019
Indignei-me de imediato. Como se atrevia aquela mulher a tentar
desestabilizar o lar de sua própria filha? Tive vontade de gritar.
“Senhora, não interfira no que não lhe diz respeito, principalmente para
prejudicar e jogar sua filha contra seu genro”. Pais devem ter uma atitude bem definida
que é o de procurar incentivar a boa convivência de sua descendência.

Filhos não constituem cópias dos pais


Como criaturas únicas que são
Devem ser respeitados como tais
Quanto a isto, é preciso ter compreensão

- Mãe, eu sei, como você me alertou, já falei para ele, mas não tem jeito. Não
era possível! Ela já tinha se deixado contaminar e estava permitido e reforçando o
joguinho maldoso daquela madame.
“Patrícia, não permita que qualquer pessoa, mesmo que seja sua mãe, se
intrometa na sua vida a dois. Procure dar valor ao que realmente é importante. Quanto
a omissão de seu parceiro, pequenos deslizes, de ambas as partes, devem ser
renegados a insignificância que lhes é de competência. Não desgaste e não arruíne
uma relação por causa de picuinhas”.

Cultive a generosidade
Dela, todos precisamos
Seja através de uma simples mensagem
Ou por algo de maior grandiosidade

A barriga dela estava enorme e havia um novo membro na família, Teco, um


pequeno cão vira-lata que corria pela casa. Eram tempos de alegria, uma felicidade
diferente daquela existente quando cheguei, mas algo com mais responsabilidade,
sonhos e esperança. Pouco tempo depois, ao depositarem sobre mim aquela
criaturinha, Vinícios, me surpreendi com sentimento de amor que instantaneamente
brotou em mim. Como gostaria que o pequenino conseguisse me compreender para
que eu pudesse lhe encaminhar para a vida que se iniciava.
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15ª Antologia ACHE – Associação Chapecoense de Escritores - 2019
“Amada criança, você começa agora uma jornada e grande parte desta é de
sua total responsabilidade. Portanto, construa um futuro bom e justo através das
atitudes, ética, empatia, iniciativas, trabalho e dedicação”

Quando você ainda está em formação


A vida oferecerá muitas opções
Várias encruzilhas surgirão
Então, cuidado com as suas decisões

Observei o casal, olhos fixos no recém-chegado, desejando que estes


tivessem sabedoria para educar, incentivar e direcionar seu filho para uma vida plena,
digna e feliz.
“Queridos pais, mimem seu filho, proteja e ame, mas ao mesmo tempo tenha
discernimento quanto as concessões demasiadas e mantenha a sua autoridade para
poder conduzi-lo por caminhos adequados”.
Filho, ao nascer, é uma caixinha de surpresa
Que será aberta bem mais tarde
Por isto, tenha a sutileza
De contribuir para que seja alguém especial de verdade.

Pela primeira vez senti um descaso pelo tecido que me recobria. Tanto a
criança como o cão, agora já relativamente crescidos, pulavam e se jogavam
descuidadamente sobre mim.
“Garoto, isto é um desrespeito! Você tem idade suficiente para entender que
deve cuidar e valorizar o que seus pais adquiriram e também ensinar bons modos a seu
cão, pois este, incapaz de discernir entre o certo e errado, segue suas diretrizes”.

Uma boa atitude a seguir


É cuidar bem do que não contribuiu
Se quer respeito pelo que conseguir
Comece sempre pelo que o outro construiu

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15ª Antologia ACHE – Associação Chapecoense de Escritores - 2019
Foi nesta época que também começaram as discussões entre o casal, o que
me entristeceu demais.
- Patrícia, se este menino não me obedece, a culpa é sua. Você está sempre
contra mim, reclama na frente dele...
- Eu? Contra você? Por que será? Não lava a louca, não me responde quando
reclamo, não tem autoridade de pai, deixa nosso filho solto, fazendo tudo o que quer...
- Não acredito no que estou escutando! Logo você que grita demais, promete
demais, deixa o Vinícios ir a tudo o que deseja, ameaça aplicar um grande castigo, mas
logo se arrepende e volta atrás...
A criança, a um canto, observava a discussão, um misto de preocupação e
regozijo. Isto estava indo muito mal e me preocupei imensamente com o
comportamento dos três, querendo que entendessem, seguiam uma direção muito
errada. Entretanto, ainda havia tempo para reverter a situação.
“Os dois, tenham cuidado! Pais jamais devem discutir na frente do filho. Isto
lhe trará insegurança, mostrará formas incorretas de conduzir situações de conflitos,
ensinará que a agressividade traz resolutividade”.

Uma criança é um livro em branco


Que precisa ser bem escrito
Do exemplo, forma o parágrafo
Do punho, traça o conteúdo

“A educação de uma criança deve ser conduzida de forma harmônica a dois,


buscando consenso, concessões, decisões acertadas nas diversas situações”.

Educar, além de um a ato de amor


Deve ter intervenções decididas a dois
Para que não haja dor
Se pai e mãe deixarem para o depois

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15ª Antologia ACHE – Associação Chapecoense de Escritores - 2019
“Ao castigar, pense bem antes de anunciar a punição. Esta deve ser adequada
a idade da criança e a infração cometida. É muito importante que ela tenha plena
consciência de que é merecedora e o porquê de o receber. Observados os requisitos
necessário a aplicação, jamais volte atrás. Restrição anunciada, é castigo a ser
cumprido”.

Castigar, não é um ato perfeito


Ensinar, sim, deve ser um dever
Oriente seu filho
Na direção do apreender

Jovens se refestelavam em minhas almofadas, solas de sapatos sujando o


encosto e braços, e alguns furos provocados anteriormente por cigarros, dentre outros
objetos, deixavam meu enchimento a mostra, eu estava em pura decadência. Teco veio
correndo, as patas repletas da lama do quintal molhado pela chuva que a uma semana
teimava em cair, e pulou em cima de mim. Tentou lamber a mão de Vinício mas este,
visivelmente drogado, o repeliu rudemente.
Sem compreender a forma como tudo mudara, lembrei-me dos tempos
felizes. Como puderam destruir o que tiveram e isto apenas em decorrência de atitudes
inadequadas? Eu, transformado no reflexo dos erros da família, queria gritar e lhes
dizer que finalmente conseguiram.
Minha nossa! O que está acontecendo? Meu tecido bordô, já tão destruído
pelos maus tratos, estava sendo trocado por outro de cor marrom. Achei sóbrio
demais, sinceramente preferia outra cor. Pouco depois, conduzido a um novo lar,
estranhei tudo: móveis austeros, fotos antigas nas paredes, mesinhas redondas
repletas de bibelôs, e em especial, o aspecto de meus novos proprietários, um casal de
idosos com dificuldade de locomoção, rostos demasiadamente enrugados, falas
desconexas.
Senti saudades e pena da minha antiga família e revi os últimos
acontecimentos. O casal se separando, o cachorro doado para parentes e o jovem
internado em uma clínica de recuperação para drogados. Se os meus conselhos

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15ª Antologia ACHE – Associação Chapecoense de Escritores - 2019
tivessem sido escutados, e seguidos, talvez tudo fosse diferente e agora eu ainda
poderia estar junto deles.
Estando os idosos recostados sobre meu novo pano, torci para que desta vez
tudo corresse bem. Pouco depois, escutei vozes e pelo que percebi eram os dois filhos
do casal. De imediato constatei a falta de paciência dos mesmos e o modo ríspido de se
dirigirem aos pais.
- Pai, já lhe falei várias vezes, a cuidadora vai chegar amanhã.
- Não queremos! Não gosto de estranhos morando na minha casa. - Não tem
mais idade para resolver isto. Terão uma cuidadora e pronto. Não podemos continuar a
supervisionar vocês. Nossa firma aumentou e o trabalho também. Quero passear com
minha família sem ter que me preocupar. Aquele homem parecia ter mais de 50 anos,
entretanto esquecera que brevemente estaria na mesma situação de seus pais.
Portanto, já era mais do que tempo de mudar sua forma de agir.
“Senhor, a velhice chega rapidinho, lembre-se disso! Todos os idosos,
principalmente os pais, merecem respeito. Fale com brandura e paciência. Combine
com eles formas de uma assistência maior, mesmo que através de um cuidador. Se já
não estão lúcidos, vá com calma, introduzindo aos poucos um profissional para lhes
assessorar”.

Há um tempo para cada etapa da vida


A criança, as alegrias da infância
Ao jovem, as conquistas do dia a dia
Ao idoso, a sabedoria da vivência

Minhas observações foram interrompidas pelas solicitações do outro filho. -


Mãe, vou pegar novamente o seu cartão de crédito. Ainda preciso pagar as minha
contas. Aquelas que você já sabe.
- Mas filho, semana passada já fomos ao banco tirar dinheiro da minha
aplicação para você comprar o celular. E no início do mês, ajudamos na viagem que
você sonhava em fazer.
- Sei mãe, mas...
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15ª Antologia ACHE – Associação Chapecoense de Escritores - 2019
Aquilo me enojou! Ele estava explorando os pais idosos. Isto seria uma pratica
comum de filhos? Eu realmente esperava que não! Tirar o direito a alguém, já muitas
vezes no fim da vida, de usufruir dos frutos de seu trabalho é um comportamento
egoísta demais.
“O que você está fazendo? Usurpando de seus pais ao invés de trabalhar para
suas aquisições e viver dentro de seus padrões financeiros, e de conquistas.”

Filhos devem agradecer a seus pais


Pôr o que fizeram quando eram crianças
E pelo zelo, quando adultos
Sem querer nada mais.

“Vocês, pais, não alimentem a irresponsabilidade de seu filho adulto.


Bancando-o, por insegurança, medo de perder o seu afeto, querer ajudar ou outro
motivo qualquer, não estarão auxiliando e sim prejudicando ao dispensa-lo de
conquistar seus ganhos com o próprio esforço, bem como viver dentro de seu padrão
financeiro.”
Se você quer crescer
Aprenda a empreender
Um homem só tem valor
Por aquilo que conquistou

- As crianças não vieram?


- Pai, eles são adultos, não crianças, tem muitas atividades, pouco tempo. -
Sentimos falta de nossos netos. Foram tantos anos cuidado deles para vocês
trabalharem! Lembra-se das viagens que queríamos fazer?
- Não acredito! Vocês estão me cobrando? Vocês...
Quem não acreditava era eu. Ele teve filhos e os empurrou para os avós,
esquecendo que o tempo destes era limitado, que já tinham feito a sua parte criando
os seus próprios.
“Preste atenção! Filhos são um presente, mas são seus e não de outros. Quer
ter? Planeje, repense, porque esta aquisição tem ônus e bônus e estes devem ser
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15ª Antologia ACHE – Associação Chapecoense de Escritores - 2019
seus. Bônus no que se refere a toda a felicidade que um filho pode lhe proporcionar e
ônus com relação a despesas, preocupações, comprometimento, acompanhamento,
educação, trabalho e até mesmo decepções. Avós já cumpriram sua missão de pais.
Não lhe dê a incumbência, pesada demais, de criar aqueles ao qual não geraram.
Permita que sejam o que realmente são: Avós. Eles tem um papel muito importante
que é o amor aos netos, a presença para ajudar quando seu filho está doente e não
pode ir para a escola, ou quando você quer fazer um passeio, ir a um teatro, mas o dia
a dia é de responsabilidade de quem gerou e de ninguém mais.”

Quer filhos?
Programe
Quer que sejam bem cuidados?
Cuide

Quer criar bem um filho?


Planeje quando o terá
Quer os frutos do investimento?
Saiba educar ou se arrependerá

Meus donos idosos estavam sobre meu corpo e não pude livra-los de minhas
avaliações.
‘’Vocês deveriam ter se posicionado, mesmo antes de seus netos nascerem,
definido o seu papel que é o de ajudar esporadicamente e principalmente aproveitar
os momentos sagrados de convivência com os netos. Podiam até extrapolar um pouco
como, por exemplo, dar um docinho antes do almoço, mas sem exagerar. Afinal avós
podem estragar um pouquinho os netos, porém só um pouquinho”.

Avós precisam se impor


Ajudar, sem se deixar explorar
Saber que a nem tudo podem se dispor
Pois pouco tempo tem para aproveitar

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15ª Antologia ACHE – Associação Chapecoense de Escritores - 2019
Enquanto o tempo passava, cuidadores foram contratados, muitos eficientes,
outros amorosos, alguns enérgicos, poucos agressivos... Diante das várias
personalidades e comportamentos, acabei estabelecendo o perfil ideal para estes
profissionais: eficiente, simpático, paciente, ter empatia, autocontrole, gostar do que
faz e principalmente ser ético e humano. Havia uma movimentação intensa a minha
volta e só depois de algum tempo, compreendi, meus donos idosos tinham morrido,
um e logo após o outro. Sentimentos confusos se apoderaram de mim. Primeiro a
saudade, pois foram oito anos, depois a expectativa do futuro que me reservava.
Apesar de já terem ido, eu queria que estivessem recostados em mim para que eu
pudesse lhes falar. “O tempo que passei ao lado de vocês me fez entender que a vida é
preciosa demais, e como tal, deve ser vivida plenamente. Somos como um cristal que a
qualquer momento pode ser destruído, por isto precisamos abençoar e viver da
melhor forma possível cada momento que a nós é concedido.”

Aproveite o tempo de agora


Fazendo o que há de melhor
Saiba que cada minuto jamais voltará
Então, olhe ao seu redor.

Que lugar e este? Entendi pouco depois, fui doado para uns dos netos, André.
Dentre os dois lugares que já estivera este, indiscutivelmente, era o mais simples e
pobre. Senti-me imponente entre a pequena mesa de madeira rústica, duas cadeiras e
nada mais. Meu novo dono pouco aproveitava do conforto que eu lhe proporcionava.
Ao contrário, passava grande parte do dia fora da casa e a noite sentava-se a mesa,
tendo um computador como seu companheiro, e instrumento de trabalho. Tal
comportamento fez com que eu me sentisse enciumado e solitário. Porém, com o
tempo, tive que me conformar porque este era um procedimento recorrente. Até
então, meus atributos de conforto não tinham sido negligenciados, mas agora, era
como se não existissem.
Pouco a pouco, verifiquei que algumas aquisições foram feitas, tais como uma
grande televisão, móveis novos, entre outras coisas. Percebi que meu dono
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15ª Antologia ACHE – Associação Chapecoense de Escritores - 2019
estava progredindo, com trabalho e esforço próprio, e pela primeira vez, tive medo que
se desfizesse de mim, pois definitivamente eu o apreciava. Felizmente ele me manteve
por um bom tempo, porém em um dia frio de inverno, meu destino foi selado, fui
descartado.
Queria que aquele jovem, já não tão jovem agora, pudesse me escutar, pois
mesmo com todo o orgulho que eu sentia dele, precisava lhe alertar. “André, você é um
homem honrado e batalhador e eu o admiro por isto. Mas, tenha cuidado, a vida não
pode se resumir a trabalho. Há sempre mais a seu redor e isto deve ser considerado. O
trabalho precisa ser intercalado com momentos junto a amigos, atenção a família,
viagens, ajuda ao próximo, amores, entre várias outras atividades.”
Para crescer e progredir
É preciso trabalhar, investir e conquistar
Mas não se esqueça, para bem se sentir
Também é importante amar

Eu me encontro em um lixão. Pensei que minha história acabava aqui, mas


não, estou sendo resgatado novamente...

A minha, a de você a de outrem


Há muitas verdades a seguir
Portanto, reflita sempre muito bem
Antes de a sua exigir.

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15ª Antologia ACHE – Associação Chapecoense de Escritores - 2019

SERGIO PAULO RIBEIRO


Bacharel em Teologia e Música Sacra, Licenciado em Pedagogia, Licenciando
em Artes Visuais e Pós Graduado em Música e Docência do Ensino Superior. É fundador
da Escola de Música Bela Bartok, membro da ACHE – Associação de Escritores
Chapecoenses e integrante do Setor de Artes Visuais da Secretaria de Cultura do
Município de Chapecó.
Produtor de material didático na área de Música e Teologia. Começou a
escrever poesias e contos, desafiado pelas ações da ACHE em sua 13ª Semana do
Escritor Chapecoense, participando da 14ª Antologia lançada em 2018.
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15ª Antologia ACHE – Associação Chapecoense de Escritores - 2019

A BOLA
Sergio Paulo Ribeiro

A bola...
Redonda, oval, rola!
A bola...
Quica, corre, rebola!
A bola...
Desgasta, fura,
descola! A bola...
Incomoda, atrapalha,
amola! A bola...
Alegra, entusiasma
cartola A bola...
No Brasil, Alemanha e
Angola A bola
Que tanto amo
Faz-me sentir criançola!
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15ª Antologia ACHE – Associação Chapecoense de Escritores - 2019

EU SOU PIÃO
Sergio Paulo Ribeiro

Rodo
Pra lá,
Rodo
Pra cá
Eu sou pião!

Na caixa,
Sou apenas um objeto
Nas mãos do menino,
Um brinquedo.
Eu sou pião!

Girando muito,
Longe vou
Escorrego pelo chão
Viajando nos pequenos sulcos
Sem tontear.
Eu sou pião!

Enquanto brinquedo
Sou todo sorriso
Enquanto objeto,
Tristeza!

Só o ruído do abrir da
caixa Devolve-me
A alegria de viver!
Eu sou pião!

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15ª Antologia ACHE – Associação Chapecoense de Escritores - 2019

SER PEIXE E SER PÁSSARO


Sergio Paulo Ribeiro

Minha casa é o mar


Minha sina é a água
Meu destino é nadar

Meu desejo é o ar
Minha vida o espaço
Meu desejo é voar!

Meu anseio é batalha


Minha essência carência:
De ser o que não sou!
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15ª Antologia ACHE – Associação Chapecoense de Escritores - 2019

SEMENTE
Sergio Paulo Ribeiro

Um pouco de
terra, Um pouco
de sol,
Um pouco de
chuva, Uma enxada
Uma semente!

Terra que acolhe


Sol que aquece
Chuva que cai
Enxada que cava
Semente que brota!

Terra que nutre


Sol que energiza
Chuva que rega
Enxada que corta
Semente que cresce!

Terra que alimenta


Sol que dá vida
Chuva que limpa
Enxada que carpe
Semente vira árvore!

O que o homem plantar,


Isto também ceifará!

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15ª Antologia ACHE – Associação Chapecoense de Escritores - 2019

AMORINHA
Sergio Paulo Ribeiro

Amorinha é tão doce, tão doce


Que não desejo outros sabores!

Amorinha é tão meiga, tão meiga


Que não almejo outros carinhos!

Amorinha é tão linda, tão linda


Que não procuro outras belezas!

Amorinha é tão pura, tão pura


Que não arrisco outras misturas!

Amorinha é tão minha, tão minha


Que não sinto falta de nada!

Amorinha é tão única, tão única


Que, quando distante, dela já sinto falta!

Amorinha: doce, meiga, linda, pura, minha, única:


Você deixa minha vida mais colorida!

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15ª Antologia ACHE – Associação Chapecoense de Escritores - 2019
YARA MARA DE CASTRO

Carioca, formada em Direito, pela UERJ, é concursada do Tribunal de Justiça do


Estado do Rio de Janeiro, onde fez carreira como funcionária de nível superior e depois
se aposentou.
Escritora, é de sua autoria "Infidelidades e Ciladas do Amor'' (histórias e casos)
e ''Mulheres Traídas versus Amantes Envolventes'' (trovas, teatro, auto entrevista e
muito bate- papo sobre o tema infidelidade).
Além de teatro, escreve também livros infanto juvenis, tais como:'' O
Passarinho Sonhador'' e ''O Passeio de Avião'', já publicados. Divorciada, Yara Mara de
Castro tem uma única filha casada e um neto. Já viveu bem Curitiba (PR) e agora mora
em Xanxerê (SC). É Membro da ACHE – Associação Chapecoense de Escritores.

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15ª Antologia ACHE – Associação Chapecoense de Escritores - 2019
CERQUE-SE DE BOAS ENERGIAS
Yara Mara De Castro

Os indianos acham que não é auspicioso falar negatividades. Eles


acreditam que as palavras têm energia e isso é uma realidade.
Policie o que você diz, para não quebrar a harmonia do ambiente.
Fale em voz alta, mentalizando: saúde, saúde, muita saúde... E que
esta energia boa, se espalhe e contagie todo o mundo. Consiga
varrer da sua mente sentimentos negativos, Lembranças
desagradáveis,
De tudo o que não deu certo, temores infundados.
Faça uma higiene mental se concentrando e
Visualizando o que você quer alcançar.
E desejamos que você, não apenas lance energia positiva no ar,
Mas saiba também captá-la.
E para isso basta trabalhar nesse sentido e estar receptivo.
Abra a mente e o coração a toda energia vinda do bem.

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15ª Antologia ACHE – Associação Chapecoense de Escritores - 2019
CULTIVE A AUTO ESTIMA
Yara Mara De Castro

Em que consiste a autoestima? consiste em olhar para si própria, com carinho,


em se respeitar e se fazer respeitar, pelos que estão á sua volta. COMO ENVELHECER
Não devemos ficar tristes ao perceber que estamos envelhecendo. Já pensou
na outra alternativa? É muito pior...
A consagrada atriz Ingrid Bergman disse palavras lindas; " envelhecer é como
escalar uma montanha. Você vai se apoiando em cada uma das saliências. Quanto mais
alto você chega , mais cansado e sem fôlego fica , mas pode ver cada vez mais longe.''
''Ver mais longe''- analisemos- é a sabedoria da experiência. Quem já passou
por aquela estrada sabe quais são as armadilhas, buracos e atalhos, que se encontram
no caminho.
É por isso que os orientais têm um profundo respeito pelos idosos cujas
opiniões são respeitadas e acatadas pela comunidade.
No ocidente o idoso é considerado ultrapassado e fora de moda, se bem que
isso está mudando. Felizmente, pois cada vez mais, aqueles que atingiram a terceira
idade estão entremeando o que a vida lhes ensinou ao longo do caminho, com o que
estão aprendendo com o progresso, com a nova tecnologia.
Esse casamento é ideal: levar a bagagem do passado- que precisa ser
garimpado, quando se pretende muda- e estar aberto para os novos tempos, para o
avanço cada vez mais rápido dos meios de comunicação.
Eu acrescentaria outro item ás palavras da atriz. Á medida que você vai
subindo, vai vendo cada vez menor o que se apresenta á frente.
Vamos interpretar isto; as coisas não têm a importância que damos a elas.
Quanto mais vivemos mais confirmamos que estamos aqui de passagem. Quantas
pessoas que foram fundamentais em determinadas etapas de nossas existências se
desligaram, sumiram, morreram!
Os acontecimentos, as situações, os amigos ocasionais, sucedem, entram e
saem de nossas vidas.

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15ª Antologia ACHE – Associação Chapecoense de Escritores - 2019
FALE CONOSCO

ACHE – ASSOCIAÇÃO CHAPECOENSE DE ESCRITORES


Presidente: Marcus Vinícius Ribeiro
E-mail: mviniciusribeiro@hotmail.com

Vice-presidente: Marlene Peter


E-mail: petermarlene0@gmail.com

CAPA: Marcus Vinícius Ribeiro – CARAVELA – Escritório Criativo


Fone: (49) 33164040

CHAPECÓ-SC, 2019

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